Nova Perspectiva Sistêmica 26

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NPS 26 | Novembro2006

No S.O.eSq. temos procurado colocar em prática esse tipo de pensamento em todas as etapas de criação de alguma ação. Para ilustrar, descrevemos o processo de criação do nome do projeto e do nosso logotipo. No início do projeto, criamos um grupo a que chamamos de “Grupo de estratégias de informação e comunicação” cuja primeira tarefa era a de pensar em um nome para o projeto brasileiro. Esse grupo, composto principalmente por portadores e alguns profissionais, passou a se reunir semanalmente para conversar sobre o significado do projeto para cada um e sobre como transportar tudo isso sinteticamente para um “nome”. Ao mesmo tempo, vários integrantes foram trazendo propostas, até que uma delas foi acolhida pelo grupo por sua originalidade. O autor da proposta - S.O.eSq – um estudante universitário, paciente do PROESQ, trabalhou com seu pai, publicitário e também colaborador do projeto, diversas idéias até chegar à imagem que o grupo todo concordou traduzir melhor a nossa proposta. Nesse percurso, refletimos sobre as diversas imagens geradas para cada um a partir da expressão S.O.S.: surgiram as palavras resgatar, ajudar, socorro, solidariedade, tirando do isolamento, pedido de ajuda, esperança, entre outras. Ponderamos os aspectos bons, ou positivos, destas imagens e palavras, e os negativos. Concluímos que uma frase chamando à ação, junto ao nome S.O.eSq., compensaria o possível significado, sentido como passivo e negativo pelo grupo, de “esperar na praia pelo resgate e contar com a sorte para ser salvo...”. Para criar esta frase, alternamos rodadas de “chuva de idéias” (brainstorm) com discussões sobre os significados de “abram as portas”, ou

“abrindo portas” (traduções possíveis para Open the doors, título do programa internacional da WPA) e chegamos, através de um processo de votação de algumas propostas, à frase: “Abra sua mente, abra suas portas” como mensagem principal do projeto. Esse mesmo processo de pensar divergente também estimula uma outra postura característica do processo criativo - encontrar alternativas para a linearidade, por exemplo, andando de lado, em zig-zag ou navegando em círculos nas conversas. A idéia de que temos que andar sempre para frente em linha reta é um pesado legado do discurso científico ocidental moderno, que freqüentemente nos impõe um julgamento e tolhe outros caminhos possíveis. Porém, quando nos encontramos amparados por um grupo que acolhe a “conversa sem um propósito definido”, as “idéias malucas” de um dos membros, as derivações e tangenciamentos, tudo isso pode no final resultar em ações criativas. Por essa razão, no S.O.eSq todos os assuntos em uma roda de conversa são bem-vindos e potencialmente interessantes. Se o grupo valida, seguimos conversando. Às vezes nos perdemos e nos desorganizamos temporariamente em relação a alguma tarefa definida, mas isso também contribui para o surgimento de idéias novas que podem se tornar ações interessantes. O Boletim do S.O.eSQ. e, mais recentemente, o Informativo ABRE–S.O.eSq. (disponíveis em versão eletrônica no website do projeto), são exemplos de como produzimos materiais criativos a partir desse caminho, pois reúnem não só textos informativos sobre a esquizofrenia, mas também poesia, humor e arte produzidos pelos colaboradores. Tal multiplicidade de


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