DC 28/01/2013

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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sexta-feira, sábado, domingo e segunda-feira, 25, 26, 27 e 28 de janeiro de 2013

A maior parte morreu asfixiada. Entraram em pânico e acabaram pisoteando umas às outras. Coronel Guido Pedroso de Melo, comandante dos bombeiros.

idades

Vinicius Costa/Estadão Conteúdo

Ronald Mendes/Estadão Conteúdo

Familiares se emocionam no reconhecimento das vítimas Ronald Mendes/Estadão Conteúdo

Presidente Dilma Rousseff durante visita a familiares no Centro Desportivo Municipal, em Santa Maria: ministros foram mobilizados para ajudar.

Dilma chora e antecipa volta

A dor e o desespero marcaram o dia, ontem, em Santa Maria.

DEPOIMENTOS Deivid Dutra/Estadão Conteúdo

Presidente estava no Chile, onde participava da Cúpula dos países da América Latina com a União Europeia

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om a voz embargada, a presidente Dilma Rousseff declarou que não participaria mais da reunião da cúpula dos países da América Latina com a União Europeia, que acontece em Santiago, no Chile, e viajaria para Santa Maria. Ela chorou ao comentar a tragédia e disse que o povo brasileiro precisa dela. "Gostaria de dizer à população de nosso País e de Santa Maria que estamos todos juntos nesse momento.'' Dilma disse que todos os ministros estão

mobilizados para prestar toda ajuda possível às vítimas e aos familiares envolvidos na tragédia. Durante a entrevista, Dilma começou a chorar e terminou o depoimento. O anúncio foi realizado do hotel The RitzCarlton, onde a presidente estava hospedada. Na cidade gaúcha, Dilma visitou o Hospital de Caridade, um dos locais que receberam os feridos no incêndio. Dilma permaneceu no local durante cerca de 15 minutos, reunida com o governador do Estado, Tarso Genro, e com o ministro da Saú-

de, Alexandre Padilha. Em seguida, a comitiva presidencial foi para o Centro Desportivo Municipal de Santa Maria, onde estavam familiares das vítimas. Depois da visita, a presidente retornou para Brasília. Lula – Em comunicado, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil está triste e de luto com as mortes. "Nesse momento difícil, expressamos nossa solidariedade aos amigos e familiares das vítimas e à toda a população da cidade, mas em especial aos pais e mães por essas per-

das irreparáveis". Alckmin – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também emitiu nota de pesar: "Foi com tristeza que recebi a notícia da tragédia ocorrida em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Transmiti ao governador Tarso Genro nossa solidariedade e colocamos o Governo de São Paulo à disposição do que for necessário", disse Alckmin. "Nossos pensamentos e nossas orações às famílias e aos amigos das vítimas", concluiu o governador paulista. (Agências)

Alvará de boate estava vencido

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delegado Sandro Meinerz, um dos responsáveis pela investigação do incêndio ocorrido na madrugada de ontem na boate Kiss, em Santa Maria, disse que o alvará de funcionamento da casa estava vencido. "A informação preliminar é que o estabelecimento funcionava com alvará vencido em processo de renovação, mas ainda não renovado", afirmou o delegado. "Por que não renovou?", questionou. Meinerz disse ainda que a Polícia Civil irá investigar quando foi realizada a última vistoria do estabelecimento e verificar se houve alguma mudança na estrutura do local. Além disso, a investigação policial pretende avaliar se o local estava adequado às

Sobrevivente da tragédia em Santa Maria: relatos dramáticos.

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m poucos segundos, as fagulhas produzidas pelo sinalizador lançado por integrantes da banda Gurizada Fandangueira chegaram ao revestimento acústico da boate

Kiss, dando início ao fogo. A grande maioria dos mortos foi vítima de sufocamento e não de queimaduras. Sobreviventes fizeram relatos dramáticos. Abaixo, alguns deles.

Reprodução/Facebook

O DJ Bolinha, um dos músicos da Kiss (logotipo abaixo), postou foto da festa no pouco antes da tragédia. normas de segurança e se, de fato, comportava o número de pessoas que estavam presentes no momento da tragédia. O delegado Meinerz afirmou ainda que a polícia do Rio Grande do Sul

investigará o suposto bloqueio das saídas da boate por seguranças e a existência de apenas uma saída de emergência. "Apenas uma saída de emergência?", questionou o delegado. (Estadão Conteúdo)

“Dei sorte, estava perto da saída quando vi que começou o incêndio. Os seguranças trancaram a porta porque queriam as comandas.

Eu estava espremida na parede e só consegui escapar porque me puxaram. Fui engatinhando até a saída, com pessoas passando por cima.

JONATHAS CASTILHOS

SHELEN ROSSI

Assustados, os seguranças seguraram um pouco as pessoas. Até que perceberam a urgência e abriram as portas.

Nós olhamos para o teto lá na frente do palco e estava começando um fogo, foi um amigo nosso que nos mostrou, aí nós começamos a cair.

MATEUS ABADI

LUANA SANTOS SILVA

Reprodução

Morte em 10 minutos

Casal aproveitava folga

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ara que que haja uma morte em decorrência de asfixia, como aconteceu na boate Kiss, são necessários pelo menos dez minutos de exposição à fumaça tóxica. A avaliação é do pneumologista Humberto Bogossian, do hospital Albert Einstein. Segundo ele, em uma situação como a que houve em Santa Maria, as vítimas ficam expostas a três fases de contaminação que, em conjunto, sem cuidados médicos, levam à morte. "No primeiro momento, acontece uma lesão térmica no sistema respiratório provocada pelo calor no ambiente. A temperatura pode ficar tão elevada que a proteção que temos na narina fica perdida", disse o médico. O segundo momento é a diminuição do nível de oxigênio no sangue e o início da morte de células no cérebro. O terceiro momento da contaminação, segundo o pneumologista, é o contato com o monóxido de carbono, que afeta o transporte de oxigênio pelo corpo, prejudicando as hemácias (células do sangue). "A somatória desses eventos vão tornar difícil uma reação do organismo. A pessoa acaba morrendo." (Folhapress)

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Convite na internet para a festa "Agromerados", realizada na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Maior parte das pessoas que estavam no local no momento da tragédia ocorrida do fim de semana eram estudantes universitários de agronomia e veterinária de uma faculdade local.

namorado da estudante do curso técnico de alimentos Susiele Cassol, 19, chegou na manhã de sábado a Santa Maria. O plano de Roger Dall'Agnol, 21, e dos pais de Susiele era passar o final de semana com a jovem, que mora da cidade. Susiele e Roger morreram durante o incêndio na boate Kiss. Segundo amigos da família, eles namoravam há cerca de quatro anos e se conheceram pela internet. Como Roger morava em Piraí, e ela em Nova Prata, no início do relacionamento, o casal se via apenas nos períodos de folga. A jovem mudara para Santa Maria no ano passado, depois de passar no vestibular da UFSM. Uma amiga da família de Susiele disse que a mãe da garota telefonara para ela na sexta à noite para contar sobre os planos de visitar a filha em Santa Maria, que estava repondo as aulas suspensas durante a greve da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Os pais da Susiele passaram a manhã procurando informações sobre a filha, que só chegou às 12h, com a identificação do corpo. O corpo de Roger já havia sido identificado. (Folhapress)


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