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Perfume

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Prefácio

Prefácio

Perfumes

Grande parte das minhas memórias estão relacionadas a minha infância e, especialmente, associadas a momentos, odores e sabores. Foi nessa fase da vida, quando ainda pequenininho, que tive as pessoas mais especiais ao meu lado, cujos sorrisos, abraços e perfumes ficaram marcados para sempre. Lembro-me muito bem do perfume de vovó, que aos domingos pela manhã se arrumava toda e me levava à igreja – aliás, esse era um dos meus momentos favoritos. E hoje, ao sentir o perfume dela, me vem à cabeça uma imagem nítida dos domingos, quando o sol ainda estava começando a aquecer e estávamos ela e eu, caminhando devagarinho pelas calçadas da rua.

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Eu devo essa lembrança a minha memória olfativa. A maior parte dela se forma quando ainda somos crianças e sentimos perfumes pela primeira vez. O nosso cérebro associa pessoas, lugares e momentos ao cheiro que estamos sentindo e pronto! Memória guardada para toda a vida. Então quando as moléculas do perfume, que é a base de álcool e tem ponto de fusão baixo, se desprendem do corpo e se disseminam no ar chegando até as narinas. Em seguida o cérebro, em fração de segundos, nos presenteia com uma memória guardada que muitas vezes nem sabíamos que existia. É assim que acontece quando eu sinto o cheiro de vovó. As lembranças e as emoções vêm num piscar de olhos, causando um sentimento de saudade e alegria, a mesma que eu sentia nos domingos de manhã caminhando pelas ruas em direção à igreja.

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