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O projeto “Balde Cheio” está implantado atualmente na maioria dos estados brasileiros, beneficiando um número cada vez maior de produtores.

3. Resultados econômicos alcançados A sustentabilidade econômica da propriedade leiteira tem sido debatida há anos. Os dados censitários mostram uma diminuição acentuada no número de produtores nos últimos anos e a elevação da produção média de leite por propriedade. Segundo o Censo Agropecuário realizado pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2005 e 2006, existiam 1,35 milhão de produtores de leite no Brasil, dos quais 930 mil dedicavam-se a produção comercial e os demais apenas à subsistência familiar. Esse número já representava queda expressiva em relação ao levantamento anterior realizado em 1995/1996 que apontava a existência de 1,81 milhão de produtores, portanto quase 500 mil propriedades deixaram a produção de leite no período. Estudos desenvolvidos pelo Milk Point em parceria com a Associação Leite Brasil e publicada no Jornal Valor Econômico baseando-se na produção do leite formal entrega a 50 usinas que recebem leite de 75.000 produtores e estimando a produção informal baseada nos valores obtidos pelo IBGE no censo de 2005/2006, apontaram a existência em 2013 de cerca de 415.000 produtores, o que se confirmado, mostraria queda brutal do número de produtores. Apesar dessa queda, a produção de leite no Brasil tem aumentado continuamente, elevando a produção média por produtor. Esses dados poderiam levar a crer que a produção na pequena propriedade seria inviável, sendo necessário volume de produção para ser economicamente viável. Entretanto os resultados alcançados em propriedades leiteiras que aderiram à tecnologia e a metodologia de trabalho preconizada pelo projeto “Balde Cheio” mostram que não só a pequena produção é economicamente viável, como também em alguns aspectos, a propriedade familiar leva vantagens em relação à grande propriedade. Considerando-se a lotação média das pastagens brasileiras de 1 U.A. por hectare, a produção média anual por vaca em torno de 1.500 litros de leite e o preço atual de R$ 1,00 por litro, a renda bruta por área possível é de R$ 1.500,00 por hectare por ano. Supondo-se uma rentabilidade de 20%, a renda líquida da propriedade seria de R$ 300,00 por hectare por ano, sem considerar que nessas condições de exploração é grande a dependência de alimentos comprados, comprometendo sobremaneira a margem de lucro, o que torna incerto o retorno de 20% sugerido. A obtenção de um valor que seja suficiente para a subsistência do produtor e de sua família exige ocupação de áreas extensas, uma renda mensal pouco superior a um salário mínimo, ou seja, R$ 1.000,00 por mês exigiria uma exploração de 40 ha

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Desenvolvimento Rural: Desafios do Planejamento Econômico e Ambiental


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