Saiba + - Edição Junho de 2015

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MEMÓRIAS

Um produto da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas Campinas, 18 de junho de 2015

Fittipaldi relembra tempos da Copersucar PÁGINA 12

Edição: Flávio Magalhães, Vinícius Paráboa, Bruna de Oliveira e Anderson Epifanio

Coletivo feminista reúne mais de 170 alunas na PUC-Campinas Grupo Acácias propõe união no ambiente universitário e confronta o machismo

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À PROCURA DE UM DONO Campinas tem cerca de 20 mil animais abandonados

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Os ingressantes da faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas de 2016 vão se deparar com um currículo diferente daquele percorrido pelos veteranos. A mudança inclui a criação de um portal de notícias, dando maior ênfase na produção do jornalismo transmídia, tendência do mercado.

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Existem 14 museus em Campinas, sendo sete de responsabilidade municipal. Infelizmente, não é só a história campineira que está diariamente perdendo seu valor devido às dificuldades passadas pelos museus. Os empecilhos, afeta a vida destes lugares de forma drástica.

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Divulgação

Jornalismo tem Museus lutam Cultura underground é tema de mostra em SP No ano em que se comenovo currículo contra descaso mora mundialmente os 50

anos da psicodelia, o produtor Fabricio Bizu, em parceria com o renomado produtor Fernando Tibiriçá, responsável por muitos movimentos culturais de São Paulo, lançaram a exposição Psicodelia Brasileira. O evento atraiu a atenção de centenas de pessoas na capital paulista.

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18 de junho de 2015

Editorial

Crônica

O feminismo é necessário É natural que em universidades, espaço teoricamente dedicado ao avanço intelectual da sociedade, haja espaço para movimentos como o feminismo. Se é natural, o leitor pode questionar o motivo desta edição do jornal Saiba+ trazer como manchete a notícia da formação de um coletivo feminista na PUC-Campinas. A resposta é simples. A criação de um movimento feminista é sempre um ato revolucionário. Revolucionário porque os ambientes acadêmicos, infelizmente, não estão livres do machismo. Assim como a sociedade de maneira geral. Portanto, qualquer ato que questione o malfadado status quo é revolucionário. E necessário. Afinal, o feminismo não busca colocar a mulher acima do homem. Longe

Artigo

disso. Busca igualdade de direitos e justiça lutando contra o machismo. E machismo mata. A lógica cruel e ofensiva que subjulga mulheres como seres inferiores com certeza está por trás de atrocidades como o estupro coletivo contra quatro garotas no Piauí ou como a recente onda de violência sexual no distrito de Barão Geraldo, tristemente próxima da nossa realidade. A nossa realidade não é nada animadora. Os dados são gritantes. Para ficar em apenas dois exemplos: três em cada cinco mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos (Data Popular, 2014) e 77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente (Central

Renunciou mesmo? Vinícius Paráboa No último dia 2 de junho, o ex-presidente da FIFA, Joseph Blatter, anunciou sua renúncia ao cargo. Deveríamos chamá-lo de “ex”, mas não é o que acontece. O suíço decidiu ficar na entidade até que novas eleições sejam anunciadas, o que ocorreria entre dezembro de 2015 até março de 2016. Isso garante a ele no mínimo mais um ano de comando. Curioso é que a renúncia veio pouco depois de sua reeleição. Ele, que comanda a FIFA desde 1998 quando sucedeu o brasileiro João Havelange, não aguentou a pressão exercida após os escândalos de corrupção envolvendo dirigentes da instituição. O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi um deles. Preso pela segurança norte-americana, enquanto repousava num hotelzinho cinco estrelas. E adivinha? Quando soube do que havia acontecido, o atual mandatário da

CBF, Marco Polo Del Nero, veio correndo para o Brasil. Provavelmente com medo de ser pego com a mão na massa. Ainda mais curioso é o fato de que Blatter, em um dos debates pré-eleições, afirmou com as seguintes palavras: “Por que renunciaria? Isso seria admitir que fiz algo errado”. Pois então, a dúvida que poucos ainda tinham foi esclarecida nesta frase. Outros candidatos já se apresentam para a nova eleição (se de fato for realizada). O príncipe da Jordânia, Ali Bin Al-Hussein, deve tentar o cargo novamente. Lenda do futebol brasileiro, Zico, já anunciou seu desejo de estar à frente da FIFA. A renúncia de Blatter é o grande xeque-mate que o esporte necessitava. O futebol deveria respirar aliviado. Os fãs também. No entanto, teremos que aguentar esse senhor por mais algum tempo na cadeira máxima da FIFA. E o que ele pode fazer de ruim até lá? Só Deus sabe. O FBI também deve saber.

de Atendimento à Mulher, 2014). São números que exigem ações. Ações foram feitas. A mais recente delas é a lei do feminicídio, sancionada em março pela presidenta Dilma Rousseff, que alterou o código penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, quando o crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Foi um avanço, mas ainda é pouco. Pouco enquanto mulheres ainda ganharem menos que homens. Pouco enquanto mulheres tiverem representatividade mínima na política. Pouco enquanto elas forem desacreditadas intelectualmente. Pouco enquanto forem julgadas pela roupa. Pouco enquanto não forem tratadas com respeito.

Artigo

E enquanto essas questões não forem superadas, o feminismo será necessário. Necessário porque nesse exato momento, enquanto você lê estas linhas, várias mulheres estão passando por humilhações, ouvindo ofensas, sendo inferiorizadas, sofrendo abusos físicos e psicológicos. Foi assim nos últimos séculos, é assim hoje e vai continuar sendo assim por um bom tempo. Porque a luta é difícil, o caminho é longo e as vitórias são incertas. Desanimar, porém, jamais! Mulheres: permaneçam unidas. Permaneçam fortes. Permaneçam vivas. Uma pela outra. Vocês são as netas de todas as bruxas que não conseguiram queimar. Vocês são a esperança de um mundo mais humano e justo.

A cultura do ódio Flávio Magalhães Alimentada diariamente pelos Datenas e Rezendes da vida, criou-se na sociedade atual uma espécie de “cultura do ódio” contra aqueles que transgridem as leis. Pouco importa qual seja o crime ou sua natureza, a maior parte da população quer que o preso apodreça no fundo de uma cela imunda. Se ele morrer lá, melhor. Não dará mais gastos ao contribuinte, pensam. Afinal, “bandido bom é bandido morto”. E aqui abro um parêntese para o desserviço que parte da mídia presta. Vide Rachel Sheherazade, que além de alimentar a “cultura do ódio” através da imprensa, tenta legitimar a barbárie, fazer valer a Lei de Talião (olho por olho, dente por dente) e incentivar a selvageria. Que fique claro. Ninguém aqui é “a favor de bandido” ou coisa parecida. Isso não existe. O que precisamos é de Justiça, não de vingança. E é em argumentos como o de Sheherazade que os retrógrados encontram

Editoria geral Flávio Magalhães e Vinícius Paráboa

abrigo. E assim o ódio se espalha e chega a Política, numa mistura perigosa e sem nenhuma chance de dar certo. Bolsonaro e outros conservadores da “bancada da bala” ganham voz no Congresso. O resultado não poderia ser menos desastroso. A proposta de redução da maioridade penal é prova disso. O ódio desmedido cega a sociedade. Ignoram-se questões sociais. Ignora-se a brutal desigualdade de renda no país. Ignora-se a falta de políticas públicas. Ignora-se a falta de escolas. Ignora-se a polícia que mata. Ignora-se que antes de ser o agente da violência, o criminoso geralmente é vítima. Não será surpresa o dia em que nos comportarmos como os cidadãos da Oceania, idealizados por George Orwell em “1984”, numa histeria coletiva. Os atuais reacionários brasileiros estão bem próximos disso, já que vociferam contra tudo o que destoa de suas opiniões. A cultura do ódio está no seu ápice, mas não dá sinais de que vai abrandar. Tempos difíceis se anunciam.

Lembro como se fosse ontem Isabela Vicentin Tudo bem que sou jovem, e que os anos 90 não são tão distantes assim, mas escrevo porque a saudade é grande. E não é só minha, viu!? Lembro como se fosse ontem, quando o Irô fazia o maior furdunço para que acontecesse a tradicional festa junina da Rua 7. As casas enfeitadas de bandeirinhas, a costureira preparando os retalhos e os homens pegando lenha para montar uma fogueira para acender no dia mais esperado do mês, o dia de São João. Há anos acontecia o ritual e a expectativa era grande pelos moradores. Cada um preparava o que sabia fazer de melhor. Minha mãe, claro, sempre ficou com os doces, aqueles de dar água na boca... Não poderia faltar o bolo de mi-lho e a canjica. Dona Mirtes fazia o quentão, Vera o vinho quente, e Vani o milho e a pipoca. No dia de São João, por volta das 18h, estava quase tudo pronto. A criançada ia chegando, soltando bombinha, brincando de pega correndo em volta da fogueira. Já os jovenzinhos todos assanhados, escreviam correio elegante para a sua paquera. Os pais? Ah, esses estavam se preparando para a grande quadrilha. Esse ano aí foi a melhor quadrilha de todos os tempos. A garagem era a igreja, o padre e padrinhos já em posição e eis que a noiva chegou de carroça, e acredite, quem atrasou foi o noivo. Vestido rodado, bochechas vermelhas com pintinhas pretas. E a festança ia até o sol raiar, até o vizinho do nº43 que só reclamava de barulho, foi um dos últimos a ir embora. Lembranças cheias de cores e sons ficam daquele jeito brejeiro de ser. Hoje, em uma metrópole são só lembranças, histórias de onde fui criada que conto para minhas sobrinhas de 6 e 7 anos. Hoje já é um dia comum, onde os pais levantam cedo e levam seus filhos para a escola e vão trabalhar, e o máximo de festa junina, é a paçoca de sobremesa depois do almoço.

Editoria de produção Bruna de Oliveira e Anderson Epifanio

Faculdade de Jornalismo PUC-Campinas

Projeto gráfico e editoração eletrônica Flávio Magalhães e Vinícius Paráboa

Diretor Lindolfo Alexandre de Souza

Reportagem Ana Luiza Sesti Torso, Anderson Epifanio, Bruna de Oliveira, Caio Coletti, Camila Araújo, Camila Mazin, Daniela Castro, Giselle Reis, Guilherme Kowalesky, Henrique Guilherme, Isabella Robaina, Jéssica Nespoli, Karol Roque, Lucas Badan, Lucas de Lima, Márcia Teixeira, Marina Lopes, Matheus Bassi, Nathália Bueno, Nathani Mota, Paula Fonseca, Priscilla Geremias, Thalita Souza, Tiago Soares, Vanessa Dias, Verônica Miranda e Vinícius Whitehead

Professor Responsável Luiz Roberto Saviani Rey (MTB 13.254)

Impressão e tiragem Gráfica e Editora Z / 2 mil exemplares


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Coletivo feminista da PUC-Campinas reúne mais de 170 participantes Coletivo Acácias propõe união no ambiente universitário e discute temas como o machismo Vanessa Dias

sentando o movimento. “O principal objetivo aqui é acolher e ser acolhida. Nós discutimos opressões que vivenciamos todos os dias. Buscamos ampliar a visão sobre nossas dores. Compreender que elas são estruturais, que estão na base do tipo de sociedade que vivemos. Mas, no fim das contas, isso também é sobre acolhimento. Sobre fortalecer umas as outras”, conta a estudante Fabiana.

“SEMPRE UMAS PELAS OUTRAS” Ainda que, em teoria, os Grupos de Discussão não sejam mais que reuniões entre mulheres que desejam compartilhar histórias reais de opressão entre si, as participantes afirmam que o acolhimento é muito maior que se imagina. “Todos os encontros são únicos. Eu preciso desse momento na minha semana, não importa o GD [Grupo de Discussão], o tema, eu pre-

Vanessa Dias

Não é novidade que o movimento feminista tem atingido proporções cada vez maiores nos últimos anos. O objetivo é simples: unir as mulheres em prol de liberdade de padrões enraizados socialmente (tais como machismo, submissão, busca por uma estética perfeita). Recentemente, esse sentimento saiu das passeatas e movimentos on-line e passou a existir também nas universidades. É o caso do Coletivo Feminista Acácias da PUC-Campinas. “O Coletivo Acácias surgiu através de uma organização virtual. Havia um grupo e, nele, a necessidade de que a gente se reunisse pessoalmente ficou evidente.”, conta a estudante de jornalismo Fabiana Oliveira, que participa do coletivo desde a primeira reunião, em abril. Desde então, o grupo já passou dos 170 membros e a Fanpage oficial, no Facebook, passou de 500 curtidas logo na primeira semana.

Atualmente, o Coletivo realiza duas reuniões semanais, no período matutino e noturno, dentro do Campus I da PUC-Campinas, trazendo para discussão temas como relacionamentos abusivos, pressão estética, violência física e psicológica e até mesmo o papel das universidades e da grande mídia na opressão da mulher. Também já foram realizadas oficinas com stencil (pintura com spray em tecidos), com estampas repre-

Grupo surgiu em abril através de uma organização virtual e realiza reuniões semanais

ciso estar com as minhas amigas e irmãs de luta, para me sentir completa e protegida, pelo menos por alguns minutos.”, conta Gabriela Halter, uma das estudantes que ajudou a fundar o Coletivo. “A identificação é inacreditável, porque na maioria das vezes as pessoas nem sabem que estão sofrendo algum tipo de abuso, e através das vivências de outras meninas conseguem perceber que aquilo não é saudável.”, conta a também estudante de jornalismo Martha Raquel Rodrigues. “O ponto alto para mim foi quando uma menina que nem é de Campinas pediu para participar por telefone porque ela queria contar suas experiências, porque ela queria nos ouvir, uma vez que éramos as únicas pessoas em que ela confiava para se abrir”, afirmou a estudante. Além da PUC-Campinas, outras universidades e espaços da região também possuem Frentes Feministas, como a UNICAMP e o Coletivo Feminista de Campinas.

Novo currículo do curso de Jornalismo inclui criação de portal de notícias

Os ingressantes da faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas de 2016 vão se deparar com um currículo diferente daquele percorrido pelos veteranos. Resultado de uma resolução publicada pelo Ministério da Educação em 27 de Setembro de 2013, a mudança inclui uma maior ênfase na produção do jornalismo transmídia, tendência do mercado que deve ser incorporada no currículo através da criação de um portal de notícias onde convergirão as produções de alunos de todas as disciplinas práticas. Segundo o diretor do curso, o Prof. Me. Lindolfo Alexandre de Souza, é um passo a frente em relação à atual plataforma online do curso, o portal Digitais PUC-Campinas, utilizado na disciplina de Jornalismo Aplicado. “A gente quer aproximar mais o aluno, nas disciplinas laboratoriais, de um espaço que seja mais semelhante àquele que ele

vai ver no mercado”, diz o diretor. Lindolfo aposta na elevação da visibilidade das matérias, que poderão servir como portfólio para os alunos, e também da qualidade da produção, uma vez que o trabalho não será realizado apenas para os olhos do professor. Paulo Rezende é aluno do primeiro ano de Jornalismo e tem algumas ressalvas quanto às mudanças do currículo. “Não tem sentido tirar o primeiro contato do aluno com as técnicas jornalísticas para tentar fazer com que ele ‘aprenda na marra’, só traria matérias com muitos erros”, diz ele. “Devia ser planejada alguma outra forma de unificar as plataformas de forma que o calouro possa sentir a rotina, a forma como ele está contribuindo”. Segundo o professor Lindolfo, matérias com pouca qualidade não seriam publicadas no portal – segundo critério a ser definido pelo professor responsável pela edição do site. Outra mudança signifi-

cativa será o estabelecimento da obrigatoriedade do estágio. “Hoje o nosso aluno até faz estágio, mas se ele não fizer ele termina o curso e sai com o diploma da mesma forma”, conta o diretor. “Nós agora teremos uma disciplina chamada supervisão de estágio, em que o aluno vai ter que ter contato com o professor e ao mesmo tempo oficializar as horas de estágio que ele faz no mercado com relatórios e acompanhamentos”. “A mudança em relação ao estágio é positiva, com o mínimo de 200 horas sendo bastante cômodo à disponibilidade de cada aluno”, reflete Alef Gabriel, aluno do 4º ano de Jornalismo. “Mas o que mais me chama a atenção mesmo é a convergência de mídias. Eu acho que quem ingressar a partir do ano que vem vai sentir muito mais como é o mercado e o fazer jornalístico hoje em dia do que eu, que passei por um currículo em que as modalidades quase não interagem umas com as outras”, conclui.

Caio Coletti

Caio Coletti

Para diretor do curso, mudanças são um passo a frente


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O peso do preconceito: gordofobia é motivação para discriminação e ofensa Comentários negativos influenciam diretamente no comportamento de obesos, diz médica

“Eu prefiro lutar para que me aceitem gorda do que emagrecer”. Essa é a afirmação da assistente pessoal Marcela Noronha, de 20 anos, ao ser perguntada pelo Saiba+ se já pensou em emagrecer para ter um corpo parecido com aqueles cultuados pelas revistas femininas de moda. A negação de Marcela à ditadura da magreza é direta e franca, mas ela admite que nem sempre foi assim. “Na escola, as meninas magras me excluíam porque eu sempre era a mais gorda e por mais que eu me sentisse bem com meu peso, alguns momentos eram complicados porque eu não me encaixava em nenhum grupo por causa da minha aparência”, conta. Marcela aprendeu a lutar contra um preconceito que atinge todas as pessoas que estão acima do peso: a gordofobia. O dicionário Michaelis define gordo como alguém que tem muita gordura, mas a palavra é usualmente utilizada como ofensa. Basta uma procura rápida no Twitter pelo termo ou prestar atenção nas conversas de mesa de bar que facilmente você encontrará críticas, insultos e piadas sobre pessoas com excesso de peso. Uma pesquisa publicada recentemente no jornal Translational Behavioral Medicine analisou comentários em redes sociais, blogs e fóruns onlines com a palavra “gordo”, “acima do peso” e “obeso” e notou que frequentemente as pessoas sentem repugnância moral, irritação e raiva em relação ao indivíduo que está acima do peso. Segundo Ana Maria Neder, psicóloga que realiza acompanhamento com grupo que aguarda por cirurgia bariátrica no Hospital de Clínicas da Unicamp, os comentários negativos influenciam diretamente no comportamento de pessoas obesas e muitas delas desistem de atividades cotidianas por causa das humilhações enfrentadas. “Mesmo aqueles que levam as dificuldades na brincadeira não deixam de ter a auto-estima afetada”, explica. A psicóloga afirma que o sentimento de culpa é notado em muito dos pacientes. “Há também o sentimento de impotência junto da humilhação. São pessoas que carregam uma bagagem muito pesada”.

Caroline Roque

Nathani Mota Priscilla Geremias

Excesso de gordura nem sempre é sinal de doença; cobrança por “peso ideal” é mais estética do que médica

Os padrões além dos séculos Camila Araújo Ao longo dos anos os padrões estéticos se transformaram. A doutora em sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Bárbara Garcia Ribeiro da Silva, afirma que as pessoas são influenciadas por padrões de comportamento e pela mídia. “Tem que ser magra. Se a pessoa começa a se afastar um pouco disso, já vem a cobrança do meio social”, comenta. Segundo a socióloga, a ideia de dieta surgiu na Grécia Antiga, por volta do século V a.C. “Eles começaram a desen-

volver o culto ao corpo e tinham academias para as pessoas se exercitarem. Isso passou para a sociedade ocidental e podemos notar esse fundo histórico hoje”. A partir da década de 70, o acesso e comunicação a todas as partes do mundo se intensificou e os padrões de beleza e moda se tornaram mundiais, o que dura até hoje, principalmente entre as mulheres. “Mesmo com muitas mulheres no mercado de trabalho, a relação dentro do lar não é dividida de forma igualitária, então os padrões estéticos continuam voltados para elas”.

Quando o diagnóstico é visual Caroline Roque De acordo com a Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), 52,5% da população do país está acima do peso e 17,9% está obesa. A obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal e se caracteriza pelo Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Já o sobrepeso não necessariamente diz respeito ao excesso de gordura, mas à relação saudável entre peso e altura. “O problema é que as pessoas usam muito a visão para fazer o

diagnóstico, então enquadram as outras, sendo obesas ou não, por aquilo que estão vendo”, explica Licio Augusto Velloso, pesquisador responsável pelo Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades, localizado na Unicamp. “É possível que uma pessoa com discreto sobrepeso seja saudável e não tenha doenças associadas. Desde que ela se comprometa a manter o equilíbrio, poderá viver bem”, afirma Velloso, lembrando que a situação é válida para IMCs próximo à normalidade, ou seja, acima dos 25 mas que não ultrapassam 30.


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Campinas tem cerca de 20 mil animais abandonados, segundo levantamento Dez ONGs atuam na cidade promovendo ações de conscientização sobre o problema

Bruna de Oliveira

Vítimas de tutores que não se preocupam com bem estar dos animais e pela falta de leis que punem o abandono, cerca de 20 mil animais, entre cachorros e gatos, estão abandonados nas ruas no município de Campinas, segundo o último levantamento do Departamento de Bem-Estar Animal da Secretaria do Verde, Meio Ambientes e Desenvolvimento Sustentável. Entretanto muitas pessoas ainda preferem pagar em média R$ 4 mil em filhotes de raças. São 10 ONGS em Campinas que atuam na causa animal e agem na área da conscientização, promovendo castrações e amparo aos animais abandonados. A Associação Amigos dos Animais de Campinas (AAAC) mantém um abrigo com cerca de 2.000 cães, 1.000 gatos, 10 cavalos, 30 coelhos, além de cabras, ovelhas e até dois urubus. Para o presidente da AAAC, Flávio Lamas e vice-presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais de Campinas, “cada ONG acaba fazendo a sua parte, com

feirinhas de adoções semanais. Normalmente temos cerca de 4 a 5 feirinhas todos os finais de semana. Mas semanalmente gira em torno de 15 animais doados. Esse número projetado para um ano dá em torno de 700 a 800 animais”, diz o ativista da causa animal. O número de animais adotados em um ano, comparado aos que estão abandonados ainda é baixo, é 7% do total de 20 mil, isso comprova que muitas pessoas preferem comprar a adotar. As pessoas maltratam e abandonam, pois sabem que não serão punidas, há uma carência de normas para aplicação de leis ao abandono. “Ninguém deveria agir bem só porque a lei manda, mas se existe a lei e ela prevê punição, ela deveria ser aplicada, inibir o crime e salvar vidas”, Cláudia Celestre voluntária da ONG GAAR. Uma das hipóteses de preferência por raças puras trata-se de uma questão de status, de acordo com Leliane Gandolphi, dirigente da ONG Xodó de Bicho. “Poucas pessoas compram raças específicas porque estudaram as particularidades da raça e a escolheram por estar de

Bruna de Oliveira

Bruna de Oliveira Nathália Bueno Paula Fonseca

Em um ano, apenas 7% dos animais abandonados são adotados em um novo lar acordo com o seu anseio. Desafie um proprietário a descrever as características da raça do seu animal, como comportamento, saúde, tempo de vida, capacidade de interação, indicação de ambiente e etc, poucos saberão responder”, afirmou Leliane. A estudante Thaís Penteado, soube das condições frágeis antes de comprar seu bulldog inglês, no qual pagou aproximadamente R$ 4 mil. A raça é desenvolvida apenas por inseminação artificial. “Ter um bulldog inglês é difícil porque são cachorros geneticamente muito frágeis. O macho não consegue subir na fêmea como acontece nas outras raças, o que exige inseminação artificial. Além disso, os bebês não passam normalmente pelo canal vaginal da fêmea por terem a cabeça muito grande, aí a cesárea também é muito necessária. O que encarece o filho de forma assustadora”, comentou a jornalista. O mercado de pets tem crescido cada vez mais e hoje se tornou um negócio que atraí muitas pessoas, mas sem os cuidados certos os animais são submetidos a maus tratos e podem tornar-se apenas uma fonte de renda, as chamadas “fábricas”. Cesar Lobão é dono de um canil especialista nas raças: Golden, Pug e Bernese. Ele conta que procura se preocupar com a qualidade e saúde dos animais que vende, pois não gostaria de se tornar uma fábrica de cães como a maioria dos canis. “ Já trouxe meus filhotes de volta várias vezes, fico li-

gando direto para seus novos donos, para saber como os cachorros estão, nunca encalhou nenhum filhote, geralmente vendo todos com menos de dois meses, embora só entrego após 60 dias”, diz Lobão. O problema principal das fábricas de cães é a saúde e bem estar dos animais, Flávio Lamas explica melhor. “Um casal começa a criação. O passo seguinte é cruzar mãe com filho, filha com pai, irmão com irmã. E aí teremos a degeneração genética da espécie. Com cães, as mães cruzam a cada cio, para produzir o máximo e garantir lucro. É uma crueldade muito grande”, explica o presidente da AACC. Para o professor veterinário da UFMG (Universidade Federal do Minas Gerais), Fernando Viana, os criadores sérios se diferem das “fábricas” na intenção de não apenas lucrar. “Esses animais não deveriam ser vistos como uma fonte de renda, mas sim como amigos fiéis. De maneira geral os criadores sérios não obtêm lucros com seus canis, apenas conseguem o ressarcimento de algumas de suas despesas”, afirmou Viana. Apesar dos riscos de comprar um animal destes canis, é fácil encontrar alguém que já tenha adquirido um cão em feiras clandestinas para poder pagar mais barato. A nutricionista, Jessyka Dias, depois de muito procurar encontrou um cão da raça Lulu da Pomerânia em São Paulo por um valor mais “acessível”, cerca de R$ 3 mil.

Segundo Jessyka, a preferência pela raça é antiga e a adoção de um vira lata não aconteceu pela dificuldade de encontrar filhotes disponíveis. “Ao meu ver não é ruim adotar um vira lata, o problema é que quando você encontra para adotar normalmente ele já está maior e fica difícil de educar e de o cachorro se acostumar com os costumes da casa”, explicou a nutricionista. Segundo a veterinária e voluntária da ONG Grupo de Apoio ao Animal de Rua (GAAR), Ingrid Menz, muitas pessoas preferem adotar filhotes fêmeas e de pequeno porte. “Um cachorro é considerado filhote até 3 meses, Se o filhote não é adotado entre 45 dias e 3 meses as pessoas já não se animam a adotá-lo. O pobre cãozinho continua sendo um filhotinho que cresceu um pouco. Adultos são ótimos para serem adotados: já são castrados e tem seu comportamento conhecido pelos voluntários, facilitando encontrar a família ideal,” afirma a veterinária. “Adotar é um ato de amor, é uma preocupação com o bicho, não com a beleza”, afirma Flávio Lamas. Existem muitos animais nas ruas precisando de um lar e de amor, eles não são menos importantes que os de raças. Se o objetivo não é o status e exibição das raças, e sim ter um companheiro fiel e um amigo por muitos anos, um ser que receba cuidados e carinho, não precisa ter raça definida, pode ser uma mistura de várias e em troca, muitas lambidas.


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Viagem de lazer é alternativa para as férias de julho dos estudantes Alunos programam passeios para o próximo mês; intercâmbio está nos planos dos universitários Com a chegada do mês de julho, muitas pessoas costumam se programar para tirar férias do trabalho e da faculdade ao mesmo tempo e aproveitar esse período para viajar a lazer ou estudos. De acordo com uma pesquisa da TripAdvisor, entre seus usuários no Brasil, 45% planejam viajar em julho deste ano – 32% disseram que não viajarão, enquanto 23% ainda não se decidiram. A estudante de jornalismo, Rafaella Martins Cassia, 20 anos, está entre aqueles que já decidiram seu destino e optou por fazer uma viagem de passeio. Pela terceira vez ela irá a Fortaleza e passará 15 dias na cidade. “Já fui duas vezes”. Na primeira ocasião a morte do meu avô interrompeu o passeio e na segunda deu tudo certo. Desta vez, pretendo ir em lugares que já fui e gostei, além de conhecer novos locais, que não tive oportunidade das vezes anteriores”, conta Rafaella Martins. A estudante de jornal-

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OS DESTINOS MAIS PROCURADOS NAS FÉRIAS

Arte: Isabella Robaina

Isabella Robaina

de Infraestrutura Urbana, Fernando Henrique Silva Ribeiro, 24 anos. Ele passará 10 dias em Genebra, na Suíça, participando do 53º Graduate Study Program, um curso organizado pela ONU para alunos de pós-graduação de todo o mundo que tem interesse em se aprofundar nos princípios, propósitos e atividades da organização. “Pretendo desenvolver meu conhecimento com os temas que serão apresentados durante os seminários do curso, aproveitar que estarei em contato com diversas pessoas de diferentes partes do mundo para expandir minha rede de contatos, prestando atenção também na parte cultural”, afirma o mestrando. Já o destino de intercâmbio da estudante de jornalismo, Larissa Dias de Souza, 23 anos, é a cidade de Houston, nos Estados Unidos. Ela viverá por um ano no país. “Tenho expectativas muito boas com relação a esse intercâmbio, tanto de crescimento pessoal como profissional”, afirma Larissa de Souza.

ismo, Manuela de Oliveira Farias, 20 anos, também vai aproveitar essas férias para viajar a lazer. Grécia e Turquia são os destinos da viajante durante 15 dias. “Sempre quis conhecer a Grécia por conta da mitologia e espero que a Turquia seja

uma surpresa agradável”, revela Manuela Farias. O pacote de viagem que inclui um tour de 15 dias por Amsterdã, Bruxelas, Paris e Londres conquistou a estudante de jornalismo, Amanda Bruschi Ferreira, 22 anos, e seus pais. “Acho

que a viagem para a Europa vai ser incrível, porque é a primeira vez que faço uma viagem para o exterior”, conta Amanda Bruschi. Há quem aproveite esse mês para realizar intercâmbios. Esse é o caso do mestrando em Sistemas

nada medieval, como muita gente imagina”. O parto humanizado significa direcionar toda atenção às necessidades da mulher, a partir de um plano de parto que permite o controle da situação durante o trabalho de parto e apresentando opções de escolha baseadas em evidências científicas. Pode ser acompanhado por neopediatras, médicos obstretas e parteiras obstetras que caso necessário intervém, mas que propõem o respeito a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos. Apenas 15 a 20% das gestantes, consideradas de alto risco, apresentam complicações neste período e necessitam de hospitais de referência e cuidados diferenciados, impossibilitando o parto domiciliar. No corpo clínico existe também a doula. “A doula é uma profissional treinada para oferecer suporte à mulher em trabalho de parto, ao longo da gestação esse suporte é em forma

de informação tirando dúvidas” ressalta Érica de Paula que também é psicóloga e co-autora do Documentário “O Renascimento do Parto”. A psicóloga e coordenadora do grupo Samaúma, Lara Heller Gordon, 39, recebe em média, 15 casais a cada reunião semanal. Lara afirmou que partos domiciliares têm caído no gosto das gestantes. “Mais que dobrou o total de mulheres que fazem o parto em casa, por acesso à informação”. Já os custos para essa opção são semelhantes aos das cesarianas chegando a R$ 12 mil. Profissionais como Lara, acreditam que essas novas informações mudem o quadro atual do país, que tem alto índice de cesárea. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é recomendado 15% de partos cesáreos. No entanto, dados da pesquisa Nascer no Brasil, apontam que 54% dos partos realizados no País são cesáreos. No resultado obtido é con-

Documenrário estimulou realização de parto natural siderado a rede privada e a esse tipo de atendimento. Em setembro do ano pública juntas, mas quando analisada individualmente passado, a Comissão de a rede privada chega atin- Assuntos Sociais (CAS) do gir 90%. Os hospitais e Senado aprovou em caráter serviços médicos por vezes finalizador o projeto de lei ignoram as regulamenta- que prevê parto humanizações exigidas pela OMS ou o do nas unidades do Sistefazem por falta de estrutura ma Único de Saúde (SUS).

Parto humanizado cresce incentivado por grupos de apoio em Campinas

O ativismo pelo parto natural teve um grande aumento a partir de 2012, após a exibição do documentário “O renascimento do parto” de Érica de Paula e Eduardo Chauvet, exibido em 2011. Uma pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostra que o índice de cesáreas aumentou de 59% em 2004 para 67,6% em 2012 na região. O número é superior à média estadual, 61,2%, e a nacional, de 55,6%. Em Campinas existem cerca de 10 grupos de apoio, alguns deles são: Grupo Samaúma, Grupo Vínculo e Arte de Nascer. Sabrina Ferigato é a favor e foi acompanhada pelo Grupo Samaúma e teve parto natural humanizado domiciliar. O vídeo do nascimento de seu filho, Lucas, divulgado na internet foi assistido por mais de 1,8 milhões de pessoas. Sabrina defende que o parto domiciliar “não é

Divulgação

Márcia Tei�eira Verônica Miranda


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Campanha nacional visa aumentar em 15% estoques de leite materno Apenas 60% da demanda no país é atendida por estoques obtidos através de doações

Com o tema “Seja doadora de leite materno e faça a diferença na vida de muitas crianças”, a nova campanha nacional do Ministério da Saúde pretende aumentar em 15% os estoques de leite em todo o país. O objetivo é incentivar e aumentar o número de novas doadoras voluntárias e o volume de leite materno coletado e distribuído para os recém-nascidos, especialmente os prematuros de baixo peso internados no nas unidades de saúde.

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meses e 20 dias é a média de aleitamento materno no Brasil, ainda que o país recomende aleitamento até os dois anos de idade

Moises Chencinski, “O leite materno representa a base de crescimento e desenvolvimento da saúde da criança. Ele é um ‘alimento vivo’, o ‘sangue branco’, que se modifica durante a mamada e através do tempo que o bebê mamar, fornecendo as quantidades e as variedades de nutrientes mais adequadas e necessárias para o lactente”. Para Cássia Silveira, o período de amamentação é essencial, além de ter amamentado suas duas filhas se tornou doadora e foi mãe de leite de outras crianças. “A gente como mãe sabe da importância do leite materno, nas minhas duas gravidezes tive leite suficiente para minhas filhas e para doar, cheguei até amamentar o filho da minha vizinha”, comenta.

A amamentação também é benéfica para a saúde da mulher, pois ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto. Além disso, as chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário diminuem significativamente. Segundo o pediatra Dr. Moises Chencinski, mesmo o leite materno oferecendo inúmeros benefícios tanto para mãe quanto para a criança, geralmente a amamentação no Brasil não respeita o prazo recomendado. “No país a recomendação é amamentar até os 2 anos de vida ou mais, mas na nossa realidade a média de duração de aleitamento materno no Brasil é de 11 meses e

20 dias. Há uma grande falta de informação que possa orientar as mães a respeito da importância do alimentar o bebê com o leito materno”, afirma.

PARA DOAR LEITE Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano, basta estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Por isso, se você está amamentado e quer doar, procure o banco de leite humano mais próximo ou ligue para o Disque Saúde, no número 136. Seu gesto significa a vida para uma criança.

Arte: Bruna de Oliveira

Hoje, o volume de leite materno coletado representa cerca de 60% da demanda em todo o país. Para a campanha, serão distribuídos aos bancos de leite de todos os estados 1,2 milhão folders e 20 mil cartazes. Com a chegada das baixas temperaturas a arrecadação de leite materno tende a diminuir, enquanto o consumo aumenta, dessa forma há uma baixa nos estoques, é neste momento que as campanhas municipais ganham força, como é o caso de Campinas. Apesar do volume de leite estocado satisfazer a demanda do Centro de Lactação - Banco de Leite Humano da Maternidade de Campinas, o pedido de doações não para. Este ano, além de leite serão aceitos frascos de vidros com tampas plásticas para o armazenamento. Segundo a coordenadora do Centro de Lactação – Banco de Leite Humano de Campinas, a médica Cláudia Maria Monteiro Sampaio, os meses de março e abril operaram com 269 e 263 litros respectivamente. “Estamos com uma boa reserva, mas este estoque tende a cair nos meses mais frios, especialmente em julho, quando também há férias escolares”, explica. O leite materno é essencial para o crescimento e desenvolvimento da criança, ela ganha peso rápido e fica protegida de infecções, diarreias e alergias. De acordo com o pediatra e editor do blog Eu Apoio Leite Materno, Dr.

Divulgação

Camila Mazin Daniela Castro

REFERÊNCIA MUNDIAL O Brasil possui a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo. Para o Dr. Moises Chencinskio o que torna o Brasil referência mundial neste quesito é a grande tecnologia empregada no país. “As estatísticas mostram, por exemplo, por região do país, a quantidade de atendimentos realizados no ano de 2.014, quer sejam em grupo (396.575), individuais (1.635.348) ou por visitas domiciliares (260.382). Essa capacidade e tecnologia utilizada no BLH brasileiro é modelo pro mundo todo”, diz. Desde 2005, o país exporta técnicas de baixo custo para implementar bancos de leite materno em 25 países da América Latina, Caribe Hispânico, África Portuguesa e Península Ibérica.


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Psicodelia Brasileira: exposição em São Paulo foca cultura underground Montado em uma estrutura feita com 200 toneladas de contêineres, evento deve viajar o país Anderson Epifanio

tiva a idealização “de coisas legais”, “inusitadas” e de caráter jovem. Apesar de revolucionário, Fernando Bizu diz existir pouco mercado para esta arte. “Por se tratar de uma cultura underground, há poucas plataformas de

lançamento de artistas no país.” Ainda segundo o produtor, o movimento atingiu seu auge com a Tropicália (movimento brasileiro em resposta ao psicodelismo mundial). Além da exposição itinerante, que teve início em

São Paulo, dezenas de cartazes psicodélicos podem ser vistos na página do Facebook Psicodelia Brasileira, um espaço aberto à novos e antigos músicos, “conscientes do valor de preservar e compartilhar esses achados”.

Fotos: Divulgação

No ano em que se comemora mundialmente os 50 anos da psicodelia, o produtor Fabricio Bizu, 36, em parceria com o renomado produtor Fernando Tibiriçá, responsável por muitos movimentos culturais de São Paulo, lançaram a exposição Psicodelia Brasileira. Montada em um espaço com estrutura feita de 200 toneladas de contêineres em São Paulo, considerado o maior espaço cultural desse tipo na América Latina, o evento atraiu a atenção de centenas de pessoas e deve ser levado a outras cidades do país. “São Paulo foi o melhor local e hora para a estreia da exposição Psicodelia Brasileira.” afirma Bizu, que apesar de morar em Campinas é carioca e apaixonado pelo movimento psicodélico surgido nos anos 60 e 70. Produtor e curador da exposição, Bizu garimpou cartazes durante dez anos, período que descobriu raridades de artistas brasileiros como Alain Voss, Antonio Peticov, Billy Gibbons, Rogério Duarte e internacionais como Robert Crumb, Rick Griffin, Victor Moscoso entre outros. Já no universo da música, o produtor cita as bandas Som Nosso de Cada Dia, Novos Baianos, Mutantes, Jimi Hendrix e Jefferson Airplane como referências do seu trabalho. “Visualmente o que mais me atinge os sentidos são os

pôsteres psicodélicos e as capas de disco de rock, desde o final dos anos 60 até os dias de hoje”, revela o produtor, que diz que as peças gráficas da exposição são interessantes por expressar a música e o comportamento numa linguagem que mo-

Produtor e curador da mostra, Bizu (detalhe) garimpou cartazes durante dez anos e descobriu raridades

Aplicativos ajudam no emagrecimento

Fitness Point, TecnoNutri, Dieta e Saúde, Medida Certa, entre outros. Esses são os aplicativos da vez. Usados como método para perder peso, faz sucesso entre os usuários adeptos a esse tipo de acompanhamento. Além de contribuir na perda de peso, os aplicativos ajudam a controlar a alimentação, traçam metas e objetivos mensais e semanais para o usuário, entre outros serviços. Segundo a nutricionista Lígia Camargo, além do aplicativo ajudar a pessoa manter o foco, auxilia também na consigo mesmo, “a pessoa tem liberdade de seguir seu próprio ritmo e lim-

ites, mas é muito importante que a pessoa tenha passado ao médico (clínico geral ou especialista) para ver se pode ou não praticar aquela atividade física, naquela frequência.”. Aplicativos têm de monte. Todos os sistemas operacionais de smartphones contêm diversos tipos de mecanismos que ajudam emagrecer. Para a estudante de arquitetura e urbanismo, Mayara Dantas, de 23 anos, esse mundo digital facilitou a vida de pessoas que não simpatizam com academia “pra mim foi ótimo encontrar o Medida Certa, porque com ele posso fazer exercícios sem que eu dependa de alguém”. Neste, como em muitos outros, o Medida

Certa, contabiliza quantos passos a pessoa da no dia, o gasto calórico, o tipo de exercício que a pessoa precisa (caminhada, corrida, musculação, etc), tudo com base nos dados que a pessoa oferece quando instala o aplicativo. Mas, nem tudo é tão é tão simples. A nutricionista ressalta que os malefícios causados por excesso de exercício que não são acompanhados por profissionais pode complicar muito a vida do usuário. “A pessoa tem que tomar cuidado, isso é coisa séria. Tem que procurar opiniões de profissionais, para que os mesmos possam indicar o aplicativo correto junto com o paciente”.

Arte: Flávio Magalhães

Marina Lopes

Os mais baixados Medida Certa

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Festas Juninas, a tradição europeia que se tornou tipicamente brasileira Influência indígena também é marcante nos festejos, com comidas como mandioca e milho Ana Luiza Sesti Torso Lucas de Lima Thalita Souza

Tradições Quadrilha A dança quadrille desembarcou por aqui, nos salões brasileiros do século 19. Não é à toa que o puxador da quadrilha usa palavras como “balancê” e “anarriê” (do francês en arrière, ou seja, para trás). Com o tempo, a marcação europeia deu lugar à cadên-

AGENDA

cia brasileira e o som passou a ser feito pelo triângulo, pela zabumba e pela sanfona.

Colégio Liceu Salesiano Local: Liceu Salesiano. Rua Baronesa Geraldo de Resende, 330, Taquaral - Campinas. (19) 3744-6800 Data: 27 de junho Horário: das 11h às 23h Entrada: R$ 20 (antecipado vendas na portaria do Colégio) e R$ 50 (no dia)

Fogueira A luz da fogueira era o aviso de que João Batista havia nascido. De acordo com a lenda católica, o fogo foi o sinal combinado por Isabel para avisar sua prima Maria do nascimento do filho. Antigamente, a fogueira também era usada para afastar os maus espíritos das plantações.

Casa da Criança Paralítica Local: Rua Pedro Domingos Vitalli, 160, Parque Itália. (19) 2127-7230 Data: 27 de junho Horário: a partir das 13h Entrada: gratuita

Balões Os balões são proibidos no Brasil, mas, em outras épocas, eram usados para levar os pedidos dos fiéis para os santos. Por isso os devotos acreditam que ao soltar balão e ele subir sem nenhum problema, os desejos serão atendidos, caso contrário (se o balão não alcançar as alturas) é um sinal de azar.

Casa de Jesus Local: Rua Artur Teixeira de Camargo, 222, Jardim das Paineiras. (19) 3252-9194 Data: 27 de junho Horário: 17h às 23h Entrada: R$ 20 (na hora), R$ 10 (antecipados) Vendas: na banca de livros, na secretaria da instituição ou com os coordenadores

Círculo Militar Local: Av. Getúlio Vargas, 200, Jardim Chapadão. (19) 3743-4800 Data: 26, 27 e 28 de junho Horário: sexta e sábado, das 18h à 1h e domingo, das 17h à 0h Entrada: R$ 30 (não associados) e gratuito (associados)

Os Fogos de Artifício Já os fogos, dizem alguns, eram utilizados na celebração para “despertar” São João e chamá-lo para as comemorações de seu aniversário. Na verdade os cultos pirolátricos são de origem portuguesa. Antigamente em Portugal, acreditava-se que o estrondo de bombas e rojões tinha como finalidade espantar o diabo e seus demônios na noite de São João.

Pau de sebo A brincadeira de escalar os cerca de cinco metros do pau de sebo é um desafio e tanto. Quem conseguir alcançar o topo ganha uma bela quantia de dinheiro ou uma prenda.

Anglo Taquaral Local: Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 545, Taquaral – Campinas. (19) 3256-6828 Data: 20 de junho Horário: 11h às 20h Entrada: R$ 12 (antecipado) e R$ 18 (na hora)

Divulgação

Existem inúmeros motivos para se comemorar uma das festas mais populares e tradicionais, depois do carnaval, a Festa Junina. No dia 13 de junho tem Festa de Santo Antônio, no dia 24 de São João; São Pedro e São Paulo, dia 29 e São Marçal, 30 de junho. A festa, em homenagem ao dia do nascimento de São João Batista (24), veio da parte católica da Europa para o Brasil, no período da colonização pelos portugueses. Por isso, ela era chamada de festa joanina, e posteriormente se tornou junina por acontecer no mês de junho. Apesar dessa ligação ao calendário das festas católicas e aos dias dos santos, o costume de celebrar o mês de junho vem de tempos ainda mais remotos, anterior à era cristã. Originalmente, o evento era uma festa pagã que comemorava a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte. Transportada para o Hemisfério Sul, a data foi associada ao solstício de inverno. Na Europa os festejos do solstício foram incorporados à cultura de cada região. Em Portugal, país majoritariamente católico, os santos de junho foram incluídos nas celebrações. Das terras lusitanas, as tradições aportaram por aqui e ganharam outras cores locais. No Brasil a influência dos índios nas festas juninas fica evidente em suas comidas, como mandioca,

abóbora e batata-doce. No mês de junho é realizada a colheita do milho, por isso, é tão frequente o milho cozido, a pamonha, bolo de milho, e outros derivados presentes nas comemorações. Outro grande símbolo das festas juninas é a fogueira de São João. Segundo a tradição católica, ela surgiu na noite do nascimento do santo, quando sua mãe Isabel, teria mandado acender uma fogueira nas montanhas da Judéia para anunciar a chegada do filho ao mundo. Há quem diga também que o costume foi introduzido pelos primeiros cristãos, que acendiam fogueiras na festa de São João para lembrar que foi ele quem anunciou a vinda de Cristo, o símbolo da luz divina. A tradição ainda diz que a fogueira deve ser em forma de pirâmide com a base arredondada. Estes costumes não são exclusividades do Brasil. Na França, a árvore de São João também era queimada no dia 24 de junho, em frente à catedral de Notre-Dame em Paris. O povo disputava o carvão para guardar como amuleto. Em países cristãos da Europa a comemoração adota diferentes ritos e simbologias.

Colégio Notre Dame Local: R. Egberto Ferreira de Arruda Camargo, 151, Notre Dame. (19) 2138-8300 Data: 20 de junho Horário: 10h às 20h Entrada: R$ 20 (adquirido do dia 15 a 17/6), R$ 25 (adquirido nos dias 18 e 19/6) e R$ 60 (na data do evento) - alunos do colégio e crianças até 5 anos não pagam. Vendas: na sala da APM do colégio, apenas na semana do evento - de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h Casa de Portugal Local: Rua Ferreira Penteado, 1349, Centro – Campinas. (19) 3252-5752 Data: 13, 20, 27 de junho; 4 e 11 de julho Horário: a partir das 19h Entrada: gratuita

Colégio Coração de Jesus Local: Colégio Sagrado Coração de Jesus. Rua Madre Maria Santa Margarida, 270, Parque Nova Campinas – Campinas. (19) 3753-2400 Data: 20 de junho Horário: 12h às 20h Entrada: R$ 12

Segundo a tradição, a luz da fogueira era sinal de que João Batista havia nascido

Paróquia Dom Bosco Local: Vila Vitória. (19) 3226-5286 Data: 20/6 (na matriz), 12/7 (bingo de garrote), 25 e 26/7 (Festa com a comunidade São José) Horário: a partir das 20h30 (20/6), a partir das 13h (12/7); a partir das 19h30 (25/7) e a partir das 14h (26/7)


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Museus da cidade preservam memória e tentam resistir ao total abandono Campinas perde diariamente parte de sua história devido às precariedades dos prédios

Construções antigas, edificações tombadas e principalmente os museus de uma cidade, são grandes guardiões da memória e das tradições. Mas mais do que isso. São transmissores de informação e polos de pesquisa do lugar que se encontram. Para o historiador Américo Baptista Villela, há mais de 20 anos especialista de Campinas, “a importância fundamental dos museus é promover a guarda dos suportes materiais da memória e da história”. Dedicado na preservação de museus na cidade, Villela enfatiza que um museu não é apenas um espaço público para passeio ou lazer, o museu é muito mais do que isso. É a base para pesquisa e conhecimento. Na cidade de Campinas, são contabilizados certa de 14 instituições museológicas, sendo elas sete, de responsabilidade municipal, tais como o Museu do Café e o Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Infelizmente, não é só a história campineira que está diariamente perdendo seu valor devido às dificuldades passadas pelos museus. Os empecilhos, quase sempre imperceptíveis aos moradores da região, afeta a vida destes lugares de fora drástica, que pode levar inclusive a seu fechamento. Uma das razões pode ser o número alto de espaços destinados à preservação da história, comparado ao valor público destinado a eles. Segundo o Financiamento de Projetos Culturais 2014/2015 da prefeitura, da quantia de R$1.989.000,00 destinados a apoiar projetos culturais através do Fundo de Investimentos Culturais do Município de Campinas (FICC), apenas 2,26% fora separado a museus. Quer dizer, 14 instituições da cidade devem inscrever seus projetos e disputar um valor máximo de R$45 mil. Mas não é só isso. Para os museus de responsabilidade da prefeitura, ainda há a burocracia para conseguir um investidor privado, a falta de divulgação dos espaços, a especulação imobiliária e outros inúmeros fatores faz com que os museus Campinas fiquem como se encontram nos dias de hoje: às moscas, alguns quase que

Giselle Reis

Giselle Reis Jéssica Néspoli

Apenas 2,26% do Fundo de Investimentos Culturais são destinados aos museus prontos para fechar. Segundo Pedro Dias, o Museu da Imagem e do Som por exemplo, está bem diferente de sua época de escola. Com o passar dos anos o espaço apresenta hoje rachaduras visíveis, janelas quebradas e teias de aranha. A falta de

cuidado com a exposição é também visível.

Em meio ao caos, luz Felizmente, ainda existem aqueles que tentam ressurgir após uma morte lenta e dolorosa. Como é o caso do Museu da Cidade,

também de responsabilidade municipal. Considerado o mais antigo museu municipal de Campinas e com o mais vasto acervo de peças, ele nasceu entre 1937 e 1938 e inicialmente, sua sede ficava no Bosque dos Jequitibás. O local onde

se localiza atualmente foi estreado no dia 3 de abril de 1992. A antiga fábrica da Liedgerwood ficou fechada por algum tempo, e estava sendo protegida por um grupo de preservadores campineiros, entre eles o antigo prefeito da cidade, Toninho, até que foi destinado ao museu. Fechado deste 2010, o local ganha uma nova esperança com a criação da Associação dos Amigos do Museu da Cidade. Constituída por pessoas voluntárias, elas estão se organizando para auxiliar as ações que esse museu desenvolve. Segundo João André Brito, presidente da Associação, o grupo ainda não está legalizado no Cartório, mas eles já promovem encontros desde o começo do ano para discutir a melhor estrutura para o museu, assim como lutam para a preservação desse lugar. Por ter um acervo denso e muito antigo, os documentos estão passando por um processo de higienização para retirar fungos e bactérias que cresceram com o tempo. A fábrica que foi construída em 1887, apresenta problemas de estrutura como deficiência na rede elétrica e também de infiltração. Por isso hoje o acervo esta disponível apenas para pesquisadores e historiadores na Estação Cultura de Campinas. As peças e documentos só ficam disponíveis para estudos e visitas escolares apenas depois da higienização e retirada do museu. Esse processo não se dá apenas pelo aspecto físico do local, mas também após uma proposta de restauração da fábrica. Para isso, é necessário um procedimento legal visto que a antiga fábrica pertence ainda ao governo do Estado, mas a Prefeitura de Campinas tem os direitos sobre o lugar, tombado como patrimônio cultural da cidade em 1992. Para Américo Villela, que também é o responsável educativo do museu, a “montagem de exposições garante o fluir dessas peças históricas”, por isso é de vital importância que o museu volte a funcionar. Com a finalização das restaurações necessárias, o Museu da Cidade será reorganizado e poderá finalmente reabrir suas portas no final de 2016, voltando a ser parte do circuito cultural de museus de Campinas.


Esportes

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Clubes do interior paulista buscam alternativas para superar di�iculdades

Saiba+ buscou quatro tradicionais equipes de futebol da região e relatou seus problemas O Campeonato Paulista é conhecido por ser o mais disputado do Brasil, pois nem sempre os clubes da capital disputam o título entre si. Campeão no ano passado, o Ituano é um exemplo. No entanto, a maioria

dos clubes do interior passa por crises financeiras que abalam suas estruturas. O Guarani é um dos maiores, se não o maior atingido. Sem dinheiro, o único campeão brasileiro

do interior (ganhou a taça em 1978), está leiloando seu estádio. Enquanto isso, na cidade de Jundiaí, o Paulista, campeão da Copa do Brasil em 2005, sequer tem caixa para as despesas em viagens da equipe.

Rio Branco aposta em nova gestão

Lucas Badan Para superar a crise econômica que atinge a grande maioria dos clubes pequenos do interior, muito por conta da falta de apoio financeiro da Federação Paulista e de más administrações, o Rio Branco Esporte Clube, buscou algo diferente. O tigre de Americana, fechou no começo desse ano, uma parceria com o grupo Zaka Sports, que assumiu toda a responsabilidade pela gestão do futebol. Além disso, o clube já havia sanado grande parte das dívidas com a venda de sua sede social que se localizava na Rua Fernando de Camargo, onde existiu o primeiro estádio do Rio Branco. E já alguns anos, o tigre manda seus jogos no Estádio Décio Vitta que é de propriedade da prefeitura de Americana. Essa é a úni-

co apoio recebido pelo clube do poder publico da cidade. Apesar do ter liquidado todas as suas dividas, o clube afirma que a busca por um patrocínio continua difícil, é isso que conta o diretor financeiro Walter Bertels: “A procura por um patrocínio no início da temporada foi algo inédito na historia do clube com um projeto de expansão da marca indo muito além da camisa. Mesmo assim as empresas da região não apoiaram e camisa do time ficou sem patrocínio durante todo o Campeonato Paulista da série A2”. Para voltar aos seus momentos de glória, quando o clube chegou a revelar grandes jogadores como Flávio Conceição, Marcos Senna e recentemente Romarinho, foram feitas algumas contratações e dez jogadores permaneceram no elenco para a Copa Paulista deste ano.

Crise compromete Paulista em torneio Vinícius Whitehead Uma reunião no começo de junho definiu a participação do Paulista na Copa Paulista de 2015. Ao final do Campeonato Paulista da Série A2, no qual o clube de Jundiaí terminou na 11ª colocação com a menor folha salarial da competição, de 50 mil reais, a diretoria cogitou a desistência da competição em razão da falta de dinheiro em caixa e dos altos gastos em viagens. “Um clube de futebol não pode ficar sem jogar. Decidimos participar da Copinha com um time jovem, que vai ser preparado para a disputa da Copa São Paulo de Juniores e do Campeonato Paulista da A2 do ano que vem. Em princípio, não para disputar o título”, reconheceu o gerente de futebol Armando Bracali. Curiosamente, o dilema ocorre

próximo do aniversário de dez anos da conquista do título mais importante da história do clube: a Copa do Brasil, de 2005, que rendeu a participação na Copa Libertadores do ano seguinte. Para o futuro, o torcedor jundiaiense espera boas-novas: um grupo de empresários da cidade se reuniu e criou uma instituição sem fins lucrativos chamada “Novo Paulista”, que já administra o clube há alguns meses. Além de já ter fechado contratos de patrocínios pontuais, criado uma cesta de atletas e já arrecadado aproximadamente 700 mil reais para o clube, a meta agora é uma boa participação na Copa Paulista e o acesso à primeira divisão do futebol paulista, em 2017. Voos mais altos, com a volta da disputa em competições nacionais, só mais para frente. O momento é de pé no chão.

A reportagem do Saiba+ selecionou quatro clubes do interior paulista para desvendar as crises que passam pelos seus cofres. Além de Guarani e Paulista, o Rio Branco de Americana e a Internacio-

nal de Limeira estão entre os escolhidos. O Tigre está sendo administrado por uma empresa terceirizada, enquanto que o Leão limeirense se apoia no seu programa sócio-torcedor para sobreviver.

Guarani registra rombo de R$ 23 mi

Tiago Soares A situação financeira do único campeão brasileiro de futebol do interior, não está nada boa. O Guarani Futebol Clube, segundo o balanço anual disponível no site do clube, teve um prejuízo superior a R$ 23 milhões somente no ano passado, sendo que a receita é inferior a R$ 4 milhões e apenas o custo de mão de obra direta é de quase R$ 5 milhões. Os números demonstram uma má gestão administrativa no Bugre e esse é o setor que dá mais gastos aos clubes o montante de R$ 19 milhões, cerca de mais 4 vezes a receita total do clube. Para piorar a situação do clube a justiça garantiu o pagamento trabalhista aos credores com o Leilão do Brinco

de ouro. A juíza, Ana Cláudia Torres Vianna, do caso afirmou: “Depois de longas horas de audiência, os credores encontraram uma forma fazer o pagamento. A proposta de intenção de ficar com o Brinco e fazer o pagamento dos credores foi aqui. O arrematante esteve aqui, eles não acham viável o pagamento da forma que os credores aceitaram”. Com a venda do estádio para quitação das dívidas, pouco não deve restar muito nos cofres alviverdes para investir em infraestrutura e contratações de qualidade, assim os olhos da diretoria do Guarani deve seguir a política do bom e barato e ou dar maior apoio e incentivo para as categorias de base, que pode ser útil, também, para fazer caixa.

Inter bene�icia sócio-torcedor Mateus Bassi A diretoria da Internacional de Limeira visa, através do programa de sócios, beneficiar os torcedores adimplentes com o clube. De acordo com a assessoria de imprensa do time, o departamento de marketing do Leão - mascote e apelido do clube criou um esquema de sorteios de brindes para incentivar a paixão do torcedor que possui a conta em dia com a agremiação do interior paulista. Embora não dispute nenhuma competição oficial no segundo semestre deste ano, haverá o sorteio de prêmios como bicicleta, tablets e câmeras fotográficas digitais entre os meses de junho e dezembro. Segundo o assessor João Vi-

tor Fedato, o foco da ação é que a equipe mantenha a paixão do torcedor da equipe limeirense em dia. Atualmente com cerca de 300 sócios, a “Inter”, como é conhecida a equipe alvinegra, foi a primeira formação futebolística do interior do estado a se sagrar campeã paulista após bater o Palmeiras por 3 a 0 em setembro de 1986. De acordo com as informações de Fedato, o objetivo dos diretores leoninos é fazer com que o clube deixe de ser um mero coadjuvante e passe a brigar por títulos na próxima temporada. “Não podemos nos contentar com posições intermediárias. Por mais que às vezes a situação financeira não seja das melhores, devemos buscar algo a mais”, explica.


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‘Faria tudo de novo’, a�irma Fittipaldi sobre trajetória da Copersucar na F1 Equipe automobilística criada pelo bicampeão mundial e seu irmão durou oito anos

Em 2015 completam-se quatro décadas desde que os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi decidiram fundar a primeira escuderia brasileira da F1 – Criada em 1975, a Copersucar-Fittipaldi permaneceu na competição até o ano de 1982, acabando por falta de recursos financeiros e apoio. A primeira corrida da equipe que levava o nome da empresa estatal Copersucar (patrocinadora do projeto) aconteceu no GP da Argentina de 1975. Mesmo com intuito de valorizar o país sendo a primeira equipe nacional e com um carro com o motor feito no Brasil, o que mais se ouviu, foram as criticas. “Na época a mídia espe-

Foi um sonho realizado ter a minha própria equipe e correr por ela”

cializada apoiou, como o caso de Reginaldo Leme e Litto Cavalcanti, mas o problema era a não especializada que criticava muito e prejudicou na captação de patrocínios”, lembra Emerson Fittipaldi. O primeiro carro da escuderia foi o FD01. Esse guiado primeiro por Wilson, enquanto Emerson ainda estava na McLaren. Já em 1976, o bicampeão mundial decide largar a fortíssima e tradicional equipe, para dar inicio a um sonho que vai além do familiar. “Sempre foi equilibrado em um sonho de família, porque eu sabia que o Wilson não iria mais correr, e patriotismo, a intenção foi fazer algo do Brasil para o Brasil”, afirmou. DESEMPENHO DA COPERSUCAR Ao todo, foram 104 grandes prêmios disputados pela equipe. A melhor colocação, quis o destino que fosse exatamente em casa. Em 29 de janeiro de 1978, no GP do Brasil a Copersucar alcançou seu maior feito com Emerson Fittipaldi conquistando o segundo lugar, perdendo apenas para o argentino Carlos Reutemman, da Ferrari, em Jacarepaguá, no Rio de Janiero. “Foi muito emocionante por ser em casa e pelo fato de nenhum carro ter quebrado. Ganhamos de carros mais fortes, e só foi uma pena não termos vencido”,

Fotos: Henrique Guilherme

Henrique Guilherme Guilherme Ko�ales��

“Ganhamos de carros mais fortes”, lembra Fittipaldi sobre o GP do Brasil de 1978 lembra o ex-piloto. Além dos irmãos Fittipaldi, outros grandes nomes do automobilismo também fazem parte da história da equipe brasileira. Todos os modelos de carros foram desenhados pelo engenheiro e projetista Ricardo Divila, que também contou com a ajudo de Adrian Newey, hoje funcionário da equipe Red Bull

Racing (RBR). Fittipaldi na entrevista, ao lado dos modelos FD-01 e FD-04, que ficam guardados em seu escritório, lembra que Divila acabou ficando chateado com as declarações da imprensa, e hoje já não mora mais no Brasil. “O (Ricardo) Divila é um profissional extraordinário, e não é à toa que hoje está muito bem mo-

Bicampeão mundial de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi deixou a tradicional McLaren para correr pela Copersucar

rando e trabalhando em Londres. Não deram a ele o valor merecido, e ele acabou indo embora”, lamenta Emerson. Além de Ricardo, os pilotos Alex Dias Ribeiro, Ingo Hoffman, Keke Rosberg e Chico Serra, esse último que pilotou o último modelo da equipe, o F9, competiram pela Copersucar-Fittipaldi na F1. Mesmo assim, com todas as críticas, e levando aos trancos e barrancos sem a ajuda de patrocinadores, a escuderia conseguiu se manter até o final da temporada de 1982, quando no GP de Las Vegas, encerrava o sonho dos irmãos Fittipaldi e dos brasileiros que conseguiram ver o primeiro carro feito no país, participar por oito anos da maior competição de automobilismo do mundo. “Eu não me arrependo de nada, pelo contrário, faria tudo de novo. Foi um sonho realizado ter a minha própria equipe e correr por ela. Isso me proporcionou realizar dois sonhos, que além de correr pela minha própria equipe, me ajudou a abrir as portas para correr a Formula Indy e ganhar as 500 milhas de Indianapolis”, ressalta o bicampeão mundial da F1 e campeão e vencedor por duas vezes das milhas de Indianapolis da Indy.


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