Revista Taperá - Fevereiro-Março 2015

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Edição nº 12 | Fevereiro/Março 2015

INDAIATUBA

Curso vai formar roteiristas e dramaturgos

ITU

Cidade supera a crise hídrica

SÍLVIO ANDREI Ex-padre de Salto faz turismo crescer em Pirapora do Bom Jesus

VEJA TAMBÉM - Menino compra Fusca com mesada - Campeã Giovanna vence limitações - Chef ituano mostra carne mais cara do mundo

ALEXANDRE NERO

Para ele, sucesso é só reconhecimento do trabalho


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Revista Taperรก


Nesta EDIÇÃO

EDITORIAL

06 Dois anos depois da chegada em Salto de Pirapora,

“Realmente uma

padre Sílvio Andrei comenta como se adaptou

‘nova’ Revista”

A

Editora Taperá Ltda. decidiu não renovar o contrato com a empresa especialista em revistas customizadas (que fornece material e providencia a impressão para órgãos de imprensa de diversas cidades), que nos atendeu nas 11 primeiras edições, passando a produzir sua própria revista. Esta será completamente diferente da que vinha sendo editada, pois a empresa nos fornecia as matérias de interesse geral, como a entrevista principal, Bem-Estar, Saúde, Turismo, Moda, Beleza, etc. O Taperá completava com matérias locais e da região, mas o espaço para estas matérias eram reduzidos. Muitos leitores reclamavam por isso, o que levou a direção da revista a introduzir importantes modificações. Agora o número de matérias de Salto e região será bastante aumentado. Nessa nova fase a revista terá como jornalista responsável Eloy de Oliveira, que se desligou do caderno de Indaiatuba para exercer a função, tendo em vista sua experiência e seus conhecimentos. Ele deverá abordar diversos assuntos já a partir da edição deste mês, como as entrevistas com o padre Silvio Andrei, com um oftalmologista do Instituto Penido Burnier de Campinas, com as representantes da FisioSalto, além da entrevista costumeira com uma atriz ou ator da TV e outras matérias. Será aproveitado também o material fornecido pela FolhaPress, da Folha de São Paulo, especialmente para a revista, reportagens feitas pela equipe do jornal e por novos colaboradores. Com isso, o leitor saltense e da região verá que se trata realmente de uma “nova” Revista, na 12ª edição de sua atual fase, pois em outras épocas nós também editamos outras revistas, como os 30 números das “Histórias de Sucesso”. Haverá algumas novidades e colunas que já apareciam nos primeiros números da Revista estão também nesta, mas com “roupagem” local e regional. Com isso, esperamos fazer uma publicação mais atraente, mantendo também a mesma qualidade de impressão, que tem sido comum nos vários produtos sob a responsabilidade da Editora Taperá Ltda.

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Em “Gente Miúda”, a história de um menino que comprou um Fusca com o dinheiro da mesada

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Você sabia que o batom surgiu no Egito, com Cleópatra? Saiba mais na coluna Moda & Beleza Protagonista da novela das nove, Alexandre Nero

18 fala da sua vida, carreira e atuação em “Império”

Publicação da Editora Taperá Ltda.

Eloy de Oliveira

Itu festeja

405 anos de olho no futuro

Após superar uma das maiores crises hídricas da sua história, cidade retoma o crescimento e planeja um ano de realizações e de progresso Rafael Paco

Na coluna "Informática", estudantes mostram como 22 criaram algoritmo que detecta possíveis pedófilos Cuidado: oftalmologista de Campinas alerta que 23 7 em cada 10 óculos escuros de grau não têm proteção contra raios UV À frente da FisioSalto há pouco mais de um ano,

24 as sócias contam como alcançaram o sucesso na atividade

Chef de cozinha ituano focaliza a melhor e mais

26 cara carne do mundo: a Kobe Beef

“Setor automotivo aposta em lançamentos para

28 voltar a crescer em 2015” é o título da coluna Cine Topázio, do Polo Shopping de Indaiatuba,

29 inova com o CineMaterna, um cinema especial para bebês de até 18 meses

Integrantes do grupo “5 Clicks Salto” mostram 30 o resultado do seu trabalho em belas imagens selecionadas para esta edição Uma coluna de Turismo diferente: o leitor conta

31 coisas curiosas que viu em sua viagem

Giovanna Costa Martins, destaque saltense no

32 atletismo, conta como superou as dificuldades físicas e venceu na modalidade

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Articulistas dizem que “ser feliz é simples” e mostram também “um exemplo de maconha legal”

O Editor EXPEDIENTE

DATAS

• Diretor-editor Valter Lenzi • Jornalista Responsável Eloy de Oliveira | MTB 17.397 • Publicidade Departamento de Marketing (11) 4028.1999 - Ramal 22 • Redação/Balcão de Anúncios - Rua Itapiru, 983 - Jardim Barcella (11) 4029.3070 (11) 4028.1999 CEP 13321-330 • Nossos e-mails eloy@tapera.com.br | jornal@tapera.com.br | reportagem@tapera. com.br | artefinal@tapera.com.br | financeiro@tapera.com.br | propaganda@tapera.com.br | marketing@tapera.com.br | mkt@tapera.com.br • Tiragem 10 mil exemplares | • Impressão Gráfica Santa Edwiges A Revista Taperá não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em artigos assinados, bem como pelas informações ou conteúdo dos anúncios publicados. A reprodução total ou parcial do conteúdo desta obra é expressamente proibida sem prévia autorização.

O prefeito Antônio Luiz Carvalho Gomes (PSD), o Tuíze, e o vice Alcides Beluci Neto (PSD), o Neto Beluci, e as esposas, cortam o bolo

Fundada há 405 anos, no longínquo 2 de fevereiro de 1.610, Itu inicia uma nova jornada neste 2015: após passar pela maior crise hídrica da sua história, a cidade retoma o crescimento e a vida normal. O prefeito Antônio Luiz Carvalho Gomes (PSD), o Tuíze, afirma ter esperanças de que este ano seja de realizações e de mais progresso para os ituanos e garante que vai trabalhar duro para que isto ocorra. Nesse aspecto, a Prefeitura já vem atuando forte mesmo antes da festa de aniversário, agindo para garantir que não falte água ao longo de 2015 do ponto de vista da realização de obras físicas. A construção de uma nova adutora de 22 km de extensão a poucos km do centro da cidade é uma dessas

obras. Ela vai permitir a captação nos ribeirões Mombaça e Pau d´Alho neste ano. Com esse reforço, as regiões mais atingidas pelo abastecimento deficiente não sofrerão mais a falta de água, segundo o prefeito. As obras estão em ritmo adiantado, com a tubulação já pronta. Também foram realizadas obras de desassoreamento das represas Fubaleiro e Itaim, que, associadas à volta das chuvas, deverão trazer mais oferta de água para a população rapidamente. Além disso, a concessionária Águas de Itu, responsável pelo abastecimento da cidade, integrou represas particulares ao sistema de captação e 80 poços artesianos, ambos como reserva técnica.

31ª Volta Pedestre encerra a programação de aniversário A 31ª Volta Pedestre “Cidade de Itu”, marcada para ocorrer no sábado (28 de fevereiro), encerra a programação de aniversário, que começou ainda no dia 30 de janeiro com a eleição do Rei Momo. Organizada pela Secretaria Municipal de Esportes, a competição estava prevista inicialmente para o dia 7 de fevereiro, mas a data foi alterada para este sábado e deverá contar com 4 mil competidores.

Água voltou à rotina dos moradores O volume da bacia hidrográfica do Itaim, que abastece a maior parte da população, subiu 80%. Até outubro a bacia operava com apenas 2%. Outra situação que anima é que as chuvas não param. O índice pluviométrico registrado nos últimos meses está acima ou no mesmo patamar de anos anteriores. Desta maneira, a Prefeitura calcula que a recuperação dos mananciais ocorra mais rapidamente. Em novembro, em apenas três dias choveu 100 mm. Só para se ter uma ideia, o volume equivale a 15 vezes o registrado em outubro, que teve 6,3 mm. Além disso, o índice vem melhorando de lá para cá. Associada às obras realizadas pela administração Tuíze, a volta das chuvas conta com outro refor-

Represa do Itaim, responsável pelo abastecimento da maioria das residências de Itu, recuperou 80% da sua capacidade

ço: a conscientização da população, que aprendeu a economizar e a usar a água com mais rigor. É comum em Itu ver caixas de água nas garagens ou nos corredores das casas. Elas foram compradas no período crítico e agora servem para guardar a água que é economizada pela população. Mesmo sem caixa, a aposentada Rita de Cássia Bertoni coloca vários baldes na garagem. Como a água captada não é potável, a dona de casa a usa para lavar o quintal, lavar a garagem e limpar a casa. Já Odete Cipriano conseguiu armazenar mais de 500 litros de água com a chuva. Toda a reserva foi conseguida a partir de baldes, que foram colocados em pontos de maior concentração de água.

Mais motivos para turismo na cidade A empresária Cláudia Bonani, responsável pelo trenzinho turístico que sai da praça no centro para levar os visitantes a um passeio por Itu, está animada com a volta da procura pelo serviço. O movimento de turistas ainda não voltou ao normal, mas vem caminhando para isso após a superação da crise hídrica. “Tudo é uma questão de tempo e de investimento”, afirma a empresária. A Prefeitura faz a parte dela. Em 3 de dezembro do ano passado, a administração trouxe de volta à Praça da Matriz o famoso “Orelhão de Itu”. Ele passou por uma reforma que foi realizada pela Vivo.

A atração turística ganhou uma cúpula de meia tonelada e um aparelho telefônico novo, ambos feitos em fibra de vidro, mais leves e mais resistentes que os anteriores, e também uma pintura naval. Já o poste de sustentação foi reformado e teve toda a tinta anterior retirada e refeita. O aparelho telefônico anterior, que foi substituído, era em madeira e ameaçava cair, por isso foi reformado. A expectativa é que até meados do ano o movimento mensal de turistas em finais de semana e feriados volte ao patamar de 4 mil pessoas, segundo a Associação Pró-Desenvolvimento do Turismo de Itu.

A Volta Pedestre é uma das mais tradicionais competições de rua do interior do Estado de São Paulo. Em todos os anos, ela reúne milhares de atletas na cidade em 10 km de corrida e 6 km de caminhada. O evento conta com supervisão da Federação Paulista de Atletismo e tem saída conjunta da corrida e da caminhada da Praça Washington Luiz, s/nº, em frente ao Estádio Municipal “Dr. Novelli Júnior”. Reformado pela Vivo, o Orelhão de Itu é mais um investimento da Prefeitura para atrair os turistas, que já estão voltando à cidade

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PERSONA

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Fotos: Divulgação

Eloy de Oliveira

Padre

Até evangélicos se rendem ao padre

Evangélico de religião, João Mateus, de 23 anos, presente a um casamento no santuário, afirma que o padre cativa o público por fugir de padrões: “Ele não segue a programação, fala de tudo, é sensível”. Comerciantes do entorno do santuário, como Olinda Porcino de Oliveira, festejam o padre. Nos últimos 40 anos, o turismo despencou. “Com ele, a cidade ganhou vida. Tenho muito mais clientes hoje”. Até o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reconhece a importância do padre para a cidade. Em 23 de dezembro, quando visitou Pirapora para inaugurar uma obra, ele disse: “É impressionante como ele cativa”.

Sílvio AndrEI: das resistências à aprovação

PRIMEIRO CD JÁ ESTÁ EM PREPARAÇÃO

O sacerdote, que já foi auxiliar em Salto, agora é o principal responsável por aumentar o número de turistas que visitam Pirapora do Bom Jesus

Quem assistiu ao padre Sílvio Andrei cantando na última missa do ano em Pirapora do Bom Jesus pode não ter ideia por onde o sacerdote ainda vai caminhar, mas ele não esconde as suas aspirações. Embora diga quando perguntam se vai ser cantor, que é um animador, não cantor, e acrescente ter voz feia, o padre já prepara o primeiro CD: “Cantando a Fé”, que gravará com Cacá Martins. Sílvio Andrei revelou na missa que na juventude quis ser jornalista e admitiu que gostaria de um dia conciliar a vida religiosa com a política (em 2003 já foi convidado a ser candidato a prefeito de Londrina-PR). População lotou a frente do santuário na última missa do ano em 2014

Reforma do Santuário e comunicação

Quando chegou a Pirapora do Bom Jesus, transferido de Salto, onde era auxiliar do padre Carlos Virillo na Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, padre Sílvio Andrei encontrou resistências. A sua chegada interrompia 116 anos de um tipo de sacerdócio muito diferente do qual gosta de praticar. Havia muita gente, como a comerciante Odete Aparecida Drezza, que queria o modelo antigo. Ela conta que tinha dificuldade até para comungar nas missas presididas pelo então novo pároco. Como ela, havia outras pessoas em vários segmentos que não viam no jeito do padre motivo para gostar. Oriundo da Renovação Carismática, o mesmo movimento que deu fama a padres cantores, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo, Sílvio Andrei reza, pula e canta com os fiéis, o que anima e encanta. A hostilidade começou a mudar quando as missas passaram a encher a igreja e Sílvio Andrei demonstrou conhecer cada fiel pelo nome, seus parentes e a cidade de onde veio, já que parte dos frequentadores não é de Pirapora. O jeito contestado do início passou a ser um atrativo, que pode ser medido pela última missa de 2014, no dia 31 de dezembro. Nada menos que mil pessoas se acotovelaram na frente da igreja para participar. Esse também é o número médio de fiéis que freqüentam a “Missa da Família”, criada por ele em abril de 2013 e que ocorre na última quarta-feira de cada mês na praça em frente ao Santuário. O número de fiéis nas missas normais mais que duplicou. Hoje, dois anos depois da sua chegada, cerca de 450 pessoas frequentam a igreja em média. Pelo menos 200 delas ficam em pé e várias do lado de fora. Com 18 anos de sacerdócio, completados no dia 18 de janeiro último, o segredo do padre Sílvio Andrei para encantar as pessoas é fugir das regras, ser dedicado ao que faz e tratar a todos sempre bem.

No ano passado, o padre Sílvio Andrei iniciou dois projetos que considera fundamentais para Pirapora do Bom Jesus: a reforma completa do Santuário e a circulação do primeiro Boletim Paroquial. O boletim leva aos fiéis tudo o que está sendo feito no Santuário, além da agenda e de campanhas. O jornal circula mensalmente e conta com 3 mil exemplares, distribuídos na porta da igreja e na secretaria. O Santuário não era reformado desde 1997. Toda a obra é financiada pela Campanha do Amigo, que recolhe donativos de qualquer valor. O doador pode se inscrever até pelo site www.sbj6.com.br para doar.

Padre Sílvio Andrei celebra missa aberta durante a Festa de São Cristóvão Desde a chegada, padre Sílvio Andrei atrai multidões para suas celebrações

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Espaço usado para a celebração do batismo foi o primeiro a passar pela reformA Revista Taperá

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CINEMA

Perspectivas futuras

Eloy de Oliveira

A experiência também poderá levar os cursos livres de roteiro particulares, principalmente para grupos reduzidos hoje, a serem complementados com cursos online, que poderão redimensionar o projeto no médio prazo, considerando, claro, os resultados obtidos. Para chegar a ser um roteirista, o candidato tem de passar por uma formação que o coloca em condições de produzir primeiro um curta. Algo em torno de 30 páginas, com estrutura e personagens em número muito reduzido e com poucas locações (locais onde há a filmagem). Depois, a experiência começa a se complicar mais. Em um longa-metragem o número de páginas a serem escritas chega a 120, considerando os filmes comerciais. Por fim, as séries exigem mais de 300 páginas de histórias a serem contadas de forma original.

PROCURA-SE

um contador de histórias Iniciativa do cineasta Marcos Otero e da dramaturga Paloma Dourado pretende formar roteiristas para cinema e dramaturgos para o teatro a partir de Indaiatuba Em 2011, a regulamentação da chamada “Lei das Tevês Pagas”, que passou a exigir dos canais por assinatura uma produção nacional de 3h30 por semana, abriu um novo mercado: o dos contadores de histórias ou dos roteiristas, como são chamados tecnicamente. Mas o que poderia ser a alavanca para o Brasil ter uma indústria cinematográfica, guardadas as devidas proporções, nos moldes de Hollywood nos Estados Unidos, acabou não dando em nada, já que há uma escassez, tal qual a de água em São Paulo, desses profissionais. O cineasta Marcos Otero, criador do projeto “Cinema Aprendiz”, que procura formar roteiristas na Região Metropolitana de Campinas desde 2013, afirma que existe muita gente que escreve roteiro, mas roteiristas preparados para esse novo mercado ainda não existem.

Fotos: Divulgação

Paloma Dourado ministra o primeiro curso para novos roteiristas e dramaturgos no Espaço Teatro Estrada, em Indaiatuba

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Mercado de produtoras

“O efeito da lei foi outro: ela fez aumentar o número de produtores independentes em mais de 100% antes de completar dois anos da regulamentação, mas não deu espaço aos roteiristas, segundo dados da própria Ancine, a Agência Nacional do Cinema”, diz Otero. Para ele, o problema tem duas razões. A primeira são professores que acabam virando mestres teóricos e não saem dos manuais. A outra é a falta de criatividade para escrever. “Qualquer um escreve, até uma criança de sete anos consegue. Mas achar uma boa história é difícil”. Mais do que encontrar um bom contador de histórias originais, a oportunidade para ganhar experiência nessa área e o convívio diário com a renovação da escrita e com o mercado são condições fundamentais para formar bons roteiristas ao desafio criado pela lei. É voltado a essa missão que Marcos Otero criou o projeto “Cinema Aprendiz”. A proposta se baseava na criação de cursos para formar roteiristas. Houve uma incursão por meio de projetos culturais financiados pela Prefeitura de Indaiatuba, mas não andou.

Formação paulatina

Neste ano, Marcos Otero resolveu se juntar à diretora e dramaturga Paloma Dourado, criadora do grupo de Teatro Estrada, em Indaiatuba, e ambos iniciaram um projeto ambicioso de criar uma base de conhecimento que envolve roteiro e também dramaturgia. “O primeiro encontro ocorreu em janeiro e teremos uma nova turma em março. Nossa ideia é bimestralmente termos novos interessados e também para os que começaram em janeiro apresentar outros níveis de aprimoramento. Vamos formar paulatinamente”, diz Paloma. O início foi com um workshop que combinou conhecimentos de roteiro e de dramaturgia. A diretora diz que a base terá tanto roteiristas para produção de cinema quanto de peças. Neste último caso o nome técnico são os dramaturgos, como ela. “Vamos ter grupos de estudos. Além de escrever peças, colocaremos essa produção em contato com atores para leituras e montagens”, diz Paloma. “Nos roteiros, vamos criar uma equipe para escrever séries e longas para canais fechados e disputar editais”, diz Otero.

Participantes do primeiro curso de roteiro e dramaturgia fazem trabalho prático durante a aula e criam textos e histórias

Os mestres

Professores têm carreira longa nas áreas Marcos Otero é cineasta e roteirista há 17 anos. Já realizou mais de 40 filmes em toda a carreira. A produção varia entre curtas, documentários e o longa “Catarina – A Lenda da Loira do Banheiro”. Com ampla experiência em direção cinematográfica, produção executiva e direção de produção, ele atua também como script-doctor (profissional que lê e analisa roteiros para apontar problemas). Otero já escreveu mais de 50 roteiros, dentre eles a minissérie “Periferias – Histórias de Vidas” (participante do FIC-TV, da Rede Brasil); criou o projeto “Cinema Aprendiz” e dá aulas em Indaiatuba. Já Paloma Dourado cursou dramaturgia na SP Escola de Teatro, é atriz, diretora e dramaturga e começou sua carreira em 1992. Quatro anos mais tarde fundou o Grupo de Teatro Estrada. Escreveu e dirigiu dezenas de peças. Como atriz e diretora, atuou em mais de 15 peças. Integrou o Núcleo de Teatro Adulto de Indaiatuba sob direção de Marcos Brytto e a Cia Encena de Rogério de Paula. Ganhou prêmios como atriz, dramaturga e diretora, entre eles o de honra ao mérito por texto original no Mapa Cultural Paulista, com a peça “Conjugal”, direção e dramaturgia com “A Missão” e “Creio”.

A atriz, diretora e dramaturga criadora do Grupo de Teatro Estrada Paloma Dourado

O cineasta e criador do projeto “Cinema Aprendiz” Marcos Otero

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Fotos: Divulgação

GENTE MIÚDA

Rafael Goméz / Rebecca Vicente FolhaPress

Crianças economizam parte do dinheiro da mesada para realizar sonhos no futuro Quando chega o dia de receber a mesada, é comum dar aquela vontade de já sair gastando tudo, não é? Muitas crianças, porém, controlam essa coceirinha. Elas dizem que é importante economizar o dinheiro que recebem dos pais ou da família para poder realizar um grande sonho. É o caso de Daniel Freire, 8. Fã de história do Brasil, ele quer comprar uma moeda antiga que custa R$ 17 mil. Para isso, guarda uma parte de sua mesada, que varia de R$ 20 a R$ 50, dependendo do mês. “A moeda é de ouro e tem uma imagem de Dom Pedro II criança”, conta o garoto. Mesada é o nome do pagamento recebido mensalmente, enquanto a semanada é dada por semana. Elas costumam ser o primeiro contato da criança com o mundo das finanças. “É natural que surja um interesse pelo tema. A mesada, controlada pelos pais, ajuda nesse desenvolvimento”, acredita Mara Pusch, psicóloga da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Já para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o dinheiro deve ser usado para realizar algum objetivo. “É importante que os pais incentivem os filhos a ter sonhos. E mostrem que eles podem ser realizados poupando”, diz. “Dos R$ 30 que recebo por mês, tento economizar a maior parte. Vou para Disney neste ano e preciso de dólares para comprar brinquedos por lá”, conta Felipe Okada Corleto, 10.

Quem não recebe mesada fixa também tenta economizar Apesar de muitas crianças receberem mesada ou semanada, há também quem não ganha uma quantia de dinheiro fixa todos os meses. O jeito, nesses casos, é economizar as moedas que sobram na hora de comprar o lanche da escola ou as quantias recebidas em datas especiais, como aniversário e Natal. “Só ganhei mesada nas épocas em que minha mãe esteve empregada. Mas sempre tentei juntar dinheiro. É bom, porque, quando você precisa gastar com alguma coisa, ele está lá”, conta Vitória Marques, 12. Sarah Beatriz, 10, também consegue poupar um pouco, mesmo sem mesada fixa. “Juntei tudo o que sobrava em uma carteira no armário da minha mãe. Depois comprei presentes para a minha irmã recém-nascida”, diz a menina. Desafio - Economizar não é fácil. Quando recebemos dinheiro só de vez em quando, isso pode se tornar uma tarefa ainda mais complicada. Alexandre Azevedo, 9, conta que seu pai dá algum trocado para ele esporadicamente. Quando recebe o valor, logo sente vontade de gastar. “Economizar é um desafio. Compro capas de celular e elásticos para fazer pulseiras e colares para os amigos da escola.”

As lições de Thiago, 10

Menino compra um Fusca com dinheiro que guardou

O paranaense Thiago Morales Berce ficou famoso em 2014 quando, com apenas 10 anos de idade, comprou um Fusca fabricado em 1976. Para realizar essa façanha, o garoto, que mora na cidade de Assis Chateaubriand, guardou cada moedinha que ganhou de seus pais e parentes por três anos, até juntar os R$ 2.500 para comprar o carro. “Comecei a juntar o dinheiro quando tinha sete anos. Colocava tudo em uma poupança”, contou o garoto. Enquanto espera ter 18 anos para tirar a carteira de motorista, Thiago pede que seu pai dirija o automóvel. Até lá, ele tem outros planos. Está escrevendo um livro e quer dar palestras para ajudar crianças a poupar dinheiro para alcançarem os seus sonhos.

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EDUCAÇÃO

Luana Amoroso Daniel

Como fazer a escolha certa Veja dicas especiais para a hora de encontrar a melhor instituição de ensino para o seu filho e o que é importante saber para fazer a melhor opção

Visite a escola

O próximo passo é visitar a escola junto ao seu pequenino. Deixe-o explorar o “novo” e questione-o quanto ao interesse do local. Ele próprio lhe dará uma boa devolutiva desta experiência. Enquanto isso, você, o responsável, deverá se atentar a aspectos essenciais: barulho, alimentação, organização e interação entre os colegas e limpeza. Dando continuidade, deve-se avaliar a localização, o trânsito e vagas de estacionamento. Você não vai querer parar seu carro no meio da rua sem ao menos conseguir checar se seu filho entrou corretamente no ambiente escolar, não é? Examine também o número de alunos por sala e opte sempre pelo reduzido, a fim de garantir um atendimento individualizado. Uma excelente infraestrutura é outro aspecto que merece atenção, já que o seu filho ficará ali durante uma boa parte do dia. Observe como é a área de lazer, a biblioteca, o refeitório, entre outros lugares e analise se corresponde as suas expectativas.

Convivência e disciplina

Avalie como a instituição trabalha com as normas de convivência, disciplina e valores humanos, e se esta se identifica com sua proposta de vida. Atente-se para o quadro de funcionários e opte pelo mais jovem, pois, estes têm mais energia e disposição para trabalhar, além de sempre inovarem no mundo pedagógico. Após refletir sobre todos esses aspectos, você terá condições de selecionar a instituição ideal para o seu filho, além de conseguir cessar as angústias internas. A escolha pode ser dolorida, mas o fruto será valoroso.

Todo início de ano é sabido que muitas instituições de ensino abrem o processo de reservas de vagas a muitos pais, os quais buscam sempre o melhor aos seus pequenos. E em meio a tantas questões práticas e econômicas (valores, localização, material didático, estrutura), um questionamento paira e angustia os responsáveis: como fazer a escolha certa? O que avaliar? Não existe uma fórmula e nem mesmo uma receita infalível, contudo, existem alguns fatores que combinados corroboram para essa tomada de decisão. O primeiro deles e mais importante remete-se ao quadro de professores e equipe diretiva, já que estes estarão frequentemente com o seu filho. Averigue se tais profissionais são capacitados para o cargo ocupante.

Luana Amoroso Daniel, diretora da escola Estrela do Amanhã

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SOCIAL

Evelyn Pacheco

Fotógrafos saltenses posando com as camisetas em homenagem a Nenê Carola e o prefeito Juvenil com um folião mirim (NO DESTAQUE)

Um dos fundadores

do Taperá

Carnaval 2015 - A folia de Carnaval foi intensa nos Clubes da cidade. O já tradicional Carnaval do Clube dos Casados (Associação Instrutiva e Recreativa dos Casados de Salto) recebeu milhares de pessoas em quatro noites e duas matinês. Já o Clube de Campo Saltense empolgou os foliões ao som da banda Hora Extra em três noites de folia e duas matinês.

homenageado no Carnaval Por iniciativa do FotoClube Salto, um dos fundadores do jornal Taperá foi homenageado nos desfiles de Carnaval deste ano. Camisetas com uma foto de Januário Manoel Carola, o “Nenê”, foram usadas pelos fotógrafos que fizeram imagens dos desfiles realizados na Avenida D. Pedro II e por outras pessoas, dentre elas o prefeito Juvenil Cirelli. Aliás, a Prefeitura de Salto e o SAAE patrocinaram as camisetas, juntamente com a Kanjiko e o empreendimento Lagos d’Icaraí.

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MODA & BELEZA

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Isabela Veronezi

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Divulgação/Globo

ENTREVISTA

Divulgação/Globo

Eloy de Oliveira, com colaboração da TV Globo

ALEXANDRE NERO O galã que

rejeita a fama

Alexandre Nero está na sua sétima novela em seis anos na Globo

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os 44 anos e sem as rugas do personagem Comendador José Alfredo de Medeiros, o protagonista da novela das nove, o curitibano Alexandre Nero, é o cara da moda como ele mesmo se intitula. Mas rejeita a fama. Para ele, o importante é fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Acredita que não deve se basear na euforia causada pela fama. “Fama não tem nada a ver com talento”, diz. O ator considera que o sucesso é o reconhecimento do seu trabalho. Disciplinado, focado e criativo, ele afirma que ter popularidade não fará que ele abra a sua casa para virar carne de vaca de paparazzo. Ganhando o que jamais pensou que pudesse quando começou a cantar, ainda menino, para sobreviver após

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a morte dos pais, Nero voltou ao comportamento introspectivo daquela época. Gordinho na infância e juventude, o ator afirma que só começou a paquerar e teve a primeira namorada aos 20 anos. Não teve muitas experiências. Logo casou e viveu dez anos com Fabíula Nascimento. Há três anos namora a stylist e atriz Karen Brusttolin, de 27 anos, e há seis vive no Rio, mais precisamente em uma cobertura no Leblon. Não alimenta fofocas, pouco sai de casa e preserva intimidades. O apartamento em que vive é discreto. Nero diz que gosta de uísque, charuto, violões e roupas. É um bom leitor de Daniel Clowes e Chester Brown e de romancistas cults, como Manoel Carlos Karam. >>

Revista Taperá: Você esperava o sucesso que o seu personagem alcançou na novela “Império” por ser o seu primeiro protagonista? Alexandre Nero - Não esperava sequer ser o protagonista. Tudo aconteceu rapidamente. Eu fui sendo surpreendido. Revista Taperá: Como foi a sua escolha para o papel? Alexandre Nero - A informação de que eu tinha sido escolhido surgiu primeiro nas redes sociais e nos sites de entretenimento. O boato se espalhou rapidamente. Todo mundo começou a me parabenizar. Eu não sabia o que dizer, porque ninguém tinha falado nada comigo a sério. Até que o Aguinaldo (Silva) postou no twitter que haviam descoberto que ele estava de olho em mim para o papel. Mesmo assim, não acreditei. O Aguinaldo é um grande gozador. Achei que ele tivesse feito uma brincadeira em cima do boato. Fiquei naquela angústia da incerteza algum tempo. Até que resolvi perguntar ao Papinha (o diretor de novelas da Globo Rogério Gomes). Tenho mais intimidade com ele que com o Aguinaldo e ele me confirmou. Disse que eu seria o ator a interpretar o papel. Revista Taperá: Você teve receio de não corresponder ao autor Aguinaldo Silva, com quem já trabalhou em papéis menores? Alexandre Nero - Fiquei em pânico. Enquanto era apenas um boato, me sentia seguro. Era como um torcedor que fala de tudo do sofá. Mas quando o convite surgiu de fato, fiquei receoso. Na época, interpretava o vilão Hermes, da novela “Além do Horizonte”, e me enfiei no trabalho para esquecer. Só que o meu personagem precisou morrer antes do final da novela para que eu passasse a integrar o elenco de “Império”. Aí não havia mais jeito. Encarei um mês e meio com 10 horas diárias de ensaio sob o comando de Eduardo Milewicz, argentino

Com Mariana Ruy Barbosa, o vértice do triângulo amoroso da novela

radicado na Espanha, que é preparador de elenco. Foi uma experiência incrível. Aprendi muita coisa. Principalmente com os fracassos. Revista Taperá: A familiaridade com o personagem demorou a acontecer? Alexandre Nero - O Comendador, alcunha do meu personagem na novela, o José Alfredo de Medeiros, caiu no gosto do público. As pessoas comentam comigo que adoram o jeito dele. Eu também estou adorando fazer. Essa interação aconteceu com o tempo. É gratificante saber que o personagem se encaixou perfeitamente na trama que o Aguinaldo criou. O primeiro receio é fazer. Você acha que pode não dar certo. Depois ganha confiança e vai. Mas a certeza de que valeu a pena só vem quando o público elogia. Revista Taperá: Você se identifica como ator e pessoa com as características do personagem? Alexandre Nero - O Zé Alfredo é um anti-herói. As características que compõem o personagem são muito próximas da realidade. As pessoas gostam de ver personagens assim. Pessoas que aparecem com boa índole e que também erram. Afinal, todo mundo é assim. Mas o Zé Alfredo vai um pouco além. Ele faz de tudo para atingir seus objetivos. Ou seja: é um ser humano como eu, você e o telespectador. Essa humanidade é que o aproxima. O público percebeu logo que o Zé Alfredo é um cara de coração mole sob pele dura. Um cara que pode morar na esquina da casa das pessoas ou que é um parente, um conhecido. Eu me identifico muito com essa autenticidade dele sim. Aliás, assim como ele eu já passei por maus momentos nesta vida. Já levei muita porrada. Revista Taperá: A sua origem também foi carregada de dificuldades como a do personagem José Alfredo, não é? Alexandre Nero - Eu não tive muita sorte na vida não. Perdi meus pais na adolescência ainda. Na época, me senti sem chão. Minha mãe, Iracema, morreu de câncer quando eu tinha só 14 anos. Foi um baque que eu nunca vou esquecer. Sofri muito. Três anos Lisa Graham

Divulgação/Globo

Ao lado de Lilia Cabral, par romântico do primeiro papel em ‘A Favorita’

A dupla de “Fina Estampa” em 2011: o motorista Baltazar e o mordomo Crô de Marcelo Serrado

Revista Taperá

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Divulgação/Globo

>> produtora de teatro e a mais velha é produtora de cinema. Revista Taperá: Vir de uma família ligada à arte ajudou você a se recuperar das dificuldades que a vida lhe impôs? Alexandre Nero - Não sei. Acho que sim. Afinal, eu me descobri na arte. Sou muito feliz com a carreira de ator. Revista Taperá: Como você se tornou músico? Alexandre Nero - Acho que foi desde pequeno. Eu aprendi a tocar violão e gostava de cantar. Achava que seria cantor. Que era mais fácil. Revista Taperá: Como surgiu a carreira de ator? Alexandre Nero - Em 1995, um amigo me convidou para fazer um teste para uma peça de teatro. Passei e entrei para o espetáculo. Mesmo assim, levei 15 anos para me assumir como ator. No começo eu encarava o trabalho no teatro como um bico. Não era a sério. As coisas se modificaram em 2007 quando um produtor de elenco da Globo foi assistir a peça “Os Leões” que eu interpretava e que era sucesso de crítica. Ele esperou o espetáculo acabar e foi me visitar no camarim. Me disse que gostaria que eu fizesse um teste na emissora. Fiz, mas não deu em nada de cara. Só em 2008 é que os frutos vieram. Ganhei o papel do verdureiro Vanderlei na novela “A Favorita”. Fazia par romântico com Lilia Cabral, com quem contraceno em “Império” hoje. Ela me recebeu de braços abertos. Novato, não sabia nada de tevê. A Lilia foi um anjo. Me ensinou muita coisa e me incentivou a continuar na carreira. Eu pensava em voltar para Curitiba depois da novela e tocar a vida de músico mesmo. Só que acabei emendando um papel no outro e fiz sete novelas nos últimos seis anos na Globo. Fiz cinema também. Recentemente estive em “Getúlio”, de João Jardim, e “Primeiro dia de um ano qualquer”, de Domingos Oliveira.

Sucesso com as mulheres na pele de um empresário durão e com fama de mau

depois foi o meu pai, Ibrahim, vítima da mesma doença. Eu estudava em um colégio interno no interior de Minas Gerais na época, o que me dava uma base boa para a vida. Mas ninguém consegue ter estrutura para isso naquela idade. Depois que absorvi as perdas, decidi voltar para São Paulo, onde vivia com a família antes de tudo. Minha família estava destruída. Somos três irmãos (Ana é a caçula e Andrea é a mais velha). A gente perdeu tudo com as mortes. Não dava mais para ter escola particular, carros na garagem e casa em condomínio com caseiro. Pior que isso: tivemos de ser divididos entre parentes porque ninguém nos assumia juntos. Eu estava com 18 anos. Então fui morar com um tio, irmão do meu pai, em Curitiba, onde nasci e de onde tinha saído com 12 meses de vida apenas. Para pagar as contas, o que era uma tarefa difícil naquela época, resolvi unir o útil ao agradável: peguei o violão, que aprendi a tocar sozinho na adolescência, e passei a me apresentar em barzinhos e praças de alimentação de shoppings. Era um prazer, a realização de um sonho, mas fundamentalmente era também uma questão de sobrevivência. Eu não tinha dinheiro nem meu tio. Minhas irmãs também sofriam onde estavam. Mas a caçula se transformou em atriz e

Revista Taperá: Como você convive com as duas possibilidades de expressão? Alexandre Nero - Tenho uma agenda muito atribulada como ator. Por isso, a carreira de músico virou coadjuvante. Agora, o violão é só em casa, embora pegue mais profissionalmente nos intervalos das novelas. Fiz até alguns shows. No ano passado lancei o DVD “Revendo amor”, que tem 20 músicas, entre composições próprias e releituras para canções como “O mundo”, de André Abujamra, e “Não aprendi dizer adeus”, sucesso de Leandro e Leonardo. Como cantor, meu sucesso se restringiu a Curitiba. Gravei nove discos por lá.

Revista Taperá: Você se considera uma pessoa polêmica? Alexandre Nero - Não. Ao contrário, sou de paz. Mesmo porque hoje eu sou o cara da moda. Nesse momento todo mundo me ama, me adora ou me odeia ao mesmo tempo. Tudo isto faz parte da profissão. Mas logo acaba e eu volto a ser o Alexandre Nero de sempre. Eu gosto do sucesso, porque é o reconhecimento do meu trabalho, mas odeio a fama. Talvez digam que eu seja polêmico por expressar minhas opiniões sem ficar me preocupando com o que vão dizer. Tenho coragem de dizer o que penso mesmo nesta época em que ter opinião pública é estar submetido a uma permanente patrulha histérica e ideológica. Eu me sinto podado no que falo todos os dias. Para mim, a gente vive um processo acelerado de idiotização. As pessoas não se contentam mais com a própria burrice. Elas precisam fazer você pensar igual a elas – ou linchá-lo se não conseguir. Eu gostaria, por exemplo, de ter aberto o voto nas eleições. Mas não dava. Se fizesse, iria correr o risco de ter de brigar no meio da rua. Olha que merda. Revista Taperá: Como se adaptou no Rio, onde já está há seis anos por causa da profissão de ator? Alexandre Nero - Não me adaptei ainda. Estou sempre suando. Preciso de ar-condicionado 24 horas por dia. Mas já foi pior. No início sofri com a mudança de endereço não apenas por causa das diferenças no termômetro. Sou introspectivo, quieto, não chego cumprimentando todo mundo. Aqui no Rio isso é muito comum. Com o tempo me tornei um pouco carioca. Hoje estou mais efusivo. Revista Taperá: O sucesso como personagem principal da novela das nove faz você ver a vida de maneira diferente?

Divulgação/Globo

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Participação em novelas mostra ascensão: de motorista, passando por médico e depois por advogado até GOVERNADOR

Alexandre Nero - Não, eu acho que sou normal como os outros. Agora ocorre um assédio maior, mas isso passa quando acabar a novela. Não me importo de posar para selfies com fãs ou falar da vida pessoal. Só não gosto quando os outros falam. Também circulo bem pelo mundo virtual. Pouca gente sabe, mas já tive um blog antes de isso ser moda. Até fui aplaudido por retrucar o comentário homofóbico de uma fã na rede social. Não acho que seja por aí. Revista Taperá: Quais são os seus planos para depois da novela? Alexandre Nero - Continuar trabalhando muito. Revista Taperá: Como vai tocar as carreiras de músico e no cinema e teatro? Alexandre Nero - Como sempre fiz: com muito esforço e muita dedicação.

Dublê de José Alfredo de Medeiros também é muito assediado pelas fãs

Ellen Soares

O mineiro de Divinópolis, no centro-oeste do Estado, André Cavalcante, dublê de Alexandre Nero na novela “Império”, afirma que também tem sido muito assediado pelas fãs do ator. Ele faz algumas cenas como a que o Comendador José Alfredo apareceu dentro do caixão. Com a barba e os cabelos iguais ao do personagem, ninguém percebe que são duas pessoas. O dublê conta que recebe cantadas e o curioso é que elas vêm tanto de mulher quanto de homem. “O assédio aumentou muito desde que eu comecei a fazer a novela, já que preciso manter o visual dele”, diz. A participação foi uma surpresa. “Quando cheguei, todo mundo começou a me olhar. Aí o Nero se levantou e pediu para tirar uma foto comigo”. Depois ninguém segurou mais”, afirma o dublê. Na Globo, André Cavalcante já participou de três trabalhos, mas nunca como dublê e ainda se surpreende com sua escolha. O ator fez participações em “Pé na cova”, “Tapas & beijos” e “Amor à vida”.

O ator André Cavalcanti, dublê de Alexandre Nero na novela ‘Império’, ao lado do original Papel de imperador das jOias, trouxe assédio feminino que Alexandre Nero nunca imaginou

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INFORMÁTICA

SAÚDE

Yuri Gonzaga | FolhaPress

Eloy de Oliveira

Estudantes criam algoritmo que detecta possíveis pedófilos Um grupo de estudantes de ciência da computação criou um sistema que identifica potenciais abusadores de crianças ao analisar textos de conversas na web. Com taxa de 85% de acerto, o mecanismo é único no mundo, segundo os autores, orientados pelo professor Rodrigo Filev Maia. A tecnologia seria útil para pais que quisessem analisar conversas feitas a partir do computador ou do celular dos filhos, diz o docente do centro universitário FEI, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), em que foi desenvolvido o projeto. “Como você pode proteger seus filhos quando navegam na internet? É impensável falar em isolálos digitalmente”, diz Maia, que buscou alunos dispostos a trabalhar no tema após ficar aflito sobre a segurança on-line dos filhos, que têm quatro e sete anos. O algoritmo, criado inicialmente para funcionar em inglês e que será adaptado para o português na segunda fase do desenvolvimento, capta padrões geralmente usados pelos “predadores” que procuram atrair crianças. Palavras de cunho sexual, termos como “garoto” ou “garota”, “querido” e algumas sequências específicas podem identificar o interlocutor como potencial agressor, explica um dos estudantes que desenvolveu o sistema, Gabriel Lett Viviani, 22. “O método mapeia as conversas em forma de rede e, depois, analisa essa rede”, diz Viviani. “A métrica que usamos dá pontos para quantificar a relevância de cada palavra dentro da conversa".

Tempo real - O algoritmo difere dos atuais sistemas de varredura por funcionar em tempo real --em vez de ler o que já foi postado--, de acordo com o professor Maia, que tem a intenção de aplicá-lo tanto em PCs como em smartphones. Viviani diz que um problema que o projeto apresenta atualmente é a alta taxa de falsos positivos --casos em que conversas de não agressores são apontadas como problemáticas. “Mas nesse caso é muito melhor detectar um inocente que deixar passar um agressor”, afirma. O projeto usou como base 5.000 conversas verdadeiras em inglês e de diversos teores (propagandas, conversas em grupo e bate-papo sensual entre adultos), que foram coletadas por uma universidade alemã, a Bauhaus-Universität

Weimar, para estudos do tipo. O banco foi liberado para os brasileiros desenvolverem sua ferramenta. Levando em conta todo o banco, entre 500 e 600 registros “inocentes”, foram tomados como de potenciais agressores, conta Viviani. Em ambiente real, esses falsos positivos, conta, deveriam ser analisados por uma pessoa, que teria a palavra final. O programa foi feito como trabalho de conclusão dele e de outros três alunos. Já formados, ele e os demais --Gabriel Dias, 22, Gabriel Martinez, 21, e Ítalo Ferreira, 24-serão mentores de estudantes que levarão o projeto para suas próximas fases, junto com o professor Filev Maia, que acredita que até 2016 o algoritmo deve ser aplicado na prática.

O perigo

no olhar

Estudo realizado por oftalmologista do Instituto Burnier, em Campinas, constata: sete em cada dez óculos escuros de grau não têm proteção contra raios UV

Com o sol forte do verão, a maioria das pessoas se preocupa em passar protetor solar, mas são poucos os que prestam a mesma atenção aos olhos, uma parte sensível do corpo que pode ser a porta de entrada para uma série de problemas nessa época. Pesquisa do oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, em Campinas, hospital especializado em doenças dos olhos desde 1920, revela que sete em cada dez óculos escuros de grau não protegem contra raios UV (ultravioletas), prejudiciais aos olhos. A falta de filtro nesse tipo de óculos aumenta o risco de ceratite, catarata precoce e degeneração macular relacionada à idade. “Isto porque no escuro as pupilas se dilatam e uma quantidade maior de radiação UV penetra nos olhos”, afirma o especialista. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a exposição constante aos raios UV, como ocorre nas piscinas e na rua nessa época de verão, pode causar uma séria de doenças, como fotoqueratite, fotoconjuntivite, pterígio e até mesmo catarata. Em todo o mundo, entre 12 milhões e 15 milhões de pessoas ficam cegas anualmente por causa da doença, alerta o médico Leôncio Queiroz Neto. A OMS estima, segundo ele, que 20% desses casos são provocados ou agravados em virtude da exposição ao sol. Por isso, o especialista afirma que a proteção natural dos olhos precisa ser reforçada com outros mecanismos, entre eles os bonés ou viseiras, os óculos escuros com proteção UV e o filtro solar acima do fator de proteção 30, principalmente para as pessoas mais velhas.

Fotos: Divulgação

O risco das falsificações é ainda maior

"Não há padrão para detectar criminoso no País"

No Brasil, não existe um padrão técnico para detectar pedófilos na internet. Apesar disso, iniciativas semelhantes à dos estudantes foram testadas por ONGs e pela polícia. Para Waldemar Oliveira, da ONG Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente), o governo negligencia o combate à pedofilia. “Procuramos os Executivos estadual e federal com projeto semelhante, há cerca de cinco anos, não encontramos guarida e tivemos de dissolvê-lo.” Hoje, boa parte do trabalho é feito manualmente. Segundo Thiago Tavares, presidente da Safernet - principal órgão de combate à pedofilia on-line no país - a polícia foca-se na detecção de imagens, em vez de conversas. A ONG tocou um projeto de análise de texto, que chegou a ser usado pela polícia para vasculhar posts no Orkut, mas não conversas. “Não tive acesso ao algoritmo [dos estudantes], mas é louvável”, diz Tavares, que faz uma ressalva. “Cai em uma polêmica de privacidade, do uso de ‘babá eletrônica’ e de o quanto pode ser invasivo”, diz. Procurada, a Polícia Federal não respondeu a tempo questões sobre as técnicas que emprega em operações contra a pornografia infantil na internet.

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O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, responsável pelo estudo

Médico diz que falta conscientização

O estudo realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas, que ouviu 223 pacientes que passaram pelo hospital, aponta para a falta de conscientização da população sobre a importância da proteção aos olhos. O levantamento constatou, por exemplo, que 70% dos entrevistados afirmaram usar filtro solar para a pele por temer o câncer. Mas 57,6% disseram não ter ideia dos danos dos raios ultravioleta para a saúde ocular nem sequer sabiam dos riscos a que se expõem no verão. Outro dado curioso é que 42% dos entrevistados disseram utilizar óculos escuros com grau para corrigir problemas de refração, como: miopia, hipermetropia ou astigmatismo, mas 70% dos integrantes desse percentual disseram que os óculos que utilizam não têm proteção UV.

Os perigos para os olhos nesse período do verão são ainda maiores quando se verifica o número de falsificações de óculos de sol. Dados da Associação Brasileira da Indústria Óptica dão conta de que 7 milhões dos 24 milhões de óculos de sol fabricados no Brasil são falsos. Por isso, o uso constante desses acessórios, prática de muita gente, principalmente no verão, leva a problemas incalculáveis aos olhos. “Os óculos fabricados sem a proteção aos raios ultravioletas podem fazer surgir a catarata”, diz o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Quando se usa óculos nessas condições, a pupila aumenta para captar maior quantidade de luz. Sem a proteção, os raios solares penetram com facilidade nos olhos e danificam a retina. Os óculos piratas causam ainda dores de cabeça, desconforto e cansaço na visão.

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As meninas

Eloy de Oliveira

As meninas

superpoderosas

Imagens: www.megaimpresso.com.br

NEGÓCIOS

Como as três garotinhas do desenho animado de Craig McCracken, as quatro comandantes da FisioSalto somam individualidades para vencer obstáculos Fotos: Eloy de Oliveira

Paula Cristina da Silveira

Renata Fabiane Mazzer Nicoleti

Eliane Sbrissa de Oliveira

Formada em fisioterapia pela Universidade Paulista de Sorocaba. Turma de 2009. Trabalhou durante três anos com ortopedia e traumatologia no Pronto Socorro de Fraturas de Salto. Realizou ainda atendimentos em domicílio na área de ortopedia.

Formada em fisioterapia pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu. Turma de 2005. Pós-graduada em Ortopedia e Traumatologia pela Unicamp. Fez cursos de neurologia adulto pela Unicamp, de pilates clínico solo e aparelhos pela The Australian Physiotherapy & Pilates Institute e de mobilização articular e neural pela Valéria Figueiredo Cursos.

Bruna Porto Sant’Ana dos Santos

Formada em fisioterapia pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu. Turma de 2010. Realizou cursos de terapias manuais e exercícios funcionais para coluna lombar pelo Instituto Aica e de mobilização neural pela Valéria Figueiredo Cursos. Atendeu em domicílio nas áreas de ortopedia, neurologia e respiratória.

Formada em fisioterapia pela Universidade Paulista de Sorocaba. Turma de 2009. Realizou cursos na área de dermato funcional (drenagem linfática pós-operatória, gestantes e eletroterapia para estética), tendo atuado por três anos nessa área. Em ortopedia, fez cursos de mobilização neural e de liberação miofascial.

Lousa das pendências foi descoberta Bruna usa o equipamento para combater a dor e Eliane corrige a postura de paciente durante exercício

Com apenas um ano e três meses de existência, a FisioSalto, instalada à Rua Benedita Quaglino, 195, na Vila Henrique, já alcançou um lugar de destaque entre as quatro clínicas de fisioterapia de Salto. O crescimento tem pelo menos três razões mais fortes: os resultados positivos que os pacientes alcançam com o tratamento, o esforço e a simpatia das quatro sócias e a forma como lidam com cada pessoa. Eliane Sbrissa de Oliveira, Renata Fabiane Mazzer Nicoleti, Bruna Porto Sant’Ana dos Santos e Paula Cristina da Silveira uniram as suas individualidades para vencer os obstáculos do negócio próprio. “Cada uma de nós tem mais aptidão para uma coisa, além da fisioterapia. Então usamos isso para manter o equilíbrio. Mas ainda descobrimos talentos que não imaginávamos ter”, afirma Eliane.

A lousa das pendências, um pequeno quadro instalado no quartinho onde fica o depósito de materiais da clínica, foi uma descoberta das quatro sócias da FisioSalto na experiência da administração. “Deixávamos recados anotados, mas passavam despercebidos. A lousa não. Todas nós vemos e nos mexemos para resolver. As pendências se renovam e com isso avançamos”, diz Eliane Sbrissa de Oliveira. Ela foi adotada depois que a clínica passou a atender até 20h (antes era até 18h). A mudança incluiu também a contratação de Ana Caroline Rodrigues, a Carol, para a recepção, o que deixou as sócias mais livres.

Um deles foi a capacidade de criar um clima no qual os pacientes, mesmo com dor e com desconforto, sintam-se alegres. Isto ocorre porque elas conversam com cada um todos os dias. Renata diz que a maior dificuldade foi a inexperiência que tinham para administrar e para outras funções da empresa. “Todas sabíamos de fisioterapia, mas aqui temos de ser tudo ao mesmo tempo”. Para Bruna e Paula, o que fez a diferença foi a amizade que as quatro tinham entre si, o esforço de cada uma para desempenhar múltiplos papéis e o jogo de cintura para administrar também o tempo. “Nos sábados fazemos a contabilidade, resolvemos as pendências de escritório e definimos prioridades”, diz Renata. “Em outros sábados fazemos cursos para ampliar o conhecimento”, conta Bruna. Entre os acréscimos da jornada, incluem-se noites, nas quais são feitas reuniões, finais de semana com pesquisas de preço para a compra de novos materiais e conversas com planos de saúde emperrados.

Raio X

Nome: FisioSalto Fundação: novembro de 2013 Tratamentos: Áreas de ortopedia e traumatologia, utilizando recursos de eletroterapia, hidros para membros superiores e inferiores, cinesioterapia e manipulações Abrangência: Atende principalmente pacientes de Salto, Itu, Indaiatuba e Sorocaba Funcionários: Ana Caroline Rodrigues, a Carol, na recepção, e Teresa Rocco de Almeida, serviços gerais.

Eliane anota mais uma pendência na lousa que lembra as quatro sócias sobre as próximas tarefas

Comemoração de datas aproxima mais Paula faz atendimento personalizado, enquanto Renata acompanha o desempenho fisioterápico de paciente

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Paula Cristina da Silveira trouxe a ideia de decorar a FisioSalto a cada festa típica (Festa Junina, Natal e por aí vai). As outras sócias gostaram e todas elas se entregam a mais essa tarefa no dia a dia. Além da decoração, criada e colocada por elas mesmas, os pacientes são convidados a comer produtos também típicos. Nas festas são tiradas fotos que vão para um quadro e os pacientes ganham cópias. “As festas aproximam as pessoas. Queremos que os pacientes tenham bem-estar aqui. Ouvimos cada um deles. Às vezes essa parte é o melhor tratamento. A dor deprime e isso não é bom”, diz Paula.

Teresa e Carol

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GASTRONOMIA

MUNDO PET

Eloy de Oliveira

Chef Jonas Leite, um ituano que se destaca na Gastronomia A partir desta edição a Revista Taperá passará a contar com a colaboração de um famoso chef de cozinha, o ituano Jonas Leite, hoje professor da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo. Aliás, ele é o professor fundador do curso de Gastronomia dessas faculdades, ocupando o cargo há 16 anos. Ele ministra aulas de cozinha francesa, aves e carnes, das quais é especialista. Chef Jonas é “minhoca da terra”, como gosta de dizer, tendo-se formado na Escola Convenção de Itu, onde realizou os primeiros estudos. Seu diploma acadêmico foi obtido na Unimep-Piracicaba, em Publicidade e Propaganda, em 1996. Nessa época ele trabalhava no Kartódromo Schinchariol, quando o mesmo era dirigido pelo saudoso Nelson Schincariol. Ele lembra que, com o falecimento de Nelson, se perderam muitas ajudas que ele proporcionava, citando a manutenção de dois freezers, um deles cheio de carne e o outro com refrigerantes, que ele destinava a uma instituição de freiras, sem fazer alarde disso. “Uma semana depois de sua morte essa ajuda deixou de ser feita”, lembra Jonas. Outro fato interessante recordado por Jonas daquela época é que a Schincariol envasava os refrigerantes da Antarctica e um diretor procurou Nelson para desejar adquirir a empresa ituana, perguntando quanto ela valia: Resposta de Nelson: “E a Antarctica, quanto vale? Tenho interesse em comprá-la”. Esses fatos, segundo Jonas, revelam a pessoa extraordinária que era Nelson, que lhe ensinou muita coisa, na época em que conviveu com ele. Internacional – Jonas Leite mudou de foco quando fez o curso de Chef de Cozinha Internacional pelo Grande Hotel-Escola Senac, na época em que o curso mantinha um contrato com o Culinárie Institut of América, que é uma super escola no conceito de aprendizagem em Gastronomia. Para o chef ituano, “o Brasil é um bebê recém-nascido no universo macro da gastronomia, tomando como referência acadêmica para as escolas aqui no Brasil, a Le Cordon Blue na França e a Culinarie Institute of América nos Estados Unidos. Essas escolas ajudaram e ajudam as outras instituições que se formaram em nosso país como referência técnica e profissional. Esta leitura técnica foi desenvolvida pelos franceses, principalmente na época de August Escoffier, esse grande chef, que ‘codificou’ a cozinha mundial, fazendo com que, por exemplo, o molho bechamel

Kobe Beef: a melhor e a mais cara carne do mundo

Fotos: Divulgação

Chef Jonas Leite: há 16 anos professor de Gastronomia da FMU

(molho branco) seja feito em qualquer parte do mundo da mesma forma (consiste em um pouco de manteiga, leite roux - manteiga + farinha -, cebola piquet - cortada ao meio com uma folha de louro com cravos da índia), noz moscada, sal e pimenta”. Jonas lembra que esse chef também criou as praças de trabalho dentro da cozinha, como fria e quente, molhos, grelhados e por aí vai; esse universo maluco e de muito trabalho e que, infelizmente, também é muito pouco valorizado aqui no Brasil”. A única – Com sua militância de 16 anos na FMU, o chef Jonas destaca que ela é a única universidade que conhece que desossa um quarto traseiro bovino, porco , etc. “Perdoem-me os vegetarianos e afins, mas amo carne. Principalmente se decorrer da espécie dos taurinos que têm sua formação de maior índice de marmoreio (gordura entremeada muscular), com relação aos zebuínos. Só a título de conhecimento, os taurinos desenvolvem as raças Red Angus, Black Angus e Limonsin (de origem europeia). Já dos zebuínos derivam as raças Nerole, Tabapuã e Gir, de origem da Ásia, mais especificamente da Índia”.

Os brasileiros têm reclamado do preço da carne, que aumentou bastante nos últimos meses. Para que eles não fiquem se lamentando, vou falar nesta primeira edição da coluna de Gastronomia sobre o Kobe Beef, a melhor e mais cara carne do mundo, conhecida como “Ouro Vermelho”. Tem esse nome porque é do bovino da Província de Kobe, no Japão. O preço do quilo dessa iguaria está entre 400 a 900 dólares, conforme a parte da peça que se deseja e/ou principalmente que seu bolso possa comprar (no Brasil pode ser adquirida por mais de R$ 500 o quilo). A raça dessa iguaria chama-se Wagyu e seu marmoreio (gordura entre as fibras) pode atingir 40%. Esse bovino era servido para o Imperador do Japão e, segundo a lenda, os animais eram alimentados suspensos do chão, fazendo com que sua carne ficasse extremamente suculenta e macia, desde o músculo ao filé mignon. Portanto, vale ressaltar que carne boa e de procedência tem o seu valor, e, para nós, como chefs, não existe carne de primeira e segunda, desde a orelha à picanha tudo é de primeira. Os bois da raça Wagyu são criados à base de grãos especiais, e possuem cerveja e maçã na alimentação. Os animais bebem cerveja diretamente da garrafa, pois, segundo os criadores, estimula a comer mais. Além disso, são escovados todos os dias com saquê para eliminar as moscas e carrapatos, recebem sessões de massagem regularmente, fazem acupuntura, dormem em tapetes térmicos e escutam musicas clássicas para acalmar os ânimos. Uma verdadeira vida de luxo, que vai resultar em uma carne com textura, sabor e cor incríveis. Kobe Beef: textura, sabor e cor incríveis fazem dela a carne mais apreciada do mundo

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Horário de passeios

Os passeios devem ser feitos até as 10h e depois das 16h. Se for necessário passear em outros horários, mude o trajeto, prefira locais com grama em vez de asfalto e refresque seu animal. Uma medida comum aos humanos, que pode e deve ser adotada também para animais domésticos é o filtro solar, neste caso veterinário. O fator 15 é o mínimo e indicado para cães de pelagem branca. O protetor deve ser passado nas partes desprotegidas, principalmente em raças como pit bull, bull terrier e boxer, os quais têm predisposição ao câncer de pele nessas condições. Essas partes são o focinho, abdômen, orelhas (cuidado para não jogar o produto dentro do ouvido) e contorno dos olhos. Mas, se o animal receber bem, a aplicação pode ser ampliada.

Outra dica

Para aliviar o calor, já existe no mercado pet o sorvete para cachorro, feito à base de leite em pó integral. São potes de 200 mililitros, nos sabores creme, menta, morango, chocolate e bacon. Mas observe que o produto é contraindicado para cães diabéticos ou que tenham intolerância à lactose. Nesse caso, é melhor procurar outros produtos que possam substituir este com funções semelhantes. Os donos interessados no sorvete para cachorro podem acessar a página das fornecedoras do produto, duas veterinárias que lançaram o ice pet (sorvete para cachorro) no site: www.icepet.com.br. Então, siga alguns cuidados para curtir o verão com seu amigo de quatro patas sem deixá-lo com a respiração ofegante, apático, com hipersalivação e desorientado pelo calor intenso.

Sombra e água

fresca também para o seu cão Em meio a temperaturas que beiram os 40 graus, os donos de cães precisam prestar atenção aos animais, afinal eles sentem tanto calor quanto os humanos O mercado pet oferece inúmeros artifícios para ajudar a refrescar o seu cão, mas nada substitui a sua atenção e o seu carinho na hora de buscar esse tipo de serviço no mercado a fim de amenizar o calor dele. Especialistas alertam que a temperatura corporal do cão, só para se ter ideia, em situações de calor extremo como têm sido os primeiros dias do ano, se aproxima dos 42 graus e pode levá-lo à morte.

O risco é maior ainda quando se trata de cão idoso, filhote, obeso ou de focinho curto, a exemplo de raças como boxer, buldogue, pug e lhasa apso, pois estes têm dificuldade em manter o equilíbrio térmico. Ao contrário dos seres humanos, os cães não trocam o calor pela pele, mas sim por meio da respiração e do coxim, aquela almofadinha sob a pata, e só isto já é um impedimento ao passeio sob o sol forte. Fotos: Divulgação

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VEÍCULOS

Rodrigo Mora | FolhaPress

Setor automotivo aposta

em lançamentos para voltar a crescer em 2015

Foco no Focus A Ford também trabalha para atualizar o EcoSport, mas seu passo mais importante no ano será o lançamento do novo Focus. As versões hatch e sedã deverão estrear no Salão de Buenos Aires, em junho. Os motores atuais serão mantidos, e as mudanças são mais extensas no interior, que recebe novo painel e um sistema de entretenimento com tela sensível ao toque. Por fora, a frente irá se alinhar a New Fiesta e Fusion, reforçando a identidade da marca norte-americana. Será um movimento importante da Ford, pois outros médios também mudarão. Um deles é o Volkswagen Jetta, que passa a ser montado em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) com alterações visuais. Fotos: Divulgação

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Há um fator que pode reverter as expectativas negativas para o setor automotivo em 2015: os lançamentos. O ano terá muitas novidades. Os destaques serão os utilitários compactos de apelo urbano. A Honda foi rápida no desenvolvimento do crossover HR-V, que chega às lojas entre março e abril. Logo depois virá o Jeep Renegade, com versões flex ou a diesel. Em maio ou junho, a Peugeot lançará o 2008. Com tantas novidades, os veteranos do segmento precisarão de mudanças para manter o pique em vendas. A Renault terá um Duster renovado e mais equipado -com direito a controlador de velocidade de cruzeiro e nova central multimídia.

•Importados antecipam futuros nacionais

As novidades entre importados de luxo antecipam versões nacionais. Um exemplo é o novo Land Rover Discovery, que futuramente será produzido em Itatiaia (RJ). O novo utilitário de origem inglesa não irá aposentar o Discovery 4 atual, mas, sim, o Freelander. Sua plataforma é nova e versátil a ponto de permitir também a construção de um sedã, como o Jaguar XE. Ligando os pontos, conclui-se que o luxuoso XE será um dos modelos do grupo Jaguar Land Rover produzidos na futura fábrica brasileira, a partir de 2016. Outro estreante que primeiro será importado para depois ganhar cidadania nacional é a versão quatro portas do Mini. Mais espaçoso que a única opção atual (duas portas), o hatch estreia em breve com motores 1.5 e 2.0, ambos turbo. A produção local deve começar em 2016, na fábrica da BMW em Araquari (SC). A mesma unidade poderá produzir também o Active Tourer, um BMW de tração dianteira feito para famílias. Sua chegada como importado ao Brasil acontece em 2015, para concorrer com o Mercedes Classe B no pequeno segmento das minivans de luxo (preços pouco acima de R$ 100 mil). O ano terá também algumas novidades que permanecem sob segredo, como a nova geração do VW Gol, a opção esportiva do Renault Sandero (com motor 2.0 flex) e a reestilização do Fiat Palio. Portanto, haverá novidades em todas as faixas de preço, na expectativa de que 2015 registre algum crescimento sobre 2014.

FILHOS

Eloy de Oliveira

As idealizadoras do projeto ‘CineMaterna’ Irene Nagashima e Taís Viana durante apresentação da proposta

Cine Topázio do Polo Shopping inova com o CineMaterna, sessões de cinema voltadas para atender mães e pais de bebês em salas adaptadas Indaiatuba recebeu em fevereiro e passará a contar, a partir de agora, com uma sessão por mês do projeto “CineMaterna”, proposta desenvolvida por mães de São Paulo, em 2008, que visa levar as mães e pais de bebês com até 18 meses de volta aos cinemas. Irene Nagashima, co-idealizadora do “CineMaterna”, diz que a ideia é oferecer salas com som e ar-condicionado suaves, iluminação leve, piso emborrachado, trocadores e estacionamento para carrinhos de bebês, de modo que os bebês possam ficar à vontade pelo chão. “Quando um bebê chega a uma casa, há uma mudança total de hábitos e de rotinas. Os pais e mães passam a se dedicar exclusivamente ao novo habitante da casa. Então esquecem da vida lá fora e deixam coisas importantes como o cinema”, diz Nagashima. Para trazer essas pessoas de volta sem que elas se preocupem em prejudicar os bebês, foi criado o projeto, que já está presente em 34 cidades do país hoje, de 14 estados. Ele conta com 70 sessões mensais em diversos complexos de cinema, além de 250 mães voluntárias. Também idealizadora, Taís Viana, diz que o papel dessas mães é ajudar a recepcionar as mães e pais visitantes para demonstrar a eles que há segurança em levar o filho de até 18 meses para um programa como esse, bem como há espaço para o resgate do convívio social. A dinâmica das sessões é montada com o foco na participação de todos. Assim, o filme é escolhido por votação por meio do site cinematerma.org. br uma semana antes da exibição. As votações permitem escolhas que agradem a maioria dos participantes. A iniciativa é patrocinada pela Natura Mamãe e Bebê e Ri Happy Baby. “As mães de Indaiatuba podem voltar a curtir o cinema, agora acompanhadas de seus bebês, além de trocar experiências com outras mulheres que estão na mesma fase da vida”, diz Irene Nagashima.

Cinema

para bebês de até 18 meses

Fotos: Divulgação

Mães e pais têm a oportunidade de voltar às salas de cinema carregando seus filhos e podendo brincar com eles

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CLICANDO

Grupo “5 CLICK”

Serão publicados nesta coluna fotos de grupos de Salto e da região, começando nesta edição com o “5 Click”, de Salto

Internet

TURISMO

Gruta Azul, Fachadas | Ouro Preto MG | José Roberto Perina

Espreita | Londrina PR Omar Melussi

A partir desta edição, serão publicados nesta coluna relatos de leitores de Salto, Itu ou Indaiatuba, que viajaram para o Brasil ou para o exterior e que visitaram locais não muito citados nas revistas e nos suplementos turísticos, mas que impressionam pela sua beleza, originalidade, curiosidade ou por serem interessantes ou exóticos. Começamos com um relato feito pelo editor desta revista, Valter Lenzi, para servir de exemplo aos que poderão ser feitos nas futuras edições pelos leitores que forem convidados ou se propuserem a relatar atrações que tiveram a oportunidade de conhecer em suas viagens ao exterior ou ao Brasil. Contatos pelo e-mail eloy@tapera.com.br

Em seu interior, a Gruta apresenta uma visão do azul maravilhoso, brilhante e místico

V. Lenzi

PAISAGEM Luiz Carlos Trevizan

maravilha natural de Capri, Itália

Simplicidade | Porto Feliz SP José Gaspar Brunelli

Quem viaja para o Sul da Itália não pode deixar de ir à Ilha de Capri, um local que tem atraído artistas, poetas e homens ilustres. O acesso é de barco que sai do porto de Nápoles e em Capri pode-se usufruir de todas as suas atrações, dentre elas a subida ao topo da montanha, que pode ser feita por micro-ônibus ou pelo funicular. Ali, entre as casinhas, casarões, palácios, restaurantes e hotéis, os turistas se acomodam em meio à vegetação. Pequenina, a ilha mede 6 km de extensão por 2 km de largura. Lá vivem cerca de 12 mil moradores, divididos entre suas duas cidades, Capri e Anacapri. Rodeada pelo atrativo verde-esmeralda do Mediterrâneo, a ilha ferve de gente bonita e elegante, lojas descoladas, restaurantes badalados, tudo muito caro; e, o que há de melhor e de graça, belas paisagens. Imperdível é o passeio até a Grotta Azurra (Gruta Azul), feito num dos barcos que ficam à disposição dos turistas. Eles levam as pessoas até a entrada da gruta, onde se paga para os barqueiros levá-las até o seu interior. Se a maré está muito alta, não é possível cumprir a segunda parte do passeio, pois a abertura na rocha fica quase fechada. Mas, na maré baixa, a entrada é permitida e então se tem uma visão indescritível, podendo se apreciar um azul maravilhoso, brilhante e místico. Segundo a Biblioteca Digital Mundial, a Gruta possui aproximadamente 50 metros de comprimento por 30 metros de largura. O interior cavernoso, conhecido como o duomo (catedral), sobe de 7 para 14 metros e a água é inferior a 13 metros de profundidade. Alguns turistas, mais corajosos, chegam a nadar nas águas azuladas. O brilho azul é produzido pela luz natural, que penetra na água e é refratada nas paredes da gruta. A gruta – ainda segundo a Biblioteca Digital – está associada com a história e a sociologia romana, acreditando-se que os antigos romanos consideravam-na um ninféu ou um santuário para as ninfas das águas. A passagem subterrânea encontrada dentro da gruta também sugere uma ligação para a vila imperial do imperador Tibério. Valter Lenzi

Pequenos barcos que ficam na entrada da Gruta, levam os turistas até o seu interior

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ESPORTES

Fotos: Tião Moreira/Arquivo Taperá

base: Campeã da São Silvestrinha, prova pedestre disputada na capital, seguida de outras boas participações também em Jogos Regionais. Anos mais tarde, a relação técnico/atleta ganhou novos contornos, chegando ao atual casamento de Marcos com Giovanna. Antes da união estável, porém, ela alçou voos mais altos ainda no atletismo de base, sendo contratada pela equipe Orcamp/Unimed, de Campinas, na época coordenada pelo renomado técnico Nélio Moura, que já treinava atletas olímpicos do Brasil, como Maurren Maggi, por exemplo. Dentre suas principais conquistas da época estão as medalhas de ouro na Copa Sulamericana Juvenil (2001), disputada em Santa Fé, na Argentina; e no Estadual Adulto (2001); a de prata no Brasileiro Sub-23 (2002) e a de bronze no Troféu Brasil Adulto (2003), todas na prova dos 3 mil metros com obstáculos. Isso sem contar nas inúmeras medalhas conquistadas por ela em Jogos Regionais e Abertos, por várias cidades, como Campinas, São Caetano, Indaiatuba (onde foi atleta e também responsável por vários projetos esportivos de 2004 a 2013) e Salto, para a qual retornou no início de 2014, sendo hoje inscrita oficialmente na Federação Paulista e na Confederação Brasileira de Atletismo como atleta da Liga Desportiva Saltense (Lidesa). Hoje, além de competir e mantendo um “sonho” de competir nos Jogos Olímpicos de 2016 (está entre as quatro primeiras no ranking de maratonistas brasileiras), Giovanna ainda cuida da sua empresa, Giovanna Martins – Assessoria Esportiva, que atende pessoas interessadas na prática do atletismo.

Valdir Líbero

Fotos: Arquivo Taperá

Atleta foi homenageada como “Destaque Esportivo de 2001” pelo Taperá

Giovanna competindo em 2002 no Troféu Brasil, em 2012, e em 2001 treinando em Salto, no Estádio Municipal

Giovanna: usando o esporte na superação de obstáculos, desde a infância

Campeã recente da Maratona da Disney, nos Estados Unidos, atleta saltense venceu até uma limitação física nos primeiros anos de vida Que o esporte é marcado pela superação de limites, não chega a ser novidade. Mas, no caso da atleta saltense, Giovanna Costa Martins – que recentemente venceu a Maratona da Disney, nos Estados Unidos, aos 32 anos de idade – o termo “superação” a acompanha desde os primeiros anos de vida e tem um significado ainda mais

especial. Até os 6 anos, ela apresentava limitações nos membros inferiores, como o geno varo (pernas arqueadas) e pé plano, popular “pé chato”. Isso comprometia toda a mecânica dos seus movimentos, com quedas constantes, forçando o uso de botas ortopédicas e palmilhas especiais.

Ainda na capital paulista, onde nasceu em dezembro de 1982, chegou a ser aconselhada por uma professora de Educação Física a não praticar exercícios, sobretudo pelo uso das botas. Persistente, Giovanna encontrou exatamente no esporte a chance para evoluir fisicamente, sobretudo na coordenação motora. Quando chegou com a família em Salto, em 1990, aos 7 anos de idade, já trazia um “gostinho” pelo atletismo, principalmente por acompanhar o pai, Gilvan Rodrigues da Costa, na época em carreira militar, em provas na Universidade de São Paulo (USP). Mesmo assim, ainda passou por outras modalidades esportivas em escolinhas da Prefeitura de Salto, das quais não se esquece de seus treinadores, como no basquete, com César Codo; no futebol, com Benedito Pianucci “Piteira”; e no vôlei, com Ivan Amirat. Mas foi durante uma das edições dos então Jogos Escolares, em Salto, na qual ganhou “quase tudo” no atletismo, que recebeu convite do técnico da época, Marcos Martins, para ingressar de vez nos treinos específicos desta modalidade. Ele estava tão certo que com 15 anos Giovanna chegava à primeira conquista importante na

“Vencer a Maratona da Disney me abriu portas, mas tenho os pés no chão”

Fotos: Divulgação/Arquivo Taperá

Giovanna reconhece que muita coisa mudou na sua vida, desde que venceu a Maratona da Disney, nos primeiros dias deste ano nos Estados Unidos, a começar pela popularidade quase mundial. “Hoje recebo mensagens de várias partes do mundo, sou convidada a participar de muitos eventos, sou reconhecida. Isso é bom, mas tenho 27 anos de atletismo, sei que preciso treinar muito, se quiser alcançar meus objetivos. Com os pés no chão, sem badalação”, disse Giovanna, que treina em média 4 a 5 horas por dia. Dentre as provas que pretende competir em 2015 estão o Troféu Brasil de Atletismo (3 mil metros com obstáculos), além da Copa Brasil de Montanha, Meia Maratona do Rio de Janeiro, Maratona do Chile, além de provas pedestres no Canadá, Alemanha e nos Estados Unidos. Giovanna vibra com sua vitória na Maratona da Disney, em janeiro deste ano, nos Estados Unidos; tudo começou nos então Jogos Escolares, nas pistas do Estádio Municipal (foto abaixo)

Fotos: Arquivo Taperá

Giovanna (última em pé) competindo por Salto nos Regionais de 1997, em Botucatu, e sendo premiada na Câmara Municipal de Salto, em 2001, junto com outros saltenses que se destacaram naquele ano

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ARTIGOS

Ser feliz é simples: BASTA RESPEITAR! Mirian Goldenberg (*) FolhaPress

Será que existe algum segredo para um casamento feliz? Uma arquiteta de 49 anos disse que o segredo da sua felicidade conjugal é a admiração mútua e o respeito à privacidade. “Tenho um banheiro só para mim e o meu marido tem o dele. Não entro no Facebook dele, porque não me interessa saber quem são as mulheres que mandam mensagens engraçadinhas. Se ele quiser sair com os amigos ou ir a uma festa sozinho, não vejo o menor problema”. Ela critica as amigas ciumentas que querem controlar os maridos. Diz que elas morrem de inveja do seu casamento. “Não acredito que colocar uma coleira no pescoço do marido garante a fidelidade. Se ele quiser ser infiel, pode me trair em viagens, na hora do almoço, na internet. Se ele me ama e não quer me perder, por que irá me trair? É o famoso livre-arbítrio. Prefiro ser fiel porque estou feliz e não por usar um cinto de castidade. E vice-versa”. O marido, um engenheiro de 45 anos, acha o maior clichê dizer que os homens preferem as mulheres mais jovens. Diz que não existe nada mais sedutor e atraente do que a maturidade e a inteligência de uma mulher. “Tenho a maior admiração pela minha esposa. Ela é muito inteligente,

independente, divertida, carinhosa, companheira. Gosto das nossas conversas e brincadeiras, somos muito apaixonados. Meus amigos estão sempre buscando aventuras, garotas de programa, casos com estagiárias. Eles precisam provar o tempo todo que são homens de verdade e dizem que eu sou meio broxa porque sou fiel. Não preciso provar nada para ninguém, eu só quero ser feliz”. Ele acrescentou: “Pode parecer mentira, mas nunca brigamos. Qual é o segredo da nossa felicidade? Muito simples: eu cuido dela exatamente como quero ser cuidado, escuto como quero ser escutado, sou fiel como quero que ela seja. Todos os dias celebramos o nosso amor com alguma surpresinha. Temos cuidado para manter o mesmo respeito, carinho e tesão do início. Fomos muito infelizes em casamentos anteriores. Sabemos que o nosso é uma joia muito rara e especial”. Ele concluiu dando os principais ingredientes da felicidade do casal: compreensão, carinho, admiração e, principalmente, muitas risadas. Se é tão simples assim, por que encontro tantos casamentos infelizes? (*) MIRIAN GOLDENBERG, articulista da FolhaPress, é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de “A Bela Velhice” (Ed. Record); www.miriangoldenberg.com.br

Um exemplo de MACONHA LEGAL Suzana Herculano-Houzel (*) FolhaPress

Deixem eu começar com a declaração que toda matéria sobre drogas deveria fazer a respeito da “persuasão” do autor: eu não uso maconha, nunca usei e não pretendo usar. É fato mais do que comprovado que o uso regular prejudica a memória e a cognição, e prezo muitíssimo o equilíbrio químico do meu cérebro. Dito isto: estive em Denver, nos EUA, com uma tarde livre para flanar com meu marido e, ambos curiosos, achamos uma loja de venda legal de maconha na rua principal do centro da cidade. Não havia nada de notável na entrada, vazia como o resto da rua. Nenhuma aglomeração de jovens ávidos por se drogar, nem rodinha de maconheiros por perto nem polícia. A loja, com poucos clientes, ficava no subsolo, guardada por portas duplas e um segurança que exigia documentos de todos. É preciso ser maior de 21 anos; não é preciso ser residente do Colorado nem dos EUA --e assim eu, brasileira, entrei. A loja, toda branca como uma Apple Store, era impecavelmente organizada, com mostruários vedados dos vários produtos: botões de maconha de diversas variedades de Cannabis sativa e Cannabis indicada em potes de acrílico lacrados (e presos às mesas por cabos de aço) mas cheiráveis por orifícios; estantes transparentes mas fechadas com

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biscoitos, bolinhos, balas, tabletes de chocolate, todos com a concentração de THC marcada, além da parafernália, colírio e incenso. Nada pode ser tocado pelos clientes. Pedidos são feitos em uma prancheta com a lista completa de produtos disponíveis. Um cartaz explica que o pagamento somente pode ser feito em dinheiro --porque a legislação não chegou à esfera federal, então os bancos ainda não querem correr o risco de operar as transações dessas lojas. Mas o problema é resolvido com um caixa automático no interior da loja, ao lado, aliás, de um mapa-múndi no qual os clientes podem deixar um alfinete espetado mostrando de onde vieram. O negócio é internacional, mesmo sem sair de Denver. E, mais importante de tudo, a venda é legal e não financia o tráfico (como faria se o Estado tivesse apenas descriminalizado o porte e uso de maconha). Pelo contrário: reverte milhões de dólares por mês para o Colorado, em 17% de imposto de vendas mais outros impostos pagos pela loja. Os brasileiros se acham descolados, mas quem saiu na frente foram nossos primos puritanos do faroeste americano. SUZANA HERCULANO-HOUZEL, articulista da FolhaPress, é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro “Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor” (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com

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