Folha Diocesana - 282

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Editorial P

rezados leitores, vida e paz! Estamos para concluir o ano da graça do Senhor de 2020. Ano marcado por situações complexas. Como afirma Dom Leomar, bispo auxiliar de Porto Alegre, “A pandemia da Covid-19 provocou incertezas e preocupações que incidem também sobre o ato de crer e esperar. O mundo parou, e a consciência da finitude se impôs sobre a humanidade. Morte, luto, esperança e vida eterna são temáticas que pautam a experiência humana e desafiam os cristãos a responder ao coração inquieto. Seguindo o Concílio Vaticano II, é preciso interpretar o sinal dos tempos, que emergiu em 2020. Cabe aos discípulos de Jesus Cristo dar razões de

TEMPO DE MEMÓRIA, GRATIDÃO E ESPERANÇA sua esperança (1Pd 3,15) em meio à perplexidade do momento histórico. O tempo presente é vivido como ocasião favorável de testemunhar, com empatia e solidariedade, a fé na realização das promessas de Cristo”. A necessidade do distanciamento social obrigou a Igreja a se adaptar em sua forma de comunicação. A mudança não foi somente no dia-a-dia das comunidades, mas na vida de cada membro desta comunidade. As lives e uso de aplicativos se tornaram instrumentos fundamentais de luta para tirar as pessoas da solidão e não permitir a morte das relações e projetos de evangelização, alimentando assim a esperança. A edição da Folha Diocesana é prova desse esforço de luta a

Enfoque Pastoral

favor de notícias de esperança e vivacidade da Igreja em toda parte e de maneira particular em nossa diocese de Guarulhos. Gratidão a todos os leigos e leigas, sacerdotes e bispo que colaboraram para que essa esperança fosse alimentada com cada artigo e imagem inseridos nas edições virtuais. Este editorial tem esse conteúdo porque celebramos neste mês a memória de milhares de pessoas que morreram e de maneira especial os que neste ano não resistiram aos sintomas do coronavírus, muitas dessas pessoas eram membros ativos de nossas comunidades e leitores de cada edição do jornal diocesano. Nossa homenagem a todos e sentimentos de esperança aos familiares.

Pe. Marcelo Dias Soares Coord. Diocesano de Pastoral

Nada te perturbe

A

mados, estamos nos aproximando do fim de ano e muitos de nós ainda nos encontramos

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tomados pelo medo. As incertezas de como será o próximo ano, tem levado a muitos a não reconhecer a bondade e providência de Deus em suas vidas. “Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus, nada falta! Só Deus basta!” (Santa Teresa D’Avila). Deus é nossa grande riqueza, sejamos gratos a Deus, pois Ele tem cuidado de nós. Coragem! Nossa Igreja tem sido neste tempo de pandemia do Covid-19 muito firme em sua missão evangelizadora. Muitos eventos e transmissão da Santa Missa ocuparam a internet, Bendito seja Deus! Em outubro também ocorreu a Semana Diocesana de Formação, que reuniu os diocesanos no estudo e

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aprofundamento das DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL 2019-2023. Nossa Igreja deu um passo importantíssimo rumo a próxima Assembleia diocesana. Neste mês, teremos a semana do laicato e a celebração do dia do leigo em Cristo Rei. Também teremos no fim do mês o lançamento da Novena de Natal. E tantos outros eventos que estão programados para ocorrerem presencialmente e online. Somos uma Igreja viva! Gratidão a Deus por seu amor e providência em nossa Igreja. Roguemos a Nossa Senhora das Graças para que continue inspirando a nós, seus filhos, no anúncio e construção do Reino de Deus.

Nesta Edição 03 04 06 08 13 15

Voz do Pastor

Eleição de Deus e Eleição dos homens

Direito e Família Cristã Eleições 2020: Vote pela família e pela vida

Especial

Penitenciária Apostólica

Eleições Municipais Mensagem da CNBB

Aconteceu

Missa de Abertura do Mês Missionário

Bastidores

Semana Diocesana de Formação 2020

Expediente Jornalista Responsável PE. MARCOS V. CLEMENTINO MTB 82732

Orientação Pastoral PE. MARCELO DIAS SOARES Editoração Eletrônica LUIZ MARCELO GONÇALVES Tiragem: ON-LINE CÚRIA DIOCESANA DE GUARULHOS Av. Gilberto Dini, 519 - Bom Clima, Guarulhos CEP: 07122-210 | 11 2408-0403

www.diocesedeguarulhos.org.br folhadiocesana@diocesedeguarulhos.org.br

Novembro de 2020


Agenda do Bispo - Novembro 2020 01

11h00 – Missa Catedral

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08h00 – Missa Catedral

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09h30 – Codipa e 14h30 – Atendimento Cúria

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09h30 – Atendimento Cúria 20h00 – Missa Cong. Novas Com. – Canção Nova 09h00 – Missa par. São Pedro Aniversário dedicação da Igreja

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11h00 – Missa Catedral 19h00 – Missa par. Sta Mena - Admissão à Ordem Sacra - Diaconado Per. Márcio E. da Silva

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09h30 – Colégio de Consultores 14h30 – Atendimento Cúria 20h00 – Missa par. Sto Alberto e NS das Graças 09h30 – Atendimento Cúria 20h00 – Comp. definitivos Comunidade Shalom

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11h00 – Missa Catedral

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20h00 – Reunião Diocesana das Pastorais sociais

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09-12h – Presid do Reg Sul 1 CNBB – São Paulo

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09h30 – Reunião do Clero – Lavras 13h30 – Formadores do Seminário – Lavras 07h00 – Missa e reunião seminário propedêutico

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10h – Exame de Ordens Diáconais Francisco residência episcopal 19h30 - Missa com. Santa Cecília

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09h30 – Atendimento Cúria 15h00 – Encontro seminaristas – Lavras 20h00 – Missa diocesana do ECC – CDP 08h00 – Iniciação cristã - NS Aparecida - Inocoop 11h00 – Missa Catedral

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09h30 – Reu Tribunal Ecle. 2ª instância – SP

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20h00 – Missa comunidade NS Graças – paróquia Sagrado Coração de Jesus – Normandia 09h30 – Atendimento Cúria

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16h00 – Missa Lar Regina Protmann 20h00 – Missa par. Sto Alberto e N Sra das Graças 09h30 – Reunião da Comissão Episcopal Representativa Regional Sul 1

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19h30 – Missa Seminário Lavras: Missa de admissão às etapas formativas do discipulado e configuração a Cristo Pastor.

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09h30 – Atend. Cúria e 20h – Ass. da Cáritas

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07h00 – Missa Past. Sobriedade - Sta Terezinha 11h00 – Missa Catedral 09h00 – Reunião dos bispos da Província 09h30 - Atendimento Cúria

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Voz do Pastor N

+Edmilson Amador Caetano, O.Cist. Bispo diocesano

ELEIÇÃO DE DEUS E ELEIÇÃO DOS HOMENS

este mês de novembro vamos às urnas para a eleição dos cargos municipais, prefeito(a) e vereadores (as). Quero aqui fazer uma reflexão que, talvez, possa parecer inútil e inoportuna, mas julgo importante diante de tantas seduções que aparecem neste tempo. O tema da eleição de Deus perpassa toda a Escritura. Eleger é um ato de liberdade e por parte de Deus também um ato de amor. Deus escolhe (elege) criar o mundo e o ser humano. Deus escolhe salvar a sua obra que foi danificada pelo pecado. Deus elege pessoas, homens e mulheres, que ao longo da história da salvação vão se tornando instrumentos para a realização do desígnio salvífico. No Novo Testamento vemos Jesus escolhendo os Apóstolos. Os apóstolos escolheram Matias para o lugar de Judas Iscariotes. O apóstolo Paulo é apresentado a Ananias – que se encontra em dúvida diante de Deus, se deve ou não ajudá-lo – como escolhido: “vai , porque este homem é instrumento que escolhi para mim, a fim de levar o meu nome aos pagãos, aos reis e também aos israelitas” (At 9, 15). Nós, também, membros da Igreja fomos escolhidos por Deus, cada um na sua vocação, para fazermos parte deste povo. Os critérios da eleição de Deus são imperscrutáveis, pois Ele escolhe em vista de seu projeto de amor e salvação. Não adianta tentarmos entender com os nossos critérios. Por eles não teríamos escolhido o povo de Israel que nasce de Jacó (espertalhão e enganador), mas teríamos escolhido

Esaú, o correto. No entanto, o Senhor escolheu Jacó e desprezou Esaú. Não sabemos também os critérios que Jesus teve para escolher os apóstolos, “Ele escolheu os que quis” . (cf. Mc 3). Não sabemos nem mesmo quais os critérios de Deus para nos ter escolhido, pois sabemos das nossas infidelidades e debilidades... No entanto, as pessoas das Escrituras e nós, fomos, sim, eleitos por Deus, em vista do seu desígnio de amor e salvação. Amor e salvação não somente para nós mesmos, mas para os outros. Deus não elege para si mesmo ou somente para nós mesmos, mas para os outros. Aqui entra nossa ação na eleição dos homens: o primeiro critério para eleger é perscrutar como os eleitos serão para os outros; muito mais para os outros que para nós mesmos. Pode acontecer que, ao escolher um candidato, possamos primeiramente pensar nas vantagens que possam nos advir. Não deve ser este critério. O critério deve ser o outro em primeiro lugar. Conforme o critério de Deus, o outro é sempre o necessitado de salvação. O outro é sempre o pobre que não tem ninguém por ele. Não temos poder como Deus para eleger e capacitar os eleitos. Temos, sim, “poder” para verificar a ação dos eleitos. Isso pode ajudá-los na missão. Aqui está o segundo critério : quais espaços de verificação da ação dos eleitos foram deixados para nossa ação política. Não disputamos nenhuma eleição, mas fomos eleitos. Como eleitos vivamos, pois, a nossa vocação e eleição, na fidelidade Àquele que nos elegeu e como luz nesta geração. Folha Diocesana de Guarulhos

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Direito e Família Cristã V

Marcos Antônio Favaro Procurador Jurídico, pós-graduando em Teologia, mestre em Direito pela PUC-SP

Eleições 2020 - Vote pela família e pela vida

amos nos aproximando das eleições municipais, nas quais escolheremos nossos representantes para os cargos de Prefeito e Vereadores. Em um sistema representativo, como o do Brasil, em que o poder que pertence ao povo é exercido por meio de representantes eleitos, o voto é a forma mais direta e concreta que todos e cada um de nós tem de definir os princípios e os programas que serão desenvolvidos nos próximos anos em vista do bem comum, o que nos faz moralmente corresponsáveis pela sociedade em que vivemos. Diante de tamanha responsabilidade, perguntamos: quais são os critérios que, como católicos, devemos considerar para escolha de nossos candidatos? O Catecismo da Igreja Católica menciona os componentes essenciais do bem comum: os direitos fundamentais e inalienáveis da pessoa humana (nº 1907); o bem-estar social e o desenvolvimento da sociedade, incluindo a educação, a cultura, o trabalho, a saúde, etc. (nº 1908); a paz e a segurança cidadã (nº 1909). Portanto, a ordem social “tem por base a verdade, constrói-

-se na justiça e é vivificada pelo amor” (nº 1912). Todavia, entre tais valores, há uma hierarquia: em primeiro lugar destacam-se aqueles essenciais e inegociáveis, que devem ter primazia para o eleitoral católico: a) a proteção da vida humana inocente desde a concepção até a morte natural; b) o reconhecimento e a promoção da estrutura natural da família, baseada no matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher; c) a proteção do direito primário dos pais de educar seus filhos (cfr. Papa Bento XVI – discurso a um grupo de parlamentares europeus em 30-3-06). Tais valores compõem a essência da pessoa humana e da vida social, como o próprio direito à vida e à família, que, como tivemos oportunidade de tratar em outras edições, é a principal célula da sociedade, e que subsiste a partir da valorização e proteção do matrimônio entre um homem e uma mulher e do direito dos pais de educar os seus filhos conforme as suas convicções (cfr. Amoris Laetitia, nº 52 e 84). Outros valores, para além destes considerados inegociáveis, detém sua inegável importância, mas, sendo contingentes, permitem várias propostas.

Liturgia N

Padre Jair de Oliveira Comissão Diocesana de Liturgia

Cristo, centro do Ano Litúrgico

o Concílio Vaticano II, acontecido há mais de 50 anos, os bispos de todo o mundo afirmaram com o papa Paulo VI: “Celebrando os mistérios de Redenção, a Igreja abre aos fiéis as riquezas do poder e dos méritos de seu Senhor; de tal modo que os fiéis entram em contato com estes mistérios, tornados de certa forma presentes em todo tempo e lugar, e se tornam repletos da graça e da salvação” (SC n.102) O ano litúrgico pode ser visto como uma grande viagem de trem. O trem anda mais devagar que os aviões, e seu ritmo nos convida a contemplar a paisagem. Convido você a contemplar Cristo a partir dos textos litúrgicos, das orações das missas dominicais, dos símbolos e cores; e assim descobrir Cristo como o centro do Ano Litúrgico. No Ano Litúrgico temos dois grandes ciclos, o Ciclo da Páscoa e o Ciclo do Natal, com o Tempo Comum no meio. Temos dois pontos

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É fato que uma parcela significativa das ações de governo que podem interferir nos valores da vida e da família é decidida e implementada pelo Município, que, como ente da federação, detém certa autonomia para elaboração de suas políticas públicas. Assim, por coerência aos valores do Reino, que devem formar a nossa consciência, que nessas eleições, nosso voto, em nenhuma hipótese, seja depositado em candidato favorável à pautas como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a ideologia de gênero. Temos constatado, no cenário político-jurídico, que alguns partidos políticos têm feito verdadeira militância para aprovação destas pautas no Congresso Nacional, no STF, entre outras instâncias. Candidatos que pertençam à tais partidos não merecem o voto católico, já que a prática tem demonstrado que costumam ter autonomia limitada em projetos e ações que contrariem as diretrizes partidárias, além de que, seria colaborar para o fortalecimento de uma organização que se empenha na destruição dos princípios cristãos e os valores da pessoa humana em seus pontos mais essenciais.

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altos: a Páscoa e o Natal. Com dois momentos de subida: a Quaresma e o Advento. E dois momentos de descida: o Tempo Pascal e o Tempo do Natal. Haverá também um largo tempo de discipulado e missão, o Tempo Comum. E durante o ano celebramos as memórias e festas dos santos, que também se ordenam ao mistério pascal, como testemunhas de Cristo e do Evangelho. Ao chegarmos ao fim deste ano litúrgico B, acompanhando principalmente os Evangelhos de Marcos, queremos responder à pergunta “Quem é Jesus?”. O evangelista não vai responder de pronto... vai mostrar uma cena, um fato, um encontro ou desencontro... e vai dar pistas para você e sua comunidade responderem “Quem é Jesus para mim? Qual o meu compromisso com Ele e com seu Reino? Celebrar a liturgia ao longo do ano é encontrar-se com o Cristo, em comunidade, numa dinâmica envolvente. Essa dinâmica, que nos

leva ao mistério pascal em suas diversas manifestações, nos pede um compromisso com Deus, com a vida, com a comunidade, a sociedade e toda a criação. Para compreender Cristo como centro do Ano Litúrgico, é preciso compreender a linguagem simbólica do tempo. Há coisas que se repetem, como o frio e o calor, o inverno e o verão. Há coisas que não se repetirão: nossas opções e decisões marcam o presente e definem nosso futuro. Neste jogo de repetições, definições e indefinições, Cristo se manifesta e intervém com sua graça. “Eu vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra se foram... O que está sentado no trono declarou então: ‘Eis que faço novas todas as coisas’”. (Apocalipse 21, 1.5). Pela fé podemos viver essa transformação pela liturgia. O Senhor caminha conosco, todos os dias, até o fim dos tempos, e nos dá a graça de nos envolver com sua vida divina.

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Vida Presbiteral

Padre Cristiano Aparecido de Sousa Representante dos Presbíteros

Como nasce um Sacerdote?

M

uitas pessoas me procuram apresentando o seguinte questionamento: Padre, como você descobriu o seu chamado? Quais foram os sinais? Creio não se tratar somente de uma curiosidade mas, de uma tentativa de enxergar esses sinais em si mesmo, porque estas perguntas vêm do coração de muitos jovens, rapazes que sentem certa inquietação e querem confrontá-la com as de alguém que já respondeu a este chamado. É lógico que há também os que desejam conhecer um pouco mais de nossa história, de nossa vocação. É preciso, primeiro, dizer que o sacerdócio é uma resposta de amor a um chamado feito pelo próprio Deus. Aqui já se estabelece quem é o autor do chamado. Ninguém pode arrogar para si a graça do ministério sacerdotal. É Deus quem chama! O destinatário do chamado é alguém que pode ou não dizer sim. O princípio do chamado é a liberdade. Deus livremente chama, e a pessoa, a quem se dirige o chamado, responde. Não

deve, o destinatário do chamado, sentir-se obrigado a responder. Em cada chamado feito por Deus, o livre arbítrio se manifesta com intensidade. Aos poucos, o vocacionado vai percebendo os sinais da vocação. Deus se encarrega desses sinais. Tudo é muito singelo, próprio do jeito de Deus... É alguém que na comunidade fala alguma coisa, é uma pregação que lhe toca profundamente, é um serviço pastoral que traz a você o desejo de se entregar mais e mais, tudo isso é, no fundo, um encontro de sua liberdade com o jeito próprio de amar de Deus. Quando você diz sim à sua vocação, você sente no seu interior uma verdadeira paz inquieta. Em sua comunidade, paróquia ou capela, o agir de outros sacerdotes te chama atenção. Admirado, você contempla as pregações, as missas, a maneira como o sacerdote cuida de seu povo e, até mesmo, as suas vestes. Tudo vai lhe atraindo. No fundo é um jogo de sedução. O profeta diz “Seduziste-me Senhor e eu me deixei

Falando da Vida

seduzir” (Jr 20,7). Deus se encarrega de seduzir, para o seu serviço de amor, aqueles os quais chamou para o sacerdócio ministerial. Não é nada do outro mundo! Para algumas pessoas, o chamado é carregado de fatos extraordinários, para outros é o ordinário mais simples que manifesta o grande chamado de Deus! Gosto da expressão de Santo Agostinho: “fizeste-me para ti Senhor, inquieto está o meu coração, enquanto não repousar em ti”. Quem se encontrar com sua vocação e responder com generosidade, encontrará sua paz, porque repousa em Deus! Jovem, perceba os sinais! Escute seu coração inquieto! Não se imagine indigno, isto já o sabemos, ninguém é digno da vocação sacerdotal. Deixe que a Mãe Igreja lhe ajude a discernir sua vocação. Voltando à pergunta inicial ‘Como nasce um sacerdote’? Respondo com as palavras do mesmo profeta: “Antes de formar-te no ventre de tua mãe eu te conhecia e te consagrei” (Jr 1,5 ).

Romildo R. Almeida Psicólogo Clínico

Depressão, ansiedade e insônia

O

As consequências do estresse no ambiente de trabalho

estresse é o principal causador de faltas no trabalho principalmente em funções que envolvem contato direto com pessoas. É o caso dos professores que no ambiente de sala de aula enfrentam situações desfavoráveis que vão desde a precariedade dos recursos pedagógicos até os baixos salários que recebem. Uma pesquisa demonstra que 70% dos professores já foram afastados por problemas relacionados ao estresse. Ansiedade, dores de cabeça e insônia são alguns dos sintomas mais relatados entre esses profissionais. Síndrome de Burnout. As condições descritas acima são o pano de fundo para a manifestação de um problema muito comum em profissões que lidam diretamente com o estresse: trata-se da Síndrome de Burnout que recentemente entrou na 11ª. Edição da CID que é Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde.

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Burnout em tradução literal para o português significa “queimar por fora”, como sinônimo de esgotamento nervoso. O estado de exaustão intensa nos níveis físico e mental faz com que um indivíduo se sinta sobrecarregado a ponto de tornar-se incapaz de responder às demandas constantes de sua função no trabalho. A Psicologia contribui com várias possibilidades de lidar com o estresse de modo que ele não se desenvolva para problemas psíquicos como depressão ou síndrome de Burnout, além de doenças físicas. Uma delas está ligada à abordagem Cognitivo Comportamental e mais especificamente às intervenções baseadas em Mindfulness que é um tipo de meditação. Ultimamente a ciência tem se ocupado ao estudo dessas práticas e elas deixaram de ser um campo exclusivo das religiões. Em poucas palavras Mindfulness ensina a viver o momento presente, sem julgar e nem criticar.

Sabe-se que o pensamento é um componente importante em tudo que acontece conosco. Uma pessoa acometida de estresse aumenta o seu sofrimento psicológico, pois o pensamento se desloca para o passado ou para futuro sempre numa perspectiva catastrófica gerando, assim, ansiedade e depressão. Estudos feitos com pessoas de variadas profissões e classes sociais comprovaram que a prática diária de meditação pode alterar esses padrões mentais trazendo alívio e conforto. Mindfulness não faz milagres, mas ensina de maneira simples que o melhor futuro se constrói aqui no presente.

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Especial Penitenciaria Apostólica: Indulgências Plenárias prorrogadas para todo o mês de novembro “Este ano, nas atuais contingências devidas à pandemia da “Covid-19”, as Indulgências Plenárias para os fiéis defuntos serão prorrogadas para todo o mês de novembro, adequando as obras e condições a fim de garantir a incolumidade dos fiéis.”

É

o que afirma o Decreto da Penitenciaria Apostólica sobre as Indulgências Plenárias publicado, nesta sexta-feira (23/10), assinado pelo penitencieiro-mor, cardeal Mauro Piacenza, e pelo regente do dicastério, mons. Krzysztof Nykiel, válido para todo o mês de novembro, dedicado aos defuntos. O documento responde às súplicas dos bispos que, por causa do coronavírus, pediram para “comutar as obras piedosas a fim de alcançar as Indulgências Plenárias aplicadas às almas do Purgatório, de acordo com o Manual de Indulgências”. Rezar pelos falecidos O organismo vaticano, por mandato especial do Papa Francisco, estabeleceu e decidiu que, este ano, para evitar aglomerações onde forem proibidas, a Indulgência Plenária para aqueles que visitam um cemitério e rezam pelos defuntos, ainda que apenas mentalmente, de norma estabelecida apenas de 1° a 8 de novembro, pode ser transferida para outros dias do mesmo mês até seu término. Tais dias, escolhidos livremente pelo fiel, também podem ser separados uns dos outros.

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Folha Diocesana de Guarulhos

A Penitenciaria Apostólica decretou que a Indulgência Plenária de 2 de novembro, estabelecida por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos para aqueles que visitam piedosamente uma igreja ou um oratório e ali rezam o “Pai-Nosso” e o “Credo”, pode ser transferida não apenas para o domingo precedente ou seguinte ou para o dia da Solenidade de Todos os Santos, mas também para outro dia do mês de novembro, à livre escolha de cada fiel. Os idosos, os doentes e todos aqueles que por motivos graves não podem sair de casa, por exemplo, por causa das restrições impostas pela autoridade competente para o tempo de pandemia, a fim de evitar que um grande número de fiéis se aglomere nos lugares sagrados, poderão obter a Indulgência Plenária desde que, unindo-se espiritualmente a todos os outros fiéis, completamente distantes do pecado e com a intenção de cumprir o mais rápido possível as três condições habituais (confissão sacramental, Comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Santo Padre), rezem orações piedosas pelos falecidos diante de uma imagem de Jesus ou da Bem-aventurada Virgem Maria, como por exemplo, Laudes e Vésperas do Ofício dos Defuntos, o Rosário Mariano, o Terço da Divina Misericórdia, outras orações pelos mortos queridos dos fiéis, façam a leitura meditada de uma das passagens evangélicas propostas pela liturgia dos defuntos ou uma obra de misericórdia oferecendo a Deus as dores e dificuldades da própria vida.

Celebrar a missa três vezes no Dia de Finados Segundo o Decreto, para obter mais facilmente a graça divina através da caridade pastoral, a Penitenciaria pede fervorosamente a todos os sacerdotes, dotados das faculdades oportunas, para se oferecerem generosamente para a celebração do Sacramento da Penitência e administrarem a Sagrada Comunhão aos enfermos. Com relação às condições espirituais para obter plenamente a Indulgência, o organismo vaticano lembra que é preciso recorrer às indicações já emitidas na nota “Sobre o Sacramento da Penitência na atual situação de pandemia”, emitida pela Penitenciaria Apostólica em 19 de março de 2020. Como as almas do Purgatório são ajudadas pelos sufrágios dos fiéis e especialmente pelo sacrifício do Altar agradável a Deus, todos os sacerdotes são fortemente convidados a celebrar a missa três vezes no dia da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, de acordo com a Constituição Apostólica “Incruentum Altaris”, emitida pelo Papa Bento XV, em 10 de agosto de 1915. Piacenza: com a morte, a vida não é tirada, mas transformada Entrevista de Gabriella Ceraso ao penitencieiro-mor, cardeal Mauro Piacenza, a propósito do Decreto da Penitenciaria Apostólica sobre as Indulgências Plenárias.

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Especial Em entrevista ao Vatican News, o penitencieiro-mor, cardeal Mauro Piacenza, se detém nos detalhes das novidades introduzidas pelo novo Decreto “a fim de evitar aglomerações onde são proibidas” e sobre as referências particulares contidas no documento em relação aos doentes e idosos, mas também aos sacerdotes, todos protagonistas, de formas diferentes, deste período extremamente difícil. Cardeal Piacenza: A tradição codificada é a da indulgência plenária em cada dia do Oitavário de 1° a 8 de novembro, para todos aqueles que visitam os cemitérios, rezando pelos defuntos, e em 2 de novembro, a visita a uma igreja ou oratório recitando o Pai-Nosso e o Credo. Este é o padrão. A partir daí, levamos em consideração as normas emitidas pelas diversas autoridades civis dos vários Estados, a fim de limitar aglomerações neste tempo de pandemia. Muitos presidentes das Conferências Episcopais nos perguntaram o que fazer para atender às necessidades dos países onde esta devoção é muito vivida, na verdade, é talvez aquela com o maior número de confissões e comunhões durante o ano. Então, o que fazer se não podemos sair de casa ou se a saída é fortemente limitada? Por esta razão, considerando que em muitos lugares a comemoração dos defuntos é muito sentida e se expressa sobretudo na Santa Missa e na visita aos cemitérios, pensou-se em diluir no tempo a possibilidade de usufruir das indulgências e assim, durante todo o mês de novembro, será possível adquirir o que era previsto para os primeiros 8 dias de novembro. Então, as pessoas poderão adiar as visitas sem criar uma multidão. Recordamos que a indulgência lucrativa no dia 2 de novembro na igreja pode ser adquirida em qualquer dia do mês, e esta é a segunda nova possibilidade, a segunda abertura que introduzimos, com a oração do Pai-Nosso e do Credo, deixando a livre escolha do dia aos fiéis. Um pensamento especial no Decreto dirige-se aos doentes e aos idosos, em que termos? Cardeal Piacenza: Quem não pode sair, talvez porque está em isolamento ou porque está doente, poderá obter a indulgência rezando diante de uma imagem de Nosso Senhor ou da Bem-aventurada Virgem, rezando, por exemplo, as Laudes, as Vésperas do Ofício dos Defuntos, o Rosário, o Terço da Divina Misericórdia ou orações mais usuais para cada tradição, ou também fazer uma

Novembro de 2020

leitura meditada do Evangelho de uma das três Missas previstas para os fiéis falecidos e, por fim, oferecer obras de misericórdia. Quanto ao resto, as indicações são as já emitidas pela Penitenciaria em 19 de março passado, por exemplo, no caso de doentes graves, na nota que apontava para a possibilidade de uma assistência mais próxima aos doentes, mesmo sem presença física. O decreto se dirige também aos sacerdotes para os quais são fornecidas recomendações específicas… Cardeal Piacenza: Sim, há um pensamento particular também para os sacerdotes que convidamos a uma disponibilidade mais ampla possível, já que a maior riqueza que temos para o sufrágio dos defuntos é a Santa Missa. Desde 2 de novembro de 1915, por uma Constituição de Bento XV, os sacerdotes têm a faculdade de celebrar três Santas Missas. Então nós os exortamos, na medida do possível, a celebrar as três, mesmo porque mais missas significa menos aglomerações e esta poderia ser uma forma de ajudar os fiéis. Os sacerdotes também são exortados a serem generosos no Ministério das Confissões e a darem a Sagrada Comunhão aos enfermos, de modo a terem mais disponibilidade para sufragar os seus defuntos, senti-los próximos, ir ao encontro de todos esses nobres sentimentos que compõem a Comunhão dos Santos. Como os fiéis podem ser ajudados a viver intensamente a comemoração dos mortos, mas também a Solenidade de Todos os Santos? Cardeal Piacenza: Algumas pessoas se acostumaram um pouco às celebrações na televisão, e embora isso seja uma coisa boa, especialmente para os idosos que não podem sair, pode marcar um certo descontentamento com a presença nas celebrações. Há, portanto, uma busca nos bispos a fim de implementar todas as soluções possíveis para trazer as pessoas de volta à Igreja sempre com respeito por tudo o que precisa ser feito para a situação particular na qual infelizmente nos encontramos. Agora, a Solenidade de Todos os Santos é também uma solenidade educativa para as famílias que muitas vezes comemoram os mortos juntos.

Há uma forte ligação entre essas duas celebrações… Cardeal Piacenza: São muito unidas, juntas formam a festa do ser a família de Deus. No Paraíso há todos os santos canonizados que conhecemos, mas também há muitos rostos que não conhecemos, que viveram uma vida cristã, em silêncio, sem nenhum clamor e nos quais os holofotes deste mundo não foram colocados. Assim, com todos eles, parentes, amigos, vizinhos que fazem parte da família no céu, a pessoa se encontra na família de Deus. Há uma bela passagem de Isaías que diz que Deus escreveu o nosso nome na palma de sua mão, para dizer como Ele nos mantém próximos, e a Solenidade de Todos os Santos expressa tudo isso. E mais, todos os nossos mortos podem estar no povo do Paraíso. Assim, a Solenidade dos Santos é uma abertura de visão que, acompanhada pela comemoração dos defuntos e pela visita aos túmulos, nos dá uma noção do vínculo. Com a morte, a vida não é tirada, mas transformada e nós mantemos uma relação com quem morre, uma relação que não é mais física, mas é uma relação real, talvez ainda mais real, porque não há nem mesmo o limite de tempo e espaço. Na Comunhão dos Santos a pessoa que passou para a eternidade pode estar num vínculo muito especial conosco que estamos aqui. Por isso, acredito que este é outro aspecto que não devemos perder ou melhor reinventar onde está um pouco opaco. No pensamento de nossos defuntos, traduzimos toda nossa fé em Cristo ressuscitado: é nossa esperança que os irmãos atualmente não visíveis entre nós estejam em comunhão com o Senhor. Somos chamados nestes dias a reacender nossa certeza na glória e na bem-aventurança eterna, e pedimos com humildade e confiança o perdão para aqueles que nos deixaram, para as suas pequenas ou grandes faltas, aqueles que já estão salvos no amor de Deus, e renovamos nosso compromisso de fé. Afinal, o Paraíso é a casa dos servos fiéis. Todos nós poderemos um dia viver felizes na luz de Deus, desde que tenhamos acreditado não apenas em palavras, mas também em obras. Este é o pensamento que eu gostaria de deixar. Texto: Mariangela Jaguraba Vatican News

Folha Diocesana de Guarulhos

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Eleições Municipais 2020

1. A Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil - CNBB, por meio do Conselho Permanente, reunido na modalidade virtual, dirige ao povo brasileiro, uma mensagem de esperança, coragem e chamamento à participação responsável no processo eleitoral de 2020. Os cristãos são convidados a testemunharem a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise social, econômica, política e ética que atravessa o Brasil.

2.

As eleições que se aproximam serão realizadas em meio a uma grave crise sanitária, com números estarrecedores de mortes e adoecimentos. Portanto, a primeira palavra dos bispos do Brasil é dirigida aos que sofrem as consequências da COVID-19 e às famílias que perderam seus entes queridos. É tempo de erguer aos céus o nosso olhar esperançoso. (Cf. Is 1,11-18).

víduos, grupos e nações que ofereçam condições para a realização do bem comum. Do ponto de vista da organização, a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo, a fim de que seja exercido na perspectiva do serviço. (Cf. CNBB, Doc. 40, 184). Por isso, os cristãos, leigos e leigas, não podem “abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). Esse protagonismo é próprio do laicato. Cabe a ele, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir no mundo o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. O clero, guiado pela Doutrina Social da Igreja e atendo-se às normas da igreja quanto à sua participação na vida político- partidária, assume o que lhe é específico nas suas responsabilidades políticas quando cuida da formação, incentiva e acompanha o laicato.

4.

Para os católicos que disputam as eleições, é importante recordar que “a não é mera busca de eficácia, 3. A política, do ponto de vista ético, é política estratégia e ação organizada. A política o conjunto de ações pelas quais se busé vocação de serviço” (Papa Francisco, ca uma forma de convivência entre indiDiscurso a jovens líderes da América La-

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tina, 4 de março de 2019). A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, em serviço de todas as pessoas (cf. Gaudium et Spes, 75).

5. Os prefeitos e vereadores que serão

eleitos têm o dever de contribuir com ações eficazes, nos campos da saúde, educação, segurança, transporte, assistência social, moradia, direito à alimentação e proteção da família, entre outros. Darão bons frutos os políticos que priorizarem o bem comum e a vida plena, desde a concepção até a morte natural, de todos dos cidadãos, sem quaisquer discriminações, nunca buscando seus próprios interesses pessoais e corporativos.

6. Não pode produzir bons resultados o

político que atenta contra a vida, trabalhando por políticas públicas que favoreçam o aborto, fazendo campanha eleitoral com discursos de ódio, defendendo o uso da violência, o recurso às armas e se atrelando ao tráfico de drogas e às milícias. Quem não se compromete com os Novembro de 2020


Eleições Municipais 2020 excluídos e se mostra indiferente diante denunciarem os envolvidos ao Ministério da morte de pessoas e das graves feridas Público e à Justiça Eleitoral. do meio ambiente não merece o voto de quem deseja uma sociedade justa e de- 10. A vigilância das eleições democráticas e transparentes é tarefa de todos, mocrática. porém, têm especial responsabilidade as 7. Muito preocupa na disputa eleitoral o instituições públicas, como a Justiça Eleiuso de notícias falsas. Elas contaminam toral, nos níveis federal, estadual e muo debate, desviam a atenção dos eleito- nicipal, bem como o Ministério Público. res de temas importantes e desvirtuam o Destas instâncias espera- se a plena apliresultado do pleito. Pessoas comprometi- cação das leis que combatem a corrupdas com a verdade, a ética, a paz e a jus- ção eleitoral, o uso indevido do dinheiro e tiça não podem compartilhar notícias es- a utilização de fake news como estratégia petaculosas e de fontes desconhecidas, eleitoral. notadamente as que ajudam na difusão 11. Após as eleições, é de fundamental da mentira e do ódio. importância que a comunidade eclesial 8. O uso interesseiro da religião e de se organize para acompanhar os mandadiscursos religiosos oportunistas tem se tos dos eleitos e eleitas. Concretamente, tornado um elemento mobilizador nas dentre tantas iniciativas possíveis, proeleições. Esse tipo de prática perverte o movam-se encontros que, valorizando a sentido e o autêntico valor das tradições democracia participativa, aproximem vereligiosas. Serve apenas a interesses par- readores e prefeitos das comunidades. As ticulares e de grupos políticos. experiências para formação de Fé e Política e das Comissões Justiça e Paz são 9. A aplicação das Leis da Ficha Limpa e práticas que merecem ser incentivadas da Compra de Votos, conquistadas com a nos contextos diocesano e paroquial. efetiva participação da Igreja, é condição necessária para que a eleição seja justa 12. Os cristãos leigos e leigas, inspirae legítima. O abuso do poder econômico dos na fé que vem do Evangelho e é explicorrompe o processo eleitoral. A compra e citada na Doutrina Social da Igreja, devem venda de votos e o uso da máquina admi- se preparar para assumir, de acordo com nistrativa nas campanhas constituem cri- sua vocação, competência e capacitação, mes eleitorais que atentam contra a honra serviços nos conselhos de participação do eleitor e a cidadania. Os eleitores são popular, como o da Educação, Criança e chamados a fiscalizarem os candidatos Adolescente, Saúde, Juventude e Assise, constatando esses atos de corrupção, tência Social. Devem, igualmente, acom-

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panhar as reuniões das Câmaras Municipais, onde se votam projetos e leis para os municípios, permanecendo atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam especialmente às populações mais vulneráveis como crianças, jovens, idosos, migrantes, indígenas, quilombolas e, particularmente, os pobres.

13. Em tempos de crescente desvalorização da política, o povo brasileiro precisa fazer das Eleições 2020 uma verdadeira festa da democracia, de forma que se concretize “a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum” (Fratelli Tutti, 154). Que Nossa Senhora Aparecida interceda pelo povo brasileiro! Brasília, 28 de outubro de 2020. D. Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte, MG Presidente D. Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre, RS 1º Vice-Presidente D. Mário Antônio da Silva Bispo de Roraima, RR 2º Vice-Presidente D. Joel Portella Amado Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ Secretário-Geral

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Orientação Política CRISTÃOS E AS ELEIÇÕES 2020 A Política está a serviço da vida

“Peço a todos que tem responsabilidade política que não se esqueçam de duas coisas, a dignidade humana e o bem comum” - Papa Francisco O que é a política? Tem sido comum as pessoas demonstrarem aversão ao ouvir falar de políca, idenficada como uma “coisa suja”, na qual é melhor “não se meter”. Assim como manifestarem apaa quanto a políca, como se ela não lhes dissesse respeito e o único compromisso fosse votar nas eleições. Políta relaciona-se à organização da vida em sociedade e a mediação de conflitos. Está associada ao Estado, ao governo e à administração pública. Sua finalidade é o bem comum. A importância do voto Esse ano vamos votar, para prefeito e vereador, ou seja, o execuvo e legislavo municipal. Com o voto, o cidadão autoriza alguém a governar em seu nome, a administrar os bens públicos em favor do bem comum, para assegurar os direitos de todos. Esses bens públicos são colhidos dos impostos que pagamos sobre o consumo, a propriedade (IPTU, IPVA e outros), e o imposto de Renda. Tipos de voto no Brasil A) Voto válido - Eleitor escolhe e vota em um candidato(a) ou pardo. B) Voto Nulo - O eleitor digita um número inexistente. A presença do eleitor é registrada, mas o voto é anulado. C) Voto em Branco - O eleitor não tem candidato(a) ou, em protesto, não quer votar. Ele apenas cumpre a obrigação com a Jusça Eleitoral. Votos NULOS e BRANCOS são descartados. Não contam para nenhum candidato(a). Igreja, políca e as questões sociais... A Igreja Católica não apoia nenhuma candidatura e nem se alia a algum pardo. Tal postura não exime do compromisso políco, pois o exercício correto da políca contribui para a construção de uma sociedade justa e fraterna, proposta pelo Evangelho. Buscar o bem comum, que é o maior objevo da polí-

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ca, é uma forma de caridade. “O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo. Não há dúvida, porém que põe um dever moral de coerência aos fieis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária.” A campanha da fraternidade.... sempre nos chama a refletir.... Buscar o Bem Comum esta entre os objevos traçados, anualmente, pela Campanha da Fraternidade da Igreja Católica do Brasil desde 1964. O tema proposto em cada campanha visa despertar os cristãos para realidades em que a vida é ameaçada, propor soluções e caminhos e também cobrar das autoridades públicas que os direitos de todos e todas sejam assegurados. Responsabilidade na escolha dos candidatos.... Para o cristão votar não deve ser apenas uma obrigação, mas sim um ato consciente, pensado no bem da colevidade e do planeta. Todos e todas são corresponsáveis pela realidade políca ao seu redor, pois elegem aqueles que tomam as decisões públicas, em vista do bem comum. Propomos algumas orientações para a escolha dos candidatos(as): Em primeiro lugar o eleitor deve conhecer quais são as atribuições do cargo do candidato(a) que vai votar! Ter Boa Índole - pesquise, em fontes seguras, sobre a vida do candidato(a) em quem pensa em vota; sua história, família, valores e princípios que regem sua atuação no dia dia. Conhecer o Pardo em que esta o candidato(a), o que defende, quais os valores e se defende a Vida em todos os sendos? Depois de eleito ele é obrigado a cumprir o estatuto do pardo. Ter competência - verificar se tem capacidade de liderança políca, se sabe delegar, escolher os colaboradores para cada área administrar os recursos públicos. Ser Ficha Limpa - honesdade é princípio, se conhece pelo passado da pessoa. Ter uma boa proposta para governar - conhecer o que o(a) candidato(a) propõe, como pretende executar e com quem esta compromedo. Se for candidato(a) a reeleição - analise as movações para a reeleição, como foi o mandato

anterior, se esteve envolvido em corrupção, se trabalhou para o bem comum. Atenção às Fake News... A expressão Fake News significa “nocias falsas”. Trata-se de informações menrosas ou deturpadas que são espalhadas na Internet. Durante o pleito eleitoral, elas têm o objevo de beneficiar alguém em detrimento do outro. São muito prejudiciais à democracia e ao debate público. O Compromisso democráco não termina ao apertar o “FIM” na urna eletrónica! O que é democracia? É uma forma de governo na qual o povo possui o poder de governar. No entanto, imagine a confusão que seria se todos os cidadãos de uma cidade se reunissem para tomar uma decisão em comum. Por isso o modelo democráco vigente no Brasil é representavo. Escolhemos alguém, por meio do voto, para tomar as decisões em nosso nome. A democracia exige parcipação, liberdade e compromisso o voto é uma forma indireta de parcipar, na qual o eleitor da carta branca para alguém governar em seu nome. As atribuições dos cargos de Prefeito e Vereadores Poder Executivo Municipal - Administrar o município e decidir como vai ser distribuído o dinheiro público. Cuidar das áreas da saúde, educação, transporte, limpeza urbana, saneamento básico, manutenção dos espaços públicos, entre outros. Aprovar ou não os projetos de lei votados pelos vereadores. Pode apresentar projetos à Câmara Municipal. Poder Legislavo Municipal - Elaborar projetos de lei para o município, fiscalizar a ação do prefeito e do seu secretariado, assim como dos funcionários públicos. Avaliar os orçamentos do município e aprovar os gastos realizados pelo poder executivo.

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Bíblia

Célia Soares Leiga e Teóloga

Escolha a Vida (Dt 30,19)

“Veja! Hoje eu estou colocando diante de você vida e felicidade, morte e desgraça”

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a nossa vida sempre nos deparamos com dois caminhos e uma escolha! Por qual caminho seguir? É uma dúvida constante na escolha da profissão, na vocação, em quem votar, etc e por isso, sempre se faz necessário um longo processo de discernimento até o momento da decisão. A Palavra de Deus relata a experiência do povo que também se colocou diante de dois caminhos. Veja em Deuteronômio 30,15: “Veja! Hoje eu estou colocando diante de você vida e felicidade, morte e desgraça”. A história da existência do ser humano é enraizada na busca da felicidade, porém a felicidade que outrora foi apresentada pelo próprio Deus é o “amor a Ele e seus mandamentos” (cf. Dt 30, 16). As consequências de seguir ao Deus da vida, observando seus mandamentos é a benção para a entrada na terra, ou seja, na propriedade para cultivar a vida da família o seu meio de vida e a vida da comunidade, conforme o relato bíblico. O Deus do Êxodo é uma divindade sensível ao sofrimento do povo oprimido, que escuta sua voz: “Javé disse: ‘Estou vendo muito bem a aflição do meu povo que está no Egito. Ouvi seu clamor diante dos opressores, pois tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-lo do poder dos egípcios” (Ex 3,7-8ª). (Cf. CBV 2020, A lei a favor da vida? Entendendo o Deuteronômio). Há, porém, sérias e graves consequências quando, conscientemente, “seu coração se desviar e você não obedecer, se você deixar se seduzir e passar a adorar outros deuses, eu hoje lhe declaro: vocês desaparecerão completamente! ” (Dt 30,17-18). Para esse povo e ainda hoje, Deus nos chama a fazer uma clara e opção radical pela Vida. Ainda hoje são gravíssimas as consequências com o descaso pela vida da pessoa e de toda a criação de Deus. O Papa Francisco tem alertado a toda a Igreja sobre a necessidade da cultura da ternura e do encontro, e contra a globalização da in-

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diferença e do descarte, com a opção pelos jovens e uma especial atenção para suas alegrias e preocupações, com o cuidado com a Casa comum, com a Querida Amazônia, sofrendo com as queimadas, desmatamento e outros interesses que cegam os governantes em busca de lucro e poder. E mais recentemente, O Santo Padre Francisco convoca toda a Igreja para a Fraternidade e para a Paz Universal. Em sua Exortação apostólica sobre o Anúncio do Evangelho no mundo atual – a Evangelli Gaudium (Alegria do Evangelho), o Papa exorta os cristãos a serem Evangelizadores com Espírito, cristãos atuantes no Movimento de Jesus: “ O próprio Jesus é o modelo desta opção evangelizadora que nos introduz no coração do povo. Como nos faz bem vê-Lo perto de todos! Se falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profunda solicitude cheia de amor: «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21). (EG, n. 269). E continua: “Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros. Espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contato com a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos, a vida complica-se sempre maravilhosamente e vivemos a intensa experiência de ser povo, a experiência de pertencer a um povo.” (EG, n.270). Na Fratelli Tutti Francisco faz uma denúncia profética que afeta a todos nós: “Nesta luta de interesses que nos coloca a todos contra todos, onde vencer se torna sinônimo de destruir, como se pode levantar a cabeça para reconhecer o vizinho ou ficar ao lado de quem está caído na estrada? Hoje, um projeto com grandes objetivos para o desenvolvimento de toda a humanidade soa como um delírio. Aumentam as distâncias entre nós, e a dura e len-

ta marcha rumo a um mundo unido e mais justo sofre um novo e drástico revés.” (FT, n. 17) e acrescenta: “Cuidar do mundo que nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos.” (FT, n. 18). Deixemo-nos guiar por este chamado de fraternidade e de paz, irmanados, nos lancemos juntamente com as pastorais, equipes e organismos eclesiais e sociais para ações que remetam ao cuidado, especialmente, com os mais vulneráveis da sociedade, aqueles a quem Maria chamou de humilhados em seu Cântico do Magnificat. Nosso Deus é o Deus da vida, é preciso que tenhamos coragem de anunciar esta face de Deus, que protagoniza, na história, uma novidade, a partir da encarnação de Jesus. Ele que veio para nos mostrar que escolher a Vida é não manipular Deus, mas é “ouvir, meditar e colocar em prática a Palavra de Deus”, e não manipular Seus desejos (o de Deus), Seus projetos para um projeto social, político, econômico ou religioso que promove a morte, com preconceitos, divisões, corrupção, mentiras e destruição da pessoa e dos seus direitos. Logo mais iremos às urnas para escolher representantes do poder político municipal. É preciso fazer uma escolha. Escolha, pois a Vida! Vote consciente! Outras informações na Cartilha 2020 da CNBB no aplicativo da Diocese. Reflita com seus grupos.

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Aconteceu Missa de Encerramento da Semana da Vida – 2020

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anta Missa presidida por Dom Edmilson Caetano, concelebrada por Pe. Antonio Bosco, pároco da Catedral, Pe. Berardo Graz, assessor da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e Pe. Cleber Leandro, da fraternidade Vitória . Em sua homilia Dom Edmilson , nos deixou a seguinte mensagem:

“A nossa fé cristã exige radicalidade em relação ao aborto. A Igreja, o evangelho, Jesus Cristo, são totalmente contra , não há exceção, nem mesmo nos casos previstos perante a lei brasileira, a lei brasileira NÃO é o evangelho!”

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Aconteceu Missa de Abertura do MĂŞs MissionĂĄrio - 2020

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Aconteceu Semana Diocesana de Formação nas Paróquias

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Aconteceu Bastidores da Semana Diocesana de Formação 2020

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CNBB RESPEITO À VIDA É CUIDAR DE TODOS “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

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Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu, após reunião de seu Conselho Permanente, nesta quarta-feira, 28 de outubro, uma nota sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5668, a ser votada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo dia 11 de novembro. A ADI nº 5668 pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) interprete o Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei 13.005/2014) conforme a Constituição, alegando que não estão contempladas a prevenção e proibição do bullying homofóbico que discrimina crianças e adolescentes por gênero, identidade de gênero e orientação sexual. Para a CNBB, é necessário que os ministros do Supremo façam um discernimento coerente com a Constituição, para que a votação da ADI 5668/2017 não gere um instrumento ainda mais discriminatório, que privilegie a proteção de alguns segmentos em detrimento de outros. Conheça, abaixo, a íntegra da Nota da CNBB sobre a ADI nº 5668. NOTA OFICIAL O Conselho Permanente da CNBB, reunidos no dia 28 de outubro de 2020, refletiu sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5668, na qual se pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) interprete o Plano Nacional

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de Educação (aprovado pela Lei 13.005/2014) conforme a Constituição, alegando que não estão contempladas a prevenção e proibição do bullying homofóbico que discrimina crianças e adolescentes por gênero, identidade de gênero e orientação sexual. A votação será realizada pelos Ministros do STF no próximo dia 11 de novembro. Diante, portanto, da ADI 5668 a CNBB: 1º - Afirma seu total repúdio a qualquer tipo de bullying, seja na escola ou em qualquer outro lugar, em nível físico, moral, psicológico, material, verbal, sexual, social, religioso, familiar ou cibernético. Todos os tipos de bullying vão contra a perspectiva do Evangelho: “o que fizerdes ao menor de meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25,40) 2º - Entende que o Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014) está de pleno acordo com a Constituição, pois no inciso II do artigo 2o da Lei prevê, entre as diretrizes do plano, a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação. A referência não privilegia e nem se limita a uma forma de bullying, mas contempla todas as possíveis existentes e as que poderiam vir a existir, dimensionando a Lei, de tal forma, que também não discrimine e nem exclua outros grupos. 3º - Conclui que é necessário um discernimento coerente com a Constituição, para

que a votação da ADI 5668/2017 não gere um instrumento ainda mais discriminatório, que privilegie a proteção de alguns segmentos em detrimento de outros. Manter o Plano Nacional de Educação, já aprovado democraticamente nas suas instâncias e com o texto adequado para o respeito a TODOS é sinal da nossa capacidade de viver em plena harmonia, em meio à diversidade. O Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti afirma: “O culto sincero e humilde a Deus leva não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos» (Fratelli Tutti n.283). Brasília, 28 de outubro de 2020 D. Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte, MG Presidente D. Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre, RS 1º Vice-Presidente D. Mário Antônio da Silva Bispo de Roraima, RR 2º Vice-Presidente D. Joel Portella Amado Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ Secretário-Geral

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