25 Anos Diário de Viseu

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25.º Aniversário

os cidadãos de Viseu e Beiras e a promover um

O Diário de Viseu assinala hoje 25 anos de atividade. Foi a 2 de junho de 1997 que Adriano Mário da Cunha Lucas decidiu fundar o Diário Regional de Viseu. Um projeto que continuou o sonho de seu pai Adriano Viegas da Cunha Lucas, fundador do Diário de Coimbra, e que se juntou o Diário de Aveiro e o Diário de Leiria.E em boa hora o fez, como reconhecem os leitores e anunciantes, a razão da existência do Diário de Viseu que ao longo destes 25 anos procurou afirmar a coesão de um território marcado pela diversidade e pela existência de muitas fronteiras, algumas naturais. Mas também conhecido pela força das suas gentes, dos seus empresários, dos seus autarcas, dirigentes associativos, atletas, profissionais dos mais diversos setores de atividade. Uma força que a todos permite enfrentar as dificuldades, as contrariedades e até a falta de visão dos políticos que tanto falam do interior mas que, com honrosas exceções, pouco ou nada têm feito para o colocarem no centro da atenção que todos merecem.

Muitos foram os momentos a deixarem marca no território ao longo dos 25 anos. A Troika e os seus efeitos no país, a crise financeira e bancária, os grandes incêndios, a pandemia que paralisou a economia com um efeito arrasador nos órgãos de comunicação social devido à queda abrupta da publicidade. E quando começaram a ser dados sinais de recuperação e crescimento eis que a invasão da Ucrânia pela Rússia liderada por um louco para quem a vida humana não tem qualquer valor, volta a lançar nuvens de grandes preocupações sociais e económicas

sobre o mundo. E, de novo, a inflação, mas também a crise energética, o aquecimento global. Temas que têm necessariamente de estar no centro dos debates locais, nacionais e internacionais.

Mas tal como as gentes desta região marcadamente beirã, também o Diário de Viseu não conhece a palavra desistir e por entre alguns receios e muitas preocupações, vamos todos procurando alguma tranquilidade com muita esperança e vontade de dar a volta à realidade. Não sabemos o que por aí ainda virá. Mas sabemos que o Diário de Viseu irá manter, com o apoio dos seus leitores e anunciantes, a sua aposta de sempre: pugnar pela promoção dos territórios que a compõem e pelos esforços das suas empresas e instituições que procuram reescrever um futuro onde, cada vez mais, já nada será como era.

E, hoje, neste trabalho, bem como

que é único no país

capaz de oferecer experiências únicas e que é conhecido pelas suas riquezas naturais, pela sua história, pelos seus produtos únicos, pela sua gastronomia, pela sua qualidade de vida e segurança, então está criada a ementa certa para cativar e fixar pessoas e enfrentar de vez os problemas da desertificação e do envelhecimento.

com a conferência comemorativa do 25.º aniversário, “O futuro é no interior”, procuramos dar a voz aos assinantes que são a nossa força, aos empresários que contribuem para o desenvolvimento deste território, aos autarcas que se continuam a bater pela criação de melhores condições de vida para as populações dos seus concelhos, às mulheres e aos homens que assumem a responsabilidade por instituições que fazem a diferença na região.

E se não esquecemos quem cá está há muito tempo ou quem nunca de cá saiu, também quisemos homenagear aqueles que escolheram este interior para viver, trabalhar e formar família. É disso que todos precisamos, a capacidade de misturar a experiência dos mais antigos com as ideias inovadoras dos mais novos.

E se a esses valores juntarmos uma dose de paixão pelo que se faz e pelo que se quer para este território,

Mas é claro que também aqui o poder político tem de assumir a sua responsabilidade de uma vez por todas. Os nossos empresários e investidores, mas também a população desta região não podem pagar os altos custos da interioridade quando ela nos é imposta. E recusando a postura de “coitadinhos do interior”, todos quantos conversaram com o Diário de Viseu apontam o facto de Viseu ser a região que mais paga quando se quer deslocar para os principais centros urbanos, nomeadamente Porto e Lisboa. E não paga só em portagens, paga também em desgaste e em tempo .

É, pois, a esta força que o Diário de Viseu quer dar voz neste trabalho que assinala 25 anos a informar, a formar, a sensiblizar e a inspirar as populações desta região. Ninguém pode prever o futuro, mas o Diário de Viseu pode garantir que tudo fará para continuar a sua missão de uma forma independente, credível e íntegra.

Para tal, espera continuar a contar com os seus leitores e anunciantes, com os seus amigos, com a sua administração e direção que acreditam nesta equipa e na sua dedicação a um projeto que foi, é e continuará a ser uma marca genuína destes territórios.

informar
DIRETOR: Adriano Callé Lucas DIRETORA-GERAL: Teresa Veríssimo DIRETORES-ADJUNTOS: Miguel Callé Lucas, Eduarda Macário e Daniela Homem Pinto TEXTOS: Eduarda Macário, José Fonseca, José Alberto Lopes, Catarina Tomás Ferreira, Luís Miroto Simões e Alice Costa Santos FOTOS: Arquivo, Rui da Cruz e DR DESIGN GRÁFICO: Pedro Seiça PUBLICIDADE (vendas): Elsa Pereira, Lídia Saraiva, Luís Barros e Isaura Olivia PUBLICIDADE (composição): Carla Borges IMPRESSÃO: FIG - Indústrias Gráficas (Coimbra) TIRAGEM: 12 000 exemplares
25 anos a
território

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todos aqui é uma felicidade”

“Estarmos todos aqui é uma felicidade”. A frase, do diretor -adjunto do Diário de Viseu, Miguel Callé Lucas, aplica-se que nem uma luva naquilo que hoje queremos dizer a todos os nossos leitores e assinantes: Obrigada por nos terem ajudado a chegar até aqui. Obrigada por nos terem ajudado a crescer e nos permitirem crescer com todos vós. E, na verdade, “estarmos todos aqui é uma felicidade” e um sinal de que as dificuldades, sejam elas de que género forem, podem torcer mas não nos vergam. Foi com esse espírito que o Diário de Viseu foi conversar com 25 assinantes, alguns deles praticamente desde os pri-

meiros dias, e espalhados por todo o distrito de Viseu. Foram estes, podiam ter sido muitos outros, que continuam a acreditar no Diário de Viseu enquanto órgão de informação regional credível. Mas antes, conversámos com Fernando Ruas, o presidente da Câmara Municipal de Viseu, hoje e na altura em que nasceu o Diário Regional de Viseu, e que se recorda de uma reunião com o engenheiro Adriano Lucas, fundador do jornal.

“Recordo-me de alguns encontros que tive com ele e mais tarde com o sr. arquiteto Adriano Callé Lucas, e recordo-me muito bem da impressão altamente positiva que nos cau-

sava o diretor de então e de pensar que estava perante um homem de uma grande inteligência e visão”, lembrou Fernando Ruas ao Diário de Viseu, acescentando que recorda “a figura que, além de ser prestigiada, deixava transparecer essa qualidade”.

Quanto ao papel que o jornal representou na altura para a cidade e para o território envolvente, o autarca reconhece que se tratou “de uma ideia muito bem engendrada, porque foi e continua a ser um jornal que nos dá um conjunto de notícias nacionais que o cidadão espera e, depois tem uma parte principal dedicada ao local e ao regional”. “Hoje é evi-

equipa atenta e sensível”

dente que todo o cidadão que deseja estar informado das notícias da sua terra não deixa de ler o Diário de Viseu”, sublinhou, reconhecendo que “o trabalho desenvolvido é importantíssimo para a promoção e coesão deste território”.

Referindo que “o que não é noticiado não acontece”, Fernando Ruas acrescentou que “com a cautela e a isenção que os jornalistas põem no trabalho, o jornal é perfeitamente fundamental para difundir a nossa terra e informar corretamente os cidadãos”. “Todos nós usamos as novas tecnologias, mas folhear o jornal, sentir o papel na mão é bem diferente”, concluiu.

“É um jornal que chega a um elevado número de pessoas, pela sua longevidade e pelo bom trabalho que desenvolve. É o único que nos dá visibilidade, quer aos empresários, quer ao território”

“Sernancelhe é um concelho pequeno mas é para nós um orgulho quando o Diário de Viseu traz notícias da nossa terra e acaba por levar a nossa terra também aos outros concelhos”

“A nossa atividade é muito sensível e por isso gostamos de trabalhar com o Diário de Viseu. Algumas vezes são as famílias que nos pedem para divulgarmos os funerais no Diário de Viseu”.

Nova

Agência Funerária

A. Gomes, Lda, Sátão

“Somos assinantes, em primeiro lugar pelas revistas que fazem sobre as empresas, nomeadamente sobre as maiores empresas. Mas gostamos do trabalho que fazem em nome desta região, em particular de Lamego”

“Estarmos
“É um jornal que nos dá visibilidade”
Espelho da Pá, UNIP, Lda Vouzela
“É o único jornal que tenho”
“Uma
“Excelentes trabalhos”

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“Sou assinante do Diário de Viseu há mais de duas décadas, penso mesmo que desde o início e nunca interrompi esta nossa parceria. Recordome começar a pagar 55 escudos pela assinatura. Como eu gosto de andar informado acho que é muito interessante poder ler as notícias do nosso distrito e estar em cima dos acontecimentos, uns bons, outros maus, mas é assim a vida. Como tenho um café, os clientes também já não passam sem o Diário de Viseu”.

“Só posso aplaudir o trabalho que estão a fazer na promoção do território e na divulgação dos nossos projetos e dificuldades. Tenho várias assinaturas pois considero que, enquanto cidadãos, empresários e dirigentes associativos devemos andar bem informados. É acessível e tem uma boa distribuição, nomeadamente, em Viseu. É importantissimo esta região ter um jornal como o Diário de Viseu que ajudou a agregar o território do distrito, pois há muita gente aqui dos concelhos do Douro que se viram mais para Vila Real e para o Porto e o Diário de Viseu também nos tem ajudado a unir estes concelhos que pertencem ao distrito e levá-los a olhar de uma forma mais unida para os problemas que são comuns a todos”.

“Um parceiro há 18 anos”

“A proximidade que criam é excecional”

“Se não gostasse do vosso trabalho não era assinante. Sou leitor assíduo e gosto, principalmente quando promovem a nossa terra. Não há cliente que não pegue no jornal para ler”

Henrique Rodrigues, o rosto da Soveco, é assinante e parceiro do Diário de Viseu há 18 anos. Inicialmente por uma questão de promoção da sua empresa, mas depressa passou a ser uma companhia. Como explicou “o Diário de Viseu é o jornal regional onde gosta de fazer publicidade porque é lido por muita gente e chega a muito lado”. Reconhecendo que “o Diário de Viseu está a fazer um bom trabalho na promoção dos empresários e destes territórios muitas vezes esquecidos”, o empresário Henrique Rodrigues adianta sublinhando o facto do jornal “ter uma abrangência regional muito importante” e também “não esquecer o que se passa a nível nacional e até no mundo”. E perante as evoluções tecnológicas e digitais, que considera muito importantes, garante que “o jornal em papel não pode desaparecer”.

“Dou-vos os parabéns pelo trabalho que fazem na promoção das nossas terras. E, ainda que o receba às vezes com dois e três dias de atraso por culpa dos correios, continua a ser o meu jornal. Sou um apoiante incondicional de um jornalismo regional que promove os concelhos, o que os nacionais ou as televisões não fazem. Faz, por isso todo o sentido ter o Diário de Viseu para alertar para o que é preciso mudar. As empresas lutam sem igual, as acessibilidades são horríveis o que leva as pessoas a fugirem. Os governos não olham para isto e enquanto as pessoas recebem sem trabalhar não vamos longe. Há falta de mão-de-obra, os jovens fogem para o litoral e não se vê ninguém fazer o inverso para fixar as pessoas no território. As nossas aldeias estão praticamente desertas”

Nelson Castro Prorural Produtos Agrícolas, Lda São João da Pesqueira

“Comecei a pagar 55 escudos”
“O Diário de Viseu ajudou a agregar este território”
“É um jornal que nos dá visibilidade”

“Tenho ideia do fundador do jornal, o senhor Adriano Lucas que me contactou a apresentar o jornal. Assinei-o ainda na Rua do Gonçalinho e nunca mais o deixei. Nessa altura, como agora, o cliente vai lendo o jornal enquanto espera pelo arranjo. Ter um jornal da cidade e sobretudo diário, que nos traz também notícias de toda a região e do país, vale a pena ser assinante. Dou os parabéns pelo trabalho de informação que estão a fazer para bem de Viseu, de todos nós e da cultura também”

Ourivesaria Lifon, Lda Avelino Lima Viseu

“Somos uma empresa e, como tal, interessa-nos estarmos informados sobre o que se passa no distrito, seja a nível empresarial, como cultural. Assinamos o Diário de Viseu porque nos mantém a par do que se passa e dá-nos também muitas informações úteis”

Daniela Costa Arcelino Cardoso Costa, Lda - Tarouca

boa informação”

“Sou assinante por causa dos resultados dos jogos da AFViseu. Mas vocês falham nos distritais. Tirando isso fazem uma divulgação da região”

João José Soares Penalva do Castelo

a imprensa local”

“A imprensa regional como é o caso do Diário de Viseu, faz um trabalho muito bom na promoção dos concelhos,. E por isso defendo que a imprensa deve ser apoiada pelo trabalho de promoção e de informação. Nós somos parceiros neste caminho que não é fácil para ninguém”

Jorge Manuel de Sá Paiva Vila Nova de Paiva

clientes gostam de o ler”

“Como se trata de uma pastelaria, os clientes gostam de vir e pegar no jornal para lerem as notícias da terra”

Mário dos Santos, Carregal do Sal

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“Um bom serviço ao território”

“O Diário de Viseu está a prestar um bom serviço ao nosso território. Adoro pegar no jornal e ler notícias de Resende, mas também dos outros concelhos do nosso distrito. Quando temos notícias do concelho até mostro o jornal aos meus clientes”

Horácio Bernardino Pinto, Bernardinho e Filhos, Lda Resende

“Precisamos de tempo”

“Por aqui passamos os olhos pelas gordas ou quando uma notícia chama a atenção. Mas a reação dos clientes é boa ”

Arménio Pereira de Sousa, Lda, Tondela

“Ter notícias do distrito”
“Lembro-me de falar com o fundador”
“Apoiar
“Um
“Os

“Ainda o meu filho andava a estudar”

Gilberto Valdemar Pedro tem 79 anos e não se lembra de ser assinante de mais nenhum jornal que não o Diário de Viseu. Com alguma dificuldade em ouvir, foi a mulher, Maria Fernanda que nos afirmou que o marido “gosta muito de ler o Diário de Viseu porque traz informação de Viseu, de todo o distrito e até do mundo, agora com a guerra”. Recordando que ainda o filho andava na escola quando fizeram a assinatura do Diário de Viseu, Maria Fernanda afirma que “o jornal é uma companhia”

Esculca, Viseu

“Gosto muito de ler o Diário de Viseu porque me vai dizendo o que vai acontecendo por Penedono e pela região. Como tenho um café gosto muito de o por à disposição dos meus clientes pois muitos até vêm até cá para o lerem. Por vezes nem o consigo ler durante o dia e lá fico mais um pouco depois de fechar para o poder ler”

de parabéns pela qualidade”

“O papel do diário de Viseu no distrito é muito importante. Sou assinante e anunciante pois entendo que a parceria deve ser para os dois lado. É um órgão de informação muito importante porque divula o que acontece em Viseu mas também no distrito. Considero que estão no caminho certo pelo trabalho de qualidade. Estão mesmo de parabéns”

“Quando traz notícias do concelho esgota”

“Sendo o único diário na região é procurado por muitas pessoas que querem saber notícias das suas terras mas também dos concelhos vizinhos. Há pessoas que vêm comprar o jornal e às vezes até telefonam a mandar reservar sempre que há notícias que lhes agradam. A capa ajuda a vender e quando há destaque de uma notícia do concelho o jornal esgota sempre. Quando publicaram na capa a vitória do Miguel Monteiro esgotou e se mais houvesse mais tinha vendido”

Papelaria Adrião, Lda Mangualde

“O jornal é muito procurado”
“Estão

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“Um jornal atento”

“Normalmente leio mais em pormenor quando o jornal traz notícias aqui do concelho. Mas reconheço que o trabalho em prol do distrito é bom”

Grafinelas - Artes Gráficas, Nelas

Informações

úteis

aos leitores

“É muito a informação sobre os serviços prioritários e sobre as farmácias. E acabam por colocar o nosso distrito no mapa”

Clara Souza Castro Unip, Lda, Oliveira de Frades

a força da imprensa escrita”

“Fui eu que fui ao vosso encontro para ser assinante por entender, enquanto viseense, devo contribuir para que o Diário de Viseu se mantenha cá por muitos mais anos pois são a força mais expressiva da informação escrita. Fazem um excelente trabalho de formação e de informação, mas também de promoção destes territórios. No futebol, o Académico é a expressão da nossa cidade. Na informação é o Diário de Viseu”

“Mostrar que estamos cá”

“É o único jornal diário na região e também por isso é bastante importante para lembrar que estes concelhos existem. É bom ver notícias da nossa terra”

Família Flora Unip. Lda Sernancelhe

“São a nossa região”

“Comecei por ser assinante do Diário de Viseu quando estava ligado ao futebol. Depois deixei, mas continuei a receber e dou-vos os parabéns pelo bom trabalho que fazem”

Cândido Casimiro Alves Moimenta da Beira

“São

O SONHO DE UMAL JOVEM QUE QUER L SER AGRICULTORAL

Mudança Sandra Sofia Almeida tem 30 anos e começou a vida profissional ligada à restauração. Aos 26 anos, quando nasceu a filha, decidiu que queria mais tempo para a acompanhar fez uma mudança radical optando pela agricultura. E em boa hora o fez, como confessa por meio de um sorriso e entusiasmo contagiante

A viver no Sátão, acabou por instalar a sua “ainda pequena” (como lhe chama) exploração agrícola, no lugar de Pinheiro, no concelho de Aguiar da Beira, onde encontrou boas condições e incentivos por parte da autarquia. E assim nasceu a Quinta da Moranguinha, que só podia produzir morangos, claro está. Morangos deliciosos como a simpatia da sua produtora que é uma dos cinco vencedores, a nível nacional, da Academia do Centro de Frutologia Compal. E aos morangos junta-se também uma significativa produção de mirtillos que são vendidos para uma cooperativa da região.

O prémio da Compal distingue as boas práticas conducentes à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente. Mas também premeia a escolha pela agricultura e a visão quanto ao futuro do sector. Um futuro que Sandra quer que seja risonho mas que, como sublinha, não depende só de quem nele investe.

Ao Diário de Viseu, Sandra reconheceu que a agricultura não é um sector nada fácil, mas o seu entusiasmo e dedicação ajudamna a ultrapassar os obstáculos mesmo quando eles são impostos pela própria natureza, que ainda no ano passado lhe provocou alguns prejuízos, ou pelas limitações impostas a quem vive e investe num território do interior do país. Limitações que

Sandra põe ao nível da “falta de apoios para a agricultura, na falta de boas ligações aos centros de decisão e aos pontos de escoamento da fruta e nos custos extra como acontece com as portagens”. “Não estamos perto das grandes cidades o que nos facilitaria o escoamento das frutas e de todos os outros produtos existentes neste território, é verdade, mas nem de Viseu que é mesmo aqui ao lado”, sublinha.

Quanto ao território em si, garante que “há por cá muitas coisas boas para oferecer” e se é certo que “as oportunidades não são tantas como as que existem nos grandes centros urbanos, “também cabe a quem cá vive e a quem para cá quer vir, criar as suas próprias oportunidades e apostar”.

“Quando temos um sonho é natural tudo fazermos para o concretizar. E isso, com maior ou menor dificuldades, pode acontecer em qualquer ponto do país ou do mundo”, adianta Sandra reconhecendo, no entanto, que “se trabalhar na agricultura já exige uma enorme dedicação e abnegação, ser uma mulher agricultora então exige uma paixão reforçada”. E a sua, pelo entusiasmo com que fala e procura transmitir aos mais novos, não precisa de mais nada.

Mas, como diz o ditado, “uma andorinha não faz a Primavera “ e por isso Sandra defende que “há muita coisa a mudar neste setor,

nomeadamente ao nível das mentalidades, quer dos mais antigos quer dos mais jovens” e dos mitos que se foram criando à volta do setor agrícola. Desde logo, a ideia de que uma mulher também pode ser agricultora a tempo inteiro e ter sucesso nas suas apostas. Depois, mostrar-se que o setor agrícola é a base da economia portuguesa e por isso deve ser incentivado.

“Em tempos de pandemia, a agricultura foi dos poucos setores que não fechou e que contribuiu para que as pessoas tivessem que comer. E nem por isso foi mais apoiado ou reconhecido, pelo contrário, pois temo-nos deparado com imensos aumentos. As empresas fecharam e tiveram direito a apoios e os agricultores não tiveram direito a nada”, afirma, desejando que seja feita uma reviravolta no setor, desde logo a nível político.

E, ainda, mostrar aos mais jovens que a agricultura pode ser uma oportunidade na vida de qualquer família

contribuindo para cativar mais pessoas e com novas ideias para o setor. “É uma profissão como outra qualquer que tem de ser desempenhada com paixão”, afirma.

Defendendo que devia haver uma maior entre-ajuda entre os próprios agricultores, Sandra admite que o setor agrícola já não é, nem pode ser, o mesmo dos nossos pais e avós. “Hoje há outras respostas e também outras necessidades e nós temos que estar preparados para isso”, considera, reforçando a certeza de que “os aumentos de que tanto se fala nos produtos alimentares não estão definitivamente no produtor”, uma vez que os preços que lhe são pagos “são miseráveis, enquanto o preço final para o consumidor é um exagero”. Considerando esta realidade injustificável, a jovem agricultora entende que “o produtor deve ser mais valorizado e compensado pelo seu trabalho e pelos seus gastos”. “Mas para que isso aconteça nós também temos que lutar pelos

nossos direitos”, sublinhou. Colocados os prós e os contra na balança onde pesa os morangos e os mirtillos, Sandra Filipa confessa que também ela acredita que “O futuro é no interior”. “Concordo ple-

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namente e espero que, de alguma forma, as pessoas ao verem exemplos como o meu acreditem que o futuro é neste interior, mas com a consciência de que é preciso apostar nele”, afirmou, sublinhando que, “o cumprimento das responsabilidades do poder político para com este território só virá realçar o conjunto de vantagens que nele tem a vida”. “E os meios de comunicação também tem um papel muito importante na promoção das coisas boas que há neste território e na sensibilização dos políticos para que olhem para cá com outra visão e para este sector com outra atenção”, concluiu.

Enquanto isso não acontece, Sandra Filipa Amaral não vai baixar os braços, vai continuar a afirmar-se como uma mulher agricultora e, sempre com os pés bem assentes na terra (literalmente), concretizar o objectivo de crescer e afirmar o seu negócio no mercado local e regional, e por que não, no país.

Entrevista Investir em Viseu e na região, “mais do que uma obrigação, é e será sempre uma motivação natural”. Carlos Lemos e Aldina Coimbra, os rostos do Grupo Embeiral e Casa de Saúde São Mateus, reconhecem que estes projetos empresariais dão vida e visibilidade a este território do interior

O diário de Viseu, que aqui nasceu há 25 anos, acredita que "o futuro é no interior" E o grupo Embeiral?

Não podíamos estar mais de acordo

com o slogan que escolheram para a comemoração dos vossos 25 anos … “o futuro é no interior” ….pois para além de acreditarmos convic-

tamente nisso, somos orgulhosamente empresários de sucesso no interior. É habitual ouvirem o nosso presidente do Conselho de Admin-

istração, o meu marido Carlos Lemos, dizer “Viseu é a Minha Cidade e é aqui que me sinto bem! Investir em Viseu e na Região, mais do que uma obrigação é e será sempre uma motivação natural ….” E é isso mesmo que fazemos há 37 anos no Grupo Embeiral, e há 14 anos com a Casa de Saúde São Mateus Hospital.

Sentiu se alguma vez em desvan tagem por estar num concelho do interior do país?

O Grupo Embeiral tem 37 anos, a Casa de Saúde São Mateus comemorou “60 Anos em Saúde” em 2021.

Os nossos projetos empresariais são “projetos de vida” e por isso não desistimos, lutamos, criamos, investimos nas pessoas que connosco acreditam que é possível ter as suas carreiras profissionais aqui, no interior, connosco. A palavra certa pode não ser “desvantagem” porque isso poderia querer dizer que outros teriam “vantagens” à partida…. e isso eu não sei! O que nós sentimos é que é tudo “mais difícil”, aqui, no interior, a palavra certa talvez seja “Resiliência”! Resiliência na captação de negócio, na gestão das obrigações fiscais, na escassez de acessibilidades competitivas, e sobretudo na atratividade de jovens, de talento, de competência que é urgente fixar. Há muito por fazer, ou melhor há AINDA muito para fazer. Agora … isto pode ser visto de duas maneiras: - ou ficamos tristes e adotamos uma atitude de lamentações sem soluções, ou, olhamos para as oportunidades e marcamos a diferença nos sectores em que atuamos. E nós escolhemos a segunda via.Somos um dos maiores grupos empresariais no setor da construção da Região Centro, e o

“ESTAR NUM CONCELHO DOL INTERIOR NÃO TEM DE SERL UMA DESVANTAGEM, É PRECISOL É SABER TRABALHAR”L

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Hospital Casa de Saúde São Mateus uma referência de qualidade e excelência nos Cuidados de Saúde a todos os níveis. Portanto, estar num “concelho do interior” não tem de ser uma desvantagem, é preciso é saber trabalhar.

Sendo a saúde um dos pilares para a qualidade de vida, como caracteriza este território relativamente a este setor?

A cidade de Viseu e a região vizinha têm muita sorte pela qualidade do investimento privado que tem proporcionado, a par da estratégia de investimento público, naturalmente, o crescimento equilibrado das dinâmicas urbanas e cosmopolitas que hoje já nenhum de nós quer abdicar. Ser uma das melhores cidades para se viver em Portugal significa que aqui podemos encontrar todas as respostas para uma vida saudável, equilibrada, em família, com qualidade. Claro que, para este tema em particular, não posso deixar de destacar como foi determinante o investimento que realizámos na Casa de Saúde São Mateus. Um processo iniciado em 2008, muito difícil, num setor totalmente de sconhecido para nós, mas … lá está … ou encarávamos a dificuldade ou agarrávamos a oportunidade, e foi o que fizemos! Conseguimos oferecer à cidade de Viseu e a toda a região um hospital renovado, com 3 vezes mais área de serviços do que o projeto existente até essa data e com uma dinâmica organizacional que garante oportunidades de carreira a mais de 300 profissionais diretos e outros tantos parceiros e prestadores externos. É isto que os empresários fazem: investimento e criação de

emprego! É isto que o interior precisa, por isso, a captação de investimento para os nossos territórios tem de ser sempre uma prioridade. O poder político, autárquico ou governativo, tem essa obrigação, captar, atrair, impulsionar investimento privado, apoiar as empresas, porque o resto … fazemos nós! E bem!

De que forma podem os empresários contribuir para afirmar este o futuro neste território?

Já fui respondendo a esta questão, mas nunca é demais enunciar: os empresários que estão nas regiões do interior, como é o caso da região Viseu Dão Lafões, têm de continuar

a acreditar nas suas estratégias e lutar todos os dias num mundo globalizado, competitivo e cheio de dificuldades, as quais quando são de mais … têm de ser combatidas, denunciadas e anuladas. Eu defendo maior coesão setorial, os empresários unidos fazem mais e melhor por causas comuns. Seja no caso dos custos energéticos, seja no caso da interioridade associada à fraca rede de acessibilidades, quando lutamos juntos o Governo ouve-nos melhor! O interior precisa desta “união” para conseguirmos melhorar as condições necessárias para continuarmos a investir. Que ninguém tenha dúvidas … se os que cá estão não continu-

arem … será difícil garantir esse “futuro do interior” para os nossos filhos..

A região queixa se de que não é possível cativar e fixar jovens No caso da saúde, os médicos e enfer meiros Concorda?

Não nos podemos queixar! Temos uma grande equipa, jovens competentes, médicos especializados, enfermeiros com grande integridade, enfim … tal como disse …. Na Casa de Saúde São Mateus Hospital somos mais de 300 a “cuidar da sua Saúde”! É possível captar talento, precisamos de continuar a investir e continuar a apostar nas pessoas. As empresas não sobrevivem se não respeitarem estes dois pilares: investimento (recursos) e pessoas (capital). Já viu?

Não foi à toa que troquei as duas palavras, porque é assim mesmo que tem de ser . Para termos o capital humano connosco, temos de lhes fornecer os recursos certos que eles precisam. No Setor da Saúde é ainda mais evidente. Já viu algum médico fazer uma consulta hoje sem meios, sem tecnologia, sem recursos inovadores ou espaços bonitos? Por isso, mais uma vez, temos todos o nosso papel na fixação de jovens e de talento para o interior. Empresas, associações, escolas, autarquias, centros de saúde, hospitais, todos temos de dar o nosso melhor para que aqui queiram trabalhar e viver.

O que pode ser feito para alterar esta situação no interior do nosso país?

As pessoas só precisam que invistam nelas! Tal como nós estamos a fazer no Grupo Embeiral Construção e Embeiral Vida.

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A qualidade de vida que se ganha não tem preço....

Écom justificado otimismo que os habitantes das regiões do interior do país podem aguardar pelos anos vindouros. Afirmar que “o futuro é no interior” não é de todo descabido –mas sim um reflexo das oportunidades que se estão a abrir para as zonas do país mais afastadas dos grandes centros.

Os anos da pandemia trouxeram mudanças na forma como olhamos

para o interior. A escassa concentração populacional deixou de ser sinal inexorável de atraso para constituir fator de atração. Mais e mais pessoas ponderam trocar as grandes áreas metropolitanas pelas cidades médias – de que Viseu é um exemplo maior de sucesso – e, até, pelas vilas e aldeias mais afastadas. A digitalização do trabalho e dos serviços permite-o: todos conhecemos casos de quadros de empresas de topo e de profissionais liberais que realizam as suas tarefas de forma remota, à distância, conseguindo aliar o sucesso profissional a uma gratificação pessoal inigualável.

A qualidade de vida que se ganha com a troca não tem preço.

Não caiamos, no entanto, no erro de romantizar em demasia a vida no interior: não é um cenário idílico

para todos, persistindo muitos problemas por resolver. A desertificação e o envelhecimento da população são reais e causam dificuldades acrescidas, com maior necessidade de se criarem condições para fixar as pessoas. Melhorar a oferta na saúde e educação, entre outras áreas, é crucial.

Permitam-me um parêntesis para puxar a brasa à minha sardinha. A atividade turística tem sido essencial para o aumento da atratividade do interior, criando desenvolvimento económico e empregos, fundamentais para minorar o despovoamento. A gastronomia, as festas e tradições, o artesanato, os produtos endógenos, a natureza e o património do interior do país são mais-valias que merecem todo o reconhecimento. O Centro de Portugal – com os territórios de Viseu

Dão Lafões em destaque – é uma região particularmente rica a este nível.

Uma palavra final para a importância do “Diário de Viseu” neste cenário. É fundamental que as gentes do interior possam contar com uma imprensa regional forte. Uma imprensa regional que os informe e que, simultaneamente, informe o resto do país do que por aqui se passa.

Uma imprensa regional livre, independente, de qualidade, que faz da proximidade com os leitores o seu modo de vida.

Saúdo o jornal, na figura do seu diretor, Adriano Callé Lucas, a redação e toda a restante equipa pelos 25 anos de defesa da região. Que continuem o trabalho a todos os títulos exemplar é o que desejam todos os seus leitores.

Pedro

As Bodas de Prata do Diário de Viseu

ODiário de Viseu desafianos a acreditar que “o futuro é no interior”. É um mote bastante acertado para ser refletido e trabalhado durante o evento da celebração das suas bodas de prata.

No interior do país onde por vezes nos resignamos com aquilo que somos e temos, um território de gente honesta, trabalhadora, mas que sonha com um mundo melhor, onde todos tenham pão, emprego, habitação, procurando melhores cuidados de saúde e acesso à educação. Este meio de comunicação social regionalista, torna-se para os leitores, os empresários, os autarcas e para as instituições responsáveis pelo desenvolvimento do território beirão uma voz profética a reclamar uma sustentabilidade mais justa, digna e fraterna.

O futuro constrói-se a partir do interior de cada ser humano, aí encontra a génese geradora de uma nova fonte de comunicação, que o Diário de Viseu em cada dia desenvolve e procura inovar através da arte da ciência da comunicação.

Felicito o Diário de Viseu por viver

esta data jubilar, associo-me ao evento da celebração das “Bodas de Prata” do seu nascimento como órgão regionalista, atento às necessidades do interior. Nasceu, cresceu, cheio de esperanças num futuro próspero, ultrapassando dificuldades próprias atingiu a sua maturidade. Impõe-se no interior do país, como um Jornal de referência com desafios quotidianos. É uma sentinela vigilante no campo da imprensa escrita, em busca de mais investimentos no turismo, na agricultura, no vinho certificado, nos produtos endógenos, no termalismo e em tantos setores que desafiam o desenvolvimento da re-

gião. Esta é uma forma de lutar contra a desertificação no interior do país, criando novas realidades para a fixação das gerações mais jovens.

Parabéns ao Diário de Viseu pelos seus vinte e cinco anos de vida, parabéns à administração, aos jornalistas que diariamente procuram fazer chegar ao público das terras Beirãs um Jornal para todos, atento aos problemas reais do interior do país. Cada vez mais se torna urgente para um órgão de comunicação regional angariar novos leitores e assinantes. Não é fácil hoje para um Jornal cativar um público, que lhe dê sustentabilidade económica ren-

tável e credibilidade jornalística. Os meios de comunicação social regionais estão a passar por algumas dificuldades, quer sejam laicos ou de inspiração cristã, pois enfrentam hoje situações de sobrevivência real, diante de uma crise atual sem precedentes. Precisamos de inovar com criatividade no presente, um jornalismo capaz de criar no futuro notícias que interessem a todos.

Ultrapassando os desafios do mundo digital, o Diário de Viseu, procura resistir e adaptar-se com mensagens de esperança, temas atuais, artigos de opinião, notícias que em cada manhã vão ao encontro das necessidades dos seus leitores. Os jornalistas atentos aos mais diversos acontecimentos, oferecem-nos uma informação pertinente e cheia de desafios. O seu público formado de gente hospitaleira, de heróis, de pintores, de artistas, de homens de bem, de saber, de gente de cultura e de letras, peritos da comunicação e do jornalismo, fazem da imprensa escrita, um jornal de e para o povo.

As notícias, os factos, a informação são um fator cultural importante para formar, questionar e dar sentido crítico à vida presente de modo a construir a história de gentes que se orgulham de viver no interior do país. Parabéns ao Diário de Viseu pelos seus vinte e cinco anos de vida. Que o futuro seja próspero e cheio de ambições positivas, na defesa dos valores, dos direitos humanos e da promoção do bem comum, da justiça e da paz.

25.º Aniversário
D. António Luciano Bispo da Diocese de Viseu

É A PARTIR DE VISEUL QUE A VISABEIRAL CHEGA A 18 PAÍSESL

Entrevista O Grupo Visabeira é um mundo que dá mundo à região de Viseu. Fundado por Fernando Nunes, tem agora em Fernando Daniel Nunes um continuador apaixonado por este território, para o qual defende a aplicação de medidas “capazes de instigarem mudanças estruturais e mentais”.

O Diário de Viseu lança neste dia de aniversário o lema: "O futuro é no interior" De que forma podem os empresários e, em particular, um grupo como a Visabeira, contribuir para a concretização deste desafio? O Grupo Visabeira, ao longo dos seus 42 anos de idade, tem contribuído de forma inegável para o crescimento e desenvolvimento do interior. A Visabeira iniciou a sua atividade em 1980 no âmbito das infraestruturas de telecomunicações e energia em Portugal. Em 1989 foi criado o Grupo Visabeira que serviu de elemento agregador a um conjunto de empresas que já desenvolviam atividade operacional nas áreas do turismo, animação, imobiliária e indústria. Foi no interior que o Grupo Visabeira desenvolveu, nas primeiras décadas da sua atividade, um conjunto de negócios que qualificaram a oferta no território e simultaneamente geraram milhares de postos de trabalho. É a partir de Viseu que se organizam as equipas que pelo país fora e estrangeiro vão desenvolver as operações de telecomunicações, en-

ergia e construção. É também no interior que instalámos unidades industriais como a Cerútil (Sátão), fábrica de cerâmica utilitária e a MOB, a maior fábrica de cozinha a nível nacional. Também, no interior desenvolvemos a nossa oferta hoteleira, a partir de 1994 com a abertura do Montebelo Viseu e mais tarde com a entrada em funcionamento dos novos empreendimentos, Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa, Hotel Casa da Ínsua, Hotel Príncipe Perfeito e o Hotel Palácio dos Melos. Ainda, em 1996 inaugurámos um novos conceito comercial e de entretenimento, o Palácio do Gelo que mais tarde em 2008 evoluiu para o maior centro comercial da Região Centro e um dos maiores da Península Ibérica, o Palácio do Gelo Shopping. Embora, hoje em dia, com atividade diferenciada, não podemos esquecer o complexo The Day After que ao longo dos anos granjeou protagonismo a nível nacional. Apesar de estar atualmente presente em 18 países e colocar produtos em 134 nações, o Grupo Visabeira mantém

25.º Aniversário
Fernando Daniel Nunes

a sua sede em Viseu, onde concentra a administração e os serviços partilhados do grupo.

Sentiu se alguma vez em desvan tagem por estar num concelho do interior do país?

A maior desvantagem que sentimos ao longo dos anos, prende-se com a acessibilidade. Ainda hoje, a falta de uma ligação rápida e segura a Coimbra e a ausência do comboio em Viseu, condicionam a atratividade e a competitividade da cidade.

O que é que este território tem que deve ser usado para cativar em presários de outras regiões e países?

Entendo que as vinte e quatro propostas apresentadas pelo Movimento pelo Interior ao governo em 2018, consubstanciam um conjunto de medidas que ajudariam a mudar o paradigma do abandono e falta de investimento no interior do país. O conjunto das propostas, devidamente ativadas, produziriam efeitos

capazes de instigarem mudanças estruturais e mentais. Temos esperança que o Ministério da Coesão Territorial, liderado por alguém com um profundo conhecimento do território, possa vir a contribuir decisivamente para ultrapassarmos o estigma da dificuldade de investimento e atração do interior.

Alguns protagonistas da região queixam se de que não é possível

cativar e fixar talentos Concorda?

Na sua opinião, o que deve ser feito para inverter esta realidade? Essa situação é crítica, dado que sem inteligência e talento, o território terá dificuldade em afirmar-se. Para além, das medidas apontadas  pelo Movimento pelo Interior, nomeadamente, no que concerne à fiscalidade, educação, ensino superior e ciência, é necessário criar oportunidades de emprego com carreiras estruturadas

25.º Aniversário

e remunerações atraentes, compatíveis com as que são praticadas nos grandes centros. Por outro lado, Viseu enquanto cidade liderante, deverá desenvolver um plano estratégico para o desenvolvimento económico a médio prazo que integre as visões das empresas, associações empresariais, instituições do ensino superior, culturais, desportivas e de solidariedade social.

Mas também há quem aponte este interior como um território de opor tunidades É verdade que nos últimos tempos, o facto de vivermos numa região tranquila e segura começa a atrair os chamados nómadas digitais e  cidadãos nacionais e estrangeiros que procuram um ambiente mais descontraído para viverem. No entanto, estas características locais, por si só,  não são suficientes para a cidade e a região evoluírem e alcançarem as regiões mais desenvolvidas e competitivas do território nacional.

Conquistador da Terra e do Espaço, o ser humano, embora transmutado de nómada em sedentário, sempre se caracterizou pela migração ou constante deslocação territorial, causada por uma diversidade de fatores: económicos, securitários, políticos, religiosos, étnicos, etc. A história humana está marcada por múltiplos êxodos, e o nosso país constitui um excelente case study desse fenómeno. De facto, passando pelo êxodo rural que marcou a história dos séculos XIX e XX, acompanhando a Revolução Industrial, e desembocando, na segunda metade do século XX, e ainda mais próximo, nos primeiros anos da década em curso, nos vários e sucessivos fenómenos de migração, quer para o estrangeiro (emigração), quer dos campos para os cada vez maiores centros urbanos, em busca de melhores condições de vida, Portugal assistiu a uma movimentação hu-

mana do interior do país para o litoral, por aí se situarem as maiores cidades. Consequência inevitável desses fenómenos migratórios, o interior do país perdeu população e desertificou-se, e a população que ficou envelheceu. Como uma verdadeira cascata, essas realidades demográficas originaram, como é inevitável, um decréscimo da atividade económica e demais atividades à mesma associadas, assim se formando um ciclo vicioso que desembocou num país assimétrico. O “Relatório Final e Informação Complementar” apresentado pelo “Movimento pelo Interior” em maio de 2018 informa que cerca de 70% da população residente em Portugal situa-se na faixa entre 0 e 50 quilómetros contados desde o Oceano Atlântico, com uma densidade populacional média de cerca de 350

habitantes por /Km2, sendo a densidade populacional média do “interior” de apenas 0,28 habitantes por Km2. A faixa litoral do continente compreende 83% da riqueza produzida, 89% dos alunos do ensino superior e 89% das dormidas turísticas.

Também os Tribunais sentiram esse fenómeno, mostrando a atual organização judiciária dois tipos de Comarca: as maiores, e mais apetrechadas em meios humanos e materiais, no litoral, e as menores, sentindo cada vez mais a carência desses meios, no interior do país. A Comarca de Viseu padece destas maleitas da interioridade, caracterizadas pela distância entre núcleos e a carência de transportes públicos adequados, pelo envelhecimento progressivo de magistrados e funcionários, e pela dificuldade do seu

recrutamento. Imperioso é, portanto, repensar esta realidade, operando as devidas correções ao mapa judiciário, desde logo convertendo os Juízos de Proximidade de Resende e São João da Pesqueira em Juízos de Competência Genérica.

Um país de duas faces não pode ser o futuro, pelo que o interior tem de ser valorizado. Essa é uma obrigação de todos nós, chamando a atenção de quem nos governa para a necessidade de discriminar positivamente quem povoa o interior.

Façamos então uma nova reconquista do país, expulsando já não o invasor, mas sim o abandono e a desertificação.

Para tanto, o papel da comunicação social, e do jornal “Diário de Viseu”, revela-se indispensável. E se assim for, sim, o futuro é no interior!.

25.º
Aniversário
Rute Sobral Juiz presidente do Tribunal Judicial da Comarca de Viseu
“Um país de duas faces não pode ser o futuro, pelo que o interior tem de ser valorizado”

25.º Aniversário

Écom enorme gosto e satisfação que felicito o Diário de Viseu pela comemoração do seu 25º aniversário, recordando, que numa sociedade, os órgãos de comunicação social, por via da sua capacidade ímpar de difusão da informação, do conhecimento e de promoção da liberdade de expressão, desempenham um papel vital na construção de democracias fortes e plenas.

Nesse sentido, faço votos para que o Diário de Viseu continue o seu percurso de sucesso, enquanto uma publicação de referência em toda a Região Viseu Dão Lafões.

Ao longo dos seus 15 anos, a Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões tem-se assumido como um agente ativo na competitividade do território e na sua coesão económica e social.

Mais do que o caminho percorrido, o nosso foco está agora nos desafios e nas oportunidades que se

avizinham.

São vários os desafios que a região Viseu Dão Lafões vai ter que se defrontar, no horizonte temporal da década. O primeiro está relacionado com as pessoas, com a coesão social, com a saúde e com qualidade em todos os estádios de vida, e confronta-nos com a necessidade de restruturar demográfica e socialmente Viseu Dão Lafões. Atrair, captar e reter pessoas depende, em muito, da capacidade da região para continuar a gerar valor e oportunidades de trabalho qualificado, isso leva-nos ao segundo desafio que se prende com a competitividade que, por seu turno, requer uma disponi-

bilidade de recursos humanos e profissionais que as tendências demográficas começam a fazer escassear.

A transição verde, a sustentabilidade, a digitalização, as alterações climáticas e a economia circular levam-nos ao terceiro grande desafio.

A superação dos três primeiros desafios que se colocam à região dependerá, também, muito, da qualidade da governança, da capacidade para decidir e agir em redes colaborativas temáticas, tendo em conta as especificidades do território.

A governança, a inteligência ter-

ritorial e a capacitação institucional assumem, de facto, um papel fundamental na competitividade dos territórios. Ao longo dos anos, a Comunidade Intermunicipal, enquanto espaço sub-regional, foi capaz de lançar as bases de um relacionamento a várias escalas, que se veio a consubstanciar na criação e operacionalização de um conjunto de redes de cooperação Institucional, relevantes em várias áreas do desenvolvimento sustentável. Este ecossistema Institucional tem sido capaz de conceber, planear, executar e promover ações e projetos colaborativos, alinhados e articulados na resposta aos desafios do futuro. Muitos têm sido os projetos, em áreas tão importantes como a educação, a formação e a qualificação, a cultura, o turismo e os recursos, a mobilidade e os transportes, a proteção civil e a defesa da floresta, a coesão social, a modernização administrativa, apenas para citar alguns.

Pensamos, também, que a participação dos cidadãos no processo de decisão e também na implementação das soluções merece ser estimulada através de iniciativas e experiências piloto, designadamente com o recurso aos instrumentos proporcionados pela transição digital.Estamos, assim, convictos, que a Região Viseu Dão Lafões está, hoje, mais preparada para enfrentar os desafios do futuro e projetar-se nas dimensões nacional e europeia.

Nuno Martinho
da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões
“O nosso foco está agora nos desafios e nas oportunidades que se avizinham”

25.º Aniversário

Temos que dar respostas distintas às várias realidades

EEstamos, claramente, de há uns anos a esta parte, numa fase de mudança de paradigma. O conceito de Termas, como o conhecíamos, em pouco se assemelha à realidade presente.

As Termas são procuradas por pessoas com uma multiplicidade cultural, social e económica notória e, consequentemente, com perspetivas bastante diferenciadas no que se re-

fere à sua estadia. Temos que procurar corresponder e dar respostas distintas a estas várias realidades. A tendência da procura por Termas por pessoas de faixas etárias mais elevadas tem vindo a inverter-se, de forma significativa, e cada vez mais as águas termais são procuradas por pessoas com intervalos etários entre os 30 e os 50 anos e, obviamente, que o entendimento que as camadas mais jovens têm em relação a Termas é bastante diferenciado do dos utentes de faixas etárias mais avançadas. As expectativas são muito mais elevadas.

A grande maioria das estâncias termais situam-se em territórios do interior ou de baixa densidade, e são por isso um grande activo de dinamização territorial e económica. São hoje activos de atracção de vários públicos que disseminam riqueza pelo

território.

As Termas crescem ao ritmo do crescimento urbano, a procura termal e de lazer veio transformar a estância termal num quase resort termal. Os clientes não querem cingir-se à realização dos tratamentos termais, pretendem estar em movimento, anseiam conhecer, explorar, divertir-se, praticar desporto… conhecer e viver o território. Esse território único, equilibrado e sedutor que só o nosso interior tem

para oferecer.

Tendo isto em mente, conjugamos o que se considera um produto compósito, que é não mais do que aliar os tratamentos/ experiências termais à descontração e relaxamento, socorrendo-nos dos recursos endógenos disponíveis, formulando programas pensados de forma a aliar o tratamento do corpo e da mente numa simbiose perfeita. Fazer da nossa região um destino de saúde e bem-estar é cada vez mais o caminho.

Vitor Leal Termas de São Pedro do Sul

O AMOR TAMBÉML FIXA OS JOVENSL

Mudança Denise, de Lisboa, fazia o internato em Vila Franca de Xira quando o seu percurso se cruzou com um beirão nascido em Nelas. O amor aconteceu e o seu fruto, o Gustavo, já nasceu em Viseu, cidade que Denise adora mas à qual falta uma boa acessibilidade que a aproxime da terra onde nasceu, da família e dos amigos

Também se pode vir por amor para o interior. E as histórias são muitas. O Diário de Viseu conversou com Denise da Cruz, uma jovem, natural de Lisboa onde sempre viveu e fez todo o seu percurso académico bem como a primeira fase do seu percurso profissional enquanto médica, tendo feito o internato de Medicina Interna em Vila Franca de Xira, onde o seu percurso se cruzou com aquele que acabaria por a “desviar” para um território que não conhecia, no caso Nelas e Viseu, e muitos quilómetros de casa.

“Por brincadeira, costumo dizer que vim para Viseu por amor”. Uma frase que profere com um sorriso doce e meigo. Percebe-se facilmente uma das razões por que o jovem beirão se perdeu de amores. Denise vive em Viseu desde 2019 e quando perguntámos se já se arrependeu alguma vez, responde no imediato que não… “mas há alguns dissabores associados a viver em Viseu, nomeadamente a acessibilidade a Lisboa”.

“Eu acredito que seja a única capital de distrito sem uma ligação ferroviária ao resto do país o que é para mim um grande handicap”, afirma, adiantando que “outra limitação é o IP3”. Reconhecendo que percebe que “as decisões políticas foram sendo tomadas ao longo

dos anos talvez com algumas divergências que motivaram de certa forma algum isolamento que acaba por sentir na ligação à sua terra”, esta jovem clínica “Para Norte e para Espanha é fácil viajar, mas para ir a Lisboa e regressar a Viseu é que é mais difícil e se optarmos por outras alternativas como ir pela A25 até Albergaria e apanhar a A1 fica muito mais caro”, explica Denise da Cruz, garantindo que “este é mesmo o único dissabor associado a viver em Viseu”.

Quanto às vantagens, reconhece “que são inúmeras”. “Basta ver que em 10 minutos eu consigo estar em qualquer ponto da cidade, é muito mais fácil estacionar ao contrário do que acontece em Lisboa ou noutras cidades”. E, ao contrário daquilo que eu pensava quando comecei a vir mais a Viseu há muitas opções culturais, de entretenimento, muita oferta de restauração que não me fazem ter tantas saudades de Lisboa”, afirmou.

Perante as queixas generalizadas de que não é fácil cativar jovens, nomeadamente médicos, para este vasto território, Denise reconhece que as acessibilidades são sem dúvida uma limitação efetiva na hora de se escolher “além de que para que um jovem médico mude para o interior é preciso haver um aliciante”.

Denise da Cruz trocou a capital por amor e não se arrepende

25.º Aniversário

“No meu caso, foi a opção de constituir família aqui em Viseu, o que se tornou na motivação mais importante segundo os meus valores”, apontou, reconhecendo que “é muito mais fácil aqui do que em Lisboa”.

Por um lado, admitiu, “a oferta em termos sociais é muito boa, por outro, pela fácil acessibilidade mobilidade dentro da cidade que permite acompanhar o pequeno Gustavo, com a ajuda dos sogros, o que também acaba por ser um privilégio na vida da família.

“E depois Viseu é a cidade-jardim, com muitos locais para ir passear em família e brincar com o Gustavo, que tem um ano, e acaba por ser fácil aceder a esses locais que não estão sobre-lotados como acontece muitas vezes em Lisboa, e onde se vive um ambiente, de certa forma muito familiar e seguro”, sublinha a jovem mãe, acrescentando que “isso é sem dúvida o que mais valoriza” nesta mudança.

E se o amor e a vontade de constituir família em Viseu foram os dois motivos “de força maior”, as histórias e as memórias de infância do marido, “muito diferentes das suas”, também deram uma ajuda para convencer Denise a mudar-se para cá. “Uma infância que passou muito mais por atividades ao ar livre e por uma noção de segurança que eu não tinha. Aliás, eu lembro-me perfeitamente de todos os conselhos e advertências que os meus pais me faziam antes de eu sair de casa. E aqui não é necessário”, reforça, acrescentando um outro atrativo que é “o custo de vida”.

Para a jovem médica, “a possibilidade de ter uma moradia com jardim ao preço de um t2 de Lisboa contribui

para aumentar a qualidade de vida que carateriza o concelho de Viseu e a própria região envolvente”. Ainda que reconheça que “olhando a uma ou duas décadas atrás se note na cidade de Viseu uma inflação em termos de custos difícil de explicar”,

Denise garante que quando comparada com outras capitais de distrito, “os preços são muito acessíveis”.

“Mas infelizmente temos de admitir que por muita iniciativa privada que exista, se não forem criadas as condições em termos políticos é muito difícil fazer com que os sonhos se tornem realidade

Quando perguntamos se concorda que o “futuro é no interior”, responde sem hesitar que “o meu futuro e o futuro da minha família passam, sem dúvida, pelo interior”. “Mas no futuro talvez a grande limitação seja em termos académicos e se o Gustavo quiser tomar alguma opção académica que não seja possível aqui no interior ele terá de optar mais pelo litoral. A verdade é que daquilo que me vou apercebendo, vai havendo também algum investimento em áreas de tecnologias e engenharias aqui em Viseu e neste território”, sublinhou, reconhecendo que essa questão académica “não

“Mas infelizmente temos de admitir que por muita iniciativa privada que exista, se não forem criadas as condições em termos políticos é muito difícil fazer com que os sonhos se tornem realidade”, alertou, adiantando que “acredita que os próximos tempos não sejam propriamente fáceis, mas talvez sejam o mote para que algo mude” e nesse sentido afirma que “a opção de investir no interior é cada vez mais inteligente”.

Confessando-se “satisfeita por trocar Lisboa por Viseu, Denise garante que se sente em casa e que sente Viseu como a sua terra”.

será de todo uma limitação”. Especialista em Medicina Interna no Hospital CUF Viseu, Denise reconhece “que há um caminho”.

25.º Aniversário

A atuação policial é hoje mais exigente e complexa

trazia unicamente as notícias sob a forma de um pedaço de papel, nos tempos atuais este mensageiro passeia livremente no espaço virtual, bem como nos mais modernos sistemas de comunicações.

VVivemos atualmente tempos de forte incerteza e complexidade. São tempos de completa e vertiginosa fervilhação e volatilidade, muito distintos daqueles vivenciados por António Xavier Perestrello quando, em 1877, comandou a primeira estrutura da Polícia Civil em Viseu. Se nessa altura, Hermes levava e

Por outras palavras, a nova realidade está mesmo aqui, localiza-se no exato ponto em que nos encontramos, motivando que hoje a atuação policial seja, por um lado, mais exigente e complexa e, por outro, alvo de um maior escrutínio por parte dos diversos envolvidos e intervenientes, exigindo-se, também, que as polícias reflitam continuamente sobre mecanismos de melhoria e de controlo de qualidade.

De igual forma, estes são também tempos de afirmar a relevância do jornalismo, porque não há sociedade civilizada sem jornalismo de qualidade, independente e ativo. Na voz

autorizada de Gonçalo Reis, o jornalismo é, pois, um serviço público, sendo essencial o seu papel no escrutínio, na reportagem, na validação dos factos, no confronto de opiniões, no fomento dos debates, no hábito saudável de ser contrapoder, na investigação e na formação de pensamento.

Mas se a verdadeira liberdade de imprensa representa essencialmente uma manifestação de liberdade de expressão e de informação, importa, porém, não esquecer o verdadeiro drama que aflige a nossa sociedade e que se traduz em diferenciar a boa da má informação.

Mais do que nunca é cada vez mais importante sublinhar os valores fundamentais da boa informação: o pluralismo, a independência, o respeito pelo contraditório, a isenção, o bom senso e, logicamente, o humanismo.

Neste sentido, a PSP estará sempre disponível a partilhar conselhos de segurança e de prevenção da criminalidade aos cidadãos e conta com os órgãos de comunicação social para os divulgar.

A PSP também estará sempre disponível para prestar as informações necessárias, salvaguardando o segredo de justiça e a proteção de dados pessoais.

A comunidade pode contar com a sua PSP para melhorar a qualidade do serviço prestado aos cidadãos e como uma entidade credível que tudo fará para a sedimentação da qualidade de vida nas cidades de Viseu e de Lamego.

As edilidades municipais, as entidades religiosas, a comunidade escolar e todas as pessoas que vivem e trabalham na área da PSP podem contar com a sua Polícia!

Pedro Miguel Lopes Ferreira Lourenço de Sousa Comandante Distrital da Polícia de Segurança Pública de Viseu

demasia

Écom justificado otimismo que os habitantes das regiões do interior do país podem aguardar pelos anos vindouros. Afirmar que “o futuro é no interior” não é de todo descabido –mas sim um reflexo das oportunidades que se estão a abrir para as zonas do país mais afastadas dos grandes centros.

Os anos da pandemia trouxeram mudanças na forma como olhamos para o interior. A escassa concentração populacional deixou de ser sinal inexorável de atraso para constituir fator de atração. Mais e mais pessoas ponderam trocar as grandes áreas metropolitanas pelas cidades médias – de que Viseu é um exemplo maior de sucesso – e, até, pelas vilas e aldeias mais afastadas. A digitalização do trabalho e dos serviços permite-o: todos conhecemos casos de quadros de empresas de topo e de profissionais liberais que realizam as suas tarefas de

forma remota, à distância, conseguindo aliar o sucesso profissional a uma gratificação pessoal inigualável. A qualidade de vida que se ganha com a troca não tem preço.

Não caiamos, no entanto, no erro de romantizar em demasia a vida no interior: não é um cenário idílico para todos, persistindo muitos problemas por resolver. A desertificação e o envelhecimento da população são reais e causam dificuldades acrescidas, com maior necessidade de se criarem condições para fixar as pessoas. Melhorar a oferta na saúde e educação, entre outras áreas, é crucial.

Permitam-me um parêntesis

para puxar a brasa à minha sardinha. A atividade turística tem sido essencial para o aumento da atratividade do interior, criando desenvolvimento económico e empregos, fundamentais para minorar o despovoamento. A gastronomia, as festas e tradições, o artesanato, os produtos endógenos, a natureza e o património do interior do país são mais-valias que merecem todo o reconhecimento. O Centro de Portugal – com os territórios de Viseu Dão Lafões em destaque – é uma região particularmente rica a este nível.

Uma palavra final para a importância do “Diário de Viseu” neste

cenário. É fundamental que as gentes do interior possam contar com uma imprensa regional forte. Uma imprensa regional que os informe e que, simultaneamente, informe o resto do país do que por aqui se passa. Uma imprensa regional livre, independente, de qualidade, que faz da proximidade com os leitores o seu modo de vida.

Saúdo o jornal, na figura do seu diretor, Adriano Callé Lucas, a redação e toda a restante equipa pelos 25 anos de defesa da região. Que continuem o trabalho a todos os títulos exemplar é o que desejam todos os seus leitores.

25.º Aniversário
Pedro Machado Presidente do Turismo Centro de Portugal
A qualidade de vida que se ganha com a troca não tem preço. Mas não vamos romantizar em

O Futuro é no Interior... com o Ensino Superior

concretizador do Ensino Superior.

SSão diversos, em natureza e quantidade, os pergaminhos atribuídos e os valores reconhecidos ao Ensino Superior. A produção e disseminação da ciência, a inovação e o empreendedorismo, o produto cultural e a irreverência coletiva, a mobilidade e a internacionalização, a revitalização demográfica e a dinamização das rendas e do comércio... gravitam no interior do espaço

A Academia é uma incubadora e produtora diferenciada. A revisão sistemática do conhecimento e a capacitação técnica colocam os Estudantes e os Professores do Ensino Superior no compromisso e em desafios indexados ao progresso. Os ciclos graduados e pós-graduados configuram-se em Planos de Estudos que integram a evidência científica e as práticas conducentes ao exercício da atividade profissional.

Acresce que, a montante, o treino da consciência reflexiva, que concede a elevação à melhor condição de Ser, é promovida por esse tempo e espaço da construção do conhecimento e aprendizagem das boas práticas. Centrado na tradução e operacionalização das realidades, o Ensino Superior prioriza-se como o lugar onde, por concessão de uma Sociedade,

uma determinada época pode cultivar a mais lúcida consciência de si mesma.

Não desconsiderando todos os outros, este é possivelmente o “Ponto de Encontro” de maior emergência e grande benefício... de nós. O Diário de Viseu e Ensino Superior em Viseu a concorrerem de forma esclarecida e resiliente para a edificação de uma comunidade local e regional que, a partir de factos e de boas práticas, dos fundamentos onto-históricos da nossa matriz identitária, elevam à melhor condição: a saúde social e a qualidade de vida; o acolhimento e a integração; a proteção ambiental e a segurança; o desenvolvimento empresarial e o económico; a sabedoria intergeracional e a coesão do estadonação... Cumpre-nos ser fonte de estímulo e razão de espanto, no contributo para a elevação à melhor

condição de Ser, individual e grupal, porque o essencial está no Interior.

O Ensino Superior prioriza-se como o lugar onde, por concessão de uma Sociedade, uma determinada época pode cultivar a mais lúcida consciência de si mesma

25.º Aniversário
Paulo Jorge Alves Presidente do Instituto PiagetViseu

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O interior já não é mesmo de há algumas décadas

interior do país. Mas, para fixar e atrair pessoas, é indispensável dotar estas zonas de infraestruturas que assegurem um nível adequado de qualidade de vida. Ou seja, há que garantir emprego, saúde, educação e cultura.

No que diz respeito à saúde, é imperioso que haja cuidados de saúde de excelência e próximos da população.

MMuito se tem discutido e refletido sobre a coesão e desenvolvimento territoriais do país. Isto porque se pretende combater as assimetrias regionais, sejam elas sociais ou económicas, ainda existentes em Portugal.

Nos últimos anos, tem sido feito um grande esforço, no sentido de promover a fixação de população no

O Centro Hospitalar Tondela-Viseu tem vindo a contribuir, de forma indelével, para este desiderato. Além de assegurar uma vasta carteira de serviços clínicos, vai ao encontro da população, através de consultas de proximidade, serviços prestados ao domicílio e hospitalização domiciliária. O nosso hospital, com cerca de 2800 trabalhadores, garante a fixação de inúmeras famílias no distrito de Viseu e atrai muitos profissionais de outras zonas do país, a maioria deles

altamente especializados.

Hoje, o interior do país já não é o mesmo de há algumas décadas. Foram criadas condições para as pessoas usufruam de uma boa qualidade de vida, o que permite beneficiarem de ambientes menos poluídos, com mais espaço e tempo para se dedicarem à família e a atividades de lazer.

A presença de uma comunicação social credível e proativa é impres-

cindível para a confiança que população deposita no território que habita. O Diário de Viseu, referência incontornável na comunicação social nacional, tem-se empenhado incessantemente, nos últimos 25 anos, na promoção da Região. O futuro está no interior e o papel do Diário de Viseu será, como até agora, decisivo para que tenhamos uma sociedade mais justa, democrática e coesa.

Nuno Duarte Presidente do Concelho de Administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu

25.º Aniversário

“ESTAMOSL MUITO BEMLL ONDEL ESTAMOS”LL

Entrevista Luís Abrantes, o rosto da Movecho, com sede em Nelas, acredita “muito na nossa região, nos empresários e na capacidade de atração de investimento”. Mas reconhece que “fazer umas coisinhas por parte das identidades não é suficiente”.

O Diário de Viseu, que aqui nasceu há 25 anos, acredita que "o futuro é no interior" E o empresário Luís Abrantes?

É importante definir de que interior falamos. Não considero que Viseu seja assim tão interior, estamos a 45 minutos do mar, então o que dizer de Salamanca? Acontece que o pais está centralizado por opção e concentra a população junto á capital, os desequilíbrios são assim uma consequência natural, já a litoralização é perfeitamente nor-

mal num pais como Portugal. Acredito muito na nossa região, nos empresários e na capacidade de atração de investimento para o nosso interior. A cidade de Viseu tem muitas valias e capacidade para atrair e fixar pessoas.

De que forma podem os empresários e, em particular, uma empresa como a Movecho, contribuir para a con cretização deste desafio?

A relevância dos investimento de excelência e de futuro, potenciam

de forma holística em todos os sentidos. Estes projetos têm a capacidade (ainda que com muito esforço) de entusiasmar e encorajar mudanças.

Sentiu se alguma vez em desvan tagem por estar num concelho do interior do país, neste caso em Nelas? Não nos concentramos nas desvantagens, estamos muito bem onde estamos. Outros, em zonas à partida bem mais favoráveis também terão as suas desvantagens e os seus

problemas.

A ligação à Suíça facilitou o percurso da empresa?

Diria que todos os nossos clientes e mercados têm a sua quota parte de responsabilidade no nosso percurso, foram e são fulcrais, é com eles que fazemos o nosso caminho.

Alguns protagonistas da região queixam se de que não é possível cativar e fixar talentos, nomeada mente, os mais jovens Concorda?

Esse é um ponto em que certamente estaremos todos de acordo. A captação e fixação de talento é um desafio enorme para todas as empresas e não só em Portugal. Quanto mais interior e mais jovens mais dificuldade, faz parte. Aqui temos claramente de fazer um esforço adicional. Nesse sentido é essencial descriminar e incentivar positivamente, fazer umas coisinhas por parte das identidades não é suficiente. É necessário um esforço conjunto e sério.

Ou vê este interior como um território de oportunidades?

E porque não? Não faz sentido pensar de outra forma até porque já cá estamos, foi aqui que nos instalamos. Quem pensar em vir terá boas oportunidades, será certamente bem acolhido e vai encontrar as condições necessárias.

De que forma elas se apresentam? Isso depende da análise, da avaliação e das prioridades, cada caso é um caso. Não pretendo conjeturar sobre isso, as oportunidades existirão de acordo com cada um e os seus objetivos.

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O futuro do interior e a imprensa de proximidade

pelo combate à designada centralização, pela desigualdade de oportunidades, ou, entre outros fatores, pela diferenciação dos motores de desenvolvimento, com diminutos incentivos para a efetiva promoção das regiões do interior.

Falar do futuro do interior é abordar um conceito que continua a fazer sentido nos dias de hoje. Mas, procurar estabelecer fronteiras sobre a demarcação territorial do interior deixa margem para uma discussão mais alargada. No país com uma faixa de pouco mais de duzentos quilómetros, do litoral à fronteira terrestre, não devia ser pertinente continuar a travar uma batalha antiga. Mas é, como se comprova

De facto, esta discussão tem-se arrastado nas últimas décadas e persiste, sobretudo nos períodos eleitorais. As oportunidades impulsionadas pelos fundos europeus são canalizadas, maioritariamente, para projetos dos grandes centros urbanos, acentuando assim o desnível com territórios de baixa densidade. Porém, se analisarmos a situação de outros países europeus, grandes empresas e serviços públicos encontram-se dispersos por toda a área geográfica. Quando este modelo convencer os nossos decisores políticos será tarde demais, com o cres-

cente despovoamento, como mostram os últimos Censos 2021. E para ocorrer a esta situação, com o acentuado envelhecimento e maiores necessidades de apoio social, nem as instituições de solidariedade social, como as Misericórdias, terão recursos para responder às novas exigências da sociedade.

Neste contexto, ganha relevância o papel dos meios de comunicação regional e local. A “imprensa de proximidade” cumpre, em muitas situações, um serviço público que importa destacar e valorizar. Os meios de comunicação de âmbito nacional só pontualmente noticiam o que se passa nas regiões periféricas. Aqui, é na imprensa local que os leitores procuram informação sobre as áreas que afetam o seu quotidiano, sejam as inovações, os projetos, os agentes, os alertas, as inaugurações, a saúde, o

desporto, os eventos sociais e culturais, etc.

Significa tudo isso que o tratamento de proximidade constitui também um fator de identidade da região, contribuindo para a afirmação dessa identidade. Falar da imprensa de proximidade é, portanto, valorizar uma imprensa que serve o território do interior, bem como as gentes que ganham voz e se sentem representadas nestes órgãos de informação.

Neste âmbito, sendo o Diário de Viseu um caso de reconhecido sucesso, felicito a Direção do jornal e os seus jornalistas, pela ocorrência do 25º aniversário.

Adelino Costa Provedor da Misericórdia de Viseu

O património e a cultura como valores de futuro

trução da complementaridade peninsular. A discussão do país que somos e dos constrangimentos que temos e precisamos superar, tendo em conta os resultados do Censos 2021, relativos à demografia são uma dura realidade.

Desde o início do séc. XV até à segunda metade do séc.

XX Portugal construiu e defendeu uma perspetiva territorial atlântica e colonial. Em Portugal sempre houve a atração e a glorificação do mar. Falar de mar é falar da extensa costa atlântica e do litoral, que se afirmou, inevitavelmente, por oposição ao interior, portanto, implicitamente não glorificado e pouco atrativo.

Ao longo dos séculos, este facto, foi-se consolidando como uma visão dualista e redutora do pais, sem respeitar o significado geográfico do binómio concetual litoral/interior. Pela diminuta largura do pais faz pouco sentido falar de interior. Assim, o interior de Portugal é, acima de tudo, uma construção intelectual. Esta imagem foi criada e desenvolvida num momento político particular que tem a sua raiz nos Planos de Fomento do Estado Novo. Decorridos quase 40 anos da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE, 1985), o país ainda não desenvolveu uma estratégia europeia, alicerçada na cons-

A análise realizada por uma das mais conceituadas geografas nacionais, Fernanda Cravidão, tem a lucidez e a frontalidade com que precisamos de nos confrontar, quando refere: "Não bastam as políticas de natalidade”, “mesmo depois de ultrapassada a questão sanitária, da covid-19, só a imigração não irá resolver esta questão”. Concluindo “a primeira razão para a diminuição da população e para a sua distribuição pelo país é a questão estrutural da pobreza, numa parte significativa do território".

Num pais estreito e centralista, o interior mede-se pela distância a Lisboa e não á linha costeira. É necessário encontrar numa conceptualização adequada para, pelo menos, se poder enunciar corretamente os problemas. Ao longo das últimas décadas, as políticas públicas perspetivaram o pais como se a linha da fronteira continental fosse um muro intransponível e uma territorialidade finita e ainda não se ultrapassou este paradigma. Um contributo importante para contrariar esta tendência pode começar pela valorização da cultura e do património, não apenas pelo seu valor artístico, mas também pelo seu potencial de desenvolvimento. Isto permitirá a criação de

emprego e de crescimento em todas as regiões, principalmente as de baixa densidade populacional, através do crescimento das indústrias culturais e criativas e da conceção de novos produtos e serviços. Caso contrário em poucos anos veremos desaparecer, irremediavelmente, artes, ofícios e tradições que definem as vivências da população. Afortunadamente o património está distribuido por todo o território e precisa apenas de ser valorizado. O turismo, especialmente o cultural, desenvolvido a partir dos valores patrimoniais e paisagísticos deve ter uma importância crescente e pode ser decisivo, quando desenvolvido em estreita articulação com a valorização e integração dos produtos locais, como a gastronomia, os vinhos, os eventos identitários e

as paisagens. A maior atratividade destes territórios e o desenvolvimento do turismo têm também a capacidade de desenvolver, de forma sustentável, outras atividades económicas.

A criação de riqueza e o dinamismo económico das áreas patrimoniais e culturais são fatores determinantes para reforçar a capacidade destes territórios para atrair e reter população e conhecimento. A estratégia para o seu desenvolvimento deve estar orientada para o espaço ibérico, promovendo o planeamento integrado e a cooperação transfronteiriça, assim como o investimento na melhoria das ligações ferroviárias e rodoviárias dos territórios confinantes com Espanha, de modo a que o futuro seja também no interior.

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Odete

Ahistória do desenvolvimento económico e social em Portugal após o 25 de abril é a de um relativo sucesso, apesar de nos últimos 20 anos não termos crescido mais do que a uma anémica taxa média anual de 0,5%, incapaz de suportar as políticas distributivas que o nosso país precisava de desenvolver.

Pior do que isso, o grau de desenvolvimento conseguido foi muito desigual em termos territoriais, designadamente entre o litoral e o interior (Definição cf. a Portaria 208/2017). Um litoral que representa menos de 1/3 do território, mas 80% da população, 83% do PIB e 89% dos estudantes do ensino superior. Um litoral que nos últimos 70 anos aumentou a sua população em 52%, em contraste com um interior que perdeu 38%.

A fim de quase 50 anos de regime democrático, é mais do que tempo de nos interrogarmos porque é que temos hoje um país muito mais desequilibrado internamente e porque é que no conjunto ficámos a marcar

passo face à dinâmica de crescimento e desenvolvimento da generalidade dos nossos parceiros da União Europeia.

Haverá certamente abordagens plurais e muito respeitáveis para responder a tal questão. Pela minha parte não tenho dúvidas de que este bloqueio no desenvolvimento do nosso país tem a ver com o facto de não ter evoluído no seu modelo de governação centralista.

Assistimos ao longo destes anos a várias iniciativas para defender um desenvolvimento territorial mais equilibrado e harmonioso, a última das quais se traduziu no notável documento do Movimento pelo Interior, apresentado em 2018. Foram propostas que, parecendo revolucionárias, são simples na sua substância: discriminação positiva nas diferentes políticas públicas. O que aconteceu a estas propostas foi, rigorosamente, o mesmo que aconteceu às anteriores: caíram no saco roto do esquecimento.

Sim, o futuro passa pelo interior, pois não é possível sermos um país avançado com tamanhos desequilíbrios territoriais. É fácil dissipar as dúvidas, analisando o que se passa no espaço europeu: os países mais desenvolvidos e territorialmente equilibrados são os países descentralizados; os maiores desequilíbrios estão em Portugal, Grécia e nalguns países do Leste, que permaneceram amarrados a modelos de governação centralizada.

Porquê ter autarquias regionais? Porque as regiões têm uma dimensão territorial que permite definir estratégias de desenvolvimento, decidir sobre afetação prioritária dos recursos, competir saudavelmente com outras regiões para atrair investimentos, mobilizar os agentes no terreno e lançar dinâmicas de desenvolvimento. Coisa que os municípios, pela sua escala de ação local e limitada, não têm nem poderão ter. Ou seja, têm escala e poder de realização. Não têm que pedir nada a ninguém.

Importa, porém, sublinhar que a criação de autarquias regionais não é incompatível com um poder local forte. Pelo contrário, é da eficácia na execução das competências de cada nível que resulta o sucesso do processo de desenvolvimento.

A regionalização está cristalinamente prevista na Constituição da República Portuguesa (CRP) ao prever no seu artigo 235 que “A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais” e no artigo seguinte que “No Continente as Autarquias Locais são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas”.

Aquilo a que temos assistido ao longo do nosso regime democrático é que, infelizmente, a lucidez e vistas largas dos nossos deputados constituintes não tiveram sequência nas décadas seguintes. Pelo contrário, tem sido sistematicamente boicotada, naquilo que o Prof. Diogo

Freitas do Amaral na sua última aula chamou de flagrante inconstitucionalidade por omissão.

Em síntese, o interior só será futuro se formos capazes de adotar um novo modelo de governação, baseado na descentralização de funções do Estado central para as autarquias regionais. De contrário, com cada vez menos gente, não tem poder para influenciar as políticas públicas a seu favor. A favor do próprio país.

25.º
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Não é possível sermos um país avançado com tamanhos desequilíbrios territoriais
Arlindo Cunha Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão
A fim de quase 50 anos de regime democrático, é mais do que tempo de nos interrogarmos porque é que temos hoje um país muito mais desequilibrado internamente (...)

Decididamente o meu futuro foi no interior

Lembro-me há cerca de 22 anos questionar-me acerca do meu futuro e se esse passaria pelo interior. Após concluídos os estudos universitários e com propostas bastantes aliciantes para rumar a vários pontos do país fora do meu interior, tomei uma decisão bem diferente de todos os meus amigos de então… se bem me lembro se não fui o único, poucos fomos.

Hoje claramente não me arrependo, decididamente o meu futuro foi no interior.

Desenvolvi a minha atividade profissional onde nunca faltou oportunidades e de certo modo permitiu-me continuar ligado aquilo que até hoje faço com demasiado gosto e dedicação, ser bombeiro.

Parece irreal, mas pesou muito na minha decisão de então o gosto pelos os bombeiros e a sua causa, ficar seria permitir poder continuar a ser e fazer aquilo que tanto gostava, ser bombeiro … obviamente a vida assim me permitiu, tal como a minha formação académica, conciliada com a minha profissional …

se ganhei ou perdi, desconheço, mas sei que se aceitasse o desafio de abandonar o meu interior, hoje claramente não estava ligado e empenhado a uma das coisas que desde miúdo aprendi a gostar e ainda mais a nunca abandonar… os bombeiros.

Desde então e porque tudo também se alterou e mudou desde então neste mundo dos bombeiros e que em nada difere do nosso interior para o resto do país. Acabei por me dedicar a querer saber mais, ser melhor, fazendo parte de um enorme grupo de homens e mu-

lheres que pretendem a toda a hora prestar um melhor socorro e contribuir a todo o momento para que os bombeiros sejam referência. Numa caracterização bem diferente do antigamente, até porque os tempos assim o impõem ... trabalhando para que se altere o paradigma que voluntariado não é amadorismo, e que hoje os corpos de bombeiros são ricos nas suas fileiras de homens e mulheres de elevado e reconhecido valor.

O interior perde cada vez mais jovens e ganha população cada vez mais envelhecida, sem que muitas

vezes existam oportunidades, claramente quanto a isso, o interior pode não ser futuro … preocupame se o futuro é no interior para a minha filha, para os meus jovens bombeiros e para tudo aquilo que permita dar vida e o dinamismo necessário que necessitamos a manter vivo estas terras e suas gentes.

Mas apesar de tudo continuo a acreditar que sim … o interior é futuro e decididamente pode haver futuro no interior … assim acreditei e hoje continuo no meu interior a lutar pelo seu futuro.

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Guilherme de Almeida Presidente da Federação dos Bombeiros Voluntários do Distrito de Viseu

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FIXAÇÃO DOS NOSSOSL COLABORADORESL NO INTERIOR TERÁL DE SER UMA MISSÃO”L

Entrevista A empresa Rui Costa e Sousa & Irmão, também conhecida como “O Sr. Bacalhau”, nasceu em Tondela e rapidamente se afirmou no mercado nacional e em alguns países fora da União Europeia. Rui Costa acredita que é possível pôr o interior no centro das preferências se o país assim o quiser

O Diário de Viseu, que aqui nasceu há 25 anos, acredita que "o futuro é no interior" E a empresa Rui Costa e Sousa & Irmão?

A Rui Costa e Sousa & Irmão, SA acredita que o interior é um desafio que o país tem de prosseguir. O que vai fazer diferença, no futuro, relativamente ao passado, é a capaci-

dade das empresas fixadas no interior, serem capazes de criar, atrair, fixar e se desenvolveram no propósito de se expandirem para o mercado global.

Sendo o sector alimentar marcado pela concorrência, sentiram se al guma vez em desvantagem por estar

num concelho do interior do país? O presença  da Rui Costa e Sousa & Irmão, SA estende-se pelo interior, onde se situa a sua sede e fábrica, em Tondela, ao litoral onde se situam duas fábricas na Gafanha da Nazaré, internacionalizou para Brasil, EUA e Noruega. As desvantagem não se fazem sentir num grupo com pre-

sença geográfica e distribuição, em todo o mundo.

De que forma podem os empresários contribuir para afirmar o futuro nestes territórios?

Investindo em infraestruturas, valorizando a qualidade de vida dos seus colaboradores e respetivas famílias.

Alguns protagonistas da região queixam se de que não é possível cativar e fixar talentos, nomeada mente, os jovens Concorda?

Uma maior coesão territorial e atração de jovens para o interior terá de começar pelo ensino. Acreditamos que a qualidade de vida que as localidades do interior oferecem poderá ser um dos luxos dos próximos anos. No interior, há capacidade de gerar qualidade de vida e de atrair e fixar população mais jovem que procura estilos de vida mais saudáveis, menos stressantes.

O deve ser feito para alterar esta situação?

A fixação dos nossos colaboradores no interior terá de ser uma missão: valorizar o balanço entre a vida pessoal e o trabalho, teletrabalho quando possível e envolvimento comunitário. A fixação dos nossos colaboradores no interior tem a ver de certa forma com princípios dos quais não abdicamos. Reconhecemos territórios mais autênticos, pessoas mais genuínas, com riquezas naturais e culturais que contam muito na equação da qualidade de vida que procuramos para as nossas pessoas e para a nossa equipa.

“A

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Apostar no interior é garantir o futuro do país

Em boa hora decidiu o Diário de Viseu posicionar no centro da discussão o futuro das regiões de interior. Um país que não saiba valorizar o seu interior, é um país que põe em causa o seu próprio futuro. Esta é, pois, uma discussão essencial e que fazia falta.

Apesar das dificuldades acrescidas, e dos inegáveis custos da interioridade, as regiões mais afastadas do litoral apresentam hoje um dina-

mismo que é de saudar. O interior tem hoje uma qualidade de vida que suscita inveja nas grandes zonas metropolitanas, graças à segurança e tranquilidade com que aqui se vive. A nível das infraestruturas, há um caminho positivo que está a ser seguido. Regra geral, o interior dispõe hoje de boas acessibilidades, que colocam estas regiões mais perto dos centros de decisão.

Mas não tenhamos dúvidas: se o interior tem futuro, é graças aos seus empresários que, com resiliência, coragem e muita teimosia, continuam a apostar nestes territórios. Sublinho a importância para este processo dos empresários da restauração, hotelaria e similares, que tenho a honra de representar. As empresas ligadas à atividade turística têm a capacidade –que não é devidamente valorizada –de fixar pessoas nos territórios. Em

vastas áreas do país, em muitas vilas e aldeias, são mesmo as principais empregadoras e as mais importantes geradoras de riqueza. Constituem motores de desenvolvimento local e regional insubstituíveis.

No entanto, não se pode exigir ao setor privado que carregue nos ombros toda a responsabilidade pelo futuro do interior. O esforço dos empresários de nada servirá se não estiver inserido numa estratégia de desenvolvimento global, que junte o setor público, associações, autarquias, populações e estado central. O interior só tem futuro se remarmos todos para o mesmo lado.

É de louvar, a este nível, o trabalho efetuado pelo Diário de Viseu. Ao longo dos seus 25 anos, o Diário de Viseu tem-se assumido como um defensor intransigente dos territórios de interior e das suas atividades eco-

nómicas. É um jornal que tem sabido estar com os empresários, que dá o destaque merecido às suas atividades, e em que os viseenses, e os portugueses em geral, sabem que podem confiar. É uma voz do interior insubstituível e que merece os mais rasgados elogios. As minhas felicitações a toda a equipa que o produz!

(...) se o interior tem futuro, é graças aos seus empresários que, com resiliência, coragem e muita teimosia, continuam a apostar nestes territórios.

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3XL: UMA MARCA NA SEGURANÇA DO TERRITÓRIO E NO PAÍSL

O Diário de Viseu, que aqui nasceu há 25 anos, acredita que "o futuro é no interior" E o empresário Fer nando Marques?

Estou de acordo. O futuro tem de passar pelo interior necessariamente e já se nota essa tendência por parte de alguns empresários no setor do turismo, agrícola, inovação, pelo menos essa tentativa, embora ainda haja muito a fazer. Necessitamos

de um melhor planeamento estratégico para o interior e de apoios financeiros.

Sendo a segurança um dos pilares para a procura destes territórios para viver e investir, como caracteriza este território?

Trata-se de um território com pouca criminalidade associada a pobreza pois existe uma maior atenção e en-

treajuda entre comunidade e as instituições. Isso traduz-se numa maior confiança e tranquilidade entre a população e consequentemente melhor qualidade de vida.

Sentiu se alguma vez em desvan tagem por estar num concelho do interior do país?

Não sinto, podemos facilmente operar em todo o país a partir do inte-

rior. No entanto os custos com deslocações nomeadamente combustíveis e portagens têm atualmente um peso bastante desfavorável.

De que forma podem os empresários e, em particular, uma empresa como a 3XL, contribuir para afirmar o futuro no interior?

Desde logo a criação de postos de trabalho e salários justos permite a fixação de pessoas e famílias no interior. A prestação de serviços em todo o País também nos dá a possibilidade de dar a conhecer a nossa empresa e assim mostrar que é possível as empresas terem sucesso no interior e desta forma incentivar novos empreendedores a fazer o mesmo, ou, pelo menos despertar esse interesse. Consideramos ser importante a promoção ou contribuição das empresas em iniciativas culturais, de bem-estar social e de apoio aos jovens.

Alguns protagonistas da região queixam se de que não é possível cativar e fixar talentos, nomeada mente, os jovens Concorda?

Nem sempre é fácil arranjar candidatos para todas as ofertas de trabalho. Por vezes os salários abaixo da média nacional, motivado pela impossibilidade de implantação de economias de escala, ou a falta de cuidados de saúde, oferta cultural e de ensino são impedimento para que jovens famílias se fixem no interior. Para além disso não nos podemos esquecer que a população portuguesa está envelhecida e que a falta de mão-deobra é um sério problema transversal a todo

o país. Entrevista Fernando Marques, o fundador da 3XL – Segurança Privada em Viseu, reconhece que trabalhar hoje no interior não é uma limitação embora admita que há custos da interioridade desfavoráveis aos investidores.

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CUF: um parceiro para a região

traduziu-se na disponibilização de cuidados de saúde diferenciados e de excelência aliados a elevados níveis de conforto e qualidade de serviço, complementando, assim, a oferta de serviços de saúde já prestados na região.

nica CUF até à abertura do novo hospital.

Com 77 anos de experiência na prestação de cuidados de saúde em Portugal, a CUF está hoje presente de norte a sul do país, com uma rede de 19 hospitais e clínicas, tendo como ambição contribuir para a criação de valor nas comunidades onde se encontra, incluindo as da região Centro, onde chegou em 2015.

A chegada ao Centro do país, inicialmente com o Hospital CUF Viseu,

O investimento realizado no Hospital CUF Viseu, no pólo do Contact Center da CUF, instalado na mesma cidade, e mais recentemente no Hospital CUF Coimbra, permitiram criar postos de trabalho qualificados, contribuindo para o aumento dos índices de empregabilidade na região. Hoje, colaboram com a CUF mais de 1000 profissionais, em Viseu e Coimbra. Adicionalmente, o futuro Hospital CUF Leiria, que irá nascer em 2025, com um investimento previsto de 50 milhões de euros, irá criar mais de 300 postos de trabalho. No final deste ano, Leiria contará já com uma Clí-

A CUF tem vindo, desta forma, a consolidar a sua posição como um dos principais empregadores da região, procurando, igualmente, afirmar-se como um parceiro estratégico na retenção de talento e no desenvolvimento profissional da população ativa da região centro.

A criação de condições para aumentar a atratividade da região e a fixação da população no interior do país é uma das nossas motivações. Neste contexto, reforçamos o compromisso de continuar a contribuir para o desenvolvimento sócio-económico de uma região que, por si, já apresenta elevado dinamismo e dispõe de recursos humanos muito qualificados e motivados para contribuir para a afirmação da região. Continuaremos a estar ao lado de quem

nos procura e a ser um parceiro de referência para as entidades locais nas comunidades onde nos inserimos.

A criação de condições para aumentar a atratividade da região e a fixação da população no interior do país é uma das nossas motivações.

Maria João Germano Administradora dos Hospitais CUF Viseu e CUF Coimbra

O interior tem um papel importante no futuro

lhar!

Ofuturo é no interior. Esta afirmação não significa que todo o futuro passe pelo interior, mas o interior tem um papel importante nesse futuro.

Fazendo um olhar crítico, tendo por base a minha experiência profissional, existem muitas oportunidades para os jovens conseguirem encontrar um rumo profissional e fixarem-se no interior. Basta terem a formação certa e vontade de traba-

Com uma idade similar à do Diário de Viseu, a Escola Profissional Mariana Seixas tem contribuído, nas últimas duas décadas, para a formação, com qualidade, de jovens que se fixaram nas suas localidades, no interior do país, muitos deles com a criação do próprio negócio.

Este papel da Escola Profissional Mariana Seixas assenta no tema comum ao seminário comemorativo do 25.º aniversário do Diário de Viseu, "O futuro é no interior", pois o papel da EPMS é estar ao serviço de uma comunidade e é para ela que deve trabalhar, ajudando a construir os alicerces do “dia de amanhã”, incutindo, nos seus alunos, gosto na realização de projetos visando a participação em projetos e concursos que, para além de estimular o trabalho em grupo, abre portas e dá-lhes oportu-

nidades de conhecerem outras realidades e experiências e desenvolvem competências pessoais e sociais que lhes vão ser muito úteis pela vida fora, tais como o trabalho, o rigor, a determinação e a criatividade.

Também o Diário de Viseu tem um papel a desempenhar para que o futuro seja no interior. Mantendo a pertinência, atualidade, seriedade e imparcialidade que lhe são característicos, terá o papel de continuar a divulgar, reconhecer e potenciar as oportunidades, as boas práticas e os excelentes recursos humanos que estão fixados no interior e que acrescentam valor à nossa região e que garantem que o tema deste aniversário do Diário de Viseu, "O futuro é no interior", seja, já no presente, uma ideia sólida e promissora.

Parabéns ao Diário de Viseu pelas suas Bodas de Prata e que continue a

acrescentar valor à nossa cidade e região!

(...) existem muitas oportunidades para os jovens conseguirem encontrar um rumo profissional e fixarem-se no interior.

25.º

25.º Aniversário

UM CASAL QUE ESCOLHEU O INTERIOR PARA SER EMPRESÁRIO”

Entrevista “O Dão como paixão. A Serra da Estrela como visão. A Quinta do Ribeiro Santo o meu chão”. É desta forma que o empresário, que começou por ser (e é) enólogo, Carlos Lucas, explica o seu amor por este interior e para o qual exige as mesmas condições e oportunidades de outros territórios portugueses.

O Diário de Viseu que aqui nasceu há 25 anos acredita que “O futuro é no interior” E o empresário Carlos Lucas?

Eu também acredito e sou um defensor do interior, e da regionalização, desde que acabei a minha via universitária. Eu sou de Coimbra, a minha mulher é de Braga e decidi-

mos, na altura quando casámos, viver para Nelas e hoje, em Carregal do Sal, na nossa quinta do Ribeiro Santo. E escolhemos o interior não só pela minha profissão obviamente, pois sou enólogo e tenho uma actividade agrícola grande, mas a minha mulher, que é engenheira geógrafa e que chegou a estar ligada à

Universidade de Coimbra, fez a sua mudança para uma vida neste território. Não temos sequer aqui família. A minha mulher é professora do secundário e lembro-me da minha filha aos dois meses ficar num infantário porque não tinha os avós por perto. Ou seja, somos daquelas pessoas que vieram para o interior

e que sobreviveu perfeitamente e que adora pois podemos rodear-nos daquilo que verdadeiramente nos dá prazer como os cães, temos sete, as galinhas, a floresta, a vinha, a horta. Sou enólogo de formação, tirei o curso de engenharia agrícola mas não sou sequer de uma família de agricultores. A minha família é de comerciantes ligada ao negócio em Coimbra, desde a Lugrade, a Nutriva, às pastelarias Vasco da Gama, à Práxis, dos quais eu me dediquei à agricultura e decidi vir para o interior da nossa região. Lembro-me de fazer muitas vezes a estrada de Nelas para Coimbra ainda antes do IP3, por Penacova. Somos, pois, um casal que escolheu ser empresário e arriscar toda a sua vida no interior e em boa hora o fizémos. Sou como disse um defensor do interior e tento trazer para este território, inclusivamente, para os quadros da minha empresa pessoas de fora, desde estrangeiros até portugueses que vivem fora do interior.

Muitos empresários e dirigentes as sociativos queixam se que não é possível cativar os nossos jovens e trazer novos talentos? A sua experi ência diz que não é bem assim Na verdade diz. Eu acho que se podem cativar talentos e eu tenho-os na minha empresa vindos de fora quer do país, quer da região. Neste momento, o número 3 da minha equipa de enologia, é um miúdo com 25 anos, o Bernardo Santos, que veio há quatro anos de Leiria. Tenho a Vera que veio de Celorico de Basto, a Catie que veio de Portalegre.

“SOMOS

Como é que os cativa?

Cativo-os com bons salários e boas condições, dou-lhes a possibilidade de viajar e de fazerem coisas que gostam, porque trabalhar eles vão ter sempre que trabalhar pois aqui temos muito que fazer e temos que ser resilientes. Não escondo que associado à remuneração está associado também um conjunto de atractivos que faz do interior para eles uma porta de trabalho e uma rampa de lançamento também. Obviamente, que como sou um empresário reconhecido nesta área da enologia e a empresa é vista a nível mundial, acaba por ser também um ponto importante nos currículos deles. Mas não escondo que estamos com falta de mão-de-obra e aí não tem que ver com quadros, portugueses ou estrangeiros, mas com recursos humanos. Tínhamos aqui uma enóloga que era polaca tivemos no ano passado uma jovem de Marketing que era russa que decidiram regressar aos seus países. Também

é porque estamos a crescer e ao crescermos precisamos de mais mão-de-obra disponível e não há, o que tem a ver com a falta generalizada que todas as empresas estão a sofrer um pouco por todo o lado.

Criou a sua marca neste território? É verdade. Eu comecei muito novo a trabalhar na área dos vinhos. Fui o primeiro enólogo da região a tempo inteiro, alguém com formação para fazer vinho nesta região, e comecei a trabalhar na Cooperativa Agrícola de Nelas contribuindo para a sua projecção. E depois fui fundar em conjunto com outros sócios a empresa Dão Sul que depois acabou por ter a Casa de Santar, onde fui administrador e sócio. Em 2011 decidi fazer a minha própria empresa, a Magnum - Carlos Lucas Vinhos, Lda, que assenta na Quinta do Ribeiro Santo, uma das marcas hoje mais badaladas na região do Dão.

Na região e no mundo?

Sem dúvida, uma vez que fazemos 66% para exportação. Somos uma das empresas da região que mais cresceu na pandemia exactamente fruto desses meus contactos a nível internacional. Crescemos em 2020, em 2021 e vamos já este ano com um crescimento acentuado que sofre também por falta de matérias-primas, nomeadamente, garrafas de vidro e caixas de cartão e se não crescermos mais é porque não conseguimos obter matéria-prima para trabalhar. Esta é de facto, uma marca que exporta cada vez mais pelo seu prestígio internacional. Pode encontrar a marca Ribeiro Santo desde o restaurante de Barn Brands, em Londres, até em ruas restaurantes de Piccadilly, em Toronto, Helsínquia, Berlim, Frankfurt, São Paulo, Montevideu. Pode ir pelo mundo fora que encontra a marca Ribeiro Santo.

Sentiu se alguma vez limitado por estar num concelho do interior? Posso dizer que sim que me sinto

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limitado. E não é pelo território que escolhi para viver e investir. Eu não sou político, mas sinto o poder político não olha para quem investe e dedica a sua vida ao interior. E começa por se fazer aqui alguma diferenciação e uma segregação das empresas do interior. Repare, eu pago, de várias maneiras para sair e para regressar a minha casa. Pago pela deslocação, pelo gasóleo e pelo tempo que perco nas deslocações quer para Lisboa, quer para os aeroportos pois estamos a falar de uma empresa que exporta. Sofremos imenso por neste momento o próprio aeroporto do Porto não ser um aeroporto com rápida saída para o mundo porque temos que ir para Lisboa, deixar o carro dias seguidos a pagar taxas elevadas. Não há nada que apoie os empresários, inclusivamente com as ligações. O próprio IP3 é limitativa e ainda há dois meses esteve fechada durante meses em que para nos deslocarmos para Lisboa, para o Porto ou para Coimbra

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demorava cerca de duas horas. Há uma segregação. E esse sofrimento agrava-se de dia para dia porque não é igual para um empresário que está no Litoral e um outro que está no interior. E não há também nenhuma diferenciação por isto acontecer. Eu acho que de facto, os políticos têm muita culpa. Quando nós temos uma limitação de deslocação diferenciada para quem vive no litoral que chega a ter duas autoestradas paralelas e quem vive nos territórios de interior como nós estamos aqui em Carregal do Sal, Tábua, Oliveira do Hospital ou vamos pela A25 e pagamos portagens no que é uma fatura imensa quando queremos vender, ou circulamos por vias como o IP3 e somos limitados pelo tempo que se demora e pelo desgaste. Eu considero que teria qde haver rapidamente uma distinção por os empresários investirem no interior.

De que forma pode ser feita essa

distinção?

Eu não sei, mas tenho muitas ideias que poderia dar a quem as quiser ouvir. E penso que como eu tenho tantas, certamente qualquer pessoa inteligente nos nossos governos, e não estou a falar neste em concreto, mas dos vários que por lá já passaram, poderia criar essa diferenciação.

Pode avançar com uma ou duas dessas ideias?

Posso. Por exemplo nos impostos associados à aquisição, nomeadamente para instalações pois pagamos exactamente o IMT que paga qualquer outra região do país. Posso darlhe o exemplo das derramas, da isenção das portagens na autoestrada, a criação de um imposto específico para as empresas que estão fora do interior. Não estou a dizer para nós pagarmos menos, mas entendo que as outras que estão fora e tem outras condições, paguem mais. Certamente que esses em-

presários que me lêem não estarão de acordo, mas nós sofremos mais com essa deslocação.

O programa Portugal 2030 vai pôr o foco nas empresas, existindo uma diferenciação entre empresas do in terior e dos outros territórios Con sidera importante o apoio dos fundos comunitários para os nossos em presários?

Eu acho que é muito importante. Eu sou um usuário dos fundos e sempre que posso recorro porque entendo que eles são aprovados nós termos acesso a eles. Aliás, sou reconhecido por bons cumprimentos em todos os programas a que me candidato e, obviamente, que gostaria de ver mais distinção inclusivamente, para empresas agrícolas. Neste momento, toda a gente percebe que estamos a sofrer a falta de alimentos, não só em Portugal, mas no mundo, e por isso mais uma razão para que os políticos olhem para o interior de Portugal, desde a

nossa região até ao Alentejo que tem áreas imensas para produção de cereais, por exemplo, de vinho, queijo, azeite e que não está a ser, nem nunca foi, aproveitado nesse sentido. Se eu quiser ir comprar uma herdade ao Alentejo para produzir cereais eu não tenho nenhum incentivo e o imposto sobre a aquisição do imóvel vai ser extamente o mesmo que paga alguém que comprou um imóvel em Lisboa. Então para que é que eu vou gastar o meu dinheiro a comprar num imóvel cuja valorização não será tanta se eu não tiver rentabilidade em vez de o aplicar na compra de um prédio com vários apartamento em Lisboa. Portanto, esta distinção não ajuda a que haja um investimento claro nestes territórios, nomeadamente, na parte agrícola que é, ao contrário do que se procura passar, a base de toda a economia portuguesa. E neste momento, percebemos que afinal alguém falhou.

25.º Aniversário

Os municípios - câmaras e juntas de freguesia - são os verdadeiros representantes do poder perante as populações. Municípios liderados por homens e mulheres que conhecem as necessidades dos seus territórios e o que é melhor para as suas gentes. É neste sentido que hoje, e neste trabalho alargado de aniversário, damos voz aos 25 presidentes das câmaras a quem desafiámos a dar-nos as suas receitas para garantir que o futuro seja neste território do interir. Um território pertencente à tradicional província da Beira Alta. Limita a norte com o distrito do Porto, o distrito de Vila Real e o distrito de Bragança, a leste com o distrito da Guarda, a sul com o distrito de Coimbra e a oeste com o distrito de Aveiro. São 24 concelhos que integram a região Centro composta por 77 municípios e que constituem a NUT II - “Nomenclatura das Unida2des Territoriais para Fins Estatísticos.

Com o evoluir dos tempos, estes municípios foram divididos por quatro comunidades intermunicipais sendo as maiores a CIM Viseu Dão Lafões - que ganhou ao distrito da Guarda o concelho de Aguiar da Beira - e a CIM Douro

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o distrito de Viseu, que possui 24 municípios, perdeu, em dez anos, 26.061 pessoas, um recuo global de -6,9% para os 351.592 residentes registados nos Censos deste ano.

Tabuaço, concelho do nordeste do distrito de Viseu, perdeu 1.311 pessoas desde 2011 (um em cada cinco residentes, -20,6%), possuindo agora uma população de 5.039 pessoas. Caiu para o antepenúltimo lugar dos municípios menos populosos de Viseu, só acima de Vila Nova de Paiva (4.660 pessoas, menos 10% de população) e Penedono, o município com menos gente (2.731 pessoas) dos 24 que compõem o distrito, e que, ainda assim, caiu -7,5% nos

últimos dez anos.

Em sentido contrário à tendência de perda de população, que assolou 22 municípios em Viseu, estão a capital de distrito (subiu 0,4%, ganhando 419 residentes para 99.693), e o concelho de Sernancelhe, que ganhou 42 residentes em dez anos, um aumento de 0,7% e agora com 5.713 pessoas.

Para além de Vila Nova de Paiva, os concelhos de Armamar, São Pedro do Sul, Castro Daire e Tondela per-

deram, desde 2011, cerca de 10% da população residente (entre os -9,8% e os -10,4%), enquanto Sátão, Resende, Cinfães e São João da Pesqueira estão também no lote de municípios com redução populacional de dois dígitos, entre -11,4% e13,9%. Uma diminuição transversal a todo o país - embora mais sentida nas zonas do interior - que tem 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, segundo os resultados dos censos 2021.

25 municípios, 25 parceiros do Diário de Viseu ao longo de um caminho nem sempre fácil para todos
Aguiar da Beira

Em Viseu, ostentamos com orgulho o título de “Melhor Cidade para Viver”. Esta é uma linha que orienta o trabalho do Município no presente e no planeamento futuro, com vista a garantirmos a prosperidade do concelho, o seu desenvolvimento e afirmação no interior do país, como território de excelência.

“Assimetria” é uma palavra que marca fortemente a realidade atual do interior, mas é também uma realidade que temos vindo a combater com convicção. Queremos que o interior tenha voz e não se resuma somente a ecos. Queremos ser essa voz e esse farol, esse território de oportunidades, de investimento, promotor de qualidade de vida. Não é por acaso que os dados demográficos fornecidos pelos Censos 2021 destacaram Viseu pela positiva. A realidade é que o concelho cresceu ao nível populacional. Não são resultados imensamente expressivos, mas refletem um caminho e uma aposta coesa e incontornável no crescimento e valorização do concelho, quer do ponto de vista económico, social, cultural ou turís-

tico.

Somos hoje um concelho que estimula e promove a captação de empresas e investimento; um concelho cuja qualidade das suas instituições de ensino atrai jovens e forma recursos humanos de excelência; um concelho que aposta na reabilitação urbana sustentável e que estende já o conceito de reabilitação ao território rural; um concelho com políticas fiscais amigas das famílias.

Se o futuro é no interior? Sim, claro. Ou, se assim lhe quisermos conferir outra força, o interior é o futuro. É sob esse desígnio que traçamos a nossa ação e concertamos as nossas políticas, em consonância e com o apoio da CIM Viseu Dão Lafões e da CCDR-Centro, entidades

25.º Aniversário

cujo papel é também aqui fulcral para que esta voz seja cada vez mais audível.

Estou certo que o futuro trará novos desafios e mudanças – a própria conjuntura mundial assim dita -, mas Viseu será sempre um território-luz no interior de Portugal. Somos – e queremos continuar a ser –um concelho para todos: a “Melhor Cidade para Viver”.

Se o futuro é no interior? Sim, claro. Ou, se assim lhe quisermos conferir outra força, o interior é o futuro. É sob esse desígnio que traçamos a nossa ação e concertamos as nossas políticas.

A construir o presente, de olhos postos no futuro
Fernando

A importância da imprensa regional e o futuro no interior

ferenciam.

Queremos ser visitados pelo património histórico que nos identifica, mas também pelos recursos naturais, através dos nossos percursos pedestres, das magníficas paisagens ou pela experiência de uma provas de vinhos do Dão.

Ofuturo do interior representa, cada vez mais, um exemplo de desenvolvimento sustentável integrado, progressivamente mais ligado à inovação, ao fortalecimento do empreendedorismo, e da fixação de população, sendo simultaneamente um território que oferece qualidade de vida e bem-estar às suas populações.

Temos connosco um conjunto de parceiros empreendedores, empresas competitivas e inovadoras.

Somos cada vez mais um concelho atrativo, em termos socioculturais, com excelentes ofertas educativas e sociais e uma política de habitação

em franco desenvolvimento. Assumimo-nos como um território que preserva e valoriza a sua identidade cultural, reforçando as suas raízes e tradições. É nosso intuito dar a conhecer e potenciar os recursos endógenos que nos distinguem e di-

A comunicação social regional tem um papel fundamental neste percurso. É através dela que se dão a conhecer os projetos, iniciativas culturais, políticas, desportivas, educacionais, entre tantas outras, possibilitando que as pessoas participem e estejam integradas no que é desenvolvido no território que lhes pertence. Só com o acesso à informação é possível que a população tenha um papel ativo e participativo.

Felicito o Diário de Viseu pelo seu meio século de existência, reconhecendo o seu papel enquanto ator de coesão regional e disseminador de informação, num contexto em que o acesso à mesma é um fator competitivo dos territórios.

25.º
Marco

25.º Aniversário

Tondela trabalha no presente a pensar no futuro

empresarial, gerador de riqueza e empregador de mão de obra. Prova disso são as competitivas zonas industriais que possui, sendo por isso um dos concelhos da região Centro que mais mão de obra emprega.

OInterior e, nomeadamente, a região Centro é cada vez mais procurada pelas suas características únicas e essencialmente pela qualidade de vida que pode proporcionar. O futuro passará certamente por aqui e o concelho de Tondela assume-se, cada vez mais, como um destino que alia a empregabilidade ao bemestar.

É um concelho com forte tecido

A nível de comércio e serviços não fica aquém dos grandes centros urbanos e um exemplo disso é o Centro Hospitalar Tondela- Viseu, que presta cuidados de saúde de proximidade à população, bem como as unidades de saúde familiar. Destaque ainda para as Termas de Sangemil que proporcionam tratamentos especializados a quem as procura.

Na área da educação, as infraestruturas estão apetrechadas com bons equipamentos, ótimas condições e bons profissionais de ensino com mérito reconhecido.

A nível desportivo, o Clube Des-

portivo de Tondela assume-se como uma boa escola de formação e de competição. As infraestruturas viárias têm vindo a ser alvo de requalificação constante, permitido uma boa circulação e transporte de mercadorias, realçando a proximidade com o IP3 e a A25.

A Serra do Caramulo alia paisagens deslumbrantes à competição automóvel, atraindo todos os anos milhares de visitantes. Também a Ecopista do Dão é de extrema importância para quem gosta de praticar desporto ao ar livre, com condições ótimas para todos os utilizadores. O Museu Terras de Besteiros assume-se como um marco na divulgação e preservação do vasto património.

A cultura é outra área de relevo, com destaque para a ACERT, sediada no nosso concelho.

A gastronomia típica local, representada pelas Confrarias, é única destacando-se o cabrito e as papas de carolos, sem esquecer os nossos produtos endógenos, como o mel do Caramulo e a laranja de Besteiros.

Recorde-se ainda que Tondela mantém viva a tradição do fabrico da louça preta, com olarias abertas ao público. É bom viver e trabalhar em Tondela, onde a qualidade de vida não tem preço.

Tondela assume-se, cada vez mais, como um destino que alia a empregabilidade ao bem-estar.

Carla Antunes Borges

Estes últimos tempos agitados, de tanta coisa que nos perturba, levam-nos a buscar a tranquilidade e a ter a certeza que estamos no sítio certo e em porto seguro. O Interior, apesar de já não ser o que era, fruto do trabalho de muitos autarcas e da resiliência das suas gentes, aguarda ainda por muito para fazer. Os municípios têm tido um papel importante como polos dinamizadores, verdadeiros guerreiros contra a falta de verbas, a baixa demografia, a perda e o envelhecimento da população; mas isso não nos impede de sonhar com um futuro melhor. A aposta está em fixar os jovens nas nossas aldeias, algo em que acreditamos e é para nós um objetivo central, pelo qual lutamos todos os dias.

Para isso, temos trabalhado no sentido de criar postos de trabalho e proporcionar bem-estar às jovens famílias e incentivar a natalidade. A coesão entre municípios do interior, a solidariedade (que destaco na CIMVDL), a entreajuda, a troca de

experiências e o caminharmos juntos, são passos decisivos para atingirmos o patamar que desejamos para as nossas regiões. No caso de Aguiar da Beira, é com orgulho que constato, que além de termos conseguido fixar muitos dos nossos jovens, estamos a atrair, cada vez mais famílias, vindas das grandes cidades, em busca de qualidade de

vida.

O futuro do Interior passa precisamente por valorizar, as “pequenas grandes coisas”, alavancar o desenvolvimento económico, atraindo mais indústria, mais produção. Com a experiência e o conhecimento do passado, vivemos o presente, semeando e incutindo às gerações mais novas, o orgulho na

nossa terra. Por aqui, a tradição, a família, a união, os valores transmitidos de pais para filhos, são marcos indissociáveis da comunidade que preservamos, sabendo que só se podem fazer construções sólidas em fortes alicerces.

Como hoje, o amanhã será recheado de esperança e vontade de fazer mais e melhor. Em Aguiar da Beira, move-nos a vontade de inovar e trazer gente ao nosso concelho; nesse sentido desenvolvemos grandes iniciativas de cariz social, cultural, gastronómico, desportivo com forte repercussão no alojamento e turismo, na restauração, entre outros. Está aí o Campeonato Mundial de Juniores de Orientação, JWOC 2022, de 10 a 16 de julho, da modalidade de desporto na Natureza, acolhendo pessoas não só do nosso país, como de todos os cantos do mundo.

Construiremos o amanhã, passo a passo, de forma ponderada, mas com a força e resiliência, que a distância dos grandes centros fez crescer em nós. Todos os dias surgem novas ideias, novas oportunidades e quem nos fica a conhecer, não mais nos esquece, quem aqui nasceu, jamais nos abandona.

Nesta caminhada, o Diário de Viseu, verdadeiro parceiro, pela sua implantação, proximidade e vocação, tem contribuído e contribuirá para ajudar a esbater as diferenças e criar sinergias em defesa do interior.

25.º
Aniversário
“A aposta está em fixar os jovens nas nossas aldeias, algo pelo qual lutamos todos os dias”
Virgílio Cunha

Apandemia da COVID-19 alterou os hábitos e as rotinas das famílias que, em tempo de confinamento, passaram a dar mais valor ao contacto com a natureza. O interior do país tornouse mais atrativo e é desejo de muitas famílias abandonar as grandes cidades e estabelecer uma nova vida em regiões como a nossa.

O aumento significativo da qualidade de vida, onde existe uma maior proximidade entre o trabalho, comércio e serviços, evitando o trânsito tão comum nos grandes centros; uma melhor qualidade do ar, que permite a realização de todo

o tipo de atividades ao ar livre e um maior contacto com a natureza; o custo de vida mais baixo, com a possibilidade de as famílias cultivarem os seus próprios alimentos, são algumas das vantagens de viver num concelho como o nosso.

25.º Aniversário

No entanto, continuam a existir carências, tais como a falta de emprego, as acessibilidades, a falta de infraestruturas, a fraca rede de transportes públicos, condicionantes que justificam a implementação de estratégias para combater a desertificação e promover o desenvolvimento do interior.

O Governo tem adotado algumas estratégias para combater a desertificação e reduzir as desigualdades e assimetrias regionais, com a criação de programas de incentivo e apoio às famílias que mudem de residência e às empresas localizadas no interior, o que poderá ser o primeiro passo para o futuro desenvolvimento regional.

Um futuro que deverá passar por opções estratégicas na área do turismo e na promoção dos produtos endógenos de cada região, de forma a garantir o crescimento económico das regiões do interior e marcar uma posição relevante no desenvolvimento do país.

“Futuro deverá passar por opções estratégicas na área do turismo”
Garcez

O futuro é aqui e agora, no nosso território!

Afixação das populações, a formação do capital humano, a inovação e o desenvolvimento, são bases para um crescimento e desenvolvimento coesivo, inteligente, inclusivo e sustentável do território.

O Município de Vila Nova de Paiva aposta em medidas concretas de apoio à natalidade e à infância e juventude; às empresas e aos empresários, mas, não descura a população sénior com os seus saberes.

Temos implementado o Programa Municipal de Apoio às Famílias para Incentivo à Natalidade e à Adoção que consiste, na atribuição de um valor pecuniário às famílias pelo nascimento e a adoção de crianças, residentes no Município;

Garantimos: refeição gratuita para todos os alunos do pré-escolar e 1º Ciclo;

No início de cada ano escolar o Município oferece as fichas de trabalho para complementar a oferta dos manuais escolares ao 1º ciclo e, os manuais didáticos de apoio para os alunos com 5 anos no Pré-escolar;

Anualmente oferece passe escolar a todos os alunos do Agrupamento

de Escolas (do Pré-escolar ao Ensino Secundário;

As atividades de natação, educação física e inglês são gratuitas para as crianças do pré-escolar e, do 1º ciclo;

Com o objetivo de colmatar a necessidade de algumas famílias em ocupar os seus filhos de forma saudável e didática, durante os tempos livres das férias, asseguramos essa resposta em todas as interrupções letivas;

Está em fase final a criação do regulamento para a atribuição de bolsas para frequência do ensino superior e das creches gratuitas;

Estamos a desenvolver o projeto da Universidade sénior;

Iremos alargar e requalificar as

duas zonas industriais existentes no Município para que possamos acolher empresas e empresários que aqui se queiram fixar, quer para aqueles que daqui sejam naturais, quer para aqueles que daqui queiram fazer a sua terra;

Em breve teremos definida a Estratégia local de Habitação que permitirá o Município suprir as carências habitacionais já identificadas e, criar condições para a criação de oferta de habitações a custos controlados destinadas preferencialmente a casais jovens que aqui residam ou que aqui trabalhem.

Tudo isto e, muito mais que fica por dizer, aliado ao vastíssimo património natural e edificado que integra zonas privilegiadas para o

lazer, com condições naturais, ambientais e paisagísticas, torna o Município de Vila Nova de Paiva rico em turismo de natureza, religioso e arqueológico que, aliado ao desporto, à cultura e à descoberta deste território, faz com que o FUTURO SEJA AQUI E AGORA!

O município aposta em medidas concretas de apoio à natalidade e à infância e juventude, às empresas e aos empresários, não descurando a população sénior

25.º Aniversário
Paulo Marques da Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva

O futuro “pode” ser no interior!

As autarquias têm um papel fundamental no desenvolvimento dos seus territórios pela proximidade à comunidade e conhecimento da sua realidade e dos investimentos necessários e capazes a tal objetivo.

Porém, por mais vontade e clarividência dos atores políticos locais, o interior só terá futuro se o Governo Central tomar definitivamente essa opção, implementando

medidas e políticas potenciadoras de investimento público e privado que permitam que o setor privado

encare o interior como atrativo ao investimento, pois o motor de qualquer região é de facto a sua econo-

25.º Aniversário

mia, e o investimento gerará emprego, e consequentemente por cada posto de trabalho uma pessoa ou uma família que terá condições para ficar ou fixar-se, potenciando as escolas, a capacitação de serviços de saúde ou a abertura de outros negócios, e subsequentemente a arrecadação de mais impostos.

O interior tem tudo para que o futuro passe por aqui, diria mesmo que o país como um todo tem a ganhar com o investimento no interior, sendo fundamental que se inverta a tendência de um interior subdesenvolvido em infraestruturas fundamentais, nas acessibilidades ou na saúde, tendo o Governo um papel essencial na criação de políticas e benefícios assentes na melhoria da mobilidade, da educação e de saúde no interior do país, capazes de atrair investimento para quem se instale no interior, e subsequentemente emprego e salários capazes de satisfazer as necessidades de quem vê no interior futuro.

Manuel Cordeiro Presidente da Câmara Municipal de São João da Pesqueira

As estradas modernas que podem trazer gente para o Interior são as mesmas que podem levar as gentes do Interior em busca duma vida melhor.

Frequentemente incorremos na miopia de ver apenas o lado mais fácil, o lado do desejo, sem a coragem de olhar para a realidade sem

ideias preconcebidas, com o realismo que se impõe a quem tem objetivos por alcançar.

“O futuro é no interior” é uma possibilidade e um desejo mas é preciso perceber que o mundo atual apresenta níveis de instabilidade nunca antes vistos.

Temos que ser profissionais, abrir-nos ao exterior e receber conhecimento que some ao nosso, trabalhar de forma colaborativa, e, fundamentalmente, temos que ser os primeiros a afirmar que a nossa diferença está em sermos nós próprios, como somos, nem melhores nem piores que ninguém.

Em Mortágua trilhamos esse caminho.

Mortágua tem um profundo património material e imaterial, do

histórico marcante com impacto nacional ao gastronómico rico e tradicional, da etnografia enraizada e preservada à floresta que é central na economia e desenvolvimento locais, da natureza cheia de oportunidades à água que envolve e aconchega desde há muito as suas gentes e o seu desenvolvimento, da relação com o desporto de alto nível aos elementos culturais diversificados que acrescentam vivências, cor e alegria ao nosso espirito.

Recentemente, a nossa aldeia da Marmeleira foi oficialmente classificada como “Aldeia de Portugal”, tornando-se uma das (únicas) 83 aldeias com esta distinção. É apenas um exemplo recente, porque Mortágua (e o Interior) tem muito mais “Marmeleiras”, mais

recantos e mais experiências a partilhar.

Noutro exemplo, Mortágua está entre duas cidades médias, Coimbra e Viseu, mas o que para uns poderia ser sinal de inferioridade em relação a dois polos mais atrativos é para nós apenas uma característica a abraçar sem preocupações de comparação com terceiros.

É assim que encaramos a nossa “interioridade”, como um terreno fértil cuja colheita vai depender das mãos que a semeiam, sabendo que com trabalho em qualidade o futuro chegará.

O Interior somos nós, tal como somos.

Ousemos saber trabalhar para que sejamos, de facto, e sem comparações desnecessárias, o futuro.

25.º
“Ousemos saber trabalhar para que sejamos, de facto, e sem comparações desnecessárias, o futuro”
Ricardo
Pardal Presidente da Câmara Municipal de Mortágua

25.º Aniversário

S. Pedro do Sul é um concelho que tem registado um desenvolvimento crescente com a criação de diversas infraestruturas que têm como grande objetivo dinamizar o turismo, a economia local e oferecer a melhor qualidade de vida a todos os sampedrenses.

Com a pandemia da Covid-19 re-

gistou-se um crescimento na procura pelo turismo de natureza e pelo turismo rural, o que permitiu uma maior descoberta do interior e de todas as possibilidades que oferece, quer em termos de investimento, quer em termos de fixação de população.

A necessidade de desenvolver o interior e torná-lo mais atrativo deve ser uma das prioridades do país, desacelerando a litoralização progressiva a que temos assistido, com todas as consequências demográficas e territoriais que envolve.

Há que valorizar a paisagem, o património, a sustentabilidade ambiental e social, dinamizar o comércio e a indústria, melhorar as vias de comunicação, atrair recursos hu-

manos qualificados e investimento empresarial.

O interior tem de ser sustentável e ter a capacidade de captar e fixar população.

S. Pedro do Sul tem feito por isso com a concretização de vários projetos que favorecem o crescimento económico e que criam postos de trabalho, como é o caso do novo Parque Empresarial de Pindelo dos Milagres.

Destaca-se também a aposta na educação, com a requalificação de várias escolas e a melhoria das condições para toda a comunidade educativa.

A dinamização do turismo, com a criação de novas ofertas culturais e desportivas, a aposta na saúde, bem-estar e lazer em família com a

construção da Ecopista, do Circuito Lúdico do Vouga e o Parque da Cidade.

A melhoria das vias de circulação, a promoção dos produtos endógenos, a dinamização do turismo nas Montanhas Mágicas, são vários os exemplos do desenvolvimento do concelho para ser mais atrativo para o investimento económico e para a fixação de jovens.

Apostamos num território dinâmico, em crescimento, onde quem nasce e reside tem todas as condições para permanecer, com orgulho e estabilidade, e encaramos os desafios com coragem e determinação com o objetivo claro de desenvolver S. Pedro do Sul, tornando-o num destino de eleição para viver e para visitar.

“A necessidade de desenvolver o interior deve ser uma das prioridades do país”
Vitor Figueiredo Presidente da Câmara Municipal de São Pedro do Sul

O futuro encontra-se no interior, deixe-se seduzir!

Penalva do Castelo é um destino interessante e singular para o visitante que aprecia a calma reconfortante da Natureza, que se deleita com a paleta multicolor com que se reveste a paisagem e com os aromas genuínos que derrama, que gosta de desfrutar de ambientes campestres e de se embrenhar no coração das aldeias de cujas janelas ainda espreita uma hospitalidade prazenteira. Cordialidade e hospitalidade são traços genuínos destas gentes beirãs, onde a cultura popular e os ofícios tradicionais ainda vão resistindo à voracidade civilizacional.

O território é um mosaico singular da Natureza! Encerra inegáveis potencialidades turísticas, alicerçadas tanto na diversidade do seu vasto património arquitetónico e cultural como na beleza sedutora dos recantos naturais e magníficas paisagens aprimoradas por sucessivas gerações de laboriosos Penalvenses.

Nas encostas do Rio Dão estendem-se generosos vinhedos e pomares. O vinho do Dão, o queijo da Serra da Estrela e a maça Bravo de Esmolfe constituem a “trilogia de

excelência” dos produtos endógenos.

Junto ao rio Coja existem lugares encantadores, onde se pode respirar

Cordialidade e hospitalidade são traços genuínos destas gentes beirãs, onde a cultura popular e os ofícios tradicionais ainda vão resistindo à voracidade civilizacional

o ar puro proveniente da frondosa mata da Nossa Senhora de Lourdes.

Aqui podem apreciar-se diversas espécies arbóreas e monumentos associados à História da Casa da Ínsua (proprietária da mata).

É possível apreciar o sossego natural de todo o meio envolvente, nomeadamente a Gruta, a nascente, a capela e o rio, constituindo uma réplica à Senhora na cidade de Lourdes, França.

A gastronomia é rica e variada e torna o concelho um destino ímpar para degustar sabores genuínos e tradicionais em ambientes acolhe-

dores e hospitaleiros.

Atualmente, Penalvenses e visitantes podem contar com cinco Pequenas Rotas e dois Circuitos de Estrada que espelham a diversidade cultural e natural do concelho, sendo, sem dúvida, um excelente incentivo para qualquer caminheiro ou viajante que gosta de desfrutar da aventura proporcionada por estes ambientes amenos que encerram tradições, mistérios e encantos.

Aceite o desafio!

Parta à Aventura e deixe-se seduzir! O Futuro encontra-se no interior!

25.º Aniversário Francisco Carvalho Presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo

25.º Aniversário

Autenticidade é o que distingue Tarouca!

vida.

Ofuturo pede tempo, qualidade de vida, rotinas mais desaceleradas, tempo de qualidade para estar com os filhos e em família, com a garantia de ter todos os serviços de que precisa.

Tarouca é um território que proporciona aos seus habitantes uma panóplia de serviços, infraestruturas, equipamentos e comodidades facilmente acessíveis, associadas a um território riquíssimo em cultura,

gastronomia, tradição, onde é possível respirar o ar puro que a natureza nos proporciona, longe da cor-

reria e stress associados à vida nas grandes cidades, garantindo assim níveis excelentes de qualidade de

Autenticidade é o que distingue Tarouca enquanto cidade e enquanto Concelho! Aqui os produtos únicos, as gentes afáveis e um “bom dia” e o sorriso no rosto em contraste com a apatia que se vive nos grandes centros.

Tarouca tem qualidade e excelência, unidade e multiplicidade. Temos um concelho empenhado em responder aos desafios da modernidade, e que seja igualmente capaz de continuar a ser um território de referência, tirando partido das suas excecionais condições de riqueza cultural e patrimonial.

Assim, a nossa linha de ação é guiada pela premissa da sustentabilidade, procurando criar condições para que os projetos pessoais ou de índole profissional possam ser desenvolvidos.

Valdemar

Viver e ser feliz aqui!

dá um subsídio de 1000 euros por cada criança que nasça no concelho como forma de incentivar a natalidade. Os jovens à procura do 1º emprego têm o Programa Municipal de Estágios “Jovem Ativo” que lhes permite contactar com o mercado de trabalho em qualquer zona do país.

Cinfães é dos melhores concelhos para viver ou trabalhar no interior do país.

Quem o diz é a Deco Proteste que num estudo realizado recentemente identificou Cinfães como o 5º concelho no país que tem os incentivos mais atrativos para se viver e trabalhar no interior de Portugal.

O IMI está fixado na taxa mínima de 0,3% e a Câmara devolve 2% do IRS aos seus munícipes. O Município

No âmbito da Educação destaque para os transportes escolares gratuitos desde o Pré-Escolar até ao ensino Secundário; a oferta dos manuais no 1º Ciclo; a atribuição de bolsas de estudo aos alunos do Ensino Superior e o reconhecimento do mérito escolar com a entrega de prémios aos melhores alunos do 6º, 9º, 10º, 11º e 12º ano.

De realçar os diversos programas de apoio na área social. O apoio ao arrendamento; a ajuda para a requalificação habitacional; o fundo social de emergência para apoiar na aqui-

sição de géneros alimentares, deslocação para consultas e realização de exames, medicação e pagamento de serviços essenciais (luz, água, saneamento, gás); o Programa Apoiar Integrar destinado a pessoas portadoras de deficiência ou doença crónica e seus agregados familiares mais frágeis são alguns dos muitos exemplos.

De salientar também a forte aposta e o crescimento no setor do Turismo. Cinfães está, definitivamente, na moda! Entre os rios Paiva e Bestança,

debruçado sobre as águas do Douro e protegido pelas encostas imponentes da Serra de Montemuro, nasceu e afirmou-se Cinfães. Um destino naturalmente único, perto de tudo, a pouco mais de uma hora da Galiza, Porto e Viseu, e longe do reboliço e stress do dia-à-dia. Um local onde se inspira natureza e expira saúde!

Acresce a isto uma gastronomia fantástica, a cultura e tradições, o edificado românico existente e os sentimentos acolhedores das nossas gentes.

25.º Aniversário
Armando Mourisco Presidente da Câmara Municipal de Cinfães

Políticas que vão ao encontro da qualidade de vida

Muitos parabéns ao Diário de Viseu pelos 25 anos ao serviço da comunidade deste distrito do interior, tão vasto e pleno de potencialidades. Um distrito que – apesar de tantas vezes esquecido pelos decisores centrais –soube, como nenhum outro, tirar partido das mais valias da interioridade, respondendo afirmativamente ao desafio ‘O Futuro é no Interior’.

A qualidade de vida que aqui se vive e promove, aliada a um investimento sustentado no turismo, são apostas estratégicas de toda uma região, onde, todos os dias, acontecem investimentos na economia e em novos segmentos potenciadoresda vinda de mais visitantes e da fixação de mais pessoas.

A qualidade de vida que aqui se vive e promove, aliada a um investimento sustentado no turismo, são apostas estratégicas de toda uma região

No Município – cuja Câmara presido - Santa Comba Dão, o caminho que trilhamos é feito desta aliança estratégica, traduzida em políticas que vão ao encontro da qualidade de vida, do investimento em mais e melhores respostas, em infraestruturas e projetos estratégicos para ao território.

A fixação de pessoas é, aliás um dos principais vetores deste ciclo

autárquico, a concretizar, pela requalificação das áreas industriais, atração de empresas e criação de emprego, bem como pelo investimento na valorização turística de um território diverso e com riquíssimos recursos endógenos. No turismo, o investimento passa pelo envolvimento dos agentes no propósito comum de marcar pela excelência a estadia no concelho, pela valorização dos recursos e pelo investimento em equipamen-

tos estratégicos - como o Museológico Municipal, o parque verde da ribeira das Hortas, com obras em curso, e a marginal do Granjal (em projeto).

Por fim, destaco o investimento crescente na componente walking and cycling, que tem vindo a concretizar-se em percursos destinados a caminhadas e passeios de bicicleta, que promovem o conhecimento de um território vasto, bonito e com tanto para oferecer.

25.º Aniversário
Leonel Gouveia Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão

Vamos ser capazes!

nesse sentido, ou seja, estimulantes para a atração de pessoas, edificantes para a qualidade de vida dos munícipes, capacitadores para os profissionais, qualificando-os para a empregabilidade.

Numa altura em que tanto se fala, discute e reflete sobre o interior do país, e a necessidade da criação de oportunidades como motores de desenvolvimento capazes de combater a centralização e inverter a desertificação desta extensa parte do território, nós em Moimenta da Beira, reconhecendo essas dificuldades de tantos anos, estamos empenhados e já a trabalhar em projetos que rumam

Um desses intentos, a criação do Ensino Superior em Moimenta da Beira, que formará quadros com formação superior, vai ser uma realidade já a partir do próximo ano letivo, em setembro deste ano de 2022.

Concretizou-se em parceria com a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, do Instituto Politécnico de Viseu, resultando dessa colaboração frutífera a lecionação dos cursos “Informática Industrial”, com saídas para as áreas da Engenharia Informática e Telecomunicações, Gestão e Informática, e “Assessoria e Comunicação Organizacional”, saídas para o Secretariado

e Administração.

Um outro projeto, na área I&D, mobilizador, capaz de promover a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação para o progresso sustentável da região, pode desabrochar em Moimenta da Beira, que recentemente acolheu consultores e líderes nacionais, CEOs, administradores, diretores-gerais, representantes e diretores de grandes empresas tecnológicas como a Microsoft, a IBM/Softinsa, Mitel, Oracle

na conferência “A Transição Digital no Interior ”.

O Futuro é no Interior? Nós estamos a trabalhar nesse sentido e creio que vamos conseguir que seja, de facto!

Há mais projetos na calha e deles falaremos oportunamente.

Aproveito a oportunidade para desejar a continuação dos maiores sucessos editoriais ao Diário de Viseu, que celebra 25 anos de circulação ininterrupta. Parabéns!

25.º Aniversário
Paulo Figueiredo Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira

Ointerior do país enfrenta hoje um conjunto de desafios bastante distintos daqueles que enfrentava ainda há pouco tempo, no entanto, e por outro lado, tem também hoje um conjunto significativo de novas oportunidades para se afirmar enquanto um território de futuro. Para agarrar essas oportunidades é

necessária uma nova visão das políticas municipais de desenvolvimento do território.

Ainda em tempos de pandemia, o interior tem três mais-valias para oferecer: qualidade de vida, oportunidades de trabalho remoto e “espaço para respirar”. A pandemia veio demonstrar que as famílias e os trabalhadores encaram cada vez mais o interior como terra de oportunidades e de possibilidade de melhoria da sua qualidade de vida.

O interesse dos nómadas digitais pelo interior do país ganhou força nos últimos tempos, marcados pela pandemia da Covid-19 e, claro, pelo teletrabalho, que impulsionou novos estilos de vida. E a verdade é que os concelhos do interior do país têm sido escolhido por muitos destes

profissionais para trabalhar remotamente. Esta realidade é uma janela aberta de oportunidades que permitirá fixar novas pessoas no interior.

Por outro lado, penso que o Turismo, no sentido mais lato da palavra, poderá também vir a ocupar um dos lugares centrais na economia dos concelhos do interior. As razões são conhecidas: o clima, a segurança, a beleza natural, o património, a gastronomia e a simpatia e hospitalidade da população.

Para o concelho de Oliveira de Frades, assim como para muitos outros do interior, o turismo oferece uma oportunidade única de crescimento económico, designadamente para o comércio e para os agentes turísticos locais. Permitirá, também o surgimento de novas oportunidades de

negócio e de alguns investimentos que agora nos começam a ser apresentados e que serão acolhidos de braços abertos. A aposta no turismo, enquanto veículo adequado para a criação de riqueza no nosso território, é uma das nossas prioridades para os próximos anos. Isto sem prejuízo de o concelho continuar a investir no crescimento das suas zonas industriais, das mais dinâmicas e empreendedoras de toda a região.

25.º Aniversário
“A aposta no turismo é uma das nossas prioridades para os próximos anos”
João Valério
da Câmara Municipal de Oliveira de Frades
A pandemia veio mostrar que o interior é uma terra de oportunidades

Futuro é no interior”

um acrescento inusitado e desnecessário de pessimismo e derrotismo.

Eu, contrariando de forma acérrima este estado de alma e sendo assumidamente avesso à postura derrotista de “calimero”, defendo por justaposição que os nossos territórios possuem o condão de serem espaços de grandes OPORTUNIDADES (as maiúsculas são propositadas).

pensarmos e agirmos conjuntamente a uma só voz, criando escala e potenciando o território.

Indo ao encontro do repto do título, de forma resumida penso ser passível de condensar em três grandes ideias congregadoras e potenciadoras:

- É imperioso, pensar a Região de forma supramunicipal; o desenvolvimento da Região deve estar alicerçado nos pilares das nossas riquezas endógenas; o desenvolvimento da Região tem que assentar nas ofertas turísticas de natureza e nas culturais, distintivas e de qualidade.

25.º Aniversário

Habitação, a quietude dos espaços e dos lugares, capazes de nos preencherem e nos transportarem a outras dimensões de, como sói dizer-se, carregar as baterias, a poderia com relativa facilidade engrossar a lista.

À guisa de conclusão, tenho para mim que, sejamos nós capazes de olhar e valorizar o que experienciamos diariamente, com a mesmo deslumbramento dos visitantes e, conseguiremos transformar meros pedregulhos em pedras preciosas inigualáveis e únicas.

Dou-me à ousadia de iniciar este escrito recorrendo ao sábio aforismo popular traduzido numa frase publicitária muito em voga em tempos idos: "Se eu não gostar de mim, quem gostará?"

Realisticamente a malfadada chancela “Territórios de baixa densidade”, que maioritariamente são os nossos, foi um carimbo que, ao invés de criar uma descriminação positiva, gerou

Por nenhuma vez tive dúvidas do exposto, no entanto as vicissitudes por que todos passámos na crise pandémica, revelou-nos de forma extremamente lúcida o manancial de oportunidades os nossos territórios possuem de forma endógena, cabenos o engenho e arte de os sabermos divulgar/potenciar a par de uma outra premente necessidade que está alicerçada à evidência de termos a imperiosa necessidade de nos unirmos,

Assim, numa espécie de exercício académico associado a uma maturação pouco profunda, permito-me numa penada de colocar a escrito uma meia dúzia de mais valias do território, como sejam: os rios e as serras, as paisagens arrebatadoras, as gentes de uma afabilidade inigualável, o deleite da gastronomia, os espaços museológicos, o universo termal, as unidades hoteleiras e em articular o universo do Turismo de

Naturalmente que, de forma realista que não apenas edílica, temos que ter o condão de forçar, obrigando os governantes a olhar para o território, não na perspetiva da distribuição de apenas migalhas por comiseração, mas antes com verdadeira vontade de mudar o paradigma de engrandecimento do País, de forma una.

Afinal de contas, os habitantes do interior sendo menos, não têm a si acoplado estigma de Portugueses de segunda opção.

“O
Paulo Catalino Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal

Lamego é futuro!

melhores condições e estas são potenciadas pelos grandes centros urbanos.

Onosso país é pródigo, talvez como outros, em eternizar discussões que nunca contribuem para definir as estratégias adequadas e criar a vontade política necessária de que o governo central precisa para alterar situações e resolver problemas diagnosticados há décadas.

É um facto que existe uma dicotomia entre o interior “desertificado” e o litoral mais desenvolvido, com uma capital que nos orgulha, mas que é apropriadora de recursos e fundos que deviam ser de todos.

Também é um facto que, fruto do esforço e investimento do poder local, as cidades do interior viram os seus centros históricos valorizados, as suas ruas e praças requalificadas e seguras, foram criados equipamentos culturais, desportivos e sociais de grande qualidade. Infelizmente, nem sempre estas condições necessárias se revelam suficientes para criar desenvolvimento económico e fixar a população jovem, em idade ativa e fértil. É a “desertificação” ou abandono do interior.

As pessoas e as empresas preferem instalar-se onde existem mais e

Mas, não há como negar que o trabalho de valorização dos territórios do interior foi fruto do poder local! Nunca é demais dizê-lo. Os autarcas não ficaram à espera de soluções milagrosas e trabalharam durante décadas para tornar os seus territórios mais atrativos para as empresas e para as pessoas; melhoraram as acessibilidades, os serviços e equipamentos públicos, as condições económicas, a oferta cultural e escolar, substituíram o estado em inúmeras funções e reivindicaram sempre, junto do poder central, mais investimentos e melhores condições de vida para as suas populações.

Foi um trabalho nem sempre compreendido, nem sempre apoiado, por vezes criticado como inconsequente ou mesmo inútil. Mas temos o exemplo recente da pandemia: quando o medo chegou às grandes cidades, o país virou-se para o interior, onde inúmeros cidadãos procuraram o conforto das suas origens. Porquê? Porque era seguro, tinha espaços abertos, não finados, tinha natureza e ambiente preservado, tinha autosuficiência numa vida mais frugal e simples, tinha qualidade de vida.

As premissas de hoje não são as de ontem. O mundo mudou e as preocupações de sustentabilidade económica e ambiental impõem novas balizas para a criação de modelos de desenvolvimento que o interior está preparado para implementar.

As dicotomias norte/sul, interior/litoral, urbano/rural irão continuar a ser objeto de discussão, mas as soluções para os verdadeiros problemas exigem autonomia administrativa e capacidade de decisão política, que só um novo modelo de governança pode permitir. Serão tempos desafiantes, mas os autarcas estarão cá, com a sua voz reivindicativa e que se faz ouvir longe!

Também resultado dessa capacidade reivindicativa, Lamego tem conseguido e irá continuar a ser uma fonte geradora de dinâmica no nosso distrito, acompanhada por uma comunicação social local e regional atenta às iniciativas autárquicas e imbuída também ela, de um espírito de afirmação e defesa dos nossos ativos patrimoniais, económicos e sociais.

Lamego tem argumentos, em todas essas áreas, para reclamar para si uma centralidade económica e

social na região. Temos património, temos natureza, temos gastronomia, temos atividade económica em todos os sectores, naturalmente com forte destaque na produção vitivinícola e no turismo e temos uma população cada vez mais qualificada.

Temos uma relação excelente, de verdadeira parceria, com os municípios da sub-região do Douro Sul e o privilégio de sermos um município charneira entre o Douro e as Beiras, integrando a CIM Douro e o Distrito de Viseu. Lamego é Futuro.

Lamego tem argumentos, em todas essas áreas, para reclamar para si uma centralidade económica e social na região

25.º Aniversário
Francisco Lopes Presidente da Câmara Municipal de Lamego

25.º Aniversário

Quem fala em Nelas, fala também em vinhos, em gastronomia tipicamente beirã, em cultura rica em tradições, que se traduz num conjunto de eventos icónicos como a Feira do Vinho do Dão, o Carnaval de Nelas e de Canas de Senhorim, as Marchas Populares e a Viagem Medieval de Canas de Senhorim, que atraem milhares de visitantes a este vila.

Situado no centro da Região do Dão, entre os rios Dão e Mondego, este é um concelho que goza de uma localização privilegiada, rodeada de paisagens verdejantes, nas quais predominam os pinhais e vinhedos do Dão, jardins que escondem a arte da azulejaria portuguesa.

Do centro histórico de Canas de Senhorim ao Rio Castelo, da Aldeia

e

equipado com modernas e amplas instalações, está vocacionado para tratamentos das vias respiratórias, nas afeções reumáticas e músculo esqueléticas e também em programas de bem-estar, equilíbrio e beleza.

Recentemente, na BTL, Nelas deu a conhecer o projeto “Santar Vila Jardim | Património Histórico: a Vila, Jardins e Vinho”. Este é “um projeto único” no Centro de Portugal, em que a união permite a visita à Vila História de Santar, através dos seus jardins e jardins de vinha. Os visitantes partem à descoberta do património edificado, das gentes, das vinhas, da gastronomia, das tradições de uma das mais belas e bem preservadas vilas históricas de Portugal.

Cultural da Lapa do Lobo à nobreza Vila Vinhateira do Dão que é Santar, os roteiros em Nelas são muitos para descobrir. Localizadas em pleno meio rural rodeadas por deslumbrantes paisagens, as Caldas da Felgueira são um convite a um local quase paradisíaco, que conjuga saúde, descanso e lazer. O seu Centro Termal
Vinhos, gastronomia e cultura em rica em tradições: a ‘receita’ ideal de Nelas

Castro Daire apresenta vários cartões de visita e todos eles são apetecíveis

Oconcelho de Castro Daire tem uma rica e antiga história, remontando já ao período Neolítico, altura em que este território já era densamente povoado. Para fazer jus à beleza natural da região, com paisagens dignas de retrato, foram paralelamente deixadas marcas por todos aqueles que por ali passaram, num riquíssimo património arquitetónico que caracteriza um município recheado de testemunhos do passado e fazendo valer bem a pena uma visita a todos os seus recantos. No registo de edifícios, há que salientar por exemplo a Igreja da Ermida do século XII e a Inscrição Romana do Penedo de Lamas –Moledo, mas também, e posteriormente construídos, a Casa da Cerca,

mentos vive o concelho. A sua gastronomia preserva ainda as tradições de outros tempos, sendo fiel às

suas raízes e transmitindo saberes de geração em geração, com pratos ricos e suculentos, sempre baseados nos produtos da terra. Outro marco que diz bem da identidade do concelho são as Termas do Carvalhal e as reconhecidas propriedades terapêuticas das suas águas, que tão bem acolhem quer os munícipes, quer os visitantes que ali se deslocam. Em suma, como é opinião de Paulo Almeida, presidente da Câmara de Castro Daire, este é um concelho que “abre as portas do seu território” a quem o procura. “Uma viagem impressionante e inesquecível, envolvendo quem nos visita com a nossa história, permitindo, também, desfrutar novas sensações, despertar o interesse e a curiosidade na descoberta de um território que irá surpreender com experiências de cortar a respiração e recantos únicos”, promete o autarca, numa descrição que seria sempre breve tendo em conta as potencialidades do concelho.

Capela das Carrancas, Solar dos Aguilares e o Solar dos Mendonças. Mas nem só de paisagens e monu-

Sernancelhe preserva o seu passado para sobre ele construir o futuro

Sernancelhe apresenta-se hoje como um território de visita obrigatória e não apenas pelas suas paisagens, constituídas por autênticos monumentos graníticos que depois se transformam em miradouros, como sucede no planalto da Lapa, pousado a mais de 900 metros de altitude. É certo que tem locais onde a natureza se exprime de forma exuberante e nos quais as serras e os rios se unem, dando origem a cenários de grande beleza natural, mas há mais por descobrir. Numa terra de pastores, Sernancelhe é também Terra da Castanha, alcunha que ganhou dada a qualidade e sabor do fruto que enche as casas dos lavradores e que faz parte da gastronomia regional, também ela rica e moldada pela ca-

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território, habitado por vários povos que deixaram marcas, algumas para sempre. “O concelho de Sernancelhe é um território pleno de história. Séculos de uma existência anterior à fundação da nacionalidade portuguesa conferem a Sernancelhe o estatuto de terra onde pousaram povos de muitas proveniências que, pelo seu engenho e arte, deixaram conhecimento e importantes testemunhos da sua presença”, começa por dizer o autarca. Para o presidente, a importância de preservar e estudar este passado é óbvia, no sentido também de encarar o futuro de uma forma mais sustentada e conhecedora: “O conhecimento e a valorização do nosso passado, o apego à nossa identidade, a vontade inabalável de celebrarmos as nossas tradições e o inquestionável impulso que damos à cultura do nosso povo são, afinal, o sinal mais evidente de que sabemos que só com memória poderemos estar aptos para construir o nosso futuro”.

pacidade das gentes do concelho em debelar as adversidades a que a região foi votada, o clima e o relevo particulares. Carlos Silva Santiago, presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, exalta a história deste

Temos que caminhar todos marcando o mesmo passo

conseguem, naturalmente, nas massificadas áreas turísticas. Desengane-se quem pensar que não há um longo caminho a percorrer mas este caminho está a fazer-se.

Antes de mais, em meu nome pessoal e em nome do Executivo que compõe a Câmara Municipal de Tabuaço, congratulo, o Diário de Viseu pelos 25 anos de informação e divulgação da região, reconhecendo um trabalho meritório, de extrema importância e cujos resultados e credibilidade têm ganho destaque. Relativamente ao tema que nos propõem –O Futuro é no Interior – não podemos deixar de falar ou pensar nesta questão sem pensar no Turismo.

Num concelho que “padece” dos mesmos constrangimentos que praticamente todos os concelhos no Interior do país, fruto de consecutivas políticas que continuam a focar a atenção, o interesse e o investimento nas zonas metropolitanas das grandes cidades de Portugal, a nossa esperança, a esperança dos autarcas do Interior, e do Douro em particular, está, óbvia e indiscutivelmente, no Turismo.

Possivelmente teremos que nos aproveitar deste “mal maior” que é o despovoamento do interior para dele fazer um bem maior, ao oferecer aos turistas e visitantes o que não

É em concelhos como Tabuaço, situado em plena Região Duriense, que o turista pode e vai encontrar a genuinidade e a autenticidade para umas férias tranquilas, onde a comunicação e tratamento entre quem recebe e quem visita são mais estreitos, é mais pessoal. As pessoas fogem cada vez mais da agitação das cidades, das praias cheias de gente, do trânsito. Nas férias as pessoas procuram, porque precisam, de um registo diferente do dia-a-dia.

Explorar o que as regiões menos povoadas têm de melhor para oferecer é o futuro do turismo. Oferecer a experiência de toda uma cultura, das nossas tradições. Acreditamos que o turismo rural, o turismo de proximidade, é o futuro do turismo. É preciso explora-lo de forma inteligente para que as mais-valias do que temos a oferecer não se esgotem, antes se preservem. Genuinamente.

Tabuaço, como outros concelhos na região, beneficiam da própria situação geográfica, estamos a pouco mais de uma hora da cidade do Porto. Precisamos é de desenvolver estratégias para que os turistas que vêm ao Douro não se cinjam ao percurso dos cruzeiros e regressem ao Porto. Dinamizar, trabalhar em rede, dar a conhecer o que está para lá dos cruzeiros; faze-los subir para conhecer e experienciar: a gastronomia, os

vinhos, o azeite, as festas e romarias, ser habitante, ficar, permanecer e aprofundar o que Tabuaço tem para oferecer.

Esta visão de valorizar o turismo rural pode, por outro lado, contribuir também para a fixação dos nossos jovens no território. Mas aqui não basta a determinação dos jovens ou a vontade das autarquias. Para fixar jovens e liga-los ao investimento no turismo é preciso que o Governo crie e promova incentivos; Vejamos, um jovem por mais boa vontade que tenha de, por exemplo, requalificar uma casa que pertenceu porventura aos avós e destina-la ao turismo, não pode encontrar entraves nessa vontade de investimento; e não basta às autarquias agilizar o processo de licenciamento ou reconstrução. O Governo, independentemente do partido que governe, tem cada vez mais que criar condições à fixação dos jovens nos territórios. A título

de exemplo, falo na famosa EN222, conhecida porque foi classificada como a Mais Bela Estrada do Mundo. Enquanto concelhos atravessados por essa excelente classificação, não podemos promover ou divulgar em contexto de turismo uma estrada que na maioria do seu percurso não tem rede de telemóvel ou sequer de internet. Mas sim, continuamos a acreditar que o futuro pode estar sim no Interior e nas regiões do Interior. Esta ruralidade dá-nos, sem dúvida, uma excentricidade que o turista também procura. Mas temos que caminhar todos, marcando o mesmo passo. As autarquias vão desenvolvendo e promovendo dentro da realidade de cada uma, e com os muitos constrangimentos, o turismo na região. Mas o governo tem que se fazer também ao caminho, vestir o equipamento, ou a camisola e percorrer este caminho e investir nestes concelhos.

25.º Aniversário
Carlos

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Atrativos culturais e paisagísticos

Penedono é um concelho com um vastíssimo património histórico que, vai do megalítico ao despontar da nacionalidade. Além dos atrativos culturais o município tem um património paisagístico único, com paisagens singulares. Pese embora o seu passado, que exibe orgulhosamente, é um território de potencialidades não só turísticas, mas também, económicas que vão desde a agricultura, pecuária, industria, comércio e prestação de serviços, atividades impulsionadas pelo querer e engenho dos seus empreendedores que persistem na senda de afirmar Penedono.

A presidente da autarquia, Cristina Ferreira, tem a promoção dos produtos endógenos e a dinamização dos ativos turísticos do concelho entre os seus objetivos, contando para tal com o

Portal do Município de Penedono, que “procura ser uma porta aberta para quem nos procura”.

Penedono disponibiliza o Serviço de Apoio ao Empresário, um serviço municipal de atendimento, personalizado, vocacionado ao relacionamento com os munícipes, empresários ou potenciais empresários que queiram investir no concelho de Penedono.

O serviço desenvolve, no âmbito das suas competências, dois programas de apoio ao empresário, nomeadamente, o Penedono EmpreendeEmprego, direcionado para a criação de emprego, e o Penedono Empreende - FINICIA, direcionado para o investimento.

Simultaneamente, presta informação útil no que concerne, à criação de emprego, apoios e incentivos financeiros, formalidades para criação

de empresas, espaços para implementação disponíveis, legislação e contactos de interesse para os empresários. Pretende ainda promover o empreendedorismo, promover a interligação com os diversos agentes económicos concelhios, estabelecer parcerias com diversas instituições no sentido de desenvolver estratégias promotoras do dinamismo empresarial concelhio e prestar informações sobre sistemas de incentivo disponíveis, formalidades legais e contactos necessários.

O Município de Penedono tem também em vigor diversos protocolos e parcerias que têm como intuito, a resposta às necessidades e anseios dos nossos empreendedores, destacando-se a que desenvolve com a Associação Empresarial da Região de Viseu que, através da presença do seu técnico, uma vez por semana, presta

assessoria a este gabinete.

O Centro de Mostra e Divulgação de Produtos Locais de Penedono é um espaço que resulta de um projeto concretizado pelo Município de Penedono com o intuito de promover os produtores e artesãos locais e, por conseguinte, apoiar/estimular a economia local. A abertura do centro deve-se à cooperação entre os diversos produtores e artesãos locais, prova evidente que a união faz a força.

Trata-se de um local onde se comercializam diversos produtos provenientes, diretamente, das mãos laboriosas dos artífices, doceiros, padeiros, apicultores, agricultores e artesãos. É possível encontrar verdadeiros produtos genuínos e cujos saberes e sabores são, de facto, únicos.

As cavacas, as filhós, o bolo rei, o doce ouriço de castanha, as natas de castanha, as compotas, o mel, os licores, os frutos secos, os cogumelos, o azeite, os produtos agrícolas e agroalimentares frescos e o artesanato são alguns dos produtos.

Armamar, horizontes de futuro

o mundo alguns dos mais famosos vinhos, que prestigiam a nossa terra e as nossas gentes.

OConcelho de Armamar assiste nos últimos anos a um fenómeno talvez ímpar no contexto nacional, com os jovens a fixar-se na terra natal, mesmo depois de sair para fazer os estudos superiores. Tal deve-se a um conjunto de fatores e ao potencial de recursos endógenos que a região possui. No setor vinícola Armamar integra duas regiões demarcadas, Douro e Távora Varosa. Daqui saem para todo

A fruticultura conheceu desenvolvimentos assinaláveis nas últimas três décadas, com fortíssimos investimentos: novas e extensas áreas de plantação, uma rede de regadio e novas unidades de frio com mais capacidade de armazenamento e incorporando tecnologia mais amiga do ambiente e com melhores resultados operacionais. Armamar é o Concelho de País que mais maçã produz, com uma média de 80 mil toneladas anuais. Recentemente os fruticultores apostaram na cereja, que já representa cerca de 10 por cento da produção frutícola.

O setor do Turismo conheceu uma evolução extraordinária. Armamar integra o território do Alto Douro Vinhateiro, que a UNESCO classificou

Património Mundial em 2001. O número de camas cresceu exponencialmente, com novos empreendimentos e unidades de alojamento de grande qualidade, capazes de complementar a oferta com um vasto conjunto de experiências que os visitantes recomendam e querem repetir.

Esta onda de mudança, na agricul-

25.º Aniversário

tura e no turismo, gera receitas para os investidores que precisam de recursos humanos capazes de dar corpo aos produtos e serviços emergentes.

Armamar é uma terra onde se pode viver e investir. A nossa força de trabalho e o espírito empreendedor são prova disso mesmo.

O Município tem reforçado a sua ação nos domínios da educação, da saúde, do apoio social e da segurança, em articulação com diversas entidades e está apostado em prosseguir esse trabalho.

A localização de Armamar no contexto regional é privilegiada. A proximidade à A24 coloca-nos a pouco mais de uma hora do Aeroporto do Porto. Estamos empenhados em complementar este contexto com os investimentos que a Administração Central e o Governo precisam “tirar da gaveta”, olhando para o território e para as suas dinâmicas, e materializar promessas antigas de projetos estruturantes que, tenho a certeza, darão frutos para o Douro e para Portugal.

Estes territórios do interior são de excelência!

continuará a ter vantagem, dado que não se corrige de um dia para o outro as gritantes assimetrias existentes.

Areflexão sobre “ O futuro é no interior” é um exercício de maior importância e de alguma complexidade.

É certo que a situação pandémica permitiu confirmar aquilo que já há muitos anos, políticos e decisores locais vêm apregoando, de que estes territórios são de excelência, com grandes potencialidades que os diferenciam dos restantes.

A pandemia, conferiu um olhar renovado sobre estes territórios, e quero acreditar que este reconhecimento se constituirá, no futuro, como uma oportunidade de desenvolvimento.

No entanto, não se vislumbra, que seja num futuro próximo, que o “Interior seja o Futuro”, pois o litoral

O município todos os esforços fará para que no futuro o interior seja mais equilibrado, sustentável e com maior qualidade de vida

O Poder Central terá de olhar para o interior com outros olhos e mudar as suas políticas muito viradas para uma visão colonial, terá que ter coragem de, efetivamente, apostar nas regiões do interior criando mecanismos de dinamização do território e fornecer condição aos municípios para agilizar esses mecanismos.

Todo o desenvolvimento e infraestruturas que as regiões do interior tiveram nos últimos anos têm ficado a cargo das autarquias, que, com orçamentos modestos, mas com grande capacidade de captar fundos comunitários, têm investido no seu território tornando-o mais equilibrado.

Para que esse ideal “ O futuro é no interior” se concretize, no concelho de Sátão, e em qualquer outro concelho do interior, é necessário um envolvimento de vários protagonistas, nomeadamente os Cidadãos, o Município, as Empresas e o Poder Central, com vista a um objetivo comum de recuperação e projeção do interior.

É também fundamental a união, colaboração e articulação estreita de todas as regiões que compõem este extenso território, pois só com essa parceria é possível definir um plano eficaz e estratégico que permita dar um novo fôlego a estas aldeias e vilas, e até às nossas gentes, que tanto têm para oferecer à economia e cultura portuguesa.

Salvaguardando as especificidades de cada região do interior, a aposta passa pelo desenvolvimento local baseado na promoção dos valores culturais, do saber das populações, na valorização de recursos endógenos, naturais e patrimoniais, na melhoria das condições de saúde, na inovação social, no turismo sustentável, na transição digital, na promoção do envelhecimento saudável.

O grande desafio que se coloca, no processo de desenvolvimento do interior é tentar inverter as tendências de despovoamento, do envelhecimento, e das baixas qualificações das pessoas.

Esse desafio a que o Município de Sátão se propõe, para o desenvolvimento do seu território, passa pela oferecer padrões de qualidade de vida a quem reside, trabalha ou visita o interior, criando as condições necessárias para fixar as pessoas e para lhes garantir igualdade de oportunidades e as condições necessárias para que possam planear e executar as suas ambições sem deixar definitivamente a sua terra.

Um Município que apoia a sua população no plano social, laboral e formativo, e que atrai nova população com competências diversas, oferecendo acesso a uma habitação e serviços de qualidade para o suporte familiar e profissional.

Nesse sentido o Município de Sátão tem vindo a implementar medidas e mecanismos que tornam o Concelho de Sátão mais atrativo e competitivo, nomeadamente a existência de um espaço “coworking” a fim de

atrair nómadas digitais e trabalhadores de vários contextos e origens, existência de uma zona industrial apetrechada das infraestruturas necessárias e indispensáveis para a instalação de novas empresas, com preço irrisório de aquisição ou arrendamento do espaço a ocupar, a isenção de taxa de derrama, a existência de um espaço destinado à incubadora de empresas, promovendo assim o apoio e incentivo ao empreendedorismo.

Apoio e incentivo à natalidade, através de um montante monetário atribuído a todas as crianças nascidas no concelho, o pagamento de 50% do valor das creches, apoio à habitação condigna para as famílias mais carenciadas, aplicação da taxa mínima do IMI..

Destinado ao bem estar da população sénior do concelho, o Município criou um programa designado projeto “Idade +Ativa”, e pretende o mais breve possível criar no concelho a Universidade Sénior.

A ambicionada e desejada requalificação da estrada nacional 229 entre Viseu/Sátão, que muito foi reclamada por ambos os Municípios, será uma realidade, que irá beneficiar a acessibilidades e com isso o desenvolvimento da região.

O Município de Sátão está comprometido e todos os esforços fará para que no futuro o interior seja mais equilibrado, mais sustentável e com maior qualidade de vida, convertendo-se num destino prioritário para a fixação de pessoas e para o investimento económico.

25.º Aniversário
Alexandre Vaz Presidente da Câmara Municipal de Sátão

turistas ao coração do Centro

Vouzela, conhecido como o coração do Centro, tem-se assumido, cada vez mais, como um destino de eleição nesta região. Território montanhoso, integrado na Serra do Caramulo, atravessam-no numerosas linhas de água, que originam vales profundos, com grande valor paisagístico e ambiental.

A existência de amplas manchas de carvalhos e outras folhosas autóctones é uma marca distintiva da floresta deste concelho e justificaram recentemente a criação do Parque Natural Vouga-Caramulo, o primeiro com gestão local em todo o país.

A este potencial soma-se um património rico em valores históricoarqueológicos, etnográficos e gas-

tronómicos, que mantém a sua autenticidade ancestral e transformam Vouzela num território a des-

cobrir.

No final do ano passado, este território foi o primeiro concelho a re-

25.º Aniversário

ceber o selo de Biosphere Destination, que vai ao encontro ao rumo de sustentabilidade que Vouzela tem levado.

Um distinção que, para o presidente da Câmara Municipal, Rui Ladeira, posiciona este território “a nível nacional e internacional junto de um tipo de turista que procura uma experiência genuína de um território preservado, autêntico e cumpridor de boas práticas de sustentabilidade”.

Na gastronomia, além dos pastéis de Vouzela, o concelho é também conhecido pela rica gastronomia, com destaque para a vitela de Lafões, a sopa seca, o cabrito assado no forno, as papas de milho ou o arroz de pataniscas com bacalhau. Mas os bons pratos não se ficam por aqui. Na doçaria, além dos pastéis, Vouzela é ainda especialista em folares, caladinhos, raivas, bolos de gema, bolos de limão, cavacas, beijinhos, passarinhas e muitos outros.

Vouzela tem trazido cada vez mais

“OS FUNDOSL COMUNITÁRIOSL FORAM E SÃOL FUNDAMENTAISL E ESTÃO CADA VEZL MAIS PRÓXIMOSL DOS CIDADÃOSL E DAS EMPRESASL

Que importância têm os fundos europeus para a nossa região? Os fundos comunitários tiveram e têm um papel muito importante. E quando se ouvem algumas críticas sobre a sua utilização ao longo destes longos anos que temos de adesão, na altura, à União Europeia, percebemos o que seria do nosso país se não houvesse fundos comunitários. Será que o país estaria com o mesmo

grau de desenvolvimento? Será que teríamos o mesmo nível de riqueza, será que apesar de não estarmos nos níveis que gostaríamos, não estaríamos muito piores se não fossem os fundos comunitários?. Eu sou daqueles que acredito muito no papel dos fundos e que acham que estaríamos francamente piores. O país evoluiu francamente. Inicialmente nas suas necessidades básicas, e

coisas tão importantes como o abastecimento de água, o saneamento básico, centros de saúde, escolas, as estradas. E continua a ser com algumas diferenças porque as coisas evoluem e, se as coisas que foram apoiadas no passado se foram resolvendo não faz sentido voltar a apoiar. E por isso passou a haver apoios com novas necessidades mas igualmente importantes.

Quais são essas novas necessidade? Hoje em dia, e Viseu não é exceção, os fundos comunitários aplicados na região com uma aplicação muito significativa ao nível das empresas. Quando se iniciaram os primeiros quadros comunitários, estes apoios às empresas não eram tão vulgares, pois contemplavam muito mais as tais infraestruturas básicas porque o país precisava muito. Agora, são

Entrevista Para a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, os fundos comunitários são hoje uma realidade inquestionável no dia-a-dia dos portugueses. Tendo contribuído para o desenvolvimento dos territórios ao garantir as necessidades básicas do país, eles são hoje cada vez mais direcionados para as empresas que são, para Isabel Damasceno, “quem cria riqueza e emprego nas regiões onde investem”. Esta entrevista resulta da intervenção de Isabel Damasceno numa iniciativa do Parlamento Europeu que decorreu em Viseu

os projectos empresariais que têm apoio. As pequenas e médias empresas, que são a nossa realidade económica, estão agora na lista das prioridades e, por isso, mais de metade do bolo daquilo que foi o Portugal 2020 e mais de metade do bolo daquilo que vai ser o Portugal 2030 – que é praticamente o mesmo para o Centro – os 2,2 mil milhões de euros - são apoios às empresas e ao tecido empresarial. Para projectos inovadores e diferenciadores de exportação, de modernização, de organização interna. Entendo que isto é muito importante porque a boa organização das empresas e empresas boas e sólidas criam emprego e fixam população, nomeadamente nas regiões mais frágeis.

Quando fala em regiões mais frágeis, refere se aos chamados territórios de baixa densidade, como o nosso? Sobretudo, às regiões de baixa densidade. Em regiões mais frágeis temos incentivos diferenciadores

com maior força do ponto de vista financeiro, com taxas mais elevadas, precisamente para permitir que haja uma atracção de investimento para estas regiões do interior. No Portugal 2020 aconteceu isso várias vezes em que são abertos avisos de concursos de candidatura dedicados a estes territórios chamados de baixa densidade. Isso significa que são melhores condições, são taxas melhores e, sobretudo, são verbas dedicadas. Ou seja, não vamos ter no mesmo aviso, numa mesma oportunidade candidaturas de baixa densidade misturadas com candidaturas de territórios com mais oportunidades porque isso poderia criar uma concorrência difícil de ultrapassar. Provavelmente, haveria candidaturas melhores posicionadas nos tais territórios com outras facilidades e para evitar precisamente essa concorrência difícil de se ultrapassar criouse esta oportunidade de fazer avisos direccionados que permitem aos territórios de baixa densidade terem

outras oportunidades. E se isto é importante em qualquer natureza de investimentos, no caso das empresas é mesmo muito importante. Isto tem resultado em procuras muito interessantes pelos territórios de baixa densidade e em candidaturas também muito boas. E portanto, tendo resultado e sucesso é para continuar a repetir.

Sendo os fundos europeus funda mentais, o papel dos empresários é essencial Concorda?

Sem dúvida. Por isso é que digo que é com grande satisfação que de programa para programa nos últimos anos temos verificado este aumento do peso colectivo em termos globais dos apoios às empresas. Porque não há dúvida nenhuma que as empresas criam riqueza, criam emprego e este fixa população. Um dos grandes problemas da nossa baixa densidade, desta região como qualquer região do país, é precisamente a desertificação, é o facto das pessoas terem

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partido a determinada altura das suas vidas, e não terem sido repostas. Nós temos duas preocupações com estes territórios, em primeiro lugar criar condições de vida que os continue a tornar atractivos para que as pessoas que lá vivem e que por opção decidiram ficar não se sintam discriminadas. Ou seja, as pessoas que vivem, por exemplo nas zonas das Beiras e Serra da Estrela que é um dos nossos territórios de baixa densidade, têm direito a usufruir das mesmas coisas de alguém que vive em Aveiro ou Leiria que são territórios mais ricos e de maior criação de riqueza. A segunda prioridade é levar para esses territórios investimentos criando condições de atractividade para os captar, o que se consegue através da tal discriminação positiva, o que faz com que seja criado emprego e dessa forma fixar as pessoas.

E os empresários são ousados na procura desses fundos?

Eu acho que também aí há muito

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trabalho a fazer. A utilização dos fundos comunitários tem as suas nuances, as suas obrigações, as suas exigências pois estamos a falar de dinheiros públicos e como tal têm que ter regras que tem de ser cumpridas e não vale a pena pensar de outra maneira. Pode haver muita simplificação, muita ajuda, mas há regras que tem que ser cumpridas. Sempre que há programas novos, e agora estamos quase a entrar no 2030, tem que haver uma campanha muito boa de divulgação sobretudo a nível dos empresários tendo em atenção que a maioria das nossas empresas são micro, pequenas e médias. E, depois, estarmos sempre com as nossas CIM, com os nossos colaboradores, disponíveis para os ajudar a desmistificar a questão dos apoios e a ultrapassar alguns fantasmas sobre a complexidade da utilização dos fundos. Volto a sublinhar que não podemos enjeitar que as regras existem e que vão continuar a existir, mas cada vez as coisas estão mais simplificadas e mais próximas do cidadão e das empresas.

Que balanço faz do Centro 2020?

O Centro 2020 tem mais um ano e meio de prazo de execução e terminará em 2023. O nosso Centro 2020, como aliás de uma maneira geral, o Portugal 2020, tivémos algumas dificuldades acrescidas em termos de execução. Para além da pandemia que foi igual em todo o país, na Europa e no mundo e que prejudicou claramente execuções físicas, mas também muitas execuções imateriais na área da cultura, do turismo, entre outras, uma vez que as restrições que houve não permitiam que as

coisas fossem acontecendo com a rapidez que todos queríamos. Mas nós tivémos uma vicissitude em 2017 que prejudicou muito a execução do programa ao longo do Portugal 2020 e que foram os incêndios. Como é sabido, metade da região sofreu grandes incêndios que, como é natural, provocou um desvio de atenções. Ou seja, os nossos municípios, que são uns grandes executores de fundos comunitários tiveram que acudir em primeiríssimo lugar aos problemas dos incêndios e às suas consequências. As casas que foram destruídas, as empresas que arderam, as vidas que se perderam. E tivemos que fazer tudo para no terreno ultrapassarmos essas vicissitudes. E quando estas estavam a ser ultrapassadas, vem o Covid e quando este está a ser controlado, eis que surge a guerra que já está a provocar problemas complicados em termos de execução de obras. Há falta de materiais, encomendas que são feitas e que não chegam, aumentos brutais de preços , com empreitadas que são lançadas com determinado valor e onde não aparece ninguém porque entretanto os valores vão por aí acima. Portanto, nós temos um 2020 muito atribulado e pelo que tudo indica, infelizmente, um arranque do 2030 igualmente atribulado.

Projetos a realçar nesta região? Todos são muito importantes pelo que representam para os territórios, mas pelo valor lembro-me logo dos apoios ao Centro Hospitalar Tondela Viseu. São investimentos interessantes, de várias intervenções que são muito importantes porque são sempre de modernização do equipa-

mento que não serve exclusivamente Viseu, mas que é toda uma região. Mas temos outros como escolas intervencionadas, como a Escola Viriato que teve uma boa intervenção e que sendo uma escola antiga precisava de ser modernizada, temos algumas intervenções muito interessantes, também de modernização, a nível de centros de saúde e outros construídos de raiz ou recuperados. Estou a apontar alguns exemplos na área da saúde porque todas as sondagens à população quando se querem priorizar intervenções, a saúde aparece sempre em primeiro lugar, o que é normal. Foi sempre assim, mas agora será ainda mais

importante desde que surgiu o problema da pandemia. Áreas de acolhimento empresarial que são muito importantes pois permitem organizar espaços, criar infra-estruturas e condições para as empresas se instalarem. E temos várias na região, como são exemplos as de São Pedro do Sul, Nelas ou Viseu, com valores interessantes do ponto de vista de apoio. Temos, por isso, várias oportunidades dos municípios fazerem coisas muito interessantes. Depois, algo que também é importante e que não é obra física, até porque a evolução dos quadros comunitários levou a que, naturalmente e tendencialmente, as opções de obras

“Sempre que há programas novos, e estamos quase a entrar no 2030, tem de haver uma campanha muito boa de divulgação, sobretudo a nível dos empresários tendo em atenção que a maioria das nossas empresas são micro, pequenas e médias”

físicas passassem para obras imateriais. Quando no passado se perguntava a um município o que era importante fazer, de imediato se lembravam de obras imateriais, atualmente já muitas das vezes pensam nas chamadas ações imateriais. Eu lembro por exemplo um processo e um projeto que teve grande sucesso quer aqui na região de Viseu, mas duma maneira geral, na Região Centro, e que foi o combate ao abandono escolar. A Comunidade Intermunicipal de Viseu Dão Lafões ficou responsável, juntamente com os municípios, de desenvolver um programa de acompanhamento dos jovens de maneira a que o abandono fosse diminuindo. Isso foi considerado pelos municípios um projeco de sucesso primeiro porque os resultados levaram a que houvesse efetivamente uma diminuição do abandono escolar de uma forma geral na região, e depois porque se fizeram realmente projetos muito singulares e diferentes. Na cultura,

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também, a concretização de projetos interessantíssimos de interações entre vários municípios da programação cultural em rede com coisas originais e diferentes.

Aqui, o papel dos municípios é fun damental Os autarcas estão a as sumir o seu papel?

Os nossos municípios, os nossos beneficiários, estão cada vez mais abertos a estas interações em nome de um território. Pela lógica normal e pela evolução, fazendo-se as coisas materiais não têm de fazer outra vez. E, portanto, há aqui uma opção cada vez maior pelo trabalho imaterial e por projetos imateriais também muito importantes para cativar e fixar população. Claramente que os nossos autarcas estão a assumir e a cumprir muito bem o seu papel. E, aqui, eu não posso nunca abandonar a minha longa prestação enquanto autarca. Eu acho que não há nenhum político no ativo, nenhuma atividade política em que se tenha

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tanta sensibilidade do que são as necessidades das populações e a evolução que essas necessidades têm tido ao longo do tempo, do que um autarca. E, portanto, eles têm assumido essas novas necessidades, esses novos desafios e os fundos comunitários lá estão para, precisamente, ajudar a satisfazer esses desafios. Os nossos autarcas sabem o lugar que ocupam e o que querem para as suas populações e territórios.

Uma das coisas que querem muito é cativar jovens e jovens talentos Mas reconhecem que não é fácil Como o podem fazer?

De uma forma geral esse é o problema maior do país. A questão económica é um problema, mas a demografia é um gravíssimo problema do nosso país e da Europa. É verdade que nós temos de atrair talento, mas neste momento, nós já temos é de atrair mão de obra, talentos e não talentos, para satisfazer as necessidades do país. Portanto, a natalidade é uma medida, mas não chega, por muito que se disponibilizem incentivos financeiros como o cheque bebé ou as despesas pagas até determinada idade. Nós precisamos de atrair pessoas de fora e para isso temos que ser um país acolhedor que saiba receber e integrar. Já temos felizmente no território alguns exemplos interessantes que também integram os tais talentos especializados. Nós temos o exemplo de um projeto em Belmonte de uma empresa tecnológica de Coimbra que já está a instalar técnicos especializados da América do Sul. Este é um projeto a replicar nestes territórios de baixa densidade. Mas também faltam re-

cursos humanos nos outros territórios. Neste momento, se não invertermos a nossa realidade demográfica com políticas de atração de pessoas, o país, a região, definha. Um país sem gente, definhado, morre. E como acredito que ninguém está interessado nisso, temos cada vez mais apostar em saber receber e em saber integrar. Portanto nós temos que investir em três aspetos muito importantes, a natalidade com medidas e vantagens no terreno, encontrando soluções mais atrativas para que os nossos jovens cá fiquem e se sintam bem, mas a principal medida é atrair jovens de fora.

Sem fazer futurologia como estará o país, e em particu ritório, no final do 2 No país, o ideal era continuarmos a crescer de maneira a ultrapassarmos muitos países que nos ultrapassaram pelo caminho do ponto de vista do crescimento económico. Porque havendo crescimento económico, há emprego, qualidade de vida, pessoas felizes. Esse é o meu desejo. O desemprego, apesar de tudo, tem tido comportamentos interessantes. Os números preocupam, claro, mas do ponto de vista comparativo, é bastante menor. Crescimento económico e por arrastamento que também esta nossa região Centro entre num crescimento evidente. Interessa-nos muito a questão da investigação, pois uma região com bons níveis de investigação científica pública e privada e

Interessa-nos a questão da investigação, pois uma região com bons níveis de investigação científica pública e privada e transferência de conhecimentos para as empresas é meio caminho andado para termos empresas mais modernas com nova criação de valor e, portanto, mais riqueza nos territórios.

transferência de conhecimentos para as empresas é meio caminho andado para podermos ter empresas mais modernas com nova criação de valor e, portanto, mais riqueza nos territórios. Nós estamos num momento particularmente feliz nestes territórios. Isto é, a pandemia tornou-os mais atrativos. Tal como nas nossas vidas, também destas situações devemos retirar o lado mais positivo e neste caso concreto, estes territórios pela sua qualidade de vida, pelo seu sossego e ambiente natural, pelas atrações que tem criadas precisamente por essa natureza tornou-se ele próprio mais atrativo. Não só em termos turísticos - e claramente em termos turísticos –onde as pessoas se sentem bem e procuram espaços diferentes onde se esteja bem, onde se usufruam caminhadas na natureza, onde se coma bem, onde não se sintam pressionadas pelo tempo ou pelo trânsito. Mas também há aqui uma nova oportunidade sobretudo em determinadas atividades profissionais que podem perfeitamente ser desempenhadas à distância e que as pessoas procuram espaços onde conseguem conjugar um conjunto de vantagens. O poderem levar os filhos à escola em cinco ou 10 minutos, o que não usufruem nos grandes centros urbanos. Temos, portanto, de aproveitar, utilizando os fundos, para que juntando estas oportunidades que surgem tornar efetivamente estes territórios mais atrativos e com maior capacidade de resposta à procura que nós esperamos, venha tendencialmente a aumentar.

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