JORNAL DIÁRIO DA POESIA - 2a edição impressa

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Entrevista: João do Corujão P.12

A História da Fotografia P.10

JORNAL SÃO GONÇALO RIO DE JANEIRO ANO 1 Nº 2 EDIÇÃO BIMESTRAL ABRIL/MAIO 2016

Homenageamos Josias Ávila Junior Numa noite emocionante, o Presidente do Abrigo Cristo redentor foi homenageado pelo grupo Diário da Poesia. Veja também como foi o lançamento do jornal impresso no mês de fevereiro. P.7

Uma carta do editor Trovadores de SG para Kaio Rodrigues ganham prêmios P.3

P.2

Diário participa de evento de leitura

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Ator gonçalense estreia peça

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NESTA EDIÇÃO

In Natura. A poetisa Fátima Daniel lançou no início de abril seu livro “In Natura... Do jeito que eu sou” no ICBEU. Pág. 11

Viva às Mulheres! O Centro Cultural Seu Machado promoveu o evento Mulheres em Contrução em homenagem a elas. Pág. 4

Sobre a Felicidade. Carlos Alberto Oliveira, poeta e artista Plástico, estreia coluna no jornal falando da felicidade. Pág. 4

O mundo que se foi. Marcelo Motta faz uma viagem no tempo e aponta para um mundo que não existe mais. Pág. 3


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EDITORIAL Por Renato Cardoso

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Jornal Diário da Poesia nasceu para ser a voz do artista gonçalense. Um meio 100% cultural para divulgação de eventos gratuitos, lançamentos de livros, etc.. São 20 artistas envolvidos no projeto, que faz parte do grupo Diário da Poesia, evento cultural que acontece sempre na terceira sexta de cada mês às 19h00 no Restaurante Sintonia Fina. O jornal, que em sua primeira edição tinha oito páginas, cresceu, agora com 12 páginas, com mais arte. Além de ter tido repercussão nos grandes jornais cariocas, como O EXTRA. Se você faz parte ou organiza algum evento, quer ter sua poesia publicada ou seu trabalho artístico reconhecido, basta entrar em contato conosco pelo e-mail: renatocardoso82@gmail. com ou pelo Whatsapp: 994736353. Hoje podemos dizer que temos, com muita luta, espaço para todos.

DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

Parabéns Trovadores! Avante!

No dia 05 de março aconteceu os Jogos Florais, concurso promovido pela UBT (União Brasileira dos Trovadores) todos os anos em Cantagalo-RJ por ocasião do aniversário da cidade. Esse concurso acontece em diversos pontos do país e do exterior.

Representando o nosso município tivemos os travadores Gilvan Carneiro, Antônio Carlos Rodrigues, Fátima Daniel, Mariângela Tavares e Marialice Araújo, que, honrando nossa São Gonçalo querida, ganharam prêmios dentro deste grandioso concurso. Uma honra e orgulho para o nosso município que é sempre lembrado por questões políticas desastrosas, e, que hoje, está sendo lembrando pela arte de qualidade que aqui existe. A próxima edição nacional do concurso será na

Gilvan Carneiro, Antônio Carlos Rodrigues, Fátima Daniel, Mariângela Tavares e Marialice Araújo

cidade de Juiz de Fora – MG, e contará, novamente com a participação dos trovadores Gilvan Carneiro e Marialice Araújo. Quer conhecer a UBT de São Gonçalo? Eles se reúnem sempre na primeira sexta-feira de cada mês, às 19h00, no salão do Abrigo Cristo Redentor.

MEMÓRIA

Por Melisa - Artista Plástica e Professora

Quem foi Piet Modrian?

Piet Modrian nasceu na Holanda em 1872 e faleceu em Nova York em 1944. Em 1913, passa por uma fase de transição e começa a praticar uma estilização que tem como base o trabalho desenvolvido pelos Cubistas. Depois dessa fase, seus trabalhos se tornaram abstratos, mas só na aparência, pois são um simples processo de abstração. Sempre utilizando, a partir desses resultados, figuras geométricas e cores como: azul, amarelo, vermelho, branco e preto, numa sincronia maravilhosa de formas e cores. Seu estilo de pinturas chegou a ser inspiração para alguns designers de moda. Segundo Mondrian: “A vida, assim como a espiritualidade, triunfa nas imagens formais que constituem arautos da civilização

- O Corujão da Poesia, idealizado e apresentado pelo ativista cultural João Luiz de Souza, está de casa nova em São Gonçalo. O Corujão acontecerá na Porção Mágica, sempre na última quinta

de cada mês, às 19h30. Não Perca! - Vale apena ler o livro da poetisa Fátima Daniel, “IN NATURAL... do jeito que sou”. Parabéns pelo seu pri-

meiro livro Fátima! - A Galeria Sintonia Cultural, no Restaurante Sintonia Fina está sempre com uma exposição diferente. Parabéns Fábio Hartmann pela iniciativa!

Colunistas: Uberlan Macedo, Kaio Rodrigues, Ivone Rosa, Fernando Petri, Alexandre Martins, Janne Duarte, Carlos Alberto Oliveira, Letícia Mounzer, Daniel Barradas, William Borges, Marcelo Motta, Thiago Cirne, Melisa, Mikael Viegas. Quadrinista: Eberton Ferreira História em capítulos: Raphaela Scarpi. Matérias e entrevistas: Renato Cardoso Idealizador do projeto: Professor e Poeta Renato Cardoso. Jornalista responsável: José Jerônimo Sobrinho. Editoração: Helcio Albano. Edição: Editora Apologia Brasil. Distribuição Gratuita. Facebook: diariodapoesiasg Tel.: 99473- 6353


DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016 Marcelo Motta

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s primeiras impressões que tive da infância foram às brincadeiras de ruas. E não poderia ser diferente. Onde estão vocês? Foi assim com todos que viveram a mesma era. Hoje, as brincadeiras se voltaram para a TECNOCRACIA. Videogame ou jogos on-line levam a criança a deixar de viver sua infância. Só não vivi mais intensamente os anos 80, porque surgiu a AIDS. Eu era bem novo e isso deixou meu alerta aceso. Muitos foram os que morreram assim.

Aqui quem fala é o editor deste jornal, para avisar que a coluna deste mês não foi enviada pelo cronista. Precisei preencher este espaço com qualquer texto, porque o Kaio não é bom com prazos, e não nos enviou a coluna a tempo. Todo mês é a mesma coisa: recebemos a crônica na última hora, às vésperas de fechar a publicação. Isso é um problema para o pessoal da diagramação, para o pessoal da edição, para os revisores... Poxa,

O mundo que se foi...

Bons tempos! Ainda existiam os cinemas de rua. Vi dezenas de filmes e isto me fez idolatrar a 7ª arte, mas os atores não eram os mesmos que via na TV.

Bons tempos! Ainda existiam os cinemas de rua. Vi dezenas de filmes e isto me fez idolatrar a 7ª arte, mas os atores não eram os mesmos que via na TV. Os anos 80 trouxeram uma leva de atores “Made in Hollywood”. Onde a beleza suplantou o talento. Infelizmente, por mais talento que todos tenham nenhum se equipara a um Gene Kelly ou Grace Kelly. Estrelas nascem e estrelas morrem. E veio à década de 90. Produtos entraram em extinção. A caça ao que possuía qualidade foi decla-

Kaio Rodrigues

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rada. Produtos que eram de envergadura foram substituídos por “PLÁSTICO”. Ventiladores, de ferro ou aço, se fizeram de plástico. As TVs se tornaram de plásticos. O produto sintético se impôs ao natural, a lei do comércio é: “A qualidade cai e o valor dispara”. Nem “homens” e mulheres resistiram. Nos últimos anos surgiu o Metrossexual, triste ocaso do pós-machismo. “Homens” levam na mochila mais maquiagem que as mulheres em suas bolsas. Lipoaspiração e implantes são feitos sem

avaliação médica. Em nome da vaidade tudo é válido, até mesmo colocar a vida em risco. Seios são aditivados com silicone, cinturas são modeladas com bisturis. “Homens” e mulheres vão para a linha de montagem do parque industrial da beleza e o resultado é lindo aos olhos, porém, a que preço? E de forma artificial a beleza se faz. A beleza não resiste ao lento avançar dos ponteiros. “Homens” e mulheres “MADE IN” não esqueçam o que disse o poeta do rock “O tempo não para”.

Um mau cronista

Às vezes o cronista culpa os trabalhos da faculdade. Noutras, o trânsito, o surto de Zika ou a viagem de última hora para algum povoado inacessível nas Maldivas.

Kaio, qual é o seu problema com enviar o texto dentro do prazo? As desculpas variam. Às vezes o cronista culpa os trabalhos da faculdade. Noutras, o trânsito, o surto de Zika ou a viagem de última hora para algum povoado inacessível nas Maldivas. No mês passado, quando perguntado sobre o texto para o jornal, respondeu pretensiosamente: “Se até o país é atrasado, por que o autor de crônicas deve ser pontual?”

Já pedimos algumas vezes que ele mandasse o texto com antecedência. Kaio, porém, disse que sofre de um mal crônico. “Seu mal crônico se chama preguiça, isso sim!”, retrucou, com raiva, o editor que vos escreve. Ontem mesmo o vi online às duas da manhã em sua conta no Facebook, gastando o tempo que podia ter usado para escrever para o jornal. Como resultado, precisei eu mesmo redigir o texto desse mês, tentando, sem grande sucesso, imitar o

estilo do jovem autor: algumas ambiguidades com a língua portuguesa (Mal crônico – Mau cronista), uso excessivo dos dois-pontos e algumas referências – que ninguém nota – as obras do Veríssimo e do João do Rio. Vou encerrar por aqui, porque ainda tenho um jornal para preparar. Com afeto, O editor Obs:. O artigo foi realmente escrito pelo Kaio Rodrigues


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DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

ACONTECE EM SG... A CRIAÇÃO DAS MULHERES

Teatro Infantil Janne Duarte - Poetisa e Professora

Sempre gostei de assistir peças infantis, e inúmeras delas fazem parte da minha lembrança, como “Os Saltimbancos” que assisti, em Niterói, lá pelos anos 70, no tempo em que as pessoas iam com as crianças ao teatro por questões culturais, como o gosto pela leitura, dança, música, enfim, por todo um conjunto de informações que envolve uma peça teatral. No último dia 05 de março, o escritor Décio Machado promoveu no Seu Machado, sob a organização da Fátima Miranda (foto), a exposição “Mulheres em criação”, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, trazendo múltiplas manifestações artísticas e culturais retratadas pela ótica feminina através das artes plásticas, literatura, música e poesia. Parabéns Décio Machado por incentivar a cultura gonçalense.

TODO DIA É DIA DE LER!

Naquele tempo, tudo era mais simples, a atenção estava voltada para o espetáculo. As guloseimas eram pipoca, jujuba ou chiclete. Nos anos 80 e 90, o interes-

se das pessoas não era muito diferente. Depois muita coisa mudou, e o teatro vende salgadinho, refrigerante, mas o que mais me chamou atenção nos últimos anos foi uma sessão de fotos com as crianças, feita pelos pais, antes de começar o espetáculo. Como estamos na era digital, conectados as redes, muda a vida, e muda o comportamento. Eu fiquei tentando entender o que passava pela cabeça daquelas pessoas que fotografavam seus filhos, como se

fossem virar capa de revista no dia seguinte. A peça foi apresentada dentro de um silêncio e apreciação merecidos, mas no final os atores saíram do palco correndo, pulando, com pais e crianças correndo atrás, para outra sessão de fotos, agora com os atores. E me perguntei: “Hoje, seria possível falar sobre a peça assistida, ou apenas na quantidade de curtidas das fotos? O que fica na cabeça das crianças, a peça, ou as fotos?”

Sobre a Felicidade Carlos Alberto Oliveira – Poeta e Artista Plástico

A leitura tem um dia no município e este dia foi 12 de março. Todas as escolas municipais fizeram parte do projeto “Todo dia é dia de ler” com o objetivo de estimular a leitura. Segundo a coordenadora da Escola Municipal Maria da Glória, Ane Helen Pereira Dias: “Em nossa creche, durante a semana, cada professor realizou a escolha de histórias, poesias, cantigas de roda e músicas para a partir daí produzirem atividades com as crianças. Durante a semana recebemos a vista da escritora Cristina Soares, que realizou uma linda contação de histórias na escola. No sábado, dia 12, a escola abriu as portas para os pais prestigiarem os trabalhos produzidos pelas crianças e professores, com a apresentação o grupo Diário da Poesia.” Parabéns a Secretaria Municipal de Educação pelo projeto. Parabéns a Escola Municipal Maria da Glória.

Ah! A Felicidade... Quantas versões são colocadas nas redes sociais e nos meios de comunicação e cultura em geral, para acesso de todos sobre a tão almejado ideal... São as mais convincentes, as mais apelativas, as mais eloquentes, as mais comoventes, as mais indecentes, as mais inocentes, as mais fortemente ameaçadoras formas de intromissão no direito alheio e humano de se converter razões inócuas em atitudes de prazer. Ora prazer nem sempre é sinônimo de felicidade... Nem todo o prazer leva a felicidade, mas a felicidade, essa sim, contem uma

grande dose de prazer embutido. Felicidade está em cada um, dentre seus anseios, em cada gesto, cada detalhe, cada momento desejoso de exacerbação dessa mais perfeita forma de obter regozijo, de se converter cada instante em glória máxima interior e assim poder externar toda essa grandeza de emoções e incomensurável prazer. Então toda essa forma poética, pessoal ou coletiva de se mostrar esse sentimento que invade os corações e determinam as mais notórias faces alegres e contagiantes... Assim os corações apaixonados se revelam, as conquistas se mostram,

os gritos dos vencedores são bradados aos quatro cantos em homenagem ao âmago dessa vontade de mostrar alegria, enfim, de desabrochar a linda flor da felicidade, nos jardins das intenções e desejos de cada um... Tudo isso não tem preço, deve transbordar da alma e das intenções... É uma energia que existe em cada ser vivente e que deve ser partilhada aos quantos ventos ventar e passar a quantas bravas vidas se puder viver. A felicidade depende de cada um em si, não dos outros...


DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

A diferença do tom

Ivone Rosa

(...) Uma visão nada agradável! Neste momento lembrei de contemplar as árvores plantadas logo abaixo dos viadutos, são tantas, muitas de diferentes espécies!

Era fim de tarde, eu saíra de casa rumo a Niterói. Peguei um grande engarrafamento a partir da Avenida do Contorno, o tráfego melhorou um pouquinho após a subida da Ponte Rio/Niterói e naquela lentidão dos carros, comecei a observar as pessoas que desistiam de aguardar e desciam da condução para ir a pé e correndo... outros discutiam com agressões verbais e gestos indecentes de um automóvel para outro. Uma visão nada

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agradável! Neste momento lembrei de contemplar as árvores plantadas logo abaixo dos viadutos, são tantas, muitas de diferentes espécies! Algumas frutíferas, inclusive com jamelões maduros e tingindo a relva pisoteada com frequência. Outras são florais, também de espécies distintas, pois é muito fácil perceber a diferença através das folhas, da estrutura dos troncos. Existem aquelas que são robustas e seus galhos crescem tanto ao ponto

Touché

de ultrapassar a rede elétrica, embora sejam podadas raramente, elas crescem o dobro, como quisessem desafiar o vento. Há algumas que seu caule é muito fininho com galhos mais magros ainda! Estas aproveitam por serem menores e abusam da sombra formada pelas copas das maiores. Observei também que mais a frente tinha uma quebrada, porém seu tronco não se partiu de todo e ela mesmo debruçada ao solo, sentido dor, continuava

a florescer! Da mesma maneira, que pela falta de espaço, um grupo, de outras magrinhas, crescia torto! Completamente retorcidas entre as robustas, disputavam seu lugar ao Sol... não menos bonitas, apenas com um verde diferente! Assim, com meu olhar bucólico, comprovei bem de perto que existem vários tons ... essa diferença é que torna a natureza tão linda! O engarrafamento acabou. Cheguei ao ponto final.

Mikael Viegas, ator.

Um dia se viu arte, se viu ar, se enxergou terra. De longe reviso o cotidiano e encanto-me com seres humanos e seus dons. Intervenções, literaturas e orgias

É interessante como o mundo funciona e o universo conspira. Quando as pessoas se conectam, há muito mais o que se entender, aproveitar e como intervir. Esta última possui um peso ainda maior na transformação da realidade, neste caso, por meio da cultura. É o que está acontecendo aos poucos para mim e para os próximos. Para ser mais direto, em Niterói foi criado o

Coletivo Touché!. Em poucas palavras, pra não dizer que a vida não tem faces de afeto e poesia: “Um dia se viu arte, se viu ar, se enxergou terra. De longe reviso o cotidiano e encanto-me com seres humanos e seus dons. Intervenções, literaturas e orgias. Cultura. Sem pudores e sem grandes pretensões. Espaço criado no paralelo quando

criança e concretizado no virtual. Cativando e conectando através de ações espontâneas nascidas de música, ilustrações, rimas, poemas. De manifestar e ser manifestado. Inspirações anônimas. Gozando imaginação e bebendo o líquido da exposição. Se a azia me ataca tenho o mundo ácido para me comparar e não enlouquecer. Sim, no vento que vem do norte me faço de sorte e ten-

to ser menos um no mundo da mente bitolada. Me visto na pele de poeta pra quem sabe sorrir n’um universo contemporâneo e ralo. Sendo eu, sendo ela somos todas as substancias doces de dias nublados. Façamos assim: leia, com olhos de menino. Enxergue-me como viaduto: de passagem e moradia. Pegue uma xícara de café. Se vier com amor pode ficar.” – Ranny. Aguardem-nos!


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DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

História em capítulos

Capítulo 2: Perspectivo

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erta vez me disseram que para que eu me mantivesse completo seria necessário juntar metades. E foi isso que fui fazer. Juntar partes de momentos, coisas e pessoas, para que eu não me preenchesse apenas, mas pudesse transbordar. Embora tudo isso me causasse medo, sentia-me confiante por arriscar. Contraditório, mas não tentar era o mais pavoroso para mim. Meu receio era o de desistir. Observava pela janela um campo de girassóis quando me lembrei que aprendi durante a vida a enfrentar meus medos, sendo eles reais ou não.

Raphaela Scarpi

Meu receio era o de desistir. Observava pela janela um campo de girassóis quando me lembrei que aprendi durante a vida a enfrentar meus medos, sendo eles reais ou não. E enfrentei.

E enfrentei. Senti-me um pouco desnorteado ao chegar ao meu destino final - na verdade inicial. Gente aparentemente semelhante, mas interiormente tão distinta. Resolvi descansar sentado em um dos bancos da estação e reparar nas pessoas que passavam. Para mim os olhares sempre falavam mais do que qualquer uma palavra, gritavam mais do que qualquer voz, então pensei: o que será que se passa pelo coração de cada um que é tão dominante em si a ponto de ser inevitável não se notar através de seus olhares? Bom, quando as aflições tomam conta de nós

nossas palavras podem ser as mais otimistas, mas as córneas sempre dirão a verdade. Foi então que percebi uma senhora inquieta. Seu olhar era apreensivo. Andava de um lado para o outro. Usava roupas sociais. Parecia alguma executiva. Chefe de algo. Até que se aproximou dela um rapaz alto, com as mesmas vestes sociais. Ao avistá-lo seu olhar logo mudou, era como se sentisse segura na presença dele. Conversaram um pouco, foram até um lugar mais reservado e pude vê-lo entregar uma grande quantia em dinheiro para ela. Pronto. Fim da sua

aflição. Droga! Criei expectativa demais. Logo notei que somos muito vazios, quando nos deixamos preencher por aquilo que só tem valor concreto e visível. Foi aí que vi um cão no parque ao lado abanando o rabo de forma que mostrasse uma intensa alegria pelo simples fato de sua dona estar lhe fazendo carinho. Balbuciei dizendo que queria que todos fossem cães. Observei a cena durante uns 2 minutos e me surpreendi quando vi ao lado do banco um bilhete que dizia: “Também queria que todos fossem cães”. Continua na próxima edição...

A poesia na Filosofia

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alvez em toda nossa vida não percebamos a importância da poesia na humanidade. Em escolas, universidades e em cursos livres a questão e tratada de forma linear e com pouca intensidade. Um grande pensador que fez uma bela analise sobre a poesia, foi o filósofo Aristóteles em sua obra: Poética. Nesta obra o pensador grego define a arte poética

O ‘discípulo de Platão’ também nos ensina que Homero foi o pioneiro em traçar linhas fundamentais da comédia, dramatizando, não o vitupério, mas o ridículo.

em duas vias: imitação e a estrutura poética com várias espécies. O filósofo grego também faz um panorama sobre o poeta Homero, onde o mesmo relata em Poética, ser um poeta (de gênero sério, pois se diferencia não só pela excelência como pela feição dramática das imitações). O “discípulo de Platão” também nos ensina que Homero foi o pioneiro em traçar linhas fundamentais da comédia, dramatizando, não o vitupério, mas o ridículo.

Uberlan Macedo

Muitas pessoas já ouviram a palavra “Odisseia”, porém nunca se atentaram a origem ou a fatos históricos literário. Odisseia é um poema épico da Grécia Antiga, cujo autor é Homero, onde relata o regresso de um herói, chamado Odisseu, da guerra de Tróia. Podemos também destacar outra grande obra de Homero chamada de Ilíada, onde são destacados acontecimentos ocorridos no último ano da guerra de Tróia. Esses poemas hoje servem como

base de estudos históricos e literários, não há epopéia tão rica em informações que nos mostra com tanta clareza, supostos acontecimentos ocorridos há quase três mil anos. Graças a uma das mais antigas formas literárias, temos poemas e poetas que nos fazem refletir sobre acontecimentos diversos e nos induzem a passear sobre ondas harmônicas de rimas e que nos leva a viajar em cada verso.


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Diário da Poesia homenageia Josias Ávila e lança jornal impresso

Josias Ávila com os artistas do Diário da Poesia

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noite do dia 19 de fevereiro entrou para a história da cultura gonçalense. A data foi marcada pelo lançamento do jornal impresso do grupo que será bimestral com 3000 exemplares, prometendo ser a voz do artista gonçalense. “Escrever para um jornal voltado inteiramente para essa área é, pois, uma forma de alimentar o espírito artístico. Mas, a melhor de todas as experiências, é ser colunista e leitora, pois essa comunhão cultural é como um almoço em família aos domingos, em que todos estão sentados à mesa, compartilhando ideias” diz Letícia Mounzer, uma das colunistas. O periódico conta com uma equipe de aproximadamente 20 pessoas, trabalhando para que o meio de comunicação seja um modo de exposição do artista local, assim como de várias poesias e indicações de livros, afinal tudo que acontece de melhor

na cultura gonçalense. O jornal é uma parceria entre o Jornal Diário da Poesia e o Jornal Daki. Além do lançamento do jornal, tivemos muita poesia, música e arte de qualidade. Com um público estimado em 90 pessoas, tivemos a incrível marca de 21 poetas declamando mais de 50 poesias e com a noite de autógrafos do jornalista J.Sobrinho. Já no mês março (dia 18), aconteceu a homenagem ao membro do Rotary Club, da UBT e da AGLAC, além de ser presidente do IPALERJ e que, hoje, preside, de forma brilhante, o Abrigo Cristo Redentor, Josias Ávila Júnior. Em uma noite repleta de emoções conhecemos um pouco deste nobre gonçalense de 75 anos, pai de quatro filhos. “O Abrigo do Cristo Redentor é um sonho que aos poucos vai se realizando no trabalho de muitos.

Podemos e queremos além de ser uma instituição que atende a idosos, prestar serviços à nossa comunidade com a ajuda dela própria. Além da preservação ambiental em vista de ser uma área que não vai poder ser edificada, ainda poderá conter maior arborização” disse o homenageado da noite. Segundo o poeta e cantor, Vitor Adolfo: “Foi histórico, mágico e inspirador homenagear Josias, pois ao mesmo tempo em que você faz a homenagem, você aprende valores de vida, vale ressaltar que a vida do homenageado lembra uma passagem do apóstolo Paulo, que mostra que a mensagem de fé de um homem não está em suas palavras e sim na sua forma de vida.” Na poesia tivemos a participação dos poetas Marcelo Motta, Nereis Ribeiro, Carlos Galeno, José Francisco, Fátima Daniel, Mariângela

Tavares, Marialice Velloso, Carlos Alberto, Vitor Adolfo, Kleber Marques, Fabio Hartmann, J.Sobrinho e Renato Cardoso. Na música tivemos a participação da Banda Tétrade, do cantor Jerônimo e do Maestro Fernando José e do cantor Vitor Adolfo. Além disso, tivemos as apresentações do ator Elcino Dello Carmo, dos bailarinos Vinicius Mattos & Juliana Medina, assim como o lançamento do CD de poesias da poetisa Janne Duarte e a exposição de quadros da artista plástica Cláudia Peixoto. O Diário da Poesia retorna aos palcos do Sintonia Fina no dia 15 de abril, homenageando os 400 anos de morte do grande escritor inglês William Shakespeare e, no mês de maio, o grupo contará a vida e obra da artista plástica gonçalense Olizete Tupini. Não perca. Sempre às 19h00 e com entrada Gratuita. Contatos: 994736353 / 26069346.


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Silêncio ao caos

Daniel Barradas - Poeta e Artista Plástico

Há comunidades na humanidade, e esse pluralismo no singularismo tanto pode significar a esperança do entendimento, como ser seu flagelo

té onde sabemos, o som não se propaga no vácuo, onde o silêncio aparenta ser pleno. Somos o barulho que há no Sistema. Apenas balbuciamos nossas vontades e expectativas para um Universo que não pode nos ouvir. Qual então seria o sentido de transigir nossos ruídos? Por que razão o homem esclarecido almeja a paz, a igualdade social, o amor, a perfeição em sua interpretação coletiva ou individual?

Tentam veementemente fazer da inconsonância a nona sinfonia de Beethoven. Dividem poderes para fazer com que a percepção da moral possa ser fundamentada e regulada. Acaso algum músico desafine, por muitos é condenado e responsável, vendo-se nas consequências desagradáveis de seus hiatos a fim de obter uma orquestra límpida na qual a própria humanidade é o espectador. Orquestra essa onde há muitas tentativas de maestria, tantas, como se grande parte do corpo

musical estivesse na tentativa de reger. Sendo assim o próprio, a causa de seu fracasso em atingir o utópico apogeu, a magnum opus. São muitas vozes para poucos ouvidos… Há comunidades na humanidade, e esse pluralismo no singularismo tanto pode significar a esperança do entendimento, como ser seu flagelo. Restam aos músicos revelar seus valores e descobrir por si sua identidade. Escolher de um regente ou solista revolucioná-

rio a uma voz no coral obedecendo inadvertidamente aos gestos de uma figura tão quanto suscetível a erros. Todavia acredita-se que nossa tentativa de canção continua sendo entoada mesmo que de forma inaudível. Vivendo uma contemporaneidade, sem poder conclamar estar no começo, meio ou término do grande espetáculo da vida. Restando apenas o angustiante eco de reflexão: Sois músico ou música?

O que há por trás de uma história?

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Uma história pode se desenrolar inteira a partir de um personagem da mesma forma com que personagens podem ser apenas as linhas de conexão para algo maior

sse ano o Diário da Poesia trará uma série em 12 edições, sobre o que existe dentro e por trás das histórias, trazendo perspectivas sobre: Personagens, Ambientação, Comunicação Escritor-Leitor, Histórias Secundárias, Easter Eggs, Narrativa, Escolha de Palavras, Emoções, Percepção versus Clima, Aleatoriedade, Vivendo a História, Ficção e Realidade Se a literatura é simples ou com-

plicada, depende de quem está respondendo essa questão. Seja como for, vamos entender melhor o que envolve esse mundo começando a falar sobre personagens. Uma história pode se desenrolar inteira a partir de um personagem da mesma forma com que personagens podem ser apenas as linhas de conexão para algo maior. Já pensaram que um só personagem, por menor que seja seu papel, pode ser a chave para uma reviravolta? Grande exemplo disso é o Scratch, esquilo do filme A Era do

Gelo. Quem viu os filmes da franquia pode perceber que muitas das ações dele se reverteram em fatores importantes na trajetória dos personagens principais, que nem ao menos tinham contato direto com ele! Scratch é, basicamente, um personagem que não deixa as engrenagens enferrujarem, além de ser um alívio cômico secundário. Aproveitando o fio da meada, você deve se lembrar do Mr. Bean, icônico personagem britânico. Ele

Fernando Petri – Poeta e Escritor é a base para todas as histórias, é o centro, ao contrário do Scratch. De que importaria cenas do dia a dia da Inglaterra se o personagem fosse completamente centrado? Uma chatice! O que fez a história dar certo são os trejeitos, falta de atenção e do fator caótico que sua personalidade desastrada causa isso não te lembra certo pirata de sobrenome Sparrow? Todo personagem tem um motivo de existir, preste atenção em cada um deles e você vai perceber o que há por trás de uma história.


DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

Ator Gonçalense se destaca nos palcos Gabriel Engel é um gonçalense sonhador que acredita que pode tocar as pessoas com a arte. Ator, diretor, escritor e produtor da Phoenix Cia. de Teatro. Segundo Gabriel: “É muito gratificante apresentar um espetáculo feito por mim na minha cidade, e lutar pela valorização da cultura e de seus espaços culturais que mesmo tendo grandes avanços ainda não é valorizado como deveria. É uma realização pessoal poder trazer ao povo de São Gonçalo um texto tão forte e reflexivo como retratos do avesso, pois acredito que com ele consigo fazer as pessoas pensarem e saírem seres humanos melhores do teatro”.

Nos dias 17 e 30 de abril, Gabriel e os atores da companhia Phoenix irão encenar, no Teatro Carequinha às 19h, a peça “Retratos do Avesso”, que é composta por quatro quadros que trazem as mais diversas emoções ao público. Ainda segundo Gabriel: “Criamos entre a cena e o público algo intenso, forte, profundo, que deságue num verdadeiro mergulho psicológico, ritualístico, onde é possível investigar o substrato da natureza humana por meio de signos, sons, palavras... Nosso objetivo é neste mergulho do (in) consciente transformar a simples visão da plateia em reflexão plausível”. A peça foi feita de forma coletiva pelos atores Gabriel Engel, Pedro Lopes, Mikael Viegas e Pedro Henrique Pimenta. A direção geral é do próprio Gabriel Engel. Os ingressos estão sendo vendidos por 20,00.

Alexandre Martins – Presidente da SAL

Uma breve história sobre São Gonçalo

Criamos entre a cena e o público algo intenso, forte, profundo, que deságue num verdadeiro mergulho psicológico, ritualístico, onde é possível investigar o substrato da natureza humana...

Falta é dinheiro ou educação? A palavra mais falada do momento é CRISE e é bem verdade que as coisas não estão muito favoráveis para a maioria dos cidadãos brasileiros. Por que digo maioria? Existe uma parcela de pessoas que não está desfrutando desse momento econômico, como você está, simplesmente porque para elas não falta dinheiro, que é o indicador mais prático de que sua renda, mais do que nunca, só garante a sua sobrevivência. E

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por que isso acontece com você? É muito simples! Durante toda nossa vida, desde pequenos, fomos levados a acreditar que uma boa escola e boas notas nos garantiriam no futuro um bom emprego e segurança financeira, mas isso não é verdade e sabe por quê? As escolas não ensinam uma matéria muito simples e primária... a educação financeira, e por isso afir-

William Borges é administrador

mo que nossa falta de dinheiro está intimamente ligada à nossa FALTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA. Isso explica a quantidade de pessoas endividadas em nosso país, que passa dos 54% da população e isso é apenas um dos números aterrorizantes do analfabetismo financeiro.

Em 1502 foi descoberta a Baía de Guanabara e também a sesmaria de São Gonçalo, na Capitania de S. Vicente. Jean Lery em 1557 fez a primeira referência a São Gonçalo. No livro “Viagem às terras do Brasil” relata aldeias Tupis na Guanabara e na Ilha de Itaoca. É em 1579 o início da história de São Gonçalo. Em 1646 funda a paróquia e a transformação da sesmaria em Freguesia. Gonçalo Gonçalves era fidalgo de Amarante, Portugal. Erigiu a igreja de São Gonçalo do Amarante. O povoado surge onde hoje é o bairro do Zé Garoto. Em 1749 foi criada a Estrada Real ligando Niterói a Alcântara substituindo o trajeto do Porto de Niterói para os portos de São Gonçalo. Em 1779, São Gonçalo contava mais de seis mil habitantes. Em 1780, recebeu as primeiras mudas de café, oriundas de Belém (PA). De São Gonçalo expandiu-se para todo o Estado do Rio. Em 1819 é criada a Vila Real de Praia Grande e São Gonçalo é anexada. Em 1834 é denominada Cidade de Niterói. Em 1847, o Imperador D. Pedro II visita São Gonçalo hospedando-se na Fazenda do Jacaré. Em 1890, foi seu desmembramento de Niterói. Em 1922, São Gonçalo é reconhecida oficialmente como cidade. Os primeiros bairros de São Gonçalo tiveram origem das fazendas do início do século XX, daí muitos terem seus nomes, como Trindade, Itaúna... Outros pelos portos que existiam, como Porto Novo, Porto da Madama e outros.


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Letícia Mounzer – Estudante de Direito

Espaço, alguns anos luz

Luísa tinha estrela nos olhos e o coração no céu. Seu cabelo caía aos ombros, tão lisinho, como uma cadente vagando ao léu. Ela tinha apenas 9 anos, mas já queria “conhecer o espaço”, Era seu sonho passar por todos os planetas em apenas um só passo E sua mãe, que estava preocupada, Queria tirar sua cabeça do mundo da lua Mantinha a menina ocupada E até mesmo a mandava brincar na rua Antes de dormir, Luísa pegava o telescópio, Sua mãe vinha se despedir, E encarava aquilo como um ópio A briga começava Luísa não entendia o motivo... A mãe reclamava E a menina preferia estar apenas de castigo Não compreendia o porquê de sua preocupação, Talvez ela agisse só por precaução. Até que um dia lhe veio à revelação: A mãe de Luísa tinha a mesma vocação. Mas por causa de uma indecisão, não seguiu o seu coração, Tinha medo de que, na mesma medida, O sonho de sua filha lhe estragasse a vida Depois de muita conversa, a mãe aceitou e não mais se queixou E como uma nave que decola, A menina até melhorou na escola... Atualmente ela estuda astronomia, Quem sabe eu não encontro Luísa algum dia? E então eu lhe contarei um segredo aeroespacial: Que está pra nascer sorriso mais celestial Hoje, Luísa amadureceu: tem olhos nas estrelas e o céu no coração. Atenciosamente, Lua

Fotografando

A partir desta edição, estaremos conhecendo um pouco mais sobre o mundo maravilhoso da fotografia. A intenção é levar até os leitores um pouco da história, bem como dicas, sugestões de equipamentos e programas para tratamento de fotos, além de entrevistas com profissionais da área. A origem da palavra fotografia vem do grego (foto=luz/grafia=escrita) que significa escrever com a luz. Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. A primeira fotografia permanente reconhecida, remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao inventor francês Joseph Nicéphore Niépce. Porém, o surgimento da fotografia é obra do trabalho de diversas pessoas ao longo de muitos anos, sendo resultado de inúmeros experimentos até que se conseguisse registrar esta primeira imagem.

José Francisco Rodrigues – Fotógrafo e Poeta Os equipamentos atuais captam e registram uma imagem instantaneamente, já para capturar esta primeira fotografia permanente do mundo, e foram necessárias cerca de oito horas de exposição para o registro. Segundo Henri Cartier-Bresson, fotógrafo do século passado, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo, “Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração”. Esta, para mim, é a melhor definição do que é o ato de fotografar. Poder escrever com a luz, e assim registrar uma imagem eternizando um momento. Isso nos dá a possibilidade de gravar, através de fotos, a nossa história, a de nossos amigos, lugares visitados, situações vividas, levando tudo para apreciação de novas gerações.

Recanto Poético

Poesia crua

“Rasgue a navalha com a carne Sangre as cartas com lembranças Mostre o que tem debaixo da pele Risos, ossos, temperanças... É assintomático a saudade Às vezes alegre e despercebida Como criança fugindo do cuidado Descendo escadas sem despedida Velei a vela que tenho apagado Acendi as lamúrias e segredos Das lágrimas dos úmidos dedos, Deixando o coração sossegado... Se o coração puder descansar Preso nas paredes rabiscadas Poderei, enfim, na rede balançar Ninar as doidivanas desvairadas.”

Zal Ramos

Chuva Fina A chuva fina Acalenta meus sonhos Ilusões ou razões Dos desejos do coração Rumo que a paixão Nos faz querer. Passeio sobre o nada Querendo tudo encontrar Tudo Ser. A chuva fina Tem cheiro perfumado Tem mistérios Que só o Amor Nos faz crer.

Bartira Mendes


Artista da nossa terra

DIÁRIO DA POESIA ABRIL/MAIO 2016

Diário da Poesia Apresenta:

Fátima Corrêa Daniel

“Sempre gostei de escrever. Comecei com acrósticos. Adorava! As mensagens de aniversariantes, sempre me pediam para escrever. A partir de 2005, comecei a guardar o que escrevia e venho fazendo isso até agora. Sempre participando de saraus, eventos literários, amigos começaram a conhecer meus poemas e também a me incentivar a publicá-los. Então, no ano de 2015, comecei a me organizar para lançar o meu primeiro livro cujo título é “IN NATURA... DO JEITO QUE SOU”. O livro nasceu de uma forma tão espontânea, que os poemas que o compõem falam de fatos naturais, inerentes à vida de cada um de nós”.

“De repente algo em minha vida mudou Estou tendo uma visão das coisas Muito diferente. A princípio me espantou. Mas consegui transformar o espanto em poesia” (Fátima Daniel)

AGLAC retorna as atividades...

A AGLAC (Academia Gonçalense de Letras Artes e Ciências) retornou as suas atividades nesta última quinta-feira, dia 17 de março de 2016. Com seu presidente Fernando Felix no comando, trouxe a discussão vários assuntos históricos. Durante a reunião assuntos diversos foram abordados como: o novo rumo que o Jornal São Gonçalo tomou. A AGLAC retoma as suas atividades sem deixar de apoiar a arte e a cultura local. Uma salva de palmas para a AGLAC.

Marcelo Motta

coluna do SOBRINHO Bola fora Em São Gonçalo é sempre assim: entra governo, sai governo e nem sempre a cultura é devidamente prestigiada ou continua numa boa. Agora, a polêmica é com relação à Casa das Artes. Espaço que deveria ser destinado a exposições; lançamentos literários e outros eventos do gênero. Agora estão abrindo as portas para realizações de bailes de charme, funk e até movimentos relacionados com macumba, segundo chega ao nosso conhecimento.

Particularmente não tenho nada contra, pois considero todos esses movimentos de grande valia e importância. O meu questionamento é com relação ao ajuntamento; colocar tudo num mesmo lugar e ver no que vai dar. Isto nunca deu e não tem como dar certo. Tanto é verdade que os próprios artistas plásticos de São Gonçalo não concordaram e nem concordam com a iniciativa; eles

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se revoltaram com a situação. Entenderam que a direção da Casa das Artes não agiu com correção. Os expulsou de lá. Faltou respeito para com a classe. Como a intenção é prestigiar todo o mundo, por que não se busca local mais adequado, evitando assim qualquer tipo de confronto ou de animosidade? O grande problema é que, como novas eleições estão se aproximando, já podemos imaginar o porquê de toda essa parafernália. E O TEATRO? Orçado em pouco mais de 13 milhões de reais, São Gonçalo terá brevemente o seu teatro municipal, com capacidade para 256 lugares. Para muitos a criação de lonas culturais nos diversos bairros do município seria bem mais lucrativo, mas o governo pensa diferente e o valor é muito alto para o tipo de empreendimento, mas aí já é outra discussão. J. Sobrinho é Jornalista.

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PAPO COM POESIA

Entrevista com João do Corujão Espaço dedicado a uma entrevista com um artista local de destaque. Conheça o renomado ativista cultural João Luiz de Souza, o João do Corujão. Idealizador do projeto Corujão da Poesia. DP: Quem é João Luiz de Souza? João: Um ser humano em estado de poesia e prontidão cidadã. Um afrobrasileiro de formação socialista. Um agitador cultural romântico. Aos 54 anos posso dizer-me um “maluco beleza”, sem nenhum temor dos patrulhamentos ideológicos. DP: Quando você começou a se interessar por arte, especialmente pela poesia? João: Fui alfabetizado e estudei durante muitos anos no Colégio Pereira Rocha e, depois, no Instituto de Educação Clélia Nanci. Nas duas escolas havia uma intensa vida cultural. Muitos eventos onde as artes eram celebradas, mas, posso assegurar que a paixão pela poesia e literatura nasceu no Pereira Rocha, onde recitei um poema num palco aos seis anos de idade e onde sempre tivemos muito incentivo à leitura de livros dos autores brasileiros. DP: O Corujão é um evento reconhecidamente um sucesso. Como

você teve a ideia de fazer um evento que envolvesse todo o tipo de arte? Por que Corujão da Poesia? João: Tudo começou em São Gonçalo, na Livraria Neurônio, do Mário e da Patricia Salgado, que funcionava no Campus da UNIVERSO / São Gonçalo, na Trindade, no ano 2000. Criamos uma agenda de saraus com presença de artistas convidados e ganhamos uma enorme visibilidade na mídia e nos meios culturais. Fazíamos à noitinha e durante o dia, com o nome “Dizer Poesia - Universo da Leitura”. Daí fomos para Niterói e Rio de Janeiro, com o mesmo nome e horário. Em 2005, nasceu o Corujão da Poesia-Universo da Leitura, que acontecia da meia-noite às seis horas da manhã, na Livraria Letras & Expressões do Leblon, sempre com microfone aberto, arrecadação e libertação dos livros. O projeto sempre foi uma iniciativa de extensão e cultura da UNIVERSO - Universidade Salgado de Oliveira e, a motivação é a difusão do prazer da leitura, mas, a ideia de fazê-lo no formato de uma vigília semanal, foi devido a percepção de

que havia muitas pessoas insones e apaixonadas por literatura, música e artes em geral, sem um local para reunirem-se e trocarem suas vivências. Deu certo. São 10 anos e milhares de pessoas já passaram pelos nossos encontros, além de criarmos uma comunidade permanente, que se reveza nos saraus, sempre bastante concorridos. DP: Como é fazer 10 anos do Corujão ininterruptos e com grande sucesso e em diferentes pontos no estado do Rio de Janeiro? João: Toda semana é uma sucessão de surpresas. Fazer dez anos é um desafio para prosseguirmos e multiplicarmos as metas e sonhos. A prioridade é fomentarmos o prazer da leitura. Ler é uma atitude revolucionária numa realidade como a nossa. DP: Você é nascido e criado em São Gonçalo. Como você vê o momento atual da cultura gonçalense? João: Sou um gonçalense apaixonado, mas tenho acompanhado

pouco a agenda cultural da cidade. Creio que uma cidade que tem a décima sexta maior população do Brasil, merecia ter apoio de todos os setores, órgãos públicos e iniciativa privada, deveriam contribuir para a cultura gonçalense. DP: Conte-nos um fato que tenha te marcado muito nesses 10 anos de Corujão. João: O fato do Jorge Ben Jor ter se aproximado de nós e tornado-se o PADRINHO do Corujão da Poesia -Universo da Leitura. DP: Deixe um recado para aqueles que queiram se apresentar no Corujão da Poesia, como fazer?! João: É só aparecer. Seja em São Gonçalo, Niterói ou Rio de Janeiro, o microfone é aberto. Para acompanhar a nossa agenda basta acessar a nossa página no Facebook: www.facebook.com/corujaodapoesia Desejo alegrias, realizações, muita poesia e leitura em nossas vidas. Leia sempre um bom livro e inclua a poesia em sua agenda diária.


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