Desvendando o Mistério Entre Judeus e Gentios

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DesvenDando

o MistĂŠrio Entre

Judeus & Gentios

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Dedicatória Dedico este livro a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que me concedeu graça. A Ele seja a glória para todo sempre em Cristo Jesus no poder do Espírito Santo! À minha digníssima e amada esposa, Claudete Nogueira, por sua compreensão e amor e aos nossos filhos Letícia e Renan e a sua esposa Aline. Aos meus pais, Paulo e Marleide e meus queridos irmãos e irmãs: Edileuza, Fátima, Ednardo, Edvaldo, Eduardo e Paula. À todos os amados irmãos em Cristo que amam a Igreja do Senhor. A todos os leitores dedico este livro.

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O ETERNO PROPÓSITO DE DEUS EM CRISTO

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eus escolheu em Cristo antes da fundação do mundo um povo para o Seu nome e os predestinou para serem santos, irrepreensíveis e filhos de Deus, segundo o eterno propósito da Sua vontade que estabelecera em Cristo (Efésios 1.4-6). Este povo como descendentes humanos de Adão sofreriam as consequências da Queda, mas iriam ser redimidos, perdoados e justificados por Deus em Cristo, que morreu por eles antes da fundação do mundo (Apocalipse 13.8). Assim não só a Queda estava prevista, mas também a Redenção. Nossos primeiros pais, Adão e Eva, receberam um começo perfeito, sem pecado. O Senhor Deus deu a essa humanidade perfeita o planeta Terra como presente (Salmo 115.16). E plantou um jardim no Éden, e ali colocou Adão e Eva. Eles deviam ter filhos, cultivar o jardim e dominar a terra, bem como a todos os animais (Gênesis 1.28; 2.8,15). Seus descendentes participariam nisso! A vida seria bela e perfeita, nem a morte e nem a velhice lhes acometeria. Viveriam saudáveis e felizes para sempre! No entanto, para usufruir tudo isso, Adão e Eva, bem como seus descendentes, teriam de manter a integridade com Deus, que criou todas essas cousas. A integridade deles seria demonstrada pelo fato de não comerem do fruto que Deus proibiu (Gênesis 2.16,17). Evidentemente que essa integridade deveria ser provada pela obediência. Mas, infelizmente, foram seduzidos e enganados pela Serpente (Gênesis 3.1-7; II Coríntios 11.3; I Timóteo 2.14). Em consequência a essa desobediência foram expulsos do belo jardim, perderam a vida perfeita, tornaram-se pecadores e a terra foi amaldiçoada (Gênesis 3.823). Deus, porém, segundo o Seu plano secreto, profetizou acerca do “Descendente da Mulher” (Gênesis 3.15), que com certeza restauraria a criação ao seu estado original de perfeição (Atos 3.20,21; Romanos 8.19-21; Efésios 1.9,10). A Escolha de Uma Descendência para Cristo

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partir de Adão e Eva se desenvolveram duas descendências, a descendência de Caim e a descendência de Sete. Deus escolheu Sete, como a descendência de piedosos, e rejeitou a de Caim, pois este matou a seu irmão Abel. Sete gerou Enos, que a partir dele começou a invocar o nome de Javé Deus (Gênesis 4.25,26). Noé e sua família, a última geração de Sete, foram preservados no Dilúvio, enquanto que todas as gerações de Caim foram afogadas. Dos três filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé, Deus

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escolheu Sem, àquele a quem Noé abençoou, como a descendência dos piedosos (Gênesis 9.25-27). De Sem veio Abraão. O Senhor Deus aparece a Abraão e lhe faz uma promessa de que “à sua descendência” herdaria a terra de Canaã e abençoaria todos os povos da terra por meio dela, conforme a benção de Noé dada ao seu filho mais velho, Sem (Gênesis 9.25-27; 12.1-7). Porém, Sara, esposa de Abraão, era estéril, e ele achou que um dos seus escravos seria o seu herdeiro. Deus, então, estabelece uma aliança eterna com Abraão ao dizer que o seu herdeiro será um descendente dele e de Sara, sua mulher, e que essa descendência seria tal numerosa como as estrelas do céu e possuiria a terra de Canaã como herança. Deus lhe dá a circuncisão como o sinal da aliança com os seus descendentes (Gênesis 15 a 17). Abraão com a idade de 100 anos e Sara com 90 anos, geraram um filho, Isaque. Para que Deus pudesse confirmar a promessa e a aliança com juramento pede que Abraão sacrifique Isaque, seu único filho com Sara. Sem questionar, Abraão, obedeceu, e estava preste a oferecer Isaque em sacrifício quando o anjo do Senhor Deus o impediu (Gênesis 22.15-18). Abraão creu em Deus, “o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem”, e isso lhe foi imputado como justiça (Romanos 4). Tudo isso significava que o Descendente da Mulher mencionado em Gênesis 3.15, o libertador messiânico, viria por meio da linhagem de Abraão. Abraão não sabia qual era o significado do que o Senhor Deus estava então fazendo; nem o sabiam seu filho Isaque nem seu neto Jacó, que se tornaram “co-herdeiros da mesma promessa” (Gênesis 26.2-5; 28.12-16). Mas todos eles confiavam em Deus. Não se ligavam a nenhuma das cidades-reinos no país, porque esperavam algo melhor – “a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hebreus 11.8-10,13-16). No entanto, nem todos os descendentes de Abraão herdariam a preciosa promessa disponível por meio de Abraão. A Nação Messiânica que Brotaria o Cristo

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saú, filho mais velho de Isaque, deixou de dar valor ao seu direito de primogenitura. Não apreciava coisas sagradas. De modo que, certo dia, quando Esaú estava com fome, ele vendeu seu direito de filho mais velho ao seu irmão, Jacó. Pelo um pão com ensopado de lentilhas, ele trocou a sua primogenitura, e por conseguinte perdeu a benção de Isaque (Gênesis 25.29-34; Hebreus 12.14-17). Assim a nação por meio da qual se cumpririam as promessas que Deus fez a Abraão descendeu de Jacó, cujo nome Deus mudou para Israel (Gênesis 35.9-12).

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Durante um período de fome, Jacó e sua família se mudaram para o Egito. Ali se multiplicaram e se tornaram numerosos, mas também se tornaram escravos. No entanto, o Senhor Deus não se esqueceu do pacto que fizera com Abraão. No tempo designado de Deus, ele libertou os filhos de Israel da servidão através de Moisés e Arão, e os avisou de que ia levá-lo a “uma terra que manava leite e mel”, a terra que prometera a Abraão (Êxodo 3.7,8; Gênesis 15.18-21). Quando os filhos de Israel estavam em caminho para a Terra Prometida, já libertos do Egito por mão forte e braço poderoso, o Senhor Deus os reuniu junto ao monte Sinai. Ali lhes disse: “se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo 19.5,6). Sob a liderança de Josué tomaram posse da terra de Canaã, e expulsaram as nações cananéias. A Escolhe de Uma Tribo para o Reinado de Cristo

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epois disso, Deus lhes deu juízes até o tempo do profeta Samuel. Então o povo pediu um rei, e Deus lhes deu Saul. Depois de rejeitar Saul, levantou-lhes Davi como rei (Atos 13.19-22). A este Deus lhe prometeu: “escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, e eu estabelecei o reino dele. É ele que vai construir um templo para mim, e eu lhe firmarei o trono dele para sempre. Nunca retirarei dele o meu amor... Eu o farei líder do meu povo e do meu reino para sempre; seu reinado será estabelecido para sempre” (I Crônicas 17.11-14). Parcialmente esta aliança do reino eterno faz alusão a Salomão, mas plenamente ela se cumpriria em Cristo (Lucas 1.31-33). No decorrer do reinado davídico, Salomão seu filho transgrediu, adulterando com mulheres pagãs, e voltou o seu coração para os deuses falsos dessas nações. O seu reino foi dividido em dois: o Reino do Sul, com duas tribos: Judá e Benjamim, cuja capital era Jerusalém, e o Reino do Norte, com dez tribos, cuja capital era em Samaria. O reino do norte afundou plenamente na lama da idolatria, praticou as piores coisas extravagantes e abomináveis. Trocaram o Deus único e verdadeiro pelo deus falso dos cananeus, Baal, praticando o culto do mistério. Por isso, Deus levantou os assírios e os cativou, dando fim, em 722 a.C, o reino do norte. O reino do sul teve reis piedosos, mas também reis ímpios, que se inclinaram às práticas pagãs reprováveis, levando Deus a detestar Jerusalém como tinha detestado Samaria. Os profetas se ergueram para protestar contra os abusos dos reis e sacerdotes de Judá, e anunciar o iminente julgamento de Deus. Mas não foram ouvidos.

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Em 585 A.C, os babilônicos invadiram a terra de Judá, destruíram Jerusalém e arrastaram com templo, os judeus foram desterrados para a Babilônia. Perderam o Reino e os descendentes de Davi deixaram de sentar no trono de Deus. Porém, sobre a casa de Davi, ainda, pairava aliança de Deus. Pois Deus tinha prometido que “jamais faltaria um descendente de Davi que se sentasse em seu trono”. Por isso, que junto com as profecias de juízos, havia as promessas de restauração. O cativeiro da Babilônia marcou o fim da era davídica, nunca mais um dos seus descendentes físicos reinaram sobre Jerusalém. E, Israel ficou subjugada ao poder dos gentios – Média-Pérsia, Grécia, os Ptolomeus egípcios, Seleudas sírios e Roma. Dentro dessa situação caótica, nasceu o Messias. Israel estava sendo dominada por Roma, e, em Judá, o rei era Herodes, um idumeu. A promessa dizia que o Messias restauraria o reino à Israel, e sentaria para sempre no trono de Davi, e seu reino não teria fim, destruiria todos os reinos subjugadores de Israel, e estabeleceria um reino sobre todos os reinos. Antes, porém, era necessário que o Messias sofresse como vítima pelo pecado do Seu povo a fim de redimi-lo da escravidão da opressão (Isaías 53). O Verdadeiro Povo de Cristo e de Deus

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Israel nacional poderia ter participado com o Messias deste Reino eterno como um reino de sacerdotes e uma nação santa. Mas quando o herdeiro do trono de Davi nasceu, a nação o rejeitou como o Seu Rei e Messias (Marcos 15.29-32; João 19.14-16). Apenas um restante de israelitas naturais aceitou-O (João 1.11-13). Em resultado disso, apenas um pequeno número deles foi incluído no predito reino de sacerdotes, cujo número deles aparece no Apocalipse como 144.000 selados de todas as tribos de Israel (Apocalipse 7.1-8; 14.1-5). Foram escolhidos segundo a eleição da graça, não mais segundo as antigas alianças, com suas cerimônias, serviço sacerdotal levítico, que serviam no antigo templo, porque todos essas coisas eram provisórias e simbólicas (Romanos 11.1-7; Colossenses 2.16,17; Hebreus 10.1). E assim, o Reino foi tirado do Israel nacional e “dado a um povo que dê os frutos do Reino” (Mateus 21.43). Inicialmente este povo era composto apenas de judeus que criam que Jesus de Nazaré é o Cristo profetizado pelos profetas (Lucas 24.25-27, 44-46). De fato, as profecias apontavam que apenas um remanescente de Israel seria restaurado como nação santa de Deus (Sofonias 3.13; Isaías 10.20-22; Romanos 9.27-29). Antes de Jesus Cristo morrer, ele apresentou a este pequeno rebanho um novo pacto, que seria validado pelo seu próprio sangue. Nesse novo pacto estava incluído um Reino (Lucas 22.14-20,29,30). 7


Esse sacrifício cruento de Cristo os comprava para Deus, pois, pagava o castigo do pecado, pelo qual, e como descendentes de Adão, eram escravos. Assim foram declarados justos, tais como Abraão, que cria que Deus era poderoso para ressuscitar Isaque, estes, também, creram que Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos (Hebreus 11.17-19; Romanas 4.20-25; 10.9,10), e por isso foram adotados como filhos de Deus, e como tais herdeiros do Reino de Deus e reinarão sobre a terra (Apocalipse 1.5,6; 2.26,27; 3.21). Deveras Jesus prometeu preparar para eles um lugar real no céu, e após sua ascensão aos céus, voltaria outra vez para os receber no Seu reino celestial e eterno (João 14.1-3; Atos 1.6-11). Evidentemente que após o aparecimento do verdadeiro descendente de Abraão, Jesus, a quem pertencia as promessas, a herança não mais se referia apenas a pequena terra de Canaã, mas agora a todo o mundo (Romanos 4.13), ou melhor, um novo mundo ou uma nova terra (Hebreus 2.5; II Pedro 3.13), cuja capital não seria na terrena Jerusalém, mas na Jerusalém celestial. Sim, as nações foram dadas ao Filho de Deus como herança, e sobre elas ele deverá dominar (Salmo 2.7-9). Apesar de Cristo já desde a sua ascensão está no Seu trono, empossado como Rei, espera, porém, o tempo determinado pelo Pai, quando Ele reinará sobre essas nações com vara de ferro (Hebreus 2.8; 10.12,13; Apocalipse 11.15). A Inclusão dos Gentios Entre o Povo de Cristo

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ntes porém, do estabelecimento deste Reino sobre toda a terra, foi dada ao pequeno rebanho de Cristo a missão de testemunhar das boas novas do Reino a todas as nações do mundo (Mateus 24.14; Lucas 24.47-48), para isso Cristo prometeu revesti-los do poder do Espírito Santo (Lucas 24.48; Atos 1.8). Evidentemente que essa obra de abençoar as nações estava inclusa na promessa feita a Abraão “por meio de você todos povos da terra serão abençoados” (Gênesis 12.3), ou melhor, por meio da descendência de Abraão “todos os povos da terra serão abençoados” (Gênesis 22.17,18). Essa descendência de Abraão estava agora sendo representada por Cristo e os remanescentes de judeus que criam nele. O entendimento dessa benção foi dado mais tarde ao apóstolo Paulo. Inicialmente tanto os apóstolos como os judeus cristãos pregavam as boas novas do Reino somente para os seus compatriotas (Atos 11.19). Com a conversão de Cornélio, de alguns gregos e muito mais com os que se converterem na primeira viagem missionária de Paulo, houve uma evasão de gentios na comunidade cristã judaica (Atos 10.44-48; 11.20,21; 13.44-49), e isso causou polêmica, porque 8


alguns judeus convertidos, principalmente os oriundos do partido dos fariseus, acharam que os gentios tinham que primeiro se tornarem judeus, praticando a circuncisão, só então eles deveriam se tornar cristãos. Foi convocado um concílio para resolverem esse conflito, e os apóstolos bem como os presbitérios em Jerusalém, chegaram em comum acordo que os gentios não deveriam ser perturbados com este tipo de ensinamento, mas que deveriam apenas obedecer, em relação à lei de Moisés, algumas exigências necessárias (vede Atos 15.1-2, 2429). Naquela ocasião, Tiago, um judeu piedoso, meio-irmão de Jesus, e presbitério da Igreja em Jerusalém, citando o profeta Amós, revelou que aquele pequeno número de judeus convertidos representava a restauração do verdadeiro povo de Deus, previsto nas Escrituras proféticas, e que através deles, Deus alcançaria os gentios (Atos 15.13-18 c/ Amós 9.11,12). Na verdade as Escrituras tinha previsto que da nação de Israel sairia o Salvador que alcançaria todas as nações gentílicas (Isaías 2.2,3;11.10; 14.1), através da pregação das boas novas pelos judeus, os remanescentes (Isaías 60.2,3; Atos 9.15; 22.21; Romanos 10.20; 15.27). A nação de Israel tinha que ouvir primeiro e depois os gentios (Mateus 10.5,6; 15.24; Lucas 24.47; Atos 13.46; Romanos 1.16). Os israelitas acreditavam que a nação de Israel reinaria sobre as nações (Isaías 14.2; 60.10-16; Ezequiel 39.27; Daniel 7.27), até mesmos os discípulos de Cristo esperavam por esse Reino (Atos 1.6). Deveras, todas essas profecias fazem referência não ao Israel nacional que rejeitou a Cristo, mas ao Israel restaurado, o verdadeiro povo de Deus, composto de judeus crentes, e que depois outros dentre os gentios se uniriam ao povo de Deus, tornando também povo e herança de Deus junto com os remanescentes salvos (Efésios 1.12,13; I Pedro 2.9,10). Isso fazia parte do decreto de Deus, e foi revelado a Paulo. Paulo compreendeu pelo Espírito Santo que os gentios que criam também em Cristo, mediante o evangelho, são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus, e assim se tornaram descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gálatas 3.29). Já não são dois povos, Israel e Gentios, mas em Cristo, um só povo: a Igreja (Efésios 2.12-22; Gálatas 3.28; Colossenses 3.11). E este propósito de Deus não foi planejado após os judeus rejeitarem a Cristo, mas segundo Paulo, era um mistério que estava oculto durante épocas e gerações, e que agora foi revelado pelos santos apóstolos e profetas de Deus (Efésios 3.5; Colossenses 1.26,27). Pelo contrário, Israel ficou endurecido por decreto de Deus para que se formasse o novo povo de Deus já previsto pelas Escrituras (Romano 9.24,25; 11.11-24; 15.9-12; Gálatas 3.8,9). E, no ano 70 da era cris9


tã, com a invasão dos romanos na Palestina, que destruíram a cidade, o templo e expulsaram os judeus, definitivamente, o Israel nacional perdeu a posição privilegiada que gozava diante das nações. Judeus e Gentios Formam a Igreja que mistério glorioso! A Igreja é composta de judeus e gentios! Para que o Israel nacional faça parte deste povo de Deus precisa entrar pela mesma porta que os gentios entraram: o evangelho (Romanos 9.28-32), foi isso que Jesus Cristo ensinou ao fariseu Nicodemos, um mestre dos judeus, para que ele pudesse entrar no Reino de Deus prometido a Davi, deveria nascer de novo (João 3). Assim todas as promessas e profecias feitas ao Israel nacional são agora aplicadas ao Israel restaurado. Aqui está o verdadeiro povo de Deus, composto por um pequeno remanescente de judeus, 144.000 e por uma plenitude de gentios, ou melhor, “uma grande multidão que ninguém [poderá] contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Romanos 11.25; Apocalipse 7). Os judeus são as primícias por serem os primeiros alcançados e os gentios são os restantes da colheita (Tiago 1.18; Apocalipse 14.3,4; 5.9). Portanto, os mesmos privilégios que foram dados ao pequeno rebanho no novo pacto instituído por Cristo, pertencem também aos gentios que crêem em Cristo, e ambos, agora como Igreja, reinarão com Jesus Cristo sobre as nações conforme a promessa (Apocalipse 1.5,6; 5.10; 20.4-6). E, a eles se ajuntarão os santos do antigo pacto, que também farão parte deste novo povo de Deus no Reino dos céus (Mateus 8.11,12; Hebreus 4.6-9; 9.15; 11.13-16,39,40). E assim, podese dizer que quando Cristo voltar todo o Israel de Deus será salvo, pois com ele foi estabelecida uma aliança eterna baseada em superiores promessas (Romanos 11.26,27; Hebreus 8.6-12), e não poderá ser invalidada jamais! (Jeremias 33.19-22,25,26).

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A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL, E O ESTABELECIMENTO DO REINO DE DAVI

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e fato, Deus estabeleceu com Davi o seu Reino, e escolheu Jerusalém como capital deste reino, sim um reino provisoriamente terreno e político que devia se estender em toda Palestina. Realmente, Israel era chamado de “reino do Senhor” (I Crônicas 28.5), e que os reis, descendentes de Davi, sentavam “no trono do Senhor” (I Crônicas 29.23). Deus tinha prometido que se os descendentes de Davi continuassem obedecendo aos seus mandamentos, Deus firmaria seu reino com eles para sempre, e jamais faltaria sucessor no trono (I Crônicas 28.7; II Crônicas 7.17,18). Acontece que alguns descendentes reais de Davi desviaram seus corações do Senhor, e conduziram o povo a profundas abominações. Deus levantou os profetas para os advertir, e anunciar os juízos de Deus contra eles. Porém, com os pronunciamentos de julgamentos, havia também, promessa de restauração: “farei brotar um Renovo justo da linhagem de Davi... Davi jamais deixará de ter um descendente que se assente no trono de Israel” (Jeremias 33.15-21). Este Renovo justo, chamado em outras profecias de “Servo do Senhor” restauraria as tribos de Israel (Isaías 49.6). Sim, o seu reino deverá destruir todos os reinos e durar para sempre (Daniel 2.44), e “todos povos, nações e homens de todas as línguas... lhe obedecerão” (Daniel 7.14,27). Na verdade, os babilônicos invadiram a terra de Judá, e destruiu o reino davídico, aponto de mais ninguém sentar no trono como rei de Israel, nessa ocasião os judeus experimentaram uma terrível tribulação e angústia (Jeremias 30.7), e tornaram escravos de outras nações, como Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, e assim Israel perdeu o Reino. Até que apareceu Jesus Cristo pregando: “arrependam-se, pois, o Reino dos céus está próximo” (Mateus 3.17). Que reino é esse anunciado por Cristo? Foi dito a Maria que: “O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim” (Lucas 1.32,33). Ele foi chamado de rei dos judeus no seu nascimento e na sua morte! Porém, quando estava perante Pilatos disse: “o meu Reino não é deste mundo” (João 18.36). Na verdade ele tinha tido a respeito de si mesmo como a personificação deste reino: “o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas 17.20), mas também, ensinou que este Reino iria se manifestar em glória no futuro (Mateus 25.31,34; Lucas 21.31). A nação de Israel, segundo as profecias, esperava que o Messias restaurasse o Reino à Israel. De fato, ao pequeno grupo de 11


judeus que criam em Jesus como o Messias prometido, ele disse: “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino” (Lucas 12.32). e, mais tarde, na última ceia com os seus apóstolos judeus fiéis, lhes disse: “...eu lhes designo um Reino, assim como meu Pai o designou a mim, para que vocês possam comer e beber à minha mesa no meu Reino e sentar-se em tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Lucas 22.29,30). Deveras, Jesus Cristo veio da linhagem real de Davi (Mateus 1.1,6-16), e, como descendente de Davi, manteve-se fiel a Deus (Apocalipse 3.7; 22.16), por isso que o Reino de Davi foi restaurado nele (Atos 2. 30,31; 13.34; Isaías 55.3), ao subir ao céu, sentou no real trono do Reino de Deus, elevando assim o reino de Davi às alturas, e tornando Seu Senhor (Mateus 22.41-45; Atos 2.25-36; Efésios 4.8-10 ). Os seus apóstolos compreenderam que os judeus que permaneceram fiéis a Cristo (Lucas 22.28,29; João 8.31 c/ Isaías 8.16,18), que no dia de Pentecostes eram apenas 120, mas que mais tarde, já contavam, milhares de judeus salvos (Atos 1.15; 21.20), eram de fato a restauração de Israel, o Israel de Deus, prometido pelos profetas (Gálatas 6.16; Jeremias 33.25,26; Miquéias 2.12,13). Paulo falou sobre isso em Romanos 11: “Acaso Deus rejeitou o seu povo? De maneira nenhuma! Eu mesmo sou israelita” (v.1), e falando deles mesmo disse: “hoje também há um remanescente [de Israel] escolhido pela graça” (v.5). Também os apóstolos aplicaram à congregação judaica às profecias que falavam da restauração da nação de Israel (Gálatas 4.26,27 c/ Isaías 54.1-3; Atos 15.15-18 c/ Amós 9.11-15), e em Apocalipse, eles aparecem, como “144.000 selados de todas as tribos de Israel”, não mais estabelecidos na Sião terrestre, mas na Sião celestial, e “Foram comprados dentre os homens e ofertados como primícias a Deus e ao Cordeiro” (Apocalipse 7.4; 14.1,4,5 c/ Sofonias 3.12-20). Conforme, também, está escrito em Hebreus, uma carta dirigida a comunidade cristã judaica: “vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo” (Hebreus 11.22). Cumprindo assim, as antigas profecias de Isaías e Miquéias sobre a elevação do monte Sião (Isaías 2.1-5; Miquéias 4.1-3). Assim, o judeu Tiago chama à comunidade cristã judaica de “às doze tribos dispersas entre as nações” e escolhidos “...para...herdarem o Reino que ele prometeu” (Tiago 1.1;2.5). Mas quanto ao Israel apostata que tropeçaram no Messias, eles dirigiram palavras duras de juízos (I Tessalonicenses 2.14-16; Romanos 2.8,9; Mateus 8.11,12; I Pedro 2.6-8). Não foi a ONU que restaurou a nação de Israel, em 1948, mas o Messias, no dia de Pentecostes, quando derramou o Seu Espírito sobre eles, dando vida a uma nação em um só dia, inicialmente com12


posta de 3.120 israelitas salvos e congregados (Isaías 60.22; 66.8-10; Ezequiel 36.24-28; 37.9-28; 39.27-29; Joel 2.28,29; Atos 2). Mas, a revelação apostólica não se encerrou aí, eles também, entenderam pelo Espírito, que os gentios que crêem em Cristo haviam de fazer parte deste povo restaurado do Senhor, e seriam coherdeiros com Israel do Reino de Deus (Atos 15.14-16; Efésios 3.6; Lucas 21.31). E, assim deixaria de existir diferenças entre eles (Romanos 10.12; Gálatas 3.28,29; Colossenses 3.11). Paulo disse que o objetivo de Cristo “era criar em si mesmo, dos dois, um...” (Efésios 2.15). Então, Deus não pode ter dois povos: um terreno e outro celestial! Como alguns ousam afirmar! A atual nação de Israel, não mais representa o Reino do Senhor, nem tampouco, será a executadora dos juízos de Deus contra as nações, mas o Messias, o Rei do Reino de Davi (Isaías 9.6,7), é o executor (Isaías 63.1-6), não por razões nacionalistas, mas porque as nações estão em rebelião contra Deus (Salmos 2.1-12); não em defesa patriótica dos judeus, mas em favor da justiça divina; não para estabelecer um reino territorial para Israel, mas o já muito anunciado Reino de Deus (Lucas 16.16), que todos devem buscar, principalmente os judeus, já que são considerados filhos do Reino (Mateus 6.33; 8.12; Lucas 12.31). O Rei-Messias estabeleceu uma nova aliança com a comunidade de Israel, não mais baseado na antiga lei com seus sacerdotes e o templo, nem tampouco, em um reino territorial e político, mas baseada em superiores promessas, dispensando o sacerdócio levítico e o templo, suplantando o velho reino e trazendo a realidade do verdadeiro Reino de Deus (Jeremias 31.31-33; Hebreus 8.6-13; 10.15-18). Durante o seu ministério terreno Jesus lançou as sementes desse Reino, convocando Israel à entrar nele (Mateus 15.24), não através de revoluções ou nacionalismo, mas do novo nascimento produzido pela fé nEle (João 3.1-7; Romanos 9.8; Gálatas 4.28-31). Na verdade, o nacionalismo de Israel não representa nada para Deus, mas unicamente o fato de serem novas criaturas em Cristo (Filipenses 3.4-9; Gálatas 6.15; Romanos 2.17-29; João 6.44,45 c/ 8.47,48). O pequeno grupo de judeus que creu nele entrou no Reino, e doravante, passaram a ser a restauração de Israel (Romanos 9.27-29). Quando este Reino se manifestar no futuro, no Milênio, é este Israel que fará parte dele, e não a nação endurecida (Isaías 65.9-15). Davi, e todos os reis justos, os profetas e os patriarcas farão parte deste reino eterno e celestial de Deus (Lucas 13.28,29). Mas o fato do reino de Deus ser celestial, não significa que não terá bênçãos terrenas (II Pedro 3.13; Isaías 65.17-25). O termo „Reino de Deus‟ se refere ao domínio de Deus sobre todos, inclusive sobre a terra, como anunciou o anjo da sétima trombeta: “o reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo e ele reinará para todo o 13


sempre” (Apocalipse 11.15). Mas não se constituirá um reino terreno dominado pelo um povo de Deus terreno, mas o Reino do céu que veio, a fim de que seja feita a vontade de Deus na terra como no céu (Mateus 6.10). Seus co-regentes com Jesus Cristo serão os comprados no sangue do Cordeiro, àqueles que não adoraram o sistema bestial (Apocalipse 1.5,6; 5.9,10; 20.4-6; Romanos 8.17; II Timóteo 2.12; Apocalipse 3.11). De cujo número fará parte também os santos do Antigo Testamento (Hebreus 11.16,39,40). Sim, entre os co-regentes celestiais estará uma grande parte de Israelitas, tanto os apóstolos como também os literais filhos de Jacó, e até mesmo os atuais judeus messiânicos que são fiéis a Cristo (Gálatas 4.7). Este é o Israel que será salvo, e possuirá não só a pequena Canaã, mas conforme prometido a Abraão, o novo mundo, e beberá o leite das nações (Romanos 4.13; Hebreus 2.5,16; Isaías 60.1-22; Romanos 11.26,27). De fato, dentre o Israel restaurado estará uma incontável multidão de gentios que também creram em Cristo, através deles, e herdarão o Reino inabalável (João 17.20; Apocalipse 7.9; Hebreus 12.28; João 10.16). Se os santos do antigo Israel, e a Igreja composta de judeus e gentios, serão sacerdotes celestiais, e reinarão com Jesus Cristo, quem são então os seus súditos? Os sobreviventes das nações destruídas na batalha do grande Dia do Deus Todo-Poderoso, cujo executor é Jesus Cristo, ele sim, guerreira com justiça, e sozinho „pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso‟ (Miquéias 5.15; Apocalipse 16.14; 19.11-21; Zacarias 14.16-19), juntamente com ele, estará seus anjos poderosos (II Tessalonicenses 1.7-10). Este é o memorável Dia do Senhor, que trará livramento para Sião (Joel 2.3032; 3.12-17; Sofonias 1.14-18; 3.8-11; Malaquias 4.1-3). Esses sobreviventes se organizarão em nações nos quatro cantos da terra e estarão debaixo do domínio de Cristo e dos Seus santos (Sofonias 2.11; Apocalipse 20.1-6).

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O MILÊNIO, O REINADO PROVISÓRIO DE CRISTO SOBRE AS NAÇÕES DO MUNDO

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s profecias veterotestamentárias falam dos gentios como nações que deveriam está debaixo do reino de Israel, “Gente de fora vai pastorear os rebanhos de vocês; estrangeiros trabalharão em seus campos e vinhas. Mas vocês serão chamados sacerdotes do Senhor, ministros do nosso Deus. Vocês se alimentarão das riquezas das nações” (Isaías 61.5,6; veja também Miquéias 5.7-9). Essas profecias se cumprirão quando o Messias juntamente com o Seu povo salvo, no Milênio, dominarem e julgarem as nações do mundo nesta velha terra. Essas nações deverão se submeter ao Governo do Messias e lhes servirão como “trabalhadores forçados” por assim dizer, tais como prisioneiros de guerra se submetem aos seus vencedores (Juízes 1.28-30; 2 Samuel 12.29-31; Isaías 60.10-12,14). Elas verão a glória do Messias (Ezequiel 39.21), e se prostrarão e adorarão diante dEle (Isaías 45.23-25 c/ Romanos 14.9,11 e Filipenses 2.9-11; Apocalipse 5.13; 15.3-4). O Reino dos céus estabelecerá uma base nesta velha Terra, o acampamento dos santos, que provisoriamente será o consulado do Governo do Messias. O local mais indicado para isso será a cidade amada, a velha Jerusalém, a cidade do grande Rei, até que ela se torne gloriosa (Ezequiel 37.28; Mateus 5.35; Isaías 52.1,2; 54.11-14; 60.1-5,13; 62.1-12; Apocalipse 3.12; 21.10,11). Como essas nações permanecerão de pé diante da glória do Messias e de seus santos glorificados? Tal experiência foi vivida por Pedro, Tiago e João. No corpo físico, eles contemplaram o Cristo transfigurado em sua glória, e com ele estavam dois humanos glorificados, Moisés e Elias (Lucas 9.28-36). Isso foi um relance da glória do Messias no Seu futuro reino milenar (2 Pedro 1.16-18). Paulo escreveu que “é necessário” que Jesus Cristo “reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés”, e que ele destruirá todo “domínio, autoridade e poder” até que tudo lhe seja sujeito, para isso ele e o Seu povo “governará as nações com cetro de ferro” (1 Coríntios 15.24-28; Hebreus 2.7,9; 10.12,13; Salmo 2.8,9; Apocalipse 2.26-29; 19.15,16). Mas, uma vez, que o Seu Reino será pacífico, justo e seguro, estas nações serão beneficiadas com o Governo do Messias (Isaías 2.15; 9.6,7; 11.1-10). Iniciará uma campanha de limpeza, transformação, purificação e libertação da natureza durante o Milênio; a Terra passará pelo processo de Regeneração para habitação definitiva do povo de Deus, conforme promete a Palavra de Deus (Isaías 35.13,7-10; 58.11,12; 61.3,4; Ezequiel 39.12-16; Mateus 19.28; Romanos 8.19-21; Hebreus 1.10-12; 2 Pedro 3.13; Apocalipse 21.1-5; Salmo 15


37.3,11; Provérbios 2.21). Um dos trabalhos das nações será de ajudar os santos na restauração da Terra ao seu estado original; isso se constituirá as riquezas, glória e honra das nações (Isaías 60.10-12,14-22; Apocalipse 21.26). Mas, infelizmente, no final do Milênio essas nações se revoltarão, seduzidas por Satanás, contra o Governo justo do Messias, e como “a um vaso de barro” serão quebradas e despedaçadas (Apocalipse 20.7-9). Assim, se dará porque na eternidade „carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível herdar o imperecível‟ (I Coríntios 15.50). Somente aqueles, os vencedores com Cristo e participantes da primeira ressurreição, não estarão sujeitos a segunda morte (Apocalipse 2.11; 20.6). A Jerusalém Celestial (Apo 21.9-27)

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erá a capital do Reino de Deus, assim como a Jerusalém terrena era a capital do antigo reino de Israel (II Samuel 5.4,5; Apocalipse 21.1-4; 22.3); Era é também chamada de: “a cidade do grande Rei” (Mateus 5.35), “Jerusalém do alto” (Gálatas 4.26), “nossa pátria” (Filipenses 3.20), “a cidade, cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hebreus 11.10), “pátria celestial” (Hebreus 11.16), “Jerusalém celestial” (Hebreus 12.22), “a cidade do Deus vivo” (Hebreus 12.22), “a cidade que há de vir” (Hebreus 13.14), “cidade do meu Deus” (Apocalipse 3.12), “Cidade Santa” (Apocalipse 21.2), “o tabernáculo de Deus” (Apocalipse 21.3), e “a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21.9). A Nova Jerusalém tanto representa um lugar espiritual, real e concreto como também representa a Igreja de Deus: assim como a Babilônia, a Grande, tanto representa a religião falsa, como a cidade onde esta religião está sediada. A Igreja de Cristo, a noiva do Cordeiro é também simbolizada por Jerusalém por ser ali a morada eterna dos filhos de Deus (Apocalipse 22.14; Hebreus 2.10). Isso porém não significa que a cidade seja literalmente como descrita por João, ele utilizou-se da limitada e imperfeita linguagem humana para que possamos compreender (I Coríntios 2.9,10; II Coríntios 12.4). Por exemplo, a Escritura diz que o tabernáculo construído por Moisés era apenas cópia do tabernáculo celestial (Hebreus 8.5; 9.23,24), o apóstolo João viu as “sete lâmpadas” (Apocalipse 4.5), “o incensário de ouro” e “o altar de ouro” (Apocalipse 8.3), “a arca da aliança” (Apocalipse 11.19), e o “santuário” (Apocalipse 16.8), no céu. Todos esses objetos existiam literalmente no tabernáculo de Moisés, porém, tratando do celestial, esses objetos são termos figurativos que se refere a uma realidade superior, por exemplo, “as sete lâmpadas são os sete espírito de Deus” (Apocalipse 4.5), mas os sete espírito de Deus são também um 16


termo simbólico, e representa concretamente a onisciência de Deus (Zacarias 4.10b). Assim como, também, o termo Cordeiro não se refere literalmente a um cordeiro, nem dragão literalmente a um dragão, e assim por diante, todavia, a linguagem profética tem um realidade concreta. Assim como Jesus Cristo possui um corpo real e está concretamente nos céus, assim, também a Igreja em um corpo glorificado estará concretamente em uma habitação celestial (II Coríntios 4.18-5.1; João 12.26; II Timóteo 4.18). Acha-se esta cidade muito além do espaço sideral, num lugar jamais imaginado pela mente humana. Conclui-se que este lugar é o terceiro céu, onde está o trono de Deus, por razões muito obvia: Paulo foi arrebatado ao terceiro céu para o paraíso (II Coríntios 12.2,3); o paraíso fica na principal rua da cidade celestial (Apocalipse 22.1,2; 2.7). Porém, tal cidade descerá dos céus à nova terra (Apocalipse 21.15,10,11; II Pedro 3.13). A terra será restaurada ao seu estado original de perfeição para receber a glória de Deus (Mateus 19.28; Lucas 5.3638; Romanos 8.18-21; Is 35.1-10; 66.17-19,25). A Jerusalém celestial é uma doutrina sólida, cujas raízes podem ser descobertas já no Antigo Testamento. A promessa abraâmica diz respeito a uma cidade celestial (Hebreus 11.9,10); A Escrituras diz que os patriarcas esperavam uma pátria celestial (Hebreus 11.13-16); Não só Melquisedeque apontava para o Filho de Deus, mas a própria Salém, nome abreviado de Jerusalém (Salmo 76.2), onde Melquisedeque era rei e ao mesmo tempo sacerdote do Deus Altíssimo, apontava para Jerusalém Celestial, onde Jesus é Rei e Sacerdote (Hebreus 7.1-3, 14-17). Quando Davi invadiu a terra dos Jebuseus, e conquistou Jerusalém, e a transformou na capital do seu reino (II Samuel 5.6-10), Davi e sua casa se tornaram herdeiros da dinastia de reis-sacerdotes de Melquisedeque, isto mostrava que o Messias, ReiSacerdote celestial, passou a pertencer a essa ordem sacerdotal, e não a ordem sacerdotal dos levitas (Salmo 110.1,2,4 c/ Atos 2.29-36; Hebreus 7.17-22). Assim Jerusalém terrena que simbolicamente era a capital do reino do Senhor, onde estava em símbolo o trono do Senhor, e o simbólico templo do Senhor, na verdade tem seu real cumprimento na Jerusalém celeste, onde verdadeiramente está o trono de Deus e onde Cristo ministra e reina (I Crônicas 28.5; 29.23;II Crônicas 3.1; Hebreus 8.1,2; Apocalipse 22.3-5). As profecias que falavam de uma futura glória que revestiria a Jerusalém terrena ou Sião como também é chamada, na verdade apontava para a Jerusalém celestial (Isaías 60.1-3, 11, 19 c/ Apocalipse 21.11,23-26; Isaías 52.1,2 c/ Apocalipse 21.27)

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Por que Jerusalém e não qualquer outra cidade? Por causa do pacto de Deus com Abraão, Davi e Israel (Jr 33.14-26); Baseada no pacto de Deus as profecias prometiam que o Messias estabeleceria o trono de Davi para sempre, restauraria as tribos de Israel, trazendo de volta os remanescentes, firmaria uma nova aliança com Israel, encheria o seu povo com Seu Espírito, colocaria Jerusalém como centro de adoração a Deus, tornando-a gloriosa, destruiria seus inimigos, e reinaria de Sião, e muitas nações serviriam Israel (Isaias 9.6-7; 10.20-22; 45.17;49.6;51.11; 61.4-7; 62.6,7,11,12; Jeremias 30.9-11; 31.33-34; Daniel 2.44;7.27;Joel 2.28; 3.14-18; Obadias 17,21; etc). Muitas dessas profecias tiveram um cumprimento parcial quando o Messias veio à primeira vez e espera um cumprimento total quando ele voltar pela segunda vez: o trono de Davi foi, em Cristo, estabelecido para sempre (Lucas 1.32,3;Atos 2.29-36), Ele restaurou a nação de Israel, salvando os remanescentes, isto é, os judeus que creram nele, que no Apocalipse eles aparecem como 144.000 selados de todas as tribos de Israel (Lucas 22.28-30; Romanos 11.1-5; Hebreus 12.22; Tiago 1.1; Apocalipse 7.1-4; 14.1-5), firmou uma nova aliança com Israel (I Coríntios 11.25), encheu o seu povo com Seu Espírito (Atos 2.1-4,16,39). Colocará Jerusalém celestial, onde está o seu trono, como centro de adoração a Deus (Apocalipse 21.11,26; 22.3-5); Destruirá seus inimigos, e reinará de Sião, e muitas nações o servirá (Apocalipse 19.15,16); Paulo compreendeu pelo Espírito, que uma plenitude de gentios são, mediante o evangelho, co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes dessas promessas em Cristo Jesus (Efésios 3.6; Romanos 11.25-27). Paulo chama isso de o mistério de Cristo que esteve oculto (Efésios 3.4,5; Apocalipse 7.9-17 –note que essas promessas aparece em Isaías 49.10 referente aos de Israel, mas aqui em Apocalipse 7.16,17, mostra que os gentios são co-participantes com eles). Assim os gentios juntamente com o Israel restaurado formam a Igreja de Cristo, a Nova Jerusalém (Romanos 9.24-28; Efésios 2.1222; I Pedro 2.4-10). E, reinarão sobre a terra no Milênio (Apocalipse 1.6;5.9,10; Apocalipse 21.3,4,24-26;22.2). Ao passo que a Jerusalém terrena é descrita como escravizada, e ficará deserta, a Jerusalém celestial canta e jubila (Mateus 23.37,38; Gálatas 4.25-28); ao passo que o Israel nacional é castigado, o Israel restaurado é recompensado (Isaías 65.13,14; Mateus 8.11,12; 21.43; Lucas 13.28,29; Romanos 2.9,10). Assim o antigo reino de Israel terreno e político, torna-se às mãos do Messias eterno e celestial (João 3.4-7; Mateus 25.31-34; Lucas 12.32; 22.29,30).

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A DIFERENÇA ENTRE O ANTIGO ISRAEL E O NOVO ISRAEL

C

risto quando veio a esse mundo fundou um novo Israel formado por israelitas nascidos do Espírito Santo conforme as profecias acerca da nova aliança. Esse Israel passou a ser chamado de Igreja, mas essa não é uma expressão nova aplicada à Israel, haja visto, que o Israel do Antigo Testamento também ela chamado de igreja (congregação). A diferença substancial entre o antigo Israel e o novo Israel é que o novo Israel abrange em sua membresia os gentios sem precisar se tornarem em judeus através da circuncisão, da guarda do sábado e das leis dietéticas. Isto é, os gentios tornam-se povo de Deus sem precisar se tornar judeus, como antigamente era requerido no antigo israel. Muitos estudiosos da Bíblia procuram manter uma distinção de Israel e a Igreja no que diz respeito as promessas futuras, é porque para esses intérpretes a Igreja é Gentílica. Mas na verdade, a Igreja foi fundada pelos remanescentes de Israel, os verdadeiros descendentes de Abraão, vindo da prole do Messias, que com eles o Messias estabeleceu a nova aliança. Os gentios que foram agregados, mais tarde, à Igreja, são as famílias da terra que seriam abençoados através da descendência de Abraão (Gênesis 12.3; Gálatas 3.14). De modo que as promessas futuras que diz respeito a Israel, que inclui um reino eterno e uma salvação eterna, cumprirá no novo Israel do Messias, em cujas promessas os gentios são participantes pela fé no Messias de Israel, formando com o novo Israel um só povo (Efésios 2.16-22; 3.6). Esses intérpretes insistem em manter essa distinção por causa de algumas profecias mais sombrias que diz respeito a grande tribulação e a guerra do Armagedom. Assim eles podem manter a Igreja livre da grande tribulação que para eles é a angústia de Jacó (Jeremias 30.7). Porém, a angústia de Jacó não é a grande tribulação, mas o cativeiro babilônico. A grande tribulação são as pragas do Apocalipse que sobrevirão sobre o reino da Besta por terem perseguidos os crentes. E a guerra do Armagedom é o clímax da grande tribulação, quando o Messias dará o golpe final contra os principais inimigos do seu povo. A igreja permanecerá na terra dando testemunho da palavra de Deus e sofrendo perseguição, que se tornará nos últimos dias mais cruéis. Mas essa perseguição não é a grande tribulação, pelo contrário, a grande tribulação virá sobre o mundo exatamente por causa da perseguição infligida a Igreja. A igreja, todavia, se guardar com perseverança a palavra de Deus no meio da perseguição será livre da grande tribulação, quer dizer, as pragas apocalípticas não a 19


atingirá. Esse livramento não se dará através de um arrebatamento secreto, mas das mãos protetoras de Deus sobre ela. O arrebatamento ocorrerá no Armagedom, quando o Messias vier e descarregar a sua ira contra os inimigos da Igreja. Dessa fulminante ira a igreja será salva através do arrebatamento. Quanto às profecias de restauração de Israel, esses intérpretes ver o cumprimento delas a partir de 1948 quando os judeus foram reconhecidos como Estado soberano pela ONU, e em 1967 com a retomada de Jerusalém, em cujos termos, Israel construirá o templo judaico e instituirá os sacrifícios cerimoniais e as festas religiosas no tempo em o Anticristo firmará com Israel uma aliança de paz. Porém, a restauração de Israel foi uma obra do Messias, quando em seu primeiro advento, ele congregou as ovelhas perdidas de Israel em um só rebanho, edificou-os como Sua Igreja e Templo na Pedra de Sião quando creram e invocaram: „Tú és o Cristo, Filho do Deus vivo‟, estabeleceu com eles a nova aliança, purificou os seus pecados na cruz e derramou sobre eles o Espírito Santo. Esse Israel restaurado do Messias aparece em Apocalipse como 144 mil israelitas selados de todas as tribos de Israel e congregados ao Messias no monte Sião (Apocalipse 7.1-9; 14.1-6). Quando o Messias retornar no seu segundo advento restaurará o Reino a esse Israel, e não ao Israel fundado pela ONU. Para esses estudiosos, Deus tem uma dívida para com a nação de Israel que ele tem que cumprir ao pé da letra ou então Deus falhou em seu propósito. Entretanto, Paulo diz que Deus não falhou nem rejeitou o Seu povo (Romanos 9.6,11.1). O que acontece é que esses intérpretes esquecem que o compromisso de Deus com Israel cumprirá, mas não baseado na velha aliança, mas na nova aliança (Atos 3.25,26; 13.39). E essa aliança foi estabelecida com o novo Israel. Quando digo novo Israel, não tenho em mente os gentios convertidos, mas realmente os judeus que creram em Jesus como o Messias prometido. Deus cumpriu e cumprirá todas as bênçãos que prometeu a Abraão e a Davi no novo Israel. Para que o antigo Israel, que hoje é a nação fundada pela ONU, seja alcançada por essas bênçãos terá que crer em Jesus Cristo, caso contrário, eles ficarão de fora do Reino. Porém, temos que levar em consideração que o novo Israel é formado por um remanescente, como está escrito: „Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo‟ (Romanos 9.27). E acredito que esse pequeno remanescente formado por 144 mil israelitas ainda não se completou. Portanto, é missão primordial da Igreja anunciar o evangelho, isso é, as boas notícias da nova aliança, à nação de Israel para que ela alcance misericórdia e alguns sejam salvos e congregados a

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esses filhos da promessa, o novo Israel, e complete o número dos selados (Atos 26.24; Romanos 11.14,31,32; Romanos 9.6-8). A lentidão do complemento do novo Israel, que começou nos doze apóstolos e estende-se até aos nossos dias, é em virtude da plenitude dos gentios que precisam entrar na porta aberta pelo Messias e participarem das bênçãos de Israel (Romanos 11.25-27; João 10.7,16,26-28). Quando isso acontecer „todo o Israel será salvo‟, isto é, o Israel congregado pelo Messias desde a época apostólica, como está escrito: „Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor‟ (Is 59.20,21). Edinaldo Nogueira, Setembro de 2012

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