Coletânea de mensagens e palestras 6ª parte

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COLETÂNEA DE MENSAGENS E PALESTRAS DE EDINALDO NOGUEIRA 6ª PARTE

Edinaldo Nogueira E-mail: nogueira.edinaldo@gmail.com (caso queira fazer alguma refutação por escrito pode enviar para e-mail) 2


Dedicatória

Dedico este livro a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que me concedeu graça. A Ele seja a glória para todo sempre em Cristo Jesus no poder do Espírito Santo! À minha digníssima e amada esposa, Claudete Nogueira, por sua compreensão e amor e aos nossos filhos Letícia e Renan e a sua esposa Aline. Aos meus pais, Paulo e Marleide e meus queridos irmãos e irmãs: Edileuza, Fátima, Ednardo, Edvaldo, Eduardo e Paula. À todos os amados irmãos em Cristo que amam as Doutrinas Cristãs. A todos os leitores dedico este livro.

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PREFÁCIO

Este livro é o sexto de uma série de livros que trazem minhas mensagens e palestras desde 2009 em diante. Todas estão gravadas em áudio, e desde então estou compilando-as. Quero deixar um legado para meus descendentes: filhos(as), netos(as) e bisnetos(as), para todos os membros, presentes e futuros, da congregação da AD/Salém-Palmeiras e para todas as congregações onde passei ministrando a palavra de Deus. Letícia, leia meus livros, e incentive seus filhos a lê-los também, e peça que eles incentivem os filhos deles a lerem. Conheçam minhas crenças e meus valores. Estes são minha herança e meu legado que eu deixo para vocês.

“Encha-se a minha boca do teu louvor e da tua glória todo o dia. Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força. Sairei na força do Senhor Deus, farei menção da tua justiça, e só dela. Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros”. (Salmos 71.8,9,16-18)

Edinaldo Nogueira

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ÍNDICES DAS MENSAGENS E PALESTRAS Doutrina da Trindade .................................................................

006

Introdução ao Livro de Daniel ...................................................

019

O Que a Bíblia Diz Sobre o Dinheiro ........................................

026

A Interpretação da Estátua do Sonho de Nabucodonosor .........

038

Deus Abomina a Soberba ...........................................................

052

A Integridade de Daniel em Tempos de Crises ..........................

064

Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias.............................

072

Bendito Seja o Nome do SENHOR ...............................................

082

Os Impérios Medo-Persa e Grego .............................................

089

As Setenta Semanas de Daniel....................................................

104

O Homem Vestido de Linho ........................................................

118

Os Reis do Norte e Os Reis do Sul .............................................

131

Antíoco Epifânio - Um Tipo do Futuro Anticristo .....................

143

O Tempo do Fim ........................................................................

160

AUTOBIOGRAFIA ....................................................................

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Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Ancuri II Fortaleza-CE, em 06 de Outubro de 2014 Doutrina da Trindade

A Paz do Senhor Jesus, irmãos. Estão dispostos nesta noite estudar as Escrituras? Pois para tratar do nosso assunto, trindade, teremos que examinar textos das Escrituras. Qual é a definição da doutrina da trindade? Em outras palavras, o que é trindade? Vamos citar o credo da Assembleia de Deus: Cremos em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). Deus subsiste eternamente em três pessoas distintas, eu prefiro dizer: a natureza divina subsistente eternamente em três Pessoas distintas. Eternamente porque não houve nenhum tempo em que não existia as três Pessoas. Não houve um tempo em que existia apenas o Pai, e depois o Pai e o Espírito Santo, e depois então surgiu o Filho. Logo, porque o tempo teve origem quando Deus criou os céus e a terra. Na eternidade não existe tempo, a eternidade é atemporal. Quando afirmamos Deus é eterno significa que Deus não está limitado ao tempo. Não existe passado, presente e nem futuro. Deus é eterno. Ele foi, Ele é e Ele sempre será. O Filho e o Espírito Santo também são eternos. Por que o termo trindade não aparece na Bíblia? Essa questão é praticamente uma das primeiras levantada por nossos adversários para tentar negar a doutrina da trindade. A Bíblia foi escrita em dois idiomas, o Antigo Testamento em hebraico e o Novo Testamento em grego. A palavra trindade não é nem hebraica e nem grega. É uma palavra latim que vem do termo ‘trinitas’. Essa é a primeira consideração. Não pode aparecer nas Escrituras Sagradas escritas em hebraico e grego uma palavra latim. Ora se ‘trinitas’ não é uma palavra hebraica e nem grega, então que palavra os apóstolos utilizaram para definir a natureza de Deus? É a palavra ‘divindade’. Vamos ler Colossenses 2.9: ‘Porque nele [em Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da divindade’. E Romanos 1.20: ‘Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis’. E também Atos 17.29: ‘Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens’. Divindade [do grego theótetos] significa natureza divina, então, Colossenses 2.9 afirma que Cristo tem a natureza divina, e por ter a natureza 6


divina Ele é Deus. Em Romanos 1.20, Paulo aplica a palavra ‘divindade’ a Deus, e em Colossenses 2.9, ele aplica a Cristo. Então, essa era a palavra que os apóstolos usavam para definir a natureza do Pai e a natureza do Filho. Porém, isso não significa que são duas divindades, mas a divindade que habita em Cristo é a divindade do Pai, pois lemos em Colossenses 1.19: ‘Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude [da divindade] nele [em Cristo] habitasse’. Evidentemente que a palavra divindade não foi aplicada ao Espírito Santo pelos apóstolos, porém, por inferência das Escrituras, o Espírito Santo é divino, pois Ele é chamado de Espírito de Deus (Gn 1.2), logo, por dedução, tem Ele a natureza divina (1ª Co 2.10,11). Com a morte dos apóstolos, a igreja cristã procurou definir com maior precisão a doutrina da natureza de Deus por causa das heresias que surgiram no século II. Os apóstolos não escreveram um manual de teologia, nem deixaram para nós um compêndio de teologia sistemática. Eles ensinavam nas igrejas as doutrinas, e escreviam cartas quando surgiam necessidades. E como na época dos apóstolos não houve questões acerca da natureza de Deus ou de Cristo, isto é, quem era Deus, quem era Cristo. Talvez porque os apóstolos explicavam pessoalmente essas doutrinas nas igrejas, e como não houve dúvidas sobre essas doutrinas, os apóstolos não escreveram cartas dando definições claras a respeito da natureza do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Todavia, nos escritos apostólicos, encontramos textos, que servem de base para desenvolver a doutrina da natureza de Deus e de Cristo. Como não havia um dogma estabelecido pelos apóstolos, então, surgiram, a partir do século II, heresias que tentaram definir a natureza de Deus e a natureza de Cristo. Duas que surgiram logo no início foram o gnosticismo e o ebionismo. O gnosticismo era uma seita herética que surgiram entre os gregos, e o ebionismo, também era uma seita herética, que surgiram entre os judeus. Os gnósticos ensinavam que Jesus Cristo era uma das emanações de Deus, e assim existiam muitos outros semelhantes a ele, como se fosse seres angelicais. Os ebionistas ensinavam que Jesus Cristo era um homem comum, porém, quando foi batizado nas águas, Deus o adotou como filho, e então, recebeu um título de um ser divino, mas que na verdade não era divino, apenas considerado divino pelo fato de Deus tê-lo adotado como seu filho. Essa doutrina era chamada de adocionismo. Por causa dessas duas heresias, alguns bispos da igreja procuraram definir a natureza de Deus e a natureza de Jesus Cristo para refutar essas heresias. Alguns desses bispos eram Policarpo (69-155 d.C.), Inácio (35-107 d.C.), Irineu (130-202 d.C.), Hipólito (170-236 d.C.), Tertuliano (160-220 7


d.C.) e Atanásio (296-373 d.C.). Esses bispos que viveram nos séculos II e III foram os que, baseados nos escritos dos apóstolos, se dedicaram para definir a natureza do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Tertuliano, que viveu entre 160 a 220 A.D., foi o primeiro teólogo a chamar de trindade a doutrina que definiu a natureza do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esses teólogos entenderam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram iguais por possuírem a mesma natureza divina. Porém, surgiram outros bispos que não concordaram com a doutrina trinitariana, e criaram outras definições para classificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Alguns desses bispos foram Teodoto de Bizâncio (190 d.C.), Paulo de Samósata (200-275 d.C.), Noeto de Esmirna (séc. II d.C.), Sabélio (215 d.C.), Praxeas (200 d.C.) e Ário (256-336 d.C.). Esses homens não concordavam com a doutrina da trindade, e eram, também, bispos da igreja. Então, surgiram outras definições para suas doutrinas. Uns ensinavam que que Deus era o único monarca, então, Jesus não podia ser monarca porque só existia um monarca, Jesus Cristo era apenas o filho desse monarca. Essa doutrina ficou conhecida como monarquianismo. Outra doutrina, que era defendida por Sabélio, ensinava que Deus era uma só Pessoa, mas essa Pessoa tinha três manifestações, quer dizer, três modos de se manifestar. Ele se manifestava ora como Pai, ora como Filho e ora como Espírito Santo. Mas não são três pessoais, mas apenas uma. Essa doutrina ficou conhecida como sabelianismo ou modalismo ou unicismo. Outra doutrina ficou conhecida como arianismo. Esse nome vem de um bispo chamado Ário que ensinava que existia um único Deus e que Jesus Cristo foi criado por Ele. Jesus não era da mesma divindade do Seu Pai, era como se fosse um segundo deus de categoria inferior. Ainda outra doutrina chamada de macedonianismo ou pneumatómacos que ensinava que o Espírito Santo era apenas um ser criado. Essa doutrina foi forjada por Macedônio I, bispo de Constantinopla de 341 a 360 d.C. Todas essas heresias surgiram para tentar negar a doutrina da trindade. Sendo que alguns dos bispos que defendiam a doutrina da trindade eram discípulos diretos dos apóstolos, como por exemplo Policarpo, conhecia o apóstolo João, e sabia o que João ensinava acerca do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Irineu e Inácio eram discípulos de Policarpo, então, esses bispos tinham contato direto com os ensinos dos apóstolos. Já os bispos que negavam a doutrina da trindade não tiveram contato com os apóstolos. Devido os intensos debates que surgiram entre esses bispos, a igreja teve que reunir dois concílios para estabelecer a doutrina ortodoxo da igreja. O concílio de Nicéia (325 d.C.) e o concílio de Calcedônia (451 d.C.) foram dois concílios importantes porque estabeleceram a doutrina da trindade 8


como doutrina oficial da igreja. Essa doutrina prevaleceu porque tinha mais base bíblica. Aliás, houve muitas questões doutrinárias na igreja nos séculos II a III, porque nessa época os livros do Novo Testamento ainda não estavam todos reunidos em só volume. Mas havia uns livros numa região, outros livros em outra região, sem mencionar que os livros apócrifos circulavam junto com os livros dos apóstolos. Foi no concílio de Cartago, em 397 d.C., que os 27 livros do Novo Testamento foram reconhecidos como canônicos. Por que o texto de 1ª João 5.7 não encerrou os debates acerca da trindade? O texto diz: ‘Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um’. Infelizmente esse texto não consta nos manuscritos gregos do Novo Testamento por isso é considerado pela maioria dos estudiosos da Bíblia como um acréscimo. Mas isso é outro assunto, vamos voltar para trindade. Quando um antitrinitarista lhe pedir para mostrar na Bíblia onde consta a palavra trindade. A primeira coisa que você deve perguntar a essa pessoa é que se ela é monoteísta. O que é um monoteísta? Quem crer num único Deus. Nós somos monoteístas. E geralmente quem combate a trindade se considera também um monoteísta. Então, pergunte a ele: ‘onde se encontra a palavra monoteísmo na Bíblia?’. Na Bíblia não consta a palavra monoteísmo e nem monoteísta, mas a doutrina monoteísta consta na Bíblia, por exemplo, Deuteronômio 6.4 diz: ‘Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor’ (Dt 6.4). Assim também a palavra trindade não consta na Bíblia, mas há base escriturística para fundamentar a doutrina da trindade. Por que os cristãos creem na doutrina da trindade? Porque a doutrina da trindade é a melhor definição da natureza de Deus e da relação entre as três Pessoas da divindade que não fere a doutrina do monoteísmo. Todas as outras definições, como o unicismo e o arianismo, ferem o monoteísmo bíblico. Pois a doutrina da trindade nos ensina que há três Pessoas igualmente divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo sem negar que há um único Deus. Ninguém pode negar que existem três: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Vamos ler Mateus 28.19: ‘Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo’. E 2ª Coríntios 13.13: ‘A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém’. São três! Isso ninguém pode negar. Quem são esses três? Deus é chamado de Pai, Jesus Cristo é chamado de Filho de Deus e o Espírito Santo é chamado de Espírito de Deus. Vamos ler Efésios 4.6: ‘Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós’. 9


E João 20.31: ‘Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome’. E também 1ª Coríntios 2.11,13: ‘Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais’. Bem, já que vimos que existem três, temos, que agora, definir se esses três são Pessoas. Isso é importante, porque há alguns que acreditam que realmente existem três, mas que nem todos são Pessoas, principalmente o Espírito Santo. Vamos ler João 8.17,18: ‘Está igualmente escrito na vossa lei que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. Eu testemunho sobre mim mesmo; e o Pai, que me enviou, testemunha a meu favor’ (KJA). E João 14.16: ‘E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre’. Outra tradução diz: ‘E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Advogado, a fim de que esteja para sempre convosco’ (KJA). Conforme o texto de João 8.17,18, o Pai é uma Pessoa, e o Filho é outra Pessoa, senão não haveria duas testemunhas. O texto de João 14.16 apresenta os três como Pessoas distintas. O Espírito Santo aparece como outro Consolador ou Advogado para distinguir de Cristo, que também é o nosso Consolador ou Advogado (1ª Jo 2.1). Qual é a dificuldade em definir o Espírito Santo como Pessoa? Para alguns o Espírito Santo é o sopro de Deus ou a força ou energia de Deus, quer dizer, algo impessoal. É verdade que não lemos na Bíblia uma conversa entre o Pai e o Espírito Santo nem entre o Espírito Santo e Cristo, e também, não encontramos as pessoas conversando com o Espírito Santo e nem o Espírito Santo conversando com os anjos. Porém, lemos o Espírito Santo falando com pessoas (At 8.29; 10.19; 13.2). A Bíblia atribui faculdades ao Espírito Santo que torna inapropriada se Ele fosse uma energia como a eletricidade. O termo neutro ‘Espírito’ aplicado ao Espírito Santo não o torna algo impessoal. Vamos ler João 4.24: ‘Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade’. Se a palavra ‘Espírito’ significasse algo impessoal como se fosse uma força ativa, então, Deus não seria uma Pessoa, pois Deus é Espírito. Assim, como Deus, o Espírito Santo é uma Pessoa, mas não tem corpo ou forma física, Ele é incorpóreo. Cristo, também, antes de se encarnar era apenas Espírito, imaterial, sem forma física (Fp 2.6). 10


Pelo fato do Espírito Santo ser incorpóreo, Ele pode se manifestar em qualquer forma, na forma de uma pomba, na forma de água, na forma de fogo e na forma de uma pessoa. Satanás também é espírito, mas não é espírito na mesma essência em que Deus é Espírito. O Diabo é espírito na essência ou natureza angelical como os anjos, criaturas finitas, destituídas de eternidade, transcendência, onipresença, onisciência e onipotência (Gl 4.8). Mas Deus é Espírito com natureza divina, isto é, possui atributos divinos como eternidade, asseidade, transcendência, onipresença, onisciência e onipotência. A personalidade do Espírito Santo é provada nas Escrituras pelas seguintes faculdades atribuídas a Ele: vontade, raciocínio e emoções. Vamos ler Romanos 8.27: ‘E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção (gr. fronema) do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos’. A melhor tradução do grego ‘fronema’ seria ‘a mentalidade do Espírito’ ou ‘o pensamento do Espírito’ ou ‘a inteligência do Espírito’. E Efésios 4.30: ‘E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção’. Se o Espírito fica triste, Ele tem sentimento. E também 1ª Coríntios 12.11: ‘Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer’. Querer é vontade. Os dons são distribuídos conforme a vontade do Espírito Santo (Hb 2.4). Ora se o Espírito Santo tem raciocínio, emoção e vontade, Ele é uma Pessoa independentemente se o termo neutro ‘Espírito’ seja aplicado a Ele. Recapitulando, vimos que existem três, e que os três são três Pessoas. Agora, veremos qual é a natureza dessas três pessoas com mais detalhes. É possível, ser uma pessoa, mas ter a natureza diferente. Então, analisaremos se o Pai tem uma natureza diferente do Filho, se o Filho tem a natureza diferente do Pai, se o Pai tem uma natureza diferente do Espírito Santo e se o Espírito Santo tem uma natureza diferente do Filho ou se os três têm a mesma natureza. O que é a natureza? Natureza é a essência da pessoa ou do objeto, a substância da pessoa ou do objeto, o que a pessoa é, o que o ser é e o que o objeto é, de que pessoas e objetos são constituídos. Por exemplo, que objetos são esses? São três cadeiras e uma mesa. Qual é a substância dessas três cadeiras? Plástico. E qual é a substância dessa mesa? Madeira. Isto é a natureza dessas coisas. 11


Tratando de pessoas, existem três naturezas: natureza divina, natureza angelical e natureza humana. Qual é a natureza do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Divina, angelical ou humana? Por exemplo, os anjos são pessoas? Sim! Porque possuem atributos de personalidade. Eles têm vontade, raciocínio e emoção. Porém, qual a natureza dos anjos? São divinos? Não! São humanos? Não! Então qual é a natureza deles? Natureza angelical. Deus criou os seres angelicais do nada, mas os seres humanos foram criados da terra. O Pai é deidade, o Filho é deidade e o Espírito Santo é deidade, logo a natureza deles é divina. Vamos ler Gálatas 1.1: ‘Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos)’. E Filipenses 4.20: ‘Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém’. E também João 1.1: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus’. Esses textos mostram que o Pai é Deus e que o Filho é Deus. Porém, não existe, em nossas Bíblias, nenhum versículo que chame o Espírito Santo de Deus. Alguns teólogos citam Atos 5.3,4: ‘...para que mentisses ao Espírito Santo... Não mentiste aos homens, mas a Deus’. Mas esse texto não fala diretamente que o Espírito Santo é Deus. Contudo, deve-se considerar o Espírito Santo de natureza divina por duas razões: primeira, por causa do título: Espírito de Deus, pois Ele não pode ser o Espírito de Deus se Ele não for divino. Por exemplo, os humanos têm espírito, e esse espírito é humano, não pode ser divino e nem angelical, mas humano. Assim também o Espírito de Deus só pode ser de natureza divina. Essa é a primeira razão porque deve-se crer que o Espírito Santo é Deus. A segunda razão é por causa dos atributos divinos que são aplicados ao Espírito Santo. Como por exemplo, a eternidade. Somente Deus é eterno. Porém, Hebreus 9.14 chama o Espírito Santo de ‘Espírito eterno’. O Espírito Santo só pode ser eterno, se Ele for Deus, pois eternidade é um atributo da divindade. Alguém me perguntou: ‘Cremos que o espírito humano é imortal, ele é divino?’. Não. Eterno é diferente de imortal. Eterno não tem início, e nem fim, e imortal teve início, e não terá fim, a não ser que Deus quiser destruí-lo, pois tanto a imortalidade humana como a angelical são não inerentes, mas concedidas por Deus. Nesse caso, só Deus é inerentemente imortal (1ª Tm 1.17; 6.16). Vimos claramente nas Escrituras que o Pai é Deus, que Jesus Cristo é Deus, e entendemos que o Espírito Santo é Deus. Agora temos que entender que tipo de Deus Eles são. 12


Recapturando mais uma vez. Existem três, esses três são três Pessoas distintas, e essas três Pessoas são chamadas de Deus, isto é, Elas têm a natureza de Deus. Porém, como algumas seitas dizem: ‘O Pai é Deus, mas Deus de uma substância superior ao Filho’, temos, então, que conferir nas Escrituras que tipo de Deus é Jesus Cristo. Vamos analisar, a relação do Pai e do Filho na deidade, onde se concentra maior debate, pois já falamos sobre a deidade e personalidade do Espírito Santo. Se o Pai é Deus e Jesus Cristo é Deus, então, isso significa que Jesus é o Pai? Não! O Pai e o Filho são a mesma Pessoa? Não! Se o Pai e o Filho não são a mesma Pessoa, então, isso significa que são dois Deuses? Não! Há um só Deus, e não há outro além dele (Mc 12.32). Cremos que há um só Deus e que o Pai e o Filho são duas Pessoas distintas, mas que têm a mesma natureza divina. Jesus Cristo é Deus porque foi gerado da natureza de Deus, tem a forma de Deus, é a imagem do Deus invisível e é da mesma substância de Deus. Mas como Jesus Cristo pode ser Deus se existe apenas um Deus que é o Pai. Em 1ª Coríntios 8.6 está escrito: ‘Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos’. Temos que entender isso! Jesus Cristo é chamado de Deus porque foi gerado por Deus, o Pai, porque tem a forma de Deus, porque é a imagem do Deus invisível e porque é da mesma natureza de Deus. Vamos ler João 1.18: ‘Deus nunca foi visto por alguém. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou’. Filipenses 2.5,6: ‘...Cristo Jesus que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus’. Colossenses 1.15: ‘O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação’. E Hebreus 1.3: ‘O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem do seu Ser’. Em João 1.18, Jesus Cristo é o Deus unigênito. O que é unigênito? Único gerado. Se Cristo é o Deus unigênito, o Filho unigênito de Deus, então, isso significa que Jesus Cristo foi o único gerado por Deus. Nenhum outro ser foi gerado por Deus, mas todos foram criados por Deus. O Filho foi gerado por Deus, logo Ele tem a mesma natureza de Deus. Um ser não pode ser gerado por outro se eles não tiverem a mesma natureza. A pergunta é: Quando o Filho foi gerado por Deus Pai? O Filho foi gerado por Deus na eternidade, assim está escrito em Provérbios 8.2225: ‘O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras. Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra. Quando ainda não havia abismos, fui gerada, quando ainda não havia fontes carregadas de águas. Antes que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros, eu fui gerada’. 13


Eternidade é atemporal, então, não houve um tempo em que Deus esteve só. Deus não se tornou Pai, Deus é eternamente Pai, então, o Filho é eternamente gerado. Cristo é o Filho eterno de Deus. Diz Hebreus 7.3 que o Filho de Deus não teve ‘princípio de dias nem fim de vida’. Cristo sempre existiu como Filho de Deus. Ele não teve princípio de existência, Ele é eterno em Deus. Por isso que em Isaías 9.6, o Filho é chamado de ‘Pai da eternidade’. O Salmo 90.2 diz acerca do Pai: ‘Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus’. Do mesmo modo, de eternidade a eternidade, Jesus Cristo é Filho de Deus. Em Filipenses 2.5,6, Jesus Cristo existia em forma de Deus. Qual é a forma de Deus? João 4.24 diz: ‘Deus é Espírito’. Que tipo de Espírito? Deus é Espírito eterno, imortal e invisível (1ª Tm 1.17). Essa também era a forma de Cristo antes da encarnação. Cristo era Espírito eterno, imortal e invisível. Em Colossenses 1.15, Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível. Em Gênesis 5.3 lemos: ‘Adão... gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete’. Assim também pode-se dizer acerca de Cristo. Deus gerou o Filho à sua semelhança, conforme a sua imagem. Assim como Sete tinha as mesmas características de Adão, Cristo tem as mesmas características de Deus. Ora, se Deus é o Pai eterno, Cristo é o Filho eterno. Se Cristo é eterno, então, porque no mesmo texto de Colossenses 1.15, Paulo diz que Cristo é ‘o primogênito de toda a criação’. Isso significa que o Filho foi o primeiro criado? Não! Paulo nos dá a resposta no versículo 16: ‘Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... Tudo foi criado por ele e para ele’. Cristo é o Primogênito da criação de Deus porque tudo teve origem nele (Ap 3.14; Jo 1.2,3). Em Hebreus 1.3, Jesus Cristo é a expressa imagem do Ser de Deus. Esse texto usa a palavra ‘Ser’ para traduzir o termo grego ‘hipóstases’, que significa ‘substância, essência, natureza’, isso mostra que Cristo tem a mesma natureza ou essência ou substância de Deus. Essa palavra pode ser traduzida por natureza essencial ou natureza substancial ou natureza real. Voltando ao exemplo das cadeiras, vimos que são três cadeiras distintas, mas com uma só substância, o plástico, assim também, há três Pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo com a mesma substância, a divindade. Isso não é contradição e nem paradoxo, pode encontrar analogia na criação. Em João 10.30, Cristo disse: ‘Eu e o Pai somos um’. Não significa um em Pessoa, e nem um em propósito, mas um em natureza. A mesma deidade do Pai é a mesma deidade de Cristo. Pelo contexto, entendemos que Cristo quis realmente falar da sua divindade. Pois assim lemos: ‘Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar. Respondeu-lhes 14


Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?’(Jo 10.31-36). Ao dizer, ‘Eu e o Pai somos um’, Cristo quis dizer: ‘Sou Filho de Deus’, pois ser Filho de Deus significa ser igual a Deus na essência, conforme escreveu João que Cristo ao dizer ‘que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus’ (Jo 5.18). Isto é, ser Filho de Deus é ter a mesma natureza de Deus. Jesus Cristo é uma Pessoa distinta do Pai, mas não pode ser um Deus distinto de Deus, porque não existem dois Deuses, mas apenas um só Deus. A Escritura proíbe terminantemente ter outro deus diante de Deus e além de Deus (Êx 20.3; Is 45.22; 46.9). Porém, uma vez que não podemos negar que Jesus é Deus, pois em Hebreus 1.8 diz: ‘Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos’ ou João 1.1: ‘...o Verbo era Deus’. Então, só temos que concluir que Cristo é consubstancial com o único Deus em sua divindade. Essa definição é a que melhor se harmoniza com as Escrituras. Pois, as Escritura mostram claramente que Jesus Cristo é uma Pessoa distinta de Deus e ao mesmo tempo chama Jesus de Deus, porém, as Escritura, que não podem ser contradizer, proíbem a crença em mais de um Deus. Então, não podemos dizer que Jesus Cristo é deus de natureza inferior a Deus Pai, porque senão estaremos crendo em dois Deuses. Por isso preferimos crer que Jesus Cristo é Deus porque Ele é um em natureza com o único Deus, o Pai. Será que existe na nossa realidade duas pessoas que tenham a mesma natureza? Pois quando dizermos que o Pai e o Filho têm a mesma natureza divina, alguém diz: ‘Isso é uma confusão’. Veremos isso na própria Bíblia que é possível ser dois em uma só natureza. Vamos ler Gênesis 1.27: ‘E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou’. O homem é uma pessoa? Sim. E a mulher é outra pessoa? Sim. Porém, eles têm a mesma natureza? Sim! O homem é humano e a mulher é humana. Então, eles têm a mesma natureza humana. A Bíblia diz: ‘criou Deus o homem’ e esse homem são dois ‘macho e fêmea’. Em Gênesis 2.7 diz que Deus criou o homem do pó da terra, logo o homem tem uma natureza terrena. Deus criou a mulher da mesma substância do homem quando tirou a mulher de dentro do homem (Gn 2.22). Quando Deus formou a mulher do homem, eles se tornaram uma só carne. 15


Vamos ler Gênesis 2.23,24: ‘E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne’. Jesus Cristo disse em relação ao homem e a mulher: ‘E serão os dois uma só carne’ (Mc 10.8). É possível o homem e a mulher serem uma só carne porque ambos têm a mesma natureza. Vamos ler Gênesis 5.1,2: ‘No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou, e os chamou pelo nome de homem (hebr. Adão), no dia em que foram criados’. Deus chamou o homem e a mulher pelo nome de “Adão” que significa “homem” porque os considerava um só, pois o criara da mesma natureza humana. Ora, se podemos ser duas pessoas, homem e mulher, e ao mesmo tempo ser uma só natureza humana, então, Jeová e Jesus, também, podem ser duas Pessoas em uma só natureza divina. Não existe nenhuma confusão nisso. O homem e a mulher são diferentes na personalidade, mas são iguais na natureza, assim também, o Pai e o Filho são diferentes como Pessoas, mas iguais na natureza. Se Jesus Cristo é igual a Deus Pai em natureza porque Jesus disse: ‘Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu’ (Jo 14.28). O Pai é maior do que o Filho em posição e autoridade, mas não em natureza. Em 1ª Coríntios 11.3, lemos: ‘Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo’. O homem, também, é maior do que a mulher em posição e autoridade, mas isso não impede de ambos serem da mesma natureza (1ª Pe 3.7; Ef 5.22). Não podemos tentar entender a doutrina da trindade como se fosse um Deus híbrido com três cabeças. Mas três Pessoas distintas com a mesma divindade. Porém, a fonte da divindade é o Pai por isso que o Pai é o único Deus, Cristo disse: ‘E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste’ (Jo 17.3). Por isso, também, que o Pai é chamado de Deus e Pai de Jesus (Ef 1.3,17; 3.14; Cl 1.3; Jo 20.17). O Filho deriva sua divindade do Pai e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. O conceito trindade não pode ser comparado as tríades de deuses das religiões pagãs, pois o Deus único não tem forma humana e nem o Espírito Santo, apenas o Cristo assumiu forma humana. A visão que João teve das três Pessoas divinas, em Apocalipse, não têm equivalência nas religiões pagãs. Ele vê Deus Pai no trono em resplendor e Jesus Cristo, em forma 16


humana, no meio do trono e o Espírito Santo como tocha de fogo diante do trono.

Por isso que quando lemos a palavra ‘Deus’ na Bíblia não podemos imaginar um deus triteísta pagão, mas o Deus único, que é o Pai. A palavra sempre se refere à Pessoa de Deus Pai com exceção de João 1.1,18 e Hebreus 1.8 que é aplicada a Cristo para provar sua divindade. Até mesmo em textos como Romanos 9.5, Tito 2.13 e 2ª Pedro 1.1 se refere a Deus Pai. Romanos 9.5: ‘Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém’. A expressão ‘Deus bendito eternamente. Amém’ se refere a Deus Pai, uma doxologia de louvor a Deus pelo Cristo. Paulo usa a mesma expressão em Romanos 1.25 e 2ª Coríntios 11.31 se referindo a Deus Pai. ‘Deus bendito’ ou ‘bendito o Deus’ ou ‘bendito seja 17


Deus’ é sempre referente ao Pai nas Escrituras (Mc 14.61; Lc 1.68; 2ª Co 1.3; Ef 1.3; 1ª Pe 1.3). Tito 2.13: ‘Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo’. A ‘glória do grande Deus’ se refere a Deus Pai porque Cristo na sua vinda virá na glória do Pai. 2ª Pedro 1.1: ‘Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo’. A expressão ‘do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo’ significa que a fé procede da justiça de Deus Pai e de Jesus Cristo. A expressão ‘nosso Deus’ nas Escrituras sempre se refere a Deus Pai. Agora as palavras de Tomé em João 20.28: ‘E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!’, talvez seja uma expressão de louvor a Jesus ‘Senhor meu’ e ao Pai ‘Deus meu’ ou então, Tomé tenha realmente se dirigido a Jesus Cristo chamando-o de ‘Senhor meu, e Deus meu’ ou então invocando a Deus Pai pela ressurreição de Cristo. Em outras partes das Escrituras o Pai e Jesus Cristo são chamados de ‘Senhor meu’ ou ‘meu Senhor’, mas a expressão ‘meu Deus ou Deus meu’ é aplicado apenas ao Pai. Portanto a palavra ‘Deus’ sempre tem que ser vista se referindo à Pessoa de Deus, que é o Pai, e não um termo místico para se referir simultaneamente as três Pessoas divinas. Por isso que devemos entender que a palavra ‘Deus’ aplicada a Jesus Cristo em João 1.1: ‘e o Verbo era Deus’ não significa que Jesus Cristo é a Pessoa de Deus, pois o apóstolo João tomou o cuidado para que isso não acontecesse quando não colocou o artigo definido. No original está escrito literalmente: ‘o Verbo estava com o Deus, e o Verbo era Deus’. Note o artigo definido na primeira expressão ‘com o Deus’ que se refere à Pessoa de Deus, o Pai, e veja que não consta o artigo definido na segunda expressão ‘era Deus’. Jesus não é a Pessoa de Deus. Porém, a ausência do artigo nesse texto não pode significar ‘e o Verbo era um deus’, pois não existem dois Deuses: O Deus maior e um deus menor. No grego a ausência do artigo não se refere apenas algo indefinido, mas também ‘enfatiza mais a essência, qualidade ou natureza do mesmo’ (Noções do Grego Bíblico – Gramática Fundamental, Lourenço S. Rega e Johannes Bergmann), de modo que o texto ‘o Verbo era Deus’ se refere a natureza do Verbo podendo ser traduzido por ‘o Verbo era de natureza divina’ ou ‘o Verbo tinha a natureza de Deus’. De fato, está escrito: ‘Porque [em Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da divindade’ (Cl 2.9). Portanto, o Filho é consubstancial com Deus Pai na mesma divindade una e indivisível, igualmente o Espirito Santo, aliás, o Espírito Santo é chamado de Espirito de Deus e Espirito de Cristo (Rm 8.9) ou Espirito do Pai (Mt 10.20) e Espirito do Filho (Gl 4.6), mas não significa 18


que são três Espirito Santo, pois há um só Espirito (Ef 4.4). Isso também é prova de que o Pai, o Filho e o Espirito Santo são consubstanciais na mesma divindade, pois são inerentes no mesmo Espírito (2ª Co 3.17; Jo 4.24).

Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 09 de Outubro de 2014 Introdução ao Livro de Daniel

A Paz do Senhor Jesus Cristo! Vamos iniciar lendo 2ª Pedro 1.20,21: ‘Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo’. O comentário de Beacon, no prefácio, diz o seguinte: ‘...nenhuma escritura é de particular interpretação, ou seja, não tem uma única interpretação, permite variação na exegese e exposição da Bíblia’. Estarei dando início a partir dessa palestra uma conferência de profecias do livro de Daniel, porém, tendo em mente que as profecias não pertencem ‘uma única interpretação’, mas possibilitam variações nas interpretações. Como crentes da Assembleia de Deus sabemos que a nossa igreja segue a linha dispensacionalista na interpretação da escatologia, contudo, isso não quer dizer que essa interpretação seja a única. Cada denominação evangélica tem a sua própria interpretação das profecias que em alguns pontos entram em antagonismo com outras interpretações. E além do mais quando estudamos as profecias e os assuntos escatológicos começamos a ter nossas próprias interpretações pessoais. Portanto em minhas palestras mostrarei a interpretação da Assembleia de Deus acerca das profecias de Daniel, mas também, procurarei mostrar como pessoalmente entendo determinadas profecias. A nossa denominação não é dona da verdade, porém, ela ensina aquilo que entende como cumprimento das profecias, sabendo, entretanto, isso que há muitas outras visões escatológicas acerca das profecias. Essa palestra inicial servirá de introdução ao livro de Daniel. Segundo escreveu o nosso teólogo Elienai Cabral: ‘Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). O livro de Daniel cobre um período de setenta anos desde o início do cativeiro babilônico em 606 A.C. até a invasão de Dario nas grandiosas muralhas da Babilônia e o terceiro ano do reinado de Ciro em 536 A.C. (Dn 19


10.1). Isso significa que Daniel chegou na Babilônia ainda jovem ou adolescente, e em 536 A.C. já tinha quase 90 anos de idade. Alguns pregadores que baseiam suas pregações no livro de Daniel, principalmente nos cultos de jovens, dão a impressão que Daniel nunca envelhece, porém, quando Daniel é lançado na cova dos leões tem mais de 80 anos. Daniel não serve apenas de exemplo para os jovens, mas também para os velhos. Daniel ‘iniciou sua obra escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de Susã’ capital do império da Pérsia. ‘O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). O aramaico era a língua dos sírios quase parecido com o hebraico. Quando os judeus saíram da Babilônia não falavam mais, no cotidiano, o hebraico, mas o aramaico, pois, eles consideravam o hebraico como língua sagrada e não a usavam em terra estranha. Nem os salmos, eles cantavam em Babilônia (Sl 137.1-4). Por isso que quando o sacerdote Esdras leu as Escrituras hebraicas para o povo, teve que interpretá-las em aramaico, pois o povo não entendia mais o hebraico (Ne 8.1-8). Por causa disso muitas palavras hebraicas caíram em desuso, pois perderam-se a pronúncia, e uma dessas palavras foi o Nome inefável do seu Deus. Desde sempre os judeus atribuíram esse livro a Daniel, ninguém questionava sua autoria, o próprio Jesus Cristo citou Daniel como escritor do livro de Daniel (Mt 24.15). Flávio Josefo também atribuía esse livro a Daniel. Todos aceitavam a tradição judaica. Porém, com o surgimento da Alto Crítica, a partir do século XIX, alguns críticos atribuíram a autoria do livro de Daniel a um autor desconhecido que viveu na época do rei Antíoco Epifânio (175-164 A.C.), no período conhecido como intertestamentário ou interbíblico, que é aquele período entre o Antigo e Novo Testamentos. Esses estudiosos críticos e liberais das Escrituras atribuíram o livro de Daniel a um escritor desconhecido porque as profecias contidas no livro de Daniel foram tão fidedignas com a História que eles preferiram acreditar que o autor viveu depois dos acontecimentos históricas narrados nas profecias. E assim escreveu a história em forma de profecias. Os liberais tomam essa posição com o objetivo de negar a inspiração divina dos livros sagrados. E assim eles colocam o livro de Daniel na categoria dos livros pseudoepígrafes que era um costume de um ator anônimo e desconhecido atribuir seu escrito a uma pessoa conhecida para dar ao livro autoridade. Porém, nós seguimos a tradição judaico-cristã que a atribuí a escrita do livro ao profeta Daniel, que o escreveu do 606 a 536 A.C. 20


Acerca do conteúdo e gênero do livro de Daniel, assim escreveu Elienai Cabral: ‘O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético. No plano geral da revelação divina, o livro de Daniel ocupa um lugar de suma importância. Do capítulo 1 ao 6 o conteúdo é histórico, e do 7 ao 12, profético. O conteúdo histórico do livro contém experiências que revelam a soberania e o cuidado de Deus para com aqueles que lhe são fiéis. Já o conteúdo profético traz predições escatológicas, em sua maioria, ainda não cumpridas. Por este último conteúdo cremos na “contemporaneidade” de Daniel’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). Assim podemos dizer que o livro de Daniel é passado, presente e futuro. Passado porque escreve a história antiga, desde a ascensão da Babilônia até o surgimento do Império Medo-Persico. Presente porque as profecias trazem mensagens atuais para nossa época, vivemos no período dos cumprimentos proféticos falados por Daniel, por isso que Elienai Cabral chama Daniel de nosso contemporâneo. Não que Daniel esteja vivo entre nós, mas que as suas profecias estão vivas. Vivemos no período profético no que diz respeito aos dez dedos da estátua do sonho de Nabucodonosor. Sabemos que a cabeça da estátua era o início dos impérios começando por Babilônia e os dez dedos se constitui no último império quando, então, será estabelecido o Reino de Deus. Acreditamos que esse último império será composto por uma confederação de nações europeias que apontam claramente para nossos dias. O livro também é futuro pois trata de assuntos escatológicos que se cumprirão na vinda do Senhor Jesus Cristo. Portanto o livro é histórico, profético e também escatológico. Escatologia é formada por duas palavras: escato (último) e logia (estudo) que significa estudo das últimas coisas. O livro contém profecias para os últimos dias chegando até a ressurreição dos mortos. Continuando nas palavras de Elienai Cabral, lemos: ‘Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). O livro de Daniel serve de chave de interpretação para entendemos as profecias do Apocalipse. Quem era Daniel? Conforme Daniel 1.3,6, Daniel era da tribo de Judá e pertencia a linhagem nobre de Israel. Ele foi levado cativo à Babilônia no terceiro ano do reinado de Eliaquim ou Jeoiaquim em Judá (Dn 1.1,2; 2º Cr 36.4-8; Jr 25.1; 46.2). 21


Possivelmente Daniel conheceu pessoalmente os profetas Jeremias e Ezequiel quando era garoto. Ezequiel foi levado cativo para Babilônia em 597 A.C. Daniel estava na capital, enquanto Ezequiel vivia em outra cidade. O profeta Ezequiel faz menção de Daniel em seu livro – ‘Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor Deus’ (Ez 14.14,20) e também em Ezequiel 28.3: ‘Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum que se possa esconder de ti’. Mesmo sendo Daniel contemporâneo do profeta Ezequiel, Ezequiel o tinha em alta conta, a ponto de colocá-lo em pé de igualdade com esses dois homens, Noé e Jó. Homens que são conhecidos por sua integridade. Homens íntegros e justos. Daniel, também, é considerado nessa mesma estirpe, homem íntegro e justo. Noé viveu numa época de grande violência e depravação, mas não contaminou a sua alma. Jó foi levado a penúria, mas não quebrou a sua integridade; permaneceu firme na miséria. Daniel viveu entre os pagãos, tendo uma oportunidade de ter uma carreira de sucesso servindo os deuses pagãos, renunciou tudo isso para manter firme a sua fé nas leis santas de Israel. Uma das coisas que deixam os leitores do livro de Daniel intrigados, a ponto de alguns duvidares da integridade de Daniel, é onde Daniel estava quando Nabucodonosor exigiu adoração à estátua, pois apenas três homens não se prostraram. E Daniel? Se prostrou para salvar a sua alma, renunciando o Deus de Israel!? Veremos onde Daniel estava durante a convocação para adoração da estátua de ouro de Nabucodonosor. Vamos ler Daniel 2.49: ‘E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei’. Daniel permaneceu no palácio da Babilônia, ele não foi a planície de Dura adorar a imagem de ouro (Dn 3.1-6). Mas por que Daniel estava isento da convocação? Porque o imperador da Babilônia, Nabucodonosor, oficialmente isentou Daniel de participar dessa adoração pagã. Por que? Porque o rei da Babilônia sabia que Daniel adorava o Deus único e verdadeiro, e jamais pediria que Daniel quebrasse sua integridade ao seu Deus. Sabemos disso baseado em Daniel 2.46-48: ‘Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves. Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério. Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia’. 22


Pelo fato de Nabucodonosor considerar Daniel como representante e adorador do Deus dos deuses, isto é, superior aos deuses da Babilônia, jamais o convocaria para uma adoração pagã. Porém, Sadraque, Mesaque e Abednego ou Hananias, Misael e Azarias, teriam que provar a Nabucodonosor que o Deus deles era o mesmo Deus de Daniel, o Deus que fez o céu e a terra. Eles disseram ao rei: ‘Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste’ (Dn 3.17,18). E isso de fato aconteceu! Vamos ler Daniel 3.28-30: ‘Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus. Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como este. Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de Babilônia’. Enquanto que Daniel e Ezequiel exerceram seus ministérios na Babilônia, Jeremias ministrou em Judá e depois foi forçado a ir para o Egito. Jeremias foi deixado em Judá quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém e levou os judeus cativos para Babilônia, porque Nabucodonosor ouvira falar de Jeremias e sabia que ele havia profetizado muitas coisas boas acerca dele. Por isso que ele ordenou ao seu general propor a Jeremias: ‘Agora, pois, eis que te soltei hoje das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para Babilônia, vem, e eu cuidarei de ti, mas se não te apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos ir, para ali vai’ (Jr 40.4). Então, Jeremias proferiu ficar com os restantes dos judeus em Judá. Quero agora, irmãos, falar um pouco sobre o contexto histórico do livro de Daniel. Vamos voltar um pouco na história e começar com a formação do povo de Daniel. Tudo começou com os patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Esses homens não eram israelitas, mas hebreus, pois israelitas eram apenas os filhos de Jacó. O termo hebreu veio de um dos ancestral de Abraão chamado Éber (Gn 10.21). Por isso que Abraão é conhecido como ‘o hebreu’ (Gn 14.13). A história do povo judeu começa com Abraão (2166-199 A.C.) e Sara (Gn 12.1-3). Esse texto anuncia a chamada de Abraão, quando Deus lhe disse: ‘Saí da tua terra, da tua parenta e da casa de teu pai e vai para terra que eu te mostrarei’. Essa terra era a terra de Canaã. Deus prometeu que Abraão e sua descendência seriam uma bênção e abençoaria todas as nações da terra. Nessa época Abraão tinha 75 anos. Abraão e Sara tiveram 23


um filho chamado Isaque (2066-1886 A.C.), o filho da promessa de Deus (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Sabemos pelo transcorrer da história toda provação e tentação que Abraão e Sara tiveram que enfrentar para alcançar a promessa de Deus. Mas, pela fé e esperança, alcançaram. Isaque, por sua vez, gerou dois filhos, Esaú e Jacó (2006-1859 A.C.). A esposa de Isaque era Rebeca, e assim como Sara, era ela uma mulher estéril, mas depois de orarem por quarenta anos, Deus lhes concebeu gêmeos. Jacó e Esaú eram gêmeos, porém, Esaú era o primogênito porque saiu primeiro, embora tenha Jacó agarrado no calcanhar de Esaú. Desde o ventre Jacó lutava para conseguir a primogenitura. Que lhe daria o direito de ser o chefe do clã e herdeiro das promessas feitas a Abraão e Isaque. Quando grande, Esaú se despojou do seu direito de primogênito, e o vendeu, sob juramento, para Jacó. Do segundo filho, Jacó, surgiu um clã de 12 filhos. Conhecemos toda a trajetória de Jacó. Teve uma vida de sofrimento e muitas dificuldades para que pudesse aprender o propósito do Deus do seu avô e de seu pai. A origem do nome ‘Israel’ surgiu quando Jacó lutou com um anjo no vale de Jaboque, e o seu nome foi mudado para Israel (Gn 32.22-28; 35.912). Após isso pela primeira fez aparece, em Gênesis 33.20, a expressão ‘o Deus de Israel’. E os doze filhos de Jacó se transformaram em doze tribos de Israel. Então, surge a nação escolhida de Deus. Israel desce para o Egito, cresce e prospera (1876 a 1446 A.C.). Quando a nação de Israel chegou no Egito eram apenas 75 pessoas, quando saíram eram uns 3 milhões. Inicialmente quando chegaram foram bem recebidos pelos faraós. Nessa época quem dominava o Egito era os faraós semitas chamados de hicsos. Esses semitas nômades invadiram a terra do Egito, destronaram os faraós egípcios e autodenominaram faraós do Egito (1898?-1570 A.C.). Quando José foi vendido como escravo ao Egito, os hicsos já dominavam o país. Depois os egípcios se revoltaram contra o poder dominante, assumiram novamente o trono e tornaram-se inimigos do povo de Israel (Êx 1.8-14). Porém após 430 anos de escravidão, Deus levanta Moisés e liberta Israel do Egito [1446 A.C]. Peregrinaram pelo deserto, sob os cuidados de Deus, até a terra de Canaã por quarenta anos (1446-1406 A.C.). Moisés (1526-1406 A.C.) foi o grande legislador de Israel. Foi ele que organizou a nação e esquematizou todas as leis civis e religiosas, estabeleceu o tabernáculo e o sacerdócio. Depois Josué sucedeu a Moisés e como general conquista Canaã (1406-1375 A.C.). Depois veio o período dos juízes que durou aproximadamente 300 anos (1375-1050 A.C.), o governo de Israel era teocrático, mas o povo de Israel se desviou de Deus várias vezes. Deus havia projetado que Israel fosse um Reino de sacerdotes governado por um Rei ungido provido da 24


tribo de Judá. Porém, a época exata ainda não havia chegado por isso que durante esses 300 anos Deus governou o povo através de juízes e sacerdotes. Mas infelizmente lendo o livro dos Juízes vemos o estado caótico e desorganizado da nação de Israel. Não era um povo unido sob o governo de um só juiz, mas em cada região tinha seus próprios juízes. E tinha região que nem juiz tinha e ‘cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos’ (Jz 21.25). Havia os escritos de Moisés, mas nem todo o povo tinha acesso, talvez, apenas os sacerdotes. O primeiro juiz foi Otniel (1374-1334 A.C.), sobrinho de Calebe e o último juiz foi Samuel (1100-1015 A.C.) que ungiu Saul a rei de Israel em 1050 AC. A história de Rute (1350-1340 A.C.) transcorreu no período dos juízes. Com a unção de Saul inicia-se o governo monárquico. O ‘reino de Israel esteve sob a liderança de Saul (1050-1010 A.C.), Davi (1010-970 A.C.) e Salomão (970-931 A.C.) por cento e vinte anos [1050-931 A.C.]. O rei Salomão morreu em 931 a.C. marcando assim a decadência política, moral e religiosa da monarquia’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). No final do seu reino, Salomão havia vendido sua alma ao diabo quando se envolveu com idolatria (1º Rs 10.4-10). Porém, eu acredito que antes de morrer, Salomão se arrependeu e escreveu o livro de Eclesiastes. Entretanto, Deus já havia determinado rasgar o reino de Salomão. Sob o governo de Roboão (931-914 A.C), filho de Salomão, o reino foi dividido em dois reinos: ‘O reino do Norte constituía-se de dez tribos [conhecido por Reino de Israel ou Efraim (1ª Rs 21.7; Is 7.17)]. [E o reino] do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim [conhecido por Reino de Judá (2ª Cr 11.17)]’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). A apostasia de Salomão foi o motivo primário que levou a divisão do reino, mas o motivo secundário foi porque Roboão não quis baixar as altas taxas de impostos cobradas por Salomão para custear as despesas do seu reino que incluiu a construção do templo, do palácio e outras cidades. O reino do Norte durou quase 210 anos (931-722 A.C.) quando Salmanaser V, rei da Assíria [727-722AC], sobe contra o rei Oséias e cerca Samaria por três anos (2º Rs 17.3-5). Os anais históricos informam que, durante o cerco de Samaria, Salmanaser V morreu inesperadamente. Então, veio Sargão II, rei da Assíria (722-705 A.C.) e transporta Israel cativa para a Assíria em 722 A.C. (2º Rs 17.6-8). Segundo a história foram 27.290 pessoas levadas por Sargão para a Assíria. E trouxeram para a cidade de Samaria, povos de outras nações dando origem ao povo samaritano (2ª Rs 17.24). O reino do Norte teve 19 reis começando com Jeroboão I (931-910 A.C.) até Oséias (731-722 A.C.) na duração de 209 anos (931-722 A.C.) e várias dinastias. O reino do Sul, Judá, foi invadido pelos babilônicos. ‘Entre os anos 606 a.C. e 587 a.C., Nabucodonosor [606-561 A.C.] levou em cativeiro os 25


nobres de Jerusalém: príncipes, intelectuais e homens de guerra, etc., deixando em Judá apenas os pobres e os deficientes’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). O reino do Sul teve 20 reis começando com Roboão até Zedequias na duração de 344 anos (931-587AC) e uma só dinastia: a dinastia davídica. O cativeiro dos judeus para Babilônia ocorreu em três ocasiões. Em 606 A.C., no quarto ano do reinado de Jeoaquim (609-597 A.C.), rei de Judá ‘Nabucodonosor invadiu Jerusalém e, além da nobreza [Daniel foi levado cativo nessa ocasião], tomou da cidade todos os utensílios do Templo: ouro, prata e pedras preciosas [Dn 1.1,2]. Jeoaquim [609-597 A.C.], rei de Judá, não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia (2ª Cr 36.6,7). [Depois de três anos, em 603 A.C., se rebelou contra Babilônia, por causa disso foi], perdendo o domínio do seu reino e também a confiança dos seus valentes [2ª Rs 24.1]’ (1ª Lição, 4º Trim/2014). Nesse ínterim, Jeoaquim morre, e seu filho, Joaquim assumi o governo de Judá (2ª Rs 24.6). Em 597 A.C., Nabucodonosor ataca Jerusalém novamente e muitos judeus são exilados (cativos), a cidade é subjugada mais ainda não destruída. Entre os cativos expatriados para Babilônia estava o profeta Ezequiel (Ez 1.1-3). Nessa ocasião, também, Joaquim ou Jeconias, rei de Judá (597 A.C.), foi levado para Babilônia (2ª Rs 24.10-16). Outra pessoa que foi também levada para Babilônia nessa ocasião foi Mardoqueu (Et 2.5,6). Nabucodonosor nomeou Zedequias como rei de Judá (597-587 A.C.) (2ª Rs 24.17). Em 587 A.C. o exército de Nabucodonosor invade Jerusalém pela terceira vez e destrói o Templo, saqueia Jerusalém e arrasa política, moral e espiritualmente o reino de Judá (2ª Rs 25.1,8-12). O cativeiro babilônico durou setenta anos (606-536 A.C.) conforme profetizado por Jeremias (Jr 25.11-14; 29.10; Dn 9.1,2). Durante esse tempo, Daniel desempenha seu ministério profético prevendo os futuros impérios mundiais que sucederiam a Babilônia e suas relações com a nação de Israel. Tais profecias estudaremos em nossas palestras posteriores.

Palestra Ministrada Em Um Evento Social no São Cristóvão Fortaleza-CE, em 18 de Outubro de 2014 O Que a Bíblia Diz Sobre o Dinheiro

Boa Noite! O assunto que pretendo palestrar nessa noite é muito vasto. Porque o tema que me deram é: O Que a Bíblia Diz Sobre o Dinheiro. Se fosse ‘O Que Determinado Livro da Bíblia Diz Sobre o Dinheiro’ ou ‘O Que 26


Determinado Autor das Escrituras Fala Sobre o Dinheiro’ me deixaria mais restrito. Mas quando é ‘O Que a Bíblia Diz Sobre o Dinheiro’, então, o assunto se torna bastante amplo. Pois as Escrituras têm muito a nos dizer acerca do dinheiro e o que elas dizem acerca do dinheiro é o conceito de Deus para os seus filhos. Por isso eu pretendo citar alguns textos das Escrituras, pois quero basear minhas palavras no que a Bíblia diz. Afinal de contas, vocês não vieram ouvir o que eu tenho a dizer, isto é, os meus conceitos acerca do dinheiro, mas o conceito das Escrituras. Então vamos começar lendo um texto no livro do patriarca Jó 1.21: ‘Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tomou; bendito seja o nome do Senhor’. O primeiro tópico que quero desenvolver é: Deus é o Dono Majoritário do dinheiro e de todos os bens existentes no planeta. Está escrito no profeta Ageu 2.8: ‘Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos’. Também está escrito no Salmo 24.1: ‘Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe’. Sendo Deus o dono de tudo que existe, Ele não precisa de nada! Deus não tem nenhuma necessidade! Ele não tem falta de coisa alguma. Lemos isso no Salmo 50.10-12: ‘Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo. Se eu tivesse fome, não pediria nada a vocês, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude’. Quando o apóstolo Paulo estava na colina de Marte trazendo aos filósofos de Atenas uma mensagem sobre o Deus verdadeiro disse: ‘O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não... é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas’ (At 17.24,25). Deus é o dono do mundo, ele não precisa de nada. Sendo o dono de tudo, Deus, também, não aceita barganha e nem suborno. Deus não torce o direito por causa de alguma oferta. Está escrito em Deuteronômio 10.17: ‘O Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno’. Em Gálatas 2.6, Paulo, disse: ‘Deus não aceita a aparência do homem’. Não importa a posição social da pessoa, nem o seu poder aquisitivo, pois Deus não se deixa levar por isso. Ele é o Senhor de tudo e não pode ser subornado por ninguém. Segundo tópico: Deus dá o seu dinheiro a quem Ele quer e o quanto Ele quer dar. Ora, se o dinheiro é de Deus, e Deus não é comprado por nenhum preço, então, Ele dá o seu dinheiro de livre vontade. Deus não é coagido, Ele dá a quem Ele quer. 27


Há uma lição valiosa ensinada por Jesus Cristo na parábola dos trabalhadores da vinha em que o patrão contrata pessoas desde as primeiras horas do dia até a última hora para trabalhar na sua vinha. Quando chega o momento para prestação de contas a fim de pagar o salário combinado, o patrão quis pagar o mesmo salário ao último trabalhador, que talvez tenha trabalhado apenas uma hora, no mesmo valor daquele que trabalhou o dia todo. Então, a pessoa que trabalhou o dia todo, disse: ‘Mas como pode uma coisa dessa!? O senhor está pagando a esse funcionário o mesmo salário que está nos dando, sendo que ele trabalhou apenas uma hora, e nós estamos aqui o dia todo aguentando esse calor do sol’. O patrão lhe respondeu: ‘Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto quanto dei a ti. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?’ (Mt 20.14,15). O dinheiro é de Deus, então, Ele dá aquém Ele quer e no valor que quiser dar. Nenhum de nós temos o direito de reclamar. Na parábola dos talentos, quando o Senhor distribuiu os seus talentos, que literalmente são pesos em moedas, diz a Escritura que Ele distribuiu o seu dinheiro conforme a capacidade de cada pessoa. De modo que a um, Ele deu 170 quilos de moedas, a outro, 68 quilos de moedas e a outro deu 34 quilos de moeda. Ora, se Deus dá o seu dinheiro a quem Ele quer, então, o dinheiro é dádiva da graça comum de Deus, e não da graça especial. O que é graça comum de Deus? Graça comum é a bondade de Deus derramada sobre todos, independentemente que seja crente ou descrente, justo ou ímpio. A graça comum é derramada sobre todos sem fazer distinção entre as pessoas. Enquanto que a graça especial de Deus é reservada exclusivamente aos seus escolhidos. Lemos sobre a graça comum em Mateus 5.45: ‘[Deus] faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos’. Não é apenas sobre a horta do justo que chove, mas sobre a horta do injusto também. O sol não clareia apenas as casas dos homens bons, mas também as casas dos homens maus. Isso é a graça comum de Deus. O dinheiro não faz parte da graça especial de Deus como algo que Ele reservou apenas para os crentes. O dinheiro faz parte da graça comum de Deus. Isso significa que Deus dá o seu dinheiro a justos e injustos, tanto a crentes como a descrentes. Sobre a graça especial lemos em 1ª Coríntios 2.9: ‘As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam’. Esse tesouro escondido, inesgotável, celestial e eterno é reservado para os santos de Deus, enquanto, que o tesouro material, terreno e temporário de Deus é derramado sobre todos. 28


O dinheiro é dom de Deus, uma dádiva de Deus, um presente de Deus, mas um dom da graça comum de Deus. Está escrito em Eclesiastes 5.19: ‘E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus’. O trabalho, também, é dom de Deus. Eclesiastes 3.13: ‘E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus’. Então, irmãos, dinheiro e trabalho são dons de Deus, mas não dons da sua graça especial, mas da sua graça comum. Deus tem trabalho para todos, e dinheiro para remunera-los. Para cada um, Deus tem uma profissão para desempenhar, e chamou cada um para realizar uma vocação nesse mundo. Porque a chamada de Deus não é apenas para o ministério cristão, mas também, para a sociedade dos homens. Deus quer que a sociedade funcione, tenha ordem e prosperidade. Por isso que Deus coopera com a humanidade, dando trabalho e renda financeira. Sendo o dinheiro uma dádiva de Deus, então, foi Ele que fez o pobre e o rico. Quer dizer, ser pobre não é uma maldição, uma escória da sociedade. O pobre é uma criatura que Deus fez, assim como também o rico foi criado por Deus. Em Provérbios 22.2 está escrito: ‘Não existe diferença entre o rico e o pobre porque foi o Senhor Deus quem fez os dois’. E Jó 34.19: ‘[Deus]...não faz acepção das pessoas, nem estima o rico mais do que o pobre; porque todos são obras de suas mãos’. Se Deus quiser, Ele empobrece o rico, e enriquece o pobre. Está escrito em Lucas 1.53, na oração de Maria: ‘Encheu de bens os pobres, e despediu vazios os ricos’. E 1ª Samuel 2.7,8: ‘O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó... para o fazer assentar entre os príncipes’. As posições e classes sociais não dependem apenas das condições econômicas do mundo, mas dependem de Deus que distribuem os seus bens a quem Ele quer. Se for da sua vontade que uma pessoa seja rica, Ele a abençoará com riquezas, e se for da sua vontade que uma seja pobre, Ele a privará das riquezas. Terceiro tópico: O dinheiro pertence a Deus e o homem é o seu administrador. Olha, que coisa maravilhosa. Deus fez as riquezas deste mundo para ser administradas pelo homem. O homem é como se fosse um arrendatário de Deus, um mordomo de Deus ou um empregado de Deus. O homem está nesse mundo para trabalhar para Deus, não importa em que tipo de profissão ele desempenhe esse trabalho. O funcionário não está trabalhando apenas para o seu patrão secular, mas para o Senhor. O patrão é apenas secundário, mas o seu padrão 29


primário é Deus, pois, o patrão, também, é funcionário de Deus. Foi Deus quem colocou ambos naquelas profissões. Porque é Deus que dá o trabalho aos homens. Para Deus, os empresários, donos de grandes empresas, tem o mesmo valor do que o sapateiro. Porque ambos estão trabalhando para Deus. O empresário administrando suas empresas, fazendo grandes investimentos e o sapateiro engraxando os sapatos estão prestando serviços para Deus. O Salmo 115.16 diz: ‘Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens’. E o Salmo 8.6: ‘Fazes com que o homem tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés’. Irmãos, é do reino animal, vegetal e mineral, que o homem extrai seu alimento, suas vestimentas, seus bens móveis e sua moeda. Tudo está na criação de Deus. Porém, nada se consegue com facilidades. O homem precisa explorar e ter criatividade para que possa saber aproveitar bem essas obras-primas que Deus colocou na natureza, a fim de usufruir desses bens de Deus. Quer dizer, não é porque Deus deu aos homens esses bens, que estão na terra, que agora, os homens não precisam fazer nada, pelo contrário, Deus deu a terra para o homem, mas, também, a esse homem, Deus deu trabalho para explorar essa terra. Eclesiastes 3.10: ‘Eu tenho visto todo o trabalho que Deus dá às pessoas para que fiquem ocupadas’. Deus não que os homens na ociosidade, na ansiedade, mas ocupado no seu trabalho. Em Gênesis 3.19 está escrito: ‘No suor do teu rosto comerás o teu pão...’. Não existe moleza para ninguém. Em 2ª Tessalonicenses 3.10 está escrito: ‘...se alguém não quiser trabalhar, não coma também’. As riquezas de Deus estão disponíveis, mas é como estivessem nas rochas para serem extraídas a fim de fornecer o nosso pão. Se estivermos deitamos em nossas redes, o nosso campo não produzirá frutos, mas apenas, abrolhos e espinhos. Se o homem quiser extrair frutos da sua terra, precisará cultivar a terra. Porém, as pessoas não devem trabalhar como um escravo, mas gozar do fruto do seu trabalho. Deus deu trabalho aos homens, mas não deseja que eles trabalhem como escravos, mas que sintam prazer no seu trabalho. O cristão tem que se regozijar diante de Deus pelo dia de descanso que ele tem diante de Deus, mas também, pelos demais dias em que ele saí para sua lida, seu trabalho. Em Eclesiastes 2.24 está escrito: ‘Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus’. Para isso Deus deu trabalho ao homem para que ele goze do fruto do seu trabalho. 30


Eclesiastes 4.6 diz: ‘Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho, e aflição de espírito (estresses, esgotamento)’. Há pessoas que se matam de trabalhar, noite e dia, sem parar, mas não gozam do fruto do seu trabalho. Esse tipo de pessoas que se matam de trabalhar, na ganância de ter cada vez mais e querer mais, mas não para um momento para se recrear com a sua família, para dar atenção aos filhos, para descansar e fazer deleitar a sua alma nos seus bens, diz Eclesiastes, que a essas pessoas, Deus deu espírito de aflição. Quarto tópico: Deus beneficiou algumas pessoas com duas coisas que podem leva-las adquirir riquezas ou mudar seu status social e suas condições econômicas. Pois, uma vez que Deus enrique e empobrece, e empobrece e enriquece, então, cada um de nós podemos, com a graça comum de Deus, sua bondade, adquirir riquezas. Pois isso também é a vontade de Deus. Duas coisas preciosas, Deus deu algumas pessoas. Primeira coisa, saúde física. Está escrito em Deuteronômio 8.18: ‘...é Deus o que te dá força [física] para adquirires riqueza’. A saúde física é um patrimônio importante de Deus na vida de uma pessoa. Segunda coisa, inteligência. O livro de Provérbios fala disso várias vezes que através do conhecimento, as pessoas podem adquirir riquezas (Pv 3.13,14,16). A pessoa que tem inteligência, criatividade, se aprimora pelos estudos e se esmera na sua profissão, tem possibilidade de mudar o seu status social e suas condições econômicas. Porém, não basta apenas ter saúde e inteligência, a pessoa precisa ter disposição, ser diligência e aproveitar as oportunidades. Deus deu o básico: saúde e inteligência. Evidentemente, Deus não deu a todos saúde e inteligência. Por isso que bem-aventurado a pessoa que tem saúde e bemaventurado a pessoa que tem inteligência. Todavia, se essas pessoas não ter essas três coisas: disposição, diligência e saber aproveitar as oportunidades, nada adiantará ter saúde ou inteligência. Vamos encontrar esses conselhos no livro de Provérbios. Aliás, o livro de Provérbios é um livro de conselhos em todas as áreas da vida. A pessoas precisa ter disposição. Provérbios 19.24: ‘O preguiçoso esconde a sua mão ao seio; e não tem disposição nem de torná-la à sua boca’. A pessoa pode ter saúde e inteligência, mas se não tiver disposição para aplicar a sua inteligência e usar a sua força física, essas coisas não terão nenhum valor para ele. Pode ter conhecimento, mas não tem coragem de enfiar um prego numa barra de sabão. O livro de Provérbios mostra que o contrário de ter disposição é ser preguiçoso. Inclusive, a preguiça está entre os pecados capitais. 31


A pessoa precisa ser diligente. Ser diligente é ser uma pessoa cuidadosa, zelosa, dedicada e competente. É saber se desenvolver em sua área de atuação. Por exemplo, se ele é mecânico, se esforça ao máximo para atingir a excelência. Provérbios 12.24,27 diz: ‘A mão dos diligentes dominará, mas os negligentes serão tributários.... O preguiçoso deixa de assar a sua caça, mas ser diligente é o precioso bem do homem’. O texto contrasta o diligente com o negligente. O negligente não realiza sua função com competência. Ele não vai além do que lhe estipularam para fazer. É um mal funcionário que nunca se desenvolve. Enquanto que o diligente está à disposição para aprender cada vez mais e servir melhor. Às vezes o diligente por causa da sua dedicação zelosa na empresa é taxado de puxa saco do patrão. Porém, o negligente procura mostrar serviço apenas na frente do chefe, mas quando o chefe está ausente, ele não dá produção e começa a fazer cera. Mas, o diligente é empenhado no seu serviço. Essa pessoa tem a capacidade de ser promovida de cargo, galgar outras posições na empresa, melhorar o salário e prosperar de vida. Provérbios 13.4 diz: ‘A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança, mas a alma dos diligentes se farta’. E em Provérbios 21.5 está escrito: ‘Os pensamentos do diligente tendem só para a abundância, porém os de todo apressado, tão-somente para a pobreza’. A pessoa precisa aproveitar as oportunidades. Eclesiastes 9.10 diz: ‘Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma’. Algumas pessoas não querem começar de baixo; não querem cargos de subalternos. Para elas ser faxineiro é uma profissão que irá lhes desqualificar. Alguém lhe diz: ‘Você tem um bom desempenho, um ótimo currículo, mas a função que temos disponível na empresa é de serviços gerais’. E às vezes, a pessoa recusa: ‘Obrigado, não quero’. Porém, ele não sabe que através daqueles serviços gerais, aproveitando as oportunidades, sendo diligente e tendo disposição, poderá chegar a uma posição mais elevada na empresa, na fábrica ou em um trabalho qualquer. Quinto tópico: Quando a riqueza e a pobreza se tornam maldição. Vimos que Deus fez o pobre e o rico, então, não há um amaldiçoado e outro abençoado. Ambos são abençoados por Deus na posição que Deus colocou cada um. Entretanto, há um momento em a riqueza se tornar maldição e que também a pobreza se torna maldição. A riqueza se torna maldição na vida de uma pessoa quando ela é mal adquirida, tem uma má procedência; quando adquirida de modo desonesto e injusto. 32


Em Provérbios 13.11 lemos: ‘A riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará’. E também Provérbios 28.8: ‘O que aumenta os seus bens com usura e ganância ajunta-os para o que se compadece do pobre’. E ainda Jeremias 17.11: ‘O homem que ganha dinheiro desonestamente é como a ave que choca ovos que não botou’. Como também Habacuque 2.9: ‘Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal!’. A riqueza se torna, também, uma maldição quando o rico nega a Deus e oprime o pobre. O rico que não reconhece a bondade de Deus, mas pensa que sua riqueza é fruto do seu próprio poder, essa riqueza pode tornase em maldição. Provérbios diz que esse tipo de riqueza ‘certamente criará asas e voará ao céu como a águia’ (Pv 23.5). A pobreza se tornar maldição quando ela é fruto da preguiça e da tolice. Provérbios 6.9-11 diz: ‘Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados; assim sobrevirá a tua pobreza como o delinquente, e a tua necessidade como um homem armado’. Provérbios 13.18: ‘Pobreza e afronta virão ao que rejeita a instrução...’. Provérbios 14.23: ‘Em todo trabalho há proveito, mas ficar só em palavras leva à pobreza’. Provérbios 23.21: ‘Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos’. E também a pobreza se torna uma maldição quando o pobre amaldiçoa a Deus e pratica crimes. Para evitar a maldição da riqueza ou da pobreza, Agur orava assim: ‘Senhor, não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão’ (Pv 30.8,9). Sexto tópico: Qual é o propósito de Deus ao dá riquezas a uns e pobreza a outros. Deus é o Senhor de toda riqueza, mas Ele não joga ao léu a sua riqueza. Deus tem o seu propósito quando quer que uma pessoa seja rica, e tem o seu propósito quando quer que uma pessoa seja pobre. Deus dar riqueza para que a pessoa negocie e faça investimento. Eclesiastes 11.1,2 diz: ‘Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra’. O texto bíblico aconselha àquele que tem dinheiro e recursos financeiros à fazer investimentos. Porque ele não sabe qual será a futura situação econômica do mundo globalizado. Quer dizer, a situação do mundo pode mudar a qualquer momento, pois as bolsas de valores oscilam, e 33


conforme essa oscilação da bolsa de valores irá pesar no bolso do rico e no prato do pobre. Então, para evitar que o rico sofra revés financeiro, Eclesiastes aconselha fazer investimentos. Aplique o seu dinheiro! Não deixe o seu dinheiro parado! Não invista apenas em um determinado setor, mas em vários setores. Invista na bolsa de valores, em bancos, em ações, abra negócios. Movimente o seu dinheiro. Porque se houver uma crise, você sempre terá uma reserva de garantia. O rico sábio faz investimento do seu dinheiro. Faz negócios. É o conselho de Lucas 19.13: ‘E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha’. Porém, um dos servos, que não fez nenhum tipo de negócio, nenhuma aplicação, nenhum tipo de investimento, mas diz a Escritura que ele guardou em um lenço aquelas moedas (Lc 19.20,21). Ao prestar contas, o patrão lhe disse: ‘Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros?’ (Lc 19.23). Portanto, o dinheiro não é para está parado, mas se movimentando. Deus dar dinheiro para que a pessoa goze o melhor da vida. Deus não mesquinho, rancoroso, espiritualista demais que não quer que as pessoas gozem da vida numa boa. Paulo diz, em 1ª Timóteo 6.17: ‘Deus... abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos’. Outros textos dizem: ‘Digno é o trabalhador do seu salário’ (Lc 10.7; 1ª Tm 5.18). Também está escrito: ‘O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos’ (2ª Tm 2.6). Eclesiastes 5.18 dirá: ‘Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção’. Se Deus lhe deu dinheiro, não desperdice, mas aproveite. Se pode se vestir bem, se vista. Porque Deus lhe deu dinheiro para você se vestir bem. Se você pode comer do bom e do melhor, então, coma. Porque essa é a vontade de Deus que ‘farta a tua boca de bens’ (Sl 103.5). Usufrua do bem do seu trabalho! Não trabalhamos apenas para nos esgotarmos fisicamente, para termos estreses e preocupações, mas para temos uma vida tranquila e contente, dando o melhor para nossos filhos. Eclesiastes 7.14: ‘No dia da prosperidade goza do bem’. Aproveita a vida dentro dos teus padrões e segundo a vontade de Deus. Eclesiastes 9.9: ‘Goza a vida com a mulher que amas...’. Tem homem que trabalha, junta dinheiro, mas é mesquinho. Não tem coragem de levar a esposa para um passeio, uma viagem, tem pena de gastar com a esposa. Mas o texto diz: ‘Goza a vida com a tua mulher’. A fim de despertar a pessoa da inércia, Eclesiastes lembra: ‘os vivos sabem que hão de morrer’ (Ec 9.5) e ‘nada tomará do seu trabalho, que 34


possa levar na sua mão’ (Ec 5.15). No máximo, garantirá um bom funeral, mas depois disso não terá mais nenhum valor (Ec 9.10). Basta a fortuna acumulada cair na mão de um irresponsável e desperdiçará ao vento toda a riqueza (Ec 5.13,14). Por isso goza do teu dinheiro agora, com a tua mulher e com os teus filhos. Tira esse carro da garagem, passeia com a tua família, e deixa de vivar apenas bitolado em teu trabalho. Desliga o celular, e passa um dia com a tua esposa e teus filhos na praia, na piscina, no cinema, na fazenda. Aproveite o melhor da vida. Não existe nada melhor nesse mundo do que a família. A família é um bem precioso! Quando eu estava na UTI quase morto, vi o quanto é precioso o valor da família, o quanto é bom estar com nossos filhos e esposa. Muitos proferem está entre os amigos, no trabalho e em qualquer outro local, menos com a sua família. Mas o melhor local é junto com a família aproveitando a vida com a esposa e os filhos. Deus dar dinheiro para que a pessoa ajude o pobre e o necessitado. Paulo disse: ‘...trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade’ (Ef 4.28). Deus te deu dinheiro para aproveitar o melhor desta vida, mas não se esqueça do pobre. Às vezes as pessoas desprezam os mendigos, chamandoos de vagabundos e preguiçosos. Mas a Escritura diz: ‘Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra’ (Dt 15.11). Então, ganhe dinheiro, economize dinheiro, gaste dinheiro, mas não se esqueça de ajudar o seu próximo. Estenda a sua mão para o pobre. Por que Deus permite a pobreza? Para que a pessoa aprenda a humildade. Lemos em Deuteronômio 8.3: ‘Deus te humilhou, e te deixou ter fome... para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de todo palavra que procede da boca do Senhor’. Essas palavras foram dirigidas a Israel. Israel vivia no Egito, ali os israelitas prosperaram, enriqueceram e se tornaram uma grande nação. Entretanto, ali se esqueceram de Deus e se voltaram para os deuses falsos. O Senhor os arrancou do Egito e os conduziu ao deserto, onde os humilhou para aprenderem a reconhecer a bondade de Deus. Deus dá graça aos humildes, mas resiste aos soberbos (Tg 4.6). A humildade é uma grande qualidade diante de Deus. Está escrito: ‘Bemaventurados os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus (Mt 5.3). É este tipo de pessoa que Deus quer como morador na cidade revestida de ouro e pedras preciosas. Deus permite a pobreza para que a pessoa aprenda a depender de Deus. Está escrito no Salmo 40.17: ‘Mas eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim’. Essas são palavras de Davi, embora fosse 35


um rei rico, reconhecia que sua riqueza não tinha nenhum valor sem a dependência de Deus. Ele pedia a Deus: ‘Senhor cuida de mim’. Pedro aconselha: ‘Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós’ (1ª Pedro 5.7). O pobre, cedo na vida, aprende a depender de Deus – ‘o pão nosso de cada dia dá-nos hoje’ (Mt 6:11) – enquanto que para muitos ricos, a riqueza tem sido um empecilho para servir a Deus. Deus permite a pobreza para servir de teste para os ricos. Os pobres são um teste para os ricos. Deus utiliza os pobres para provar os ricos. Está escrito em Levítico 25.35-37: ‘E, quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás ... Não tomarás dele juros, nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás do teu alimento por interesse’. O pobre serve de teste para o rico. Naquele grande Dia, é exatamente isso que será cobrado: ‘Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber... estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes’ (Mt 25.42,43). A cada pobre que o rico encontrou no caminho, a cada mendigo que ele viu na esquina era um teste de Deus para ele, e ele não percebeu. A cada pobre que batia em sua porta, ele não percebeu que era o Senhor lhe provando. Informações Adicionais Sétimo tópico: Advertência contra o dinheiro e a riqueza. A Bíblia nos ensina que a busca insaciável e avarenta pelas riquezas é idolatria, cujo deus é o Mamom (Cl 3.5; Mt 6.24); que o amor as riquezas é a raiz de toda a espécie de males (1ª Tm 6.10); que a cobiça pelas riquezas tem levados muitos crentes a se desviarem da fé (1ª Tm 6.10) e que as riquezas podem se tornar um obstáculo à salvação (Mt 19.24; 13.22). Não ponha nas riquezas a sua confiança! O Salmo 62.10 diz: ‘se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração’. Em Sofonias 1.18 está escrito: ‘Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor’. Em Eclesiastes 5.14 lemos: ‘Porque as mesmas riquezas se perdem por qualquer má ventura’. Lucas 21.34 diz: ‘E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia’. A Bíblia nos aconselha a termos cuidado: ‘Com a sedução das riquezas que sufocam a palavra’ (Mt 13.22); ‘com os enganos das riquezas e suas ambições’ (Mc 4.19); com as dificuldades das riquezas em relação a vida espiritual (Mc 10.23); com a confiança nas riquezas (Mc 10.24); com a incerteza das riquezas (1ªTm 6.17); com a tentação e o laço das riquezas 36


(1ª Tm 6.9); e com as muitas concupiscências loucas e nocivas produzidas pelas riquezas’ (1ª Tm 6.9). A Bíblia nos orienta a buscarmos uma riqueza espiritual e eterna. Mateus 6:19-21 lemos: ‘Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração’. E também Mateus 6.33: ‘Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas’. 2ª Coríntios 4.18 diz: ‘Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas’. A Bíblia nos ensina a administrar bem o nosso dinheiro. O profeta pergunta: ‘Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?’ (Is 55.2). O dinheiro bem administrado serve de proteção e responde por muitas coisas (Ec 7.12; 10.19). Porém, não devemos amar o dinheiro, pois ‘quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade’ (Ec 5.10). A Bíblia ordena aos ricos a não oprimirem aos pobres. O profeta Jeremias 22.13 diz: ‘Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho’. Em Malaquias 3.5 lemos: ‘E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra... os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos’. A lei advertia: ‘Não oprimirás o diarista pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que está na tua terra e nas tuas portas. No seu dia lhe pagarás a sua diária, e o sol não se porá sobre isso; porquanto pobre é, e sua vida depende disso; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado’ (Dt 24.14,15). Oitavo tópico: O ministério cristão ou a Igreja de Cristo não é fonte de renda ou de enriquecimento. Muito embora o ministro cristão deve ser assalariado, mas ele não deve buscar riquezas por meio do ministério cristão. Em 1ª Coríntios 9.14 está escrito: ‘Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho’. E 1ª Timóteo 5.18 lemos: ‘Digno é o obreiro do seu salário’. Em 1ª Timóteo 6.5-8, Paulo escreveu: ‘Aparta-te dos homens corruptos... cuidando que a piedade seja causa de ganho. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos 37


para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes’. O cristão não dá o seu dízimo com a finalidade de receber bênçãos, mas por gratidão pelas bênçãos recebidas. Deus não se vende! Alguém tentou comprar as bênçãos de Deus, Pedro respondeu: ‘O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro’ (At 8.19,20). Deus não abençoa o simples ato de dar o dízimo, mas abençoa aqueles que são fiéis e generosos. Em Provérbios 3:9,10 está escrito: ‘Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; e se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares’. Jesus Cristo disse: ‘Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas mundanas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?’ (Lc 16.10,11). Em Provérbios 11.25 lemos: ‘A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido’. Aprenda a viver contente com Deus em todas as situações da vida. O experiente apóstolo Paulo disse: ‘Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece’ (Fp 4:11-13). Pois acreditava que ‘o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus’ (Fp 4.19).

Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 23 de Outubro de 2014 A Interpretação da Estátua do Sonho de Nabucodonosor

Jeová é o Deus que intervém na história mundial. Os governos e os reinos do mundo estão nas mãos de Deus e é Ele que soberanamente os estabelece e os derruba. Conforme Daniel 4.25: ‘...o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer’, pois ‘ele remove os reis e estabelece os reis’ (Dn 2.21). Veremos como Deus faz isso através das profecias que se encontram no livro do profeta Daniel 2.31-35: ‘Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro 38


fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; as pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra’. Entenderemos que cada parte desta estátua representa reinos mundiais que sucederão um após outro durante o tempo chamado de ‘tempos dos gentios’. Essa expressão foi usada por Jesus Cristo em Lucas 21.24: ‘...Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem’. Os tempos dos gentios teve início com as invasões de Nabucodonosor em Jerusalém a partir de 606 A.C. Em uma dessas invasões, em 597 A.C., ele destronou do trono de Israel, o rei da linhagem messiânica, Joaquim e em 587 A.C. destruiu o templo e a cidade de Jerusalém. Sabemos que o ‘trono de Israel’ é chamado nas Escrituras de ‘trono do Senhor’ (1º Rs 9.5; 1º Cr 29.23), então, Israel era considerado como reino do Senhor (1º Cr 28.5; 2º Cr 13.8). Portanto, quando Nabucodonosor destronou Joaquim do trono do reino do Senhor, o governo de Deus deixou de ter um representante neste mundo, pois, Jerusalém, destruída, não tinha mais o trono do Senhor e até hoje Jerusalém não representa mais o trono do Senhor. Entretanto, quando terminar os tempos dos gentios, na vinda do rei messiânico, Jesus Cristo, o trono do Senhor será novamente estabelecido em Jerusalém (Jr 3.17; At 1.6,7). O último período dos tempos dos gentios são os simbólicos quarenta e dois meses ou três anos e meio, quando a perseguição contra os remanescentes de Israel, sob as rédeas de Satanás, se intensificará pelas mãos do último reino anticristão (Ap 11.2; 12.17; 13.5,7; Dn 7.25). Porém, no final deste período, os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para todo o sempre, e de eternidade em eternidade (Dn 7.18). Através da interpretação do sonho da estátua, Daniel descreve a sucessão de reinos que governarão durante todo o período dos tempos dos gentios até o estabelecimento definitivo do reino de Deus. “A cabeça de ouro” (Dn 2.32a). Daniel se referindo ao reino de Nabucodonosor, Babilônia, disse: ‘tu és a cabeça de ouro’ (Dn 2.38). 39


Sabemos que antes do império da Babilônia houve o império do Egito e o império da Assíria que conforme podemos entender pelas profecias do Apocalipse são impérios que também compõem os reinos da Besta. Na verdade, são sete impérios mundiais representados pelas sete cabeças da Besta do Apocalipse (Ap 13.1,2; 17.9,10), porém, Daniel, em suas visões, começa a partir do quinto império, a Babilônia, e, João, ainda, falará do oitavo reino, que é exatamente o reino do Anticristo (Ap 17.11-14). Então, vamos começar por Babilônia. Conforme fontes fidedignas Babilônia significa ‘portão de deuses’, localizava-se na região da Suméria, que em nossas Bíblias é chamado de Sinar ou Sinear (Gn 10.10; Dn 1.2), na mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, dentro do atual território do Iraque, cerca de 80km de Bagdá e 870km de Jerusalém.

Conforme o livro de Gênesis, o fundador da Babilônia foi Ninrode que na época recebeu o nome de Babel porque ali o Senhor confundiu as línguas dos homens quando ele tentou construir uma torre (Gn 10.8-10; 11.1-9). Ninrode, descendente de Cão, filho de Noé, não só fundou o reino da Babilônia como também fundou o reino da Assíria (Gn 10.10,11).

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Vamos ler Gênesis 10.6-11: ‘Os filhos de Cão: Cuche, Mizraim, Pute e Canaã... Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra. Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive...’. Desde, então, esses dois reinos disputava o domínio, até que em 900 A.C., Assíria derrota Babilônia e inicia o Império Assírio que durou até 627 A.C. quando, então, a Babilônia, derrota os assírios, e novamente começa a dominar aquela região, dando início o império da Babilônia. Com a morte de Assurbanipal, ‘o grande Asnapar’ de Esdras 6.9, último rei da Assíria em 627 A.C., Nabopolassar (625605 A.C.) se tomou rei da Babilônia e rapidamente inicia suas conquistas contra a Assíria, e em 612 A.C., toma a cidade de Nínive, capital da Assíria, e estabelece seu império. Em 606 A.C., seu filho, Nabucodonosor ao torna-se herdeiro do trono de Babilônia, vence o Egito (Jr 46.2; 2º Rs 24.7), e invade Jerusalém, levando para Babilônia alguns nobres da linhagem real de Judá (Dn 1.1-3). Alguns desses nobres, como vimos na palestra anterior, foi Daniel e seus companheiros. Em 16 de março de 597 A.C., Nabucodonosor invade Jerusalém novamente e leva Joaquim rei de Judá cativo para Babilônia e muitos judeus (2º Rs 24.11-13). E por último em 587 A.C., invade Jerusalém pela terceira vez, e destrói o templo, a cidade e seus muros (2º Cr 36.17-20). Nesse mesmo ano, Nabucodonosor invade a cidade de Tiro e a cercou por treze anos por volta de 587-574 A.C. (Ez 29.18). Para não estender muito a história, quero, apenas, citar os nomes de alguns reis que reinaram na Babilônia.

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Nabucodonosor (606-562 A.C.) ampliou e embelezou a cidade da Babilônia (Dn 4.29,30). Após um longo reinado de 43 anos, seu filho, Evil-Merodaque (562-560 A.C.) assume o trono. No primeiro ano de seu reinado, Evil-Merodaque libertou Joaquim, rei de Judá, da prisão (2º Reis 25.27-30; Jr 52.3134). Esse tratamento com Joaquim, ajudou preservar a descendência do Messias na Babilônia. Quando os judeus voltaram para sua terra, seu governador era Zorobabel, nascido na Babilônia e descendente do rei Joaquim ou Jeconias (Ed 2.1,2; Ag 2.2,23; Mt 1.11,12). Evil-Merodaque foi assassinado por seu cunhado Nerglissar (provavelmente Nergal-Sarezer que aparece como oficial babilónico, Jr 39.13), que, em seguida, tomou o trono. Nergal-Sarezer era genro e oficial de Nabucodonosor, deu um golpe de Estado e reinou de 559-556 A.C. Depois reinou Labasi-Marduque, outro filho de Nabucodonosor, que foi reconhecido como rei apenas por dois meses, maio-junho 556 A.C., numa parte da Babilônia, até ser derrubado por Nabonido. 42


Nabonido, outro genro de Nabucodonosor, e último rei da Babilônia, a governa por quase 20 anos (556-539 A.C.). No terceiro ano do seu reinado, Nabonido coloca seu filho, Belsazar como seu coregente (Dn 5.1,2,16,17). Os críticos duvidavam do relato histórico de Daniel acerca do rei Belsazar, haja visto que não havia confirmação histórica, até que os arqueólogos encontraram uma inscrição cuneiforme em um dos cilindros de argila que incluía uma oração feita pelo rei babilônio Nabonido a favor de “Bel-sar-ussur [também conhecido como Belsazar], meu filho mais velho”. Até, então, a Bíblia era a única fonte acerca da existência de Belsazar, e ela é tão fiel em seu relato que coloca Belsazar na segunda posição em relação ao reino da Babilônia, pois, seu pai era o primeiro. Isso é visto quando Belsazar oferece a Daniel, para interpretar a escrita na parede do seu palácio, a terceiro posição no seu reino, pois ele era o segundo e seu pai o primeiro (Dn 5.16). Nessa época, Nabonido estavam em viagem militar tentando dominar a Arábia. E foi exatamente durante o governo de Belsazar na Babilônia que os medos e persas, sob o general Dario, invadiram a Babilônia. A queda do império babilônico aconteceu em 539 A.C., e foi relatado em Daniel 5.2531. Os profetas que profetizaram a queda de Babilônia foram: Isaías 13.1720; 14.4-6 e Jeremias 50.1-3,13; 51.11,58.

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Enquanto Belsazar bebia e blasfemava contra Deus, conforme Heródoto, houve um desvio no leito do rio Eufrates, que passava por baixo das altas muralhas da Babilônia, o que inutilizou as defesas e permitiu que os invasores marchassem pelo leito seco do rio e entrassem na cidade durante a noite. Belsazar foi morto (Dn 5.30). Dezesseis dias mais tarde, em 29 de outubro de 539 A.C., o próprio Ciro, rei da Pérsia, entrou na cidade, em meio a grande aclamação popular e reivindicou para si o título de “rei da Babilônia”, e estabelece Dario como governante da cidade da Babilônia (Dn 9.1). E assim inicia o Império da Pérsia. “O peito e os braços de prata”. Daniel 2.39 diz: ‘E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu’. Esse reino é império Medo-Persa. O teólogo Elienai Cabral disse que ‘os dois braços ligados pelo peito representam a união dos Medos e dos Persas’ (3ª Lição, 4º Trim/2014). Média e Pérsia localizava-se na área que hoje é ocupada pelo Irã e o Afeganistão.

Em épocas anteriores ambas eram rivais, mas em 550 A.C., quando Ciro, rei da Pérsia, dominou a Média, daquele ponto em diante, a Média se uniu com a Pérsia para formar o Império Medo-Persa. E ambos derrotaram a Babilônia em 539 A.C. (Dn 5.30).

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Esse império duplo foi profetizado por Daniel em visão. Vamos ler Daniel 8.1,3,20: ‘No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceume uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio. E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia’. Por ser um reino formado por duas nações a constituição desse império era chamada de ‘lei dos medos e dos persas’ (Dn 6.8). Ao assumir o trono, Ciro empossou Dario, o medo, também chamado Gubaru, como rei sobre os caldeus (Dn 5.31; 9.1 [Assuero Astíages]), e libertou os judeus do seu cativeiro. Tanto a duração do cativeiro dos judeus pelos babilônicos, a queda da Babilônia e a libertação por intermédio de Ciro foram profetizadas como também a restituição dos vasos sagrados e a ordem para reedificar Jerusalém e o templo. Tais profecias foram proferidas muitos anos antes dos acontecimentos, até mesmo antes do nascimento de Ciro. Vamos ler Jeremias 25.11,12: ‘E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniquidade, e a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas’. Jeremias 29.10: ‘Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar’. Jeremias 27.21,22: ‘Assim, pois, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca dos utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém. À Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que eu os visitarei, diz o Senhor; então os farei subir, e os tornarei a trazer a este lugar’. E Isaías 44.28-45.1: ‘Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado. Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão’. Essa profecia de Isaías foi proferida 150 anos antes de Ciro! Os críticos da Bíblia ficaram tão abismado diante dessa profecia que disseram que quem escreveu o livro de Isaías foram dois Isaías, o primeiro viveu na 45


época do rei Ezequias (716-687 A.C.), chamado de Proto-Isaías, e escreveu os capítulos 1 ao 39. E o segundo Isaías, chamado de Dêutero-Isaías, viveu depois de Ciro, escreveu os capítulos 40 até 66. Nós seguimos a tradição judaico-cristã que crer em um único escritor, aquele que viveu na época do rei Ezequias. Meus irmãos, eu amo as Escrituras! E quanto mais o tempo vai passando, mais o meu amor pelas Escrituras aumenta. A Bíblia mata a cobra, e mostra o pau. Vamos ler o cumprimento dessas profecias em Esdras 1.1-3 e 5.1216: ‘No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca de Jeremias), despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do Senhor Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém. Mas depois que nossos pais provocaram à ira o Deus dos céus, ele os entregou nas mãos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, o caldeu, o qual destruiu esta casa, e transportou o povo para Babilônia. Porém, no primeiro ano de Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro deu ordem para que esta casa de Deus se reedificasse’. Esse fato histórico não foi apenas registrado na Bíblia, também foi registrado nos anais históricos. Naquela época já existiam escribas que registravam as crônicas dos reis. Os arqueólogos encontraram documentos chamados de Cilindro de Ciro que era um cilindro de argila, em grafia cuneiforme, considerado hoje como a Primeira Declaração dos Direitos Humanos. Dentre vários fatos registrados narra a derrota da Babilônia, a restauração de santuários religiosos e a repatriação dos povos deportados, dentre eles os judeus. Informações Adicionais: O Império da Média-Pérsia durou mais de 200 anos de 539 A.C. a 331 A.C. Durante esse período alguns de seus reis foram: Ciro, o Grande (539530 A.C.) fundador do império pérsico. Dario, o medo (539-525 A.C.), também chamado de Gubaru ou Gobrias, foi constituído vice-rei por Ciro sobre Babilônia, e reinou 46


juntamente com Ciro (Dn 5.31; 6.28; 9.1; 11.1). Dario colocou Daniel como um dos seus presidentes (Dn 6.1,2). Cambises (531-522 A.C.), seu nome não aparece nas Escrituras, mas indiretamente é citado em Daniel 11.2 como o primeiro dos três reis da Pérsia. O reinado de Cambises deu-se no período da oposição pagã à construção do segundo templo (Ed 4.5). Cambises suicidou-se sem deixar nenhum herdeiro. Gaumata (522 A.C.) usurpou o trono, mas foi assassinado imediatamente. Dario I, filho de Histaspes, que assassinou Gautama, governou a Babilônia e a Pérsia de 521 a 486 A.C. conhecido por Dario, o Grande, foi ele quem confirmou o decreto de Ciro e ordenou a continuação da construção do templo (Ed 4.24; 6.12-15). Esse é o Dario, rei da Pérsia, de Esdras capítulos 5 e 6 e nos livros de Ageu e Zacarias (Ag 1.1,15; 2.10; Zc 1.1,7; 7.1). Xerxes I (486-465 A.C.) também chamado de Assuero, filho de Dario I (não confundir com o Assuero de Dn 9.1). Esse é o Assuero que casou-se com Ester (Et 1.1-4). Seu nome também aparece em Esdras 4.6. Ele é o quarto rei da Pérsia, de Daniel 11.2, que ‘acumularia grandes riquezas’. Durante o seu reinado, Hamã tentou eliminar todos judeus que habitavam em Susã. O reinado de Assuero terminou abruptamente em 465 A.C., quando foi assassinado em sua cama. Artaxerxes I Longímano (464-424 A.C.). Filho de Xerxes I ou Assuero. Artaxerxes foi generoso para com os judeus em geral e para com Esdras e Neemias, em particular. Esdras veio para Jerusalém em 458 A.C., no sétimo ano de Artaxerxes I (Ed 7.6,7; 8.1), e Neemias em 445 A.C., no vigésimo ano do mesmo reinado (Ne 2.1). Trata-se de Artaxerxes dos livros de Esdras e Neemias (4.7-23; 7.1-10.44; Ne 2.1; 5.14; 13.6). Foi o decreto de Artaxerxes em 445 A.C. que permitiu a volta de Neemias para Jerusalém como governador do estado judaico e reconstruir os muros e a fortificação (Ne 2), que segundo alguns intérpretes, marcou o começo das setenta semanas de Daniel 9.24-27. 47


Depois vieram os seguintes reis: Dario II (424-404 A.C.) – [Ne 12.22], Artaxerxes II, Mnemom (404-359 A.C.) Artaxerxes III, Ocos (358338 A.C.), Arses (337-336 A.C.), Dario III, Codomano (335-331 A.C.).

“Ventre e os quadris de bronze”. Diz Daniel 2.39: ‘...e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra’. Conforme a visão de Daniel 8.20-22, o quarto reino é a Grécia, cujo império seria divido em quatro reinos. Após derrotar a Média-Pérsia, Alexandre Magno fundou o Império da Grécia, porém seu reinado durou apenas 8 anos de 331-323AC.

Pois Alexandre morreu subitamente e seu império foi dividido entre seus quatro generais: Ptolomeu ficou com o Egito, chamado de rei do Sul nas profecias de Daniel 11; Seleuco ficou com a Síria chamado de rei do Norte nas profecias de Daniel 11; Lisímaco, ficou com a Macedônia e Cassandro ficou com a Ásia Menor. Vamos ler Daniel 11.3,4: ‘Depois se levantará um rei valente [Alexandre Magno], que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver. Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não 48


para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles’.

Israel ficou sob o domínio dos Ptolomeus de 323 a 198 A.C. e depois ficou sob o domínio dos selêucidas de 198 a 63 A.C, dentro desse período houve a revolta dos macabeus contra Antíoco Epifânio. “As pernas de ferro”. Segundo Daniel 2.40 as pernas de ferro representam ‘o quarto reino [que] será forte como ferro, pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo’. Este quarto reino aparece em Daniel 7.7 na forma de um ‘animal, terrível e espantoso, e muito forte’ que tinha dez chifres. A cidade de Roma foi fundada em 754 A.C. em sete colinas. Em 241 A.C., os romanos derrotaram os cartagineses e ocuparam a ilha da Sicília. Em 218 A.C., as legiões romanas fizeram sua entrada na Espanha. Em 202 A.C., os romanos conquistaram Cartago. Em 146 A.C., eles tomaram a cidade de Corinto. Em 63 A.C., Pompeu ocupou a Palestina. Em 30 A.C., Marco Antônio incorporou o Egito ao território romano. O império romano experimentou dois séculos de glória e esplendor (Daniel - Um Homem Amado no Céu - Hernades Dias Lopes - pags. 93).

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Em 70 D.C., os romanos invadem Jerusalém, destrói a cidade e o templo, faz uma grande carnificina e muitos judeus são dispersos conforme as profecias de Jesus Cristo (Lc 21.20-24; Mt 24.1,2).

Em 476 D.C., os bárbaros puseram fim ao império romano no Ocidente, e, em 1453 D.C., os turcos ocuparam a cidade de Constantinopla, e o império romano no Oriente se desintegrou (Daniel - Um Homem Amado no Céu - Hernades Dias Lopes - pag. 94).

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“Os pés de ferro e barro”. Daniel 2.41 diz: ‘E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido’. Esses dez dedos da estátua apontam para os dez chifres do quarto animal, e que segundo a profecia seria dez reinos que se levantaria do império romano (Dn 7.24). O Império Romano foi desintegrado pelos povos bárbaros que se transformaram em reinos e depois nas nações europeias. Essas nações europeias se unirão ao Anticristo, o chifre pequeno, para fazer guerra contra o Cordeiro e seus santos (Ap 17.10-14; Dn 7.8,20,21,24,25).

Segundo a profecia ‘nos dias desses reis [as nações europeias], o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre’ (Dn 2.44). 51


Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 02 de Novembro de 2014 Deus Abomina a Soberba O que é soberba? ‘O conceito admite muitos sinônimos que refletem atitudes e atos, como orgulho, arrogância, presunção, prepotência, ostentação, vaidade e auto-satisfação’ (Enciclopédia da Bíblia - Cultura Cristã - Vol. 4, pag. 677). Soberba é se sentir superior, autoconfiança exagerada; uma pessoa soberba é uma pessoa egoísta, pois, ela só pensa em si mesmo, e busca apenas seus próprios benefícios. Segundo o Dr. Elienai Cabral o soberbo perde ‘o senso da autocritica’ e passa a agir de uma maneira irracional. Diz também que ‘a soberba cega’ a pessoa e a ‘afasta de Deus’, trazendo ‘ruína’ (5ª Lição, 4º Trim/2014). Tem um provérbio que diz que ‘a soberba precede a ruína’ (Pv 16.18). Tendo definido o que é a soberba, vamos agora ver o que provoca a soberba. O que leva uma pessoa a se ensoberbecer. Tem muitas causas, mas quero apenas citar algumas, principalmente as que levou o rei Nabucodonosor a se ensoberbecer. Portanto, o rei da Babilônia, Nabucodonosor, será tomado como exemplo de um homem soberbo e que teve que aprender o caminho da humildade. Baseado no capítulo 4 de Daniel irei desenvolver esse assunto sobre a soberba. Evidentemente que nas Escrituras Sagradas existem muitos outros exemplos de pessoas soberbas, que poderíamos tomar como lição, começando por Lúcifer que desencadeou toda essa cambada de soberbos. Entretanto, vamos nos restringir em Nabucodonosor. Primeiro, a religiosidade provoca soberba. Veremos esse espírito soberbo de religiosidade em Nabucodonosor. O rei Nabucodonosor era altamente religioso. Não era um cético. Havia na Babilônia mais de 2 mil deuses e 50 templos para adoração desses deuses. Não havia justificativa para dizer: ‘Não prático a minha adoração por falta de templo’. Havia 50 alternativas para o adepto prestar culto. A Babilônia é considerada o berço da idolatria e do paganismo. A religião pagã teve origem na torre de Babel em Gênesis 11 e o livro do Apocalipse toma a Babilônia como a mãe do paganismo. O principal deus da Babilônia era Marduque, também, chamado Bel ou Merodaque (Jr 50.2). Havia uma imagem de Marduque que pesava 22.500 kg de ouro. 52


Nabucodonosor era um devoto fiel de Marduque. Marduque era o principal deus da Babilônia, ele encabeçava o panteão dos deuses. Nabucodonosor colocou o nome de seu filho primogênito de EvilMerodaque ‘homem de marduque’, e a Daniel ele chamou de ‘Beltessazar, cujo significado é ‘Bel proteja o rei’. Vamos ler Daniel 4.8: ‘Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos...’. Nabucodonosor era tão fanático que quis implantar sua religiosidade, de modo obrigatório, nos judeus. Ele sabia que os judeus adoravam apenas o único Deus que não era representado por imagem. Ele tentou aculturar os judeus nos costumes babilônicos e implantar neles a sua religião idólatra. Por exemplo, Nabucodonosor trocou os nomes dos hebreus em homenagem aos seus deuses (Dn 1.7). Aqui já começa a tentativa de lavagem cerebral nos hebreus. Daniel que significa ‘Deus é meu juiz’, recebeu o nome de ‘Beltessazar’ que significa ‘Bel proteja o rei’. Hananias que significa ‘Jeová é misericordioso’ foi chamado de ‘Sadraque’ que significa ‘iluminado pela deusa do sol’. Misael cujo nome significa ‘quem é como Deus?’ Foi trocado por ‘Mesaque’ que significa ‘quem é como Vênus?’. E Azarias que significa ‘Jeová ajuda’ foi chamado de ‘Abednego’ que significa ‘servo de Nego’. A maioria dos nomes hebreus invocavam o Nome do único Deus. Todas as vezes que lemos nas Escrituras do Antigo Testamento o nome de alguém começado por ‘J’ saiba que ali significa ‘Jeová ou Javé’. Todos os nomes que começam por ‘El’ ou terminam com ‘el’ é o termo hebraico para ‘Deus’ e todos os nomes que terminam com ‘ias’, como ‘Isaías, Hananias, Azarias’ é a abreviação do tetragrama divino que traduzimos por ‘Jeová ou Javé ou Yaweh’. Por exemplo, no nome ‘Joel’ temos o ‘J’ de ‘Jeová’ e o ‘el’ de ‘Deus’ dando o significa de ‘Jeová é Deus’. No hebraico não existe a letra ‘J’ de modo que todos os nomes que começam por ‘J’ no hebraico é ‘Y’ a primeira consoante do tetragrama divino: YWHW. Assim também os pagãos homenageavam seus deuses ao colocar seus nomes nos seus filhos. O nome ‘Nabucodonosor’ significa ‘Nabu tem protegido minha herança’. Nabu era um deus da Babilônia. Nabucodonosor não só era um religioso fanático, mas também um religioso soberbo. Em Daniel 3, Nabucodonosor levantou uma estátua de ouro e exigiu adoração exclusiva de todos sob ameaça de morte (Dn 3.3-5). Ele não queria saber qual era a religião de seus súditos, se permitia prestar cultos a outras imagens ou não. Pelo contrário, ele decretou um edito ordenando adoração de todos. E ficou furiosamente irado com os hebreus por não adorarem os seus deuses (Dn 3.12,13), e os lançou na fornalha ardente (Dn 3.19-23). 53


Em sua soberba, Nabucodonosor esquecera que ele era apenas ‘um servo’ e ‘um instrumento’ de Deus. Cito as palavras do Pr. Elienai Cabral: ‘Nabucodonosor reinou na Babilônia no período de 605 a 562 a.C. Foi um rei que Deus, dominador de todas as nações do mundo, levantou para um desígnio especial, permitindo que o seu reino prosperasse e crescesse em extensão. O profeta Jeremias diz que Deus chamou a Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 25.9). Na verdade, Nabucodonosor foi o instrumento divino de punição do povo de Deus. Israel foi castigado por ter abandonado o Senhor e tomado o caminho da idolatria e dos costumes pagãos’ (5ª Lição, 4º Trim/2014). Entretanto, segundo ‘o pastor Matthew Henry, Nabucodonosor foi o rival mais ousado da soberania do Deus Supremo do que qualquer outro mortal jamais pudesse ter sido’ (5ª Lição, 4º Trim/2014). O Deus supremo, que é o Rei de todas as nações, por livre vontade, quis levantar Nabucodonosor para castigar o Seu povo. Ninguém pode questionar a soberania de Deus! Todavia, Nabucodonosor atribuiu todas as suas façanhas militares, não ao Deus dominador das nações, mas a Marduque. Entretanto, Daniel disse: ‘Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade’ (Dn 5.18). Sendo apenas ‘servo’ e ‘instrumento’ se opôs ao próprio Deus. Bem, baseado no exemplo de Nabucodonosor, a religião pode causar soberba no religioso. Eu não acredito que exista uma coisa mais sutil que leve a pessoa a se tornar soberba do que a religião. Isso acontece quando a própria religião se torna uma satisfação em si mesmo para o religioso. A religião se torna no próprio deus da pessoa. Vamos ler um texto que mostra que mesmo uma religião verdadeira pode produzir soberba no devoto. Isso aconteceu com a nação de Israel quando sua religião se tornou uma satisfação em si mesmo. Os judeus não adoravam mais a Deus em sua religião, mas mesmo assim, sentiam, orgulhosamente, satisfação em sua própria religião. O texto de Isaías mostra as características de uma religião satisfatória em si mesmo. O texto se encontra em Isaías 1.11-17: ‘De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as suportar. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de 54


sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas’. Meus irmãos, vejam que a religião pode se tornar um laço ao próprio religioso, quando ele pensa que o mais importante é suas liturgias religiosas, e se esquece do amor ao próximo. Por isso que a religião soberba produz uma devoção hipócrita. Sobre a hipocrisia está escrito em Mateus 15.7-9: ‘Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens’. O religioso soberbo é aquele que se orgulha porque faz orações e porque frequenta os cultos todos os domingos. Ele não deixa de dar o dízimo, entretanto, se gloria por causa disso. Em Lucas 18.1-14, Cristo narra a história de um religioso soberbo e de um pecador humilde. Qual foi a oração do religioso soberbo? ‘Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo...’. ‘...dou os dízimos de tudo’ até da semente do cominho (Mt 23.23). A semente do cominho é do tamanho, digamos assim, da semente da pimenta do reino. O religioso soberbo hipócrita conta semente por semente – ‘uma, duas, três...’ quando chega na ‘décima’, ele levanta e diz: ‘essa é do Senhor. Bendito seja o Senhor’. Mas qual foi a oração do publicano? ‘Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!’. Então, Cristo conclui: ‘Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado’ (Lc 18.14). Irmãos, não adianta virmos com essa balela e com essa conversafiada para Deus. Daniel, em oração, disse: ‘A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto...’ (Dn 9.7). Não apenas liturgias religiosas pode produz uma soberba hipócrita, mas também a religião soberba produz santarrice, quer dizer, a pessoa condena a outra por se considerar mais santa (Mt 7.1-5). Em Mateus 23.24,25 lemos: ‘Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! 55


Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniquidade’. De modo que a religião soberba produz uma falsa espiritualidade. Os fariseus hipócritas se enfunavam: ‘...esta multidão, que não sabe a lei, é maldita’ (Jo 7.48,49). E pior ainda a religião soberba quer encaixotar, bitolar, monopolizar e privatizar Deus em seu tacanho denominacional. O religioso soberbo considera a sua igreja evangélica ou seita cristã como a única igreja de Jesus Cristo. No entanto, nenhuma denominação religiosa pode isoladamente se autoconsiderar a única igreja verdadeira, pois todas têm seus equívocos teológicos e intepretações particulares. Na verdade, desde que a apostasia descaracterizou a igreja dos apóstolos, os santos fiéis espalhados em todas as igrejas evangélicas são os remanescentes do povo de Jesus Cristo. Segundo, a intelectualidade pode tornar-se causa de soberba nas pessoas. Nabucodonosor se gloriava da cultura da Babilônia (Dn 1.4). Os babilônicos desenvolveram a escrita cuneiforme, a matemática, arquitetura, a legislação, a astronomia e muitas outras coisas no campo do conhecimento humano. Nabucodonosor se cercou dos mais sábios, magos e astrólogos para decifrar e resolver todos os problemas do seu império (Dn 2.2). Porém, Nabucodonosor teve que aprender que todo conhecimento da Babilônia era insuficiente para decifrar os mistérios de Deus (Dn 2.1012,27,28; 4.6,7). No capítulo 4 de Daniel, Nabucodonosor teve um sonho que lhe deixou espantado. Então, ele ordenou que todos os sábios de Babilônia lhes fizessem saber a interpretação do sonho, mas nenhum soube dar a sua interpretação (Dn 4.4-7). O sonho dizia a respeito de uma árvore, no meio da terra, que cresceu muito, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra; cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu. Entretanto um anjo santo vigilante, que descia do céu, disse: ‘Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos’ (Dn 4.10-17, 20-23). Nenhum dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores, com todas suas sabedorias, foram capazes de interpretar esse sonho. Apenas Daniel, em que há o Espírito de Deus, pode lhe dar a interpretação (Dn 4.8,18). O sonho era uma advertência contra Nabucodonosor por sua soberba. Daniel lhe disse: ‘A árvore que viste... És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio 56


até à extremidade da terra’ (Dn 4.20,22). Toda essa grandeza da Babilônia levou o rei a se ufanar pela força do seu poder e pela glória do seu reino. Por isso que foi ordenado: ‘Cortai a árvore, e destruí-a... até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer’ (Dn 4.23,25). Fazendo uma aplicação dessa soberba intelectual babilônica afirmo que o conhecimento pode causar soberba no teólogo. Vamos ler 1ª Coríntios 8.1-3: ‘No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica. Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber. Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele’. O conhecimento intelectual pode causar soberba. E é tão perniciosa a soberba causada pelo conhecimento que mesmo que a pessoa não domine determinado assunto, mas por pensar que sabe, se considera senhor do saber. O teólogo soberbo se considera o dono da verdade, ele pensa que detém a chave da interpretação bíblica. Ele pensa que somente a sua opinião é a interpretação verdadeira das Escrituras, não quer analisar outra opinião. Em Lucas 11.52, Cristo condena os soberbos intelectuais dizendo: ‘Ai de vós, peritos na lei, porque se apoderaram da chave do conhecimento. Vós mesmos não entraram e impediram os que estavam prestes a entrar!’. O teólogo soberbo não se dispõe a aprender daquele que tem menos conhecimento do que ele. Ele diz: ‘Eu sou doutor em divindade. O que é que eu vou fazer na escola dominical? O que aqueles professorzinhos têm para me ensinar?’. Outros não tem a humildade de aprender porque afirmam que recebem o ensino diretamente do Senhor por revelação. Entretanto, todos têm que aprender uns dos outros, pois é expondo nossos argumentos diante dos irmãos que seremos examinados por todos, como está escrito: ‘falem... e os outros julguem... uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados’ (1ª Co 14.29,31) e ‘examinai tudo. Retende o bem’ (1ª Ts 5.21). Como saberemos que realmente nossos argumentos são coerentes com a verdade, a não ser expondo-os para que outro irmão lance luz sobre nossos argumentos. Lemos em Romanos 12.3,16: ‘Digo a todos vocês que não se achem melhores do que realmente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respeito de vocês mesmos. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos’. Isso confere com Provérbios 3.7; 26.12: ‘Não sejas sábio a teus próprios olhos... Tens visto o homem que é sábio a seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele’. O profeta Isaías denunciou: ‘Ai dos que são sábios a seus próprios olhos’ (Is 5.21). 57


O teólogo soberbo está morto na letra das Escrituras. Em 2ª Coríntios 3.6 está escrito: ‘O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica’. Isso não significa que o curso de teologia é prejudicial a vida espiritual do cristão, mas o orgulho em possuir cursos teólogos torna o coração do teólogo morto e inchado. O teólogo soberbo precisa humildemente reconhecer que o conhecimento bíblico é fornecido por Deus, e não por sua capacidade intelectual. Quem é que dar o conhecimento, a revelação, o entendimento e a interpretação correta do texto? É Deus através do Espírito Santo. Entretanto não podemos dizer: ‘Eu não aprendo com ninguém. Eu só aprendo com o Espírito Santo’. Pois o Espírito Santo nos ensina através das pessoas. Daniel era um homem muito sábio, digamos assim, um teólogo, mas humildemente, reconheceu que recebeu de Deus o entendimento correta do sonho de Nabucodonosor quando disse: ‘Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força... ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos... Ele revela o profundo e o escondido... Ó Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei’. Daniel, apesar de ser ‘mais douto do que todos os magos astrólogos que havia em todo o reino’ (Dn 1.20), não se tornou soberbo dizendo aos seus companheiros: ‘Eu sou o cara. Vocês vão ver daqui um pedacinho Nabucodonosor vai me procurar. Porque ele sabe que eu resolvo o negócio’. Pelo contrário, a Escritura diz que Daniel, diante do sonho da árvore que foi cortada, ficou ‘atônito por uma hora, e os seus pensamentos o turbavam’ (Dn 4.19). É interessante que o texto diz: ‘Deus dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos’ (Dn 2.21). Não é o caso em dizer: ‘Eu não leio, não estudo, não faço pesquisa, porque Deus me dá por revelação’. Ora, se Deus dar conhecimento aos entendidos, então isso significa que a pessoa está buscando o conhecimento e procurando compreender e entender. E é nesse processo de busca, de queima de pestana (Pv 6.4), que Deus traz a luz do entendimento das Escrituras. Terceiro, outra coisa que produz soberba nas pessoas é a prosperidade. Nabucodonosor era um rei próspero, rico e poderoso. Em Daniel 2.37,38 está dito acerca dele: ‘Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro’. Não havia nenhum rei semelhante a Nabucodonosor, até mesmo os poderosos faraós do Egito estavam debaixo do tacão de Nabucodonosor. A 58


cidade de Babilônia, na época de Nabucodonosor, era a poderosa Babilônia. O profeta Isaías registrou que ela dizia de si mesmo: ‘Eu o sou, e fora de mim não há outra’ (Is 47.8). Roma nessa época era uma região habitada por camponeses em cabanas, a grande Nínive dos assírios estava totalmente destruída e a cidade de Jerusalém, a glória dos judeus, os caldeus a acabaram. Em Daniel 4.4, Nabucodonosor disse: ‘Eu, Nabucodonosor, estava sossegado (excessivamente confiante) em minha casa, e próspero no meu palácio’. Sabe uma pessoa, cuja a conta bancária está recheada, ela está tranquila. Assim se sentia Nabucodonosor. O rico e soberbo Nabucodonosor não atendia os pobres do seu império, era um ditador e agia com abuso de autoridade. Encontramos isso no conselho de Daniel a ele em Daniel 4.27: ‘Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue a tua tranquilidade’. Quando Daniel chama a atenção do rei para os pobres significa que ele não se importava com os pobres. Ele sungava os pobres, e depois os descartava. Vocês sabem que naquela época as construções eram pesadas e desgastantes. Muitos homens desfaleciam no trabalho carregando pesados blocos de pedras e suas famílias não eram indenizadas. Essa palavra ‘justiça’ no hebraico é ‘tsedacá’ que significa também ‘fazer caridade ou dar esmola’. Ser justo não é apenas ser honesto em seus negócios ou ser um cidadão que cumpre com seus deveres, mas também é atender os carentes. Está escrito: ‘Ele espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre’ (Sl 112.9). Sobre o abuso de autoridade de Nabucodonosor, lemos em Jeremias 29.22: ‘E todos os transportados de Judá, que estão em Babilônia, tomarão deles uma maldição, dizendo: O Senhor te faça como Zedequias, e como Acabe, os quais o rei de Babilônia assou no fogo’. Lemos também em Daniel 5.19: ‘E por causa da grandeza, que [Deus] lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria conservava em vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia’. Daniel teve a coragem de dizer a Nabucodonosor: ‘põe fim aos teus pecados e às tuas iniquidades, praticando a justiça’. Falando sobre esse texto, o comentarista Elienai Cabral nos desafia dizendo: ‘Será que temos coragem de fazer o mesmo diante dos poderosos dessa terra?’ (5ª Lição, 4º Trim/2014). A igreja não precisa de políticos para defender nossos interesses, a igreja tem voz profética e deve condenar as práticas de abusos praticadas pelas autoridades. Ela possui o Espírito de profecia (Ap 19.10) e como está 59


escrito: ‘Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis’ (Ap 10.11). Nabucodonosor se gloriava da grande cidade da Babilônia. Lemos isso em Daniel 4.29,30: ‘Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?’. Conforme Isaías 13.19, a cidade da Babilônia era considerada ‘o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus’. Contudo, O soberbo rei Nabucodonosor não sabia que sobre Babilônia pesava a sentença de destruição. Os próprios profetas como Isaías, Jeremias, Habacuque e outros que profetizaram que Nabucodonosor iria castigar o povo de Deus também profetizaram que depois Deus iria castigar Babilônia. Deus não tem duas medidas e dois pesos. Ele castiga o seu povo por cometer impiedades, mas também castiga as nações ímpias. Nabucodonosor se gloriava em algo que estava fadado à destruição. Assim está escrito: ‘Babilônia se tornará em montões, morada de chacais, espanto e assobio, sem que haja quem nela habite. Ainda que Babilônia subisse aos céus, e ainda que fortificasse a altura da sua fortaleza, todavia de mim virão destruidores sobre ela, diz o Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os largos muros de Babilônia serão totalmente derrubados, e as suas altas portas serão abrasadas pelo fogo’ (Jr 51.37,53,58). Sobre a soberba de Nabucodonosor na prosperidade de Babilônia, podemos dizer que a prosperidade das grandes catedrais evangélicas pode produzir pastores soberbos. E assim pastores soberbos utilizam-se do rebanho para aumento seu patrimônio, sua renda e fortalecer sua instituição eclesiástica. O profeta Ezequiel denuncia que esses pastores soberbos estão interessados apenas em comer a gordura das ovelhas, e se vestir da sua lã, mas não apascentam as ovelhas. Procuram as ovelhas gordas, mas não cuidam das ovelhas fracas, doentes e quebrantadas (Ez 34.2-4). Eles não ligam para as ovelhas desempregadas, pois elas irão contribuir com que. Pastores soberbos ludibriam aos pobres para fazerem campanhas de dinheiro com promessas para melhorarem de vida, em vez de darem assistência social aos pobres. Eles dizem: ‘Faça campanha para você sair da pobreza! Faça campanha para Deus abrir porta de emprego’. Aí o irmão necessitado diz: ‘Eu sei pastor, mas a minha família está passando fome, não temos sequer gás para fazer comida’. Então, ele replica: ‘Vá lá coloque uma oferta no botijão de gás, e Deus vai colocar gás no botijão’. O apóstolo Pedro disse: ‘por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas’ (2ª Pe 2.3). Pastores soberbos pensam que praticar a justiça é apenas realizar suas atribuições eclesiásticas, mas a verdadeira justiça é ajudar os pobres. 60


Pesam que é só pregar, orar, construir templos, realizar casamentos, batismos, funerários e celebrar a ceia, mas se esquecem que praticar justiça também é ajudar os necessitados. Falando com os pastores das congregações, Paulo aconselhou: ‘De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bemaventurada coisa é dar do que receber’ (At 20.33-35). Pois ‘a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção (ganância) do mundo’ (Tg 1.27). Quarto, status sociais, beleza, fama, sucesso e poder também podem provocar soberba. Nabucodonosor era famoso, bem-sucedido e poderoso. Sua fama, sucesso e poder foi representado, em um sonho, por uma árvore no meio da terra, cuja altura atingia o céu (Dn 4.10-12,20-22). O profeta Isaías revela que o soberbo Nabucodonosor queria ir mais longe, seu intuito era o trono do Altíssimo. Assim foi dito acerca dele: ‘Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia, e dirás...: tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo’ (Is 14.4,13,14). O soberbo Nabucodonosor não fazia ideia que toda aquela fama, beleza e sucesso iria fenecer como a flor da erva, quando, então, foi advertido em sonho. O teólogo Elienai Cabral escreveu: ‘O monarca caldeu “viu” também descer do céu “um vigia, um santo” (v.13). Esse vigia clamava forte: “Derribai a árvore e cortai-lhe os ramos... Da mesma forma, Deus destrói os soberbos’ (5ª Lição, 4º Trim/2014). Semelhante a Lúcifer, Nabucodonosor iria ser precipitado por terra. Em Isaías 14.11,12: ‘Já foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão. Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!’. Falando sobre isso Daniel disse: ‘Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória’ (Dn 5.20). Assim também cargos eclesiásticos, sucesso ministerial e experiências espirituais podem produzir ministros soberbos. Não apenas ministros inexperientes podem se tornar soberbos, mas também, ministros maduros e experientes. Sobre ministros inexperientes o texto de 1ª Timóteo 3.6: ‘Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo’. 61


Mas tratando de ministros experientes, o próprio apóstolo Paulo estava sujeito a se ensoberbecer. Em 2ª Coríntios 12.7-9, ele relata essa experiência ao escrever: ‘E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Ministros soberbos buscam, incansavelmente, projeção e promoção cada vez mais. Em Mateus 23.1,2,6,7 lemos: ‘Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus... E amam os primeiros lugares nas ceias e [amam] as primeiras cadeiras nas sinagogas, [amam] as saudações nas praças, e [amam] serem chamados pelos homens de Rabi, Rabi’. Ministros soberbos puxam o tapete de seus companheiros, para galgar posições eclesiásticas. Sobre isso vamos ler 3ª Jo 9,10: ‘Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja’. É um perigo quando ministros cristãos ver o ministério cristão como uma posição de poder, autoridade e domínio. Isso pode leva-los a se ensoberbecer por sentirem super-apóstolos, mas eles estão, na verdade, se tonando ministros do soberbo Satanás (2ª Co 11.13-15). Quero ainda falar sobre: Deus resiste a soberba. Deus resistiu a soberba de Nabucodonosor, lhe humilhado até o chão (Dn 4.15,16,25). Nabucodonosor sofreu, por longos sete meses ou sete anos, de uma doença chamada de ‘insânia zoantrópica’ ou ‘licantropia’ ou ‘boantropia’, ou seja, considerar-se um animal, agir como um animal. As pessoas que sofrem desta terrível enfermidade agem como o animal que imaginam ser e emitem os ruídos que o caracterizam. Diz que Nabucodonosor ‘comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pêlo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves’ (Dn 4.28-33). Aquele rei poderoso que se considerava um deus e exigia ser adorado, Deus colocou na mente dele uma loucura tal que ele pensou que era um boi – ‘eu sou um boi, eu vou comer capim’ – ele desceu do trono, colocou a coroa de lado e foi para o jardim do palácio comer capim e mugir como boi. Muito embora Deus seja o Soberano, ele não exerce sua autoridade arbitrariamente, mas toma suas decisões diante da assembleia celestial. Diz 62


o texto que no sonho Nabucodonosor ouviu a voz de um vigia, um santo, que dizia: ‘Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto’ (Dn 4.13,14). Nós falamos do anjo da guarda que protege e livra, mas também existe o anjo vigilante que registra os atos dos homens nos livros celestiais. Esses anjos participam das decisões tomadas na assembleia celestial diante do Altíssimo. Daniel interpretou que a sentença da queda de Nabucodonosor foi ‘por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos [anjos]’ (Dn 4.17). Falando sobre essa assembleia celestial, o Salmo 89.7: ‘Deus é muito formidável na assembleia dos santos, e para ser reverenciado por todos os que o cercam’. E o Salmo 82.1 diz: ‘Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses (anjos)’. Podemos afirmar que o tribunal do juízo de Deus são dois ou três. O juízo em que Deus está julgado, agora, os atos dos homens nesta vida (Sl 35.23,24) e o juízo no vindouro Dia do Juízo quando Deus julgará definitivamente os atos dos homens (Sl 96.13; Sl 99.1). E parece-me que há um juízo preliminar, antes do Dia do Juízo, quando uma pessoa morre, e seu destino é selado (Hb 9.27; Lc 16.22-31). O juízo que está ocorrendo agora, Deus julga tomando decisões com seus anjos na corte celestial chamada de ‘assembleia dos santos’ no Salmo 89.7, e no Salmo 107.32 é chamada de ‘assembleia dos anciãos’. No Apocalipse, esse Tribunal de Justiça aparece como 24 anciãos assentados em tronos (Ap 4.4). Deus tem esse Tribunal, esse Concílio, esse Conselho, essa Assembleia composta por anjos, e Ele toma suas decisões jurídicas diante deste Tribunal. O salmista disse: ‘Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente’ (Sl 9.4). Foi essa assembleia dos santos anjos que julgou a soberba de Nabucodonosor (Dn 4.17), do mesmo modo, também, Belsazar foi sentenciado por esse conselho angelical conforme Daniel 5.27,28: ‘Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas’. Belsazar foi pesado na balança isso significa que ele passou por um julgamento (1º Sm 2.3). Deus não é arbitrário, um ditador e um autocrata. Ele toma decisões em juízo. Esse julgamento na assembleia dos santos ocorre diariamente. Por exemplo, a decisão de destruir Sodoma e Gomorra foi baseado no relato dos anjos que vieram fazer uma vistoria na cidade (Gn 18.20-22). Igualmente, a decisão para a morte do rei Acabe em batalha foi tomando diante da assembleia do Altíssimo (1º Rs 22.19-22). Nesse julgamento temporal, Satanás, também participa como acusador dos santos. Foi em um 63


desses julgamentos que ele acusou Jó, o sumo sacerdote Josué, Pedro e acusa os santos (Jó 1.6-12; Zc 3.1-5; Lc 22.31,32; Ap 12.10). Jesus Cristo age como nosso Advogado (Rm 8.33,34; Hb 7.25; 1ª Jo 2.1). Chegará o tempo em que Satanás será expulso dessa posição de acusador e se tornará réu no julgamento do Dia do Juízo, os santos servos de Deus receberão o reino e participarão desse julgamento vindouro contra o mundo e os anjos caídos (Ap 12.7-11; 20.1-15; Dn 7.22; 1ª Co 6.1,2). Muito embora Deus seja Soberano, ele disciplina amorosamente suas criaturas com intuito de leva-las ao arrependimento (Dn 4.26,34-37). Deus não quis destruir a Nabucodonosor, apenas que ele reconhecesse que o Senhor Deus é o Rei das nações. E ele aprendeu a lição pois lemos em Daniel 4.34: ‘Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração’. ‘Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração’ (Dn 4.3). Por fim, como vencer a soberba? Seguindo conselho do profeta Miquéias: ‘Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?’ (Mq 6.8).

Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 16 de Novembro de 2014 A Integridade de Daniel em Tempos de Crises

Nossa palestra será baseada no capítulo 6 de Deus que fala sobre Daniel na cova dos leões. Nesse episódio, Daniel será novamente provado. E agora, ele não é mais um adolescente de 17 anos, entusiasmado, otimista e cheio de fé, mas um velho, com mais de 80 anos, porém, veremos se na velhice sua fé arrefeceu durante esses longos anos que passou na Babilônia. Possivelmente, já não contava mais com a presença de seus companheiros, pois já haviam falecidos, estava só no meio daquele palácio sombrio, tenebroso e idólatra. Veremos se Daniel permaneceu firme em sua integridade. Daniel foi um homem íntegro em um meio político corrupto. O capítulo 6, começa mostrando que Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6.1-3). Esse capítulo é a transição do império Babilônico para o império Medo-Persa. O Império da Média-Pérsia durou 64


mais de 200 anos desde a queda da Babilônia em 539 A.C. até o surgimento de Alexandre Magno, o Grande, que venceu a Pérsia em 331 A.C. Dario foi colocado no governo da cidade de Babilônia por Ciro. Ciro, o Grande, foi o conquistador da Babilônia e dominou sobre todas as nações que estava debaixo do império babilônico, na verdade, ele estendeu o seu território até a Índia. Dario era seu vice-rei na Babilônia, enquanto, Ciro saia em suas conquistas territoriais. Vimos, em minha palestra anterior, que a região da Pérsia é onde hoje fica o Irã e a Babilônia onde hoje é o Iraque. Então, podemos dizer que Ciro colocou Dario no Iraque, e ele ficou no Irã, onde colocou seu filho, Cambises, como seu corregente. Esse Dario de Daniel 6 não é o mesmo Dario dos livros de Esdras, Neemias, Ague e Zacarias. Seu nome na História, possivelmente, é Gubaru que era um general do exército de Ciro que invadiu a Babilônia. Ficou conhecido por Dario, o medo, filho de Assuero Astíages, para distingui-lo do outro Dario, o Grande, filho de Histaspes. Sabemos que Ciro não destruiu a cidade da Babilônia, ele destruiu o império babilônico, mas a cidade da Babilônia, que era a capital, permaneceu por longos anos, até mesmo durante a época de Alexandre, depois com tempo, foi que a cidade foi sendo invadida, destruída e se acabando e hoje ainda permanece as ruínas da cidade da Babilônia, muito embora, Saddam Hussein, presidente do Iraque, tentou reconstruí-la. Vamos começar lendo Daniel 6.1-3: ‘E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino; E sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes príncipes dessem conta, para que o rei não sofresse dano. Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes presidentes e príncipes; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino’. A primeira ação de Dario, ao assumir o governo da Babilônia, foi dividi-la em 120 províncias ou estados, e nesses estados ele constituiu 120 governadores e para liderar esses governadores ele estabeleceu três presidentes. E Daniel foi escolhido para fazer parte desses três presidentes. Por que o rei Dario resolveu nomear esses 120 governadores e três presidentes? Para que o rei ‘não sofresse dano’ (v.2) ou seja, prejuízos financeiros. Segundo o Comentário Bíblico Beacon o objetivo pode ter sido para ‘assegurar a coleta regular dos impostos e manter um sistema de arrecadação e contabilidade’ (Vol. 4, pags. 518,519). Esses governadores eram responsáveis pela finança do império, isto é, pelo cofre público, os impostos. Esses 120 govenadores prestavam contas aos três presidentes, e os três presidentes prestavam contas ao rei Dario. Pode-se dizer que cada presidente era responsável por 40 províncias. E Daniel se destacava dentre esses presidentes porque ‘tinha um espírito excelente’ (v.3). Segundo o Pr. Severino Pedro da Silva: ‘Aquilo 65


que domina o espírito torna-se atributo de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um “espírito altivo” (Pv 16.18)’ (Daniel Versículo por Versículo, pag.110). Esse ‘espírito excelente’ de Daniel se manifestava em sua integridade, honestidade e fidelidade. Esse era o caráter de Daniel. Vamos analisar o caráter íntegro de Daniel. Daniel não transgredia (comissão) e nem transigia (omissão). Quer dizer, Daniel não só se envolveu com a idolatria da Babilônia, ele não transgrediu o mandamento que diz ‘não terás outros deuses diante de mim’ como também, Daniel não negligenciava seus momentos de oração e devoção a Deus. Ele não se omitia de fazer o que tinha de fazer como servo de Deus. Isso também refletia na sua atitude no governo de Dario, pois Daniel não transgredia as leis do império e nem deixava de cumprir suas atribuições como presidente. Daniel não era soberbo, mesmo assumindo altas posições governamentais (Dn 2.48,49; Dn 4.27). Ele não se estribava no conhecimento que possuía, mas confiava em Deus, pois sabia que Deus era a fonte do seu conhecimento (Dn 1.17; 2.20,21; 5.12). Daniel está entre os homens mais sábios das Escrituras, sendo mais sábio do que seus companheiros judeus, pois tinha a ciência de decifrar mistérios. Daniel não era ganancioso, por isso que seu espírito não estava apegado ao dinheiro ou a cargos. Vimos isso quando ele rejeitou os dotes de Belsazar dizendo: ‘As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro’ (Dn 5.16,17). Uma coisa interessante em Daniel foi que ele foi colocado como chefe dos sábios da Babilônia (Dn 2.48), que incluía os ‘magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores’ (Dn 4.7). Isto é, ele foi ‘constituiu mestre dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores’ (Dn 5.11). Os magos, os astrólogos e os adivinhos lidavam com magia, bruxaria e macumba. Ao grosso modo, podemos dizer que Daniel era o mestre dos macumbeiros, mas não se envolvia com a macumba ou magia (Dn 4.9). Vamos dar um exemplo sobre isso. Um cristão é colocado como líder comunitário no bairro da Codó, no Maranhão, onde há muitos macumbeiros. Você não se envolve com os rituais dos macumbeiros nem frequenta o terreiro, mas trata de assuntos burocráticos, como por exemplo, até que o hora o terreiro pode funcionar, resolver demandas entre os macumbeiros, estabelecer normas, fiscalizar e etc. Daniel era honesto pois sendo responsável pelas finanças públicas, não desviava as verbas públicas, não recebia propinas e nem metia as mãos no erário público (Dn 6.4,22). É a partir daqui que começa a surgir a implicância dos governadores e presidentes contra Daniel. Com certeza, esses homens desviavam verbas e embolsavam dinheiro, fazendo uma má administração pública. 66


Mas Daniel no seu posto administrava com honestidade, e aqueles sátrapas que estavam debaixo da presidência de Daniel se incomodavam. Isso provocou a inveja desses homens. Então, a religião de Daniel vai entrar como pretexto, pois a implicância principal desses governadores não é com a religião de Daniel, mas com a sua honestidade como político ao lidar com as finanças do governo. Daniel não participava da corrupção política. Ora, Daniel presidia 40 províncias e seguia rigorosamente as leis do governo, e ‘o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino’ (Dn 6.3), isto é, sobre todas as 120 províncias até mesmo acima dos outros presidentes. Se isso acontecesse, Daniel acabaria com a roubalheira desses homens. Então, eles viram Daniel como uma ameaça. Daniel praticava a temperança por seguir hábitos alimentares saudáveis (Dn 10.3). Quer dizer, ele não era glutão e nem beberrão, isso lhe ajuda a manter suas faculdades de raciocínios sóbrias. Daniel tinha controle não só sobre seus apetites, mas também sobre suas emoções. Daniel era eficiente, compete e fiel em suas obrigações e não tinha nenhum vicio, em outras palavras, nunca corrompeu a sua alma (Dn 6.4). E por último, Daniel mantinha uma vida particular de devoção piedosa: orava regularmente, se humilhava com jejum e lia as Escrituras (Dn 9.2,3). São essas coisas que constituía o caráter de Daniel e o fazia ter um espírito excelente reconhecido por todos (Dn 5.12; 6.3). Entretanto, nem todos apreciam boas qualidade, por isso que Daniel se tornou alvo de uma conspiração (Dn 6.4,5). Devido as qualidades excelentes de Daniel, Dario pretendia promove-lo a um cargo superior, talvez primeiro-presidente, e isso causou inveja e ciúme nos presidentes e governadores do império, pois Daniel acabaria com as falcatruas nas finanças públicas. O que é inveja? ‘A inveja pode ser definida como uma vontade frustrada de possuir os atributos ou qualidades de outra pessoa, pois aquele que deseja tais virtudes é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência ou pela limitação física ou intelectual’ (http://pt.wikipedia.org/wiki/Inveja). Esses homens sabiam que não poderiam concorrer com Daniel nas suas qualidades. A Bíblia diz que Daniel ‘sobrepujou a estes presidentes e príncipes’ (Dn 6.3). E isso foi motivo de inveja, ciúme e intrigas. Irei destacar algumas atitudes de uma pessoa invejosa. O invejoso se incomoda com a presença da sua vítima; o invejoso procura manchar a reputação da sua vítima para que ela não seja promovida de cargo, e isso pode acontecer na igreja, no trabalho e em qualquer outro setor da sociedade. Esses homens até tentaram procurar algo na reputação de Daniel para acusa-lo, mas não conseguiram (Dn 6.4). O invejoso procura boicotar ou sabotar o trabalho da sua vítima. Ele não coopera para que a pessoa não ganhe crédito no seu projeto, e pior ainda, torce para não dar certo. E por último, o invejoso deseja remover a 67


vítima do seu caminho como no caso desses homens que tramaram para acabar com a vida de Daniel. Esse é o último estágio da inveja. A inveja é um pecado contra Deus, pois todas as coisas provêm das mãos de Deus e Ele faz aquilo que lhe apraz e nada acontece sem sua permissão (Dn 2.20-22). Se temos inveja de alguém por causa do seu sucesso, esse sucesso provém de Deus, logo a inveja é contra Deus. Diz que é ‘segundo a sua vontade’ que Deus, ‘opera com... os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão’ (Dn 4.35). Por isso, se nos esforçamos, mas mesmo assim permanecemos na mesma posição, essa é a vontade de Deus. E se outra pessoa nos ultrapassa, essa é a vontade de Deus. Portanto, não devemos alimentar esse espírito de inveja. Os governadores e presidentes invejosos vasculharam a vida profissional de Daniel a fim de descobrir alguma falcatrua em Daniel. Vamos ler Daniel 6.4: ‘Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa’. Daniel tinha uma conduta ilibada, não havia nada nos registros da empresa que desabonasse a moralidade, o comportamento e a conduta de Daniel. Daniel era um funcionário experiente, pontual, não era reclamam e realizava suas tarefas com diligência. De modo que esses homens não tinham motivo nenhum de acusar Daniel em suas funções. Esses ministros corruptos tramaram uma conspiração política contra Daniel. Sobre isso assim escreveu Elienai Cabral: ‘Os príncipes se utilizaram da vaidade e do ego do próprio monarca para estabelecer uma trama que prejudicasse Daniel. Invejosos se uniram e foram até o rei e propuseram que fosse feito um edito real determinando que, durante o período de trinta dias, ninguém fizesse oração a outro deus, ou homem, que não fosse ao rei Dario. Tal edito agradou o vaidoso monarca que desejava ser adorado como um deus (vv.6-9). Daniel não fora consultado sobre tal decreto, mas certamente sabia que o objetivo era atingir a sua vida devocional e prejudicar sua comunhão com Deus’ (7ª Lição, 4º Trim/2014). Ora, uma vez que Daniel era um funcionário exemplar, os invejosos tentaram comprometer Daniel em sua religião. Eles disseram: ‘Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra ele na lei do seu Deus’ (Dn 6.5). Meus irmãos, será que é possível conciliar a nossa profissão com nossa religião? Sim! É claro que o cristão deve seguir a ética do trabalho. Daniel era ético no seu trabalho, entretanto, sua religião não atrapalhava seu trabalho e nem a sua profissão comprometia a sua religião. Vejamos. Daniel orava três vezes por dia. Será que ele negligenciava suas atividades profissionais por causa disso? Não! Daniel realizava essas orações na empresa? Não! Ele orava em sua casa (Dn 6.10). Quando, 68


porém, a empresa baixou uma portaria proibindo fazer orações particulares, Daniel não deixou de fazer suas orações. Quando a lei trabalhista interferiu na vida devocional e pessoal de Daniel, aí Daniel permaneceu firme na lei do seu Deus (Dn 6.11). Até então, Daniel mantinha muito bem um equilíbrio entre profissão e devoção. Ele não deixava a profissão prejudicar a devoção e nem a devoção prejudicar a profissão. Sabia conciliar as duas coisas. O cristão é fiel em seguir a ética profissional. O que é ética profissional? ‘A ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de trabalho. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os funcionários’ (http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/etica_profissional.htm). Algumas atitudes éticas num ambiente de trabalho: Respeitar à hierarquia dentro da empresa; buscar crescer profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho; ter ações e comportamentos que visam criar um clima agradável e positivo dentro da empresa como, por exemplo, manter o bom humor; realizar, em ambiente de trabalho, apenas tarefas relacionadas ao trabalho; respeitar às regras e normas da empresa [Extraído do site: [http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/etica_profissional.htm]. Se a empresa não permite bate-papo durante o expediente, e isso inclui a pregação, o crente não vai debater assuntos religiosos na hora do seu expediente. Talvez ele diga: ‘Jesus mandou eu pregar, eu vou pregar’. O que Jesus Cristo ensinou sobre a postura do cristão? Jesus Cristo ensinou os cristãos a serem discretos em suas práticas devocionais (Mt 6.5,6, 16-18), e isso inclui a pregação também, pois há ‘tempo de estar calado, e tempo de falar’ (Ec 3.7). Quando, porém, somos proscritos de realizar as nossas obras cristãs, devemos ser intransigentes (At 4.18-20; 5.28,29; Dn 3.28). Portanto, ainda que evitemos práticas devocionais no ambiente de trabalho, mesmo assim, nós temos que ser cristãos no nosso trabalho por ser pessoas honestas, justas e fiéis. Daniel foi um homem íntegro que não transigiu com sua fé em Deus (Dn 6.10-16). O que é integridade? Segundo a nossa Revista de Lições Bíblicas ‘integridade’ é ‘retidão, imparcialidade, qualidade daquele que não sacrifica a sua opinião à própria conveniência, nem às dos outros’ (8ª Lição, 2º Trim/2007). Daniel demonstrou a sua integridade quando ele não deixou que nenhuma trama política mudasse o seu hábito devocional de oração (Dn 6.10). Sobre a vida devocional do cristão, quero afirmar, que o cristão deve diferenciar a sua vida devocional de comunhão com Deus da sua instituição religiosa. Se fôssemos fazer uma lista de prioridades seria assim: Deus em 69


primeiro lugar, depois a vida pessoal, e então a família, logo após o trabalho e por último a instituição religiosa. A instituição religiosa está abaixo do seu trabalho. Por que? Porque a instituição religiosa não sustentará sua família. Por exemplo, o cristão não pode faltar o seu horário de trabalho porque ele foi escalado para dirigir a oração. E ainda afirmar: ‘Eu falto o trabalho para dirigir a oração porque o meu compromisso é com Deus’. Não! Desse modo você está confundido a instituição religiosa com Deus. Se o seu compromisso é com Deus, você pode orar em qualquer lugar e momento, em espírito, Deus ouve. Agora se o seu trabalho interfere na sua relação com Deus, então, o trabalho tem que ser rejeitado por amor a Deus, e Deus lhe sustenta. Por exemplo, se no trabalho é exigido que você minta, nesse caso você está prejudicando a sua relação com Deus que diz: ‘...não mintais a vosso Deus’ (Js 24.27) e ‘não mintais uns aos outros’ (Cl 3.9). Nesse caso, você deve falar abertamente com o seu patrão que você não tem esse hábito de mentir pois é contra os mandamentos de Deus. Tratando-se da política, sabemos que Daniel era um político. Agora eu pergunto: Um cristão pode ser um político, ter cargos públicos, se envolver com a política? Sobre isso eu digo que a igreja não deve ter um partido político, e nem seus pastores deve ser cabos eleitorais de políticos. A igreja deve ser neutra em relação à política, mas um cristão como cidadão pode se eleger a qualquer cargo público sem usar a igreja como palanque eleitoral. Em sua membresia a igreja poder ter vereadores, deputados, senadores assim como tem pedreiros, eletricistas, mecânicos, médicos e etc. Mas assim como a igreja não abre sindicatos para essas profissões, também, não se torna em comitê eleitoral. Outrossim, a igreja como voz profética na sociedade, nas pessoas de seus pastores, pode tomar posição intransigente em assuntos políticos quando esses entram em choque com os princípios cristãos. Agora politicagem eleitoral entre os pastores para mamar nas tetas do governo é o que a Bíblia chama de prostituição espiritual em Apocalipse 18.3: ‘os reis da terra se prostituíram com ela (a religião falsa)’. Vocês já ouviram falar da Frente Parlamentar Evangélica? É a bancada evangélica composta por políticos evangélicos filiados a partidos políticos distintos. Foi instituída em 18 de outubro de 2003, na Câmara dos Deputados. Idealizada pelo Deputado Federal Adelor Vieira (PMDB/SC) da Assembleia de Deus. São unidos na defesa da ética, da vida humana, da família, da liberdade religiosa e de uma sociedade justa e igualitária. São 69 integrantes em 2014 (19 são da Assembleia de Deus), e serão 57 em 2015. Será que esses políticos evangélicos são íntegros como Daniel? De acordo com dados obtidos através do site Transparência Brasil, a maior parte dos parlamentares que participam da bancada evangélica são alvos de processos judiciais na Justiça Eleitoral e no Supremo Tribunal Federal 70


(STF) por diversos crimes, tais como peculato [desvio de dinheiro público], corrupção eleitoral, improbidade administrativa, sonegação de impostos, formação de quadrilha e etc. Na época de Daniel, o governadores e presidentes conseguiram fazer o monarca Dario sancionar uma lei irrevogável contra a liberdade religiosa (Dn 6.7-9). Que projetos de leis hoje tramitam no congresso contrário à nossa posição cristã? O Projeto de Lei (PL) 1.154/03 pretende proibir a veiculação de programas em que o teor seja considerado preconceito religioso, o que classificaria como crime a pregação contra rituais satânicos, por exemplo. O PL 952/03 pretende classificar como crime atos religiosos que possam ser considerados abusivos à boa fé das pessoas, dando margem a que pastores sejam considerados criminosos por pregarem sobre dízimos e ofertas. O PL 4.270/04 pretende enquadrar como passível de ação civil comentários feitos contra ações praticadas por grupos religiosos, o que proibiria a pregação evangélica que contesta práticas de feitiçaria, por exemplo. E PLC 122/06 que pretende tornar criminosa toda a manifestação contrária à prática do homossexualismo. Diversos outros projetos de lei agridem a ética cristã: descriminalizar o aborto; descriminalização do uso de drogas, regulamentação da prostituição como profissão e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e etc. A igreja cristã não precisa se envolver em política para derrubar essas leis e nem eleger pastores a cargos públicos, basta permanecer firme no evangelho de Cristo. Quero citar as palavras do deputado Carlos Alberto Bezerra Jr: ‘Não me alinho a bancadas evangélicas. Nunca me alinhei a bancadas evangélicas, nem quando fui vereador, nem agora, como deputado. Isso porque esses grupos nunca se notabilizaram [destacam] por suas boas práticas ou significativas contribuições para o país. Ao contrário; no mais das vezes, essas frentes politiqueiras se notabilizaram por escândalos e mais escândalos, e por transformar Deus em cabo eleitoral.... Por tudo isso, desconfio daqueles que se autoproclamam defensores da Igreja. A Igreja já tem em Jesus seu único e suficiente defensor’ (http://www.pavablog.com /2014/02/16/nao-me-alinho-a-bancadas-evangelicas/). Daniel preferiu morrer a se dobrar diante de um edito maligno (Dn 6.16,17). O Pr. Elienai Cabral foi sábio em dizer: ‘Daniel não discutiu nem questionou com o rei o seu edito. Quando soube da lei real, foi para o seu quarto e, como de costume, orou a Deus’ (7ª Lição, 4º Trim/2014). E por causa da sua integridade, Daniel foi protegido da morte pelo anjo de Deus (Dn 6.22,23), mas mesmo que Daniel tivesse sido devorado 71


pelos leões, ele não quebraria a sua integridade. Que todos nós possamos manter a nossa integridade mesmo diante das crises e tramas políticas.

Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 23 de Novembro de 2014 Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias

Estudaremos nessa manhã o capítulo 7 do livro de Daniel, onde relata sua visão dos quatro animais (Dn 7.1-8), e iremos relacionar essa visão com a visão de João em Apocalipse 13 que fala sobre a Besta que sobe do mar. Essa Besta representa o Grande Instrumento de Satanás (Ap 13.1,2), ela tinha sete Cabeças que representam Sete Reinos (Ap 17.9,10). Esses reinos estão debaixo do poder do Dragão, que é o Diabo e Satanás, por isso que o Dragão também tem sete cabeças (Ap 12.3,9). O Dragão usa esses reinos para perseguir o povo de Deus representado pela Mulher Vestida de Sol e os Remanescentes da sua Semente, que é o Messias e os judeus crentes (Ap 12.1,17). Vamos ler Apocalipse 13.1,2: ‘Vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio’. Dentre outras coisas, notamos que o Dragão dar o seu poder e o seu trono a Besta e que a Besta tem sete cabeças. Vamos ler Apocalipse 17 e veremos que essas sete cabeças representam sete reinos mundiais, os versículos 9,10: ‘Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são... sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo’. São sete reinos ou impérios que governariam o mundo até a vinda do reino do Messias, mas a visão de Daniel 7 começa com o terceiro reino, que 72


é a Babilônia, na figura de um leão com asas de águia, pois em sua época os dois primeiros reinos já haviam caídos, que eram o Egito e a Assíria. A Babilônia, o terceiro reino mundial, governou de 627 a 539 A.C. Vamos ler Daniel 7.4: ‘O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem’. Na Besta esse império é representado pela boca – ‘a sua boca como a de leão’, e também pela terceira cabeça da Besta, e na estátua do sonho de Nabucodonosor, esse império é representado pela ‘cabeça de ouro’. O quarto reino é o império da Média-Pérsia que governou de 539 a 331 A.C. Em Daniel 7.5 lemos: ‘Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne’. Na Besta esse império é representado pelos pés – ‘os seus pés como os de urso’, e também pela quarta cabeça da Besta, e na estátua do sonho de Nabucodonosor, esse império é representado pelo ‘seu peito e os seus braços de prata’. Essas três costelas na boca do urso simbolizam as três nações conquistadas pelo império medo-persa: Lídia, Egito e Babilônia (Daniel Um Homem Amado no Céu - Hernades Dias Lopes - pags. 92). O quinto reino, o império da Grécia que governou de 331 a 323 A.C. em Daniel 7.6 está escrito: ‘Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foilhe dado domínio’. Na Besta esse império é representado pela sua aparência que é ‘semelhante ao leopardo’, e também pela quinta cabeça da Besta, e na estátua do sonho de Nabucodonosor, esse império é representado pelo ‘seu ventre e as suas coxas de cobre’. Conforme a visão de Daniel o leopardo ‘tinha quatro cabeças’ que representam a divisão do império após a morte de Alexandre Magno, ele foi o rei da Grécia que dominou a Pérsia e muitas nações, porém, de uma maneira súbita ele morreu, e como ele não tinha filho, seu reino foi dividido entre os seus generais que são: 73


Ptolomeu, herdou o Egito, Seleuco ficou com a Síria, Lisímaco que herdou a Macedônia e Cassandro que ficou com Ásia Menor. Em Daniel 11, os Ptolomeus são chamados de Rei do Sul e os Selêucidas, o Rei do Norte. Israel ficou sob o domínio dos Ptolomeus de 323 a 198 A.C., e depois ficou sob o domínio dos selêucidas de 198 a 63 A.C., dentro desse período houve a revolta dos macabeus contra Antíoco Epifânio. Em palestras posteriores, retornaremos a essas histórias quando estivermos estudando os capítulos 8 e 11 de Daniel. Lendo Apocalipse 17.9,10, notaremos que o anjo diz o seguinte para João: ‘As sete cabeças são... sete reis (ou seja, impérios) dos quais caíram cinco’. Quais foram os cinco impérios que já haviam caídos na época de João? Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia e a Grécia. Então, o anjo continua: ‘um existe’. Quem governava o mundo na época de João? O império romano. O Império Romano é o sexto reino que dominou de 241 A.C até 476 D.C. Na visão de Daniel esse reino aparece na figura de um ‘animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres’ (Dn 7.7). Na Besta esse império é representado pela sexta cabeça da Besta, e na estátua do sonho de Nabucodonosor, esse império é representado pelas ‘pernas de ferro’. O império romano começou a dominar a Palestina em 63 A.C., até então, a Palestina estava debaixo do poder da Síria, os Selêucidas. Foi durante o domínio de Roma que nasceu Jesus Cristo, ele nasceu no ano 4 antes da era cristã. Em 70 D.C., os romanos invadem Jerusalém, destrói a cidade e o templo, faz uma grande carnificina e muitos judeus são dispersos conforme as profecias de Jesus Cristo (Lc 21.20-24; Mt 24.1,2). Durante os anos que se seguiram, Roma perseguiu furiosamente os cristãos até que Constantino (288-337 D.C.), imperador de Roma, que se ‘converteu’ ao cristianismo, promulgou um edito, em 313 D.C., dando liberdade aos cristãos para celebrar os seus cultos. O Imperador Teodósio I (379–395 D.C.), em 380 D.C, promulgou um edito tornando o Cristianismo a religião exclusiva ou oficial do Estado, que se transformou na Igreja Católica Romana. No final do seu reinado, ele dividiu o império romano em dois: império romano do ocidente com sede em Roma e império romano do oriente com sede em Bizâncio (ou Constantinopla). 74


Em 476 D.C., os bárbaros puseram fim ao império romano no Ocidente, e, em 1453 D.C., os turcos ocuparam a cidade de Constantinopla, e o império romano no Oriente se desintegrou (Daniel - Um Homem Amado no Céu - Hernades Dias Lopes - pag. 94). Confirmando essa interpretação sobre os quatros animais na visão de Daniel 7, cito as palavras do Pr. Elienai Cabral que escreveu: ‘As figuras representadas pelo leão, urso, leopardo e o quarto animal, significam quatro reis que se levantaram sobre a terra, isto é, o rei da Babilônia, o rei Medo-Persa, o rei da Grécia e o rei de Roma’ (8ª Lição, 4º Trim/2014).

Daniel disse: ‘Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal’ (Dn 7.19). Esse também é o nosso desejo, então, vamos nos deter um pouco mais em Roma. Já falamos que o império romano é representado pela sexta cabeça da Besta que existia na época do apóstolo João (Ap 17.9,10). Esse império teve duas fases: Roma Imperial e Roma Papal representada pelas duas pernas da estátua e pela cura em uma das cabeças da Besta, que identificamos como a sexta cabeça. Apocalipse 13.3 diz: ‘E vi uma das suas cabeças (a sexta cabeça) como ferida de morte (a queda da Roma Imperial), e a sua chaga mortal foi curada (a restauração através da Roma Papal). Diz a profecia quem causou essa ‘chaga mortal’ na Roma Imperial foi a ‘espada’ (Ap 13.12,14). Isso se refere a guerra. Segundo o Pr. Severino Pedro da Silva, da Assembleia de Deus: ‘Essa ferida mortal... foi feita quando Odoacro, rei dos hérulos (um povo bárbaro), apoderou-se de Roma, terminando assim o império’ (Apocalipse 75


Versículo por Versículo pág. 130). Segundo a História, Roma sofreu várias invasões dos bárbaros, que eram povos que viviam a margem do império, tais como os hunos, ostrogodos, visigodos, francos, vândalos, suevos, burgúndios, hérulos, anglo-saxões e lombardos.

Os bárbaros eram considerados assim porque não falavam o latim, eles não se constituíam em nações estabelecidas, eram povos nômades que viviam da caça e da pesca e de invadir as cidades para saquear seus bens e alimentos. Por causa das crises políticas de Roma, ela se tornou vulnerável as invasões bárbaras. Até que Roma Ocidental não resistiu mais e desintegrou em 476 D.C. Porém a Roma Oriental ainda permanecia, e em 538 D.C., Justiniano (527-565 D.C.), imperador do oriente (império Bizâncio) recuperou a cidade de Roma dos bárbaros ostrogodos , na Guerra Gótica e decretou o bispo de Roma como Bispo universal, conferindo-lhe poder espiritual, eclesiástico, que na época era o bispo Vigílio (537-555 D.C). Até então, os bispos de outras cidades tinham a mesma autoridade, mas agora, o bispo de Roma é instituído o bispo dos bispos, tornando-se no Papa de Roma. No decorrer da história os reinos bárbaros foram se convertendo a fé católica, e o poder dos papas foi aumentando, pois, os bárbaros faziam doações de territórios à Igreja Católica. Por exemplo, segundo uma fonte histórica ‘em 756, Pepino, o Breve, rei dos francos, cedeu ao papa um grande território no centro da península Itálica’ que ficou conhecido como Estados pontifícios, assim o Papa se tornou chefe de Estado com Sede em Roma, recebendo poder temporal, político. Que durou por mais de mil anos até 1870, quando ‘as tropas do rei Vítor Emanuel II entraram em Roma e incorporaram ao Reino de Itália esta parte do território’. O rei Vítor Emanuel II ‘ofereceu como compensação ao papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como Chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja. O papa, porém, 76


recusou-se a reconhecer à nova situação e considera-se prisioneiro do poder laico, dando início assim à Questão Romana’ (https://pt.wikipedia. org/wiki/Tratado_de_Latrao). Então, vimos que o Império Romano teve duas fases: Roma Imperial que esteve sob os domínios dos imperadores césares até 476 D.C., e depois esse domínio foi transferido para os Papas em 538 D.C., e assim houve a restauração do império romano nas mãos do Papas, representado na profecia pela cura da ferida. Esse é o sexto Reino, a sexta cabeça da Besta.

Agora veremos o sétimo reino. Vamos ler Daniel 7.7,24: ‘...eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte... e tinha dez chifres. E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis...’. Segundo o Pr. Elienai Cabral: ‘Os dez chifres que saíam da cabeça do quarto animal prefiguravam dez reis advindos do antigo império romano...’ (8ª Lição, 4º Trim/2014). Na Besta esse império é representado pela sétima cabeça da Besta e seus dez chifres, e na estátua do sonho de Nabucodonosor, esse império é representado pelos pés e os dez dedos ‘em parte de barro... e em parte de ferro’. Que conforme a profecia ‘será um reino dividido’, isto é, nações independentes, mas que se unirão mediante aliança. O número dez não significa, necessariamente, que serão 77


literalmente dez nações, mas é um número simbólico que significa completude, plenitude. A profecia de Daniel 7.24 diz que esses dez reinos ou nações surgirão do império romano. Ora, os povos bárbaros que invadiram o império romano e causaram a queda de Roma entre os anos 351-476 D.C., se transformaram ao logo da História nas nações europeias, que atualmente estão confederadas na União Europeia. Portanto, o sétimo reino é a União Europeia.

Em Apocalipse 17.11, surgirá mais um reino! O texto diz: ‘E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição’ (Ap 17.11). A Besta tinha sete cabeças, agora, surge uma oitava cabeça! Na profecia de Daniel esse oitavo reino aparece na figura do chifre pequeno. Vamos ler Daniel 7.8: ‘Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas’. A interpretação no próprio livro de Daniel diz: ‘E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino [império romano] se levantarão dez reis [nações europeias]; e depois deles se levantará outro [o chifre pequeno], o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo’ (Dn 7.24,25). Esse pequeno chifre tem dupla interpretação: representa o papado e o oitavo rei. Pessoalmente para mim, tanto o papado como o oitavo rei são um só: o Anticristo. Pelo fato de que, na verdade, a Besta não tem oito cabeças, mas sete, então, o oitavo rei é também uma das sete cabeças, e a mais indicada é a sexta cabeça. Veremos isso mais detalhadamente. 78


O Pr. Severino Pedro da Silva, da Assembleia de Deus, diz o seguinte sobre o chifre pequeno: ‘Segundo ‘intérpretes históricos... em prol da ascensão do “papado” foram extirpadas três nações representadas pelos dez chifres. Essas três nações, alojadas na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos [ou Vândalos] (pág. 138) [Daniel Versículo por Versículo, pág. 138]. Roma, a sexta cabeça, passou por essas duas fases: Roma Imperial (cabeça ferida) e Roma Papal (cabeça curada), e haverá uma terceira fase representada pelo oitavo rei que surgirá na Besta. Sobre isso Apocalipse 17.8 diz: ‘A besta (1ª fase: Roma Imperial) que viste foi e já não é (a queda de Roma Imperial, em 476 D.C.), e há de subir do abismo (2ª fase: Roma papal [538-1870])... v.11: ‘...é ela também o oitavo...’ (3ª fase: o Estado do Vaticano, que é o Anticristo). Veremos como o Estado do Vaticano se tornou o oitavo reino. Vimos que em 1870, os Papas perderam o poder temporal ou político. Diz uma fonte histórica: ‘A unificação da Itália, em 1870, significou, portanto, a perda definitiva do poder temporal por parte da Santa Sé. Por quase 60 anos, de 1870 a 1929, os papas permaneceram reclusos no seu Palácio, considerando-se prisioneiros do Estado italiano’ (Ascensão E Queda Dos Estados Pontifícios, Anna Carletti, pág. 12). Em 11 de fevereiro de 1929 foi fundado o Estado do Vaticano, ‘quando o Papa Pio XI assina o Tratado de Latrão com o ditador fascista Benito Mussolini, aceitando a proposta pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável’. Portanto, ‘o Vaticano é a sede da Igreja Católica e uma cidade-Estado soberana... cujo território consiste de um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália. Com aproximadamente 44 hectares (0,44 km²) e com uma população de pouco mais de 800 habitantes, é o menor país do mundo, por área’ (extraído do site http://pt.wikipedia. org/wiki/Vaticano). Muito embora o Vaticano seja o oitavo rei, o Anticristo, mas ainda não chegou o tempo dele agir na sua última investida contra os santos. Porém, diz a profecia que os dez chifres ou as nações europeias darão seu poder e sua autoridade ao ‘oitavo rei’, isto é, ao Anticristo (Ap 17.13). Para quê? Conforme Apocalipse 13.5: ‘deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois 79


meses’ com o objetivo de implantar uma religião única, e para isso terá que fazer guerra contra os santos e vencê-los (Ap 13.6-8). Em Daniel 7.21 lemos: ‘...eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles’.

O Anticristo na sua representação como Roma Papal (538-1870) perseguiu os santos do Altíssimo de várias formas e em várias épocas. Entretanto, na sua fase como oitavo rei (o Estado do Vaticano), o Anticristo intentará a última perseguição contra os santos por ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ durante a grande tribulação. Vamos ler Daniel 7.25: ‘E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo’. É claro que para a nossa Igreja Assembleia de Deus, o Anticristo não é o Papa, mas um personagem futuro que vai surgir depois do arrebatamento da Igreja, e perseguirá os santos do Altíssimo por três anos e meio. Portanto, a nossa igreja Assembleia de Deus nos ensina que antes da grande tribulação haverá o arrebatamento da Igreja. Se a Igreja é arrebatada antes da Grande Tribulação, quem são esses ‘santos do Altíssimo’ que serão perseguidos pelo Anticristo? O Pr. Elienai Cabral, teólogo da Assembleia de Deus, escreveu o seguinte: ‘Para os primeiros leitores do livro de Daniel, a expressão “os santos do Altíssimo” era identificada por eles como o povo judeu que estava em cativeiro. Entretanto, de modo mais abrangente, e de acordo com Apocalipse 7.9-17, e a partir da revelação progressiva da Palavra de Deus ao longo da história bíblica, esses grupos de mártires e santos são os crentes advindos da Grande Tribulação, de todos os lugares, tribos e nações, que tiveram as suas roupas lavadas no sangue do Cordeiro’ (8ª Lição, 4º Trim/2014). Segundo a Assembleia de Deus a grande tribulação durará sete anos. O que acontecerá nesses sete anos? Segundo a visão dispensacionalista ‘nos primeiros “três anos e meio” o Anticristo fará acordos com Israel, mas não os cumprirá. Este é o período de grande poder e influência política desse 80


líder mundial sobre o mundo e os judeus’. Quando o Anticristo quebrar o acordo, exigirá adoração exclusiva durante os três últimos anos, que será um tempo de terror para os judeus. ‘Mas o Messias o dominará e quebrará o seu reino de mentira. O Anticristo será condenado e a plenitude do Reino de Deus será estabelecida para sempre!’ (8ª Lição, 4º Trim/2014).

E ainda segundo a Assembleia de Deus, após os sete anos de grande tribulação, ocorrerá a vinda do Filho do Homem para implantar um Reino terreno para Israel. E depois do Milênio serão estabelecidos o Juízo Final e a Vida Eterna. Não compartilho dessa visão dispensacionalista pré-tribulacionista da Assembleia de Deus, entretanto, respeito sua posição teológica. Por outro lado, se olharmos atentamente para os ensinos escatológicos da Assembleia de Deus veremos que ela ensina as duas posições. Tanto ela ensina uma vinda de Jesus pré-tribulacionista como ensina uma vinda pós-tribulacionista. Tanto ela ensina que os crentes serão arrebatados antes da grande tribulação como ensina que os crentes sofrerão perseguição durante a grande tribulação. E que esses crentes também no final da grande tribulação serão ressuscitados e glorificados, porque não dizer, também, arrebatados, pois os crentes de Apocalipse 7.9-17 estão no céu diante do trono de Deus. Portanto, a nossa Igreja Assembleia de Deus é pré-tribulacionista e pós-tribulacionista ao mesmo tempo. Por isso que mesmo sendo um pós-tribulacionista me sinto à vontade em me congregar na Assembleia de Deus. 81


Mensagem Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Num Culto de Novos Convertidos Fortaleza-CE, em 29 de Novembro de 2014 Bendito Seja o Nome do SENHOR

Gostaria de saudar a todos na paz do Senhor Jesus. Vamos ler o Salmo 89.52: ‘Bendito seja o SENHOR para sempre. Amém, e Amém’. Outra tradução diz: ‘Bendito seja o SENHOR de eternidade a eternidade. Amém, e Amém’. Se você notar, verá que em algumas Bíblias a palavra ‘SENHOR’ está em versalete ou maiúscula. Porque essa palavra ‘SENHOR’ não é um termo de tratamento quando com respeito você se dirige a uma pessoa adulta ou idosa chamando-a de ‘Senhor’. Mas essa palavra que aparece em versalete é a tradução do Nome impronunciável, inefável e divino de Deus. E como nossos tradutores não sabem que Nome é esse, eles traduzem por SENHOR, porém, para enfatizar que não é Senhor de modo comum de tratamento, mas o SENHOR, o único SENHOR. Outros preferem traduzir o Nome impronunciável por Adonai, outros por Yavé, outros por Jeová ou Javé, todavia, a verdade é que ninguém sabe qual é a pronúncia correta do Nome do SENHOR, o Único Deus vivo. Entretanto, é de suma importância saber o Nome de Deus, porque a bênção depende do Nome de Deus, o livramento e a salvação depende do Nome de Deus. Por exemplo, o sacerdote quando abençoava o povo de Israel, abençoava-o em Nome de Deus, ele dizia: ‘O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz’ (Nm 6.24-26). Nessa ocasião o sumo sacerdote pronunciava o Nome sagrado, o Nome excelso de Deus, e o povo era abençoado, recebia misericórdia e paz através do SENHOR. A Escritura nos salmos mostra, também, que o livramento vinha através da invocação do Nome sublime do SENHOR. O SENHOR diz: ‘invocame no dia da angústia; eu te livrarei’ (Sl 50.15). O salmista, muitas vezes, disse: ‘Na angústia invoquei ao SENHOR’, ‘e ele me livrou’ (Sl 18.6; 116.4,6; 118.5; 119.146). O profeta Joel disse: ‘aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo’ (Jl 2.32). Irmãos, é de suma importância sabemos o Nome de Deus para recebemos a sua bênção, o seu livramento e a sua salvação. Pois se não chamarmos por esse Nome não seremos nem abençoados e nem salvos. Porém, a verdade é que Deus retirou da boca do Seu povo o Seu Nome, de modo que os judeus, que eram os portadores desse Nome, 82


perderam a pronúncia exata do Nome de Deus, e por isso que o chamava apenas de Senhor ou Adonai. Sabemos que a perda do sagrado e santo Nome de Deus foi por vontade de Deus para que a autoridade, para que todas as bênçãos e para que a salvação pudessem ser revelados por intermédio do Nome do Senhor Jesus Cristo. Porque Jesus Cristo não é apenas a encarnação e a personificação do poder de Deus, ele não é apenas a encarnação e a personificação da sabedoria de Deus, ele não é apenas a encarnação e a personificação da autoridade de Deus, mas, também, Jesus Cristo é a encarnação e a personificação do Nome de Deus. De modo que os apóstolos que receberam a revelação de Deus aplicaram ao Nome de Jesus os textos das Escrituras em que estava escrito o Nome impronunciável de Deus. Paulo, por exemplo, ensina em Romanos 10.9-13 que aquele que invocar o Nome de Jesus como SENHOR será salvo. Isso acontece por o Filho de Deus, por direito, herda o Nome do Seu Pai. Está escrito em Filipenses 2.10,11: ‘...para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai’. Por isso que não ficamos desesperados para saber qual é a pronúncia correta do Nome sagrado porque esse Nome está inserido no Nome de Jesus Cristo. Por isso invocamos: ‘Bendito seja Deus por intermédio de Jesus Cristo para todo sempre’ ou ‘Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo’ (2ª Co 1.3; 1ª Pe 1.3; Ef 1.3). Por que devemos invocar o único e verdadeiro Deus de Bendito? A Escritura nos mostrará porque Deus é Bendito. Primeiro: Bendito seja o SENHOR pela criação. Está em 2º Crônicas 2.12: ‘Bendito seja o SENHOR Deus de Israel, que fez os céus e a terra’. Deus é bendito pela sua criação porque a criação é o patrimônio de Deus; a criação é a marca do nosso Criador. É na criação que encontramos as digitais de Deus. Deus se revelou aos homens de uma maneira natural através da criação. É a criação que prova que existe um Deus Vivo, Único, Soberano, Senhor e Criador. Porque está escrito que os céus proclamam a glória de Deus (Sl 19.1). E por causa da criação as Escrituras dizem que os homens são indesculpáveis (Rm 1.20). Ninguém poderá chegar diante de Deus, naquele Grande Dia, e dizer: ‘Nunca ouvi falar que havia um Deus’. Porque a criação, sem voz e sem palavras, proclama que existe um Deus Soberano. Todas as pessoas são produto dessa criação, e por serem produtos dessa criação têm a obrigação de adorar o Deus que fez todas as coisas (Ap 14.7). Paulo, em sua pregação, afirmou que Deus ‘não se deixou a si mesmo sem testemunho’ (At 14.17). Pois o próprio céus e a própria terra dão 83


testemunhos da divindade, do poder, da natureza e da soberania de Deus (Atos 17.24-29). Então, bendito seja Deus pela criação. A criação é um ato livre e gracioso da vontade de Deus (Ap 4.11). A coroa da criação é o homem. Deus preparou todo o ambiente para que no último dia pudesse fazer a sua criatura especial e colocou o homem como responsável por toda a criação de Deus (Sl 8.3-8). Bendito seja Deus pela criação dos céus, da terra, dos mares e pela criação do homem e da mulher. Segundo: Bendito seja Deus pela eleição. Está escrito no Salmo 41.13: ‘Bendito seja o SENHOR Deus de Israel de século em século. Amém e Amém’. O nosso Deus é o Deus da eleição, da escolha. A primeira Pessoa que Deus escolheu foi o Seu Filho. O Filho de Deus é chamado de o Eleito, o Escolhido, o Amado, o Filho e o Servo de Deus (Is 42.1; Zc 3.8; Mt 3.17; 12.18). Deus o elegeu antes de todas as coisas, antes do SENHOR lançar os fundamentos eternos da Terra. Antes de lançar o pó do Universo, Deus escolheu o Seu Filho; muito antes da criação e da queda de Adão, Deus escolheu o Seu Filho (Pv 8.23-30; Cl 1.17; Ap 13.8). Diz Pedro que Jesus Cristo foi conhecido por Deus ‘antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós’ (1ª Pe 1.20). Assim como se diz acerca do Pai ‘de eternidade a eternidade, tu és Deus’ (Sl 90.2), assim também pode-se dizer acerca do Filho de eternidade a eternidade, tu és Filho de Deus (Hb 7.3; Is 9.6). Então, o Filho de Deus que foi escolhido antes de todas as coisas, se manifestaria entre nós, entretanto, para que Ele pudesse se manifestar, Deus escolheu um povo por intermédio do qual nasceria Seu Filho. Esse povo é o povo de Israel. É por isso que Deus é chamado de o Deus de Israel e Israel é chamado de povo escolhido de Deus (Gn 33.20; 1º Cr 17.24; Dt 7.6; 14.2). Israel é a nação exclusiva, especial e peculiar de Deus (Êx 19.5,6; Sl 135.4; Is 41.8,9; Am 3:2). ‘Ó Israel, bem-aventurado és tu! Quem é como tu? Um povo salvo pelo SENHOR’ (Dt 33.29). Porque foi através do povo de Israel que veio o Messias, o Eleito de Deus. A Escritura diz que Deus conheceu o povo de Israel de antemão (Rm 11.1,2). A nação de Israel aparece em Gênesis 3.15 que diz que o descendente da mulher ferirá a cabeça da serpente. Essa mulher não é Eva e nem Maria, mas a nação de Israel. Sabemos disso porque ela parece em Apocalipse 12, grávida do Descendente messiânico (Ap 12.1,2,5), cujo Marido é o SENHOR dos Exércitos, Pai do Messias (Is 54.5). A Escritura a identifica com a Jerusalém do alto (Gl 4.26-28; Is 54.1-14; 66.8-12; Hb 12.22,23; Ap 12.17).

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Então, para que o Messias pudesse se manifestar, primeiramente tinha que surge essa mulher. Essa mulher surgiu quando Deus chamou a Abraão, lhe fez promessas e firmou com ele uma aliança dizendo: ‘Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra’ (At 3.25). De Abraão veio Isaque, de Isaque veio Jacó, de Jacó veio os doze patriarcas, dos doze patriarcas se formou a nação dos filhos de Israel (Êx 1.7). E através dessa nação nasceu o Escolhido de Deus, o Bendito de Deus, o Filho de Deus, Jesus Cristo. Quando Jesus se batizou, os céus se abriram e uma voz proclamou: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’ (Mt 3.17). Pelo fato da nação de Israel ser o povo escolhido de Deus, ele deveria ser o primeiro a ser abençoado pelo Messias e alcançado pela 85


bênção da salvação a fim que as portas da salvação se abrissem para as demais nações para participarem da eleição do povo de Deus (At 3.25,26). Pois apenas os escolhidos serão salvos. E os escolhidos são o povo de Israel. Mas não é toda a nação de Israel, mas apenas aqueles que reconhecem Jesus Cristo como Messias de Deus, assim como André que disse: ‘Achamos o Messias’ (Jo 1.41) e como Filipe que disse: ‘Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José’ (Jo 1.45). Esses que invocaram Jesus como Messias, Filho de Deus, foram separados e confirmados por Cristo como povo escolhido de Deus. Dentre esses judeus crentes no Messias, Jesus estabeleceu doze apóstolos e lhes deu as chaves do Reino significando que apenas aqueles que creriam por intermédio dos apóstolos no Evangelho entrariam em aliança com Deus. Jesus Cristo perguntou aos seus apóstolos: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’. E o apóstolo Pedro falando por todos disse: ‘Tu és o Cristo (o Messias), o Filho do Deus vivo’. Então, o Senhor lhe disse: ‘Bemaventurado és tu, Simão’, porque quem te revelou não foi o homem, ‘mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo’ que ‘sobre esta pedra’ (essa tua confissão) ‘edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu vos darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus’ (Mt 16.15-19). Nesse momento o Senhor estava rejeitando os sacerdotes do templo, os fariseus, os escribas e a nação carnal e elegendo uma nova nação espiritual composta por judeus fiéis para proclamar que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E com esses judeus fiéis, Cristo fez uma nova aliança, pois a aliança de Moisés foi invalidada. Essa nova aliança conferia a eles a herança do Reino de Deus. Eles agora são a Igreja de Jesus e o povo de Deus. E nós! Como pertenceremos a esse povo, se não somos judeus, mas gentios? Então, estamos excluídos da bênção e do Reino de Deus? A Escritura diz que os gentios não eram povo de Deus, não eram os escolhidos de Deus, nem nação eleita, nem o povo adquirido de Deus e muito menos sacerdócio real. Estávamos fora das bênçãos, promessas, alianças e da salvação de Deus. Mas o segredo sagrado, que estava aguardado desde os tempos passados, foi revelado aos apóstolos, a saber, que por intermédio do Evangelho, os gentios, que estavam distantes, excluídos e rejeitados, foram aproximados do povo de Deus para pertencerem ao Messias e serem salvos juntamente com os judeus fiéis (Ef 2.11-22; 3.1-9; Rm 10:19,20; 1ª Pe 2.9,10). Ora se os judeus têm razões e privilégios de bendizer a Deus pela eleição e salvação, nós, os gentios, temos muito mais razões e privilégios. Pois não éramos escolhidos de Deus, mas agora, fomos eleitos por Ele por 86


intermédio do Seu Filho, isto é, somos eleitos e herdeiros através da fé em Jesus Cristo. Bendito seja o Deus de Israel pela salvação dos gentios. Bendito seja o SENHOR pela eleição. Bendito seja o SENHOR pela salvação revelada em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Prestem atenção, agora. Pois a Escritura revela que os escolhidos do povo de Israel são representados por um número determinado. Eles são o remanescente de Israel. Assim está escrito: ‘Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo’ (Rm 9.27). Esse remanescente são apenas 144 mil selados de todas as tribos de Israel que reinarão com Cristo no monte Sião, e os demais foram endurecidos (Rm 11.7,8; Ap 7.1-8; 14.1-5). Enquanto que os gentios salvos que reinarão com Cristo são incontáveis como a areia da praia e as estrelas do céu (Ap 5.9,10; Rm 4.17,18; Gn 15.5; 22.17,18). Assim está escrito em Apocalipse 7.9,10: ‘Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro’. Em Romanos 11.25, Paulo chama de plenitude dos gentios. Aonde o Evangelho for pregado entre as nações, quem ouvir a voz do Filho de Deus chamar e atende-la será incluído no povo de Deus com todos os direitos a herança e a bênção de Abraão conforme as promessas que Deus lhe fez (Gn 17.4-9). Essas promessas inclui o Reino de Deus prometido a Davi e a vida eterna em Cristo Jesus (Lc 1.31-33; Rm 6.23). Permitam-me falar de mais algumas razões porque devemos bendizer o Nome do Deus de Jesus Cristo. Bendito seja Deus pela oração. É o que lemos no Salmo 28.6: ‘Bendito seja o SENHOR, porque ouviu a voz das minhas súplicas’. Antigamente as nossas orações eram jogadas no ar, ninguém ouvia, ninguém atendia, porque invocávamos os deuses mortos que não poderiam ouvir, ver e atender. Mas, agora, invocamos o Deus vivo que ouve as nossas orações. Bendito seja Deus pela provisão! É o que está escrito no Salmo 68.19: ‘Bendito seja o SENHOR, que de dia em dia nos supre de benefícios’. Deus não só nos deu a sua salvação, como também nos proveu em todas as nossas necessidades. Ele é o Deus da nossa provisão, o Deus da nossa providência. É por isso que quando Abraão foi provado a oferecer seu filho como holocausto, disse: ‘Deus proverá para si o cordeiro’ (Gn 22.8). E isso aconteceu no momento certo e hora exata (Gn 22.10-14). Se Deus nos deixa padecer necessidades é porque Ele quer nos provar para que no momento certo nos provê de seus benefícios. 87


Bendito seja Deus pela operação de maravilhas. Está no Salmo 72.18: ‘Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de Israel, que só ele faz maravilhas’. O Deus das maravilhas, das operações, dos milagres, dos sinais, dos prodígios é o nosso Deus. Isso significa que para Deus nada é impossível e que nós podemos enfrentar qualquer dificuldade e tribulação, pois Ele nos pode dar o escape. Porque Deus é poderoso para isso. Quando o SENHOR disse para Moisés que iria alimentar o povo no deserto, Moisés lhe perguntou de onde Deus tiraria tanto alimento para dar ao povo, por acaso ‘ajuntar-se-ão para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem’. Deus lhe respondeu: ‘Porventura a mão do SENHOR está encurtada?’ (Nm 11.18-23). Porventura ‘haveria coisa alguma difícil ao SENHOR?’ (Gn 18.14). É por isso que o cristão confia em Deus, ainda que ele esteja na beira da morte. Pois ele só morre se Deus quiser, se Deus não quiser, o SENHOR arranca ele do UTI ou de qualquer outro lugar. Porque Deus é o Deus das maravilhas. Bendito seja Deus pela preparação. Está escrito no Salmo 144.1: ‘Bendito seja o SENHOR, minha rocha, que ensina as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra’. Irmãos, é Deus que nos prepara para o combate, a luta e a peleja. Porque quando somos chamados, Deus não nos dá uma rede, um pijama e nos manda dormir e descansar esperando o dia da salvação. Não! Deus quando nos chama, Ele nos dá armas, armas da justiça, armas da salvação, a armadura de Deus para lutar, pelejar e combater. Porque o inimigo está ativo tentando minar a nossa salvação e arrancar de nós a benção de Deus. Porém, a Escritura adverte: ‘Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa’ (Ap 3.11). Paulo, escrevendo para os efésios, disse: ‘No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’. Por isso tomai sobre vós ‘a couraça da justiça’, ‘o escudo da fé’, ‘a espada do Espírito’, ‘o cinto da verdade’ e o ‘capacete da salvação’ para que podeis combater e lutar contra o inimigo. E, depois de estarem firmes, permaneçam inabaláveis porque o Senhor é conosco (Ef 6.10-17).

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Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 30 de Novembro de 2014 Os Impérios Medo-Persa e Grego

A paz do Senhor Jesus, irmãos. A nossa palestra nesta manhã está baseada no capítulo 8 do livro de Daniel. Para isso vamos começar lendo Daniel 8.3,4,20: ‘E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir; nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia. Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia’. Estudamos em minha palestra anterior sobre esses assuntos proféticos que desde o império da Babilônia deveria surgir mais cinco impérios mundiais até o estabelecimento definitivo do Reino de Deus sobre a terra. Em Daniel 7 descreve esses seis impérios: Babilônia, Medo-Persa, Grécia, Roma, Nações Europeias e o Anticristo. Vimos que do império Romano surgiria um império composto por dez reinos, que são as nações europeias, e outro império simbolizado por um chifre pequeno que é o reino do Anticristo. No capítulo 8, Daniel recebe novas revelações, mas acerca de dois impérios: o império da Média-Pérsia e o império da Grécia. Esses impérios aparecem na figura de dois animais: um carneiro e um bode. O carneiro de dois chifres, conforme a interpretação do anjo dada a Daniel, simboliza o império da Média-Pérsia. Temos uma grande vantagem no livro de Daniel, pois ele se encarrega de nós dá a interpretação desses símbolos proféticos antes mesmos desses impérios surgirem no cenário mundial. Conforme estudamos, o império da Média-Pérsia foi simboliza pelo peito e os braços da estátua do sonho de Nabucodonosor e pelo urso na visão de Daniel. Esse urso tinha três costelas em sua boca que representam as três primeiras nações que os medo-persas conquistaram para poderem implantar seu grande império, que são Lídia, Egito e Babilônia. 89


E, agora, no capítulo 8, aparece o carneiro com dois chifres, um maior do que o outro, isso mostra que esse império seria composto por dois reinos, a Média e a Pérsia, porém, a Pérsia seria maior do que a Média. Esse império durou por mais de 200 anos, de 539 até 331 A.C. Para que a Média-Pérsia pudesse estabelecer o seu grande império teria que vencer o poderoso império da Babilônia. Isso foi profetizado por Isaías muitos anos antes e também por Jeremias. Vamos ler Isaías 13.17,19,20: ‘Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro. E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração...’. E Jeremias 50.9: ‘Porque eis que eu suscitarei e farei subir contra a Babilônia uma congregação de grandes nações da terra do norte, e se prepararão contra ela; dali será tomada’. Essas profecias se cumpriram naquela noite fatídica, quando Belsazar blasfemava contra Deus profanando os vasos sagrados do templo de Jerusalém, e uma mão misteriosa escreveu: ‘mene, mene, tequel, ufarsim’ (Dn 5.2528). Aquelas palavras proféticas preanunciavam a queda do império babilônico, e naquela mesma noite, Dario, general medo, juntamente com o exército da Pérsia, invade, sorrateiramente, a cidade, mata Belsazar e se apossa do trono da Babilônia. Vamos ler Daniel 5.28,30,31: ‘Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas. Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos’. Quem era Dario, o medo? Esse Dario é um personagem desconhecido na história mundial, ele aparece apenas nos registros das Escrituras. Sabemos que as Escrituras são fontes fidedignas de história, então, podemos acreditar que ele existiu, muito embora, não há nos anais históricos alguém conhecido como Dario que governou durante o reinado de Ciro. Porém, existe alguns personagens que aparecem na história em que, alguns historiadores, os identificam com esse Dario. Por exemplo, havia um homem chamado Ciaxares, que era tio de Ciro, então, alguns supõem que ele seja esse Dario, a quem Ciro colocou para governar a cidade da Babilônia. Mas, há também, outro personagem, e esse é o que os historiadores mais consideram como fosse realmente Dario, ele era comandante geral dos exércitos combinados da Média e da Pérsia, chamado Gubaru, foi ele que invadiu a Babilônia naquela noite e tomou o reino de Belsazar e como a 90


Escritura atribui esse feito a Dario, os historiadores compreendem que se tratam da mesma pessoa. Dario, após vencer os babilônicos, foi constituído vice-rei sobre a Babilônia por Ciro em 539 A.C. (Dn 9.1). Foi esse Dario que colocou Daniel como um dos seus presidentes (Dn 6.1,2). No decorrer da leitura das Escrituras encontraremos outro Dario que aparece nos livros de Esdras, Ageu e Zacarias. Porém, esse Dario que aparece nesses livros bíblicos não é o Dario que aparece nos capítulos 5,6 e 9 de Daniel. É outro Dario, que também, governou na Pérsia, mas nos anos de 521 a 486 A.C. O carneiro tinha dois chifres representando um império constituído por dois reinos, Média e Pérsia (Dn 8.20). A profecia diz que ‘os dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro...’ (Dn 8.3). O chifre mais alto era a Pérsia que dominava sobre todo o território conquistado. O seu primeiro rei, Ciro, era persa. Seu nome aparece na profecia de Isaías 150 anos antes do seu nascimento como aquele que daria permissão aos judeus de reconstruir a cidade de Jerusalém e o templo. Vamos ler Isaías 44.28-45.4: ‘Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado. Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses’. Quando Ciro se tornou imperador, realmente, promulgou um edito permitindo os judeus retornarem para sua terra e construírem sua cidade e o seu templo (2º Cr 36.22,23; Ed 5.12-16; 6.3). A profecia de Daniel, também, diz que o chifre ‘mais alto (a Pérsia) subiu por último’ (Dn 8.3). Vamos entender isso analisando um gráfico. 91


Em 709 A.C., a Pérsia estava debaixo do domínio da Média e lhe pagava tributo. O primeiro rei da Média chamava-se Déjones (709-656 A.C.), depois veio o segundo rei chamado Fraortes (657-635 A.C.), e, então, o terceiro chamado Ciaxares (630-598 A.C.). Todos esses reis governavam na Média. O rei Ciaxares fez aliança com Nabopolasar, pai de Nabucodonosor, e juntos destruíram a cidade de Nínive dos assírios, e Nabopolasar implantou o reino da Babilônia. Quer dizer, antes dos babilônicos governarem quem governava era a Assíria, porém, os caldeus se uniram com os medos e destruíram o império da Assíria em 612 A.C. Ciaxares, rei da Média, tinha uma filha chamada Amitis que foi dada em casamento a Nabucodonosor, inclusive, foi por causa dessa princesa que Nabucodonosor construiu na Babilônia os Jardins Suspensos, pois a rainha ‘vivia constantemente triste, com saudades de seu lar e das belezas naturais entre as quais ela cresceu e havia deixado para trás para se casar com Nabucodonosor’ (https://rainhastragicas.com/2016/08/23/videoem-3d-mos-tra -como-seriam-os-jardins-suspensos-da-babilonia/). E também Ciaxares tinha um filho que se chamava Astíages que segundo alguns historiadores da Bíblia era o Assuero de Daniel 9.1 que governou na Média em 596-560 A.C. Astíages tinha um filho chamado Dario e uma filha chamada Mandame. Sua filha se casou com Cambises que tiveram um filho e lhe deram o nome de Ciro. Astíages havia tido um sonho antes de Ciro nascer de que quando grande, Ciro tomaria o reino das suas mãos. Então, com medo, quando Ciro 92


nasceu, ele ordenou que um de seus comandantes executasse Ciro em uma floresta bem distante. Porém, o comandante não teve coragem de mata-lo e o entregou para uma família cria-lo. Ciro cresceu e se tornou um guerreiro e começou a travar guerras contra a Média. E em 549 A.C., ele toma o reino das mãos de seu avô, Astíages, e uni o governo da Média e da Pérsia em um só reino e torna-se seu primeiro rei. Em 539 A.C., Ciro vence a Babilônia e torna-se senhor do mundo daquela época. Ele constitui o seu tio, Dario, como rei na cidade da Babilônia. A Pérsia governava sobre 127 províncias, considerado o maior império territorial, sua capital era Susã (Et 1.1,2; Dn 8.2).

Durante o reinado da Pérsia ocorreram alguns eventos importantes em relação ao povo de Israel registrados na Bíblia. Em 538 A.C., Ciro decretou o retorno dos judeus da Babilônia quando, então, terminaram os 93


setenta anos de cativeiro. Zorobabel lidera mais de 42 mil judeus e voltam para a cidade de Judá, e ali inicia a construção do templo (Ed 2.64; 3.1-8). Depois, em 458 A.C., retorna para Judá o sacerdote Esdras para organizar o culto a Deus e sua adoração no templo (Ed 7.1-8). E, depois, em 445 A.C., Neemias vai à Jerusalém para reconstruir os seus muros (Ne 2.111). Esses eventos ocorreram no reinado de Artaxerxes I Longímano (464424 A.C.). E é durante todo esse tempo que acontece a história da rainha Ester que se casou com um rei persa por nome Assuero, mas também, conhecido por Xerxes I (486-465 A.C.). Não sei se vocês assistiram aquele filme ‘Os 300 de Esparta’, aquele rei persa, protagonizado pelo ator da Globo, Rodrigo Santoro, que lutou contra Leónidas I, era o Assuero esposo de Ester. Em 331 A.C., o rei persa, Dario III (335-331 A.C.), foi derrotado pelo exército da Grécia, na batalha de Isso, na Ásia Menor, e o dominou passou para os gregos.

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Vamos ler Daniel 8.5-8,21,22: ‘E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no ímpeto da sua força. E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e ferindo-o quebrou-lhe os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão. E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu. Mas o bode peludo é o rei da Grécia’. O império da Grécia é representado na estátua do sonho de Nabucodonosor pelo ventre e o quadril de bronze, e na visão dos animais é representado pelo leopardo de quatro cabeças e quatro asas e no capítulo 8 de Daniel é representado por um bode peludo com um chifre grande. Esse império dominou de 331 até 168 A.C. Conforme a explicação da visão do bode dada a Daniel ‘o grande chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei’ (Dn 8.21). O primeiro rei da Grécia foi Alexandre, o Grande, também, conhecido como Alexandre Magno. Ele foi um grande general e tinha 20 anos de idade quando se tornou rei, logo após o assassinato do seu pai, Filipe II da Macedónia (359-336 A.C.). Após vencer a Pérsia, Alexandre Magno fundou o Império da Grécia, um vasto império que ia do Egito à Índia, porém seu reinado durou apenas 8 anos de 331-323 A.C.

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Em Daniel 8.8 lemos: ‘E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado’. De fato, Alexandre quando estava para entender o seu domínio para além da Índia, e em uma noite enquanto bebia festejando suas vitórias, morreu subitamente aos trinta e três anos de idade. Ninguém sabe qual foi a causa da sua morte, uns pensam que foi overdose de tanto beber álcool naquela noite, outros acham que ele foi envenenado por alguns de seus generais e outros acham que ele morreu de ‘malária, febre tifóide ou encefalite virótica’ (http://pt.wikipe dia.org/wiki/Alexandre_o_Grande). Alexandre era um homem muito culto, não é por menos, pois o seu professor particular foi o filósofo Aristóteles. Vocês sabem que através da Grécia foi disseminada toda a cultura helenista, principalmente a filosofia e a língua grega, que até hoje nos influenciam. Vamos ler Daniel 11.3,4: ‘.... se levantará um rei valente [Alexandre Magno], que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver. Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros...’. Quer dizer, com a morte súbita de Alexandre, o seu reino seria dividido em quatro pequenos reinos, mas não para seus filhos, e nem esses reinos teriam a mesma força do domínio de Alexandre. Sobre essa divisão do império macedônio ou grego, Daniel 8.8 diz o seguinte: ‘...aquele grande chifre [Alexandre Magno] foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro [chifres = reinos]...’. Explicando essa profecia, o Dr. Elienai Cabral diz o seguinte: ‘Esses quatro chifres menores representam os quatro generais que assumiram o império grego depois da morte de Alexandre, o Grande’ (9ª Lição, 4º Trim/2014).

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Essa divisão, também, foi representada pelas quatro cabeças do leopardo na visão dos impérios animalescos em Daniel 7. Os quatro reinos são: Egito, Síria, Macedônia e Ásia Menor. Cada uma dessas divisões ficou sob o domínio de quatro dentre os generais de Alexandre. Esses generais eram: Ptolomeu I Sóter (Egito), Seleuco I Nicator (Síria), Lisímaco (Macedônia) e Cassandro (Ásia Menor). Os que se destacarão na profecia bíblica serão os reis da Síria, chamados de Selêucidas e os reis do Egito, chamados de Ptolomeus. Nas profecias de Daniel, no capítulo 11, os reis da Síria são conhecidos como reis do Norte e os reis do Egito conhecido como reis do Sul. Abaixo segue uma lista mostrando os nomes dos reis que reinaram no Egito e na Síria.

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Esses reis reinaram até que veio a Roma e tomou os reinos deles. Mais de trinta reis governaram o Egito pelo nome de Ptolomeu. Eu quero apenas destacar dentre os reis do Egito, apenas um, chamado de Ptolomeu Filadelfo (285-246 A.C.), pois foi ele que mandou traduzir a Bíblia hebraica dos judeus para a língua grega para isso ele contratou 72 sacerdotes levitas que, segundo conta, a traduziu em 70 dias por isso que essa versão ficou conhecida como Septuaginta (LXX). Foi essa Bíblia que os apóstolos usaram quando pregavam nas nações gentílicas. Temos também os reis selêucidas que gostaria de, também, estacar um chamado de Antíoco IV Epifânio (175-164 A.C.), ele é muito importante na profecia bíblica, pois serve como figura do futuro Anticristo. Vamos ver no mapa como ficou a divisão do império da Grécia sob esses quatro generais de Alexandre.

Note que entre a Síria, no Norte, e o Egito, no Sul, ficava a nação de Israel como até hoje. Durante todo o governo desses dois reinos, eles lutarão pela posse da Palestina. Israel esteve sob o domínio dos Ptolomeus de 323 a 198 A.C., e depois a Síria tomou a Palestina dos Ptolomeus e ficou sob o domínio dos selêucidas de 198 a 63 A.C. Dentro desse período houve a revolta dos macabeus contra o governo de Antíoco Epifânio. Vamos ler Daniel 8.9: ‘E de um deles [da Síria dos Selêucidas] saiu um chifre muito pequeno [Antíoco Epifânio], o qual cresceu muito para o sul [Egito], e para o oriente [Babilônia], e para a terra formosa [Israel]’. Antíoco IV se autodenominou ‘Epifânio’ que significa ‘manifestação’, pois se considerava uma manifestação de deus. Esse termo vem do grego ‘epifania’, palavra utilizada pelos apóstolos para descrever a manifestação da vinda de Jesus Cristo. Antíoco Epifânio tornou-se um 98


opressor terrível contra os judeus. Veremos a ultrajante atividade desse rei contra Israel. Em Daniel 8.10-12 lemos: ‘E [Antíoco Epifânio] se engrandeceu até contra o exército do céu [os sacerdotes levíticos]; e a alguns do exército, e das estrelas, lançou por terra, e os pisou. E se engrandeceu até contra o príncipe do exército [sumo sacerdote Onias]; e por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou’. Quando a nação de Israel estava sob o domínio dos Ptolomeus e alguns reis da Síria, eles não se incomodavam se os judeus praticassem sua religião, porém, quando surgiu Antíoco IV Epifânio, ele começou a se incomodar com os judeus e tentou implantar neles a cultura e a religião grega (1º Macabeus 1.1-15). O judeu e historiador Flávio Josefo, que viveu no século I da era cristã, escrevendo acerca das profecias de Daniel disse o seguinte: ‘tudo isso aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio. Antíoco Epifânio 'mandou construir um altar no templo [dedicado a Zeus] e lá fez sacrificar porcos, o que era uma das coisas mais contrária à nossa religião. Obrigou então os judeus a renunciarem ao culto do verdadeiro Deus, para adorar seus ídolos, [proibiu a observância do sábado]... Proibiu os judeus [circuncidar] seus filhos... Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras...’ (História dos Hebreus, págs.256,287, CPAD). Essas coisas ocorreram no período de três anos e dois meses de 168 a 165 A.C. Sobre esse período lemos em Daniel 8.13,14: ‘Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário e o exército, a fim de serem pisados? E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado’. Durante esse período, a profecia diz que o ‘exército’ seria entregue ao ‘rei, feroz de semblante’ (Dn 8.23), isto é, Antíoco Epifânio. O ‘exército’ se refere aos ‘poderoso’, isto é, aos sacerdotes e o ‘povo santo’, Israel (Dn 8.24). E também que ele iria pisar o santuário, que se refere a profanação do templo de Jerusalém, num período de ‘duas mil e trezentas tardes e manhãs’. Essa expressão faz alusão aos sacrifícios que os judeus ofereciam a Deus ao pôr do sol da tarde e ao levantar do sol na manhã (Dn 9.21), chamado de ‘sacrifício contínuo’ (Dn 8.12,13), cujos sacrifícios foram proibidos, conforme a profecia que diz ‘por ele foi tirado o sacrifício contínuo’ (Dn 8.11).

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Se referindo a esse mesmo episódio, Daniel 11.31 diz: ‘E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora’. E sobre o período completo dessa profanação, Daniel 12.11 diz: ‘E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias’. Isso significa que as ‘duas mil e trezentas tardes e manhãs’ se refere o tempo da profanação do santuário até sua purificação, isto é, três anos (168-165 A.C.) e os ‘mil duzentos e noventa dias’, isto é, três anos e meio, refere-se o tempo desde a profanação do santuário até a morte do ímpio Antíoco Epifânio (168-164 A.C.) que morreu derrotado e lamentando-se por ter profanado o santuário sagrado. O texto de Daniel 8.14 refere-se à quantidade de sacrifícios que seriam suspensos durante os três anos de profanação. Assim escreveu o Dr. Elienai Cabral: ‘Segundo a história, a purificação do santuário ocorreu três anos e dois meses [168 a 165 a.C] depois de o altar do Senhor ter sido removido por Antíoco’ (9ª Lição, 4º Trim/2014). Sobre o reinado completo de Antíoco Epifânio, o Dr. Elienai Cabral escreveu: ‘Antíoco Epifânio... chegou ao poder em 175 a.C. e tinha apenas 40 anos de idade... Segundo a história, reinou apenas onze anos, e morreu em 164 a.C.’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Vamos ler o que diz o livro de Macabeus sobre essas coisas. Sobre a data da profanação do santuário, 1º Macabeus 1.54 diz: ‘No dia quinze do mês de Casleu [dezembro], do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco levantou sobre o altar dos holocaustos a abominação desoladora’. O ano 145 do reino dos gregos equivale ao ano 168 A.C., do nosso calendário. E sobre a data da purificação do santuário, diz 1º Macabeus 4.44,45,47,48,52-54 o seguinte: ‘Deliberaram também sobre o que fazer do altar dos holocaustos, que tinha sido profanado, e tiveram a boa idéia de o demolir... e construíram um altar novo, segundo o modelo do anterior. Restauraram o lugar santo... Antes do amanhecer, no dia vinte e cinco do nono mês, isto é, o mês de Casleu (dezembro), do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram para oferecerem o sacrifício, de acordo com a Lei, sobre o novo altar dos holocaustos que tinham construído. Exatamente na mesma época e no mesmo dia em que os gentios o haviam profanado, o altar foi consagrado em meio a cânticos e cítaras e liras e címbalos’. O ano 148 do reino dos gregos equivale ao ano 165 A.C., no nosso calendário. Portanto, 145 menos 148 são três anos, assim como 168 menos 165 são 3 anos. Durante esses três anos foram suspensos 2300 sacrifícios. Sobre a data da morte de Antíoco Epifânio quando cessou a perseguição contra os judeus, lemos em 1º Macabeus 6.12-16: ‘Agora me lembro das maldades que cometi em Jerusalém... Reconheço que é por isso que estas desgraças me atingiram, e agora morro com tanta tristeza... E ali, 100


nesse lugar, morreu o rei Antíoco, no ano cento e quarenta e nove’. O ano 149 do reino dos gregos equivale ao ano 164 A.C., do nosso calendário. Então, desde a profanação do santuário até a morte do profanador Antíoco transcorreram, conforme a profecia, 1290 dias (Dn 12.11), isto é, três anos e meio (145-149=4 ou 168-164=4) A ‘transgressão assoladora’ (Dn 8.13) é a ‘abominação assoladora ou desoladora’ (Dn 11.31; 12.11) colocada no santuário de Jerusalém por Antíoco Epifânio quando ele removeu o altar sagrado e erigiu um altar dedicado a Zeus no templo de Jerusalém e ofereceu porcos no santuário de Deus. Sobre isso, assim escreveu o Dr. Elienai Cabral: ‘Epifânio construiu um altar a Zeus, deus grego, sobre o altar dos holocaustos no Templo... Ele ordenou o sacrifício de porcos sobre o altar sagrado para profanar o Santuário’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Leia também 1º Macabeus 1.41-64 na Bíblia Católica. Entretanto, a profecia diz que depois das ‘duas mil e trezentas tardes e manhãs o santuário será purificado’ (Dn 8.14). Um corajoso sacerdote chamado Matatias disse, ‘em voz alta: Mesmo que todas as nações que moram nos domínios do rei obedeçam à sua ordem, afastando-se cada uma da tradição de seus antepassados para se conformarem às determinações do rei, eu, meus filhos e parentes continuaremos fiéis à aliança dos nossos pais. Que o Senhor nos seja propício, para que não abandonemos a Lei e nossas tradições. Não obedeceremos às ordens do rei, desviando-nos da nossa religião nem para a direita nem para a esquerda’ (1º Macabeus 2.19-22). Assim inicia a revolta de Matatias e seus cinco filhos, um deles é conhecido por Judas, o Macabeu, de onde vem a designação os macabeus, pois ele liderou a revolta após a morte de seu pai. Depois de derrotarem o exército de Antíoco Epifânio, os macabeus purificaram o santuário, demoliram o altar profano que foi erigido no templo sagrado, reconstruíram o altar de Deus e estabeleceram o culto sagrado (Dn 11.31-36). Vamos ler isso na história registrada no livro de 1º Macabeus 4.3659: ‘Disse então Judas, junto com seus irmãos: Nossos inimigos estão derrotados. Vamos subir a Jerusalém, para purificar o lugar santo e restaurá-lo. Todo o exército se reuniu e subiram para o monte Sião. Aí viram o Santuário abandonado, o altar profanado, as portas incendiadas, o mato crescendo nos átrios como num bosque ou na montanha, os aposentos dos sacerdotes, destruídos. Rasgaram suas vestes e choraram amargamente, cobrindo-se de cinza. Prostrados por terra, começaram a gritar, ao som das trombetas, clamando ao céu. Judas ordenou a alguns de seus homens que contivessem os que estavam na cidadela, enquanto era purificado o templo. Para esta função escolhera sacerdotes sem defeito, observantes da Lei, os quais purificaram o lugar santo e removeram para 101


um lugar impuro as pedras que o profanavam. Deliberaram também sobre o que fazer do altar dos holocaustos, que tinha sido profanado, e tiveram a boa idéia de o demolir. Assim, ele não continuaria a ser motivo de desonra, pelo fato de as nações o terem profanado. Demoliram, pois, o altar e deixaram as pedras no monte do templo, em lugar conveniente, até que aparecesse o Profeta esperado, para decidir sobre o que fazer com elas. Tomaram então pedras inteiras, não talhadas, segundo a Lei, e construíram um altar novo, segundo o modelo do anterior. Restauraram o lugar santo e consagraram a parte interna do Santuário e os átrios. Fabricaram novos utensílios sagrados e introduziram no templo o candelabro, o altar do incenso e a mesa. Acenderam o fogo sobre o altar, bem como as lâmpadas do candelabro, para que iluminassem o templo. Colocaram em ordem os pães sobre a mesa, penduraram as cortinas e deram por terminados todos os trabalhos. Antes do amanhecer, no dia vinte e cinco do nono mês, isto é, o mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram para oferecerem o sacrifício, de acordo com a Lei, sobre o novo altar dos holocaustos que tinham construído. Exatamente na mesma época e no mesmo dia em que os gentios o haviam profanado, o altar foi consagrado em meio a cânticos e cítaras e liras e címbalos. Todo o povo prostrou-se por terra, em adoração, e fez subir para o céu os seus louvores, para Aquele que lhes tinha concedido o sucesso. Durante oito dias celebraram a dedicação do altar, oferecendo holocaustos com alegria e sacrifícios de comunhão e de ação de graças... Então, Judas e seus irmãos, e toda a assembléia de Israel, determinaram que os dias da dedicação do altar seriam anualmente celebrados, no seu devido tempo, pelo espaço de oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria’. Essa festa comemorada no mês de Casleu ou Quisleu, isto é, dezembro, ficou conhecida como Festa da Dedicação, ela aparece em João 10.22. Portanto, esse tempo de ‘duas mil e trezentas tardes e manhãs’ que equivale também a 1.290 dias (Dn 8.14; 12.11), se cumpriu em 168 A.C. até 164 A.C., quando os judeus macabeus reconsagraram o templo e derrotaram Antíoco Epifânio. Por isso que assim como Antíoco Epifânio prefigurava o Anticristo, assim também o tempo da assolação de Antíoco é tomado como símbolo da assolação futura do Anticristo contra os santos (Daniel 7.25; Apocalipse 13.5-7). Veremos isso agora mais detalhadamente, porém, não podemos confundir o chifre pequeno de Daniel 8.9 com o chifre pequeno de Daniel 7.8. O chifre pequeno de Daniel 8.9 saí do Império Grego, que é o Antíoco Epifânio e o chifre pequeno de Daniel 7.8 saí do Império Romano, que é o Anticristo. Porém, Antíoco Epifânio é uma prefiguração do Anticristo, pois todas as suas atrocidades contra os judeus no período de três anos meio são profeticamente aplicadas ao Anticristo. 102


O chifre pequeno de Daniel 7.8, que é o Anticristo, saí de Roma, por isso que ele pode ser o Papa de Roma (o Vaticano). Em Daniel 7.24,25 lemos: ‘E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino [Império Romano] se levantarão dez reis [que são os povos bárbaros que se transformaram nas atuais nações europeias = A União Europeia]; e depois deles se levantará outro [Papado], o qual será diferente dos primeiros [porque o seu reino é religioso e político], e abaterá a três reis’. Sobre isso o Pr. Severino Pedro da Silva [da AD] diz o seguinte: ‘Segundo ‘intérpretes históricos... em prol da ascensão do “papado” foram extirpadas três nações representadas pelos dez chifres. Essas três nações, alojadas na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos [ou Vândalos] (Daniel Versículo por Versículo, pág. 138). As profecias apontam para os papas. Por exemplo, em Daniel 7.25 lemos o seguinte: ‘O chifre pequeno proferirá palavras contra o Altíssimo [os papas criam dogmas contrários as doutrinas de Deus], e destruirá os santos do Altíssimo [aos longos dos séculos, os papas tem perseguido tanto a judeus como a cristãos], e cuidará em mudar os tempos [foi o papa que criou o calendário atual] e mudará a lei [o papa alterou os dez mandamentos]; e eles [os santos] serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo’ [o papa perseguirá novamente os santos no futuro próximo]. Aplicando as profecias referentes a Antíoco Epifânio ao Anticristo, Paulo escreveu que viria a apostasia, e se manifestaria ‘...o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus’ (2ª Ts 2.3,4). Ver Daniel 11.31,36,37. Sobre essa comparação assim escreveu o Dr. Elienai Cabral: ‘Tratase de um homem que chega ao poder, prospera, cresce em força e, então, investe contra o Deus de Israel. Esse rei, na figura de Antíoco Epifânio, assume o papel de divindade. Essa profecia tem o respaldo do Novo Testamento nas palavras de Paulo, quando diz que “se opõe contra tudo que se chama Deus ou se adora” (2 Ts 2.4)’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Através da apostasia e do papado a igreja de Cristo, que é o templo de Deus, foi profanada, e se transformou na Grande Babilônia, a Igreja Católica, onde o papa se assenta como Deus e recebe adoração (Ap 17.1-6). Mas assim como Ciro venceu a Babilônia, libertou os judeus e reedificou o templo do Senhor, assim, também, o nosso Cristo, em sua vinda, destruirá a Babilônia, libertará os santos e reedificará o templo do Senhor (Ap 16.19; 20.4; 21.3,4). Convém dizer que os macabeus que não aceitaram adoração falsa de Antíoco prefiguram esses santos que não adorarão o Anticristo, serão perseguidos, mas vencerão (Dn 11.32-35; Ap 12.17; 13.7; 15.2,3; 17.14). 103


Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 07 de Dezembro de 2014 As Setenta Semanas de Daniel Vamos ler Daniel 9.25-27: ‘Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador’. Vamos iniciar a nossa palestra partindo da interpretação aceita por todos de que as setentas semanas de Daniel são profeticamente setenta semanas de anos que compreendem a 490 anos. Pois se forem semanas, o período não cobre todos os eventos alistados. Pelos menos nisso os estudiosos são unânimes, pois existem vários sistemas de interpretações acerca das setenta semanas de Daniel. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, publicado pela CPAD, ‘as setenta semanas de Daniel têm gerado uma interminável sucessão de sistemas de interpretação’ (Vol. 4, págs. 536-538). Não existe apenas uma interpretação das setentas semanas de Daniel, mas várias interpretações, porém, nessa manhã, eu quero me deter apenas em duas interpretações que são as interpretações principais. Primeira, a Interpretação Messiânica Tradicional. Essa teoria afirma que as setenta semanas profetizam acerca da primeira vinda de Cristo, especialmente sua morte, e culmina com a destruição de Jerusalém. Agostinho foi o primeiro que descreveu essa interpretação. E a segunda, que chamarei de a Interpretação do Intervalo. Essa teoria afirma que setentas semanas são divididos em períodos de sete setes, sessenta e dois setes e um sete final separado do restante por um intervalo indefinido ou hiato. Os sessenta e nove setes cobrem o período até a primeira vinda e a morte do Messias e a destruição de Jerusalém. O último sete é o período do Anticristo no final dos tempos. Os defensores dessa teoria são os dispensacionalista (século XIX), e esse é o sistema de interpretação escatológica adotada pela Assembleia de Deus. Vamos analisar dois gráficos que nos mostrará a posição dessas duas classes de interpretações. 104


Em minha palestra eu quero fazer uma acareação dessas duas interpretações para que vocês possam por si mesmo analisar qual das duas são mais coerentes com as profecias bíblicas. As setentas semanas estão ‘profeticamente dividido em três grupos: 1º) sete semanas (49 anos); 2º) sessenta e duas semanas (434 anos); e 3º) uma semana (7 anos)’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). No hebraico, o termo ‘semanas’ tanto pode ser traduzido por ‘semanas’ como por ‘setes’. Por isso que a tradução, também, poderia ser ‘setenta setes’, ou seja, setenta vezes sete que são 490. Conforme a profecia desde a saída da ordem para edificar Jerusalém até o Messias serão 483 anos. Vamos entender. Daniel 9.25 diz: ‘Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas...’. Ora sete semanas somadas a sessenta e duas semanas são sessenta e nove semanas. Portanto, sessenta e nove semanas multiplicado por sete são 483 semanas, tratando-se de semanas de anos são 483 anos. Por isso que desde a saída da ordem para edificar Jerusalém até o Messias serão 483 anos. Devemos descobrir em que ano saiu a ordem para reedificar Jerusalém para iniciar a contagem dos 483 anos. Segundo ‘A Interpretação do Intervalo’ dos dispensacionalistas a ordem saiu em 445 A.C. 105


O Dr. Elienai Cabral, que é um dispensacionalista, escreveu o seguinte: ‘O início desta profecia deu-se com o decreto da reconstrução de Jerusalém (v.25). Os principais estudiosos do assunto concordam que se trata do decreto de Artaxerxes Longímano, baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2)’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Quando o Dr. Elienai Cabral diz: ‘...os principais estudiosos...’ se refere aos principais estudiosos do dispensacionalismo. Isso significa que dentro do próprio sistema há outros que defendem outras datas. Vamos ver o que diz a ‘Interpretação Messiânica Tradicional’ sobre a data da saída da ordem para iniciar a contagem das setentas semanas. Conforme citado no Comentário Bíblico Beacon, publicado pela CPAD: ‘o ano 457 a.C. é a base de onde... começa [os] cálculos e interpretações dos 483 anos’ (Vol. 4, pág.538). Vamos analisar essas duas datas: 457 A.C. e 445 A.C. Na verdade, conforme Esdras 6.14 saíram três decretos: ‘E edificaram e terminaram a obra conforme ao mandado do Deus de Israel, e conforme ao decreto de Ciro e Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia’. O livro de Esdras registra esses três decretos: O decreto de Ciro, em 538 A.C. (Ed 1.1-3), o decreto de Dario em 520 A.C. (Ed 6.8,12) e o decreto de Artaxerxes em 457 A.C. (Ed 7.11-13,21,25,26). Temos que descobrir qual desses decretos se refere a profecia de Daniel 9.25. Convém dizer que no ano 445 A.C., tomado como início da contagem das setentas semanas pela maioria dos dispensacionalistas, não houve nenhum decreto, mas cartas de recomendações solicitadas por Neemias (Ne 2.7,8). Mas mesmo assim vamos considerar essas cartas como decreto para Neemias reconstruir os muros de Jerusalém a fim de podermos analisar se essa data é ideal para a contagem das setenta semanas. O decreto de Ciro, emitido em 538 A.C., é uma data muito tardia para iniciar a contagem. Pois se contarmos os 483 anos partindo de 538 chegaremos no ano 55 antes da era cristã, e a profecia diz que seria até o Messias. Ora, o Messias nasceu muitos anos depois dessa data, logo, o decreto de Ciro está descartado. Temos o segundo decreto, o decreto de Dario no ano 520 A.C. Contando os 483 anos a partir de 520 chegaremos no ano 37 antes do nascimento do Messias. Portanto, o decreto de Dario, também, está descartado. O terceiro decreto, o decreto de Artaxerxes Longímano, em 457 A.C., para o sacerdote Esdras, registrado em Ed 7.11-13,21,23,25,26: ‘Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote Esdras, o escriba das palavras dos mandamentos do Senhor, e dos seus estatutos sobre Israel: Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote 106


Esdras, escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, etc. Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá. E por mim mesmo, o rei Artaxerxes, se decreta a todos os tesoureiros que estão dalém do rio que tudo quanto vos pedir o sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus dos céus, prontamente se faça. Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu, prontamente se faça para a casa do Deus do céu. E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que possui, nomeia magistrados e juízes, que julguem a todo o povo que está dalém do rio, a todos os que sabem as leis do teu Deus; e ao que não as sabe, lhe ensinarás. E todo aquele que não observar a lei do teu Deus e a lei do rei, seja julgado prontamente; quer seja morte, quer desterro, quer multa sobre os seus bens, quer prisão’. Esse mesmo rei, Artaxerxes Longímano, em 445 A.C., permitiu que Neemias fosse a Jerusalém, não por decreto, mas atendendo ao humilde pedido de Neemias conforme lemos em Neemias 2.5: ‘Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique’. Pelo fato, da profecia dizer: ‘as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos’ (Dn 9.25), e de fato isso aconteceu nos dias de Neemias, muitos eruditos tomam essa data como o início da contagem das setentas semanas. Porém, em 445 A.C., não foi emitido nenhum decreto por Artaxerxes, apenas cartas de recomendações dadas a Neemias, solicitadas pelo próprio Neemias. Assim está escrito: ‘Disse mais [Neemias] ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me permitam passar até que chegue a Judá. Como também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, para o muro da cidade e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim. Então fui aos governadores dalém do rio, e dei-lhes as cartas do rei; e o rei tinha enviado comigo capitães do exército e cavaleiros’ (Ne 2.7-9). A profecia é bem claro em dizer que a contagem inicia na ‘saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém’ (Dn 9.25). Essa ordem foi dada a Esdras em 457 A.C., por Artaxerxes. Conforme está escrito: ‘Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras... Por mim se decreta que... todo aquele do povo de Israel... que quiser ir contigo a Jerusalém, vá... E Bendito seja o Senhor Deus de nossos pais, que tal inspirou ao coração do rei, para ornar a casa do Senhor, que está em Jerusalém’ (Ed 7.12,13,27). 107


E referindo-se a esse decreto em Esdras 6.14 se lê: ‘edificaram e terminaram a obra conforme ao mandado do Deus de Israel, e conforme ao decreto... de Artaxerxes, rei da Pérsia’. É claro que o texto se refere ao templo de Jerusalém, mas isso é lógico, pois a construção de Jerusalém deve-se começar pelo templo, e não pelas casas e muros (Ag 1.2-4,8). Entretanto, após, a construção do templo, a própria cidade começou a ser edificada, pois Esdras disse: ‘...na nossa servidão não nos desamparou o nosso Deus; antes estendeu sobre nós a sua benignidade perante os reis da Pérsia, para que nos desse vida, para levantarmos a casa do nosso Deus, e para restaurarmos as suas assolações; e para que nos desse uma parede de proteção em Judá e em Jerusalém’ (Ed 9.9). Por isso que a Neemias não foi dado nenhum decreto, pois o decreto já havia sido dado a Esdras em 457 A.C., e além do mais, Neemias e Esdras eram contemporâneos (Ne 8.9), então, Neemias sabia desse decreto, e com certeza foi isso que lhe motivou a solicitar a permissão de ir a Jerusalém e reedifica-la, pois, Neemias sabia que já haviam se passado treze anos após a emissão do decreto de Artaxerxes, e o povo ainda não tinha concluído a construção das ruas, dos muros e das portas da cidade (Ne 1.1-4), e como, governador de Judá, a ele cabia essa responsabilidade (Ne 5.14). Então, temos essas duas datas (457 e 445) que se rivalizam. Vamos fazer o seguinte: iremos aplicar a essas duas datas, os 483 anos para ver em que ano chegarão, e se tal ano marca o surgimento do Messias. Tal ano não pode ultrapassar a morte do Messias, pois a profecia diz que depois dos 483 anos o Messias seria morto. Assim está escrito em Daniel 9.26: ‘E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações’. Sobre esse texto, assim escreveu o Dr. Elienai Cabral: ‘É o período do advento do Messias, Jesus de Nazaré (vv.25,26). Neste tempo o Senhor foi morto e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Se contarmos 483 anos a partir de 445 A.C., chegaremos no ano 38 depois de Cristo. O que aconteceu no ano 38 D.C.? Possivelmente o início 108


do reinado do imperador Calígula (37-41 D.C) e a primeira visita de Paulo a Jerusalém após a sua conversão (Gl 1.17,18). Quer dizer, essa data ultrapassou ao Messias. Então, o 445 A.C. ficará em desvantagem em relação ao ano 457 A.C. Pois se contarmos os 483 anos a partir do ano 457 A.C., chegaremos no ano 27 depois de Cristo. O que aconteceu no ano 27 D.C? Foi o batismo de Jesus Cristo (Lucas 3.1,21-23). Mas, será que segundo as Escrituras Jesus Cristo realmente foi batizado em 27 D.C?

Vamos ler Lucas 3.1-3: ‘E no ano quinze do império de Tibério César [11 A.C-37 D.C], sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia [26-36 D.C], e Herodes [Antipas] tetrarca da Galiléia [4 A.C-39 D.C], e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites [4 A.C-34 D.C], e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes [17-36 D.C], veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias. E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados’. Ora se João Batista iniciou seu ministério no ano quinze do reinado de Tibério, e Tibério começou a reinar em 11 A.C., então o ano quinze do seu reinado é o ano 26 D.C. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, publicado pela CPAD ‘o ministério de João começou em 26-27 d.C’ (Vol. 6, pág. 381). E Lucas afirma que Jesus tinha ‘cerca de 30 anos’ quando foi batizado nas águas (Lc 3.21-23), e nessa ocasião ele foi ungido com Espírito Santo (At 10.37,38; Lc 4.1,18). Seu batismo, também, serviu como uma apresentação de Jesus como o Messias para Israel (Jo 1.31-34).

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Em que ano Jesus Cristo tinha 30 anos? Mateus 2.1 diz: ‘E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes [o Grande], eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém’. Comentando esse texto, o Comentário Bíblico Beacon, publicado pela CPAD, diz o seguinte: ‘A afirmação feita aqui de que Jesus nasceu no tempo de Herodes, combinada ao fato de que Herodes, o Grande, morreu em 4 a.C., indica que o nosso calendário tem um erro de pelo menos quatro anos. Na verdade, Jesus provavelmente nasceu em 5 a.C., morreu em 30 d.C. (alguns dizem 29)’ (Vol. 6, pág. 31). Isso significa que Jesus foi batizado entre 26 e 27, pois se ele nasceu no ano 5 antes da era cristã, na época do seu batismo ele tinha 30 anos.

Veremos abaixo um gráfico dispensacionalista sobre as Setentas Semanas de Daniel publicado em nossa Lição Bíblica do 4º Trimestre de 2014, pág.71. Vamos analisa-lo.

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Nesse gráfico vimos que a crucificação de Jesus, onde aparece o término dos 483 anos proféticos, ocorreu no ano 33 D.C. Porém, já foi provado pelos estudiosos que Jesus não morreu no ano 33 D.C., pois senão, ele teria nascido no ano 1, e nesse ano Herodes, o Grande, já havia morrido há quatro anos atrás, e Jesus nasceu antes da morte de Herodes, no ano 5 A.C. Na verdade, Jesus morreu no ano 29/30 D.C. E além, do mais, se você notar, no círculo vermelho que eu fiz no gráfico, o próprio gráfico reconhece que do ano 444 ou 445 A.C., data tomada pelos dispensacionalistas para saída do decreto, até o ano 33 D.C., data improvável para a crucificação do Messias, são 476 anos e não 483 conforme a profecia (7+62=69x7=483). Esse gráfico ignora 7 anos (68x7=476-483=-7), e mesmo assim, toma como término para os 476 uma data em que não aconteceu nem a entrada triunfal e nem a crucificação de Jesus. Na verdade, se contarmos realmente os 483 anos a partir de 445 A.C. chegaremos no ano 38 D.C. Tanto no ano 33 como no ano 38, Jesus já estava no céu assentado a destra do Pai nas alturas. A nossa Igreja Assembleia de Deus no Brasil e seus teólogos deveriam descartar a data de 445 A.C., como a data do início da contagem das setentas semanas de Daniel e seguir o conselho da Bíblia de Estudo Pentecostal (Bíblia oficial da AD). Que diz o seguinte: ‘483 anos, transcorreriam entre a data da ordem para reconstruir Jerusalém e a vinda do Messias, o Ungido. Certos expositores da Bíblia diferem de opinião quando ao tempo exato em que os 483 anos começaram. Alguns concluem que foi 538 a.C, quando Ciro promulgou em favor dos exilados judeus, porem esse decreto visava à reedificação do templo, e não da cidade. É mais provável que a data inicial seja 457 a.C, o ano em que Esdras voltou a Jerusalém e começou a reedificar a cidade... nesse caso, os 483 anos terminaram em 27 d.C, que foi aproximadamente o ano em que Jesus começou seu ministério’ (Bíblia de Estudo Pentecostal, pág. 1263, o grifo é meu). Portanto, as 69 semanas ou os 483 anos se cumpriram no ano 27 D.C., quando Jesus Cristo foi batizado nas águas e ungido com o Espírito Santo. Restando apenas uma semana ou sete anos para a conclusão das setentas semanas de Daniel. Vamos ler Daniel 9.27: ‘E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador’. Agora surge a pergunta: A septuagésima semana, isto é, os sete anos, já aconteceu ou ainda vai acontecer? 111


Segundo ‘A Interpretação do Intervalo’ dos dispensacionalistas ainda não aconteceu. Assim escreveu o pré-tribulacionista Elienai Cabral: ‘Esta semana ainda não aconteceu (v.27). Compare o versículo 27 de Daniel [9] com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu. Esta última semana refere-se, então, ao período que implicará o advento do Anticristo e o início do tempo de tribulação para Israel’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Quer dizer, segundo essa teoria houve um intervalo entre 69ª (sexagésima nona) semana e a septuagésima (70ª) semana chamado de Era da Igreja que já se estende por mais de dois mil anos. Após o arrebatamento da Igreja inicia-se a última de semana de Daniel, que são sete anos, período conhecido por Grande Tribulação. Entretanto, segundo ‘A Interpretação Messiânica Tradicional’ os últimos sete anos das setenta semanas proféticas já aconteceram. Assim está citado no Comentário Bíblico Beacon publicado pela CPAD: ‘Essa data [457 a.C]... é o tempo da primeira autorização de Artaxerxes Longimanus dada a Esdras para retornar a Jerusalém. Isso nos levaria até o início do ano 27 d.C., o tempo do batismo de Jesus no Jordão e a ocasião da sua unção pelo Espírito Santo. A primeira parte da septuagésima semana de anos é ocupada com o ministério público de Jesus. Sua “morte” vem no meio dessa semana crucial depois de três anos e meio. Por mais três anos e meio o evangelho é pregado exclusivamente aos judeus até que na casa de Cornélio a porta da oportunidade é aberta aos gentios e termina o privilégio especial de Israel. No devido tempo seguem a destruição do Templo e a devastação de Jerusalém’ (Vol. 4, pág. 538). Eu, pessoalmente, prefiro a interpretação messiânica tradicional que trata o assunto de modo mais coerente com as profecias de Daniel. O texto de Daniel 9.25 chama o Messias de ‘Príncipe’, porém, o versículo 26 cita um ‘príncipe, que há de vir’ e o versículo 27 fala do ‘assolador’ que virá. Vamos ler o texto sagrado. Daniel 9.26,27: ‘E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador’. Quem são o ‘príncipe, que há de vir...’ e o ‘assolador’ de Daniel 9.26,27? Segundo ‘A Interpretação do Intervalo’ dos dispensacionalistas o ‘príncipe que há de vir’ no versículo 26 é o ‘general Tito’ e o ‘assolador’ no versículo 27 é o ‘Anticristo’. 112


Encontramos essa definição nas palavras do Dr. Elienai Cabral que escreveu o seguinte: ‘O primeiro príncipe é o Messias (v.25). O segundo [príncipe] apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26). E o terceiro príncipe [o assolador] surgirá no futuro, na última semana profetizada por Daniel (v. 27). Este príncipe não é o Messias “tirado” (9.26), mas certamente um personagem mais poderoso que Antíoco Epifânio e o general Tito. Trata-se, portanto, do Anticristo (2Ts 2.3-9; 1Jo 2.18)’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Porém, segundo ‘A Interpretação Messiânica Tradicional’ o ‘príncipe que há de vir’ no versículo 26 e o ‘assolador’ no versículo 27 são o mesmo. Trata-se do príncipe Tito, filho do Imperador Vespasiano (69-79 D.C), o general que liderou a destruição de Jerusalém e do Templo no ano 70 D.C. O Dr. Elienai Cabral acredita que o ‘assolador’ é o Anticristo porque o texto que diz ‘sobre a asa das abominações virá o assolador’ refere-se ao fato de que o Anticristo romperá um pacto que fará com Israel por sete anos, e após três e anos e meio proibirá os judeus de oferecerem sacrifícios no templo, e erigirá no templo a sua imagem e exigirá adoração, e assim, profanará o templo com essas ‘abominações’. Ele cita Mateus 24.15 para se referir essa parte da profecia que se cumprirá na grande tribulação. O Dr. Elienai Cabral escreveu o seguinte sobre isso: ‘Compare o versículo 27 de Daniel [9] com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu. Esta última semana refere-se, então, ao período que implicará o advento do Anticristo e o início do tempo de tribulação para Israel’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Vamos ler Mateus 24.15: ‘Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda’. Temos que entender que evento Jesus está se referindo. Em Mateus 24.1,2, Jesus fala da destruição do templo e de Jerusalém. Então, os discípulos lhe perguntam: ‘... quando sucederão essas coisas?’ (Mt 24.3). E no versículo 15, Jesus revela aos apóstolos o ponto inicial da destruição do templo e de Jerusalém, dizendo: ‘‘Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda’. Sabemos que Ele se refere a destruição de Jerusalém no ano 70 D.C., porque no versículo 16, ele adverte os discípulos: ‘Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes’. Lucas, que escreveu para um público gentio, interpretou essa profecia assim: ‘Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua 113


desolação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes’ (Lc 21.20,21). Note que Lucas entendeu, que Jesus Cristo ao citar a profecia de Daniel, que fala sobre ‘abominação da desolação... no lugar santo’, se referia aos ‘exércitos’ romanos sitiando Jerusalém para causar a sua desolação. Portanto, essas profecias, tanto de Jesus como de Daniel, cumpriram-se no ano 70 D.C., quando os exércitos romanos liderados pelo príncipe Tito invadiram Jerusalém, e destruíram a cidade e o templo. Comparando os dois versículos de Daniel 9.26,27 a expressão ‘o exército do príncipe, que há de vir [que] destruirá a cidade e o santuário’ é a mesma ‘sobre a asa das abominações virá o assolador’. Ambos se referem a Tito, o general de Roma. Entretanto, não devemos confundir a ‘abominação da desolação’ de Daniel 9.27 com a ‘abominação desoladora’ de Daniel 11.31; 12.11; 8.13,14. A primeira [Dn 9.27] refere-se ao exército romano comandada por Tito no ano 70 D.C e a segunda [Dn 11.31] refere-se à profanação do templo por Antíoco Epifânio. É essa profecia de Antíoco Epifânia que se aplica ao futuro Anticristo, e não a profecia do ‘príncipe que há de vir’ de Daniel 9.27, cumprida no príncipe Tito no ano 70 D.C. Já falei em minhas palestras anteriores que o Anticristo-Papal profanou o templo de Deus quando transformou a Igreja Cristã, a noiva do Cordeiro, na grande prostituta babilônica, a Igreja Católica, e se assentou nesse templo pagão como se fosse deus (2ª Ts 2.3,4). Entretanto, sabemos que haverá uma terceira fase da Besta chamada de oitavo rei, que é o futuro e último Anticristo, que tentará profanar o templo espiritual, isto é, a adoração verdadeira, que os judeus fiéis prestam a Deus em Jerusalém. Esses judeus crentes no Messias serão obrigados a adorar a Besta, sua imagem e receber sua marca, isto é, adotar o sistema religioso-políticoeconômico do Anticristo, como não aceitarão, serão perseguidos por 1260 dias ou 42 meses ou três anos e meio (Ap 11.1-3,8; 12.17; 13.5-8,15-18). É claro que os crentes gentios, que adoram no mesmo templo espiritual dos judeus fiéis, em todas as nações do mundo, também serão perseguidos por esse sistema anticristão, mas assim como seus companheiros judeus, eles também permanecerão fiéis ao Cordeiro. Quem firmará um concerto com muitos por uma semana, isto é, sete anos? Em Daniel 9.27 lemos: ‘E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação’.

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Note que o texto diz: ‘ele’. Ele quem? Sabemos que só podemos usar a expressão ‘ele’ se referindo a um personagem citado anteriormente, senão ninguém saberá a quem se refere. O texto anterior a ‘ele’ fala de dois personagens: O Príncipe Messias e o príncipe que há de vir, e já vimos que esse príncipe que há de vir se refere ao general Tito. Ele era príncipe porque foi filho de Vespasiano (69-79 D.C.), imperador de Roma, inclusive foi seu sucessor no trono de Roma de 79 a 81 D.C. Mas será que o príncipe Tito fez alguma aliança com os judeus por sete anos? Não! Porém, veremos que para os dispensacionalistas esse ‘ele’ que fará aliança com os judeus por sete anos é o Anticristo que, para eles, aparece na figura do ‘assolador’. Assim escreveu o Dr. Elienai Cabral: ‘O Anticristo “fará uma aliança com muitos por uma semana” (v.27). Note a expressão “com muitos”! Esta quer dizer que o Anticristo fará uma aliança com Israel, mas de início esta aliança não será unânime entre os judeus. A força política do Anticristo será reconhecida nos três primeiros anos e meio, isto é, na primeira metade da última semana, quando a marca desse tempo será um período de falsa paz e harmonia. Em seguida, surgirá um tempo de sofrimento e tamanha aflição em todo o mundo. Perseguição, humilhação e morte serão a tônica desse tempo, a segunda fase da Grande Tribulação. Entretanto, e antes de tudo isso ocorrer, a Igreja será arrebatada e estará para sempre com Cristo na glória’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Bem, meus irmãos, para uma boa interpretação das Escrituras temos que ser sinceros conosco mesmo. O texto de Daniel 9.27 começa com o pronome ‘ele’, se referindo a um personagem anterior. O Anticristo é citado no versículo 26? Não! E então, como esse pronome pode estar se referindo ao Anticristo? Só temos dois personagens anterior ao pronome ‘ele’: O Príncipe Jesus Cristo e o príncipe Tito. E o Dr. Elienai Cabral reconhece isso quando escreveu: ‘O primeiro príncipe é o Messias (v.25). O segundo [príncipe] apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26) (10ª Lição, 4º Trim/2014). O general Tito não pode ser, pois ele não fez nenhuma aliança com os judeus permitindo a adoração no templo, pelo contrário, ele destruiu o templo e matou muitos judeus. O ‘assolador’ que creio trata-se do próprio Tito que assolou Jerusalém, todavia, para Elienai Cabral o assolador é o terceiro príncipe, o Anticristo, assim ele escreveu: E o terceiro príncipe [o assolador] surgirá 115


no futuro, na última semana profetizada por Daniel... Trata-se, portanto, do Anticristo’ (10ª Lição, 4º Trim/2014) e que fará uma aliança com Israel por sete anos conforme crer os dispensacionalistas. Mas como o pronome ‘ele’ pode estar se referindo ao assolador se o assolador só é mencionado na última parte do versículo 27 depois do pronome ‘ele’? Isso é um contrassenso! Mas uma vez eu prefiro ‘A Interpretação Messiânica Tradicional’, que ensina que o ‘ele’ no início do versículo 27 se refere a Jesus Cristo, o Messias, citado no versículo 26, o principal personagem da profecia de Daniel. Essa interpretação é citada no Comentário Bíblico Beacon, publicado pela CPAD que diz: ‘...a morte do Messias culmina não somente com as 69 semanas mas também com a septuagésima semana. O concerto que é firmado com muitos é o evangelho que Cristo proclamou, e sua crucificação na metade da semana coloca um fim à validade de todos os outros sacrifícios e ofertas... A primeira parte da septuagésima semana de anos é ocupada com o ministério público de Jesus. Sua “morte” vem no meio dessa semana crucial depois de três anos e meio. Por mais três anos e meio o evangelho é pregado exclusivamente aos judeus até que na casa de Cornélio a porta da oportunidade é aberta aos gentios e termina o privilégio especial de Israel. No devido tempo seguem a destruição do Templo e a devastação de Jerusalém’ (Vol.4, pág.538). Informações adicionais Para colocar a última semana de Daniel como um evento futuro que se cumprirá na grande tribulação, os dispensacionalistas ensinam um intervalo de tempo indefinido antes da última semana de sete anos. Mas será que haverá realmente um intervalo indefinido que precede a septuagésima semana na profecia de Daniel? Vamos ler o escreveu o Dr. Elienai Cabral sobre esse intervalo: ‘O estudo das Escrituras demonstra um longo intervalo de tempo que precede a septuagésima semana. A Bíblia identifica este intervalo profético como “o tempo dos gentios”. A comunhão espiritual entre judeus e gentios, mediante a salvação em Cristo, formou um novo povo para Deus: a Igreja (Ef 2.1216; 1Pe 2.9,10). Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19). 116


Após o tempo gentílico virá a última semana que, identificada pelas profecias bíblicas, significa um tempo de Grande Tribulação. É neste tempo que o “assolador”, isto é, o “anticristo” ou “o homem do pecado” ou “o homem da perdição”, virá sobre a asa das abominações (v.27). Os sinais que precedem a revelação dessa figura abominável estão ocorrendo por toda parte. Todavia, a Igreja de Cristo não mais estará neste mundo, pois a noiva do Senhor será arrebatada antes do tempo da tribulação (1Co 15.51,52)’ (10ª Lição, 4º Trim/2014). Segundo os dispensacionalistas, o intervalo é necessário porque Deus tem dois povos: Israel e a Igreja. Deus tratou com Israel na Antiga Aliança, hoje está tratando com a Igreja na Nova Aliança, e na Grande Tribulação e no Milênio voltará a tratar com Israel após o arrebatamento da Igreja. Porém, segundo ‘A Interpretação Messiânica Tradicional’ não há necessidade de intervalo no plano redentor de Deus, pois, tanto judeus como gentios estão sendo salvos agora no tempo da graça. Realmente, convém reconhecer que com a formação da Igreja surgiu um problema teológico entre Israel e a Igreja, porém, essas questões vêm desde os tempos dos apóstolos e foram resolvidas por eles. Entretanto, os teólogos não se dão por satisfeitos. Veremos três interpretações que procuram resolver essas questões na atualidade. A primeira interpretação já foi citada anteriormente é a que é ensinada pela escola da Interpretação do Intervalo dos dispensacionalistas. Esse grupo ensina que Deus tem uma dívida para com o Israel nacional que é preciso ser resolvido, isto é, as promessas de Abraão precisam se cumprir no Israel nacional, então, para isso, a Igreja que se constituí outro povo de Deus, precisa sair de cena no arrebatamento, então, Deus se voltará para o seu povo Israel a fim de cumprir as profecias pendentes no plano redentor de Deus. A segunda interpretação é chamada de a Teologia do Pacto ou das Duas Alianças ou Teologia da Substituição defendida pelos calvinistas. Deus não tem dois povos distintos ou dois planos separados, a nação de Israel da antiga aliança foi substituída, através da nova aliança, pela igreja composta de judeus e gentios e assim todas as promessas de Abraão cumpre-se na Igreja. A terceira interpretação que é defendida, principalmente por alguns judeus-messiânicos, ensina que o povo de Deus é Israel, não o Israel incrédulo, mas o Israel composto pelos judeus que creem que Jesus é o Messias, com esses judeus crentes, Jesus fez uma nova aliança e lhes destinou o Reino prometido a Davi. Esse Israel da nova aliança é a Igreja [o templo espiritual] edificado pelo Messias. São os remanescentes de Israel composto por 144 mil israelitas. Herdeiros legítimos das promessas e pactos feitos com os patriarcas. Através de um mistério revelado a Paulo uma 117


plenitude incontável de gentios está sendo chamada, através do evangelho, para se unirem a essa pequena comunidade de Israel, e serem abençoados com as promessas dadas ao Israel do Messias. Tanto a salvação dos judeus como dos gentios depende em si unir a esse Novo Israel no novo pacto. Nos últimos dias, os judeus buscarão o Seu Deus e o Seu Messias, conforme está escrito em Oséias 3.5: ‘Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao Senhor, e à sua bondade, no fim dos dias’. Essa terceira interpretação é a que melhor se harmoniza com o ensino dos apóstolos e profetas. Quando Jesus Cristo voltar, no final da grande tribulação, destruirá os inimigos do povo de Deus e estabelecerá o seu reino para sempre. Nessa ocasião os fiéis do antigo pacto, e também o novo Israel composto por judeus crentes e os cristãos gentios serão arrebatados para reinarem com o Messias no Monte Sião celestial sobre os sobreviventes das nações da guerra do Armagedom que serão tanto judeus como gentios. Inicialmente, o reino do Messias terá um período de transição chamado de Milênio ou Dia do Juízo em que vivos, mortos e anjos serão julgados, e aqueles que forem absolvidos se tornarão súditos do reino eterno de nosso Senhor Jesus Cristo que os governarão com seus santos fiéis do antigo pacto e a Igreja do novo pacto composta pelo novo Israel e os gentios cristãos fiéis. Então, cumprir-se-á as bênção e promessas feitas aos patriarcas e previstas pelos profetas do Senhor.

Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 14 de Dezembro de 2014 O Homem Vestido de Linho

A paz do Senhor Jesus. Vamos ler Daniel 10.5,6: ‘E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão’. Os capítulos 10,11 e 12 do livro de Daniel formam um só bloco de visões e revelações que Daniel recebeu a respeito dos acontecimentos dos últimos dias. Essas revelações começam com a visita do homem vestido de linho que para alguns é Jesus Cristo e para outros o anjo Gabriel. Entretanto, em Daniel 8.15,16, O filho do homem é distinto do anjo Gabriel. Foi dito a Daniel: ‘eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade’ (Dn 118


10.21). Esses registros proféticos revelam o desenrolar da história e o fim dela. Lendo esses registros proféticos revelados a Daniel, notamos que por trás da história há alguns personagens invisíveis, e que são esses personagens invisíveis que fazem a história acontecer. O primeiro personagem invisível é Deus, o Senhor Soberano do Universo. Deus está por trás da história! Ou melhor, é Deus que escreve a história; é Deus que determina a história; Deus é o autor da história. Vamos ler Daniel 2.20-22,47: ‘Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério’. É Deus que revela o futuro do Seu povo e das nações. ‘O capítulo dez tem início com a visão que Daniel teve a respeito dos acontecimentos dos últimos dias. Neste capítulo, temos apenas o início da visão e da revelação de Daniel. Deus é Senhor e tem o conhecimento total e completo do futuro. Sua revelação é infalível e não deixa nenhuma dúvida’ (11ª Lição, 4º Trim/2014). Assim está escrito: ‘Eu sou Jeová; este é o meu nome... eis que as primeiras coisas já se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade’ (Is 42:8,9; 46.10). Jesus Cristo disse: ‘a Escritura não pode falhar’ (Jo 10.35), e também ‘passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar’ ‘sem que [antes] tudo seja cumprido’ (Mt 5.18; 24.35). Porque é Deus quem sustenta sua palavra. Ele disse para o profeta Jeremias: ‘eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la’ (Jr 1.12). E também Deus fala através do profeta Isaías que assim como a chuva cai em torno da terra e para o céu não volta até que cumpra os seus objetivos, assim também é a palavra que sair da minha boca, não voltará para mim vazia, mas cumprirá tudo quanto me apraz (Is 55.10,11). No Salmo 115.3 está escrito: ‘o nosso Deus está nos céus; e faz tudo o que lhe agrada’. Deus ouve a oração do Seu povo e age em favor do Seu povo. Daniel orou vinte e um dias em favor da nação de Israel (Dn 10.1-4). O Deus que 119


controla a história e está fazendo com que a história concorra em favor do seu povo, estar atento as nossas orações (Dn 10.12; Rm 8.28). Por mais que a história seja sombria para o povo de Deus, sabemos que teremos um final feliz. Pois quem está no controle é o nosso Deus, e ele não perde o controle da história e nem fica embaraçado com os acontecimentos da história. Daniel, em sua oração, no capítulo 9, disse: ‘ Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto’ (Dn 9.8), mas Deus sabe de todas as coisas. Ele comece o começo, o meio e o fim da história. Sabemos que o povo de Israel esteve cativo por setenta anos na Babilônia, e assim, que o imperador Ciro tomou o domínio do mundo, logo no primeiro ano do seu reinado, decretou a libertação do povo de Israel para que os judeus pudessem voltar a sua terra e construir a sua cidade, o seu templo e suas vidas. Inicialmente, retornaram mais de 41 mil israelitas com o governador Zorobabel (Ed 1.1-5), entretanto, ainda ficaram muitos judeus na terra do cativeiro. Então, Daniel, preocupado, começa a orar a esse respeito no terceiro ano do reinado de Ciro (Dn 10.1). No devido tempo, os desígnios de Deus são concretizados. No capítulo 9 de Daniel, quando terminaram os setentas anos de cativeiro, ele estava orando a Deus, jejuando e se humilhando em favor do seu povo para que se cumprisse as palavras de Jeremias (Dn 9.1-3). E Deus lhe disse que ainda 490 anos estavam determinados sobre a nação de Israel para que de fato cessasse a transgressão, e desse fim aos pecados, e para que viesse a justiça eterna, e fosse selado a visão e a profecia, e fosse ungido o Santo dos santos (Dn 9.24-27).

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Então, Daniel, começa a orar a respeito desses acontecimentos que estavam determinados sobre o povo de Israel, principalmente a respeito do decreto para reedificar Jerusalém (Dn 9.25; Dn 10.1-3). Nessa ocasião, ele recebe a visita do homem vestido de linho para desenrolar a história e mostrar os acontecimentos futuros (Dn 10.4-6). E assim, o homem vestido de linho é o segundo personagem invisível por trás da história. Na verdade, Ele é o centro da história. Toda a história converge nele. Ele é a razão da história. A história só tem sentido por causa dele. Quem é esse homem vestido de linho? Creio tratar-se do Senhor Jesus Cristo. A sublime visão que Daniel teve do Filho de Deus, Jesus Cristo, em seu estado pré-encarnado é quase idêntica a visão que João teve do Cristo glorificado. Vamos comparar os dois textos e grifar as semelhanças. Em Daniel 10.5,6 lemos: ‘E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão’. E Apocalipse 1.12-15: ‘E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece’. Jesus Cristo é o Messias prometido e o Rei do governo de Deus. Sabemos que o governo da terra foi entregue nas mãos de Adão, então, Adão seria o governante de Deus, o rei de todos os povos. Mas, ele se vendeu ao pecado, a si mesmo e toda a sua posteridade e perdeu o reino. Por isso que foi necessário que Jesus Cristo se tornasse homem para que pudesse resgatar de volta o domínio que foi perdido, e que estava, agora, 121


debaixo do domínio de Satanás. Cristo conquistará o reino através de muitas batalhas. Para isso Jesus veio à terra, não como Deus, mas como homem, a fim de conquistar o governo do mundo. Pois foi ao homem que foi dado o domínio de todas as coisas. Vamos ler um texto no livro de Daniel que mostra o momento em que Jesus Cristo recebe o domínio sobre todas as nações da terra. Essa visão narra um acontecimento para o futuro distante, mas Daniel a contempla de antemão, Jesus ainda não tinha nem sequer vindo na sua primeira vinda. Daniel 7.13,14 está escrito: ‘Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído’. Esse acontecimento revelado a Daniel não só está para além da primeira vinda, mas também para além da segunda vinda de Jesus Cristo. Pois mostra o momento quando Cristo está retornando da sua segunda vinda e é conduzido ao Pai. Nessa ocasião, ele vem retornando com a Igreja após a batalha do Armagedom, se apresenta diante do trono de Deus com os santos do Altíssimo, e recebe o domínio, a honra e o reino para que todos os povos, nações e línguas o servissem. Vamos ler mais alguns textos bíblicos que mostram, também, Jesus retornando da sua segunda vinda para o céu após vencer os inimigos de Deus. Salmo 24.7,8: ‘Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra’. Isaías 63.1-4: ‘Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas; este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas roupas como as daquele que pisa no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas 122


vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vingança estava no meu coração; e o ano dos meus remidos é chegado’. Salmo 68.18,24-26: ‘Quando subiste em triunfo às alturas, levaste cativo muitos prisioneiros; recebeste homens como dádivas, até mesmo rebeldes, para estabeleceres morada, ó Senhor Deus. Já se vê a tua marcha triunfal, ó Deus, a marcha do meu Deus e Rei adentrando o santuário. À frente estão os cantores, depois os músicos; com eles vão as jovens tocando tamborins. Bendigam a Deus na grande congregação! Bendigam o Senhor, descendentes de Israel!’. Vamos ler outro texto em Daniel que mostrará em que tempo da história humana o Reino de Deus, sob às mãos de Jesus Cristo, será estabelecido em toda a terra. Está em Daniel 2.44: ‘Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre’. Quando será estabelecido o Reino de Deus? ‘Nos dias desses reis’. Quem são esses reis? Esses reis é o último reino representado pelos dez dedos da estátua do sonho de Nabucodonosor. E como já vimos, são as nações europeias confederadas. Prestem atenção! Estamos na época das nações europeias, e elas estão apenas esperando o momento certo para agirem. Quando será esse momento certo para agirem? Vamos ler Apocalipse 17.12-14: ‘E os dez chifres que viste são dez reis [os mesmo dez dedos], que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta [o Anticristo]. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis’. As nações europeias estão guardando o surgimento do oitavo rei, a terceira fase da Besta, o último e principal Anticristo, já falei sobre isso, para então, reunirem as nações do mundo inteiro para a batalha, naquele 123


grande dia do Deus Todo-Poderoso (Ap 16.13-16). Esse momento certo está nas mãos de Deus, pois Ele é tem o controle da história. E em Apocalipse 17.17 está escrito: ‘Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus’. O Senhor Deus e o Senhor Jesus Cristo têm o domínio da história! Por mais furiosos que sejam nossos inimigos e descritos de modo terríveis, o domínio deles está se findando. E em breve o Senhor estabelecerá o Seu Reino para sempre (Ap 6.15-17; 19.11-21). Em Apocalipse 11.15 lemos: ‘E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre’. Muito embora, temos visto, que Jesus Cristo receberá o Reino na sua segunda vinda, quero dizer, que ele já é Rei agora, desde a Sua ascensão aos céus. Ele ainda não assumiu o reino sobre as nações do mundo, mas já está assentando a destra de Seu Pai como Rei. Vamos ler Apocalipse 1.5,6: ‘E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém’. Jesus Cristo já é Rei! E já tem o Seu Reino, que é o Seu povo. Porém, Ele ainda vai assumir os reinos das nações quando vier naquele grande e único Dia. Está escrito em Hebreus 10.12,13: ‘Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés’. Conforme o Salmo 110.1-6. Efésios 1.20-22 diz: ‘Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja’. Bem, meus irmãos, já vimos, que quem está por trás da história são o Pai e o Filho, comandando, decretando e determinando a história. A história não fugirá dos planos de Deus. Portanto, não precisamos ficar preocupados.

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Porém, há outros personagens invisíveis que, também, estão por trás da história. Não comandando a história, mas auxiliando no seu cumprimento. São os anjos, pois eles executam a vontade de Deus. Quem são os anjos? ‘Os anjos são seres celestiais reais, porém nem sempre podemos vê-los (Hb 12.22). A Palavra de Deus declara que eles são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14)’ (11ª Lição, 4º Trim/2014). Quero ler um gráfico (na Revista) que fala da natureza dos anjos:

‘Os anjos são criaturas’, não são deuses, muito embora, e algumas vezes, nas Escrituras, lhes são atribuídos o título de ‘deuses’ (Sl 8.5; 82.1; 86.8; 138.1), entretanto, eles não são deuses por natureza (Gl 4.8), mas no sentido de serem poderosos. ‘Os anjos são espíritos, não são limitados ao tempo e ao espaço’, por isso que eles podem rapidamente se deslocar para outra região e dimensão. Por serem espíritos são incorpóreos, isto é, não possuem corpos e não tem nenhuma forma, podendo assumir qualquer forma que quiserem como de fogo, de animais e de humanos. Já os seres humanos nunca serão incorpóreos. Os anjos são imortais e assexuados. Os santos, na ressurreição, não serão transformados em anjos, sempre terão forma humana. Porém, seremos semelhantes aos anjos em duas coisas: primeiro, seremos assexuados, ou seja, manteremos nossas identidades de homens e mulheres, mas não teremos mais desejos sexuais, pois não precisaremos mais reproduzir-nos para perpetuar a raça. E segundo, seremos imortais, mas com corpos humanos transformados. Os anjos são numerosos. Em Apocalipse 5.11 lemos: ‘E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era 125


o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares’. Milhões de milhões de anjos assistem diante de Deus e realizam vários serviços (Dn 7.10). Quero falar um pouco sobre as atribuições dos anjos. Os anjos seguem uma hierarquia e estão divididos em várias classes angelicais. Temos os arcanjos, os querubins, os serafins e os anjos em gerais. Os arcanjos são generais ou príncipes dos exércitos celestiais (Js 5.14,15; Lc 2.13; 2º Cr 18.18; Sl 84.8; 103.21; 148.2), parece que cada arcanjo lidera uma miríade de anjos guerreiros, isto é, dez milhares de anjos, montados em carros de fogo do Altíssimo (Dt 33.2; 2º Rs 6.17; Sl 68.17). Esses anjos guerreiros e poderosos virão com Cristo em Sua segunda vinda para destruir as nações ímpias na guerra do Armagedom (2ª Ts 2.7.8; Jd 14,15; Ap 19.11-14), por isso que nessa ocasião ouve-se a voz de comando do arcanjo (1ª Ts 4.16,17). Dentre os arcanjos, conhecemos apenas Miguel (Dn 10.21; 12.1; Jd 1.9; Ap 12.7,8) mas há outros arcanjos que comandam outros exércitos de anjos (Dn 10.13). Outra classe de anjos são os querubins, anjos guardiões (Gn 3.24) que se constitui na guarda particular do trono de Deus (Sl 99.1; Is 37.16; Ap 4.6) como se fosse guarda-costas de Deus que conduzem, no ombro, o trono móvel do Altíssimo (Ez 1.4-28; Ez 10.1-22; Sl 18.9-13). São os choferes do carrotrono do Altíssimo. Por exemplo, quando o Altíssimo desceu no Monte Sinai foi conduzido por esses querubins (Êx 19.18-20; Dt 33.2; Sl 68.8); quando a arca da aliança foi transferida para Monte Sião, o Altíssimo foi conduzido por querubins (Sl 68.16,17), quando Jerusalém foi corrompida e desolada, o trono do Altíssimo foi elevado às alturas por esses querubins (Ez 10.1,1620; 11.21-23), e acredito, que também os querubins conduzirão o trono de Deus quando Ele vier para pronunciar as sentenças no Juízo (Ap 20.11,12; Mt 25.31,32; Sl 99.1; 96.10).

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Outra classe de anjos são os serafins, anjos sacerdotes, os anciãos ou vigias, que servem a Deus no tabernáculo celestial (Is 6.1-7). São responsáveis de queimar o incenso de orações dos santos diante do trono de Deus (Ap 5.8; 8.3-5). Estão diante de Deus assentados em tronos e compõem a Assembleia dos santos, o Tribunal de Justiça na corte celestial e se empenham em julgar as causas temporais dos seres humanos (Sl 89.7; Dn 4.17; Ap 4.4). E há os demais anjos que assumem várias funções (Sl 103.20,21), como, por exemplo, os anjos ministros que prestam serviços em favor dos santos trazendo ânimo, proteção e livramento (Hb 1.7,14; Sl 34.7; 91.11,12). São esses anjos ministradores que serão enviados para reunir os escolhidos no arrebatamento na segunda vinda de Cristo para os livrar da destruição trazida pelos anjos guerreiros no Dia do Senhor (Mt 24.31; 1ª Ts 1.10; 5.1-4; 2ª Ts 1.7,8). Há ainda os anjos executores que executam os juízes de Deus. Foi um desses anjos que Davi viu com uma espada desembainhada causando uma grande mortandade no arraial de Israel (1º Cr 21.15,16). Foi um desses anjos que executaram 185 mil soldados assírios (2º Rs 19.35). São esses anjos executores que agirão na grande tribulação derramando sobre a terra os juízes apocalípticos (Ap 8.6; 15.1; 16.1). Há também os anjos mensageiros ou os correios de Deus, que são enviados para trazerem mensagens de Deus a profetas, servos fiéis e até para algumas pessoas descrentes através de visões, revelações e sonhos. Um desses anjos mensageiros chama-se Gabriel (Lc 1.19,26). Em Daniel 10, o anjo Gabriel é enviado à Daniel para trazer a explicação da visão, mas foi impedido, por vinte e um dias, pelo príncipe das trevas que dominava sobre a Pérsia. Como Gabriel não era um anjo guerreiro, mas mensageiro, ele não estava habilitado para lutar contra o 127


príncipe das trevas, por isso que Miguel, príncipe do exército do Senhor veio em sua ajuda (Dn 8.16; 9.21; 10.12-14). Há ainda outros personagens invisíveis que estão por trás da história, que são os demônios. Não para cooperar com Deus, mas para atrapalhar. Apesar disso, foi Deus que permitiu, pois Deus tem seus propósitos. Os filhos de Deus precisam ser provados, e eles são provados através desses agentes do mal. Deus não os criou assim, mas eles, por livre vontade, se rebelaram contra Deus, e Deus permite a existência deles por algum tempo. Por causa do pecado de Adão, o domínio da terra foi transferido para o Diabo, o originador do pecado, então, Satanás tornou-se o governante deste mundo e tem sob seu reino os demônios. Em Lucas 22.31,32 está escrito: ‘Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos’. Quer dizer, Deus permite Satanás nos tentar, mas Jesus Cristo intercede por nós na tentação (Hb 2.18; 4.15). Quem são os demônios? ‘Alguns anjos se rebelaram contra Deus (Jd 6), cometendo um grave pecado. Estes foram expulsos do céu’ (11ª Lição, 4º Trim/2014). Esses anjos se constituem na terça parte dos anjos do céu (Ap 12.2,3). Se os anjos de Deus se conta em milhões de milhões, então, os demônios são também milhões (Ap 5.11). Esses anjos caídos estão organizados, eles não se constituem um reino desorganizado. Assim como os anjos de Deus estão organizados em hierarquias (Cl 1.16), assim, também os demônios, debaixo do governo de Satanás, estão organizados. Em Efésios 6.12 lemos sobre os principados, as potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Satanás é chamado de o príncipe das potestades do ar (Ef 2.2). Esses principados e potestades dominam sobre as nações ímpias, por isso que lemos, em Daniel 10.13,20, acerca do príncipe da Pérsia e do príncipe da Grécia que pelejam contra os anjos de Deus. Esses anjos caídos também fazem oposição ao povo de Deus. Daniel recebeu visões e revelações dos acontecimentos futuros do que ia acontecer com o povo de Deus e as nações do mundo, mas ele precisava entende-las, então, entra num propósito de oração e jejuns, então, Deus envia o anjo Gabriel para fazer Daniel entender a visão, um anjo de Satanás se coloca no caminho de Gabriel, pois, ele não queria que Daniel entendesse as revelações de Deus. 128


Chegar-se-á o tempo, quando o Homem vestido de linho, Jesus Cristo, ordenará Miguel e seus anjos guerreiros expulsar Satanás e suas hostes das regiões celestiais, então, ele não mais acusará os santos diante do trono de Deus, entretanto, ele descerá à terra com grande ira sabendo que o seu reino já tem pouco tempo para agir, pois, em breve o Diabo será preso no abismo, e depois lançado no lago de fogo (Ap 12.714; 20.1-3,10). Tendo visto os personagens invisíveis por trás da história, agora, vamos conhecer os personagens da história. Primeiros personagens, o povo de Deus e seus profetas. Quem é o povo de Deus? Sobre isso quero citar três interpretações. A primeira interpretação é a interpretação dos dispensacionalistas que ensina que Deus tem dois povos, Israel e a Igreja. Deus tratou com Israel na Antiga Aliança, hoje está tratando com a Igreja na Nova Aliança, e na Grande Tribulação e no Milênio voltará a tratar com Israel após o arrebatamento da Igreja. A segunda interpretação é a interpretação da teologia do Pacto ou das Duas Alianças ou Teologia da Substituição defendida pelos calvinistas. Ensina que Deus não tem dois povos distintos ou dois planos separados, a nação de Israel da antiga aliança foi substituída, através da nova aliança, pela igreja composta de judeus e gentios. A terceira interpretação é uma interpretação defendida por alguns estudiosos, principalmente por alguns judeus-messiânicos que ensina que o povo de Deus é Israel, não o Israel incrédulo, mas o Israel composto pelos judeus que creem que Jesus é o Messias, com esses judeus fiéis Jesus fez uma nova aliança e lhes destinou o Reino prometido a Davi. Esse Israel da nova aliança é a Igreja [o templo espiritual] edificado pelo Messias. São os remanescentes de Israel composto por 144 mil israelitas. Através de um mistério revelado a Paulo multidões incontáveis de gentios estão sendo chamados, através do evangelho, para se unirem a essa pequena comunidade de Israel, e serem abençoados com as promessas dadas ao Israel do Messias. Tanto a salvação dos judeus como a dos gentios depende em si unir a esse Novo Israel da nova aliança. Eu, particularmente, prefiro essa terceira interpretação. Pois Deus não abandonou Israel, entretanto, ‘nem todos os que são de Israel são israelitas, e nem por serem descendência de Abraão são todos filhos... isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência’ (Rm 9.6-8). E esses filhos da promessa incluí, primeiramente, os judeus que tem fé no Messias, eleitos segunda a eleição da graça (Rm 11.1-5), eles se constituem os remanescentes, os primogênitos e as primícias da Igreja (Hb 12.23; Ap 14.1129


5). Aos gentios foi aberto a porta da salvação para se unirem a esses judeus fiéis através do evangelho (Ef 3.6; Rm 9.24-27). Esse povo de Deus da nova aliança, a Igreja, está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas e seguem fielmente a doutrina dos apóstolos (Ef 2:19-22; At 2.42). Os profetas, que hoje, são os ministros da igreja, tem grandes responsabilidades, assim como tinha os profetas antigos. Eles devem se empenhar em favor do povo de Deus, devem sentir pesar pela situação do povo de Deus, devem buscar o entendimento das revelações proféticas do futuro do povo de Deus e ensinar as Escrituras corretamente. Os segundos personagens da história são as nações ímpias e seus governantes. Esses se constituem na descendência da serpente que fazem oposição ao povo de Deus (Gn 3.15). Essa oposição iniciou contra os hebreus fiéis para impedir o nascimento do Messias (Ap 12.1-6), depois contra o próprio Messias (At 4.25-28), e então contra os remanescentes fiéis de Israel e os gentios cristãos (Ap 12.17; 13.7; 17.6). Esse conflito culminará na guerra do Armagedom (Ap 16.13-16) quando Jesus Cristo destruirá essas nações ímpias e governará sobre seus despojos com vara de ferro juntamente com seus santos fiéis (Sl 2.6-9; Is 53.12; Ap 2.26,27; 1ª Co 15.24,25).

A história do povo de Deus é uma batalha espiritual, um grande conflito, pois envolve a vindicação do nome de Deus que está sendo profanado pelas nações (Ez 36.23; 38.23; 39.7), o modo de Deus governar que foi questionado por Satanás (Gn 3.1-5; Is 14.13,14) e por outro lado, envolve a integridade do povo de Deus em que Satanás o acusa dizendo que os crentes servem a Deus por interesses pessoais e não por amor (Jó 1.8-12).

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Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Hebrom I [Elisabeth] Fortaleza-CE, em 18 de Dezembro de 2014 Os Reis do Norte e Os Reis do Sul

Saúdo a todos na Paz do Senhor Jesus Nesta noite é motivo de muita alegria de poder estar aqui para juntos aprendemos acerca da Palavra profética do Senhor Deus. Agradeço ao Pb. Mastroiane pelo convite e me sinto honrado em ministrar nessa linda congregação supervisionada pelo Pb. Gilmar Carvalho. Quero palestrar nessa noite acerca dos reis do norte e dos reis do sul baseado em Daniel 11. Os capítulos 2, 7, 8 e 11 de Daniel são profecias acerca dos impérios mundiais. São oito impérios mundiais que se erguerão até que o Reino do nosso Deus seja implantado em toda a terra. O livro do profeta Daniel começa com o terceiro império mundial, que é o império babilônico, mas, antes do império babilônico já houve o império egípcio e o império assírio. Acho necessário fazer essa pequena introdução, apenas, para refrescar a memória dos irmãos. Temos, então, oito impérios mundiais: Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma, As Nações Europeias e o Oitavo Rei, que é o Anticristo. Os capítulos 10,11 e 12 de Daniel são um bloco de visões, que se constituem nas últimas revelações que ele recebeu em seu ministério profético quando já estava com quase 90 anos de idade. Essas últimas revelações lhe foram transmitidas debaixo de uma guerra espiritual. Porque, na verdade, os espíritos demoníacos que reinavam sobre os impérios da Pérsia e da Grécia estavam se opondo ao anjo Gabriel de trazer para Daniel as revelações da palavra profética em seus últimos detalhes que Daniel precisava saber para entender os acontecimentos em relação ao seu povo de Israel e as nações gentílicas e também em relação o reino futuro de nosso Senhor. Para o anjo Gabriel vencer essa batalha foi necessário à vinda do arcanjo Miguel para guerrear contra os principados satânicos, só então, Gabriel pode trazer para Daniel o que estava registrado na Escritura da verdade (Dn 10.12-21). Vamos entrar, agora, no capítulo 11 de Daniel. A palestra, talvez, se torne um pouco cansativa pelo fato do capítulo 11 de Daniel abordar detalhes da história de modo profético e tentarei identificar essas profecias em nossos anais históricos, e veremos a fidelidade da palavra de Deus em prever de maneira categórica os eventos revelados à Daniel muitos anos antes do acontecimento histórico. Por exemplo, Daniel recebeu essas últimas revelações no início do império Medo-Persa e descrevem eventos que se cumpriram uns 200 a 500 131


anos depois, e porque não dizer, muitos milênios depois, pois, há profecias que estão se cumprindo em nossos dias e outras que hão de se cumprir no futuro quando o Senhor Jesus Cristo voltar. As profecias começam revelando o fim do Império Medo-Persa. Lembrando que muitos reis reinaram nesse império, então, a profecia inicia com os dois primeiros reis, Ciro e Dario. Vamos ler Daniel 11.1: ‘Eu [o anjo Gabriel], pois, no primeiro ano de Dario, o medo [isto em 539 A.C.], levantei-me para animá-lo e fortalecêlo’ ou seja, para fortalecer a Daniel que estava com seu espírito conturbado diante da visão que recebera e não compreendera, mas que agora, o anjo veio para lhe dar ânimo e fazer entender os detalhes finais da revelação profética (Dn 10.14-21). Quem é Dario, o medo? Daniel 9.1 diz: ‘No ano primeiro de Dario, filho de Assuero [não o Assuero de Ester, mas outro Assuero], da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus’. Quando a Babilônia caiu diante do poder do Império Medo-Persa, Ciro, constituiu para governar a cidade da Babilônia esse rei medo chamado Dario, enquanto Ciro foi conquistar outras nações para ampliar seu território e expandir o seu domínio. Dario na Babilônia (539-525 A.C.) e Ciro na Pérsia (539-530 A.C.). Esse Dario é o Dario que aparece em Daniel 6. Em Daniel 11.2 lemos: ‘E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia’. Os quatro reis da Pérsia que governaram depois de Ciro são: Cambises (530-522 A.C.), Gautama (522 A.C.), Dario I (522-486 A.C.) e Assuero [Xerxes I] (486-465 A.C), esse foi o que se casou com Ester. Diz a profecia acerca de Assuero Xerxes I ‘tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia’. Nessa época Grécia ainda não era um império, mas era formada por várias cidades-estados governadas por seus reis, como Atenas, Macedônia, Esparta e outras cidades. Tanto Dario I como seu filho Xerxes I pretendiam conquistar essas cidades, entretanto, enfrentaram muitas dificuldades, pois essas cidades gregas se confederarão para faze-lhes resistência. Uma guerra que ficou muito famosa foi a guerra de Esparta contra a Pérsia em 480 A.C. Houve muitas guerras entre os persas e os gregos, e os persas não conseguiram conquistar essas cidades. A maior parte dos historiadores divide essas guerras em duas fases: a 1ª Guerra Médica, em 490 A.C., encabeçada por Dario I, conhecida como Batalha de Maratona e a 2ª Guerra Médica, entre 480 a 479 A.C., encabeçada por Xerxes I, conhecida como Batalha de Salamina.

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Porém, as rivalidades entre gregos e persas só terminaram em 449 A.C., com a Paz de Cálias, quando os persas assumiram a derrota e reconhecendo a hegemonia grega no mar Egeu, no governo de Artaxerxes I. A profecia de Daniel 11.2 mostra que quatro reis se levantaria para governar a Pérsia, entretanto, além desses quatro reis, houve outros reis depois deles. Contudo, o anjo fala apenas desses quatro reis porque foram os únicos que tentaram conquistar a Grécia, os demais entraram em paz com a Grécia e não houve mais conflitos. Por isso que a profecia de Daniel passa por cima desses reis. Estes últimos reis do Império Medo-Persa foram: Artaxerxes I (465-425 A.C.), Dario II (423-404 A.C.), Artaxerxes II (404-359 A.C.), Artaxerxes III (359338 A.C.), Arses (338-335 A.C.) e Dario III (335-331 A.C.). Foi durante o governo de Dario III que a Grécia vence a Pérsia e estabelece o império Grego-Macedônio. Vamos ler Daniel 11.3: ‘Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver’. Esse rei valente que surge na Grécia é Alexandre Magno que governo o império grego de 331-323 A.C. Alexandre Magno tornou-se imperador aos 20 anos de idade. Expandiu o seu império em direção da Ásia e da África. Conquistou o império persa em 331 A.C e a Fenícia, o Egito e a parte da Índia em 326 A.C. Como Alexandre Magno tornou-se imperador do Império GregoMacedônico? Antes de Alexandre surgir no palco da história, as cidades gregas firmaram uma aliança, conhecida como ‘Confederação ou Liga de Delos’ com o propósito de preparar as cidades gregas contra futuras invasões da Pérsia, a cidade de Atenas liderou essa confederação ficando responsáveis pelas contribuições das cidades gregas.

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Porém, com o tempo, como não houve mais invasão dos persas, Atenas passou a utilizar as contribuições em benefício próprio, e depois transformou essas contribuições em impostos. Tal atitude gerou indignação de outras cidades gregas, especialmente Esparta, que por sua vez organizaram outra liga, a Liga do Peloponeso. Isso provocou a Guerra do Peloponeso, entre gregos liderados por Atenas e gregos liderados por Esparta, que durou 27 anos, causando enfraquecimento nas cidades gregas. Então, Filipe II, da Macedônia, aproveitou-se do declínio das cidades gregas para conquistá-las. Em 338 A.C., Filipe venceu os gregos na Batalha da Queronéia, mas morreu dois anos mais tarde, em 336 A.C. Porém, Alexandre Magno, filho de Filipe II, dominou a Grécia, e colocou em prática o plano de conquistar o Oriente. Esse era um antigo projeto grego, a fim de tomar posse dos tesouros persas, para vingar os ataques de Dario e Xerxes I e estender o seu domínio além do mar Egeu. Daniel 11.4: ‘Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles’. ‘Estando ele’, Alexandre Magno ‘em pé’, isto é, no auge do seu domínio, no apogeu das suas conquistas, diz a profecia que ‘o seu reino será quebrado’. Segundo a história, depois de poucos anos de conquistas, talvez uns oitos anos (331-323 A.C.), quando Alexandre estava comemorando suas vitórias territoriais, morre subitamente. A causa de sua morte é questionada pelos historiadores, o que sabemos é que ele morreu no vigor da sua idade, com 32 anos de idade. Referente a Alexandre, o texto de Daniel 8.8 diz: ‘,,,mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado...’. Como Alexandre não tinha filhos para sucede-lo no trono da Grécia, e se tinha eram pequenos, então, seus generais começaram a brigar pelo domínio dos territórios conquistados por Alexandre, o Grande. A Escritura fala que o seu reino seria ‘repartido para os quatro ventos do céu’ que faz referência aos seus quatro generais que são: Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu. De modo que o reino de Alexandre foi dividido assim ‘Cassandro reinou na Macedônia; Lisímaco reinou na Trácia e Ásia Menor; Ptolomeu reinou no Egito e Seleuco reinou sobre a Síria e o restante do Oriente Médio’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Os sucessores de Cassandro foram logo vencidos por Lisímaco; e seu reino, que compreendia a Grécia e a Macedônia, ficou anexados a Trácia. Lisímaco foi, por sua vez, vencido por Seleuco, e a Macedônia e a Trácia anexadas a Síria (Daniel e Apocalipse, pág. 181, Uriah Smith).

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Os Ptolomeus reinavam sobre o Egito como verdadeiros Faraós, conquistaram, também, a Fenícia e a Palestina. Enquanto que os Selêucidas dominaram a Síria, a Babilônia e depois a Ásia Menor. Então, a partir de Daniel 11.5 a profecia se concentrará nesses dois reinos: Egito e Síria. O Egito chamado de reino do Sul e a Síria chamada de reino do Norte. E entre esses dois reinos se localizava a Palestina, onde ficava a terra de Israel. De modo que todo conflito entre esses dois reinos sempre envolvia os judeus. E assim, os judeus foram jogados de um domínio para o outro. Os reis do Sul descritos na profecia são os Ptolomeus, sucessores de Ptolomeu I Sóter (323-285 A.C.), general de Alexandre. E os reis do Norte eram os Selêucidas, sucessores de Seleuco I Nicator (312-280 A.C.), que governou parte da Ásia Menor e Síria (12ª Lição, 4º Trim/2014). Vamos, agora, fazer a leitura das profecias concernentes a esses dois reinos e introduzir no próprio texto a interpretação. Daniel 11.5: ‘E será forte o rei do sul’, Ptolomeu II Filadelfo (285246 A.C.), filho de Ptolomeu I Sóter; ‘mas um dos seus príncipes’ ou seja, príncipes de Alexandre Magno, ‘será mais forte do que ele’ (Ptolomeu Filadelfo), ‘e reinará poderosamente; seu domínio será grande’. Esse príncipe era Seleuco I Nicator (312-280 A.C). Daniel 11.6: ‘Mas, ao fim de alguns anos, eles, aqui se refere a Ptolomeu Filadelfo e Antíoco II Teos (261-246 A.C.), que foi o terceiro rei da Síria, filho de Antíoco I Sóter (281-261 A.C.), ‘se aliarão’ ou seja, farão uma aliança; ‘e a filha do rei do sul’ ou seja a filha de Ptolomeu Filadelfo chamada Berenice, ‘virá ao rei do norte’, a Antíoco II Teos, ‘para fazer um tratado’ de casamento, ou seja, que Antíoco II Teos se divorciasse de sua esposa, Laodice e se casasse com Berenice e fizesse qualquer filho de Berenice herdeiro do reino; ‘mas ela’, Berenice, ‘não reterá a força do seu braço’, porque com o tempo Antíoco II Teos voltou para sua antiga esposa e tratou Berenice como concubina; ‘nem ele persistirá’, quer dizer, o próprio Antíoco II Teos não permaneceu no governo, pois foi envenenado por ordem de Laodice com medo dele divorciar dela novamente. Continua a leitura bíblica: ‘nem o seu braço’, aqui se refere ao filho de Berenice com Antíoco II Teos, que também foi envenenado por Laodice, ‘porque ela’, Berenice, ‘será entregue’, ou seja, será também envenena por Laodice, ‘e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos’, isto é, todos foram envenenados por Laodice, e colocou seu filho, Seleuco II Calínico (246-226 A.C.), no trono da Síria. Daniel 11.7: ‘Mas dum renovo das raízes dela um’, Ptolomeu III Evergetes I (246-221 A.C.), irmão de Berenice, ‘se levantará em seu lugar, e virá ao exército, e entrará na fortaleza do rei do Norte’, Seleuco II Calínico, ‘e operará contra eles e prevalecerá’. 135


Daniel 11.8: ‘Também os seus deuses, juntamente com as suas imagens de fundição, com os seus vasos preciosos de prata e ouro, ele’, Ptolomeu III Evergetes I, ‘os levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele’, Ptolomeu III Evergetes I, ‘deixará de atacar ao rei do Norte’, Seleuco II Calínico. Daniel 11.9: ‘E, Seleuco II Calínico, ‘entrará no reino’, do Egito ‘do rei do Sul’, Ptolomeu III Evergetes I, ‘mas [sem sucesso] voltará para a sua terra’, a Síria. Daniel 11.10: ‘Mas seus filhos’, que são Seleuco III Cerauno (226223 A.C.) e Antíoco III Grande (223-187 A.C.), filhos de Seleuco II Calínico, ‘intervirão, e reunirão uma multidão de grandes forças; a qual avançará, e inundará, e passará para adiante; e, voltando, levará a guerra até a sua fortaleza’. Daniel 11.11: ‘Então o rei do Sul’, Ptolomeu IV Filopater (221-203 A.C.), ‘se exasperará, e sairá’, em 217 A.C., ‘e pelejará contra ele, contra o rei do Norte’, Antíoco III Grande; ‘este’, Antíoco III Grande, ‘porá em campo grande multidão, e a multidão será entregue na mão daquele’, Ptolomeu IV Filopater. Daniel 11.12: ‘E a multidão será levada, e o coração dele’, Ptolomeu Filopater, ‘se exaltará; mas, ainda que derrubará miríades, não prevalecerá’. Daniel 11.13: ‘Porque o rei do Norte’, Antíoco III Grande, ‘tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira; e ao cabo de tempos, isto é, de anos’, 14 anos, depois da morte Ptolomeu IV Filopater, ‘avançará com grande exército e abundantes provisões’ contra Ptolomeu V Epifânio (203-181 A.C.), de 5 anos, filho de Ptolomeu IV Filopater. Daniel 11.14: ‘E, naqueles tempos, muitos’, um desses foi Felipe V da Macedônia (238-179 A.C.), ‘se levantarão contra o rei do Sul’, Ptolomeu V Epifânio; ‘e os violentos’, judeus helenistas, ‘dentre o teu povo’, Israel, ‘se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão’. Daniel 11.15: ‘Assim virá o rei do Norte’, Antíoco III Grande, ‘e levantará baluartes, e tomará uma cidade bem fortificada; e as forças do Sul [Egito] não poderão resistir, nem o seu povo escolhido [o general Scopas e seu exército], pois não haverá força para resistir’. Daniel 11.16: ‘O que, porém, há de vir contra ele’, Ptolomeu V Epifânio, ‘fará o que lhe aprouver, e ninguém poderá resistir diante dele’, Antíoco III Grande em 200 A.C.; ‘ele’ Antíoco III Grande, ‘se fincará na terra gloriosa [Israel], tendo-a inteiramente sob seu poder’. A Palestina que estava sob o domínio do Egito passa para o domínio da Síria. Daniel 11.17: ‘E firmará o propósito de vir com toda a força do seu reino [Síria], e entrará em acordo com ele’, Ptolomeu V Epifânio, ‘e lhe dará a filha de mulheres’, Cleópatra I (215-176 A.C.), para casar com Ptolomeu Epifânio, em 193 A.C., ‘para ele’, Antíoco III Grande, ‘a 136


corromper’, isto é, para destruir o reino de Ptolomeu Epifânio; ‘ela [Cleópatra I], porém, não subsistirá, nem será para ele’ ou para a vantagem de Antíoco III Grande porque “o plano falhou miseravelmente, pois Cleópatra não fez o jogo do pai, ficando do lado de seu marido”. Daniel 11.18: ‘Depois disso’, Antíoco III Grande, ‘virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas’ ou seja, as ilhas gregas do mar Egeu; ‘mas um príncipe’, Cipião Asiático, general de Roma, ‘fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio’, na Batalha de Magnésia em 190 A.C., onde Antíoco III foi derrotado e feito tributário dos romanos. Daniel 11.19: Antíoco III Grande ‘virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra [Síria], mas tropeçará, e cairá, e não será achado’, pois foi assassinado em 187 A.C., depois de reinar 33 anos’. Daniel 11.20: ‘Então no seu lugar se levantará’, Seleuco IV Filopater (187-175 A.C.), filho de Antíoco III Grande, que ‘fará passar um exator de tributo’ por nome Heliodoro, ‘pela glória do reino; mas dentro de poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha’, pois Heliodoro envenenou Seleuco IV Filopater. Daniel 11.21: ‘Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano’. Esse homem vil é Antíoco IV Epifânio (175-163 A.C.), filho de Antíoco III Grande e irmão Seleuco IV Filopater.

Antíoco IV Epifânio foi um rei traiçoeiro, cruel e inimigo dos judeus. Além dele, outros reis reinaram na Síria como também no Egito, entretanto, as profecias se com centra nele como a figura principal porque as profecias o toma como uma prefiguração do Anticristo, o principal e último inimigo do povo de Deus. Diz a profecia que Antíoco Epifânio ‘virá caladamente, e tomará o reino com engano’. De fato, quando Seleuco IV Filopater, seu irmão, morre 137


envenenado e o filho dele chamado Demétrio ‘deveria assumir o trono, mas seu tio Antíoco Epifânio tomou o trono da forma mais ignominiosa e detestável possível’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Isso aconteceu porque Demétrio foi enviado a Roma como refém durante o reinado de seu pai, e após a morte se seu pai em 175 A.C., Antíoco IV Epifânio aproveitou o cativeiro de Demétrio para tomar o trono. Depois, mais tarde, Demétrio fugiu do cativeiro com ajuda de Ptolomeu VI Filométor, e governou a Síria com nome de Demétrio I Sóter de 161 A.C. a 150 A.C. Daniel 11.23: ‘E com os braços de uma inundação serão varridos de diante dele; e serão quebrantados, como também o príncipe da aliança’. Em Daniel 11.17, vimos que Antíoco III deu a sua filha Cleópatra I em casamento a Ptolomeu Epifânio. Não esquecendo que Antíoco III era pai de Antíoco Epifânia, portanto, Cleópatra I era sua irmã. Ptolomeu Epifânio e Cleópatra tiveram dois filhos: Ptolomeu VI Filométor e Cleópatra II. Então, ambos, eram sobrinhos de Antíoco Epifânio. Ptolomeu VI Filométor casou-se com a sua própria irmã, Cleópatra II, e governou o Egito de 181146 A.C. Quando Antíoco Epifânio usurpou o trono da Síria em 175 A.C., do seu outro sobrinho, Demétrio, filho de seu irmão Seleuco IV Filopater, após quebrar todos os que apoiavam o trono de Demétrio, tenta, então, tomar o trono do Egito. O ‘príncipe da aliança’ é Ptolomeu VI Filométor que foi fruto do casamento de Cleópatra I e Ptolomeu Epifânio de acordo com uma aliança entre Antíoco III e o próprio Ptolomeu Epifânio em 193 A.C.

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Daniel 11.23,24: ‘E, depois do concerto com ele, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente. Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; repartirá entre eles a presa e os despojos, e os bens, e formará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo’. Antíoco Epifânio tenta quebrar Ptolomeu VI Filométor do trono através de um concerto enganoso, pois, quando Ptolomeu VI Filométor achou que havia paz entre os dois, Antíoco Epifânio, traiçoeiramente, invade a província do Egito e se apodera de três cidades férteis: Pelusio, Naucratia e Alexandria. Daniel 11.25,26: ‘E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do Sul [Ptolomeu VI Filométor] com um grande exército; e o rei do Sul se envolverá na guerra com um grande e mui poderoso exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos contra ele. E os que comerem os seus alimentos o destruirão; e o exército dele será arrasado, e cairão muitos mortos’. Esse texto narra uma guerra entre Antíoco Epifânio e Ptolomeu VI Filométor, muito embora o rei do Egito tenha um grande e poderoso exército não subsistirá diante do rei da Síria, pois seus próprios comandantes o traíram. Daniel 11.27: ‘Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e a uma mesma mesa falarão a mentira; mas isso não prosperará, porque ainda verá o fim no tempo determinado’. Antíoco Epifânio e Ptolomeu VI Filométor tentam resolver suas intrigas através da diplomacia, mas ambos estão fingindo, pois, suas intenções é um se apoderar do trono do outro e vice-versa. ‘Antíoco Epifânio retornou ao seu país, rico, ímpio e aparentemente invencível (Dn 11.28). Contudo, em 168 A.C., preparou outra campanha contra o Egito, mas dessa vez não logrou êxito (Dn 11.29). Pois os romanos resistiram a ele (Dn 11.30). Assim, ele partiu com raiva para a Palestina e seduziu os judeus apóstatas para se aliar a ele’ - Daniel - Um Homem Amado no Céu - Hernades Dias Lopes - pág. 140. Daniel 11.31-36: ‘E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora. E aos violadores da aliança ele com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas. E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias. E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado. E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos 139


deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito’. Antíoco Epifânio ‘tinha um ódio enorme de Israel. Por isso, partiu para a profanação do Templo e fez cessar os sacrifícios diários (11.30,31). Houve resistência da parte de judeus fieis que não cederam aos abusos de poder e a arrogância desse rei sírio. Ele ordenou o sacrifício de porcos sobre o altar sagrado para profanar o Santuário. ‘Ao invadir Jerusalém, Antíoco Epifânio desrespeitou valores morais e éticos da sociedade israelita. Estabeleceu regulamentações contra a circuncisão, a observância do sábado e outras práticas dietéticas do povo hebreu. O versículo 31 fala da “abominação desoladora”, quando Epifânio construiu um altar a Zeus, deus grego, sobre o altar dos holocaustos no Templo’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Em Daniel 12.11 lemos: ‘E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias’. Isso equivale a 3 anos e meio de 168 a 165 A.C., depois disso um grupo de judeus, que ficaram conhecido como macabeus, se erguem contra Antíoco Epifânio e purificam o santuário. Essas ações macabras de Antíoco Epifânio, também, aparecem em Daniel 8.9-14 que se refere a ele como ‘chifre pequeno’ que profana o santuário e suspende o sacrifício diário por ‘2.300 tardes e manhãs’ que se referem a quantidade de sacrifícios que seriam suspensos durante os três anos de profanação. O texto de Daniel 11.36 que diz: ‘E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas...’. Esse texto é citado por Paulo refere ao Anticristo em 2ª Tessalonicenses 2.4: ‘O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus’. Antíoco Epifânio é uma prefiguração do Anticristo, porém cada um vem de um império diferente. Pois conforme Daniel 8.9, Antíoco Epifânio saí do Império Grego, e conforme Daniel 7.8, o Anticristo sai do Império Romano. Pelo fato do Anticristo sair do Império Romano, ele pode ser o Papado. Em Daniel 7.24,25 a profecia aponta para um personagem semelhante ao papado, ora se o Papa não for o Anticristo, ele é um dos anticristos (1ª Jo 2.18). O texto de Daniel 7.24,25 diz: ‘E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino [Império Romano] se levantarão dez reis...’ Esses dez reinos são os povos bárbaros que causaram a queda do Império Romano em 476 D.C., e se apossaram do seu território. No decorrer da história esses reinos bárbaros se transformaram nas atuais nações europeias, que hoje estão confederadas na União Europeia que muitos estudiosos consideram como a futura restauração do Império Romano. 140


A profecia continua ‘...e depois deles se levantará outro o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reinos’. Esse reino diferente, pois trata de um reino político-religioso, aponta para o papado. Sobre isso o Pr. Severino Pedro da Silva [da AD] diz o seguinte: ‘Segundo ‘intérpretes históricos... em prol da ascensão do “papado” foram extirpadas três nações representadas pelos dez chifres. Essas três nações, alojadas na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos [ou Vândalos] (pág. 138) [Daniel Versículo por Versículo, pág. 138]. Em 538 D.C., Justiniano, imperador do império Bizantino, recuperou a cidade de Roma dos bárbaros ostrogodos, na Guerra Gótica, e decretou o Papa como chefe de Roma e com tempo o Papa de Roma tornou-se chefe de Estado quando em 756 D.C., Pepino, o Breve, rei dos francos, cedeu ao Papa um grande território no centro da península Itálica que ficou conhecido como Estados pontifícios que hoje é o Vaticano. A profecia de Daniel 7 continua no versículo 25: ‘O chifre pequeno proferirá palavras contra o Altíssimo’, quer dizer, os papas criaram dogmas contrários as doutrinas de Deus, ‘e destruirá os santos do Altíssimo’, ou seja, aos longos dos séculos, os papas têm perseguido tanto a judeus como a cristãos, ‘e cuidará em mudar os tempos’ foi o papado que criou o calendário atual. A tradução da Bíblia KJA diz: ‘tentará alterar o calendário, as festas religiosas’; de fato, o papado alterou não só o calendário civil, mas também, o religioso, modificando as festas judaicas e adotando festas pagãs. ‘...e mudará a lei’, o papado alterou os dez mandamentos; ‘e eles [os santos] serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo’ isso se refere a um tempo futuro em que o papado perseguirá novamente os santos. Corroborando essas profecias de Daniel, em Apocalipse 17.10, que se refere ao chifre pequeno, mas chamando de Besta, lemos: ‘E a besta que era’, sabemos que aqui se refere ao Anticristo, note que o texto se refere a ele como um personagem que já existiu. Ora, o Papado dominou o mundo durante a Idade Média. ‘...e já não é’, ou seja, atualmente, o Papa continua sendo um chefe de Estado, mas não tem mais a supremacia sobre o mundo como antigamente, ‘é ela também o oitavo’ ‘que surgirá’ (Ap 17.8), isto é, tornará a receber poder supremo. Quando acontecerá isso? Apocalipse 17.11,12 continua: ‘E os dez chifres que viste são dez reis’, como já falamos são as nações europeias confederadas na União Europeia, ‘que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta’, ou seja, quando surgir o oitavo rei, o Anticristo. ‘Estes’, a União Europeia, ‘têm um mesmo intento’, que é dominar o mundo, ‘e entregarão o seu poder e autoridade à besta’, a BestaPapal-Anticristã. 141


Quando isso acontecer, a Besta, conforme Apocalipse 13.5, terá quarenta e dois meses para implantar uma religião única e ecumênica, e para isso terá que fazer, novamente, guerra contra os santos, pois eles não adorarão a Besta e nem a sua imagem (Ap 13.6-8; 20.4; Dn 7.25). Outra coisa que depõem a favor de que o Papado pode ser o Anticristo é que a Besta carrega uma mulher que representa uma religião mundial chamada de ‘grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações’ cuja Sede se localiza em uma cidade edificada sobre sete montes, que é a cidade de Roma (Ap 17.3-6,9). A religião que tem a sua sede em Roma é a Igreja Católica “Apostata” Romana conduzida pelo Anticristo Papal. E Daniel 11.45 se referindo ao ataque do Anticristo contra Jerusalém diz: ‘E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra’. O Anticristo vai liderar uma coligação de nações na terra gloriosa, em Jerusalém, para a grande batalha do Armagedom, mas ali o Anticristo será derrotado na segunda vinda de Cristo (Ap 16.13-16; 19.11-20). Meus irmãos, graças a Deus que a história profética, muito embora descreva muitos inimigos cruéis e perversos, mas termina com uma luz de esperança para o Seu povo. Portanto, vamos erguer a cabeça e olhar com expectativa para o reino de Deus que está próximo, pois estamos nos últimos dias e no tempo dos últimos reis. E a profecia de Daniel 2.44 diz que ‘nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre’.

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Palestra Ministrada na Assembleia de Deus-Salém [Palmeiras] Fortaleza-CE, em 22 de Dezembro de 2014 Antíoco Epifânio - Um Tipo do Futuro Anticristo

Vimos em palestras anteriores que Daniel recebeu a visita do anjo Gabriel para lhe trazer uma revelação acerca de acontecimentos proféticos em relação a Israel nos últimos dias (Dn 10.14). Cujas revelações foram resistidas por três semanas pelos principados e potestades das trevas (Dn 10.12-14). Que se constituem em um bloco de revelações que começam no capítulo 11 e terminam no capítulo 12. São revelações de sumo importância para o povo de Deus que traziam detalhes que Daniel precisava saber para entender as visões que tinha recebido anteriormente. Por isso que as revelações de Daniel 11 são as mais detalhistas das profecias e visões que Daniel recebera. E também uma das revelações mais complicadas porque o anjo transmitirá a Daniel detalhes acerca da história em um linguajar profético. Tendo como personagem central das profecias Antíoco Epifânio que se constitui uma prefiguração do Anticristo. As profecias registradas em Daniel 11 abordam inicialmente 500 anos de história. Sabemos que as Escrituras hebraicas se encerram no livro do profeta Malaquias mais ou menos no ano 400 A.C., e que de Malaquias a Mateus há um período que chamamos de interbíblico ou intertestamentário. Alguns acontecimentos revelados a Daniel acontecerão exatamente nesse período. É considerado por um período de silêncio, pois não houve Escrituras canônicas sendo escritas nessa época, entretanto, há dois livros históricos, não inspirados, mas importantes, primeiro e segundo Macabeus, que registram alguns acontecimentos previstos por Daniel. Vamos começar lendo Daniel 11.1: ‘Eu [anjo Gabriel], pois, no primeiro ano de Dario, o medo [539 A.C.], levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo [animar e fortalecer a Daniel]’. Quando Daniel recebeu essas revelações ainda estava no início do império medo-persa que durou mais de 200 anos, então são acontecimentos previstos para muitos anos que vão além do império medo-persa, pois descreve a ascensão do império grego e a sua divisão em quatro reinos e depois fala de um tempo futuro que ultrapassa o tempo de Daniel e porque não dizer o nosso próprio tempo. Daniel 12.9,13 diz: ‘Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Tu, porém, vai até ao fim [da tua vida]; porque descansarás, e te levantarás para receber a tua herança, no fim dos dias’. ‘Aparece no versículo primeiro o nome do rei “Dario, o medo” que é o mesmo de Daniel 5.31 [ que diz: “E Dario, o medo, ocupou o reino, 143


sendo da idade de sessenta e dois anos”]. A história bíblica diz que Ciro constituiu a Dario como rei’... (12ª Lição, 4º Trim/2014). Vamos encontrar isso lendo Daniel 9.1: ‘No ano primeiro de Dario, filho de Assuero [esse Assuero não é o rei Assuero que aparece no livro de Ester, mas, o que alguns historiadores chamam de Astíages (596-560 A.C)], da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus’. Sabemos que o império da Babilônia caiu diante da invasão dos medos-persas em 539 A.C., e quando Ciro se apossou do reino da Babilônia, colocou Dario para governar a cidade da Babilônia enquanto ele continuaria em sua marcha militar para expandir o seu domínio. A identificação de Dario na história é difícil de determinar. Se ele era realmente filho de Astíages e tio de Ciro seu nome era Ciaxares, mas se ele era um general de Ciro seu nome era Gubaru ou Gobrias. Daniel 11.2 diz: ‘E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três reis estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos; e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grécia’. Quem são esses três reis da Pérsia? Cambises II (530-522 A.C.), filho de Ciro, Gautama (522 A.C.) e Dario I (522-486 A.C.). Esse Dario I aparece no livro de Esdras, Ageu e Zacarias. E o quarto rei é Assuero, também chamado Xerxes I, que é o Assuero do livro de Ester. A Pérsia dominava da Índia até a Etiópia (Et 1.1), e tanto Dario I como seu filho Assuero Xerxes I tentaram expandir seus domínios até a Grécia.

A Grécia, nessa época, não era um império, mas constituídas de cidades-estados e em cada cidade-estado havia um rei. Então, os reis da Pérsia travaram guerras contra os reis da Grécia a fim de tomar posse daquelas cidades-estados, mas não tiveram êxito. Essas batalhas ficaram conhecidas como Batalha de Maratona (490 A.C.) e Batalha de Salamina (480-479 A.C.). 144


Porém no governo de Artaxerxes I (464-424 A.C.), os persas fizeram paz com os gregos, reconhecendo a hegemonia grega no mar Egeu. Além desses quatro reis da Pérsia citados na profecia de Daniel 11.2 houve outros reis, entretanto, a profecia não os citam, pois, se importa apenas com os reis que combateram com a Grécia. Estes últimos reis do Império Medo-Persa são: Artaxerxes I (465425 A.C.), que aparece nos livros de Esdras e Neemias, Dario II (423-404 A.C.), Artaxerxes II (404-359 A.C.), Artaxerxes III (359-338 A.C.), Arses (338-335 A.C.) e Dario III (335-331 A.C.). Daniel 11.3: ‘Depois se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver’. Esse rei valente que surge na Grécia é Alexandre Magno. Ele se tornou imperador aos 20 anos de idade, mas mesmo sendo apenas um jovem, foi considerado como um dos maiores generais que já existiram. Pois em pouco tempo, ele conquistou muitos territórios. Ele não só se apoderou dos domínios da Pérsia como também estendeu seu domínio para além da Índia e conquistou todas as cidades gregas. Alexandre, o Grande, era da Macedônia, filho de Filipe II (338-336 A.C.). Segundo a história, quando houve paz entre os persas e gregos em 449 A.C., as cidades gregas se coligaram a fim de se prepararem para futuras invasões dos persas. Nessa coligação, a cidade de Atenas ficou responsável de administrar as contribuições para fortalecer o poder bélico. Porém, Atenas em vez de investir o dinheiro no exército, desviou as verbas, aquela velha prática, para fazer melhorias na própria cidade de Atenas. Construiu praças, templos, aquedutos e embelezou a cidade. E as demais cidades que contribuíram se incomodaram, com razão. E a situação piorou, quando Atenas transformou as contribuições em impostos. Porém, uma das cidades, chamada de Esparta, se revoltou contra essa situação, e outras cidades lhe seguiram e fizeram outra coligação para combater contra Atenas. Então, houve uma guerra civil entre as cidades-estados gregos que duraram 27 anos e por causa disso ficaram enfraquecidas. Enquanto isso, a cidade da Macedônia, governada por Felipe II, aproveitou-se da situação e travou guerra contra as debilitadas cidades gregas e as dominou. Depois da morte de Filipe, Alexandre, que era seu filho e comandante do exército macedônio, assumiu o trono, acabou com as revoltas nas cidades gregas e partiu para conquistar a Pérsia. E em 331 A.C., torna-se imperador do mundo. Daniel 11.4 diz: ‘Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua 145


posteridade, nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles’. Estando Alexandre no auge do seu domínio, no apogeu no seu império, o seu reino foi quebrado de repente, porque me 323 A.C., ele morreu de morte súbita, ninguém sabe se foi por overdose por ingerir muito álcool, ou se foi envenenado por seus próprios generais, ou se morreu de malária, ou de qualquer outro mal. Sabe-se Alexandre Magno morreu no auge do seu domínio quando estava na Babilônia festejando suas vitórias e pretendendo estender o seu império para além da Índia. Vimos nisso a fidelidade da palavra de Deus. Porque a profecia de Daniel foi proferida uns 200 anos atrás. E como diz a profecia o seu reino foi ‘repartido para os quatro ventos do céu’. Com a morte súbita de Alexandre, e sem herdeiro, seu reino ficou sob a responsabilidade de seus generais. Porém, esses homens cresceram os olhos no império de Alexandre. Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu dividiram o reino grego em quatro pequenos reinos. Essa divisão, também, foi retratada por um leopardo de quatro cabeças em Daniel 7. No capítulo 7 do seu livro, Daniel teve uma visão de sucessão de reinos em forma de animais. O primeiro animal era um leão que representava o império babilônico, o segundo animal era um urso que figurava o império medo-persa, o quarto animal um leopardo de quatro cabeças que tipificava o império grego e o quarto animal terrível e espantoso simbolizava o império romano. E no capítulo 8, a Grécia é representada por um bode que tinha um chifre notável e que no lugar dele subiram quatro chifres que apontam para Alexandre Magno e seus quatro generais que se apossaram do seu reino após a sua morte. ‘Cassandro reinou na Macedônia; Lisímaco reinou na Trácia e Ásia Menor; Ptolomeu reinou no Egito e Seleuco reinou sobre a Síria e o restante do Oriente Médio’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Daniel 11.5: ‘E será forte o rei do Sul; mas um dos seus príncipes será mais forte do que ele, e reinará poderosamente; seu domínio será grande’. A partir desse versículo, o texto começará a descrever a história dos reis Ptolomeus e dos reis Selêucidas. Os Ptolomeus conhecidos como reino do Sul porque se localizava no Egito ao sul de Israel, e os Selêucidas como reino do Norte, na Síria ao norte de Israel. 146


A nossa Revista diz: ‘Os reis do Sul descritos no versículo cinco eram os Ptolomeus, sucessores de Ptolomeu Sóter [323-285 A.C.], general de Alexandre. E os reis do Norte (v.6) eram os Selêucidas, sucessores de Seleuco I [Nicator 312-280 A.C.], que governou parte da Ásia Menor e Síria’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). O nome Ptolomeu se tornou num título real, de modo que todos os reis que reinaram no reino do Sul, Egito, tem seu primeiro nome de Ptolomeu, igualmente, os reis do Norte, Síria, conhecidos por selêucidas foram sucessores de Seleuco I Nicator, adotaram como título de realeza o nome Seleuco revezando com outro título que surgiu na história chamado Antíoco, que era o nome do pai de Seleuco I Nicator, e também o nome dado ao filho de Seleuco I Nicator, chamado de Antíoco I Sóter (281-261 A.C.) que foi o segundo rei do Norte.

Nos versículos 5 a 20 de Daniel 11, temos uma sucessão de guerras entre esses quatro reis, especialmente entre Egito e Síria, entre os reinos do Norte e do Sul. E a partir do versículo 21 até 35, entra em cena o rei do Norte, Antíoco Epifânio (entre 175 a 164 A.C.) o qual tornou-se um tipo do Anticristo que possível se revela nos versículos 36 a 45 (12ª Lição, 4º Trim/2014). Vamos rapidamente citar os acontecimentos proféticos relatados em Daniel 11.5-20 que cobrirá um período histórico de mais ou menos 110 anos. Um século de história profetizada! Que se estende de 285 a 175 A.C. O texto de Daniel 11.5 começa dizendo: ‘E será forte o rei do Sul...’. O primeiro rei do Sul foi Ptolomeu I Sóter que governou no Egito de 323 a 285 A.C., porém, o texto cita o segundo rei, filho de Ptolomeu I Sóter, que é Ptolomeu II Filadelfo que reinou de 285 a 246 A.C. Foi durante o seu governo que surgiu a Septuaginta, a tradução da Escritura hebraica para a 147


língua grega. Ptolomeu II Filadelfo tinha uma grande biblioteca em Alexandria, cidade do Egito, e alguém lhe disse que faltava apenas um livro, as Escrituras dos judeus. Então, ele mandou, imediatamente, trazer setenta sacerdotes de Israel para fazer a tradução, e diz a história, que em setenta e dois dias, eles fizeram a tradução. Foi essa versão grega das Escrituras que os apóstolos utilizaram para pregar o Evangelho nas nações gentílicas. Vamos continuar a leitura de Daniel 11.5: ‘E será forte o rei do Sul’ Ptolomeu II Filadelfo; ‘mas um dos seus príncipes’, nesse caso um dos generais de Alexandre, que era Seleuco I Nicator, ‘será mais forte do que’ Ptolomeu II Filadelfo, ‘e reinará poderosamente; seu domínio será grande’. Daniel 11.6: ‘Mas, ao fim de alguns anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado; mas ela não reterá a força do seu braço; nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos’. Esse ‘eles’ se referem a Ptolomeu Filadelfo e Antíoco Teos (261-246 A.C.), o terceiro rei da Síria, farão uma aliança. Que aliança é essa? A filha de Ptolomeu Filadelfo, chamada de Berenice, se casaria com Antíoco II Teos que deveria se divorciar de sua esposa, Laodice, para unir os reinos. Mas, Berenice ‘não reterá a força do seu braço’, isto é, não conseguirá manter firme a aliança. Porque, quando Ptolomeu Filadelfo morre, Antíoco II Teos volta para sua antiga esposa e coloca a Berenice como sua concubina. Entretanto, a profecia diz que nem Antíoco II Teos permanecerá no trono da Síria, pois Laodice com medo de perder o marido de novo, e logicamente seu filho deixaria de ser herdeiro do trono da Síria, envenenou seu marido, Antíoco II Teos, a Berenice, a amante, e o filho de Berenice, e colocou seu filho, Seleuco II Calínico (246-226 A.C.), no trono da Síria. Fiel é a palavra profética! A Escritura descreve, num linguajar profético, mas de modo detalhado, acontecimentos que ocorreram durante esses reis. Do versículo 5 até o 20, a palavra profética descreve mais ou menos a história de treze reis, seis no reino do Sul e sete no reino do Norte. As interpretações desses versículos foram ministradas em minha palestra anterior, portanto, não irei repetir aqui.

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A partir do versículo 21, a palavra profética descreve a história de Antíoco IV Epifânio. ‘Ele chegou ao poder em 175 a.C. e tinha apenas 40 anos de idade. O vocábulo Antíoco significa adversário, e Epifânio significa ilustre, o que é uma contradição. Segundo a história, reinou apenas onze anos, e morreu em 164 a.C. Porém, em seus poucos anos de reinado usou artifícios mentirosos, enganosos e cruéis como ninguém. Antíoco Epifânio não tinha escrúpulo. Sua ascensão ao trono da Síria foi através de intrigas e engano (11.21). Ele derramou muito sangue em guerras. Enriqueceu com os despojos quando lutou contra o Egito (11.25-28). O versículo vinte e um o chama de “homem vil”, porque fingindo amizade e aliança, entrou no Egito e [tenta se apoderar] do reino de Ptolomeu VI Filométor’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Ptolomeu VI Filométor era sobrinho de Antíoco IV Epifânio, filho da sua irmã Cleópatra I, casada com Ptolemeu V Epifânio. Antíoco IV Epifânio se apoderou da Palestina, terra dos judeus. Diz a profecia que ele ‘indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver’ (Dn 11.30). ‘Ao invadir Jerusalém, Antíoco Epifânio desrespeitou valores morais e éticos da sociedade israelita. Estabeleceu regulamentações contra a circuncisão, a observância do sábado e outras práticas dietéticas do povo hebreu. O versículo 31 fala da “abominação desoladora”, quando Epifânio construiu um altar a Zeus, deus grego, sobre o altar dos holocaustos no Templo’, e assim profanou o ‘Templo e fez cessar os sacrifícios diários (11.30,31)’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Daniel 11.31: ‘E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora’. Antíoco Epifânio mandou demolir o altar do holocausto, aquele altar de bronze que ficava no pátio do templo, construiu um altar idólatra dedicado ao deus grego, Zeus (Júpiter), o principal deus do panteão grego, e sacrificou porcos no santuário sagrado. E ‘deu ao Templo o nome de “Templo de Júpiter Olímpico” (2 Mac 6.2)’ (Matthew Henry - AT (Isaías a Malaquias), pag.899). Desse modo, o templo foi profanado. Por quanto tempo o santuário ficaria profanado? Vamos ler Daniel 8.13,14: ‘Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário e o exército, a fim de serem pisados? E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado’. E Daniel 12.11 diz: ‘E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias’. Isso equivale a 3 anos e meio de 168 a 164 A.C., e durante esse tempo 2.300 sacrifícios, ofertados de tardes e de manhãs, seriam suspensos. 149


Depois disso, um grupo de judeus, conhecidos como macabeus, se levantaram contra a tirania de Antíoco Epifânio e purificaram o santuário. Derrubaram o altar dedicado a Zeus, e o demoliram, e depois reedificaram o altar do Senhor e voltaram a oferecer os sacrifícios diários. Isso aconteceu no dia 25 de dezembro de 164 A.C. (1º Macabeus 4.52-54).

Nessa data, os judeus passaram a comemorar uma festa chamada de Festa da Dedicação, que é atualmente conhecida como Hanucá, que aparece em João 10.22: ‘E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno’ (abrindo um parêntese eu quero dizer que na Palestina o mês de dezembro ou quisleu, o nono mês no calendário judaico, era inverno, por isso que para alguns estudiosos, Jesus Cristo não nasceu no mês de dezembro, pois, os pastores não ficam nos campos nessa época por causa das grandes chuvas [Ed 10.9,13; Lc 2.8-11]).

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Daniel 11.32: ‘E aos violadores da aliança, ele (Antíoco Epifânio) com lisonjas perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas’. Era um grupo de judeus liderado por um sacerdote chamado Matatias que tinha cinco filhos, em 1º Macabeus 2.1-5: ‘Naqueles dias surgiu Matatias, filho de João, filho de Simeão, sacerdote da descendência de Joarib, o qual saiu de Jerusalém para estabelecer-se em Modin. Ele tinha cinco filhos: João, cognominado Gadi; Simão, chamado Tasi; Judas, conhecido como o Macabeu; Eleazar, chamado Auarã, e Jônatas...’. Quando Matatias morre, Judas Macabeu assume a liderança da revolta contra o governo sírio, e por isso passam a ser conhecidos por judeus macabeus. ‘Os macabeus durante anos lideraram o movimento que levou à independência da Judeia, e que reconsagrou o Templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos gregos. Após a independência, os hasmoneus deram origem à linhagem real que governou Israel até sua subjugação pelo domínio romano em 37 A.C. ou seja, os macabeus fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que governou de 164 a 37 A.C., reimpuseram a religião judaica, expandiram as fronteiras de Israel e reduziram no país a influência da cultura helenística’ (https://pt.wikipedia.org/wiki/Macabeus).

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Meus irmãos, esses acontecimentos proféticos tornam-se no livro do Apocalipse em figuras proféticas. Tanto o Antíoco Epifânio e a sua profanação do templo como também o tempo que o santuário ficou profanado por três anos e meio e a revolta dos judeus macabeus são tomados como símbolos proféticos no livro do Apocalipse. O Antíoco Epifânio é a figura do Anticristo, a profanação do templo é tipificada pela profanação que o Anticristo realizará quando ele surgir ou seja, o Anticristo obrigará os santos adorar a imagem da Besta, principalmente, os judeus messiânicos em Jerusalém. Os três anos e meio aparecem no Apocalipse como tempo simbólico em que os santos serão perseguidos por não adorar a Besta e sua imagem e a revolta os macabeus aponta para esses santos do Cordeiro que protestarão contra o sistema do Anticristo. Por isso que esse personagem, Antíoco Epifânio, para o livro de Daniel era uma figura profética importante para o desenrolar das futuras profecias do tempo do fim. Veja abaixo um gráfico que mostra as profecias de Daniel 8 e 11 referentes a Antíoco Epifânio que simbolicamente se cumprirão no Anticristo.

Segundo o Dr. Elienai Cabral: ‘Até o versículo 35 [de Daniel 11] a história se cumpriu perfeitamente. A partir do versículo 36, os fatos 152


acontecem de modo especial e fala de um rei que agirá segundo a sua própria vontade. Trata-se de um homem que chega ao poder, prospera, cresce em força e, então, investe contra o Deus de Israel. Esse rei, na figura de Antíoco Epifânio, assume o papel de divindade. Essa profecia tem o respaldo do Novo Testamento nas palavras de Paulo, quando diz que “se opõe contra tudo que se chama Deus ou se adora” (2ª Ts 2.4)’ (12ª Lição, 4º Trim/2014). Daniel 11.36-45 fala do tempo do fim quando surgirá um ‘rei que fará conforme a sua vontade’. Esse rei, indiretamente ainda se refere ao rei da Síria, Antíoco Epifânio, mas especificamente aponta para o Anticristo nos seus últimos dias. Sobre isso escreveu Elienai Cabral: ‘Na verdade, os versículos 40 a 45 retratam as lutas finais de Antíoco Epifânio com o Egito, rei do Sul, seu rival maior naquele tempo. Porém, a descrição desses conflitos prenunciamos atos futuros do Anticristo. No versículo 45 está descrito o fim de Antíoco Epifânio... Quando o versículo 40 fala do “fim do tempo” estava apontando, não só para o fim do personagem histórico Antíoco Epifânio, mas estava apontando para um tempo especial que a Bíblia descreve como sendo a Grande Tribulação...’ (Integridade Moral e Espiritual, pag. 155). Isso e óbvio, pois em Daniel 12.1 lemos: ‘Naquele tempo se levantará Miguel... e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo’. Voltando a Daniel 11.36 lemos: ‘E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito’. O Anticristo se levantará contra o ‘Deus dos deuses’, que é o Deus de Israel, ‘até que a ira se complete’. Que ira é essa? São os juízos descritos no livro do Apocalipse. Porque ‘aquilo que está determinado será feito’. As pragas apocalípticas ainda não caíram sobre a terra porque a ira não se completou, pois, o Anticristo ainda não atingiu a medida exata para a ira ser derramada. Quando o Anticristo agir de modo que abusará das coisas de Deus, então, o Senhor dirá: ‘Basta!’ e ordenará: ‘Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus’ ‘...porque nelas é consumada a ira de Deus’ (Ap 16.1; 15.1). Paulo toma esse texto de Daniel 11.36 e aplica, em 2ª Tessalonicenses 2.4, ao Anticristo. Vamos fazer uma leitura explicativa de 2ª Tessalonicenses 2.1-4: ‘Irmãos, no que diz respeito a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e a nossa reunião com ele, nós vos exortamos...’ Que ‘reunião’ é essa? O arrebatamento da Igreja, que conforme Paulo, já havia ensinando, Jesus na Sua vinda, reunirá os crentes quando os 153


que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois os vivos, serão arrebatados juntamente com eles nas nuvens para encontrar o Senhor nos ares (1ª Ts 4.16,17; ver também Mateus 24.31,32). Portanto ‘no que diz respeito a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e o nosso “arrebatamento” com ele, nós vos exortamos que não vos movais do vosso entendimento com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia do Senhor [ou dia de Cristo em outras traduções]. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque isto não acontecerá sem que primeiro...’ Isso o que? O dia do Senhor, quando ocorrerá a vinda de Cristo e o arrebatamento da Igreja. Portanto, ‘ninguém de maneira alguma vos engane; porque “a vinda de Cristo e o arrebatamento da igreja” não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, “o qual” [Paulo agora cita o versículo de Daniel 11.36) ‘o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus’. Que apostasia o texto se refere? Aquela grande apostasia que aconteceu no século IV quando a Igreja cristã, que é o santuário de Deus, se transformou na Igreja pagã. A apostasia trouxe o papado para dentro da igreja. Então, o papado torna-se um candidato forte para ser o Anticristo, por isso que o papado ou é um tipo profético do Anticristo ou é o próprio Anticristo. Segundo Matthew Henry, em seu livro publicado pela CPAD, diz: ‘Alguns entendem que aqui [em Daniel 11.36] começa a profecia do anticristo e do reino papal. É claro que o apóstolo Paulo, na sua profecia sobre a ascensão e o reinado do homem do pecado, está fazendo uma alusão a isso (2 Ts 2.4), e mostra que Antíoco era um tipo e uma figura desse inimigo...’ (Matthew Henry - AT (Isaías a Malaquias), pag.900). Note que para esse eminente escritor o Anticristo é o reino papal. Pois em seu comentário desse texto sobre o Anticristo (2ª Ts 2.4), Matthew Henry escreveu: ‘Os bispos de Roma se exaltaram acima de Deus e dos governadores terrenos... A quem isso pode ser mais bem aplicado do que aos bispos de Roma, a quem os títulos mais blasfemos têm sido dados...’. O reino do Anticristo papal é o reino da Besta descrito no Apocalipse, e esse reino teve duas fases e terá uma terceira fase conforme Apocalipse 17.8,11 que diz: ‘A besta que viste foi’ (primeira fase: Roma Imperial) ‘e já não é’ (a queda de Roma Imperial, em 476 D.C.), ‘e há de subir do abismo’ (segunda fase: Roma papal [538-1870])... v.11: ‘...é ela também o oitavo...’ (terceira fase: o Estado do Vaticano que começou se 154


formar em 1929, que é o Anticristo), mas alcançará seu apogeu quando ‘os dez chifres’ entregar ‘o seu poder e autoridade à besta’ (Ap 17.12,13).

Se compararmos as profecias de Daniel 7 referentes ao chifre pequeno com as atitudes do papado notaremos a semelhança entre ambos confirmando que o Anticristo é o reino papal. Vamos ler Daniel 7.23,24: ‘O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. E, quanto aos dez chifres, daquele 155


mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis’. O ‘quarto reino na terra’ é Roma pagã, após a queda do império romano em 476 D.C., surgirem em seu território dez reinos bárbaros que no decorrer da história se transformaram nas atuais nações europeias. Informações Adicionais Segundo uma fonte histórica: ‘Os principais povos germânicos que invadiram o Império Romano foram os hunos, os vândalos, os visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões. Em alguns momentos, eles conseguiram alcançar a cidade de Roma, saqueando a cidade e buscando destruí-la. Em 476, o líder dos hérulos, Odoacro, comandou a invasão e o saque de Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou as insígnias imperiais à capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, decretando o fim do Império do Ocidente’ (http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/ invasoes-barbaras.htm). O chifre pequeno que se levantou entre os reinos bárbaros é o reino papal (Dn 7.8). O reino papal é diferente dos reinos bárbaros, o reino papal é um reino religioso-político enquanto que os demais reinos são apenas políticos. O reino papal abaterá três reinos bárbaros para estabelecer o seu governo. Diz a profecia: ‘e abaterá a três reis’ (Dn 7.8,24). Veremos como isso aconteceu, paulatinamente, na história do papado. O Pr. Elliot escreveu o seguinte: ‘...três membros... foram desarraigados de diante do papa, a saber, os hérulos, sob Odoacro, os vândalos, e os ostrogodos’ (Horae Apocalypticae, vol. 3, p. 139). Na verdade, os três reinos bárbaros ‘alojadas na península Itálica, são os povos Hérulos, Ostrogodos e Lombardos’ (Daniel Versículo por Versículo, pág. 13)]. Odoacro defendeu com sucesso a Itália dos Visigodos e Vândalos. Os Vândalos estabeleceram o seu reino no norte da África em 429 até 534, quando, então, o imperador bizantino Justiniano I declarou guerra aos Vândalos e em 534, Gelimero, o último rei vândalo, se rendeu ao conquistador romano, pondo fim ao reino dos vândalos.

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Já vimos que desde o ano de 476 D.C., Roma ficou sob o poder dos hérulos. O rei dos hérulos, Odoacro, depôs Rômulo Augusto, último soberano do Império Romano do Ocidente, tomou o trono romano e reinou de 476 até 493, quando o seu reino na Itália foi conquistado pelos ostrogodos. Zenão I (474-491 D.C.), imperador bizantino, convenceu o rei dos Ostrogodos, Teodorico, o Grande (493-526 D.C.), que devastava as províncias balcânicas do império, a invadir a Itália e pôr fim ao regime de Odoacro. Após uma guerra de cinco anos, Teodorico conquistou por completo a península, derrubando Odoacro. Justiniano I (527-565 D.C.), imperador bizantino, aspirava restabelecer o antigo esplendor de Roma, motivo pelo qual empreendeu uma ampla série de campanhas contra os ostrogodos, que se estabeleceram na Itália, chamadas de Guerra Gótica (535-553 D.C.). Seu objetivo maior era unir o Oriente com o Ocidente por meio da religião, pois, para Justiniano, Roma continuava sendo o centro do mundo católico (Wikipédia). Justiniano ordenou ao general Belisário que se lançasse a conquista da Itália (537-538), onde Teodorico, o Grande, havia estabelecido um reino dos ostrogodos. A conquista da cidade de Roma aconteceu em 538, porem, a península itálica foi conquistada em 552, sob o exército do general Narsés que pôs fim ao reino dos ostrogodos na Itália (Wikipédia).

Com a derrota de seu último rei, Teia, os ostrogodos desaparecem da história. Alguns anos depois, outros bárbaros, os lombardos, invadiram a península da Itália. Os lombardos eram um povo germânico originário da Europa Setentrional que colonizou o vale do Danúbio e, a partir dali, invadiu a Itália bizantina, em 568, sob a liderança de Alboíno. Lá estabeleceram 157


um Reino Lombardo, posteriormente chamado de Reino Itálico, que durou até 774, quando foi conquistado pelos francos (Wikipédia). De 756 a 857, o papado passou da órbita do Império Bizantino a dos reis dos francos que foram Pepino, o Breve (751-768), Carlos Magno (768-814), e Luís, o Piedoso (814-840). Buscando proteção contra os lombardos, o Papa Estevão II apelou para os francos para proteger a Igreja, Pepino, o Breve, subjugou os lombardos e doou terras italianas ao papa, formando então os Estados Pontifícios, que se tornou, em tempos modernos, o Estado da Igreja, o Vaticano. A "Doação de Pepino", em 756, ratificou um novo período de domínio papal na Itália central, que ficou conhecido como os Estados Pontifícios. Quando o Papa Leão III coroou Carlos Magno, em 800, os próximos imperadores passaram a ser ungidos por um papa. Note que foi necessário, caírem três reinos bárbaros, os hérulos, os ostrogodos e os lombardos, para que os papas pudessem se estabelecer como soberanos políticos, e assim, cumpriu-se a parte da profecia que diz: ‘entre [os dez chifres] subiu [um] chifre pequeno... e [ele] abateu a três reis...’ (Dn 7.8,24). Os Estados Pontifícios foram extintos em 1870 por Vitor Emanuel II, no âmbito da unificação da Itália, iniciando-se a Questão Romana (18701929). Em 1929, o Tratado de Latrão assinado entre a Itália e o papa Pio XI estabeleceu a independência do Vaticano, como cidade-estado soberano sob controle do papa, utilizada para apoiar sua independência política. A profecia de Daniel 7.25, continua: ‘[O chifre pequeno, isto é, o papado] ‘proferirá palavras contra o Altíssimo’, sabemos que os papas inventaram doutrinas que são verdadeiras blasfêmias contra Deus, por exemplo, em 1870, o Concílio Vaticano I proclamou a infalibilidade papal como dogma que ensina que o Papa é infalível quando ensina acerca da moral, da fé ou dos costumes e quando define uma decisão dogmática. Isso é uma blasfêmia! A profecia ainda diz: ‘e destruirá os santos do Altíssimo’ (v.25). Quem têm perseguido os santos do Altíssimo ao longo dos séculos? Os papas, pois, eles exterminaram tanto judeus como cristãos. Quem não se lembra da inquisição papal! A profecia também diz: ‘...e cuidará em mudar os tempos e a lei...’ (v.25). É interessante que a Bíblia King James traduz esse texto assim: ‘...tentará alterar o calendário, as festas religiosas e as leis’. O nosso calendário hoje é o calendário gregoriano promulgado pelo Papa Gregório XIII 158


(1502-1585) em 24 de fevereiro do ano 1582, diferente do calendário bíblico. Os papas substituíram as festas bíblicas por festas pagãs com roupagens cristãs e judaicas e alteraram os dez mandamentos.

O restante da profecia de Daniel refere-se ao tempo futuro: ‘e [os santos] serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo’ (v.25). Sabemos que esse período é simbólico e ainda não se cumpriu, pois, falando do tempo do fim, o livro do Apocalipse se refere a esse mesmo tempo dizendo: ‘e deu-se poder [a Besta papal] para agir por quarenta e dois meses... foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencêlos’ (Ap 13.5,7). Esse período profético se cumprirá no tempo do fim, pois quando foi perguntado quando os santos ressuscitariam para serem recompensados, foi respondido: ‘jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas’ (Dn 12.2-9). É nesse tempo do fim que surgirá o último representante da Besta papal, o oitavo rei, o principal Anticristo, que receberá poder e autoridade das nações europeias para combater ‘contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis’ (Ap 17.11-14). 159


Palestra Ministrada na Assembleia de Deus do Sitio São João Fortaleza-CE, em 28 de Dezembro de 2014 O Tempo do Fim

Desejo saudar a todos com a Paz do Senhor Jesus! Antes de começar a palestra, gostaria de externar dois agradecimentos. Primeiramente, gostaria de agradecer ao meu Deus por essa congregação, pois em agosto de 2011, eu estava na UTI entre a vida e a morte, por providência de Deus essa congregação estava iniciando uma campanha de oração durante todo o mês de agosto, na época era o Pb. Eduardo que estava supervisionado essa congregação, e os irmãos aproveitando a ocasião me incluíram nos propósitos da oração. Deus ouviu vossas orações e me resgatou daquele UTI. Também quero aproveitar essa oportunidade para agradecer ao Ev. Júlio e a sua digníssima esposa, Rosângela, porque durante todo o tempo que estive doente e padecendo, eles estiveram sempre ao meu lado me ajudando, orando por mim e suprindo minhas necessidades. Quero agradecer a Deus pela vida desse casal que demonstraram o cuidado de um verdadeiro pastor. Bem, meus irmãos, nessa manhã, quero falar sobre o tempo do fim narrado nas profecias de Daniel. O livro de Daniel nos revela, de modo profético, acontecimentos que se cumpriram ao longo da história e outros que se cumprirão além da história. E assim, como Deus cumpriu muitas profecias no decorrer da história, temos plena certeza que ele cumprirá as profecias que se refere ao futuro. Quando será o tempo do fim? Vamos ler Daniel 12.1: ‘E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro’. O tempo do fim será o tempo da grande tribulação. O que é a grande tribulação? É ‘um tempo de angústia, qual nunca houve’. A nação de Israel padeceu muitas angústias nas mãos de reis ímpios, principalmente, de um rei que se levantou no reino selêucida da Síria, chamado Antíoco Epifânio, que profanou o santuário dos judeus e provocou uma grande aflição naquela nação. Porém, quando a profecia fala de ‘um tempo de angústia, qual nunca houve’ refere-se a um tempo que vai além do tempo da perseguição de Antíoco Epifânio. Porque em Mateus 24.21, Jesus Cristo cita essa profecia de Daniel para se referir a um tempo ainda futuro, assim está dito: ‘Porque haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver’. 160


Essa grande tribulação não aconteceu na época em que Antíoco Epifânio perseguiu os judeus e nem tampouco ocorreu desde a época de Jesus Cristo até os dias atuais. Então, a grande tribulação ocorrerá no futuro, talvez, esteja muito próximo e marcará o tempo do fim de todas as coisas. Devemos, então, perguntar: O que provocará esse tempo de grande tribulação? Que coisas tornarão esse tempo em uma grande tribulação? Posso citar três coisas principais: Guerras terríveis, perseguição contra o povo de Deus e os juízos cataclismos que serão despencados sobre a terra. Haverá muitas guerras terríveis porque o governo do Anticristo implantará um sistema político-econômico-religioso que provocará algumas revoluções no mundo. Para isso o Anticristo receberá apoio da Europa. Vamos ler Apocalipse 17.1213: ‘E os dez chifres que viste são dez reis, que... têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta’. Sabemos, por profecias anteriores estudadas, que esses dez reinos são as nações que surgiram da desintegração do império romano que hoje se constituem nas nações europeias. As nações europeias têm o mesmo intento da Besta: dominar o mundo e para isso entregarão o seu poder e autoridade à Besta. Fazendo um retrocesso na história, vimos que houve sete principais impérios: Egito, Assíria, Babilônia, Média-Pérsia, Grécia, Roma Pagã-Papal e as Nações Europeias. Mas ainda segundo a profecia haverá um oitavo reino que é o reino do Anticristo. Hoje, vivemos na época da formação do sétimo reino que são as nações europeias. Convém dizer que a Besta de Apocalipse 13.1-8 não é um homem, mas um Grande Instrumento de Satanás para perseguir o povo de Deus, pois, a Besta é composta por todos esses impérios que perseguiram o povo de Deus. Note que esses sete impérios são representados pelas sete cabeças da Besta e por uma oitava cabeça que surgirá (Ap 17.9-11). Todas essas bestas imperiais infligiram perseguição contra o povo de Deus. A Besta Egípcia oprimiu o povo de Israel por 400 anos, depois veio a Besta Assíria que desterrou o reino das dez tribos e na época do profeta Isaías perseguiu Judá, então, surge a Besta Babilônica que levou os judeus cativos, destruiu Jerusalém e o templo sagrado, com ascensão da Besta Pérsica os judeus são favorecidos para voltarem às suas terras, construírem sua cidade, seu templo e suas vidas, porém, na época de Ester, levantou um homem chamado Hamã que intentou exterminar a raça judia simplesmente porque Mardoqueu, um judeu piedoso, não se prostrava diante dele. 161


Mas, na verdade foi Hamã e sua casa que foi exterminada, porque ninguém pode contra o povo de Deus, pois é a menina dos olhos do Senhor (Zc 2.8). Depois veio a Besta Grega, de onde surgiu Antíoco Epifânio, grande inimigo dos judeus que se tornou símbolo profético do futuro Anticristo. Após os gregos, a Besta Romana dominou o mundo e no ano 70 D.C., perseguiu terrivelmente os judeus destruindo sua cidade e seu templo e dispersando os judeus para todas as nações do mundo, que somente em 1948 retornaram para terra de Israel. É preciso dizer que a Besta Romana teve duas fases, a Roma pagã dos Césares que perseguiu, também, os cristãos e a Roma papal que deu continuidade à política de perseguição contra os cristãos fiéis e contra os judeus. E por último, a Besta Europeia, confederada por um bloco de nações, entregará o seu poder e autoridade a oitava Besta, o Anticristo. Eles infligirão a última perseguição contra os cristãos e a nação de Israel. Portanto, a Besta do Apocalipse 13 que sobe do mar representa esses oitos reinos mundiais, porém, se continuarmos lendo o capítulo 13 a partir do versículo 11, notaremos que o texto fala de outra Besta que sobe da terra. A Besta que sobe do mar é composta por nações que se levantaram em torno do Mar Mediterrâneo, porém, a Besta que sobe da terra, não pertence aquele continente. Essa Besta que sobe da terra aponta para os Estados Unidos da América. Vemos isso quando comparamos suas características com os Estados Unidos. Por exemplo essa Besta tinha dois chifres que representa as duas formas de governo dos Estados Unidos. A profecia diz que essa Besta tinha a aparecia de um cordeiro, mas falava como um dragão (Ap 13.11). Os Estados Unidos foi fundado para promover os direitos humanos, a liberdade e a paz, mas também, é um país que apoia a guerra, a intolerância, e causa destruição na terra. Apocalipse 13.12 diz que a Besta Americana ‘exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada’. Os Estados Unidos, embora, seja uma superpotência mundial não entra em conflito com a Europa Ocidental, pelo contrário, ele tem apoiado a Europa Ocidental em suas duas Grandes Guerras Mundiais. A profecia mostra que os 162


Estados Unidos não se constituirá um governo mundial que sucederá as potências apresentas pela Besta que sobe do mar, mas exercerá seu poder governamental na presença dela. Também mostra que os Estados Unidos promoverá a adoração da Besta ‘cuja chaga mortal fora curada’. Eu falei em minhas palestras anteriores que a cabeça ferida da Besta foi a sexta cabeça que representa o império romano, isso aconteceu quando o império romano do ocidente sucumbiu diante da invasão dos bárbaros, a cura dessa ferida mortal, aconteceu quando os papas tornaram soberanos políticos e os próprios reinos bárbaros se submeteram ao poder da Roma papal. Então, a profecia de Apocalipse 13.12 significa que os Estados Unidos apoiará o Vaticano em sua proposta de implantar uma religião única. É por isso que a Besta que sobe da terra é chamado de falso profeta. Porém, nem todas as nações se submeterá as exigências dos Estados Unidos e da Europa Ocidental. É por isso que o mundo afundará em guerras terríveis. Essas nações serão as nações comunistas e as nações islâmicas que no Apocalipse são chamadas de ‘reis do oriente’ (Ap 16.12). A Europa Ocidental e os Estados Unidos terão que exterminar as nações comunistas e as nações islâmicas para que ‘a terra e os que nela habitam adorem’ o Anticristo. Essas nações comunistas e islâmicas são compostas por aquelas nações que vivem em torno de Israel e são suas inimigas, as quais são: Rússia, Turquia, Síria, Irã, Iraque, Afeganistão, Egito, Líbia, Sudão, Coreia do Norte e etc. A profecia de Apocalipse 13.13, referente aos Estados Unidos, diz: ‘E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens’. O Estados Unidos provou o seu poder nuclear quando destruiu as duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, e usará esse fogo atômico contra os países que não se submeterem ao sistema do Anticristo. Essas armas nucleares são descritas, na profecia, da seguinte maneira: ‘vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumaça e enxofre. Por estes três foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça, e pelo enxofre, que saíam das suas bocas’ (Ap 9.17,18). A profecia diz que ‘...deu-se poder [à Besta Anticristã] sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro...’ (Ap 13.7,8). É por isso que o Anticristo fará guerra contra os santos do Cordeiro, pois não adorarão a Besta e nem a sua imagem (Ap 13.15). Esses santos são os judeus messiânicos e os cristãos gentios, mas nem todos, mas somente aqueles que são taxados de fundamentalistas.

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Em Apocalipse 12.17: ‘E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo’. O dragão é Satanás, o Diabo, e a mulher é a Jerusalém Celestial, representada na terra pelo fiel Israel, a nação piedosa que esperava o Messias, a semente da mulher é o Messias e o remanescente são os judeus crentes no Messias ‘que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo’. Agregados ao remanescente de Israel está uma grande multidão incontável de gentios crentes provenientes de todas as nações do mundo (Ap 7.9,10,14). Ambos os grupos são os santos do Altíssimo que foram, são e serão perseguidos pela Besta e seu sistema religioso (Dn 7.21, 25; Ap 13.7). Apocalipse 17.6: ‘E vi que a [Grande Babilônia] estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus’. Apocalipse 20.4 diz: ‘vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos’. Vimos que na grande tribulação o mundo afundará em guerras nucleares e perseguição e intolerância religiosa. Que caminhos levarão os santos do Cordeiro serem perseguidos? A Europa Ocidental, o Papado e os Estados Unidos têm como objetivo estabelecer a paz mundial através de um sistema político-econômico-religioso nem que para isso terão que lançar mão do poder militar. A profecia diz que os Estados Unidos ‘engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta’ (Ap 13.14,15). A ‘besta que recebera a ferida da espada e vivia’ é o Papado, o Vaticano. A Roma Papal é um sistema político-religioso onde une o poder do Estado e da Religião nas mãos do Papado. A religião papal é um sistema pagão com roupagem cristã representada no Apocalipse pela grande prostituta Babilônica. Os Estados Unidos que também é um país políticoreligioso tem uma religião sincretista oriunda da maçonaria com roupagem cristã. A imagem da Besta instituída pelos Estados Unidos é uma religião ecumênica onde reunirá catolicismo, protestantismo, espiritismo, judaísmo, islamismo, hinduísmo e etc., a fim de estabelecer a paz nas religiões com objetivo de contribuir para a paz mundial. As igrejas evangélicas que se unirem ao ecumenismo aparecem no Apocalipse como as filhas prostitutas da grande Babilônia, pois, ela é chamada de ‘a mãe das prostituições 164


[igrejas evangélicas apostatas] e abominações da terra [religiões falsas]’ (Ap 17.5). Porém, quem não se aderir a essa religião ecumênica será proscrito e perseguido. O Israel apostata, chamado no Apocalipse de ‘grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado’ (Ap 11.8) adorará a imagem da Besta, porém, os judeus fiéis, também conhecidos por judeus messiânicos, não adorarão a imagem da Besta e serão perseguidos. E assim, também, acontecerá com todos os cristãos gentios fiéis a Cristo em seus respectivos países, pois, ‘fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta’ (Ap 13.15). Essa grande perseguição contra os santos do Altíssimo será a última investida de Satanás contra a igreja de Cristo, por isso que ele vem com grande ira e fúria, pois, sabe que tem pouco tempo para agir (Ap 12.12,13,17). Entretanto, quando a perseguição contra os santos atingir a medida exata, Deus castigará esse mundo com pragas apocalípticas (Ap 6.9-11). Essas pragas caracterizarão a verdadeira Grande Tribulação. Pois não dá para comparar os juízos de Deus com a perseguição do Anticristo contra o povo de Deus. A Escritura diz que ‘homens desmaiarão de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas’, pois ‘haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas’ (Lc 21.25,26). Portanto, o que determinará a grande tribulação são os juízos de Deus contra as nações ímpias que conspiram contra o Messias e seus santos (Sl 2.1-5). Em Apocalipse 16.5-7 lemos: ‘Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores. E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos’. As pragas de Deus se constituirá os juízos de Deus contra o reino do Anticristo por ter perseguido os santos. Vamos ler em 2ª Tessalonicenses 1.6: ‘Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam’. O Anticristo causará tribulação aos santos, e Deus causará tribulação ao Anticristo. Deus vindicará a nação justa! As pragas de Deus não cairão sobre os justos. Pois está escrito: ‘Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios... Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda’ (Sl 91:7,8,10). Comparamos isso com que aconteceu com Israel no Egito quando essa nação ímpia foi visitada pelas pragas de Deus (Êx 11.6,7). Israel foi protegido por Deus! Assim também os santos serão protegidos por Deus. As pragas de Deus cairão sobre o reino da Besta, mas o povo de Deus não será 165


atingido. Pois está escrito: ‘Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre todo o mundo, para provar os que habitam na terra’ (Ap 3.10). O mundo vai cambalear como bêbedo (Is 24.19-21), as grandes metrópoles serão arrasadas (Ap 16.19,20). Por que o Deus da paz permitirá a grande tribulação? A primeira razão, porque Deus permitirá a grande tribulação é para punir, despertar e libertar a nação de Israel. Em Daniel 12.1 lemos: ‘E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrarse-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro’. A profecia diz que ‘naquele tempo’ Miguel ‘se levantará... a favor’ de Israel. Esse texto tem uma correlação com a batalha de Miguel com Satanás relatado em Apocalipse 12.7-9. Nessa batalha Satanás não prevalece, mas é precipitado na terra juntamente com seus anjos, e com a queda de Satanás na terra terá início a grande tribulação. Sabemos que Satanás desde a sua rebelião habita nas regiões celestiais, na atmosfera, tendo ainda acesso ao trono de Deus aonde, como promotor da injustiça, acusa os santos diante do tribunal de Deus. Porém, chegar-se-á o tempo quando ele será lançado fora de diante do trono de Deus (Ap 12.10). Após sua queda na terra é dito: ‘Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo’ (Ap 12.12). Quando Satanás cair na terra sua primeira investida será eliminar Israel e ele fará isso através do ataque da Rússia, Turquia, Irã, Síria e dos países árabes contra Israel. Em Apocalipse 12.13-15 lemos: ‘E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente. E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar’. Essa ‘água como um rio’ é o exército dessas nações inimigas para invadir a terra de Israel. Porém, a profecia diz que ‘a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca’ (Ap 12.16). Diz também a Escritura que ‘foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente’ (Ap 12.14). Tanto a ‘terra’ que ajudou a mulher como a ‘grande águia’ representam os Estados Unidos que virá em favor da nação de Israel contra a invasão russo-árabe. Haverá uma grande guerra contra o terrorismo. 166


Entretanto, essas nações inimigas serão subjugadas e será estabelecido a paz no oriente médio. E assim, Israel terá a proteção dos Estados Unidos e do reino da Besta e aceitará o sistema do Anticristo. Porém, os judeus messiânicos que moram em Jerusalém farão resistência ao sistema da Besta e serão perseguidos (Ap 11.7-10; 12.7). Esses judeus crentes no Messias são representados pelo ‘templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram’, enquanto que o Israel apostata é o ‘átrio que está fora do templo’... que ‘...foi dado às nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses’ (Ap 11.1,2). Dentre esses remanescentes de judeus fiéis se levantará dois líderes fortes, a semelhança de Moisés e do sumo sacerdote Arão, e também, de Zorobabel e do sumo sacerdote Josué (Sl 105.26; Ag 1.12-14; Zc 4.2-14), em defesa dos judeus messiânicos em Jerusalém, ninguém lançará mão deles (Ap 11.3-6), porém, quando terminarem ‘o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará’ (Ap 11.7). Mas, Deus os ressuscitará e os elevará aos céus (Ap 11.8-12). Nessa ocasião, haverá um terremoto muito grande na terra de Israel que deixará suas fronteiras vulneráveis para um novo ataque dos inimigos russos e árabes (Ap 11.13). Isso acontecerá no final da grande tribulação, quando os russos e árabes ou ‘os reis do oriente’ se revoltarão contra o domínio da Besta e atacarão Israel novamente (Ap 16.12). Essa guerra é descrita em Ezequiel 38 e 39. ‘Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal; E te farei voltar... com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos com primor, grande multidão, com escudo e rodela, manejando todos a espada; Persas, etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete; Gômer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, do extremo norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo. Prepara-te, e dispõe-te, tu e todas as multidões do teu povo que se reuniram a ti, e serve-lhes tu de guarda ...No fim dos anos virás à terra que se recuperou da espada, e que foi congregada dentre muitos povos, junto aos montes de Israel... Então subirás, virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos contigo... Virás, pois, do teu lugar, do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, grande ajuntamento, e exército poderoso, e subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias sucederá que hei de trazer-te contra a minha terra’ (Ez 38.3-9,15,16). Então, os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o Anticristo reunirão os seus exércitos para a batalha, não mais para proteger Israel, mas agora, para esmagar de vez a nação de Israel e as nações árabes a fim de resolver de uma vez por toda esse conflito (Ap 16.13,14,16). 167


Em Daniel 11.44,45 lemos acerca do Anticristo ‘os rumores do oriente e do norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos. E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso...’. Israel ficará em aperto entre as nações que vem do oriente, do norte, do ocidente e do sul. Jeremias 30.7 diz: ‘Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela’. Sobre isso lemos em Zacarias 14.1,2: ‘Eis que vem o dia do Senhor, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade’. Essa será a guerra do Armagedom, naquele grande dia do Deus TodoPoderoso. Pois, o próprio Deus disse: ‘o meu decreto é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo’ (Sf 3.8). E ‘congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra’ (Jl 3.2). O ‘Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha. Naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras’ (Zc 14.3,4). Então, Israel olhará para o Messias ‘a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido’ (Zc 12.10,11). E muitas nações também se lamentarão e invocarão o nome do Senhor e sobreviverão (Mt 24.29,30; Ap 1.7). ‘Porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar’ (Jl 2.32). Deus poupará Israel carnal e essas nações por causa dos escolhidos, pois está escrito: ‘se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias’ (Mt 24.22; Mc 13.20). Porém, a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos e as nações ímpias serão exterminados (Ap 19.19-21), pois o Senhor ‘sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo’ (Sl 11.6). ‘Sucederá, porém, naquele dia, no dia em que vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor Deus, que a minha indignação subirá à minha face. Porque disse no meu zelo, no fogo do meu furor, que, certamente, naquele dia haverá grande tremor sobre a terra de 168


Israel... Uma chuva inundante, e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre farei chover sobre ele, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com ele. Assim eu me engrandecerei e me santificarei, e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor’ (Ez 38.18,19,22,23; Ap 6.12-17; 16.17-21). Pois, ‘virá o nosso Deus, e não se calará; um fogo se irá consumindo diante dele, e haverá grande tormenta ao redor dele’ (Sl 50.3; Is 66.15,16). E ‘o reino será do Senhor’ (Ob 21), e Israel servirá ‘ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhes levantarei’ (Jr 30.9). A segunda razão, porque Deus permitirá a grande tribulação é provar e purificar os santos. Daniel 11.35 diz: ‘E alguns dos entendidos cairão, para serem provados, purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o tempo determinado’. E Daniel 12.10: ‘Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão’. Vivemos em uma época lastimável para o povo de Deus em que os templos evangélicos estão superlotados de crentes inertes, frios e materialistas, mas poucos manifestam a verdadeira fé e práticas cristãs genuínas. Esses crentes precisam ser provados, purificados e embranquecidos para a vinda do Senhor Jesus. Como esses crentes serão provados e purificados? Através do fogo da perseguição. A Escritura diz: ‘Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos provar... para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo’ (1ª Pe 1.7; 4.12). ‘E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições’ (2ª Tm 3.12). Durante o reino da Besta todas as pessoas terão que adorar a Besta, a sua imagem e receber o sinal ou número do seu nome. Quem não se submeter a essa adoração será perseguido e morto (Ap 13.8,14-18). Os crentes fiéis e verdadeiros não adorarão a Besta e nem aceitarão o seu sistema anticristão, por isso serão terrivelmente perseguidos e muitos morrerão por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo (Ap 13.7; 14.13). Porém, Deus promete punir a Besta e seus adoradores. Aqui está a perseverança e a fé dos santos (Ap 13.9,10; Ap 14.9-12). Na vinda de Cristo, esses santos mártires, juntamente com todos os crentes fiéis de todas as épocas, serão ressuscitados, arrebatados e glorificados para reinarem com Cristo (Ap 15.24; 20.4-6; 1ª Ts 4.15-17; 2ª Ts 1.7-10; Ap 7.9,10,13-17). A terceira razão, porque Deus permitirá a grande tribulação é para castigar o reino da Besta. Em Apocalipse 16.10 lemos: ‘E o quinto anjo 169


derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor’. Deus mostrará a Besta com quantos paus se faz uma canoa. O reino da Besta será abalado, sacudido e esmiuçado pelo Deus Todo-Poderoso. Toda a ira de Deus que está acumulada nos céus por causa dos pecados dos homens será despencada sobre a última geração dos ímpios em forma de juízos apocalípticos das sete trombetas e das sete taças (Ap 8.6; 15.1; 16.1). A quarta razão, porque Deus permitirá a grande tribulação é para levar as nações ao arrependimento. Mas, infelizmente, muitos não se arrependerão (Ap 9.20,21; 16.11). A ira divina alcançará seu clímax no Dia do Senhor, no final da grande tribulação, no Armagedom, quando Cristo retornará com grande ira e destruirá muitas nações no ‘grande lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso’ (Is 13.9-13; Jl 3.9-17; 1ª Ts 5.1-4; 2ª Pe 3.7-13; Ap 6.12-17; 14.19,20; 19.11-21). Porém, as nações sobreviventes ‘virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos’ (Ap 15.4) e serão governadas por Cristo e seus santos com vara de ferro durante os mil anos do Dia do Juízo (Ap 2.26,27; 12.5; 19.15; 20.1-6). Aquelas que no final do milênio não se submeterem ao governo de Cristo serão definitivamente destruídas (Ap 20.7-10; Sl 2.9; Is 30.14). Estamos nos aproximando do tempo do fim! Em que tempo estamos vivendo agora? Estamos vivendo no tempo em que as profecias de Daniel não estão mais seladas. Foi dito a Daniel: ‘E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará’ (Dn 12.4). Porém, Apocalipse 22.10 diz: ‘Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo’. As profecias não estão mais seladas! Mas prontas para saltarem do livro e se cumprirem! As profecias de Daniel estão sendo estudadas e examinadas. E ‘o conhecimento se multiplicará’, não necessariamente o conhecimento cientifico, mas o conhecimento das profecias de Daniel. O livro de Daniel, na atualidade, está sendo examinado, esquadrinhado e pesquisado. Está escrito: ‘Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo’ (Ap 1.3). As profecias nos enchem de esperança! Sabendo que em breve Deus restaurará o reino a Israel. Quando esse tempo chegar, haverá um céu e uma nova terra onde habita a justiça. Mas, enquanto, esse tempo não chega, devemos testemunhar do evangelho de Jesus Cristo até os confins da terra.

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AUTOBIOGRAFIA Confesso que às vezes me sinto triste. Tudo o que eu queria é ser um homem cheio de saúde. É verdade que eu consigo fazer algumas coisas, inclusive escrever meus livros. Mas gasto mais tempo e tenho que fazer mais esforço do que outras pessoas. Por isso, o meu lema para cada dia é: ‘Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece’ (Fp 4.13). E eu sinto que o Senhor sempre me dá poder para fazer as coisas do dia a dia. Ele nunca desistiu de me ajudar; por isso, nunca quero desistir de servir a ele. Deus me abençoou com uma família maravilhosa. Eu tenho uma esposa excelente, a Claudete. Ela é muito amorosa e entende minhas limitações. Além disso, tenho bons amigos na igreja que me congrego. Outra coisa que me consola é a promessa de Deus de estabelecer o Seu Reino sobre a terra. Deus vai fazer ‘novas todas as coisas’, incluindo minha saúde (Ap 21.5) Essa promessa fica ainda mais real para mim quando penso no que Jesus fez aqui na Terra. Sem muito esforço, ele curou pessoas aleijadas e doentes. As promessas de Deus e os milagres de Jesus me dão certeza que logo vou me tornar um homem saudável. A maior bênção que recebi foi conhecer a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Ele é meu Pai e meu Deus. Ele me consola e fortalece. Sinto o mesmo que o rei Davi, que escreveu: ‘O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido; assim o meu coração salta de prazer...’ (Sl 28.7) Eu quero me agarrar a essa verdade maravilhosa todos os dias da minha vida, mesmo sem ter saúde.

Adquire meus livros no site: www.issuu ou no meu facebook. É grátis. Edinaldo Nogueira Agosto/2017 171


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