Diário do Comércio

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de julho de 2012

O objetivo é fixar uma imagem conciliadora, deixar para trás o tom radical. Marqueteiro brasileiro sobre a campanha eleitoral de Hugo Chávez

olítica

Estilo Lula, modelo na eleição da Venezuela. Fui perseguido como um cão sarnento, acusado como se fosse uma mulher vagabunda e como não apareceu nada, nada, nada, começaram a inventar. Demóstenes Torres, em discurso que antecedeu sua cassação pelo Senado.

É uma campanha que está movendose a partir da periferia para o centro, e vai dar bons frutos. ARMANDO BRIQUET, CHEFE DA CAMPANHA DE CAPRILES.

Capriles: investimento em educação e apoio aos pobres, como Lula.

Chávez: apelo emocional, com novo visual e discurso mais ameno.

João Santana: apoio a Chávez

latino-americanos em seu currículo até agora, está tentando algo similar com Chávez. O desafio começou por incentivar o ex-soldado a deixar seu uniforme militar verde no armário por algum tempo. Chávez agora às vezes aparece de terno e ainda com um casaco esportivo sobre uma camisa aberta no pescoço. Chávez também está sendo pressionado para baixar o tom da sua retórica rebelde sobre geopolítica e se ater mais a suas pragmáticas e unificadoras características, como a química improvável com seu "novo melhor amigo", o líder conservador da Colômbia Juan Manuel Santos. "O objetivo é fixar uma imagem mais conciliadora: deixar para trás o tom radical", disse um dos conselheiros brasileiros da equipe de Hugo Chávez, que pediu anonimato. Ao procurar investir na co-

truir casas de baixo custo. A presença de brasileiros na campanha de Capriles é parte de seu esforço para se apresentar como líder progressista e mostrar um recomeço dos governantes que estavam desacreditados por quatro décadas no poder antes da chegada de Chávez à Presidência. A oposição também está destacando o contraste entre um Capriles de 39 anos de idade – um jovem entusiasmado, que passou meses em uma desgastante turnê "casa a casa" – e um Hugo Chávez enfraquecido pelo câncer. Pereira e Mendes, que afiaram seus dentes em casa, em grandes campanhas nacionais, incluindo a vitória em 2006 do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, têm estado na vanguarda desses esforços, lançando slogans para Capriles, como: "Há um caminho" e "Algo de bom está acontecendo" (http://bit.ly/ oUy6pm). O duo também criou um filme em que Capriles aparece usando um terno escuro e camisa aberta no pescoço – o que não constitui sua aparência usual – e falando sobre a im-

Valter Campanato/ABr – 20/72008

Duda Mendonça: 60 campanhas. nexão permanente de Chávez com a maioria pobre da Venezuela, eles têm insistido no slogan "Coração venezuelano", que agora adorna todos os anúncios de campanha. "Vamos enfatizar as relações do público com o Chávez ser humano – ele deu e continua a dar sua vida pelo país", disse o conselheiro de campanha. Chávez, que recentemente se submeteu a um tratamento contra câncer, retorna frequentemente a um tema similar. "Estou consumido por estar a serviço do povo, acima de todo o sofrimento. E os mais necessitados, eu os amo!", afirmou recentemente. A ideia é a de gerar uma mensagem sentimental. Um spot televisivo tipicamente inspirado por João Santana diz que o comandante Hugo Chávez "está em cada casa" e

"não tem permissão para sair" (http://bit.ly/LJZd22). Vitórias – A história latinoamericana eleitoral recente parece mostrar que o estilo brasileiro de marketing político pode dar frutos. Durante sua primeira eleição no Peru, Ollanta Humala foi criticado pelos rivais por seus laços estreitos com Chá-

Este é o primeiro avanço, forte e variado. Antes, costumava haver apenas um: Duda Mendonça. JUAN JOSÉ RENDON, SOBRE MARQUETEIROS DO BRASIL

vez. Ele teve que se distanciar do venezuelano para ter uma chance. Com a ajuda de Luis Favre e Vladimir Garreta, dois conselheiros do Partido dos Trabalhadores de Lula, ele venceu no ano passado. Algo semelhante ocorreu com Mauricio Funes em El Salvador. Ou seja, a moderação "à la Lula" e a mão orientadora de João Santana o levou à vitória na eleição de 2009. Santana ajudou Lula a ganhar a reeleição em 2006 e há dois anos, com sucesso, posicionou Dilma Rousseff como sucessora de Lula e primeira líder feminina do Brasil. Mais recentemente, João Santana também deu assessoria a Danilo Medina, vencedor da eleição presidencial na República Dominicana, em maio. Imitação – Para além do populismo e das câmeras, o apoio a Lula foi baseado principalmente no crescimento vertiginoso do consumo interno, na criação de empregos e na melhoria dos salários para os funcionários do setor público, bem como a concessão de empréstimos para os brasileiros pobres, o que lhes permitiu comprar eletrodomésticos, computadores, motos, carros e casas subsidiadas. Capriles, um fã de Lula, passou grande parte de seu tempo, como governador de Miranda, segundo maior estado da Venezuela, tentando imitálo, ao dedicar grande parte de seu orçamento à educação, ao ajudar os pobres a montar pequenas empresas com "microempréstimos" e ao cons-

Estou consumido por estar a serviço do povo, acima de todo o sofrimento. Eu amo os mais necessitados. HUGO CHÁVEZ, DISCURSO NA CAMPANHA PRESIDENCIAL.

portância do respeito, independentemente da "cor política". As cenas foram misturadas com imagens dele abraçando eleitores e no meio de inundações, com água pela cintura, quando era governador (http://bit.ly/MOXYwW). "Ele está indo às casas mais abandonadas, aos lugares onde há menos pessoas", disse Armando Briquet, o chefe da campanha de Capriles. "É uma campanha que está se movendo a partir da periferia para o centro, e vai dar bons frutos." Independentemente de quem triunfe em outubro, haverá um único vencedor definitivo: a máquina de marketing político do Brasil.(*Da Reuters, em Caracas)

Marcos Oliveira/Agência Senado

Ana Ottoni/Folhapress – 27/1/2003

Demóstenes adotou comportamento incompatível com o decoro do mandato. Ele feriu de morte a dignidade do cargo e a ética que se impõe aos parlamentares. Senador Pedro Taques (PDT-MT), relator da Comissão de Constituição e Justiça.

É impossível na política sermos ingênuos e, no caso, é impossível acreditar que uma pessoa conviva tanto tempo com outra sem saber o que ela faz. Senador João Capiberibe (PSB-AP)

Não é aceitável, sob nenhuma hipótese, que o senador tenha suas contas pagas por quem quer que seja, ainda mais por um notório contraventor. Senador Humberto Costa (PT-PE), relator do pedido de cassação no Conselho de Ética, sobre a tese de defesa de Antonio Carlos de Almeida Castro. Senador, não basta ser inteligente. É preciso ter predisposição de caráter. Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)

Geraldo Magela/Agência Senado

Hoje é um dia de moralidade, sim. Mas o País sabe que aqui não tem moralidade. O Brasil inteiro sabe que não existe Senado, que não existe Câmara neste País. E deve estar dizendo: me engana, que eu gosto. Senador Mário Couto (PSDB-PA)

O episódio Demóstenes é uma página virada na Casa. José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado.

Adriana Spaca/AE

Carlos Garcia Rawlins/Reuters – 9/7/2011

As pessoas vão comprar urnas e serviços onde quiserem. A concorrência vai levar à queda do preço. Celso Russomano, candidato a prefeito pelo PRB, durante velório da sua mãe Theuda, de 89 anos, na quarta-feira. Ele acusou a prefeitura de praticar venda casada de caixão e serviço funerário. A cassação não acabou com minha vida e não vai acabar com a dele. Luiz Estevão, até então o único senador cassado.

Marcos Oliveira/Agência Senado

A

mbos os candidatos a presidente na Venezuela estão recorrendo a marqueteiros brasileiros, em uma tentativa de tomar emprestado de Luiz Inácio Lula da Silva um modelo popular de esquerda e seu estilo político, uma vez que os dois candidatos venezuelanos admiram o ex-metalúrgico que liderou o Brasil durante oitos anos (2003-2010). Assim como ele, os candidatos querem cortejar os eleitores centristas, fazer negócios com os Estados Unidos e com a China, supervisionar o crescimento econômico, reduzir a pobreza e criar robustos programas de bem-estar social. As equipes do presidente Hugo Chávez e de seu rival, Henrique Capriles, contrataram estrelas da crescente indústria do marketing político no Brasil, já bem conhecida por seus insinuantes spots de campanha eleitoral. O veterano marqueteiro João Santana, 59 anos, juntouse à operação de Chávez há alguns meses, enquanto a jovem dupla Renato Pereira e Francisco Mendes tem trabalhado com Capriles, candidato da oposição. Os marqueteiros atuam nas duas campanhas desde o início deste ano. Lutar pelo eleitor médio, no estilo Lula, pode se tornar a batalha decisiva da eleição venezuelana. A maioria das pesquisas dá a Chávez vantagem de dois dígitos sobre Capriles, mas também mostram que cerca de um terço do eleitorado continua indeciso. Apelidado de "fazedor de presidentes", Santana orientou Lula, sua sucessora Dilma Rousseff e outros líderes regionais. Na Venezuela, ele tenta suavizar a imagem, muitas vezes belicosa, de Chávez. Santana divide seu tempo entre Brasil, Venezuela e Angola, onde também atua na eleição presidencial do país. Por outro lado, a dupla Pereira e Mendes – parceiros na empresa de relações públicas Prole – trabalha em sua primeira eleição presidencial. Seu desafio é distanciar Capriles das influências mais à direita na coalizão de oposição, tática de voto vencedor vital para uma nação polarizada. Mais de um – Juan José Rendon, estrategista político venezuelano que acabou de ajudar o PRI, no México, a retornar ao poder, avalia que consultores brasileiros estão tornando-se uma força nas eleições latino-americanas. "Este é o primeiro avanço, forte e variado. Antes, costumava haver apenas um: Duda Mendonça", disse, referindose ao marqueteiro político peso-pesado brasileiro que dirige uma agência de propaganda e já comandou mais de 60 campanhas eleitorais. Durante a quarta – e, finalmente, bem-sucedida – campanha de Lula à Presidência do Brasil, em 2002, ele procurou abrandar a imagem de líder sindical linha-dura do candidato. Lula aparou a barba, vestiu terno e gravata, baixou o tom de sua retórica, sorriu mais e abrandou o discurso. Essa transformação foi creditada a Duda Mendonça, que também lançou o slogan "Lulinha, paz e amor", ajudando Lula a se tornar o primeiro presidente oriundo da classe trabalhadora no Brasil. Santana, que se projetou rapidamente e pode se gabar de ter conseguido quatro vitórias presidenciais em três países

Carlos Garcia Rawlins/Reuters – 6/7/2011

Diego Ore*

Beto Barata/AE

Adversários, Hugo Chávez e Henrique Capriles usam o marketing lulista, para vencer disputa presidencial.

Gilberto Kassab atua de forma arbitrária e clandestina, de abandono de qualquer resquício de lealdade e respeito aos dirigentes do PSD. Senadora Kátia Abreu (PSD-TO), em carta a Kassab, presidente nacional da sigla.


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