





© 2021 - Editora Cariri Ltda.
O que Amanda descobriu?
Autora: Patricia Montezano
Ilustrador: Franco de Rosa Diagramador: Marcial Balbas
© 2021 — Patricia Montezano
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Diretor: Pierre Abreu
1a.
edição - 2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057
M798q Montezano, Patricia O que Amanda descobriu? / Patricia Montezano ; ilustrações de Franco de Rosa –– São Paulo : Cariri, 2021 24 p. : il., color.
ISBN 978-65-996737-0-2
1. Literatura infantojuvenil I. Título II. Rosa, Franco de

À magia da infância, que torna tudo possível.
À pureza do coração, que torna tudo real.
Ao amor, que torna tudo melhor.
À Amanda, que me ensinou tudo isso.




Eu tenho treze anos. Mas quando era pequena, bem pequena mesmo, acho que quando tinha mais ou menos uns três anos, eu acreditava que os beijos que eu ganhava da minha mãe, em ocasiões especiais, eram mágicos.
Sei que todas as crianças pensam isso sobre os beijos das suas mães, mas eu tinha provas de que eles eram diferentes. Provas bem concretas que eu ia guardando...
Vou contar tudo para você e aposto que você vai concordar comigo.


Vou começar pelas provas: os próprios beijos! É isso mesmo! Os beijos da minha mãe eu podia pegar, levar para a escola, mostrar para os meus amigos, colocar nas mãos deles e, depois, guardar novamente! E foi o que fiz várias vezes. Foi assim que eu descobri que as outras crianças não conheciam esse tipo de beijo e que, por essa razão, os beijos da minha mãe eram realmente diferentes.
Então, fui pensando em algumas hipóteses: meus beijos poderiam ser únicos, exclusivos e especiais.
Poderiam até ser beijos MÁGICOS!
Para provar minha teoria, eu guardava todos os beijos que ganhava da mamãe, com muito cuidado, numa caixinha.


Sempre que eu levava meus beijos para a escola, meus amigos e amigas ficavam de boca aberta. Tinha gente que queria que eu desse ou emprestasse alguns beijos. Eu até queria, mas percebi que essa atitude poderia ser muito perigosa.
Como eu não tinha certeza do tipo de magia que fazia com que os beijos existissem de verdade, e para não deixar ninguém chateado, eu explicava que, se eu desse ou emprestasse um beijinho, por menor que fosse, corria o risco de todos eles perderem o encanto e, quem sabe, até desaparecerem para sempre!
Já pensou?
Então, eu deixava que segurassem um pouquinho, enquanto eu contava a verdadeira história dos beijos mágicos.

Obeijo mágico aparecia junto com os outros que minha mãe me dava toda vez que eu estava triste, doente, com dor ou com qualquer outro sentimento ruim ou desconfortável.

Era assim: quando eu me sentia mal, minha mãe sempre falava alguma coisa boa e me dava muitos beijos, só que o último era de verdade, não sumia como os beijos comuns, ele ficava colado em mim. Na minha bochecha, na minha testa, na barriga ou onde estivesse doendo.


Não havia lugar ou situação certa para que os beijos aparecessem. Nós podíamos estar na rua, no parque, na loja, no supermercado. Sempre tinha um beijo mágico, pronto para fazer com que eu me sentisse melhor.
Quando minha mãe estava dirigindo, era só eu esperar um pouquinho. Ela estacionava o carro e pronto! O beijo aparecia! O mais impressionante era que sempre dava certo. Era impossível não ficar feliz. A dor diminuía, o medo passava, a tristeza ia embora e, se eu estivesse com raiva, até esquecia o motivo.

Às vezes, depois de um tempinho, o sentimento ruim voltava e, então, bastava eu olhar para o beijinho que tudo melhorava outra vez!

Eu ficava imaginando como minha mãe fazia aquilo. Prestava atenção para ver se ela tirava os beijos de algum lugar. Enquanto ela me dava beijos de mãe eu acompanhava os movimentos das mãos, ficava de olho na bolsa, nos bolsos e nada... Nunca vi nada suspeito.
Uma vez até segurei as mãos dela, e o beijo apareceu mesmo assim! Foi quando eu me convenci! Não era minha imaginação! Minha mãe tinha mesmo poderes mágicos!



Conforme eu fui crescendo, os momentos em que eu ganhava o beijo mágico foram diminuindo, até que, um dia, que não me lembro bem quando foi, não ganhei mais nenhum. É claro que minha mãe continuava me beijando, só que o último beijo não ficava mais para mim. Confesso que quando percebi isso, fiquei chateada, mas também reparei que não me sentia mal com tanta frequência como antes.


Um dia desses, quando estava arrumando minhas coisas, encontrei a caixinha com todos os beijos mágicos.
Meu coração acelerou e foi como se eu lembrasse da história de cada beijinho ou, pelo menos, de como eu me sentia toda vez que um deles aparecia. Eu me sentia feliz, mais forte, com coragem, mais calma e mais segura.
Como era possível? São apenas adesivos!
Só mesmo uma criança pequena para acreditar em beijos mágicos!
Ao olhar para eles, sei que a magia só existia na minha imaginação e fico até me sentindo meio boba. Mas essa sensação passa rápido, afinal, o que importa é que eles me faziam bem de verdade.

Decidi guardar para sempre minha caixinha cheia de adesivos fofos e meio desbotados, já que eles significavam tanto para mim.
Quer saber de uma coisa?
No fundo, eu gostava de acreditar que minha mãe era uma espécie de fada e que seus beijos eram realmente mágicos! Afinal, eles sempre faziam com que eu me sentisse melhor. Era tão bom, que lembrar dessa história me deixa feliz até hoje.
E quem pode dizer que não há magia nessas crenças?
Neste livro, por meio das memórias de quando era bem pequena, Amanda conta uma descoberta que fez sobre si e sobre como aprendeu a superar situações difíceis com muita imaginação, carinho e, claro, com uma ajudinha da sua mãe. Então, quer saber o que Amanda descobriu? Quem sabe depois de ler esse livro você também se lembre de quando era bem pequeno?