MUTAÇÕES: FONTES PASSIONAIS DA VIOLÊNCIA

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mutações Fontes passionais da violência

Onze notas sobre as Fontes passionais da violência Adauto Novaes | Violência e sociedade do espetáculo Francisco Bosco | Violência na mudança e mudança na violência Pedro Duarte | Fundar a violência: uma mitologia? David Lapoujade | Civilização e barbárie Oswaldo Giacoia Junior | Terror, violência e política Newton Bignotto | Qual “crise do espírito”, de 1914 até hoje? Frédéric Worms | A guerra mecânica Marcelo Coelho | Matar sem culpa: algumas reflexões sobre os assassinatos coletivos Eugène Enriquez | A negação do sujeito Franklin Leopoldo e Silva | A ética da obediência Frédéric Gros | A Guerra de Troia não acontecerá: pathos antigo e tecnologia moderna Olgária Matos | Os homens que amam a guerra Marcelo Jasmin | Violência sem paixão? Isabelle Delpla | A violência da vida: Georges Ganguilhem e a construção da biopolítica Vladimir Safatle | Do desejo à violência e reciprocidade Jean-Pierre Dupuy | Violência do pai, violência dos irmãos Maria Rita Kehl | Urbanidade, fonte de violência? Pascal Dibie | Violência na linguagem: a forma bruta dos protestos Eugênio Bucci | As formas da violência mexicana no século xxi Gilles Bataillon | Mundo, obsolescência programada Guilherme Wisnik |A razão e suas vicissitudes Luiz Alberto Oliveira

Org.: Adauto Novaes

chega aos principais embates vividos na contemporaneidade. Os vinte e três textos reunidos pretendem discutir o papel das paixões nos destinos da humanidade, a partir do pressuposto de que a violência faz parte do humano. Entre outros temas, os ensaístas refletem sobre a Guerra de 1914 como emblema de mutação da própria ideia de violência, quando surge o que pode ser definido como o domínio da técnica e o advento da civilização tecnocientífica; sobre as transformações que o espírito bélico vem sofrendo no Ocidente; a reciprocidade da violência de simples atos cotidianos entre desconhecidos até a formulação de conflitos entre povos; as causas e efeitos de massacres coletivos como os de judeus, bósnios e armênios; a relação entre violência e desejo. Ao final da leitura, acompanhado pelo rigor e pelo apuro conceitual que está na base dos ensaios e artigos aqui reunidos, o leitor certamente se sentirá mais preparado para transitar pelas esferas do pensamento crítico, por meio do qual o mundo parece um lugar menos ameaçador. Mutações: fontes passionais da violência constata que o homem contemporâneo não está sabendo criar uma política, uma moral, um conjunto de ideais que estejam em harmonia com os modos de vida que ele próprio concebeu. Mas, contrariamente ao sentimento de frustração e perplexidade, este leitor será levado a compreender que as grandes transformações produzidas pela ciência e pela técnica podem conduzir os indivíduos à necessidade de pensar – e praticar – uma nova política, novas normas morais, novas mentalidades, novas sensibilidades... Enfim, um conjunto de valores que ainda garante ao homem sua rarefeita, mas reconhecível cota de humanidade.

Fontes passionais da violência Organização: Adauto Novaes

mutações

Se a técnica acena ao homem diariamente com toda sorte de facilidades que lhe garantem uma vida cotidiana mais amena e confortável, não é menos incontestável a ideia de que, no plano da aventura do espírito, ela lhe ofereça também mais força e potência, cujo efeito quase instantâneo é a irrupção da violência? Friedrich Nietzsche em texto clássico afirma que “o homem é grande pelo espaço de liberdade de suas paixões, mas ele é suficientemente forte para fazer desses monstros seus animais domésticos”. O livro Mutações: fontes passionais da violência, o mais novo título da série organizada por Adauto Novaes, busca pensar o homem e suas paixões diante dos novos tempos que fascinam, mas também assombram. As dificuldades da empreitada, naturalmente, são evidentes, mas elas implicam o cuidadoso exame de questões referentes ao seu contexto. Primeiro, o que se entende por civilização técnica? Depois, o que é feito do homem diante da revolução tecnocientífica, biotecnológica e digital? Por fim, que papel tem hoje o espírito, entendido como inteligência ou potência de transformação criadora? De modo geral, tende-se a pensar a violência somente como efeito de causas objetivas, atribuídas quase sempre a razões econômicas e sociais. Tal visão redutora nos impede de refletir com mais autonomia. Sabe-se que a violência constitui um fenômeno que alguns teóricos chamam de dialética da criação e da destruição, presentes virtualmente, por exemplo, nas convenções sociais e na política. Como é praxe na série Mutações, os autores convidados dedicaramse a temas bastante diversos entre si, dando conta de um arco temporal que tem início com as primeiras indagações propostas pela cultura grega antiga e

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