A REVISTA DAS ESTRUTURAS PRÉ FABRICADAS
Nº 35 - AGOSTO/2025 - WWW.ABCIC.ORG.BR

Nº 35 - AGOSTO/2025 - WWW.ABCIC.ORG.BR
encontram no pré-fabricado de concreto solução eficiente, sustentável e durável
PONTO DE VISTA
Eduardo Julio, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa
Aplicação de tecnologia ultrassônica na produção de concretos de estruturas pré-fabricadas
Estas empresas, juntamente com os anunciantes e fornecedores da cadeia produtiva tornam possível a realização deste importante instrumento de disseminação das estruturas pré-fabricadas de concreto.
Junte-se a eles na próxima edição.
04
EDITORIAL
Desafios atuais impulsionam as atividades institucionais para o avanço do setor 06
PONTO DE VISTA
ABCIC EM AÇÃO
04
Arenas esportivas encontram no pré-fabricado de concreto solução eficiente, sustentável e durável
Integração entre pesquisa, projeto e produção fomenta o avanço contínuo da pré-fabricação de concreto
Forte ligação entre a pesquisa, projeto e produção tem impulsionado a evolução do pré-fabricado de concreto 18
DE OLHO NO SETOR
Simpósio da fib reúne mais de 350 engenheiros para mostrar a importância do “Conceptual Design”
ABCIC EM AÇÃO
Abcic Networking chega a 19ª edição promovendo relacionamento e conteúdo qualificado ao setor 58
DE OLHO NO SETOR
Abcic destaca sustentabilidade, tecnologia e inovação no Concrete Show 2025
DE OLHO NO SETOR
ENIC 100 apresentou as possibilidades do uso do préfabricado de concreto em edifícios
DE OLHO NO SETOR
Prêmio Qualidade celebra avanços da indústria de produtos de cimento 70
ACONTECE NO MUNDO
bauma 2025 apresentou o futuro da construção, com foco em descarbonização e neutralidade de carbono
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ACONTECE NO MUNDO
Resiliência, sustentabilidade, industrialização, digitalização e IA são temas de eventos internacionais
Presidente Executiva
Íria Lícia Oliva Doniak (Abcic)
Diretor Tesoureiro
Claudio Gomes de Castilho (Engemolde)
Diretor de Desenvolvimento
Luiz Otávio Baggio Livi (Pré-Infra)
Diretor de Marketing
Wilson Claro (Leonardi)
Diretor Técnico
Luis André Tomazoni (Cassol Pré-Fabricados)
CONSELHO ESTRATÉGICO
Presidente
Felipe Cassol (Cassol Pré-Fabricados)
Vice-presidente
João Carlos Leonardi (Leonardi)
CONSELHEIROS
Giovani Milanesi (Milanesi), Nivaldo de Loyola Richter (BPM).
Bruno Simões Dias (Precon), Antonoaldo Trancoso (Tranenge), Ricardo Panham (Protendit), Vitor Almeida (T&A), Paulo
Roberto Sampaio (Legran)
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ARTIGO TÉCNICO
Aplicação de tecnologia ultrassônica na produção de concretos de estruturas pré-fabricadas.
ESPAÇO EMPRESARIAL
Oportunidades e transformações no mercado de préfabricados
PROJETANDO COM PRÉFABRICADO
A construção industrializada em concreto: A dialética necessária entre técnica e o mercado
ACADEMIA
Academia e setor produtivo integrados: parceria em que todos são vitoriosos
CENÁRIO ECONÔMICO
Infraestrutura em Ritmo de Cautela: Otimismo Resiste, Mas Ambiente Piora
GIRO RÁPIDO
AGENDA
Publicação especializada da Abcic – Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto
PRESIDENTES HONORÁRIOS
Guilherme Philippi - André Pagliaro - Carlos Alberto Gennari - José Antonio Tessari - Milton Moreira Filho
CONSELHO FISCAL
Rui Sergio Guerra (Premodisa) - Mauro Falchi (Pentax)Fernando Palagi Gaion (Stamp) - Nóe Marcos Neto (Marka)
- Marcelo Lima Bandeira (Bemarco)
COMITÉ EDITORIAL
Íria Doniak (Presidente Executiva)Wilson Claro (Diretor de Marketing) – Luis André Tomazoni (Diretor Técnico)
EDIÇÃO
Mecânica Comunicação Estratégica www.meccanica.com.br
Jornalista Responsável - Enio Campoi – MTB 19.194/SP
REDAÇÃO
Sylvia Mie - sylvia@meccanica.com.br
Tels.: (11) 3259-6688/1719
PRODUÇÃO GRÁFICA
Diagrama Comunicação www.diagramacomunicacao.com.br
Projeto gráfico: Miguel Oliveira Diagramação: Juscelino Paiva Fotos Capa: Cassol
PUBLICIDADE E COMPRA DE EXEMPLARES
Condomínio Villa Lobos Office Park Avenida Queiroz Filho, nº 1.700
Torre River Tower – Torre B – Sala 405 Vila Hamburguesa – São Paulo – SP CEP: 05319-000 abcic@abcic.org.br Tel.: (11) 3763-2839
Tiragem: 1.000 exemplares
Impressão: Gráfica Elyon
ESPAÇO ABERTO Envie seus comentários, sugestões de pauta, artigos e dúvidas para abcic@abcic.org.br
Caros Leitores,
OBrasil vive um momento de múltiplos desafios. No cenário externo, enfrentamos questões geopolíticas complexas; no interno, lidamos com uma economia marcada por altas taxas de juros, que impactam diretamente diversos setores — da agropecuária à indústria e aos serviços. Na construção civil, os obstáculos incluem a escassez de mão de obra, o desinteresse das novas gerações pela área, a crescente digitalização e a exigência de uma agenda ESG mais robusta, voltada à redução de impactos ambientais e à melhoria da qualidade de vida.
Neste contexto, a industrialização pode ser a solução para o enfrentamento desses desafios, pois o ambiente industrial favorece a contratação e qualificação de pessoas, ao mesmo tempo, que oferece melhores condições de trabalho, ações para o desenvolvimento da comunidade e o maior controle das operações, o que acarreta em menor emissão de carbono.
Por isso, este último quadrimestre foi de muito trabalho para nossa associação. Desde a última edição da Revista Industrializar em Concreto, estivemos envolvidos em uma série de ações no Brasil e no exterior, que foram fundamentais para disseminar os benefícios e a versatilidade da pré-fabricação de concreto e, também, para ampliar o conhecimento dos empresários e profissionais das indústrias e empresas associadas e o relacionamento com importantes players da construção e engenheiros projetistas de estruturas de diversos locais do país e do mundo.
Em abril, um grupo de empresários da indústria de pré-fabricados de concreto esteve na bauma 2025, por meio da Missão Empresarial da Sobratema. No mês seguinte, a realização do International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025, após o CBPE 2025 –XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, foi um grande acerto, ao reunir os principais nomes da engenharia de estruturas nacionais e internacionais, aliando experiência à juventude, mostrando a importância do projeto conceitual para obras de diferentes tipologias, ao agregar ousadia, eficiência, segurança, durabilidade e sustentabilidade, respeitando a estética arquitetônica. Em junho, a retomada do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um
sucesso em diferentes aspectos: a localização, saindo da academia para uma indústria, a Marka, nossa associada; a programação, composta por palestras com temas de interesse dos profissionais e ministradas por especialistas nas áreas de pesquisa, projeto e produção; e o público qualificado. Indescritível tempo que marca a união da cadeia de valor do pré-fabricado integrada com a academia.
Neste contexto, destaque aos 20 anos do Laboratório do Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto (NETPre), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que foi comemorada em um coquetel ao longo do evento. O professor Marcelo Ferreira, coordenador do Núcleo, ministrou duas palestras e traz nesta edição suas considerações sobre a integração universidade e setor produtivo na Coluna Academia.
Para este evento, trouxemos como keynote speaker o professor Eduardo Julio, do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, que é o entrevistado do Ponto de Vista. Oportunidade em que o PPP passou a ser um encontro Luso-Brasileiro e a edição 2027 se realizará em Portugal.
Esta edição da Industrializar em Concreto traz ainda a cobertura do Abcic Networking XIX, do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), que contou com um painel sobre pré-fabricação em concreto; e do Prêmio Qualidade ConstruBusiness Sinaprocim/Sinprocim e uma matéria sobre o fib Symposium, em Antibes, na França.
Por fim, a Revista traz uma matéria sobre o Seminário do Concrete Show, que conta, em sua programação, com a palestra do professor Ricardo Bento, da PUC-Minas, que é o autor do artigo técnico “Aplicação de tecnologia ultrassônica na produção de concretos de estruturas pré-fabricadas”, além das colunas de economia, de projeto estrutural e do empresário.
As ações da Abcic continuam com força nos próximos meses, com a presença no Congresso Brasileiro do Concreto e no ENECE e, é claro, promovendo a mais relevante premiação do setor no país: a 12ª edição do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto. São eventos fundamentais para o desenvolvimento contínuo da industrialização em concreto no país, que podem ser prestigiadas com a participação de todos nós.
Boa leitura!
AS VANTAGENS DESTE
SISTEMA CONSTRUTIVO, PRESENTE NO BRASIL HÁ
MAIS DE 60 ANOS:
• Eficiência estrutural;
• Flexibilidade arquitetônica;
• Versatilidade no uso;
• Conformidade com requisitos estabelecidos em Normas Técnicas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas);
• Velocidade de construção;
• Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.
produção
Oengenheiro civil Eduardo Julio é professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, presidente do Grupo Português de Betão Estrutural (GPBE) e membro vitalício honorário e fellow da International Federation for Structural Concrete ( fib), sendo integrante de várias comissões, coordenador de três grupos de trabalho, e editor-chefe associado da Structural Concrete, a revista da fib. Foi docente da Universidade de Coimbra (UC), entre 1990 e 2011, antes de se transferir para o IST. Recebeu por várias vezes o prémio ‘Professor Excelente’ do IST. Desenvolveu 35 projetos de P&D&I, com financiamento competitivo ou apoio direto da indústria, num total de mais de 11 milhões de euros. Orientou 16 teses de doutoramento concluídas e 65 dissertações de mestrado concluídas. É autor de mais de 500 artigos publicados em revistas e em atas de conferências internacionais e
Professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa
nacionais. Foi incluído na lista dos "2% Cientistas Mais Influentes do Mundo", elaborada pela Universidade de Stanford, nas categorias "Carreira" e "Anual" em vários anos.
Sua pesquisa tem se focado no desenvolvimento de novos concretos e produtos inovadores para o setor da pré-fabricação em concreto. Integrou comissões de trabalho nacionais sobre o Eurocódigo 2: Projeto de Estruturas de Concreto. Atualmente, lidera um projeto de grande dimensão na área da construção modular préfabricada de concreto, com as empresas VIGOBLOCO e CIMPOR, financiado pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
Recentemente, Julio veio ao Brasil à convite da Abcic para ser um dos keynote speakers do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado (PPP). Em entrevista para a Revista Industrializar em Concreto, Júlio comenta sobre a importância do evento, da integração entre pesquisa, projeto e produção e sobre sua atuação na fib, incluindo a organização do 7th fib Congress 2026. Faz também uma avaliação sobre o mercado da construção modular pré-fabricada, seus desafios e oportunidades. “A construção modular será certamente uma tendência global num futuro próximo, por diversos motivos. No caso da Europa, há uma falta generalizada de mão de obra. A transferência da produção do canteiro para as fábricas de pré-fabricação ajuda substancialmente a mitigar esse problema.”
A seguir, estão os principais pontos abordados por ele:
A construção modular é um conceito que já existe há algum tempo. Poderia conceituar e estabelecer a relação da construção modular com a pré-fabricação em concreto?
Com certeza. O termo “pré-fabricação” é usado por oposição à construção convencional no local. No caso da pré-fabricação em concreto, os elementos estruturais – lajes, vigas, pilares e sapatas – são produzidos em fábrica, transportados para o local e montados, permitindo a execução da estrutura de forma muito mais rápida. Já o termo “construção modular” refere-se a um tipo de construção baseado em módulos. Os componentes são pré-fabricados e podem ser reunidos e até mesmo finalizados na fábrica, incluindo instalações, caixilhos, pavimentos, revestimentos, etc., e, posteriormente, transportados para o local. Em alternativa, os módulos podem ser transportados parcialmente acabados sendo finalizados no canteiro de obras.
A construção modular pré-fabricada em concreto já foi utilizada no passado, mas enfrentou desafios significativos que contribuíram para sua descontinuidade. Um deles foi o caráter repetitivo e pouco atrativo dos projetos arquitetônicos. Outro teve a ver com o desempenho inadequado das ligações, que levou a acidentes com grande repercussão internacional, com por exemplo, o caso do Ronan Point, em Londres (Inglaterra), comprometendo a credibilidade da construção pré-fabricada em concreto. Atualmente, o estado da técnica é muito mais avançado e todos os fatores relevantes podem e devem ser considerados no projeto. Além disso, há uma forte ligação entre a pesquisa (nas universidades), o projeto (nos escritórios de engenharia) e a produção (nas pré-fabricadoras), o que tem impulsionado a evolução do setor. No 4º PPP, pude testemunhar o enorme dinamismo e o papel essencial que a Abcic desempenha neste contexto, ao mobilizar e articular esses atores.
Na sua visão é uma tendência global? Quais os motivos para que atualmente esteja em evidência?
Estou convencido de que, se ainda não é, a construção modular será certamente uma tendência global num futuro próximo, por diversos motivos. No caso da Europa, há uma escassez generalizada de mão de obra. A transferência da produção do canteiro para as fábricas de pré-fabricação ajuda substancialmente a mitigar esse problema. Pode-se questionar essa afirmação, já que as fábricas demandam mão de obra. No entanto, a vantagem reside na facilidade de automatização dos
processos em ambiente fabril. Atualmente, já existem pré-fabricadoras totalmente automatizadas.
Outra razão tem a ver com o tempo necessário para construir edifícios. Ao transferir parte significativa da produção para a fábrica, o tempo de execução no local reduz-se consideravelmente. A utilização de módulos prontos, como banheiros e cozinhas completamente acabados, contribui decisivamente para esse ganho de tempo. Isso traz impactos muito positivos, especialmente do ponto de vista econômico, mas também ao nível da eficiência e sustentabilidade.
Poderia fazer uma avaliação do mercado de construção modular em Portugal e na Europa?
Não disponho de dados estatísticos que me permitam fazer uma avaliação quantitativa rigorosa, mas conheço vários casos em diferentes países que permitem traçar um retrato confiável. Em Portugal, por exemplo, já existem duas empresas totalmente automatizadas – ou seja, concebidas com esse objetivo – e outras que estão a investir na automação de diversos processos.
Relativamente à construção modular, várias empresas estão apostando fortemente nessa solução, adotando abordagens distintas. Algumas especializam-se na produção de módulos específicos, como banheiros e cozinhas, enquanto outras optam por uma modularização quase total. Um exemplo notável são as novas residências estudantis, atualmente construídas com módulos totalmente pré-fabricados (quarto, banheiro, quitinete, sala), transportados já acabados e montados in situ.
Quais são os principais avanços da construção modular pré-fabricada na última década?
Diria que houve avanços muito significativos na construção em geral, com reflexos diretos na construção modular. A modelagem BIM (Building Information Modeling) é, sem dúvida, uma das inovações mais relevantes, ao permitir a redução de erros e uma melhor integração entre as etapas de projeto e execução.
A robótica e a automação, especialmente no setor da pré-fabricação, têm ganhado cada vez mais importância, tanto pela escassez de mão de obra qualificada como pelo impacto positivo na produtividade, qualidade e redução de resíduos. Além disso, há um esforço crescente no desenvolvimento de novos materiais e soluções mais sustentáveis. A eficiência energética e a preocupação com a reutilização e reciclagem de materiais também são tendências marcantes. Todos estes
avanços convergem para fortalecer o papel da construção modular como solução técnica, econômica e ambientalmente vantajosa.
Em sua análise, quais são os grandes desafios para esse setor em âmbito global?
Os desafios são diversos. Um dos principais é a necessidade de responder a diferentes exigências de qualidade e conforto, que variam conforme os mercados, e as condições geográficas – como a atividade sísmica ou as amplitudes térmicas.
Questões relacionadas com normalização, regulamentação e burocracia são igualmente críticas. O investimento inicial é outro fator a considerar, uma vez que uma solução totalmente automatizada exige planejamento e implementação desde o início. O transporte, sobretudo de módulos já acabados em fábrica, representa também um desafio logístico e econômico importante. Superar esses obstáculos exige inovação, cooperação e um planejamento integrado desde a fase de concepção.
Mesmo diante de desafios, existem diversas oportunidades para a construção modular para os próximos anos. Quais são as principais, em sua avaliação?
As oportunidades são muitas: responder ao déficit habitacional em áreas urbanas, especialmente em cidades com forte atividade turística; construir rápido, a custos acessíveis e com qualidade, em zonas afetadas por calamidades naturais (sismos, inundações, furacões, pandemias) ou causadas pelo homem (guerras); além disso, há chance de desenvolver soluções otimizadas (em arquitetura, flexibilidade, sustentabilidade, eficiência, custo e tempo de construção), para diversas tipologias, como moradias unifamiliares, edifícios de habitação, residências estudantis, escritórios, hospitais, entre outros.
Como integração entre a academia e o setor produtivo pode contribuir para o desenvolvimento da pré-fabricação em concreto?
A colaboração de todos os atores é essencial. A academia pode estudar soluções para problemas específicos, ajudando a otimizar produtos e processos, além de contribuir para o desenvolvimento e melhoria da regulamentação. Projetistas também devem estar envolvidos, mas as empresas de pré-fabricação precisam liderar o processo. Associações, como a Abcic, são fundamen-
tais por terem redes de colaboração eficazes entre os diferentes stakeholders.
O professor está envolvido em um projeto disruptivo, o R2UTechnologies. Quais são as contribuições desse pacto de inovação para a construção civil em Portugal, mas também no mundo?
O R2UTechnologies, financiado em quase 100 milhões de euros, via PRR – Plano de Recuperação e Resiliência atribuído pela União Europeia a Portugal, com 24 empresas e 21 universidades envolvidas, é uma oportunidade única para desenvolver o conceito de Construção Modular. No Instituto Superior Técnico, foi criado um subprojeto focado em Construção Modular Pré-Fabricada em Concreto, em parceria com a empresa de pré-fabricação Vigobloco, a cimenteira Cimpor e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, para reinventar o conceito, considerando todos os fatores relevantes, incluindo aqueles que, no passado, o fizeram fracassar.
Quais são os diferenciais desse projeto e sua importância para a construção civil?
Atualmente, nada pode ser esquecido ou passado para segundo plano. As soluções precisam ser verdadeiramente integradoras. Assim, o nosso projeto está sendo desenvolvido num conjunto de 13 atividades que se interligam: arquitetura modular adaptável e flexível; elementos estruturais que facilitem montagem e desmontagem para reutilização ou reciclagem; ligações estruturais seguras, mesmo em zonas de forte sismicidade; concretos com baixa pegada ecológica, mas com alto desempenho mecânico e durabilidade; segurança contra incêndios; instalações hidráulicas e elétricas aplicadas em fábrica; conforto térmico e acústico; além do uso de BIM e digitalização para apoiar a implementação completa e integrada de todas as vertentes referidas. O objetivo é ambicioso: mudar o paradigma da construção tradicional para a construção modular pré-fabricada em concreto.
As mudanças climáticas têm impactado todos os continentes. Como a construção modular pré-fabricada pode contribuir para mitigar essa questão, reduzindo o impacto ambiental das obras?
Como destaquei, a sustentabilidade está integrada em todas as etapas do nosso projeto, que assume o compromisso firme de reduzir o impacto ambiental do conceito que estamos a reinventar. Isso envolve o uso de concretos ecoeficientes, a diminuição do volume de material
consumido e a minimização de resíduos. Além disso, incorporamos desde o início o conceito de desmontagem para facilitar a reutilização e reciclagem. Também há especial atenção ao conforto e à eficiência energética das construções. A utilização do BIM permite avaliar e comparar os impactos ambientais de diferentes soluções, garantindo escolhas mais sustentáveis. Todos esses fatores, combinados, contribuem significativamente para mitigar o impacto ambiental do setor da construção.
Poderia contar sobre sua participação na fib? Qual a importância de ser membro ativo de uma entidade global que visa o desenvolvimento técnico e tecnológico do concreto?
A fib reúne especialistas desse tema oriundos de mais de 100 países. Seu lema, “a bridge between research and practice” (uma ponte entre a pesquisa e a prática), reflete bem o seu modus operandi e a sua força. Isso porque somente com a colaboração integrada entre pesquisa, projeto e produção é possível elaborar documentos verdadeiramente abrangentes e úteis, como os boletins da fib. Dentre eles, destacam-se os “Model Codes” (códigos modelo), que são documentos pré-normativos que influenciaram e continuam a influenciar a redação de
diversos códigos e regulamentos nacionais e internacionais, como o Eurocódigo 2.
Participar ativamente da fib é simultaneamente um privilégio e uma oportunidade única. Um bom exemplo é o recém-criado Task Group 6.12, dedicado à construção modular em concreto pré-moldado, que tenho a honra de coordenar. Devido à relevância do tema, conseguimos rapidamente reunir alguns dos maiores especialistas mundiais, provenientes de países tão distintos quanto Alemanha, Austrália, Brasil, Espanha, Itália, Japão, Polônia, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça. Além da diversidade geográfica, esses especialistas trazem backgrounds variados — universidades, laboratórios de pesquisa, empresas de projeto e indústria — o que permite um aprofundamento único e abrangente dos assuntos tratados.
Quais são as expectativas para a realização do 7º fib Congress em Lisboa?
Além das comissões e grupos de trabalho da fib, os eventos organizados pela Federação são uma oportunidade única para que especialistas de todo o mundo se reúnam e debatam os avanços mais recentes nos temas mais relevantes do concreto estrutural. Esses temas
Ricamente ilustrado e com a breve descrição das principais obras
abrangem desde o material concreto, projeto e análise, técnicas de construção e pré-fabricação, até a avaliação e intervenção em estruturas existentes, bem como códigos, normas, ‘guidelines’ e estudos de casos — projetos e obras emblemáticas como edifícios, pontes, barragens, túneis, estruturas offshore, entre outras.
A fib promove diversos eventos ao longo do ano, sendo o mais importante o fib Symposium. De quatro em quatro anos, tem lugar o mais importante evento: o fib Congress. Para nós, GPBE – Grupo Português do Betão Estrutural e IST – Instituto Superior Técnico (da Universidade de Lisboa), é uma enorme honra e responsabilidade organizar o 7º Congresso da fib em Lisboa, que ocorrerá de 15 a 19 de junho de 2026. Nosso objetivo é proporcionar cinco dias intensos nos quais delegados de todos os cantos do mundo possam discutir os assuntos mais atuais, sob o tema “Structural Concrete 2050: Towards Carbon Neutrality, AI Design, and Robotic Construction” (Concreto Estrutural 2050: No caminho da neutralidade carbónica, projeto baseado em IA e construção robótica) - ou seja, pensar o futuro do concreto estrutural. Já temos confirmados diversos ´keynote speakers’ de renome internacional, que abordarão temas de grande interesse. Estamos promovendo também a organização de sessões especiais dedicadas a tópicos específicos de extrema relevância. O evento será realizado em um centro de congressos no coração de Lisboa, que oferece todas as comodidades necessárias. Além disso, a proximidade ao IST - a apenas cinco minutos a pé - facilita a participação dos membros das comissões e grupos de trabalho da fib, permitindo a conciliação do congresso com suas reuniões.
O jantar de gala será realizado em um local verdadeiramente inesquecível, e estão previstas três visitas técnicas alternativas: a uma das maiores pontes estaiadas do mundo, a Ponte Vasco da Gama (em Lisboa); a um edifício de alta complexidade em termos de projeto e execução (igualmente em Lisboa); e a uma fábrica de pré-fabricação totalmente automatizada, na região Norte.
Paralelamente a isso, estamos preparando uma oferta turística que inclui passeios por Lisboa e visitas a locais deslumbrantes nos arredores (Sintra e Cascais), e ainda uma ida à cidade do Porto, com visita às famosas caves de vinho do Porto e passeio de barco pelo Rio Douro.
As expectativas são muito altas: esperamos receber mais de 600 delegados e proporcionar um congresso verdadeiramente inesquecível, tanto do ponto de vista técnico-científico quanto pela experiência turística.
Qual foi sua percepção sobre a pré-fabricação no Brasil e sobre as visitas feitas aos centros de pesquisa em São Carlos (NETPre e EESC-USP)?
Minha percepção sobre a pré-fabricação no Brasil foi extremamente positiva. No 4º PPP, que ocorreu no auditório da Marka, pude testemunhar o dinamismo do setor. Fiquei muito impressionado com vários aspectos, entre eles:
(i) o dinamismo da Abcic, fruto da visão e iniciativa da sua presidente executiva, Eng.ª Íria Doniak, e da sua equipe, pequena, mas muito competente;
(ii) a efetiva colaboração da academia, que teve sua origem na USP São Carlos com o Prof. Mounir El-Debs, responsável pela formação de muitos outros especialistas;
(iii) a ligação às empresas de projeto e às comissões que elaboram as normas brasileiras; e (iv) o empenho das empresas de pré-fabricação, que reconhecem o valor que a Abcic representa e que sabem unir-se em prol de um benefício comum.
Embora a concorrência entre elas pudesse, no início, dificultar a colaboração, as pré-fabricadoras brasileiras entenderam que “a união faz a força” e que há um vasto mercado a ser conquistado. Retive as palavras do Eng. João Carlos Leonardi, que destacou que, se todas as pré-fabricadoras brasileiras se dedicassem à construção verticalizada, não conseguiriam atender sequer 2% do mercado da construção. Ou seja, existe ainda um enorme potencial a ser explorado. Essa colaboração integrada entre Pesquisa, Projeto e Produção representa, portanto, uma enorme mais-valia para o setor.
Qual a expectativa para o PPP, em 2027, agora Luso-Brasileiro?
Eu acredito verdadeiramente que brasileiros e portugueses têm muito a ganhar ao trabalharem em conjunto. Partilhamos a língua e a cultura. Se soubermos colaborar no âmbito da construção industrializada em concreto, poderemos afirmar-nos tanto no vasto mercado brasileiro quanto no europeu, conquistando cota de mercado da construção tradicional. O 1º Encontro Luso-Brasileiro Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado pode ser um catalisador dessa colaboração, muito proveitosa para ambas as partes. O mais importante é a atitude. Tenho certeza de que todos temos muito a aprender uns com os outros e que o potencial do trabalho conjunto é imenso.
ACESSE O QR-CODE e dê vida ao nosso projeto.
Pilares sem emendas, arquibancadas curvas e soluções sob medida em pré-fabricados.
Na modernização do Estádio do Pacaembu, a Cassol Pré-Fabricados foi a escolha certa para unir tradição e tecnologia.
Porque construir o futuro também é honrar o passado.
pré-fabricado de concreto
eficiente, sustentável e durável
SISTEMA CONSTRUTIVO TEM SIDO CADA VEZ MAIS UTILIZADO PARA CONSTRUÇÃO E REFORMA DE ESTÁDIOS E ARENAS MULTIUSOS PELAS
INÚMERAS VANTAGENS COMPETITIVAS, COMO ATENDIMENTO A
CRONOGRAMAS OUSADOS, PREVISIBILIDADE DE CUSTOS, DESEMPENHO, QUALIDADE, SEGURANÇA, MENOR EMISSÕES DE CARBONO E MENOR GERAÇÃO DE RESÍDUOS
Opré-fabricado de concreto está consolidado na área de equipamentos esportivos. Desde as experiências bem-sucedidas nos Jogos Pan-Americanos, em 2007, na Copa do Mundo, em 2014, e nos Jogos Olímpicos, em 2016, cada vez mais o sistema construtivo tem sido procurado para construção e reformas de estádios e arenas multiusos no país. O caso mais recente é o retrofit do Mercado Livre Arena do Pacaembu, novo nome do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, situado na Zona Oeste da capital paulista. A Cassol Pré-Fabricados de Concreto foi responsável pelo fornecimento de 100% da estrutura pré-fabricada da obra do estádio, cujo projeto estrutural é do engenheiro José Mar-
tins Laginha Neto, com projeto arquitetônico de Sol Camacho.
Inaugurado em 27 de abril de 1940, após quatro anos do início das obras, com a presença de mais de 50 mil pessoas, à época, foi considerado o maior e mais moderno estádio sul-americano. O local recebeu, posteriormente, uma melhoria na infraestrutura para receber seis jogos da Copa do Mundo em 1950. O espaço possui uma área aproximada de 75.500 m², sendo 50 mil m² de estádio e 25.500 m² de centro poliesportivo.
O estádio abriga o Museu do Futebol, inaugurado em setembro de 2008, em uma área de 6.900 m² no avesso das arquibancadas, na entrada principal, onde exposições, objetos e experiências imersivas contam a história do futebol, das Copas do Mundo e de grandes jogadores do Brasil e do exterior.
O processo de modernização do Mercado Livre Arena do Pacaembu começou em 29 de junho de 2021, com a aprovação dos Conselhos Estadual e Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico e das Secretarias Municipais e a liberação do alvará para o início das obras pela Prefeitura de São Paulo à Allegra Pacaembu, concessionária responsável pela administração do Complexo Esportivo do Pacaembu, desde se-
MERCADO LIVRE ARENA PACAEMBU
Tipologia: Arena Multiuso
Área: 50.183 m²
Cliente: Progen Projetos e Gerenciamento
Conclusão da Estrutura: Janeiro de 2024
Projeto Arquitetônico: Sol Camacho
Projeto Estrutural: José Martins Laginha Neto
Indústria de Pré-fabricado de Concreto: Cassol
Pré-Fabricados
Volume de concreto: 8.881 m³
Elementos de concreto pré-fabricado: pilares, vigas, sapatas, vigas tipo jacaré, lajes, escadas e degraus de arquibancada (especiais)
tembro de 2019. A concessão é válida por 35 anos.
“Na modernização do Estádio do Pacaembu, o uso do concreto pré-fabricado foi uma escolha estratégica que trouxe diversos benefícios técnicos e operacionais. A industrialização do projeto proporcionou maior consistência no controle de qualidade e um padrão de execução mais elevado, já que as verificações realizadas em fábrica minimizaram possíveis erros na obra”, salienta Laginha.
De acordo com ele, o projeto foi dividido em dois núcleos: o estádio e um novo edifício multifuncional, que foi concebido com uma infraestrutura em pré-moldado e uma superestrutura moldada in loco, respeitando as limitações de altura impostas. Essa nova configuração permitiu a criação de grandes vãos sob as arquibancadas para criar espaços para eventos e outras atividades. Construído onde ficava a arquibancada sul, conhecida como tobogã, o edifício contempla um centro de reabilitação do laboratório Einstein e um hotel para receber clubes em pré-temporada, que conta com a parceria da UMusic Hotels, joint venture entre a Universal Music Group, líder mundial em entretenimento musical, e a Dakia U-Ventures, grupo internacional de investimentos. O hotel terá 87 quartos, além de outras instalações.
O projeto abrange uma grande construção em área subterrânea, por isso, houve a escavação de 18 metros de profundidade na região do tobogã, para abrigar a estrutura de apoio ao hotel, como o estacionamento para mais de 500 veículos, e um centro de convenções e de eventos.
Toda a parte enterrada foi feita em pré-fabricado de concreto. Embaixo
das arquibancadas, há uma estrutura de 130 metros de comprimento por vãos de 16 metros. “O vão principal foi vencido com uma treliça metálica, mas todo com lajes, tipo alveolar, fechando esse espaço e permitindo fazer eventos sem perturbar a vizinhança”, destaca o engenheiro Laginha Neto.
É importante lembrar que o Estádio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), em 1998, devido ao seu estilo arquitetônico Art Déco. Por ser um Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo, foi necessário preservar as características originais da construção feita há mais de 85 anos, como sua geometria, que era dividida entre arquibancada e a
área de uso geral, envolvendo o campo e as áreas de circulação.
As arquibancadas laterais foram inteiramente substituídas, para a criação de áreas internas sob elas, como novos banheiros, praça de alimentação e áreas para eventos. Antes apoiadas diretamente sobre o terreno, as arquibancadas passaram a ser sustentadas por uma nova estrutura composta por vigas jacarés pré-fabricadas. Pela arquibancada não ser reta, os degraus eram bastante sinuosos, o que implicou na fabricação de mais de uma centena de vigas jacaré completamente diferentes.
Para atender às premissas da arquitetura, as vigas jacaré foram concebidas com uma variação de altura ao longo do seu comprimento, mas que possuíam um ponto notável em comum, e a variação da altura era constante a partir desse ponto.
Assim, a Cassol desenvolveu uma fôrma metálica com ajustes gabaritados, que possibilitaram fabricar vigas com diferentes alturas mantendo um ponto de referência comum. Com isso, a variação da altura era constante a partir desse ponto. Isso facilitou a padronização do processo de ajustes das peças e reaproveitamento das fôrmas, evitando desperdícios.
Segundo Luis Andre Tomazoni, diretor de Engenharia e Operações Cassol Pré-Fabricados, o desenvolvimento dessas peças pode ser considerado um dos aspectos mais inovadores do projeto, pois exigiu um grau de customização. “A solução adotada — com variação de altura ao longo da viga, mas com a identificação de um ponto fixo comum — permitiu a criação de uma forma metálica única, reutilizável e precisa. Isso trouxe agilidade, economia e repetibilidade
sem comprometer o desempenho estrutural”, explica.
No dimensionamento das vigas jacarés, foi aplicado o Método do Campo de Tensões (MCT), que permitiu analisar as peças em conjunto com caminhamento de forças, otimizando a armação com estribos inclinados e barras dobradas, atendendo todas as solicitações estruturais.
Nesse aspecto, Laginha comenta que foi essencial a colaboração com o fabricante do pré-moldado, que participou do desenvolvimento de estratégias para a produção de peças diferentes com o máximo de reaproveitamento das formas. “A adoção de peças pré-moldadas foi fundamental para viabilizar soluções customizadas que garantiram adaptabilidade e eficiência ao projeto, com a fabricação e montagem de um grande número de peças distintas.”
Outro ponto importante foi o uso intensivo do Building Information Modeling (BIM), que proporcionou um nível de integração entre proje-
to, produção e montagem. “A colaboração próxima com a construtora e com os projetistas foi fundamental para viabilizar soluções complexas de forma eficiente”, avalia Tomazoni, que acrescenta que a modelagem BIM 3D detalhada possibilitou prever interferências.
Corroborando com a análise do diretor da Cassol, Laginha Neto pondera que o uso de ferramentas de modelagem BIM também foi decisivo no planejamento da montagem e no detalhamento das armações, contribuindo para lidar com as variações entre peças.
Para a montagem das vigas jacaré, foram utilizados dois guindastes de capacidade acima de 75 toneladas em função do peso e comprimento das peças. As regiões de interface com a estrutura e contenções existentes tornaram o processo de montagem mais complexo.
Tomazoni lembra ainda que a montagem foi feita em um ambiente urbano, com forte interferência
na logística e com limitações físicas e estruturas antigas próximas. “Isso exigiu planejamento logístico minucioso e o uso de equipamentos específicos. Tudo isso demonstra que o pré-fabricado pode — e deve — ser protagonista em projetos de alta complexidade técnica e arquitetônica, além de gerar menor impacto no entorno da obra”, destaca. Nesse sentido, a participação da GTP - Grupo Técnico de projetos, que foi responsável pelo projeto estrutural da obra, foi fundamental, ao proporcionar uma integração constante com a equipe de pré-fabricados na execução em fábrica e na montagem no canteiro.
Outra questão foi a logística de montagem de pilares inteiros sem emendas. “Nesse ponto, a Cassol apresentou uma solução para fazer o pilar sem emenda, o que simplificou muito depois para montar”, relembra Laginha.
A fachada histórica e a arquibancada norte, localizada na curva da fer-
radura, também foram restauradas. Houve ainda a modernização da área direcionada à imprensa e a criação de 25 camarotes, além da readequação do espaço para atender as normas de acessibilidade. Com a série de reformas, a capacidade do estádio é de 26 mil lugares, sendo que para shows no gramado a capacidade sobe para 40 mil pessoas. O clube poliesportivo também passou por um minucioso trabalho de restauro e recuperação das estruturas, assim como o ginásio de tênis teve sua cobertura original recuperada e áreas internas completamente restauradas.
“A construção com pré-fabricados também resultou em um canteiro mais limpo, com menos geração de resíduos e riscos reduzidos para os trabalhadores, uma vez que boa parte das etapas de fabricação e acabamento foi realizada em ambientes controlados. Além disso, a padronização dos componentes permitiu uma obra mais eficiente e econômica. As peças foram produzidas com antecedência, garantindo maior controle sobre o cronograma, os custos e a qualidade. A pré-fabricação, além disso, possibilitou flexibilidade para atender às especificidades do projeto, o que foi essencial no contexto do Pacaembu”, finaliza Laginha.
As obras inovadoras com pré-fabricado de concreto para os equipamentos esportivos ressaltaram o potencial do setor para atender às demandas do projeto arquitetônico e estrutural em construção e reforma de estádios e arenas multiusos.
A indústria investe constantemente para utilizar novos materiais e tecnologias, implementar processos produtivos e ser, cada vez mais, precisa e eficiente na produção, monta-
gem e logística.
Um aspecto fundamental para esse tipo de obra é vencer cronogramas ousados, a fim de que esses espaços possam receber milhares de pessoas com uma estrutura durável, segura e de qualidade. Com a questão ambiental cada vez mais em pauta, o sistema construtivo também atende aos requisitos por menor emissões de carbono, na diminuição de resíduos e no uso menor de recursos naturais.
Além da Mercado Livre Arena Pacaembu, outro projeto desta década é a Arena MRV, pertencente ao Atlético Mineiro, localizada em Belo Horizonte, que foi o vencedor do Destaque do Júri do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto 2023 e matéria de capa da Revista Industrializar em Concreto 26. Para atender às demandas do projeto, a Precon Pré-Fabricados desenvolveu, em conjunto com a Codeme, a Tech-Estrutura, formas especiais para atender aos quesitos mínimos de padronização, para ganhar produtividade, e aplicou alta tecnologia na fabricação dos elementos, perfazendo volume aproximado de 50 mil m³ de concreto, com traços específicos. A indústria conseguiu a rápida expedição e montagem dos elementos, utilizando gruas e guindastes de grande capacidade.
Em 2016, a Comissão Julgadora do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto também selecionou duas obras de equipamentos esportivos como Destaque do Júri: o Centro Olímpico e as Arenas Cariocas 1, 2 e 3, no Rio de Janeiro.
No que diz respeito às três Arenas Cariocas, que serviram para diversas modalidades esportivas, o grau de complexidade das formas arredondadas exigiu que o projeto fosse
executado sem uma repetitividade de peças, dificultando a produção das estruturas pré-fabricadas. A CPI foi a encarregada de fornecer pilares, vigas, lajes e arquibancadas para as três arenas.
O Centro Olímpico de Tênis, com fornecimento de estruturas pré-fabricadas de concreto pela Cassol, empreendeu uma série de inovações, como a que permitiu que o sistema de apoio da primeira viga do lance superior das arquibancadas, viga única que faz o papel de guarda-corpo, faixa de circulação do público e primeiro banco, pudesse estar engastado na extremidade inferior da viga jacaré. Entre os desafios estavam o formato circular que requereu um estudo atento sobre a geometria da estrutura, de modo a garantir sua montagem sem contratempos; e todos os pilares externos serem totalmente inclinados para fora, o que levou um cuidado extra com as emendas no trecho inclinado dos pilares da parte mais alta das arquibancadas.
Outra Arena reconhecida como Destaque do Júri foi a Arena Corinthians, em 2014, com estrutura de pré-fabricado fornecida pela CPI Engenharia, projeto estrutural da EGT Engenharia e Fhecor do Brasil. A maior parte das peças foi desenvolvida no canteiro de obras. O estádio é o que mais utilizou elementos pré-fabricados, entre os estádios da Copa do Mundo de 2014: 3.100 estacas e estacas-raiz, 594 pilares, 3.274 vigas e 11.682 lajes. As peças pesadas, como pilares, vigas e vigas-jacaré, foram fabricadas no próprio canteiro. Já as arquibancadas e lajes alveolares, por serem mais leves, tiveram produção em uma indústria localizada em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo.
A QUARTA EDIÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA-PROJETO-PRODUÇÃO EM CONCRETO PRÉMOLDADO FOI UM VERDADEIRO SUCESSO E MOSTROU A IMPORTÂNCIA DA UNIÃO ENTRE A CADEIA DE VALOR
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO NO BRASIL
Aideia da Abcic em retomar a realização do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado mostrou-se acertada pelos engenheiros, arquitetos, empresários, pesquisadores, profissionais e estudantes de pós-graduação que parti-
ciparam da 4ª edição do evento, que foi considerada um grande sucesso, com o auditório da Marka lotado, com quase 200 pessoas, nos dois dias de realização – 4 e 5 de junho.
“Desde a última edição, em 2013, foram diversas realizações nos contextos da academia, da indústria, e nos projeto, mas não foi possível ter
uma visão integrada das três áreas, pois não havia um encontro que reunisse todos esses importantes players do setor de forma unificada. Desse modo, a promoção da quarta edição do PPP possibilitou compreender os níveis em cada uma dessas áreas, resultando no levantamento de debates fundamentais
A 4ª edição do Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado foi um grande sucesso, reunindo todo o ecossistema na sede da Marka, em Brodowski
para a evolução da cadeia de valor. Quando se tem uma visão sistêmica, podemos aferir de modo mais assertivo as decisões estratégicas e os caminhos a serem seguidos”, afirmou engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, que exerceu a coordenação geral do evento.
A vontade está muito relacionada à motivação, de acordo com Íria, e quando segue o caminho de aprimorar, construir e inovar, os resultados são sempre promissores. “A vontade da academia de integrar e de receber as informações da indústria e dos escritórios de projeto promove diálogo. Ao melhorar nossa comunicação, vamos ter mais pesquisas que possam ser aplicadas nas próprias indústrias. Um exemplo é a contribuição do NETPre em diversos contextos, incluindo as ligações de painéis”, explicou Íria, que é também presidente da International Federation for Structural Concrete ( fib).
Segundo Íria, “se estamos aqui hoje é porque chegamos juntos.
Nosso setor conquistou um espaço importante no cenário nacional e internacional porque nossa cadeia de valor está unida, ou seja, fornecedores, projetistas, indústrias, arquitetos e profissionais compreendem o valor de se ter propósitos comuns para o desenvolvimento tecnológico, econômico, social e ambiental.”
Ao agradecer a participação de todos os presentes, João Carlos Leonardi, vice-presidente do Conselho Estratégico da Abcic, comentou sobre o fato de a pré-fabricação “estar na moda” nos dias atuais. “A atual escassez da mão de obra em todos os segmentos, especialmente na construção, tem favorecido a pré-fabricação de concreto, o uso de novos materiais, como UHPC (Ultra High Performance Concrete), novos equipamentos para produção e para montagem”, avaliou.
Em sua análise, a pré-fabricação de concreto é o sistema que consegue dar as melhores respostas às demandas do mercado, em relação à velocidade, qualidade, segurança, estética e, um ponto fundamental, a sustentabilidade. “Esses fatores estão ajudando nosso setor e não é por acaso que a construção pré-fabricada de concreto atingiu toda essa relevância. O evento e cada um de vocês que estão neste encontro comprovam essa realidade, que é resultado de muito trabalho, dedicação e persistência e também uma certa dose de resiliência para se levantar em muitos momentos”, destacou.
Sobre o hiato entre a terceira e quarta edições do PPP, Leonardi ponderou que os anos passaram de forma rápida e intensa, em meio a inúmeras ações de conteúdo, mis-
sões técnicas, revisões do arcabouço normativo, entre outros. Falou ainda sobre todos os presidentes do Conselho Estratégico terem se dedicado para fortalecer a integração com academia, com os escritórios de projeto e com as outras entidades. O encontro ressaltou a importância da integração entre a academia
e a cadeia de valor do pré-fabricado de concreto - indústrias, fornecedores, escritórios de arquitetura e escritórios de projeto estruturalpara o desenvolvimento tecnológico e técnico do setor.
“Fiquei muito contente pelo resgate do evento e pelo nível que foi apresentado. Por um lado, a academia tem a responsabilidade de oferecer suporte para a produção. Por outro, precisamos conhecer os desafios do setor produtivo para dar essas respostas. É perfeitamente viável casar esses dois segmentos”,
afirmou o professor Mounir Khalil El Debs, coordenador técnico do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado.
Para ele, promover o evento bienalmente, significa estreitar ainda mais esses laços, pois há material e interesse de ambos os lados, além do que a realização do encontro na indústria foi um grande acerto. “Quando pensei no primeiro evento, minha preocupação era muito grande como ele ia ser visto tanto por parte da academia como pelos profissionais. Mas, foi uma surpresa porque os dois lados tinham essa vontade de se integrarem, de fazer as coisas juntos.”
Nesse sentido, Carlos José Martins Tavares e Noé Marcos Neto, diretores da Marka, acreditam que ações como o encontro fortalecem o setor, reunindo passado, presente e futuro, por isso aceitaram prontamente o convite da Abcic para realizar a quarta edição em sua sede. Eles ainda fizeram uma referência ao professor Mounir e as três edições anteriores do PPP.
Julio Timerman, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), ressaltou a sinergia entre as duas entidades e que a cadeia produtiva do concreto precisa caminhar junto. Já Luis Livi, diretor de Pré-Moldados da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), enfatizou que a Abcic tem realizado eventos de alto nível técnico e de qualidade, propiciando a troca de experiência e aprendizado.
A programação contou com diversas palestras, a visita à fábrica da Marka e o coquetel de 20 anos do laboratório do NETPre. Um dos destaques foi o anúncio da internacionalização do evento, que acontecerá em Portugal, em 2027, e encontros regionais, nos intervalos das edições.
A palestra magna do engenheiro Eduardo Júlio, professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, trouxe uma reflexão sobre “Construção Modular Pré-Fabricada em
Concreto - A Reinvenção de um Conceito”. Ele iniciou sua apresentação avaliando que a Europa não tem seguido o caminho correto, pois a produção acadêmica não tem buscado a integração com o projeto e a produção. Por isso, se surpreendeu com a qualidade do evento e a participação efetiva e contundente da Abcic. “Vocês conseguem ter indústria, academia, projetistas, projeto e a normalização. E, tudo isso bem feito. Estou impressionado”, enfatizou.
Para ele, é preciso recuperar o conceito de construção modular pelo déficit habitacional, pelos desastres naturais e climáticos, pelas guerras, pela escassez de mão de obra e pela questão econômica. “Tentamos reabilitar edifícios e isso não deu certo. Vamos precisar construir e reconstruir e a pré-fabricação pode dar a resposta. É o presente e será o futuro”, afirmou o professor português, que também mostrou os documentos da consultoria Mckinsey, que mostram o potencial da construção modular.
Outro ponto trazido por ele foi o histórico da construção modular, cujos primeiros exemplos são de 1830, com o primeiro edifício, em 1903. Daquele período, houve a evolução na tipologia, em complexidade e escala. Atualmente, são três tipos de categoria: kit de componentes montado no local, modulo 3D produzido em fábrica e sistema híbrido, que têm sido aplicados em diversas partes do mundo.
Ao longo de sua palestra, trouxe o projeto R2UTechnologies, que reúne 24 empresas e 21 centros pesquisa investigação e universidades, com investimento 94,9 milhões de euros. Dentro desse projeto, o
Instituto Superior Técnico da universidade de Lisboa coordena o subprojeto “Edifícios Modulares Pré-Fabricados em Concreto”, com recursos de 2,9 milhões de euros, que tem como objetivo: o desenvolvimento e industrialização de um novo Conceito Multidisciplinar de Edifícios Modulares em Concreto Pré-Moldado, com especial enfoque em: habitações multifamiliares e unifamiliares e residências estudantis e para seniores
“Para mim, a arquitetura é fundamental, pois se as edificações não tiverem um apelo estético, o conceito não será viabilizado. O pré-fabricado precisa ser utilizado de modo a acolher as pessoas. Outro ponto importante é a sustentabilidade, por isso pretendemos usar materiais reciclados, concretos ecoeficientes e ciclo de vida da produção, que possibilite o desmonte”, explicou Julio. Aspectos de eficiência e segurança também estão sendo considerados no projeto.
Por estar ainda em andamento, o professor trouxe resultados preliminares: uma solução baseada em módulos, pensando em edifícios até 6 andares para moradias multifamiliares, com a incorporação de terraços interiores como espaços funcionais e sistemas estruturais mistos de parede-pórtico, uma solução para moradias unifamiliares respeitando modularidade, flexibilidade, adaptabilidade e com possibilidade de incorporar espaços multifuncionais. “As primeiras propostas para as residências estudantis ainda estão sendo finalizadas”, disse.
O projeto engloba ainda o uso do BIM, estudos sobre novos tipos de concreto e sobre sustentabilidade, realizando comparativos com outros sistemas construtivos. “Os edifícios modulares em concreto pré-moldado permitem dar resposta ao problema de habitação, de forma simples, rápida, econômica, sustentável e eficiente. Esse projeto tem o
Paulo Campos: “Hoje, há muitas pessoas falando de construção modular e outros temas, mas somos nós que precisamos assumir a dianteira desse processo, pois sabemos o que é industrialização.”
potencial de reinventar o conceito, por meio de uma abordagem multidisciplinar”, ponderou.
Em sua apresentação, Julio falou ainda sobre a fib, especialmente, sobre o recém-criado Task Group 6.12 – construção modular em edifícios, no âmbito da Comissão 6 de Pré-Fabricados, no qual é o coordenador. “Ao integrar especialistas de diferentes áreas (academia, projeto, indústria, outras) e de várias partes do mundo, o TG poderá produzir um “Guia de boas práticas”, que permitirá a implementação deste conceito a nível internacional e convidou a todos para estarem presentes no 7º fib Congress, em Lisboa, que acontecerá entre os dias 15 e 19 de junho de 2026.
O arquiteto Paulo Eduardo de Fonseca Campos, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) iniciou sua palestra so-
bre “A Arquitetura Industrializada e a pré-fabricação em concreto”, recordando que a inteligência artificial potencializa as habilidades pessoais, que são insubstituíveis, e trazendo um histórico sobre a arquitetura industrializada, cuja primeira geração esteve entre os anos 1950 e 1970 na Europa, no pós-guerra.
“Com base no mesmo modelo de produção dos automóveis Ford, temos então o grande painel de concreto, como solução técnica e econômica desse período, que se caracterizou por realizações massivas, uniformidade e rigidez na arquitetura, diminuição do número de elementos distintos e flexibilidade zero”, explicou Campos, que recordou que os grandes equipamentos eram muito caros e para amortizar o custo era preciso utilizá-los ao máximo.
Esse modelo começou a ser questionado com o acidente do edifício “Ronan Point”, em Londres, a crise do petróleo e a importância do fator
humano versus as cidades-dormitórios. Atualmente, a arquitetura industrializada busca qualidade, produtividade, redução de desperdício e conexão com a construção industrializada. “Podemos intercambiar com colegas de outras partes do mundo para novos conhecimentos, além do que a industrialização possibilita ter um ciclo aberto, com maior racionalização do projeto. Pela normalização há mais segurança e houve um aumento de densidade tecnológica dos produtos”, avaliou Campos. Para exemplificar essa realidade, professor da FAUUSP apresentou projetos vencedores do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, na categoria Edificações, nos anos 2022 (Trimais Places), 2023 (Scala Data Center) e 2024 (Arquipeo) e outras tecnologias, como banheiros prontos de GRC. Campos é membro do Comitê do Júri desde a primeira edição. “Essas obras mostram que o Brasil soube ganhar conhecimento a partir de outras fontes, intercambiando experiências e ideias para criar nosso próprio caminho que também está sendo conhecido por outras empresas e colegas do exterior”, disse.
Em relação aos novos paradigmas, trouxe a questão da densidade tecnologia dos produtos, que tem crescido nos últimos anos, com formas mais complexa e moldes mais sofisticados, novas cores, texturas e pigmentos para os painéis, que são uma área importante para o setor, segundo Campos, por acelerar o fechamento dos edifícios, principalmente quando já vêm com caixilhos incorporados, construção mais segura que o convencional e ampla possibilidade de combinação de cores, texturas e formas.
Em sua apresentação, comentou sobre o uso de concretos de maior resistência, com o UHPC, para construção mais leve, e com possibilidade de uso nas área de infraestrutura, habitação e no retrofit, e a produção digital da arquitetura modular, trazendo como exemplo o Museu de Guggenheim, em Bilbao. Por fim, mostrou a relevância da construção industrializada para aumentar a produtividade, qualidade e eficiência, alinhada a pauta de sustentabilidade.
“Hoje, há muitas pessoas falando de construção modular e outros temas, mas somos nós que precisamos assumir a dianteira desse processo, pois sabemos o que é industrialização. Temos história, legitimidade para influir neste debate, a fim de que cada vez mais o sistema construtivo ganhe espaço para o desenvolvimento da construção civil. Espero que possamos cumprir esse papel”, reiterou.
A Abcic promoveu um coquetel em celebração aos 20 anos do Laboratório do NETPre, da UFSCar. Mas, no primeiro dia do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Pro-
dução em Concreto Pré-Moldado, o professor Marcelo Ferreira, coordenador do NETpre, falou sobre essa história, lembrando do Convênio de Cooperação Tecnológica UFSCar e ABCIC, em outubro de 2004, assinado pelo então presidente Paulo Cordeiro (in memoriam).
Entre as contribuições do Núcleo estão a participação ativa em comissões de estudo de normas técnicas, como a ABNT NBR 9062, a ABNT NBR 14861, a ABNT NBR 16475 e a revisão da norma de aparelhos de apoio, mais de 300 ensaios em lajes alveolares, ensaios para obras nacionais e internacionais, 57 defesas de mestrado e doutorado em concreto pré-moldado, e 16 projetistas de estruturas no setor, sendo três atuando fora do Brasil. O professor Roberto Chust de Carvalho ministrou aulas sobre estruturas pré-fabricadas de concreto para 8520 alunos em diversas cidades, no modelo presencial e virtual.
Na ocasião, o diretor técnico da Abcic, Luis André Tomazoni, anunciou o apoio da Abcic e das empresas associados para a ampliação do laboratório do NETPre, com o objetivo de avançar ainda mais no
desenvolvimento de pesquisas em prol da evolução técnica e normativa do setor e das indústrias.
Renato Cordeiro, head da Francal Feiras, mostrou o sucesso da primeira edição do Modern Construction Show, que contou com 40 expositores e recebeu 2600 visitantes de 11 países, apresentando mais de 28 horas de conteúdo, com 65 palestrantes. A próxima edição da feira será promovida de 29 de setembro a 1 de outubro de 2026, no Distrito Anhembi, em São Paulo.
O primeiro painel do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado trouxe uma atualização sobre as pesquisas realizadas em diversas áreas relacionadas ao projeto estrutural e arquitetônico e aos materiais.
A primeira apresentação foi proferida pelo arquiteto Alexandre Kuroda, Co-founder da Arqgen, que abordou o uso e o impacto da inteligência artificial (IA) na concepção de projetos arquitetônicos, afirmando que a tecnologia já está no dia a dia do setor, e que ela pode ser treinada, por exemplo, para identificar os espaços, ao incluir to-
O professor Paulo Campos entrega um exemplar de seu livro "Microconcreto de alto desempeño: la tecnología del MicroCAD aplicada en la construcción del hábitat social" para a equipe do NETPre-UFSCar
neladas de fotos de salas, banheiros e dormitórios para que a ferramenta calcule as probabilidades sobre qual é o espaço indicado na imagem.
Entretanto, a IA possibilita alcançar outras metas, de acordo com Kuroda, pois ela pode se autocalibrar e se autoatualizar. Um exemplo é o AlphaGo, um sistema de IA que combina redes neurais e algoritmos, criado pela Deepmind Technologies, para jogar Go, que, em 2016, conseguiu vencer o campeão mundial Lee Sedol, ao prever inúmeras jogadas possíveis a todo momento. “Então, pensamos se não seria possível entender a concepção de projeto como variações de jogos, uma vez que há muita tentativa e erro no desenho, com o objetivo de extrair o máximo de cada lugar, ao mesmo tempo atendendo restrições urbanísticas e ambientais”, contou Kuroda.
Com isso, eles chegaram a um sistema que possibilita a automatização de projetos de arquitetura e urbanismo customizados via IA e design generativo. Kuroda explicou que o Viabiliza Layouts utiliza IA para gerar layouts customizados, que são apresentados e ranqueados de acordo com as métricas dos clientes para que eles selecionem as opções de sua preferência. “An-
tes, eram apresentadas 1 ou 2 opções e, agora, são pelo menos 10. A aprovação que levava meses pode ser feita em menos de um dia, gerando redução de custos e produtividade”, afirmou.
“A IA é tão importante na arquitetura como o cimento nas construções”, pontuou Kuroda, que enfatizou que há grandes oportunidades na área da arquitetura para realizar projetos mais ajustados, únicos e densos de significados.
Na sequência, o professor Daniel de Lima Araújo, da Universidade Federal de Goiás (UFG), apresentou ao público participante as pesquisas mais recentes sobre ligações entre elementos pré-moldados de concreto, estudadas pelo grupo de pesquisa sobre “Ligações para estruturas pré-moldadas de concreto e para estruturas mistas aço-concreto”, no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), formado por docentes e pesquisadores de oito universidades brasileiras de diversos estados.
Entre os projetos desenvolvidos pelas universidades estão: pesquisas sobre ligações viga-pilar, feitas pela UFG, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade de São Paulo (USP), pesquisas sobre ligações pilar-fundação, realizadas
na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pesquisas sobre ligações em pontes pré-moldadas, promovidas na EESC-USP e UFG, e pesquisas sobre colapso progressivo, da UFG. As dissertações de mestrado e teses de doutorado apresentadas por Araújo demostraram a dedicação de docentes e pesquisadores para o desenvolvimento técnico e tecnológico da pré-fabricação em concreto no Brasil, sendo que algumas contaram com o apoio da indústria para sua realização, bem como realizaram a aplicação de materiais de ultra-alta resistência como o UHPC.
Sobre pesquisas futuras na área de ligações, o professor da UFG mencionou a dissertação de mestrado sobre o emprego de IA e Machine Learning no projeto de ligações. “Um grande desafio está relacionado aos dados, pois há dificuldade para treinar uma IA sem uma grande quantidade de informações”, afirmou. Também está sendo feita uma tese de doutorado sobre desenvolvimento de modelos mecânicos para dimensionamento de ligações com uso de UHPC.
A palestra seguinte ficou a cargo do Pablo Krahl, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Estatual de Londrina, que
tratou da inovação, desafios e aplicação do UHPC e CA-70 em estruturas pré-fabricadas. “Os materiais de autodesempenho, com vistas à sustentabilidade e na direção da produção de elementos com menos massa, impacta a cadeia produtiva da industrialização da construção”, avaliou.
Segundo Krahl, o UHPC é praticamente impermeável, com alta resistência e capacidade residual de pós-fissuração. Por ter como benefício a maior durabilidade e longevidade, o UHPC deve contribuir para aumentar a vida útil da estrutura, pois o material pode durar 300 anos. Mas, ele questionou como realizar esse cálculo do tempo de vida da estrutura, levando em consideração a corrosão, os diferentes cenários climáticos e a manutenção.
Ele abordou outros temas como a resistência do UHPC sob impacto, o empacotamento por partículas, que é a técnica de dosagem usualmente aplicada, a possibilidade de se fazer UHPC com agregado graúdo (5mm), o tempo de mistura entre 5 a 10 minutos em misturadores de alta energia, a possibilidade de reduzir o consumo do cimento por elemento estrutural a partir da otimização do projeto, as taxas de aço menor que 1% tendem a ter perda significativa de ductibilidade em vigas UHPC, e fibras para UHPC sendo comercializadas no país.
Em relação ao aço CA-70, citou como vantagens competitivas, o aumento da produtividade na obra e a redução do consumo de materiais. “Há a possibilidade de potencializar a industrialização da construção com uso do desse aço, ampliando a sustentabilidade e diminuindo os custos”, afirmou Krahl, que tra-
tou também da soldabilidade desse aço e ancoragem por aderência. Nesse painel, o professor Marcelo Ferreira (NETPre) tratou da integração entre pesquisa, projeto e produção na área de lajes alveolares, trazendo os fatos mais relevantes do setor, como a norma ABNT NBR 14861 – Laje pré-fabricada –Painel alveolar de concreto protendido – Requisitos (válida a partir de 2002), a criação do Selo de Excelência Abcic (2003) e o convênio de Cooperação entre a Abcic e a UFSCar (2004). “A norma definiu o que era laje alveolar”, relembrou.
Em termos de integração com o setor produtivo, Ferreira trouxe um projeto de pesquisa de mestrado da UFSCar, cujos ensaios foram feitos na fábrica de Araucária (PR), da Cassol Pré-Fabricados, tendo como referência o manual da FIP (International Federation for Prestressing). “Tudo começou com o professor Roberto Chust. Essa dissertação envolveu preenchimento de alvéolo e capa com fibra. A primeira coisa difícil foi o ensaio de cisalhamento”, disse.
Ferreira comentou sobre sua participação nos Task Groups da fib como representante da Abcic, sobre o convênio da USFCar com a Universidade de Nottingham (UK), através do professor Kim Elliott, em 2004, de 2006 a 2011 e em 2014, e sobre sua atuação como coordenador da Comissão de Estudos da ABNT para Revisão da ABT NBR 14861, que passou de 42 páginas em 2011, para 60 páginas, partir de 2022. Além das referências internacionais, a norma também se baseou nas pesquisas realizadas pelo NETPre no período.
Por fim, ele trouxe sete pesquisas
no âmbito do NETPre relacionadas ao tema, que versaram sobre Resistência à Força Cortante – Mecanismo Flexo-Cortante, Resistência à Força Cortante – Mecanismo
Tração Diagonal, Comportamento de Lajes Alveolares com Continuidade, Resistência à Força Cortante - Preenchimento de Alvéolos, Resistência à Força Cortante – Lajes com Recortes, Resistência à Força Cortante – Seção Composta (Alvéolos + Capa + Armadura) e Novas Demandas de Projeto – Data Centers | Pontes e Viadutos.
No dia 5 de junho, foram realizados dois painéis ao longo do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado. O primeiro tratou das questões do projeto relacionadas à normalização, enquanto o segundo mostrou cases bem-sucedidos da indústria.
A primeira apresentação foi proferida pelo engenheiro Carlos Melo, sócio diretor da Carlos Melo & Associados, que fez suas considerações sobre a ABNT NBR 9062 –Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Em sua avaliação, a norma ajuda e dá suporte para os projetistas e fabricantes e é diferente de outras normas, pois aborda projeto, fabricação e montagem, envolvendo toda a cadeia.
“Em 1983, o setor se uniu para ter a primeira versão da norma, que foi bem escrita e era voltada para a situação da época. Ficou 20 anos em vigor e, até hoje, é consultada para algumas coisas básicas. Em 2005, houve a necessidade de revisar a norma, introduzindo coisas novas,
como ligações semirrígidas, conceitos de montagem, tolerância. Em 2017, saiu outra versão, englobando novas questões. Pelo fato de ter participado das duas últimas versões, recebo consultas perguntando alguns detalhes da norma. O texto é óbvio, mas quem lê pode ter outra interpretação. Por isso, é uma jornada de melhoria continua”, contextualizou Melo.
O engenheiro afirmou que está acumulando diversas questões trazidas por consultores, projetistas e outros profissionais para serem tratadas quando houver a reabertura para revisão da norma, com o objetivo de aprimorar o texto e atender as necessidade do mercado. Nesse sentido, ele trouxe 16 exemplos dessas situações que podem ser debatidas na comissão de estudos de revisão da norma, como por exemplo, a tabela de resistência de força cortante para laje alveolar não ser eficiente quando os alunos começam a fazer os estudos, resistência de fogo no painel, comprimento da viga no cálculo, o grampo na extremidade da viga, e a incompletude da tabela de protensão na ABNT NBR 6118.
Para Melo, hoje, o setor de pré-fabricados de concreto tem maturidade para se separar da ABNT NBR 6118, tendo uma norma própria, que pode remeter ou repetir soluções que estão na norma de projeto. “O ideal é que a ABNT NBR 9062 seja inteira nela mesma, abordando todos os itens que forem pertinentes e o que for igual é igual”, concluiu.
A seguir, o engenheiro Augusto Pedreira de Freitas, diretor da Pedreira Ônix, trouxe suas considerações sobre a ABNT NBR 16475 - Painéis de Parede de concreto pré-moldado e os pontos para a evolução na próxima revisão. Iniciou com um histórico, no qual destacou que, desde 1970, o Brasil vem fazendo a tropicalização do painel portante, cujo expoente foi o professor Augusto Carlos Vasconcellos (in memoriam). Entretanto, não havia norma específica, cujo comitê de estudos foi aberto em 2012, pela evolução do sistema e por haver outros sistemas com painéis, como o painel arquitetônico, e mais recente, o sistema Precon.
Para o estabelecimento da norma, o comitê analisou, de 2012 a 2017, os diversos sistemas e verificou quais
sistemas e condições para incluir no escopo de normalização. Foi discutido que seria uma norma mais conservadora, então o texto base foi aprovado para publicação em 2017. Freitas enfatizou a participação do professor Marcelo Ferreira e do NETPre para uma análise mais profunda sobre as ligações, e pela norma tratar do colapso progressivo.
Na visão de Freitas, em função da crise de 2016 e da pandemia, houve pouco uso de painéis, mas com evoluções interessantes, como a chegada do sistema carrossel, que impulsionou o uso de painéis duplos, a tropicalização de algumas conexões, e a verticalização das construções. “Realmente, o Brasil decidiu subir. Sejam edifícios de alto padrão, médio padrão ou segmentos econômicos, o painel pode ser utilizado”, enfatizou o engenheiro, que trouxe exemplos do que foi feito nesse período como o desenvolvimento de projeto Pilotis com 8 andares em painel duplo, residência em módulos 3D formado por pré-montagem de painéis 2D.
O engenheiro trouxe alguns pontos que podem ser levados para a discussão de uma possível revisão
da norma, como o dimensionamento dos painéis com método alternativo proposto pelo professor Mário Franco (in memoriam) junto com o engenheiro Carlos Franco, informações trazidas em publicações recentes, preocupações para o uso de painéis portantes em edifícios altos, novas conexões, painel arquitetônico em edifícios altos e novos cases no setor.
Na avaliação de Freitas, a revisão pode preparar o futuro do setor, como por exemplo, a maior industrialização pela escassez de mão de obra, oportunidades em edifícios de alto e médio padrão para o painel arquitetônico. Nas faixas 1 a 4 do Minha Casa Minha Vida, há chances para o painel portante. “O grande objetivo para os próximos anos é o painel arquitetônico, pois as fachadas estão se tornando mais complexas”, analisou.
A professora Ana Elisabete Jacintho, da PUC Campinas, iniciou sua palestra, abordando o histórico de normalização do UHPC no mundo, citando as publicações feitas nos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, França, Suíça e Canadá, com destaque para o boletim 105 da fib “Fiber Reinforced Concrete – State of the Art”. Pelo Brasil, falou sobre a importância da Prática Recomendada: Concreto De Ultra Alto Desempenho Reforçado Com Fibras (UHPC), no âmbito do IBRACON-ABECE, que foi texto base para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
As duas comissões de estudos que trabalham o tema são: CE002:124.029 Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto de Ultra Alto Desempenho em Edificações e CE-018:300.014 Comissão de Estu-
do de Concreto de Alto Desempenho e de Ultra Alto Desempenho. “A parte de materiais está praticamente finalizada após 1 ano e meio de trabalho. Os textos estão na fila para consulta pública”, explicou Ana Elisabete.
Em relação ao projeto de estruturas e elementos estruturais em UHPC, a norma tem como base as normas francesas e Eurocode quando se trata do concreto, no caso do aço, baseia-se nas normas brasileiras. A estimativa é que a norma seja publicada no primeiro semestre do próximo ano, após finalizar questões relacionadas ao estado limite último, estados limites de serviço, detalhamentos especiais e anexos.
“Faço o convite para participar das reuniões que acontecem uma vez por mês, às quintas-feiras, pois é importante contar com a colaboração mais efetiva da comunidade. O grupo é ótimo”, afirmou a professora. A norma se aplica ao projeto de edifícios e estruturas em UHPC não armado, UHPC reforçado com armadura passiva ou UHPC protendido, considera a adição de fibras e trata apenas dos requisitos relativos à resistência e durabilidade de estruturas em UHPC.
O tema “Análise de Força Cortante em Vigas Protendidas Sem Estribo Com Uso de Concreto com Fibras” ficou a cargo de dois engenheiros da EGT Engenharia, Ligia Doniak e Marcelo Waimberg, que trouxeram suas avaliações segundo a base de dados elaborada com ensaios disponíveis na literatura em comparação com normas internacionais, e segundo à fib, respectivamente.
“Por que usar concreto com fibra? Por que o FRC é uma alterna-
tiva sustentável? Como substituir a armadura tradicional por fibra?”, questionou Ligia no início de sua apresentação, que explicou que o concreto sustentável está ligado ao concreto durável, que possibilita diminuir as emissões de carbono e pode ser produzido com energia renovável.
Segundo a engenheira, o concreto protendido com fibra tem um alto interesse econômico e sustentável, e a parte mais trabalhosa da viga de concreto armado é justamente a colocação de estribos, e na pré-fabricação não é exceção. É sustentável porque está reduzindo a área de aço em uma seção. Outro ponto importante é conhecer o desempenho e os mecanismos de ruptura, pois no campo de concreto com fibra, esses mecanismos são diferentes em relação ao tradicional.
Nesse sentido, Ligia estudou uma base de dados em resistência a cortante, elaborados por diversos pesquisadores. Foram 80 vigas ensaiadas, compreendendo o período de 2005 a 2022. Além disso, fez uma correlação com as formulações do Eurocode, Model Code 2010 e 2020 da fib, e o código espanhol. Este trabalho, juntamente com os seus orientadores, os professores Hugo Corres e Leonardo Todisco, Rafael Ruiz, outro pesquisador da UPM –Universidade Politécnica de Madri, foi publicado no Structural Concrete Journal da fib e está sendo uma referência para outros estudos na área.
O engenheiro Marcelo Waimberg falou sobre características do UHPC, como elevada resistência à compressão, elevada resistência à tração na flexão, baixa permeabilidade, retração hidráulica e fluência
e alta durabilidade. “Peças cada vez menores, mais leves e fáceis de trabalhar, com menor consumo de aço na estrutura e o agente agressivo quase não penetra em um material como esse”, afirmou.
Ele mostrou uma foto de uma ponte na Malásia, com vão de 40 metros construída em aduelas pré-fabricadas justapostas com protensão posterior e uso praticamente zero de armadura frouxa, tirada há mais de 10 anos. Comentou também sobre os boletins publicados pelo TG6.5 – Precast Concrete Bridges, no âmbito da Comissão 6 da fib, que mostra a experiência e a prática de diversos países e apresenta critérios de normas aplicados por essas nações, que, nem sempre, são convergentes.
Trouxe ainda o próximo boletim a ser publicado pelo Task Group, que trará recomendações e limita-
ções para o UHPC, usando valores razoavelmente conservadores, mas que, para as aplicações brasileiras, será um salto de qualidade e desempenho. “A ideia é mostrar que, na maioria dos casos, é possível dispensar a armadura frouxa, diminuir a espessura da peça e o consumo de cimento e aço. É um ganho potencial para a pré-fabricação”, explicou.
No segundo painel do 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, o foco esteve na produção, buscando apresentar as obras realizadas pela indústria de pré-fabricados de concreto na atualidade.
A primeira apresentação ficou a cargo do engenheiro João Batista da Silveira Filho, gerente do setor de Projeto da Cassol Pré-fabrica-
dos, que abordou o case Arquipeo, empreendimento corporativo da Brookfield Properties, para abrigar o novo campus da agência WPP, que foi o vencedor da categoria Edificações no Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto em 2024. “A obra não foi projetada para ser em pré-fabricado de concreto, mas foi possível fazer a adaptação para a concepção arquitetônica”, revelou.
Com uma área de 73 mil m² e 33 metros de altura, o edifício, concebido para ter a certificação Leed Gold, recebeu pilares cruciformes, vigas T, lajes alveolares, painéis de fachada arquitetônicos, rampas e escadas, totalizando um volume de 18 mil m³ de concreto. “Foram 10 meses de montagem, o que significa aproximadamente 7 mil m² de elementos por mês”, calculou Silveira Filho, que detalhou as caracte-
rísticas da estrutura, como a malha estrutural ser de 11,25 m por 11,25 m, maior do que o usual, com poucas juntas de dilatação, redução dos pavimentos em planta e ter apenas duas vigas de transição em U.
Um dos pontos mais interessantes são os painéis arquitetônicos. O engenheiro da Cassol contou que em março de 2021, apresentou-se estudos para alteração desses painéis moldados in-loco para pré-fabricados, a fim de atender o prazo da obra e possibilitar a logística, em outubro, a Cassol foi contratada e em maio de 2022 houve a concretagem da primeira empena. “Houve um processo colaborativo, com a participação e aprovação do arquiteto. Foram feitas amostras, desenvolvidos estudos para o procedimento e mock-ups, pois as peças eram diferentes e precisaram ser feitas manualmente”, explicou.
Os requisitos arquitetônicos somados às dimensões de 2,6m por 16,40m dos painéis, com peso de 28 toneladas, a realização da montagem e solidarização, foram grandes desafios do projeto, segundo Silveira Filho que afirmou o painel precisou ter três apoios para a montagem na horizontal. “Foi um planejamento muito grande, que envolveu o estudo inicial da concepção de cores; quatro níveis de montagem diferentes, que levou a distribuição por peças e equipes, e o uso de BIM 4D para auxiliar nos estudos”, finalizou.
A seguir, João Carlos Leonardi, diretor da Leonardi, contou o histórico da empresa e ressaltou a importância das Missões Técnicas da Abcic, que trouxeram oportunidades para conhecer edifícios altos com o pré-fabricado de concreto, como
na Bélgica, em 2008, e no Japão, em 2019. “Tivemos uma aula com professor Arnold Van Acker (in memoriam) em um canteiro de obra de edifício alto. É um grande aprendizado, trocar informações entre nós, convivendo por alguns dias e tendo contato com profissionais reconhecidos. É assim que nosso setor tem evoluido e temos saltado para maiores desafios”, disse.
Nesse contexto, ele citou o trabalho promovido pelo Grupo de Trabalho de Edifícios Altos da Abcic que, no ano passado, realizou um seminário internacional e publicou duas obras fundamentais: o Coletânea de Obras Brasileiras – Edifícios Altos e a tradução do Boletim 101 da fib: Concreto Pré-Moldado em Edifícios Altos, e ponderou que o Brasil possui um histórico de obras de edifícios altos com pré-fabricado de concreto, desde 2001, e tratou especificamente do Edifício Jardins, da Munte, que derrubou o estigma de que construção pré-fabricada de concreto era sinônimo de habitação de interesse social e apresenta
pouquíssimas manifestações patológicas em comparação com edificações convencionais.
Em sua reflexão, Leonardi mostrou que as construções de prédios pré-fabricados não estão restritas as grandes cidades, pois existem obras feitas em cidades mais afastas de regiões metropolitanas. Sobre o valor mais alto do sistema construtivo, disse ser subjetivo, pois depende do projeto, concepção, localização e montagem. “Quando é possível, o resultado aparece. Uma obra no interior do Paraná, por exemplo, ao conversar com o incorporador e com o construtor, a obra de 14 pavimentos e 47 metros de altura, fechada com painéis, ficou mais econômica do que se fosse toda em convencional”, explicou.
Outros cases trazidos por Leonardi foram o GH Corporate, com 11 pavimentos e 58 metros de altura, em Indaiatuba (SP), o Trimais Places, com 52 metros de altura, em São Paulo, o Hotel Terroà, em Americana (SP), com 14 pavimentos e 50 metros de altura, o Scala Data Center, prédios com 63 me-
tros de altura, em Barueri (SP), Unimed, em Piracicaba (SP), Gamarra, em Nazaré Paulista (SP) e a linha Dynamic, da Lucio, com vários prédios. “Estamos apostando em edifícios altos, pois é a nova fronteira da industrialização. Temos que trabalhar de forma unida, pois temos uma meta de que 2% dos edifícios altos do nosso país sejam pré-fabricados. Se esse percentual for alcançado, mesmo com todas as empresas do mercado se dedicando exclusivamente para isso, não daremos conta”, ponderou.
Para Noé Marcos Neto, sócio-diretor da Marka Soluções Pré-fabricadas, obter 2% do mercado é uma escala inimaginável, mas há um potencial de mercado muito grande para o pré-fabricado de concreto. “Um pavimento todo industrializado, com todas vantagens competitivas e uma montagem ágil, redundaria em resultados importantes para a sociedade”, analisou. A seu ver, existe um desafio a ser vencido que é a interface entre fábrica e construtora, pois ainda há uma dificuldade nesse relacionamento.
Durante sua apresentação, lem-
brou que as soluções mistas também são importantes para que a pré-fabricação possa avançar no mercado e citou o caso do Varanda Botânico, edifício residencial, com 25 andares, situado em Ribeirão Preto (SP). O projeto contou com uma estrutura mista, formada por pilares–parede em concreto moldado in-loco, vigas perimetrais moldadas in-loco e lajes alveolares. A arquitetura do primeiro ao 13º pavimento era diferente dos demais pavimentos acima, que passavam ter outra configuração.
Segundo Marcos Neto, essa experiência trouxe diversos conhecimentos, como a limitação da máxima contra-flecha das lajes alveolares para manutenção do gabarito de altura do edifício, que exigiu protensão superior, e a necessidade de se ter uma resistência inicial do concreto dos consoles nos pilares-parede para permitir montagem das lajes alveolares. Pelo espaço do canteiro, a grua de 6 toneladas precisou ter uma posição única, sendo que os caminhões faziam a descarga das lajes para montagem direta, pois não era possível ter estoque. Ele trouxe aos participantes do
Encontro um estudo de um edifício comercial, de 14 pavimentos, com painéis e lajes alveolares, sem vigas de borda, atendendo os critérios de desempenho, e com possibilidade de retirar a capa das lajes, beneficiando o ciclo de montagem. Entre os benefícios, citou, por exemplo, o controle tecnológico da fábrica, a não dependência de um concreteira, sem interferências de trânsito, redução do peso da estrutura, diminuição do consumo de concreto, desmaterialização e redução de custo.
A mesa redonda, com participação dos professores Mounir, Eduardo Julio e Paulo Campos, e dos engenheiros Luiz Livi (Abece) e Luís André Tomazoni, diretor Técnico da Abcic, com mediação da engenheira Íria, avaliou os conteúdos trazidos ao longo do evento e enfatizou como a integração entre a cadeia de valor e a academia elevam a competitividade da industrialização da construção em concreto, fomentando o crescimento sustentável.
“O evento foi enriquecedor, com conteúdos relevantes para a engenharia, a pré-fabricação e a academia. É fundamental conhecer nossas preocupações, para fazer esse
encadeamento entre esses atores, a fim de que o sistema se autoprivilegie, avançando nas ações com simplicidade. Quando o projeto nasce junto com a arquitetura, temos outro desenvolvimento, outra concepção e isso é muito assertivo”, avaliou Tomazoni, que acrescentou a importância de achar o equilíbrio entre a padronização e a complexidade de projetos.
Ao longo de dois dias, os participantes puderam perceber que a pré-fabricação compõe projeto, produção, montagem, arquitetura e pesquisa. “Pudemos observar o alto nível das pesquisas realizadas pelas universidades no país, neste evento”, disse Tomazoni.
O 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado teve o oferecimento da Marka Soluções Pré-Fabricadas e do Modern Construction Show e o patrocínio da Cassol Pré-Fabricados e da Leonardi, na categoria fabricantes, e da Arcelor Mittal, Belgo Arames, MC-Bauchemie e
WCH, na categoria fornecedores.
O evento recebeu o apoio institucional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE), Associação Brasileira da Indústria de Materiais da Construção (ABRAMAT), Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), Associação Regional dos Escritórios de Arquitetura de São Paulo (Asbea-SP), Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), International Federation for Structural Concrete ( fib), Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto (NETPre), PUC-Campinas, Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de SP (Sina-
procim/Sinprocim), Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Instituto Trabalho e Vida, e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O professor Eduardo Julio, a engenheira Íria, e o professor Paulo de Fonseca Campos, visitaram o laboratório do NETPre, da UFSCar, sendo recebidos pelo coordenador e professor Marcelo Ferreira, os professores da equipe técnica e os alunos. Depois, eles se dirigiram à EESC-USP, à convite do professor Mounir Khalil El Debs, onde o professor Eduardo Julio ministrou uma palestra na pós-graduação sobre os desenvolvimentos anteriores e tendências na área de concreto pré-moldado. Íria destacou para os alunos as ações realizadas pela Abcic e pela fib. Eles também visitaram o laboratório, juntamente com o professor Ricardo Carrazedo (EESC-USP).
EVENTO FOI REALIZADO NA SEQUÊNCIA DO XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE PONTES E
ESTRUTURAS, OFERECENDO A OPORTUNIDADE DE CONGREGAR EXPERIÊNCIAS E CONHECIMENTOS,
REALIZAR NETWORKING E POR CELEBRAR A ENGENHARIA DE PROJETOS NO BRASIL E NO MUNDO
ORio de Janeiro foi palco de um intenso debate na área de engenharia estrutural, reunindo engenheiros de diversas regiões brasileiras e do exterior, entre os dias 12 e 15 de maio. O CBPE 2025 – XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, mais importante evento técnico do setor no país, aconteceu nos dias 12 e 13 de maio. O evento é uma realização da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) e da Associação
Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE). Nesta edição, contou com a correalização da Abcic.
Na sequência, entre os dias 14 e 16 de maio, o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structures 2025 reuniu engenheiros do Brasil e do exterior para trazer os temas mais relevantes referentes ao projeto conceitual para construções em concreto. Considerado um sucesso pelos mais de 350 participantes, o Simpósio ofereceu um ambiente ideal para congregar experiências e conhecimentos, realizar networking e destacar a importância do projeto estrutural desde a sua concepção. O evento foi organizado pela Abcic, Abece, ABPE e fib – International Federation for Structural Concrete.
O fib Symposium reiterou a importância do projeto conceitual para a construção de obras de infraestrutura e edificações mais eficientes, duráveis e seguras, respeitando os desenhos do projeto arquitetônico. Em uma época em que a digitalização vem crescendo
e a inteligência artificial ganhando cada vez mais espaço, os engenheiros são fundamentais para estabelecer os conceitos do projeto, a fim de que os softwares possam auxiliar na execução desses projetos.
O evento foi aberto pela engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic e presidente da fib, e teve os pronunciamentos de Sergio Hampshire, presidente da ABPE, Ricardo Kerr, presidente da Abece, Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic, e Marcelo Melo, chair do Young Members Group da fib. Para os organizadores, os dois eventos possuem muita sinergia e sua integração se mostrou acertada, possibilitando aos engenheiros participantes conteúdos interessantes e inspiradores que podem ser levados para o dia a dia dos escritórios de projeto.
“Estamos felizes em receber todos para este evento especial, que conta com ex-presidentes honorários, personalidades relevantes que atuaram no Conselho da fib, e importantes engenheiros estrutu-
rais do país. O conceito é o ponto de partida, onde a engenharia deixa de ser o cálculo, passando a ser uma ideia, cultura e solução. No mundo dominado pelos softwares, somos apenas operadores; com conceitos, somos autores. Precisamos de ideais bem conceituados, precisamos nos mover, trabalhando com objetivo”, afirmou Íria Doniak.
Mesmo diante de novos materiais, ferramentas digitais e demandas sociais, na avaliação de Íria, a essência da boa engenharia permanece - clareza estrutural, lógica construtiva, eficiência de recursos e consciência contextual. Por isso, em tempos de incerteza, mais do que nunca, precisamos de ideias bem fundamentadas. Preservar o “conceptual design” não é resistir à mudança, é garantir que a mudança tenha direção, propósito e estrutura”, acrescentou.
Felipe Cassol lembrou uma orientação de seu pai, Murilo Cassol, que dizia que se você não sabe a resposta, é melhor não começar a calcular. “Há 20 anos comecei
minha carreira fazendo estágio com um engenheiro brilhante, e a primeira tarefa que ele me deu foi revisar todos os procedimentos da época. Foi um grande desafio. Depois disso, fui crescendo e, hoje, estamos aqui tendo a oportunidade de conversar sobre esse assunto importante”, contou Cassol, que ressaltou o fato de Íria ser a primeira mulher e cidadã latino-americana a ser presidente da fib. “É uma satisfação e orgulho ver sua carreira. E para os jovens, vocês têm que sonhar alto e acreditar, estudando, trabalhando e se aprofundando nos detalhes, pois é possível sempre avançar”, destacou.
Para Ricardo Kerr, a missão da Abece é valorizar os engenheiros de estruturas. “A integração sempre soma. Ao realizar os dois eventos, com entidades parceiras, valorizamos de uma forma geral os engenheiros estruturais, fortalecendo a profissão e tendo uma massa crítica maior para agregar mais conhecimento e experiência. “Os nomes importantes da engenharia de estrutura estavam
presentes ao longo desta semana”, afirmou.
Na visão de Sergio Hampshire, ter dois eventos com muita sinergia, que reuniram uma quantidade expressiva de profissionais do Brasil e do exterior, com palestras de alto nível técnico, demonstram o sucesso total do Congresso e do Simpósio. “O destaque, sem dúvida, foi a parceria com a fib, que proporcionou uma caráter internacional”, pontuou.
O fib Symposium, em “conceptual design", busca reunir jovens engenheiros e integrar presente e futuro, promovendo integração e debate. Trazendo a experiência dos “seniors” à força dos jovens e traçando as diretrizes futuras da engenharia estrutural, que ao mesmo tempo em que cria soluções, se utiliza de modernas ferramentas digitais. “Na última edição, em Oslo, os três dias foram equivalentes a um ano de aprendizado. É uma oportunidade para aprender com as experiências do mundo todo”, enfatizou Marcelo Melo, que falou sobre o Young Members Group da
fib, cujo objetivo é incentivar os membros jovens a participar de comissões e atividades profissionais, junto com os membros sêniores, que elaboram boletins. “Conhecemos pessoas de todos os lugares, procurando estabelecer parcerias com universidades. Somos, atualmente, 110 membros jovens de 45 países.”
Sobre o evento, Melo ressaltou ser um momento importante para o país, pois “os melhores engenheiros de cada nação estão trazendo o conhecimento para o Brasil, difundindo entre os brasileiros e estrangeiros participantes. Isso coloca o Brasil no centro da engenharia do concreto do mundo”, salientou. O “head” da delegação brasileira na fib, Fernando Stucchi, avaliou que o simpósio é o maior evento internacional realizado no Brasil nessa área, com a presença de inúmeros profissionais do exterior. “Isso vai nos ajudar a evoluir, porque temos sempre o que aprender. Mas, é preciso que nós também respeitemos nossa história e valorizemos os engenheiros que nos
ajudaram a montar o que temos em nosso país, como, por exemplo, nossas normas, que são uma das mais econômicas no mundo, principalmente na questão da laje sem estribo”, explicou.
Entre os participantes do evento, estavam os engenheiros uruguaios Facundo del Castillo e Lucía Favre, do escritório Ingenium, de Montevidéu, que afirmaram estar contentes por participar do Simpósio, que possibilitou conhecer o que vem sendo feito pelo mundo em termos de projetos, fazer conexões com outros profissionais de países distintos e intercambiar opiniões sobre o dia a dia de escritórios de engenharia de projeto. “Foi realmente um ponto de encontro para nosso setor”, disseram.
A programação do Simpósio contou com as palestras magnas (vide box) dos engenheiros Hugo Corres (Espanha), Akio Kasuga (Japão), Aurelio Muttoni (suíça) e David Fernandez-Ordoñez (Espanha, que versaram sobre o projeto conceitual em relação à sustentabilidade, o futuro, a digitalização e as estruturas pré-fabricadas de concreto, respectivamente, enquanto o engenheiro Harald Müller (Alemanha) foi convidado para proferir uma apresentação especial sobre recuperação de fachadas em patrimônios tombados e construções históricas.
Houve ainda a apresentação de obras brasileiras abordadas por uma dupla de engenheiros – sênior e membro mais jovem - dos escritórios de projeto estrutural, com o objetivo de valorizar a integração entre a equipe e dar destaque ao fato de que o evento teve participa-
ção expressiva do Young Members Group (YMG) da fib
Fernando Rebouças Stucchi e Fábio Prado, da EGT Engenharia, trouxeram o caso da estação Santa Marina, na linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, que tem previsão de ser finalizada no final de 2026. Havia duas opções para o projeto: pré-fabricado de concreto e o moldado in loco. “A solução adotada foi a segunda, resultante de um processo de projeto colaborativo com a construtora. Considerando os equipamentos já existentes, as metodologias tradicionais e a expertise comprovada da construtora, esses elementos desempenharam um papel decisivo na escolha final do projeto”, contaram.
A estrutura consiste em quatro níveis: térreo, sala de bilheteira, mezanino e a plataforma onde chega o metrô. Ela está sendo construída no método de escavação de cima para baixo, sendo que as dimensões da vala são de 135 metros de comprimento e 27 metros de largura interna máxima.
Um desafio, segundo Stucchi, foi a alta pressão da água. “Por isso, foi preciso elevar a estação, como se estivesse flutuando”, pontuou. A ideia proposta era que a escavação fosse feita por fases, evitando o uso de tirantes. Isso possibilitou ainda reduzir o deslocamento horizontal das paredes.
Devido às propriedades geológicas, foram utilizadas paredes diafragma, como estacas e pilares. Pela opção do moldado in loco, foi necessária a escavação com uma rampa temporária. O projeto conceitual ainda contemplou lajes maciças de concreto com conexão ancorada por pinos aos pilares e a manutenção do consolo temporário.
Ao comparar o sistema escolhido com o pré-fabricado de concreto, Prado mencionou que no sistema construtivo industrializado há maior controle de qualidade, maior velocidade de construção, menor dependência de mão de obra, maior acurácia em relação às tolerâncias e mais cuidado no transporte dos elementos.
“Temos a liberdade de projetar
como queremos, pensando nas estruturas que tenham boa solução. Para os detalhes podemos usar a digitalização, mas a ideia é o começo e o projeto conceitual é o mais importante”, afirmaram João Luis Casagrande e Marcelo Melo, da Casagrande Engenharia, que mostraram obras na área de saneamento, de mobilidade urbana e de arenas esportivas.
Para o reservatório hídrico em Niterói, com capacidade de 75,000 m³, foi utilizada uma solução com formas cilíndricas circulares interseccionadas, sem colunas e lajes internas, com paredes diafragma com 80 cm de espessura e sistema autoportante. O projeto reduziu em 50% o tempo de escavação e as vigas foram reutilizadas para a cobertura do reservatório. Já o reservatório Marapicu, com 40 metros de diâmetro, conta com laje plana apoiada nas paredes perimetrais e 25 pilares internos, além de mais de 180 estacas raiz, garantindo transferência adequada de carga para a laje.
Em relação ao Estádio Maracanã, Casagrande e Melo comentaram sobre a demolição do telhado e o uso de uma solução híbrida com
pré-fabricado de concreto e aço, que foram montadas concomitantemente. Já o Centro Aquático Olímpico foi construído em uma arquitetura nômade para atender 18 mil pessoas. Atualmente, sua estrutura está sendo reutilizada em escolas, outras áreas e em centro de convenções.
Na área de mobilidade urbana, destaque para a Estação Uruguai (RJ), para a Copa do Mundo de 2014, e a Estação Aricanduva, que está sendo construída na zona leste de São Paulo. O projeto em formato circular, com seis círculos, vai utilizar as paredes diafragma, aproveitando o máximo ao material para compressão. “É uma maneira inteligente de construir auto equi-
librando as juntas”, explicaram os engenheiros.
Os detalhes do projeto conceitual do São Paulo Corporate Towers, duas torres corporativas Triple AAA, construídas em 2015, com 139 metros de altura, foram apresentados por Ricardo Leopoldo e Silva França e Odinir Klein Júnior, da França & Associados Projetos Estruturais.
Primeiro projeto a receber o mais alto grau de sustentabilidade, a edificação conta com um núcleo de concreto, que é fundamental para resistir a cargas horizontais (vento e solo) e verticais. As paredes de cisalhamento acopladas proporcionam grande rigidez e ajudam a evitar deflexões laterais excessivas e vibrações induzidas pelo vento.
Os engenheiros comentaram ainda layout arquitetônico, pilares de perímetro e os ensaios de túnel de vento e o modelo estrutural.
“Por haver uma inclinação nos pilares perimetrais, as forças foram transferidas para o núcleo de concreto. As forças "desequilibradas" concentraram-se no 3º e 7º pavimentos. Assim, definimos um modelo de bielas e tirantes e lajes mais espessas para acomodar a proten-
“CONCEPTUAL
Em outubro de 1996, foi realizado um Simpósio na Universidade de Stuttgart (Alemanha), com coordenação do engenheiro alemão Jörg Schlaich, no qual os anais continham procedimentos para o projeto conceitual das estruturas. A ideia era que os engenheiros criassem e fizessem projetos conceituais para dar continuidade à evolução das ideias em cada projeto. “Fui convidado para participar e redigimos com colegas da Fhecor o que havíamos feito no passado e o que gostaríamos de promover no futuro, aproveitando as ideias e procedimentos que foram criados por outros engenheiros até porque estávamos fazendo análises para projetar uma ponte em Ávila”, contou o engenheiro espanhol Hugo Corres Peiretti, professor da Universidade Politécnica de Madri e fundador da Fhecor Ingenieros Consultores, durante o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025.
Segundo Corres, essa iniciativa foi importante para a engenharia de projetos. Ele contou que a fib decidiu criar um simpósio novo sobre “conceptual design”, cujos objetivos eram ter baixo custo, alto nível, novo formato e com a participação intensa de jovens. A edição inaugural do International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural foi realizada entre os dias 26 e 28 de setembro, em Madri (Espanha). Na sequência, vieram o da Suíça, que foi online, em 2021, e em Oslo (Noruega), em 2023, e no Rio de Janeiro, neste ano. “A fib está fazendo muitas coisas e precisamos cada vez mais integrar os jovens que são o futuro. Integrar conhecimentos e experiências a fim de fortalecer as futuras gerações de profissionais na engenharia estrutural.”
Em relação ao Código Modelo (Model Code) da fib, explicou que, em 2010, houve a inclusão do “Conceptual Design” no primeiro capítulo. “É preciso ter as ideias para resolver os problemas e depois usar as ferramentas para executar, ou seja, criar soluções através de ideias integradas com
os conceitos de arquitetura, desempenho e o local da obra. Assim, resumimos em três páginas o conceito, já ligado à sustentabilidade”, detalhou. No Código Modelo, em 2020, novamente há três páginas sobre o projeto conceitual, analisando e introduzindo a sustentabilidade nos seus pilares –ambiental, social e econômico. “Não é possível trazer apenas aspectos ambientais ao projeto, é preciso que seja viável e atender também às demandas da sociedade”.
“Melhorar a qualidade de vida das pessoas, ajudar a aprimorar os processos construtivos e reduzir o desperdício de material. Nossas estruturas precisam ser inteligentes para podermos introduzir esses aspectos em nossas atividades. Se muitas relações entre os diferentes aspectos dos três pilares da sustentabilidade, precisamos progredir para contribuir com o mundo. Começamos a nos preocupar há não muito tempo, por isso há muito trabalho a ser feito para definir as nossas estruturas nesse parâmetro”, destacou Corres.
Os engenheiros Leonardo Todisco e Borja Regulez, da Universidade Politécnica de Madrid, ministraram a palestra juntamente com Corres. Regulez comentou a análise do nível de proteção da protensão sob a perspectiva da sustentabilidade, a partir da construção do viaduto Molvizar, na Espanha, feito com aduelas e grautes. “Fizemos um estudo para compreender a eficiência e a ductilidade e quais seriam os impactos nas questões ambientais e de durabilidade”, explanou. Alguns resultados alcançados: colocar menos material protendido pode elevar a ductilidade; ao diminuir a protensão, aumentando o limite útil, pode-se ter diferentes níveis de esbeltez.
“Quais os indicadores que são importantes e quais são os que mais afetam a tomada de decisão no que tange à sustentabilidade? Isso precisa ser visto, ou seja, colocar pesos nos indicadores para se ter uma quantificação precisa de acordo com cada contexto. Os gráficos ajudam a de-
Hugo Corres: “É preciso ter as ideias para resolver os problemas e depois usar as ferramentas para executar, ou seja, criar soluções através de ideias integradas com os conceitos de arquitetura, desempenho e o local da obra.”
cidir quais as soluções são mais viáveis e adequadas para cada projeto”, ponderou Regulez.
Já Todisco mostrou dois exemplos que envolvem diferentes materiais, que oferecem vantagens competitivas em relação às soluções convencionais. A primeira foi o uso de High-Performance Fiber-Reinforced Concrete (HPFRC) com pós-tensão para construção de pontes rodoviárias, que se mostrou viável, em comparação a duas obras construídas, as pontes de Molvizar e Engaño, com redução de 30% das emissões de CO2, queda de 67% da armadura passiva, menos 53% de consumo de cimento e menos 14% no custo do material. “Vale a pena mencionar que sempre deve ser considerada a vida útil da obra. Mas, como as pontes têm vida útil longa, devido ao desempenho, os ganhos são ainda maiores”, disse. A outra solução foi de alvenaria estrutural com pós-tensão. “Precisamos desenvolver muitas ferramentas e ter novas ideias para minimizar o impacto das nossas construções. Precisamos ser criativos, ter muito conhecimento, boa pesquisa e transferir os resultados dessas pesquisas para nosso dia a dia, o que é uma tarefa bem difícil. Mas, precisamos estar cientes de que o que sabemos é muito pouco, assim, devemos trabalhar muito e aprender cada vez mais com a história de nossa engenharia”, finalizou Corres.
são do aço e das barras Dywidag”.
A sequência construtiva adotou o ciclo típico de três andares.
O engenheiro Rafael Timerman, da Engeti Consultoria e Engenharia, apresentou o projeto conceitual do Museu do Amanhã (RJ), uma estrutura alongada com 340 metros de comprimento e 20 metros de altura. Um desafio foi desenhar a edificação, uma vez que o projeto arquitetônico não possibilitava a separação da estrutura, composta por laje de relevo, dolfins e fundação com estacas.
A estrutura do concreto, segundo Timerman, foi outro desafio, pois foi necessário desenvolver o modelo e fazer seu dimensionamento. A edificação em concreto – armado e protendido – com largura de 42 metros e comprimento de 195 metros, abrangendo área construída de aproximadamente 14.500,00 m², composto por espelho d'água; subsolo; primeiro pavimento; mezanino; segundo pavimento; galeria técnica; e interface com a cobertura (dispositivos de apoio). “Cada área tinha cargas di-
ferentes, com cargas mais baixas na área de exposição”, comentou. Ao longo do projeto, houve mais de 35 disciplinas, com trabalho de 24 horas em 85% da construção, e 1.300 funcionários no pico da obra. Foram aplicados 22.000 m³ de concreto, 65.000 m² de fôrmas e 1.200 estacas (fundação).
O engenheiro Francisco Graziano, da Pasqua & Graziano Associados, avaliou o projeto conceitual. “Trata-se de visualizar a solução estrutural completa, considerando todas as restrições e oportunidades. É um processo colaborativo onde a experiência encontra novas perspectivas, garantindo a criação de projetos eficientes e construtíveis, ponderou. A seu ver, o uso adequado da tecnologia pode ampliar o conhecimento para o engenheiro interpretar e criticar os resultados. “Embora essas ferramentas possam ser muito úteis, é crucial enfatizar que elas não devem substituir o conhecimento básico”, esclareceu.
Junto com o engenheiro Danilo Mota, Graziano trouxe detalhes da Gleba A e Gleba B do Parque da Ci-
dade. A Gleba A, composta por um shopping center, estacionamento, edifício corporativo e hotel, tem uma área aproximada de 190 mil m². O sistema estrutural é em concreto moldado in loco, pilares, vigas e lajes protendidas. “As forças horizontais de 27.000 toneladas resultantes da parede de contenção do solo, utilizando uma parede diafragma sem amarrações permanentes, nos obrigaram a considerar uma estrutura de concreto robusta, com elementos rígidos capazes de absorver os momentos fletores e as forças de cisalhamento”, descreveram.
Já a Gleba B, composta por três edifícios de 23. 20 e 17 andares, com área de 290 mil m2, teve com desafio o prazo de execução de 26 meses para obtenção da licença de uso e consequente desenvolvimento do projeto em paralelo ao andamento da fase de construção. O projeto contou com um núcleo extra formado por vigas pré-moldadas, lajes alveolares e pilares moldados no local e um core, com paredes moldadas no local, vigas pré-moldadas e lajes pré-moldadas.
A obra exigiu um estudo das armaduras de choque entre pilares e vigas pré-moldadas, assim como a fabricação de um protótipo da viga pré-moldada, sem escoramento e apoiada em pilares sem consolos, para simular e avaliar os desafios inerentes ao processo de montagem.
A programação do Simpósio contou ainda com oito sessões técnicas, que apresentaram cerca de 45 trabalhos, que reforçaram a importância das pesquisas desenvolvidas pela academia, pelos escritórios de projetos e por empresas para a evolução técnica contínua
Em 1908, o matemático, físico e filósofo da ciência francês Jules Henri Poincaré publicou o livro Ciência e Método, que mostra que a inovação é insight e seleção, sendo um processo de criar as combinações mais úteis, eliminando combinações inúteis. “Os elementos de diferentes áreas, as informações de campos diferentes são importantes para criar a inovação”, explicou o engenheiro japonês Akio Kasuga, membro executivo da Sumitomo Mitsui Construction, durante o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025.
No caso do projeto estrutural, vários itens precisam ser considerados e, como dizia o engenheiro francês Jacques Mathivat, “o projeto deveria pensar em como construir”. Nesse contexto, Kasuga apresentou projetos de pontes em arco, em 1930 e 1956. Para ele, cada projeto trouxe uma forma inteligente de construir, adicionando uma nova experiência à forma tradicional.
Na construção em balanço de pontes, o momento fletor é importante. Por isso, ele questionou se existe um método para cabos de sustentação durante a construção em balanço que possa trazer o momento fletor o mais próximo possível daquele durante o rebaixamento. E a resposta trazida foi que se deve tensionar os cabos de sustentação da mesma forma que quando o rebaixamento é concluído para reduzir o momento fletor no arco.
Em sua apresentação, trouxe ainda outros cases, com soluções inovadoras, que adicionam experiências para o projeto de pontoes em arcos, como por exemplo,
construção com arco e faixa de stress e construção com meio arco, que são difíceis de serem construídos, no qual foi aplicado o escoramento provisório e as forças axiais são distribuídas através do arco (55%) e da viga (45%).
Kasuga também comentou sobre a ideia do engenheiro francês Michel Virlogeux, que diz que o projeto deve pensar no “fluxo de forças”, afirmando que o fluxo de forças e construtibilidade são essenciais para estruturas sustentadas por cabos, que o ponto de sustentação dos cabos deve estar localizado próximo às almas, o mais próximo possível, e que a rigidez transversal é essencial para uma seção transversal ampla. O exemplo foi uma obra de ponte no Japão, cujo desafio era garantir leveza e rigidez transversal para uma ponte extradorsal de 33 metros de largura, em um único plano, que aplicou estrutura pré-fabricada de concreto sem suporte na construção do vão lateral.
Outros exemplos trazidos por ele englobavam os conceitos de Mathivat e Virlogeux, como projetos de estruturas autoancoradas, que não são fáceis de serem construídas, de pontes de vão único sobre vales e de conversões estruturais. “Nossas experiências podem aumentar a competitividade das pontes de concreto com vãos de 50 e 60 metros, sendo um exemplo o uso de “butterfly web", no qual fui adicionado às experiências para alcançar a fase final, com aplicação de concreto reforçado com fibra.
Em sua apresentação, Kasuga falou sobre inovação, novos processos e a intui-
do projeto conceitual. As sessões tiveram coordenação da engenheira e professora Ana Elisabete Jacintho, da PUC-Campinas, com apoio do engenheiro Marcelo Melo (coordenador do YMG fib, UFRJ e Casagrande Engenharia), e da engenheira Lígia Doniak (membro YMG fib, Mackenzie e
Akio Kasuga: “O que muda o projeto conceitual continua a ser o cérebro humano, que hoje precisa pensar em neutralidade de carbono e biodiversidade.”
ção, trazendo alguns conceitos publicados em livros, como por exemplo, que a inovação é ativada quando a mente está em repouso, com base nas memórias que estão no cérebro. Tanto a IA quanto os humanos não podem criar coisas do zero. Mas, a IA não tem habilidade de conectar coisas para criar novos valores. Entretanto, pode ser uma ferramenta útil para aprimorar a criatividade humana. Sobre o futuro do projeto conceitual, o engenheiro japonês comentou sobre o uso de tecnologias digitais para contribuir com os detalhes do projeto, cálculos, análises e verificações. “Mas, o que muda o projeto conceitual continua a ser o cérebro humano, que hoje precisa pensar em neutralidade de carbono e biodiversidade. Nesse sentido, o pré-fabricado de concreto pode contribuir tanto do ponto de vista ambiental como na questão da escassez de mão de obra”, concluiu.
EGT Engenharia), que também integraram os comitês organizador e técnico e coordenaram as sessões plenárias. As sessões englobaram as áreas de infraestrutura, pré-fabricado de concreto, edificações e estruturas existentes.
“Elas foram muito bem planejadas para que pudessem agrupar conteúdos similares, trazendo uma sinergia entre os trabalhos apresentados. O público mostrou grande interesse ao fazer perguntas aos palestrantes e identificamos que as discussões se estenderam aos intervalos. Foi um grande sucesso”, afirmou Ana Elisabete, que acrescentou que o Simpósio foi uma oportunidade ímpar de descobrir como é o pensamento do projeto estrutural no mundo intei-
ro e quais as soluções encontradas para desafios que não são do dia a dia.
O engenheiro húngaro György L. Balázs, professor da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste e presidente honorário da fib, foi responsável por uma das sessões técnicas e apresentou um trabalho sobre um novo material de reforço para produção automatizada de concreto armado. “Esse evento é fundamental para o futuro das estruturas de concreto, pois através das experiências auxilia no entendimento do comportamento da estrutura e na resolução de problemas técnicos, na seleção de materiais para redefinir formas, dando novas possibilidades para construção”, afirmou. Para ele, a combinação de professores e profissionais é fundamental para encontrar soluções.
O professor Paulo Helene, da Universidade de São Paulo (USP), junto com seu aluno, Rafael Silva, participou também de uma sessão técnica, mostrando um método alternativo para calcular a resistência à compressão do concreto, que utiliza modelos dependentes do tempo para desenvolvimento e redução de resistência, a fim de determinar uma variável fcd . A abordagem resultou em uma faixa mais ampla de valores de fcd. “Em nossa avaliação, isso oferece uma análise mais precisa e potencialmente mais econômica e sustentável, sem comprometer a segurança.”
O professor Mounir Khalil El Debs, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), tratou do trabalho sobre conexão viga-pilar
Aurelio Muttoni: “Minha experiência pessoal demonstra que a parte criativa costuma ser a mais gratificante e a que tem maior impacto na qualidade final da estrutura.”
As ferramentas digitais estão em todos os lugares e a Inteligência Artificial vai mudar as vidas das pessoas. “Não necessariamente para o melhor, se pensarmos sobre o ponto de vista ético e democrático de todos aqueles envolvidos na liderança desse processo”, ponderou o engenheiro Aurelio Muttoni, professor Emérito da Escola Federal Politécnica da Universidade de Lausanne, em sua palestra no International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025. “Acredito que esse tipo de evento é uma boa oportunidade para se ter um fundamento do que devemos fazer em relação a isso”, acrescentou.
Para sua dissertação de mestrado, Muttoni precisou fazer um projeto de uma ponte de forma manual, pois não era permitido o uso de computador. Foram seis
semanas de muito trabalho, sendo duas semanas dedicadas ao projeto conceitual. Ele criou três soluções e todos os cálculos foram manuais, com uso apenas de uma régua de cálculo e calculadora. “Foi um trabalho detalhado, mas foi um pouco complicado remontar 100 anos de cálculos estruturais à mão.”, enfatizou.
As ferramentas digitais, na avaliação de Muttoni, contribuem para diminuir as horas desse tipo de trabalho. “À época, precisei dimensionar, detalhar e combinar desenhos, utilizando nanquim, assim como as perspectivas e as dimensões eram avaliadas do ponto de vista visual”, contou. “Porém, atualmente, seria muito difícil trabalhar dessa maneira.”
Após contar essa história, Muttoni apresentou o projeto de um shopping center na Suíça, em formato de uma concha, sem nenhum suporte intermediário nem contato com a estrutura, agindo como fachada e telhado. “O projeto conceitual foi bem simples, pois tínhamos que escolher o material e concluímos que seria o concreto. Então, disse brincando, 10 a 12 cm de espessura, porque já tinha em mente obras feitas por alemães, com estruturas externas em concreto bem delgadas”, comentou.
Para a concha de concreto, com dimensões de 92,8 metros de comprimento e 51,8 metros de largura, foi utilizado cálculo por elementos finitos, sendo necessário vencer diversos desafios como flambagem, momentos fletores significativos, forças de cisalhamento e forças internas. Muttoni explicou que as forças internas dependiam da modelagem da estrutura, dos tamanhos dos elementos, mas os resultados estavam divergentes. Então, após semanas, veio a ideia de que uma esfera pode ser calculada manualmente. “Fizemos a modelagem, mudando as dimensões e comparando com a solução analítica, e quando obtivemos os mesmos resultados, voltamos para a forma elíptica. Por isso, não confiem 100% no computador”, disse, acrescentando
que sempre é preciso entender como a estrutura funciona para se aprender mais, pois se não há entendimento, não há bons projetos. “É uma lição importante”, pontuou.
Um trabalho significativo feito pelo escritório foi ter o isolamento térmico, pois a concha reduz a variação térmica. Para isso, foi preciso modificar o projeto arquitetônico, que previa uma abertura, o que mudaria o comportamento da estrutura. Esse projeto mostrou que a interpretação dos resultados de uma análise computacional está se tornando cada vez mais um grande desafio; é essencial fazer uma comparação com um cálculo simplificado (manual), e os detalhes construtivos e a validação experimental podem ser importantes para detalhes incomuns.
Durante sua apresentação, Muttoni trouxe ainda um caso de colapso por incertezas ou erros no cálculo das forças internas em obras na Suíça e na Itália e a importância de se entender o funcionamento de uma estrutura, pois todo cálculo é importante para aprender. Também falou sobre o projeto para a Fundação Jan Michalski, voltada para autores, cuja ideia arquitetônica era ter pequenas casas sob uma cobertura única, feita em lajes planas nervuradas. O escritório participou com sua criatividade colaborando com a arquitetura. “Um engenheiro civil pode contribuir para melhorar a arquitetura”, avaliou.
De acordo com Muttoni, os engenheiros precisam estar sempre abertos para evoluir, incluindo o uso de novas ferramentas, mas que a contribuição intelectual esteja sempre à frente de todo o processo. “Minha experiência pessoal demonstra que a parte criativa costuma ser a mais gratificante e a que tem maior impacto na qualidade final da estrutura, apesar de exigir relativamente pouco tempo. As ferramentas digitais devem ser utilizadas principalmente para simplificar atividades tediosas e menos motivadoras”, finalizou
Engenheiro italiano Marco di Prisco, professor da Universidade Politécnica de Milão, é o presidente da próxima edição do International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural
para estruturas de concreto pré-moldado com componentes de concreto de alto desempenho. Em geral, as conexões são importantes para o projeto com pré-moldado de concreto. “Em edifícios de múltiplos pavimentos, as conexões viga-pilar possuem papel fundamental para o comportamento da estrutura e também pelo número e repetições”, comentou. A proposta apresentada baseia-se na utilização de componentes pré-fabricados de concreto de alto desempenho
para a fabricação de consolos e vigas com extremidades aparadas, que mostrou como vantagem a possibilidade de os pilares serem executados com fôrmas metálicas sem recortes, o que permite o posicionamento dos consolos em qualquer posição, e a possibilidade de ocultação da ligação.
Já Ligia Doniak trouxe o caso de Lundo Bridge, em Luanda (Angola), com 661,4 metros de comprimento, cuja estrutura, que está em construção, é composta por três segmentos: vigas longarinas
pré-fabricadas, uma seção central estaiada com seção transversal tricelular e dois acessos curvos constituídos por vigas caixão. “O projeto da ponte inclui vigas pré-moldadas pós-tensionadas devido a limitações na fabricação em campo.
Para melhorar a eficiência estrutural, o pilar é inclinado 20° em direção ao vão menor, criando momentos de base significativos”,
contou. Em Luanda não há um arcabouço normativo representativo, por isso os engenheiros utilizaram as normas europeias (Eurocode). Os participantes do Simpósio também puderam conhecer, através de visitas técnicas, o Maracanã, Parque Olímpico e Serra das Araras. O evento foi encerrado pelo engenheiro italiano Marco di Prisco, professor da Universidade Politécnica de Milão, que será o
presidente da próxima edição do International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural, a ser realizada entre os dias 1 e 3 de setembro de 2027, no Lecco Campus, da Escola Politécnica de Milão, na Itália. Em sua avaliação, o evento no Rio atraiu importantes engenheiros projetistas do mundo e teve uma grande ideia, ao colocar, lado a lado, os membros jovens e sê-
niores para apresentar os cases, mostrando o papel de cada um na elaboração dos projetos. Outro sucesso foi a seleção dos “keynote speakers”. “As sessões técnicas foram igualmente um acerto, apenas que, ao usar salas diferentes, não foi possível acompanhar todos os conteúdos.
Sobre o que esperar da 5ª edição do Simpósio da fib, di Prisco contou para a Revista Industrializar
em Concreto que espera manter o alto nível apresentado no evento do Rio de Janeiro. “Vamos unir a experiência de engenheiros projetistas de estruturas que atuam há mais tempo no mercado, com novos engenheiros, da mesma maneira, porém, buscando novas ideias junto ao YMG para enriquecer a próxima edição”, adiantou.
A Escola Politécnica de Milão é uma das mais consagradas da Eu-
ropa e possui a capacidade para receber a quantidade de profissionais que normalmente participam dos eventos da fib. O Lecco Campus possui uma estrutura moderna, construída em 2014, no local onde antes era um hospital. A escolha pelo mês de setembro é devido ao clima ameno naquele continente.
A pré-fabricação de concreto possui diversas vantagens competitivas, como durabilidade, estabilidade e segurança estrutural, menor manutenção, viabilidade, previsibilidade e custos, sustentável ambientalmente, adaptável aos projetos arquitetônicos e possibilidade de atender às demandas da sociedade moderna. “A indústria concentra-se em eficiência, desempenho técnico, segurança e melhores condições de trabalho e enfatiza a sustentabilidade nas práticas de construção”, destacou o engenheiro espanhol David Fernandez-Ordoñez, secretário-geral da fib, durante o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025.
Em relação à fib, Ordoñez afirmou que há muitos documentos sendo produzidos pela Comissão 6 de Pré-Fabricados, como o boletim 101 Concreto Pré-Moldado em Edifícios Altos, que foi recentemente traduzido para o português, pela Abcic, tendo a participação de mais de 100 brasileiros nas comissões da entidade, e especificamente na C6 e nos grupos de trabalho da C6, os engenheiros Mounir Khalil El Debs, Marcelo Ferreira, Marcelo Waimberg, Marcelo Cuadrado e Íria Doniak.
“A pré-fabricação de concreto permite ser usada de formas diferentes: híbrida ou total, e pode aplicar materiais de diferentes maneiras. Mas, depende de conhecimento e, principalmente, cultura local. Em alguns países, é possível transportar elementos de 180 toneladas (Espanha), por exemplo. Vai depender das fábricas, pois o sistema construtivo permite fazer muita coisa diferente. No norte da Europa, há o uso de pilares e painéis pré-moldados para construção de edifícios altos. A capacidade de protensão é definida no projeto e, ao conhecer as fábricas, é possível utilizar esse conteúdo para fazer projetos bons”, analisou o secretário-geral da fib.
Para obter o melhor projeto, segundo Ordoñez, é fundamental que os projetistas planejem uma estrutura pré-moldada desde o início, em vez de adaptar o pro-
jeto. “Normalmente, ao projetar estruturas pré-moldadas, os projetistas utilizam os maiores elementos disponíveis para produção, transporte e montagem, a fim de minimizar o número de conexões no local”, explicou o engenheiro, que acrescentou que é importante observar o que tem sido feito por outros profissionais, porque trazem novas ideias, que podem traduzir a realidade de um novo projeto. E isso vale tanto no meio local como em âmbito internacional.
Um aspecto que tem sido trabalhado pela indústria é extrair o máximo de cada material, empurrando seu desenvolvimento ao limite, pois é preciso fazer elementos mais esbeltos, assim os materiais precisam ter mais resistência e alta qualidade, com tolerância próxima a zero. “Por isso, o avanço se dá também no projeto, pois estamos falando de estabilidade lateral. Então, precisamos levar todas as fases em consideração, como produção, transporte e montagem, além dos materiais”, ponderou Ordoñez, que também ressaltou a complexidade das estruturas e sua capacidade de evoluir, pois tudo precisa ser sempre calculado, pensando no comportamento em todas as etapas. “Precisamos entender a evolução da estrutura, não como um elemento de concreto, mas de forma global, conectada, porque o elemento muda estruturalmente de estático para continuo.”
Essa evolução pode ser vista pelas construções durante o pós-guerra, mais padronizadas, pela flexibilidade alcançada pelo sistema construtivo, permitindo variações diferentes. Dois exemplos trazidos por Ordoñez foram o Bella Sky, na Dinamarca, e o Galaxy North Tower, na Bélgica. “A pré-fabricação é de ciclo aberto e vemos a necessidade de se otimizar a construção, mas industrializando de forma individual em diversas situações”, disse. A pré-fabricação permite misturar materiais e sistemas construtivos, mas é importante respeitar a cultura local. Na Espanha, por exemplo, não há paredes portantes, mas
David Fernandez-Ordoñez: “A pré-fabricação é de ciclo aberto e vemos a necessidade de se otimizar a construção, mas industrializando de forma individual em diversas situações.”
na Finlândia, há. “Para mim, o importante é que se há outras pessoas fazendo isso, por que não posso tentar?”, argumentou. Ao longo de sua apresentação, o secretário-geral da fib trouxe vários conceitos sobre o projeto com o pré-fabricado de concreto, incluindo a construção de edifícios altos, obras de infraestrutura e pisos, além de tendências, como a ampliação do uso do BIM, uso de maior automação e robôs na indústria, novos equipamentos e materiais. Falou também da importância da sustentabilidade e da resiliência. “Estamos concluindo o segundo documento sobre a avaliação da sustentabilidade em edifícios. Precisamos pensar nesse assunto e levá-lo a sério e em consideração na hora de projetar e construir, escolhendo os critérios de forma transparente nas decisões sobre o sistema construtivo”, reforçou.
As estruturas de concreto pré-moldado oferecem uma solução altamente eficiente e adaptável para a construção moderna, aproveitando processos industriais para alcançar precisão e inovação em projeto e execução. “Temos que pensar em toda a cadeia de valor do começo ao fim e adaptar as possibilidades locais e de materiais. Vocês, os projetistas de estruturas, são aqueles que podem fazê-lo”, finalizou Ordõnez.
As construções e monumentos tombados sofrem com a ação do tempo, como qualquer outra edificação, exigindo reparos para sua manutenção. Entretanto, por sua importância do ponto de vista histórico e arquitetônico, é possível utilizar o método não agressivo para fazer sua restauração. “As superfícies de concreto sofrem com intemperismo, que pode afetar a segurança das estruturas, o que exige uma intervenção técnica adequada. Mas, quando se trata da fachada, ao utilizar o método tradicional, podemos usar materiais que modificam as características originais daquela construção. Por isso, precisamos mudar o método de reparo, pois temos muito conhecimento técnico e diretrizes para preservar o monumento”, afirmou o engenheiro alemão, Harald Muller, professor Emérito do Instituto de Tecnologia Karlsruhe (KIT), durante o International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structural 2025.
Quando se trata do conceito de reparo não agressivo, a investigação sobre a estrutura é necessária para eliminar danos, atingir sua reabilitação e durabilidade, preservando suas características arquitetônicas. “Se há um bom projeto conceitual, é possível reparar sem comprometer a aparência original”, enfatizou Muller, que comentou que esse método possui características como minimizar as intervenções, fazer uma investigação preliminar in loco e em laboratório, ensaiar outras partes da edificação para compreender o processo de deterioração, fabricar o concreto para o reparo e implementá-lo com cautela, garantido sua qualidade e manutenção.
De acordo com Muller, o reparo não agressivo possui diretrizes tecnológicas – propriedades de resistência, de deformação, físicas, durabilidade e trabalhabilidade – e visuais – cor, brilho, trabalhabilidade mecânica, comportamento em relação ao clima e ao tempo. “Por isso, nas investigações preliminares, fazemos uma análise detalhada para compreender o tipo, as causas e a extensão dos
danos, igualmente, para as partes não danificadas. Fazemos esboços, tiramos fotos para ter visão geral do edifício, analisamos as resistências à compressão, ao módulo de elasticidade e outros parâmetros da estrutura, a cor dos agregados, proporção de mistura do concreto”, exemplificou.
Para o desenvolvimento do concreto a ser utilizado no reparo, as propriedades mecânicas e a cor dos agregados têm um papel importante e, se necessário, fazer uma seleção mais apurada da cor pelo tipo de cimento e pelo pigmento cromático. É importante também que as características de deformação tanto do concreto antigo como do novo sejam compatíveis e que seja alcançada uma distribuição uniforme das tensões nas seções transversais para que não haja problemas de aderência.
Outro cuidado é buscar certas propriedades, como a baixa retração do concreto de reparo, coeficientes de expansão térmica iguais para o concreto original e o de reparo e módulo de elasticidade igual para o concreto original e o de reparo, considerando também a fluência/ relaxação do concreto de reparo. “Precisamos projetar a resistência com muita atenção, pois é fundamental para a aderência entre os dois concretos”, reforçou Muller, que acrescentou a necessidade de fazer muitos testes para encontrar a pigmentação compatível com a da estrutura a ser reparada.
Ainda é preciso fazer muitos testes em relação ao concreto de reparo, incluindo parâmetros como densidade aparente, resistências à compressão e à tração, módulo de elasticidade, comportamento hídrico, ataque por congelamento e degelo, tensões por choque térmico, retração livre e por restrição, entre outros. “A limpeza é outro ponto importante, sendo que a escovação e o uso de água não pressurizada são as melhores soluções. Precisamos ter cuidado porque qualquer coisa vai remover as camadas protetoras
Harald Muller: "A cooperação entre o cliente, arquiteto, engenheiro e empreiteira é fundamental para o sucesso da reabilitação."
do concreto, acelerando o envelhecimento. Assim, a limpeza precisa ser feita de forma cautelosa”, contou Muller.
Outro ponto tratado foi a tomada de decisão, pois há situações em que o monumento parece ter um dano, mas não tem, e vice-versa. “A construção deve ser preservada, por isso é bom consultar arquitetos e profissionais que conhecem a história da edificação. A decisão tomada no local é muito importante para que o trabalho de reparo possa ser realizado, com um concreto que siga a mesma linha do monumento”, explicou Muller, que lembrou que o reparo não agressivo está em conformidade com os requisitos normativos europeus.
Ele destacou, por fim, que o reparo não agressivo garante alta qualidade e durabilidade, é mais sustentável e apresenta um custo-benefício efetivo. Mas, há limites para a aplicação, quando: a estabilidade estrutural e aspectos de segurança exigem uma reposição total da estrutura; a durabilidade não pode ser atingida; há excesso de áreas de danos; a avaliação da durabilidade indica desenvolvimento de dano muito rápido. “A base técnica e científica do reparo não agressivo está disponível, com ferramentas para auxiliar esse processo, como predição de vida útil, combinações de cálculo de umidade, ensaios de umidade, aplicando o cálculo de elementos finitos. A cooperação entre o cliente, arquiteto, engenheiro e empreiteira é fundamental para o sucesso da reabilitação”, concluiu.
edição promovendo relacionamento e conteúdo qualificado ao setor
ASSOCIADOS E CONVIDADOS PRESTIGIARAM O EVENTO, QUE ABORDOU TRÊS TEMAS: SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS E EFICIENTES EM AÇO, OS DIFERENCIAIS DOS PAINÉIS ARQUITETÔNICOS DE FECHAMENTO E AS NOVIDADES SOBRE O CONCRETE SHOW 2025, QUE ESTÁ MARCADO ENTRE OS DIAS 19 E 21 DE AGOSTO, NO SÃO PAULO EXPO
OAbcic Networking chegou à sua 19ª edição, reiterando sua importante função de reunir associados e convidados para uma experiência que fortalece o relacionamento entre a cadeia de valor do pré-fabricado e que promove conhecimento técnico qualificado
para a evolução do setor no país. O encontro, realizado no dia 24 de abril, contou com apresentações relacionadas às soluções inovadoras em aço e às particularidades do painel arquitetônico de fechamento, além de uma palestra com informações sobre o Concrete Show 2025, marcado entre os dias 19 e 21
de agosto, no São Paulo Expo.
O evento foi aberto pela engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, que comentou sobre a agenda de eventos da entidade, com destaque para o eventos do primeiro semestre, como International fib Symposium on Conceptual Design of Concrete Structures
Íria Doniak (Abcic) abre o XIX Abcic Networking que reuniu associados e convidados para oferecer conhecimento e relacionamento
2025, promovido entre os dias 14 e 16 de maio, no Rio de Janeiro, após a realização do XVI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, nos dias 12 e 13 de maio, e o 4º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção (PPP) em Concreto Pré-Moldado, nos dias 4 e 5 de junho, em Brodowski, interior de São Paulo.
Outro ponto tratado por Íria foi a edição 34 da Revista Industrializar em Concreto, que publicou uma matéria sobre a Abcic ter iniciado o processo de implementação das Declarações Ambientais de Produto (DAPs) do setor, com a contratação de Anne Elize Puppi Stanislawczuk, como consultora técnica dessa iniciativa, e da consultoria espanhola Abaleo, que respondeu pelo desenvolvimento das DAPs na Espanha, no âmbito da Andece (Asociación Nacional de la Industria del Prefabricado de Hormigón).
“Nós temos um sistema construtivo que atende diversos aspectos relacionados ao menor impacto ambiental, mas precisamos ter as DAPs do setor, por família de produto, para fazer o benchmarking”, afirmou Íria, que acrescentou a importância de se ter uma visão holística da sustentabilidade, contemplando também os aspectos sociais e de viabilidade. “Gosto da versão dos 3 pilares: o profit, people e planet, ou seja, uma dimensão muito maior, pois todas atividades econômicas, incluindo nosso setor, impactam o meio ambiente, as pessoas e os resultados. É um erro tratar a sustentabilidade sem esta visão holística contemplando apenas um destes pilares”.
O tema estará em destaque no Seminário da Abcic, durante o Concrete Show, com a palestra de José
Luis Canga Cabañes, diretor técnico da Abaleo. Ainda nesse assunto, Anne Puppi tem acompanhado as discussões sobre desenvolvimento de políticas públicas e taxonomia sustentável como representante da Abcic.
“Evoluímos bastante em relação ao tema de Edifícios Altos, com todas as ações promovidas no ano passado. Agora, nosso foco está na sustentabilidade, que é outro pilar de nosso Planejamento Estratégico”, explicou Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico, que fez uma reflexão sobre o primeiro mandato e sua reeleição. “Temos buscado revitalizar e criar uma visão de futuro para os próximos e longos anos da Abcic e de nosso setor”, ponderou.
Cassol comentou a militância feita pela Abcic em prol da industrialização e como, atualmente, o tema é visto como imprescindível para a construção civil brasileira. “A Abcic tem esse papel de ajudar a construir um ambiente de negócios mais favorável e seguro, fomentando oportunidades empresariais para que toda cadeia de valor possa desfrutar desse momento depois de décadas de luta para alcançar esse momento”, celebrou.
A ida à bauma, por meio da Missão Empresarial da Sobratema, foi outro aspecto tratado por Cassol, que ressaltou o grupo formado por 23 empresários, que puderam conhecer as novidades e tecnologias apresentadas no evento, além das visitas feitas em indústrias. “A bauma mostrou quais são as tendências para os próximos anos, por isso convido a todos a participarem da próxima edição, por meio da Missão Técnica da Abcic”, disse.
Felipe Cassol: “Temos buscado revitalizar e criar uma visão de futuro para os próximos e longos anos da Abcic e de nosso setor.”
A primeira apresentação foi proferida por Hermano Pinto, diretor da Informa Markets, organizadora do Concrete Show. “Esta edição terá três pavilhões e será novamente o ponto de encontro do setor, reforçando seu papel como parceiro estratégico na promoção de marcas, lançamento de produtos e geração de leads, com soluções para todos os tipos de negócio”, contou.
O macrotema deste ano é inovação e tecnologia em concreto no desenvolvimento da infraestrutura brasileira. “Precisamos desenvolver a infraestrutura nacional para reduzir o Custo Brasil, e a melhor forma para isso é empreender no país. É importante ter uma estrutura competitiva, discutir sobre mobilidade, conectividade, interação entre os entes da cadeia, inovações tecnológicas no setor e descarbonização”, explicou.
O evento contará com a Arena 120 Ideias, palco de apresentações gratuitas sobre diversos temas do setor, o Mega Demo Paredes de Concreto, e a Praça da Alvenaria Industrializada e Pavimento Intertravados. Com
o tema "Concreto: versatilidade e sustentabilidade moldando o futuro", o Congresso do Concrete Show oferecerá conteúdos de qualidade, palestras exclusivas, networking com convidados nacionais e internacionais e troca de experiências. Segundo o diretor da Informa Markets, o pré-fabricado de concreto será um dos assuntos em destaque entre os conteúdos debatidos ao longo dos três dias de evento.
Em 2024, o Concrete Show recebeu mais de 23 mil visitantes, que conheceram novidades de 400 marcas expositoras, em 32 mil m² de exposição. Foram 91 palestrantes, que promoveram conhecimento em três palcos distintos, totalizando 60 horas de conteúdo. Para este ano, a expectativa é reunir mais de 450 marcas nacionais e internacionais.
De acordo com Hermano Pinto, o
setor da construção passa por inúmeros desafios, como a escassez de mão de obra, maior automação, digitalização e menor impacto ambiental. “O Concrete Show conhece essa realidade e quer contribuir para superar esses desafios e para o desenvolvimento da engenharia, dos materiais, além de incentivar a industrialização em concreto e seus sistemas construtivos combinados”, afirmou.
A segunda palestra foi proferida por Renan Sacramento, engenheiro de Projetos da ArcelorMittal, que apresentou um histórico sobre o desenvolvimento do vergalhão de aço CA-70 que, atualmente, está normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da revisão da ABNT NBR 7480 - Aço destinado para armaduras em concreto armado – Requisitos, com por-
taria do INMETRO 501:2024 (Requisitos de Avaliação da Conformidade para Barras e Fios de Aço destinados a Armaduras para Estruturas de Concreto Armado), e a prática recomendada 008: 2024 – Barras de aço com 700 MPa de resistência característica ao escoamento (CA-70): Projeto de blocos de fundação, elaborada pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE).
Segundo Sacramento, a próxima revisão da ABNT NBR 6118:2023 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento deve incluir informações técnicas referentes a uso de barras de aço CA-70, uma vez que já existe a prática recomendada da ABECE e a atualização da ABNT NBR 7480 incorporou as mesmas características do aço da categoria CA50 para os aços da categoria CA-70,
com 700 MPa de resistência característica ao escoamento.
Ele trouxe as principais discussões sobre a aplicação desse tipo de aço, destacando que um dos principais desafios está na ancoragem. Quanto maior a tensão na barra, mais fissuras surgem na região de aderência entre o aço e o concreto. Assim, o comprimento de ancoragem para o CA-70 é maior por causa das maiores trações/compressões resistidas pela barra. “Ao aumentar a tensão em 40%, é preciso elevar o comprimento da ancoragem para um percentual maior”, disse.
Os testes de fadiga para os vergalhões CA-70 com diâmetro de 16 mm demonstraram que o desempenho é 16% superior aos dos aços CA-50 em 2 milhões de ciclos. Para a quantidade de amostras ensaiadas, foi obtido um nível de confiança de 80% para os testes realizados de acordo com a norma DIN 50100.
Em relação ao fib Model Code 2010, os coeficientes angulares para o CA-70 são superiores aos previstos para os aços CA-50. Em relação ao comportamento de altas temperaturas, as curvas do CA-70 estão melhores ou iguais ao CA-50.
Ao final de sua apresentação, Sacramento comentou sobre o caso da ampliação do galpão da Tambas, em Contagem (MG), um case que teve a participação da Precon, associada da Abcic. “O galpão de 100.000 m² foi projetado com o aço de alta resistência 25,00 da ArcelorMittal, proporcionando uma economia de 30% no consumo deste aço nas vigas”, enfatizou.
Na sequência, Mary Alissan Correa, engenheira de Aplicação de Produto da Belgo Arames, tratou
das fibras de aço longas com ancoragem 3D, 4D e 5D, mostrando suas aplicações e os benefícios em termos de sustentabilidade e melhoria da eficiência. Conforme sua explicação, a linha Dramix assegura a resistência e a durabilidade ao concreto, contribuindo para o melhor desempenho nos projetos. O produto possibilita uma ancoragem adequada, evitando rachaduras e trincas na obra, enquanto permite a redução das emissões de CO2
Como exemplos, mostrou a aplicação das fibras 3D em galerias, tubos, painéis de parede, paredes sanduíche para aplicações estruturais e não estruturais reforçadas com fibras de aço, que tiveram como benefícios: economia de material e mão de obra, aumento da produtividade e eficiência, redução da espessura e menor pegada de carbono. Um dos casos foi a troca de telas pela fibra de aço 3D em uma placa de fechamento, que resultou em economia de 17% no consumo dos materiais.
Segundo Mary, a empresa está lançando no país a fibra de aço 4D, mas ela já foi usada em barragens e pisos e a diferença desse produto para o 3D é possuir uma dobra a mais no braço de ancoragem. “Fica claro no ensaio da tração, a diferença de quando há uma dobra a mais, pois o arranque e a deformação ocorrem de forma mais gradual”, avaliou. As fibras 4D possibilitam diminuir a quantidade de aço e melhorar a eficiência.
Em sua apresentação, Mary mencionou que para os concretos de ultra alta resistência (UHPC), o indicado são fibras curtas, pois há desempenho melhor, diminui o risco de segregação do concreto, au-
menta a resistência e desempenho.
Como cases, ela trouxe edifícios em Seattle e em São Paulo e uma passarela, em Eindhoven, que alcançou quase duas vezes mais esbeltez do que o concreto normal.
Outro exemplo trazido foi a passarela construída para o Congresso Brasileiro do Concreto, com participação da Cassol Pré-Fabricados, associada à Abcic. “Foi utilizado o UHPC, com fibras de aço 4D, sem nenhum reforço estrutural”, disse Mary.
O engenheiro Carlos Franco, da CAL-FAC – Consultoria & Engenharia, mostrou as particularidades do painel arquitetônico de fechamento diante de outros elementos pré-fabricados de concreto, em termos de concepção, projeto e suas interações interdisciplinares, estocagem, transporte, montagem e acabamento, e reafirmou o potencial de sua aplicação e o crescimento de sua demanda.
Para Franco, utilizar o pré-fabricado arquitetônico resultaria em mais industrialização, redução de desperdícios e descarbonização, ganhos de produtividade e cronograma, alta durabilidade, menor custo ao longo do ciclo de vida, além de ser um impulsionador de outras disciplinas relacionadas à industrialização.
Em relação às particularidades na concepção, projeto e suas interações interdisciplinares, Franco lembrou que a fachada é o cartão de visita de uma obra, ou seja, o elemento de maior destaque, sobretudo, para o principal influenciador do processo: o arquiteto. “Sempre existe uma preocupação acentuada com aspectos estéticos e a questão da fachada pré-fabricada já está no
radar de muitos profissionais”.
Ele comentou também sobre a função estrutural, o trabalho intenso para se ter a integração com outras tecnologias (iluminação, marquise, ar condicionado), a necessidade de se pensar previamente nos sistemas de fixação, no desempenho sob intempéries, no conforto térmico, acústico e na prevenção à condensação, detalhes referentes à estanqueidade, proteção contra impactos, vedação, compatibilização com o caixilho e previsão de aberturas. Sobre resistência ao fogo, citou estudos importantes do ACI (American Concrete Institute) nessa área, contemplando, inclusive, questões como os ataques terroristas.
Em termos das particularidades em relação à produção, Franco reiterou que o concreto arquitetônico é uma variação do concreto estrutural, por isso é preciso ter o mesmo cuidado em relação aos materiais e ao processo. Ainda é fundamental observar a seleção dos agregados, a
necessidade do uso ou não de pigmentos orgânicos, ter controle da coloração do cimento, porque isso é visível, a aplicação de retardadores de pega. “Os sistemas de formas de adensamento têm as suas particularidades e podem ser bem diferentes do concreto convencional”, mencionou.
Outra questão muito importante trazida por ele é o cuidado com o uso de autoadensável. “Muitas fábricas não usam”, pontuou. Ele trouxe um exemplo que se a peça tem 10 cm de espessura e 5 cm são feitos com cimento mais pigmentos e adições especiais e os outros 5 cm com concreto autoadensável, é necessário posicionar uma armadura no meio da peça, entre os dois tipos de concreto, o autoadensável pode formar uma película para a ligação de úmido para úmido, indicando um desplacamento entre uma e outra. Os painéis devem ser armazenados em pé em “RACKS”, transportados em cavaletes em formato do tipo “A” e, às vezes, é necessário o emprego de carretas rebaixadas em função da grande altura (pé-direito da obra elevado). De forma alguma, segundo Franco, os elementos não devem ser mal compartimentados do ponto de vista geométrico, por isso é preciso trabalhar com travamentos na hora de transportar.
Segundo Franco, na maior parte dos casos, a montagem é feita pelo lado interno da obra, demandando ajustes de desalinhamentos, desaprumos e diferenças de cota. “Isso pode ser um complicador, pois vemos grandes imprecisões”, contou. Um destaque está na vista do limite da estrutura versus o limite do painel, pois, devido às im-
perfeições, deixa-se um espaço de 5 cm entre o painel e a estrutura moldada, e 3 cm entre o painel e a estrutura pré-fabricada. Para o fechamento, pode haver o emprego da lã de rocha para evitar a propagação de incêndio, conforme exigido pelo corpo de bombeiros, e pode-se usar hidrofugantes.
Em sua avaliação, o painel arquitetônico de fechamento tem grande potencial de mercado, demandando mais divulgação dos profissionais envolvidos com o produto. Ele possui maior valor agregado, pois acumula várias funções em uma obra. “Via de regra, pela nossa experiência, pelas suas particularidades, as empresas optam por unidades fabris separadas do pré-fabricado convencional, inclusive com equipes separadas”, finalizou. Luciana Oliveira, diretora de Habitação e Edificações (HE) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e o pesquisador Claudio Mitidieri, do IPT, estiveram presentes no XIX Abcic Networking. “É muito interessante fazer um evento para discutir pautas importantes do pré-fabricado. Nós estamos aqui para entender como podemos contribuir para o desenvolvimento do setor. Queremos fazer trabalhos ligados à pesquisa e desenvolvimento de alguns produtos, visando industrialização e sustentabilidade”, comentou Luciana. Para Mitidieri, o evento, do ponto de vista setorial, é fundamental, pois aproxima as empresas, fornecedores, instituições de pesquisa, ampliando a possibilidade de trocar informações, ideias, conhecimentos e até negócios entre as empresas.
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Além de participar de importantes projetos em nosso dia a dia, estas empresas, como associadas, cumprem conosco o desafio do maior projeto:
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NA FEIRA, A ENTIDADE TERÁ UM ESTANDE INSTITUCIONAL PARA RECEBER ASSOCIADOS, FORNECEDORES, CLIENTES E CONVIDADOS, ENQUANTO O SEMINÁRIO MOSTRARÁ COMO A CADEIA DO PRÉ-FABRICADO DE CONCRETO ESTÁ SE PREPARANDO PARA CUMPRIR COM AS METAS GLOBAIS DE DESCARBONIZAÇÃO EM 2030 E EM 2050 E COMO A TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SÃO TEMAS PRIORITÁRIOS PARA O CONTÍNUO AVANÇO NO SETOR
OConcrete Show South America deve reunir, de 19 a 21 de agosto, no São Paulo Expo, mais de 450 marcas nacionais e internacionais, incluindo 50 estreantes, que ocuparão os mais de 32 mil m² de área de exposição e levarão lançamentos e inovações para o mercado. A feira é parte do prestigiado circuito mundial World of Concrete,
organizado pela Informa Markets. “Este é o evento ideal para todos os envolvidos na cadeia do concreto se atualizarem, fortalecerem suas redes de contato e ampliarem suas possibilidades de negócio. Serão três dias intensos de conteúdo qualificado, aprendizado e muitas oportunidades”, destaca Hermano Pinto Jr., diretor da Informa Markets Latam.
A Abcic, que participa desde a primeira edição da feira, contará com um estande institucional, considerado o ponto de encontro do setor. Por isso, foi planejado para ser o espaço ideal para congregar associados, engenheiros projetistas de estruturas, construtoras, incorporadoras, clientes, representantes de entidades parceiras e autoridades do setor público.
A entidade apresenta todas as suas iniciativas, que têm sido fundamentais para o desenvolvimento sustentável da pré-fabricação em concreto no país, como o Selo de Excelência ABCIC, programa de certificação que atesta a qualidade, o desempenho, a segurança e a sustentabilidade das fábricas e empresas associadas.
As publicações técnicas também estarão no estande, incluindo esta edição 35 da Revista Industrializar em Concreto e as demais edições, e as obras lançadas no ano passado: Coletânea de Obras Brasileiras Pré-Fabricados em Concreto – Edifícios Altos, que apresenta o estado da arte da pré-fabricação em concreto no Brasil, desde edifícios de múltiplos pavimentos até os mais altos, e a tradução para o português do Boletim 101: Concreto Pré-Moldado em Edifícios Altos, da International Federation for Structural Concrete ( fib), que é uma referência internacional sobre a aplicação de pré-fabricação em concreto em edifícios de grande altura.
Outro destaque será a realização do Seminário “Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade na indústria do concreto pré-fabricado”, no dia 20 de agosto, a partir das 14h, cujo propósito é debater temas que contribuam com o contínuo avanço e desenvolvimento da indústria.
“É uma oportunidade de ampliar o conhecimento sobre a importância da pré-fabricação para o projeto arquitetônico e para a sustentabilidade e sobre novas tecnologias na área do concreto para reduzir as emissões de carbono. Além disso, o público terá informações atualiza-
das sobre as ações promovidas pela Abcic e pelo setor para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas”, explica a engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, coordenadora do Seminário.
A programação será aberta por Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic, e por Bruno Dias, conselheiro da Abcic e coordenador do GT Sustentabilidade. Na sequência, serão proferidas quatro apresentações, que contemplarão os temas do seminário.
O arquiteto Márcio Porto, diretor do escritório Sidônio Porto Arquitetos Associados e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ministra a primeira apresentação, mostrando a visão da arquitetura sobre inovação, tecnologia e sustentabilidade na pré-fabricação de concreto.
Logo após, o professor Ricardo Couceiro Bento, da PUC-Minas, apresentará aos participantes a tecnologia ultrassônica aplicada à produção de concreto, com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e os custos de produção.
Após o intervalo, a química Anne Elize Puppi Stanislawczuk, coordenadora de Projetos Especiais da Abcic, discorrerá sobre o estágio atual das ações pela indústria de pré-fabricados de concreto sob a perspectiva ambiental.
O consultor espanhol José Luiz Canga Cabañes, diretor técnico da Abaleo Factoria de Soluciones Ambientales, ministrará a quarta palestra, falando sobre a importância, o desenvolvimento, a im-
plementação e os benefícios das Declarações Ambientais de Produto (DAPs) setoriais. A consultoria Abaleo foi contratada pela Abcic para desenvolver as DAPs da pré-fabricação de concreto no Brasil, uma vez que foi responsável pelas DAPs do setor na Espanha.
“Face aos desafios em relação à pauta ambiental, a industrialização da construção civil, que é protagonista quando se trata de produtividade, passa a ganhar ainda mais relevância no contexto da neutralidade de carbono”, enfatiza a engenheira Íria, que coordenará a mesa redonda e os debates com os palestrantes.
O Concrete Show South America 2025 terá ainda novas atrações como a Casa Pré-Moldada em Concreto, que terá uma área total de 468 m². Uma construção inovadora feita com concreto pré-moldado, destacando os benefícios do sistema construtivo: eficiência, rapidez na execução, canteiro mais limpo e organizado; equipes menores e mais especializadas. A proposta é mostrar que dá para construir rapidamente e com qualidade, quebrando barreiras da construção tradicional.
O Congresso Construindo Conhecimento conta com três palcos simultâneos para a geração de conteúdo qualificado. Em três dias, são realizados diversos seminários, palestras e fóruns sobre os temas mais relevantes para a cadeia do cimento e do concreto. Já a Arena 120 ideias conta com apresentações, ministradas por fornecedores, em dois palcos simultâneos sobre temas diversos. Há ainda a Mega Demo de Paredes de Concreto.
apresentou as possibilidades do uso do pré-fabricado de concreto em edifícios
A PROGRAMAÇÃO DO EVENTO DA CBIC CONTEMPLOU AINDA OUTROS PAINÉIS QUE TRATARAM DA INDUSTRIALIZAÇÃO, REFORÇANDO QUE ESSE É UM DOS CAMINHOS QUE LEVARÁ A CONSTRUÇÃO CIVIL PARA NOVOS PATAMARES DE PRODUTIVIDADE, EFICIÊNCIA, DURABILIDADE, DESEMPENHO E SUSTENTABILIDADE, ATENDENDO AS DEMANDAS DA SOCIEDADE
OEncontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), de 8 a 11 de abril no São Paulo Expo, contou com a participação de 14 mil pessoas, que puderam acompanhar a programação composta por mais de 120 painéis e 200 horas de conteúdo. O evento, realizado durante a Feicon, reuniu autoridades do poder Executivo, Judiciário e Legislativo federais, lideranças empresariais e especialistas nacionais e internacionais.
Na abertura do evento, Renato Correia, presidente da CBIC, destacou os avanços registrados nos últimos anos, com a expansão da oferta de moradia e infraestrutura; e a expectativa positiva do setor com a nova faixa do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). “A criação da faixa 4 completa o círculo virtuoso desse programa, melhorando as condições de aquisição da casa própria também para a classe média”, disse.
Um dos destaques foi a realização do painel “As possibilidades e viabilidade da adoção das estruturas pré-fabricadas de concreto sob a perspectiva das construtoras”, que mostrou como a industrialização em concreto
pode contribuir para ampliar a produtividade, sustentabilidade, qualidade e desempenho da construção civil brasileira e, ao mesmo tempo, vencer um desafio atual importante: escassez de mão de obra qualificada. O painel foi mediado por Marcos Mauro Moreira Filho, vice-presidente da CBIC para a região Sul, que ressaltou que a construção industrializada é uma necessidade e uma premissa para superar os desafios atuais da construção civil.
“Estamos em uma fase de transição no modelo de construção. É hora de estudar os processos desses novos sistemas construtivos”, afirmou.
Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, iniciou sua apresentação contextualizando a pré-fabricação de concreto no país e como é possível combiná-la com outros sistemas construtivos. “Quando se trata de industrialização, estamos falando de um ciclo aberto, com inúmeras combinações possíveis”, explicou. Atualmente, os processos construtivos industrializados respondem por 10% do total do que é construído no setor imobiliário no país, o que, de acordo com Íria, demonstra o potencial de crescimento da industrialização.
Ela destacou um estudo do Fórum
Econômico Mundial, que mostra que a pré-fabricação e construção modular são tecnologias disruptivas para melhorar a produtividade, e a Sondagem da Construção em Sistemas Industrializados, elaborada pela FGV Ibre e encomendada pelo Modern Construction Show, que aponta que os sistemas industrializados mais empregados em obras são os kits elétricos (82,1%), as estruturas pré-fabricadas de concreto (70,5%), drywall (64,4%), estruturas em aço (60,2%) e kits hidráulicos (53,5%). Ainda mencionou o relatório “The Next Normal in Construction”, publicado durante a pandemia pela consultoria McKinsey, que revelou que a produtividade do setor da construção cresceu apenas 1/3 da média da economia e o uso da digitalização e de ferramentas da indústria 4.0 é menor em relação aos outros setores. Sobre as atividades realizadas pela Abcic, mencionou o Selo de Excelência Abcic, a Revista Industrializar em Concreto, o arcabouço normativo e o Manual de Montagem, obra de referência sobre essa etapa. “Desenvolvemos essa ferramenta, que agora possui uma versão online, preocupados com o futuro, pois precisamos assegurar uma montagem adequada, que evite o surgimento de patologias, em casos de montagem feita por um terceiro, que não seja a indústria”, contou.
Em relação à sustentabilidade, Íria afirmou que o sistema construtivo possui menor impacto ambiental e atende requisitos dos projetos estruturais e arquitetônicos aliado ao desempenho. “Mas, quando falamos de sustentabilidade, precisamos ficar atentos também aos outros dois pilares; viabilidade eco-
nômica e responsabilidade social”, ponderou. Ela ainda acrescentou que é preciso pensar nos seguintes aspectos quando se trata de industrialização: repetibilidade, divisibilidade, padronização, continuidade, mecanização, planejamento, permutabilidade, controle e transportabilidade. “Industrializar exige uma mudança de mentalidade também”, pontuou.
Outro ponto tratado por Íria foi o foco da Abcic, que no ano passado, trabalhou fortemente a aplicação do sistema construtivo em edifícios altos, realizando um evento internacional e o lançamento de duas publicações, e este ano, a entidade está atuando mais intensamente na área de sustentabilidade ambiental. Ela ainda apresentou o case da Praça Lindenberg, vencedor do Destaque do Júri do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto 2024, cujos edifícios contam com arquitetura marcante, concebidos para celebrar os 70 anos da Lindenberg. As fachadas foram desenvolvidas utilizando um revestimento de painéis pré-moldados, criados especialmente para o projeto, que simula a aparência dos tradicionais tijolinhos a partir de um molde texturizado de poliuretano preenchido com 100% de concreto armado. Na sequência, o engenheiro Roberto Clara, diretor da Lúcio, compartilhou a experiência de sua empresa, que está mudando a forma de pensar para produzir prédios. Com isso, tem investido em projetos inovadores e em soluções inteligentes para atender às demandas de um mercado cada vez mais exigente. “Iniciamos com um sistema construtivo industrializado parcial, evoluindo de maneira estratégica até chegarmos a
100% industrializado”, contou.
A Lúcio iniciou com varandas pré-fabricadas, passando aos edifícios-garagem, por fachadas e escadas. Para se ter uma evolução, Clara ressaltou que sempre havia a comparação de custos totais, não apenas da estrutura em si, e dos benefícios entre os diferentes sistemas construtivos. Em termos de estrutura do edifício-garagem, o pré-fabricado de concreto era 14% mais caro, mas com o prazo mais de 30% menor, ou seja, foi viabilizado em 4 meses.
“Fomos desafiados pelo Conselho para fazer algo ainda mais inovador, então, executamos o Dynamic Faria Lima, cuja estrutura da torre foi concebida em concreto pré-fabricado”, disse Clara, que acrescentou que existem outros prédios da Lucio seguindo o modelo do Dynamic. “E, a cada edifício, estamos subindo mais a altura”.
O diretor da Lucio citou ainda os benefícios da industrialização, como menor prazo, produção independente da condição climática, uso de mão de obra especializada, melhor controle de qualidade, precisão geométrica, menor resíduo, além de ter uma relação importante com os princípios ESG: circularidade, desmaterialização e redução de pegada de carbono.
Para Clara, a industrialização permite que uma empresa, quando é enxuta, se dedique aos seus projetos. “Na Lucio, todos gostam de fazer obras industrializadas, não querem fazer de outra forma, sejam engenheiros, os mestres de obra. Isso é uma coisa legal, pois não pensam da forma convencional mas, sim, de forma industrializada, E isso é o ponto de transformação”, finalizou.
Já Caio Cesar Guilherme, consultor em tecnologia do SENAI/SP, enfatizou a necessidade de formar profissionais qualificados para lidar com as novas demandas do setor da construção e apresentou iniciativas do SENAI/SP voltadas à capacitação profissional e ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. “Estamos trabalhando em projetos que visam integrar inovação tecnológica com as práticas sustentáveis, preparando profissionais para os desafios do mercado atual. Sem educação, não há progresso. Precisamos investir em capacitação”, salientou. No final do painel, Íria enfatizou a necessidade de se pensar em soluções que atendam às normas técnicas, e que contribuam para um futuro mais sustentável. “A industrialização é uma alternativa com muito potencial de desenvolvimento”. Ela ainda ressaltou a importância da promoção e fortalecimento das parcerias entre empresas, instituições de ensino e governo. “O futuro da construção civil depende da nossa capacidade de inovar e colaborar.
Juntos, podemos transformar desafios em oportunidades”, finalizou.
A engenheira Íria participou ainda de duas oficinas colaborativas da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT), da CBIC, com foco na segunda etapa do Guia de Desenvolvimento e Adoção de Plataformas de Produto na Construção. A iniciativa, realizada nos dias 10 e 11 de abril, durante o ENIC, integra as ações do Projeto Construção 2030.
Além da presidente executiva da Abcic, participaram membros da COMAT e de entidades parceiras, especialistas e professores envolvidos com a industrialização do setor. O objetivo foi discutir e estruturar dois entre os três domínios considerados essenciais para a adoção das Plataformas Abertas de Produto no setor da construção civil.
O Domínio do Cliente abordou o papel estratégico dos contratantes públicos e privados na indução e aceleração da transformação digital e industrial do setor. Já o Domí-
nio do Projeto debateu caminhos para integrar processos, promover a colaboração entre atores e viabilizar a transição para modelos construtivos mais industrializados e eficientes.
O vice-presidente da CBIC, Dionyzio Klavdianos, salientou que o trabalho colaborativo das oficinas é fundamental para que se elabore um guia de conteúdo relevante e objetivo, representando mais um passo para a criação de plataformas abertas de produto, que contribuirão para a inovação, produtividade e sustentabilidade da construção civil brasileira.
A industrialização esteve em destaque ao longo da programação do ENIC, com o tema sendo enfatizado por lideranças setoriais e empresários do setor. No painel voltado ao programa Nova Indústria Brasil (NIB), os participantes ressaltaram industrialização, combinada ao uso de tecnologias como o BIM, é o caminho mais viável e sustentável
para que o setor da construção possa cumprir metas econômicas, sociais e ambientais, com ganhos em escala, produtividade e eficiência.
Roberto Sampaio Pedreira, gerente da Unidade de Monitoramento e Avaliação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), disse que a produção industrializada é um dos anseios da construção. As obras públicas passam a estabelecer a construção industrializada, com modelos construtivos ancorados em novas tecnologias, e conceito ambiental, representando uma modernização para o setor. “Isso chegará no MCMV e em várias obras de infraestrutura. Junto à construção industrializada está a disseminação do BIM. Isso trará mais capacidade de gestão, seria uma transformação digital na construção civil”, afirmou.
Segundo Yorki Estefan, presidente do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), um dos grandes desafios é a industrialização da construção. Ele defendeu, no painel “Mão de Obra: O desafio da produtividade no Brasil”, a ampliação da modularização como forma de acelerar e modernizar as obras no país. “Capacitar a mão de obra em todos os níveis — do estagiário ao engenheiro, passando pelos profissionais do canteiro — é o caminho para alcançar esse objetivo”, esclareceu.
Já no painel “Desafios da industrialização da construção: o que nos ensina a reconstrução no Rio Grande do Sul”, Luciana Alves de Oliveira, diretora da unidade Habitação e Edificações do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), afirmou que a recupe-
ração de RGS trouxe a importância de um crescimento expressivo na construção pré-fabricada, mas pensada de maneira coordenada para que haja um casamento entre todas as etapas da obra. “O que precisamos é priorizar processos e trabalhar com modulação e integração”, disse.
A Feicon reforçou seu papel estratégico para o setor da construção civil ao reunir mais de 100 mil visitantes de 85 países, movimentar negócios e apresentar inúmeras tecnologias e inovações nos oito pavilhões do São Paulo Expo, na capital paulista. Foram mais de 1.000 marcas presentes, com geração de 470 mil leads de negócios por meio das ferramentas digitais da RX Brasil. A feira também promoveu mais de 200 horas de conteúdo técnico e especializado.
ENGENHEIRA ÍRIA DONIAK, PRESIDENTE EXECUTIVA DA ABCIC, O EMPRESÁRIO CARLOS GENNARI,
PRESIDENTE
HONORÁRIO DA ABCIC, E ASSOCIADOS DA ENTIDADE FORAM HOMENAGEADOS NA PREMIAÇÃO DO SINAPROCIM/SINPROCIM E DO INSTITUTO CONSTRUBUSINESS, QUE REFORÇOU O PAPEL ESTRATÉGICO DO SETOR PARA O DESENVOLVIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL
No dia 2 de julho, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim), o Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim) e o Instituto Construbusiness promoveram a solenidade de entrega do 10º Prêmio Qualidade, na sede da Fiesp. A premiação é concedida às empresas que se destacaram no setor de produtos de cimento e às lideranças que vêm contribuindo para o avanço técnico, ambiental e regulatório deste segmento. Prestigiado por mais de 300
pessoas, entre empresários, engenheiros, arquitetos, representantes de construtoras, fabricantes, revendas, entidades setoriais, autoridades públicas e trabalhadores da cadeia produtiva, a premiação celebrou os avanços da indústria rumo à excelência técnica, à sustentabilidade e à inovação e reforçou sua importância para evolução da construção no país.
“O Prêmio Qualidade foi concebido com o objetivo de valorizar as empresas que prezam pela qualidade dos produtos e constantemente desenvolvem novas soluções tecnológicas. Ao longo
dos anos constatamos significativa melhoria no desempenho dos sistemas a base de produtos de cimento e a preocupação com o uso racionalizado das matérias primas. Nessa edição inovamos com a inclusão de 10 (dez) atributos de performance e desempenho, agregando assim ainda mais valor a premiação”, explicou José Carlos de Oliveira Lima, presidente das entidades, que informou que, a partir de agora, a premiação passa a se chamar Prêmio Qualidade ConstruBusiness Sinaprocim/ Sinprocim.
A engenheira Íria Doniak, pre-
sidente executiva da Abcic, foi homenageada como “Destaque Internacional”, por sua relevante trajetória no segmento do concreto e industrialização da construção civil, tanto no âmbito técnico como institucional no Brasil e no exterior, sendo a primeira mulher a presidir a International Federation for Structural Concrete ( fib).
“É uma honra receber esta importante premiação do setor da construção, considerada um marco de reconhecimento técnico e institucional. Estar à frente da fib é uma grande responsabilidade. Ao mesmo tempo, reitera a relevância da engenharia brasileira no contexto global e da participação feminina em posições de liderança dentro da federação, mas também da engenharia como um todo. Destaco aqui também a importância de atuar no meio institucional, contribuindo para as ações que apoiam o desenvolvimento sustentável de todo um setor. Esta homenagem reflete o apoio que tenho recebido da Abcic em minha trajetória e a oportunidade de participar de importantes conselhos como Sinaprocim e o Consic da Fiesp”, afirmou Íria.
O Prêmio Qualidade contou com a presença de Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic, e prestou homenagem a Carlos Gennari, diretor da Leonardi Construções e presidente honorário da Abcic, como “Personalidade Empresarial”, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, como “Personalidade Pública”, o engenheiro civil Silvio Vadissera, como “Destaque Institucional”, e o deputado Arnaldo
Jardim, por sua atuação em políticas públicas voltadas à sustentabilidade.
“Os pré-fabricados tem papel de destaque tanto que homenageamos nessa edição a engenheira Íria com o título de destaque internacional pela atuação como presidente da fib e o Conselheiro Carlos Gennari, como personalidade empresarial pela trajetória profissional dedicada ao setor. Em 2026 pretendemos desenvolver novas categorias entre elas para o setor de pré-fabricados”, contou
Oliveira Lima, com exclusividade para a Revista Industrializar em Concreto
"Em primeiro lugar, quero destacar a minha surpresa, mas também, minha alegria quando me foi comunicado esta homenagem e reconhecimento. Inicialmente por esta premiação vir de uma instituição do mais alto valor no universo da Construção Civil. Compartilho esta homenagem com tantos outros empresários, entidades como a Abcic, a Fiesp, entre tantas, e às pessoas que nos inspiram e nos au-
xiliam na busca contínua de uma vida de valor, de saber servir para o crescimento de todos. Missão de vida com trabalho, responsabilidade e propósito. Esta homenagem precisa ser compartilhada porque é um reconhecimento da importância crescente e fundamental da construção industrializada em pré-fabricados de concreto para a produtividade e modernização da construção no nosso querido Brasil", afirmou Gennari.
A edição 2025 do Prêmio Qualidade salientou ainda o compromisso do setor com conformidade técnica e tributária, rastreabilidade, descarbonização e industrialização, com impactos diretos na produtividade e na qualidade final das obras.
“O Prêmio Qualidade tem um papel fundamental no aprimoramento da relação das empresas do nosso setor, em especial aos pré-fabricados de concreto, com os seus clientes, sendo a pesquisa constantemente atualizada nos
seus quesitos para estar sempre atendendo as tendências do mercado da cadeia produtiva da construção. No tocante a participação da Abcic, desde sua fundação, esteve conosco como entidade coirmã em todas as frentes de atuação das entidades em prol do desenvolvimento tecnológico e de capacitação técnica operacional desse importante segmento do nosso setor”, destacou Roberto Petrini, presidente executivo do Sinaprocim/Sinprocim.
A metodologia da premiação foi conduzida pela Quorum Brasil, com trabalho de campo baseado em rigor científico, o que lhe confere consistência, imparcialidade e credibilidade. Foram avaliadas 36 categorias e 10 atributos, entre eles: qualidade conforme normas da ABNT, desempenho dos produtos, suporte técnico, entrega no prazo, preços compatíveis, eficiência logística e clareza nas condições comerciais. A margem de erro da pesquisa é de 3,9%, com 95% de confiabilidade.
Entre os destaques: soluções voltadas ao atendimento das normas técnicas, à economia circu-
lar, industrialização e racionalização de processos de produtos, como argamassas, estruturas pré-fabricadas de concreto, pavimentos permeáveis, cimentos, aços e aditivos de alto desempenho. As categorias vencedoras refletem a diversidade e a especialização da cadeia de suprimentos da construção, desde a matéria-prima ao produto entregue em obra.
Para Anderson Oliveira, vice-presidente de Qualidade e Tecnologia do Sinaprocim/Sinprocim, a premiação é a maior honraria para a empresa que investe na qualidade e no desenvolvimento tecnológico dos produtos. “É o reconhecimento dos clientes que avaliam desde o atendimento as normas, o desempenho, o atendimento e o pós-venda. Dessa forma, a premiação diretamente estabelece novo patamar de exigência e de modo positivo faz com que as empresas se dediquem ainda mais para superar as expectativas, desenvolvendo novos produtos e principalmente com foco na sustentabilidade”, explicou.
A Industrializar em Concreto também ouviu as empresas asso -
ciadas à Abcic que foram homenageadas em diversas categorias. Vencedora da categoria Estruturas pré-fabricadas de concreto, a Stamp celebrou a conquista. “A premiação consolida o compromisso da empresa com a inovação, a excelência técnica e a melhoria contínua de seus processos e produtos. Este prêmio é resultado direto da dedicação e competência do nosso time. É uma conquista coletiva que reforça a cultura da qualidade em todos os níveis da organização”, enfatizou Fernando Gaion, diretor da Stamp.
Para a empresa, trata-se de um selo de credibilidade que valida o trabalho criterioso realizado em todas as etapas — da concepção à entrega dos painéis arquitetônicos. “O prêmio fortalece sua reputação institucional e abre novas oportunidades em um mercado cada vez mais exigente por desempenho, estética e eficiência construtiva”, acrescentou Gaion.
A PP Painéis também foi homenageada na categoria Estruturas Pré-Fabricadas de Concreto. “A premiação foi de extrema importância para nossa empresa uma vez que evidenciou o trabalho
duro de nossa equipe. Um momento em que podemos refletir e agradecer a todos que trabalham arduamente na empresa, e como cada pessoa se faz importante nesse processo. Somos extremamente gratos a essa premiação e o significado por detrás dela”, disse Márcio Alex da Silva, diretor Comercial da PP Painéis.
A ArcelorMittal foi reconhecida em cinco categorias: Vergalhão CA-50 em barra, Vergalhão CA60 em rolo, telas eletrossoldadas em painéis ou rolos, armaduras treliçadas para lajes/estruturas planas e espaçadores de piso/parede de concreto. "Receber este prêmio reforça o nosso propósito de oferecer soluções que elevam o padrão da construção civil brasileira. É o resultado do empenho de nossas equipes, da confiança dos nossos clientes e da constante busca pela inovação e qualidade”, destaca Paula Couri, diretora de Marketing e Produtos da ArcelorMittal.
“Qualidade está no DNA da MC-Bauchemie e através dela cuidamos da satisfação dos nossos clientes. Receber o Prêmio Qualidade nas categorias Aditivos para Concreto e Aditivos para Ar-
gamassa demonstra que estamos no caminho certo. Agradecemos a todos que contribuíram para o prêmio e parabenizamos o SINAPROCIM pela importante iniciativa em prol da valorização da qualidade no setor”, afirmou Thais Alves, diretora de Operações da MC-Bauchemie.
A Votorantim Cimentos venceu nas categorias argamassas colante para rejuntamento, assentamento e revestimento, Cimento Portland, agregado graúdo e cimento de alta resistência inicial (ARI), argamassa colante e argamassa para rejuntamento.
“Receber este reconhecimento reforça o nosso princípio de foco no cliente e o compromisso com a qualidade, inovação e sustentabilidade em cada etapa da nossa produção. Baseada em critérios técnicos rigorosos e conduzida com metodologia científica, o Prêmio Qualidade Sinaprocim/ Sinprocim comprova que estamos no caminho certo ao entregar produtos que fazem a diferença na construção civil brasileira”, salientou Hugo Armelim, diretor de Marketing, Comercial e Operações de Concreto da Votorantim Cimentos.
No quadro abaixo encontram-se todas as premiações celebradas na 10ª edição do Prêmio Qualidade:
Personalidades
• Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo (Personalidade Pública);
• Carlos Gennari, empresário da Leonardi Construções (Personalidade Empresarial);
• Íria Lícia Doniak, presidente da ABCIC e primeira mulher a presidir a Federação Internacional do Concreto (Destaque Internacional);
• Silvio Valdissera, engenheiro civil (Destaque Institucional);
• Deputado Arnaldo Jardim, pela atuação em políticas públicas voltadas à sustentabilidade.
Excelência Empresarial
Quartzolit
Troféu Vitória
Segmento Construtora
• ArcelorMittal – Armaduras treliçadas para espaçador em piso e paredes de concreto
• Brasilit Saint-Gobain – Chapas cimentícias
• Engemix – Concreto usinado
• Glasser – Peças para pavimentação permeável e drenante
• Lajes Imperial – Laje treliçada
• Oterprem – Blocos de concreto até 6 MPa, Blocos de concreto acima de 8 MPa e peças para pavimentação intertravada
• Quartzolit – Argamassa para assentamento e revestimento
• Stamp Painéis Arquitetônicos – Estruturas pré-fabricadas de concreto
• Votorantim Cimentos – Argamassas colante para rejuntamento, assentamento e revestimento
Segmento Associado
• ABCP – Laboratório de ensaio
• ArcelorMittal – Armadura treliçada, vergalhões CA50, vergalhões CA60 e tela eletrossoldada
• Cerâmica Faulim – Bloco cerâmico para laje
• InterCement Brasil – Cimento de alta resistência inicial (ARI)
• Lanxess – Pigmentos
• MC-Bauchemie – Aditivo para concreto
• MC Química – Aditivo para argamassa
• Votorantim Cimentos – Cimento Portland Segmento Revenda
• Brasilit Saint-Gobain – Telhas de fibrocimento
• Quartzolit – Argamassas colante e argamassas para rejuntamento
Menção Honrosa Segmento Construtora
• Blocos e Lajes Itaim – Laje treliçada
• Bostik Fortaleza – Argamassa para assentamento e revestimento
• Concresteel – Placas de concreto para piso elevado
• Glasser – Blocos de concreto até 6 MPa, blocos de concreto acima de 8 MPa e peças para pavimentação intertravada
• Infibra – Chapas cimentícias
• Intercity – Peças para pavimentação intertravada
• PP de Painéis – Estruturas pré-fabricadas de concreto
• Quartzolit – Argamassas colante e argamassas para rejuntamento Segmento Associado
• Chryso (Saint-Gobain) – Aditivo para concreto
• InterCement Brasil – Cimento Portland
• MC Bauchemie Brasil – Aditivo para argamassa
• Mediterrânea – Armadura treliçada para lajes e laje treliçada
• Votorantim Cimentos – Agregado graúdo e cimento de alta resistência inicial (ARI)
Segmento Revenda
• Infibra – Telha de fibrocimento
• Votorantim Cimentos – Argamassa colante e argamassa para rejuntamento
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ADUELAS ADUELAS
ACONTECE NO MUNDO
o futuro da construção, com foco em descarbonização e neutralidade de carbono
EMPRESÁRIOS DO SETOR DE PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO DO BRASIL VISITARAM A FEIRA, QUE ACONTECEU DE 7 A 13 DE ABRIL, EM MUNIQUE (ALEMANHA), INTEGRADOS À MISSÃO EMPRESARIAL DA SOBRATEMA, E PARTICIPARAM DE UMA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL, ORGANIZADA PELA ABCIC, QUE INCLUIU VISITAS EM FÁBRICAS
Empresários brasileiros das indústrias de préfabricado de concreto participaram da bauma 2025
A34ª edição da bauma, maior e principal feira global de máquinas, equipamentos e materiais para construção e mineração, aconteceu entre os dias 7 e 13 de abril, no Centro de Exposições de Munique (Alemanha). Ao reunir 2.601 expositores, de 57 nações, dispostos em uma área de 614 mil
m² 18 pavilhões e 3 setores externos ao ar livre, a feira mais uma vez demonstrou ser o parâmetro para tendências, inovações pioneiras e tecnologias disruptivas, inspirando os rumos do setor.
Em um momento caracterizado por desafios globais, a bauma reiterou a importância da neutralidade do carbono e da contribuição des-
se setor ao combate das mudanças climáticas, ao demonstrar inúmeras soluções desenvolvidas pelas principais indústrias mundiais com essa finalidade, além da maior aplicação de tecnologias digitais, automação, novos materiais, inclusive de base biológica, e novos equipamentos que traduzem eficiência, qualidade e segurança.
"A bauma é o coração do setor e demonstrou mais uma vez a importância do intercâmbio e dos encontros pessoais para o progresso e o comércio global ", afirmou Stefan Rummel, CEO da Messe München. A feira recebeu cerca de 600 mil visitantes de mais de 200 países, incluindo o Brasil, e foi aberta pela ministra alemã da Habitação, Desenvolvimento Urbano e Construção, Klara Geywitz.
Os empresários da indústria do pré-fabricado do Brasil estiveram presentes na bauma 2025. “O evento superou as expectativas. Fomos com um grupo de 24 pessoas, compondo a Missão Empresarial da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração). A experiência foi positiva, pois tivemos ainda a oportunidade de interagir com profissionais de outras áreas. Foi muito proveitosa nossa participação”, destacou João Carlos Leonardi, vice-presidente do Conselho Estratégico da Abcic, que coordenou o grupo.
“A participação do grupo da Abcic engrandeceu nossa Missão Empresarial. Temos uma parceria muito importante com a associação, que tem resultado em iniciativas fundamentais para o desenvolvimento técnico da construção civil brasileira. Além disso, estamos juntos em diversas ações setoriais e de fóruns com outras entidades que fortalecem nosso setor no país”, disse Afonso Mamede, presidente do Conselho da Sobratema.
A Missão Empresarial da Sobratema levou mais de 50 empresários brasileiros à bauma, em parceria com a AD Turismo. No evento, a sala da Sobratema no Centro de Exposições foi o ponto de encontro
de todos os profissionais do Brasil, apoiando também as demandas do grupo formado pela Abcic. “Tudo transcorreu de forma tranquila, mesmo sem a presença tradicional da Íria, como nossa coordenadora, graças ao apoio da Sobratema, que disponibilizou uma infraestrutura e pessoas capacitadas”, acrescentou Leonardi.
Para Agnaldo Lopes, presidente executivo da Sobratema, a Missão fortaleceu ainda mais a parceria entre a Abcic e a Sobratema, uma vez que os empresários dos dois mercados puderam interagir de forma profícua. “Outro ponto a ser considerado é que a Missão mostrou a força do mercado brasileiro", pontuou. Em sua avaliação, a iniciativa foi um sucesso, proporcionando oportunidades de conhecimento, informação, relacionamento, networking e negócios. Sobre a sala
da Sobratema, Lopes ponderou que o local possibilitou que os empresários brasileiros pudessem se encontrar para trocar impressões sobre a bauma e sobre o futuro no país.
Os pré-fabricadores aproveitaram para conhecer novidades em centrais de concreto, em formas, em veículos e em equipamentos, que são utilizados pela indústria. Os destaques, na avaliação de Leonardi, foram os estandes da Progress Group e Vollert, que são empresas referências na Europa na área de automatização de produção e equipamentos especiais. “Vimos um nível de automação e produtividade importantes, que podemos trazer para o país, mas também inovações que ainda não estão no Brasil. Mesmo com cinco dias de visitas, seria impossível ver tudo pela grandiosidade do evento”, explicou Leonardi. A programação para o grupo da
Abcic contou também com visitas às fábricas da Progress e da Vollert. O coordenador afirmou que os empresários puderam aprender bastante e refletir como essas tecnologias podem ser aplicadas nas indústrias brasileiras.
"Nós, da Legran, ficamos muito satisfeitos com a viagem, superou nossas expectativas, pois a bauma é excelente em quantidade e qualidade dos expositores. As visitas técnicas foram muito instrutivas e nos deixam inspirados para continuarmos a evoluir o nosso parque fabril.
A organização foi exemplar, espe-
ramos que venham outras missões técnicas", destacou Paulo Roberto Sampaio, presidente da Legran Engenharia.
A Progress Group teve dois estandes na bauma, que foram visitados pelo grupo. No primeiro, focado na pré-fabricação de concreto, foi apresentado um prédio de 20 andares totalmente projetado no sistema construtivo, apenas com lajes e painéis autoportantes, sem vigas e sem pilares.
O estande do grupo, aliás, foi construído com esses elementos, representando justamente a obra
mostrada ao grupo brasileiro. “Esse tipo de projeto é uma motivação e um exemplo do que podemos fazer no Brasil com o pré-fabricado, adotando e adaptando essa tecnologia para a realidade do país. Há grande espaço no mercado para isso, uma vez que a Europa já enfrentou uma situação parecida em relação à escassez de mão de obra e resolveu com a industrialização. O Brasil pode fazer o mesmo”, argumentou explicou Martin Maass, gerente de vendas da Progress Group no Brasil, que acrescentou que este edifício contará com concreto com iso-
lamento térmico e com instalações, incluindo calefação e refrigeração. Outras tecnologias apresentadas foram o robô de cofragem de dois eixos, que faz o ajuste automatizado da altura da cofragem, o que representa uma novidade para o sistema carrossel; nova fôrma de escadas; estação de controle de qualidade dos painéis e lajes com Inteligência Artificial e novo sistema de giro de parede dupla com automação. “Em parte, a IA utiliza os conhecimentos já armazenados digitalmente para que o sistema conheça as obstruções, como treliça, janelas, entre outros, colocando as espardas na posição correta para segurar as placas”, detalhou Maass, que informou que o grupo pode conhecer o funcionamento do sistema carrossel para parede dupla e lajes com alto grau de automação durante vista à fábrica RBW.
Em relação à “ilha” de painéis de impressão 3D e incorporação de impressão 3D em painéis autoportantes, a Progress Group tem desenvolvido processos para impressão de componentes parciais, como formas, fachadas e formas comple-
xas, não casas inteiras ou paredes. A vantagem é a utilização de qualquer cimento sem especificações especiais, de agregados fornecidos localmente. A resolução é de 2,8 mm, com resistência C40/50. Os componentes têm sido aplicados em moldes híbridos, peças especiais em concreto, design exterior e fachadas. A empresa ainda imprimiu formas complexas que não poderiam ser fabricadas com um molde estacionário para serem utilizadas, por exemplo, na obra Pareus Caroly, na Itália. Há ainda a possibilidade de aplicações especiais, como o uso de placas de impressão 3D no sistema carrossel, e elementos 3D em paredes estruturais em conjunto com a armadura, que são considerados elementos de alto valor agregado em um processo industrializado. Também foram mostrados os benefícios dos softwares para o setor de pré-fabricados de concreto, que inclui o controle de qualidade automatizado, que revoluciona a garantia de qualidade e por meio do suporte de IA, reconhecimento das mediações de modo automatizado, de peças embutidas e armaduras.
No estande voltado aos equipamentos, foi possível conhecer a máquina MSR20 - corte e dobra com sistema de endireitamento por rotor e controle eletrônico de retidão do arame, portal de solda de telas com dobra de telas automatizada e estribadeira 3D com robô.
No ano em que a Vollert comemora 100 anos, a bauma foi importante para mostrar sua visão de futuro para o mercado e tecnologias em pré-fabricados, o conceito denominado “Empowering Tomorrow”, com destaque para as técnicas e práticas no que se refere a redução nas emissões de carbono e novas tecnologias construtivas e elementos pré-fabricados eficientes, como a laje MOTUS e os painéis com isolamentos especiais, com o objetivo de conduzir os clientes a novas experiências, aproveitando a pluralidade dos diversos projetos ao redor do mundo.
Um destaque especial foi a visita da Ministra Klara Geywit ao estande. “Durante sua visita, ela e o CEO Hans-Jörg Vollert conversaram sobre o potencial do pré-fabricado de concreto, métodos de construção
em série e modulares e a redução das emissões de CO2 na produção”, contou Wesley Gomes, CEO da Vollert do Brasil.
Especialmente para o grupo da Abcic, a Vollert convidou os empresários para conhecerem um sistema carrossel na planta da Unglehrt GMBH, com objetivo de mostrar o que é possível fazer com sistemas de circulação (carrossel), mesmo em um contexto em que a produção não é padronizada e os elementos em concreto são sempre customizados. “Escolhemos essa planta, que apesar de um nível de automação médio em comparação com outros clientes que a Vollert atende, é uma fábrica que possui o dia a dia mais semelhante às empresas que fizeram parte do grupo da Abcic”, explanou Gomes.
Em relação ao centenário, a Vollert pretende continuar a moldar o futuro. Com novas abordagens, conceitos e ideias tecnológicas, tem o objetivo de tornar os fluxos de materiais mais eficientes com novos conceitos de intralogística, criar moradias acessíveis para milhões de pessoas com sistemas de construção sustentáveis ou melhorar significativamente a pegada de CO2 com tecnologia de manobras sem emissões e alimentada por bateria. "Automação, processos integrais e digitalização são megatendências que continuarão a impulsionar a economia no futuro, por exemplo, nas áreas de mobilidade e transporte", disse Hans-Jörg Vollert, CEO da terceira geração da empresa familiar.
Atualmente, os sistemas de construção sustentáveis estão na vanguarda, assim como novos conceitos de construção com oti-
mização de materiais. E essa realidade está trazendo mudanças nos processos de produção das indústrias de pré-fabricados de concreto. Nesse sentido, a Vollert implementou um conceito de fábrica para a produção em série de módulos de ambientes, que consiste em uma combinação inteligente de concreto leve e fibras vegetais, que não apenas reduz as emissões de CO2 em até 60%. O sistema de construção MOTUS desenvolvido pela Vollert também se concentra na redução das emissões de CO2
João Carlos Leonardi avaliou ainda que as missões técnicas da Abcic são muito importantes para o setor, porque oferecem a oportunidade de ver a realidade de países que já passaram por situações vivenciadas no Brasil nos dias atuais. “Podemos aproveitar essa experiência para encontrar soluções adaptáveis ao contexto atual”, reiterou. Para ele, as viagens ainda permitem que os empresários troquem ideias e informações, longe da correria do dia a dia. “Aprendemos uns com os outros, conversando sobre equipamentos, tecnologias e dando nossas opiniões sobre o mercado. A somatória de todo esse conhecimento resulta sempre em algo maior, como temos vistos ao longo de mais uma década, desde que foi realizada a primeira Missão Técnica, em 2008.”
Em relação às Missões Técnicas, Gomes ponderou que é sempre muito importante trazer empresas e novos integrantes da Abcic que estejam inclinados a transformar o cenário da industrialização da construção. “Enquanto fabricante e fornecedor de tecnologias para o setor, entendemos que nossos
clientes devem conhecer fábricas de referência em países onde a cultura da industrialização da construção já está consolidada. No entanto, é necessário também escolher o parceiro ideal que saiba traduzir o que é aplicável ao contexto brasileiro. Por isso, a Vollert tem trabalhado intensamente, aportando nossos conhecimentos, experiência e tecnologias, enquanto empresa centenária, além de oferecer a nossa estrutura e rede de contatos para contribuir com a missão de Industrializar a construção civil no Brasil e no restante da América Latina”, finalizou.
Para Maass, os eventos são muito bem-vindos para divulgar o conceito e algumas práticas, com o objetivo de incentivar os integrantes para se aprofundar mais com ideias e melhores práticas de pré-fabricados. “O Brasil tem que adotar mais o assunto de “obras residenciais com painéis autoportantes pré-fabricados” e tem falta de conhecimentos específicos como cálculo estrutural com estruturas autoportantes, ligações, melhores práticas nas fábricas e durante as montagens nas obras”, disse. Por fim, Leonardi comentou que a expectativa da maioria dos empresários do grupo é que, em breve, tenhamos outra missão. “Estamos ansiosos por essa ação, pois é unânime a avaliação de que as missões são fundamentais para o aprimoramento contínuo de nossas empresas. Ao mesmo tempo, são momentos em que podemos ver coisas diferentes e confraternizar entre nós.”
A próxima edição da bauma será promovida entre os dias 3 e 9 de abril de 2028, em Munique.
Osegundo trimestre do ano foi marcado por importantes eventos no contexto mundial relacionados à engenharia do concreto, trazendo temas relevantes e atuais que norteiam e continuarão norteando o futuro da construção civil no mundo, no qual o concreto, seguirá como protagonista, de forma cada vez mais inteligente, abrangendo quatro temas fundamentais: resiliência, sustentabilidade, digitalização, incluindo a inteligência artificial, e a industrialização.
Além do Simpósio Conceptual Design, realizado no Rio de Janeiro (vide matéria na página 34), estive presente em dois outros eventos, com um novo olhar, sob a pers-
pectiva e por estar presidindo a fib, e necessariamente face a esta responsabilidade, aprofundando e avaliando determinados contextos sob a perspectiva global, compreendendo a profundidade de determinadas decisões e seus impactos podem trazer para as organizações, comunidade técnica e sociedade. Além do período intenso de dedicação que os eventos exigem, do aprendizado, porque a todo minuto estamos aprendendo e também ensinando, foi um tempo de “abraçar” distintas pessoas e culturas, com um profundo sentido de inclusão e de propósito. E ao mesmo tempo sem descuidar de todos os acontecimentos do nosso país e de nossa agenda local também intensa nes-
te ano. Mas, sempre movida pela certeza de que do protagonismo do concreto para o desenvolvimento humano e neste aspecto enfatizo a importância das pessoas, professores, pesquisadores, profissionais em todos os níveis de atuação.
De 16 a 18 de junho, na França em Antibes, aconteceu o Simpósio anual da fib, com o tema central, “Concrete Structures: extend Lifetime, limit impacts”, e que teve a AFGC (Asociacion Française de Genie Civil) como anfitriã, e o professor Jean Michel Torrenti, liderando a comissão organizadora. Nos dois dias que antecederam o evento, se realizaram as reuniões do Conselho Técnico e Assembleia Geral, no qual a delegação brasileira - o Brasil é integrante dos 42 grupos nacionais - esteve representada por mim e pelo professor Fernando Stucchi (head da delegação) e também pelo Chair do Young Members Group (YMG) Marcelo Melo. Como destaque, o tema proposto pela gestão atual teve o SAG
– Special Activity Group de IA e Digitalização aprovado nas reuniões. No âmbito das palestras e sessões técnicas, destaque para infraestrutura, obras existentes, durabilidade e corrosão. Na sessões técnicas, enfatizo a sessão de industrialização, onde projetistas internacionais começam a projetar estruturas voltadas para reutilização/circularidade, case apresentado pela Consolis, além de outros temas relacionados A sessão foi coordenada pelo professor Witt Derkowski, coordenador da Comissão 6 de pré-fabricados de concreto.
De 25 à 27 de julho de 2025, se realizou o 20º Aniversário da Federação Asiática de Concreto (ACF) e o Simpósio de Tecnologia de Concreto Emergentes em Changsha. O evento contou com o apoio de universidades locais, da província de Hunan, e de outras entidades membros da Federação como os Institutos do Concreto do Japão, Coréia e Índia, além do apoio institucional da fib, RILEM (International Union of Laboratories and Experts Construction) e American Concrete Institute (ACI). O evento contou com 400 participantes de 15 países, principalmente asiáti-
cos. Fui convidada para a cerimônia de abertura e ministrei a palestra intitulada “Concrete Structures Vision Towards a Global Integration”, enfatizando a importância das organizações ligadas à engenharia do concreto, neste momento de grandes transformações de toda a ordem, tema vital para a engenharia do concreto. Outras palestras relevantes e sessões técnicas trataram de temas como impressão 3D, novos materiais cimentícios, UHPC e durabilidade.
Em Changsha, visitei uma fábrica de lajes e painéis pré-fabricados, em sistema carrossel, com clientes em distintos segmentos incluindo educacional e residencial, com torres em sistema de painéis portantes de até 32 pavimentos.
Por ocasião da ida à China, fui convidada para um programa com a Universidade de Tongji, coordenada pelo professor Bin Zhao, vice-coordenador do Departamento de Mitigação de Desastres para as Estruturas”, membro da delegação chinesa junto à fib, tendo o objetivo de discussões bilaterais entre ambas organizações, seguido de um Workshop no qual apresentei a palestra sobre uma visão presente e
futura das estruturas de concreto através das ações da fib. Na universidade destaco ainda à visita ao edifício dos laboratórios de mitigação de desastres naturais, incluindo sismos e resistência ao fogo, onde modelos em escala real podem ser ensaiados. Tive a oportunidade de visitar dois canteiros de obras impressionantes da SCG Shanghai Construction Corporation: A North Bund Super Tower que terá 480 metros de altura em fase de construção e a Great Shanghai Opera com destaque para a adoção de UHPC nas escada pré-fabricada uma verdadeira obra de arte; além da TJAD Architects, empresa de consultoria
e projetos formalmente conhecida como Tongji Architecturual Design Group, responsável pelo projeto da Shanghai Tower. Visitamos a Envision, dedicada especialmente à área de energia, incluindo projeto, desenvolvimento e produção de torres de concreto para aerogeradores. Em especial nesta programação na China, tive a oportunidade ímpar de estar acompanhada pelo professor Luc Tarwe (Bélgica), que além de ser o editor geral do Structural Concrete Journal da fib, por muitos anos participou de inúmeras pesquisas e aulas no país, devido a parceria entre as universidades de Ghent e Tongji.
Sem dúvida, trago na bagagem importantes ações a serem desenvolvidas na tônica de pensar globalmente e agir localmente, mas desta vez pensando também no agir globalmente. O mais importante é sabermos que há muito há fazer e que a união das entidades que representam o concreto no Brasil e no mundo é fundamental para vencermos os desafios atuais e futuros como suporte a nossa indústria.
RICARDO COUCEIRO BENTO 1
1. Prof. Dr. PUC Minas/ Pós-Doutorando FZEA - USP
O setor de construção civil tem estimulado o desenvolvimento de tecnologias inovadoras com foco na sustentabilidade do concreto por meio de soluções que reduzam as emissões de gases de efeito estufa A produção de cimento Portland representa cerca de 7% das emissões globais de carbono.
Este trabalho apresenta uma técnica para acelerar a hidratação do cimento Portland nas idades iniciais, com potencial para reduzir significativamente o consumo do aglomerante e/ou promover o ganho antecipado de resistência em estruturas pré-fabricadas viabilizando ciclos produtivos mais curtos - a sonificação por meio do ultrassom de potência (UP) - que atua diretamente na reatividade dos compostos cimentícios
Neste artigo são apresentados os conceitos básicos do processo baseados em sua pesquisa no programa de pós-doutorado em andamento pela FZEA – USP e informações obtidas em viagem técnica à Alemanha, efetuada pelo autor, que cuja programação contemplou um estágio em empresa desenvolvedora do processo, visita a usina que aplica a tecnologia regularmente e investigações efetuadas no F. A. Finger Institute for Building Materials Science - Bauhaus University Weimar.
O uso do Ultrassom de potência demonstrou ser uma tecnologia alternativa promissora e fundamentada para a fabricação de elementos estruturais, componentes das estruturas de concreto pré-fabricado e dar um grande passo em direção à sustentabilidade proporcionada pela aplicação da técnica, visando não só a redução de emissão de CO2, como também a diminuição dos custos de produção.
A produção de cimento Portland representa cerca de 7% das emissões globais de carbono e 7% do uso de energia industrial, IEA (2018).
Entre as ações para a produção de concreto neutro em carbono até 2050, em consonância com as metas climáticas globais de redução de emissões de CO2, reduzir o consumo de clínquer de cimento e aumentar a eficiência na produção de concreto por meio da otimização de misturas, materiais constituintes, produção industrializada e qualidade, se constituem em importantes aspectos para o alcance dos objetivos, GCCA (2021).
O fib Model Code 2020 também ressalta a importância das estruturas de concreto em contemplarem o desenvolvimento sustentável, fib (2023).
Uma maneira de tornar a produção de concreto mais sustentável é substituir parte do clínquer de cimento com alto consumo de energia e emissões de CO2 por materiais cimentícios suplementares (MCS) como cinzas volantes, escória granulada de alto-forno, sílica ativa, argilas calcinadas e pozolanas naturais ou utilizando MCSs separadamente como aditivo parcial em sistemas de argamassa/concreto, GANJIAN et al (2018). Na prática, esses concretos com baixo teor de CO2 muitas vezes não são utilizados principalmente devido ao seu menor desempenho de resistência inicial, mesmo com a utilização de aceleradores químicos, que interferem em vários produtos de hidratação e podem causar a despassivação do aço das armaduras.
Especialmente na produção de concreto pré-fabricado é imprescindível uma alta resistência inicial para a manutenção dos ciclos de produção, REMUS et al (2024). Diversos métodos são utilizados para acelerar a velocidade de hidratação do cimento e o consequente aumento na resistência do concreto com o objetivo de assegurar a integridade dos elementos estruturais durante as situações transitórias, saque das formas bem com a liberação da protensão, movimentação, armazenamento, transporte e montagem durante a fabricação desses componentes. Os mais comuns são: a utilização de dosagens de concreto com cimentos com alto teor
de clínquer como o CPV-ARI ou maiores consumos de cimento, a aplicação de aditivos químicos e o tratamento térmico.
Em alternativa aos métodos existentes,uma nova tecnologia vem sendo estudada e aplicada para acelerar o processo de hidratação e o consequente ganho de resistência em idades iniciais é o ultrassom de potência (UP), RÖßLER et al (2012); PETERS (2016).
Em termos de mineralogia, o cimento Portland comum (CPC) é composto por 50 a 70% de silicato tricálcico impuro (alita: C3S) como mineral principal, 15 a 30% de silicato dicálcico (belita: C2S), 5 a 15% de tricálcio aluminato (aluminato: C3A) e 5 a 10% de tetracálcio aluminoferrita (ferrita: C4AF) e uma pequena quantidade de gesso.
Após a hidratação, o cimento sofre uma reação multifásica complexa envolvendo dissolução e precipitação de vários hidratos, como silicato de cálcio hidratado (C-S-H), hidróxido de cálcio (C-H), etringita e monossulfato. A natureza, extensão e cinética destas reações de hidratação controlam, em última análise, a química e propriedades físicas dos materiais cimentícios a curto prazo e o seu desempenho a longo prazo, KUNHI MOHAMED (2023).
A hidratação do cimento é um processo de dissolução/
precipitação e pode ser dividida em etapas essenciais descritas na figura 1.
O principal produto da hidratação da alita (C3S) são os silicatos de cálcio hidratados (C-S-H), em uma fase quase amorfa e portlandita. A formação da fase C-S-H ocorre durante a hidratação do cimento como um processo de precipitação da solução, onde a cristalização pode ser descrita como nucleação heterogênea e subsequente crescimento da nucleação.
De acordo com a teoria da nucleação, a taxa de hidratação durante o período de indução é governada pela nucleação e crescimento do C-S-H formado nos estágios iniciais da hidratação quando os hidratos primários precipitam na superfície da alita, mas não como uma membrana contínua, vide figura 2, JUILLAND et al (2010).
Estudos indicam fortes evidências de que o processo é auto catalítico, de modo que o produto em gel C-S-H estimula a sua própria formação, VEHMAS et al (2017).
Também foi postulado que o mecanismo de nucleação/ crescimento pode ser um processo contínuo, implicando que as nanoestruturas de C-S-H existentes estimulam a formação e expansão de novos produtos fora do local de nucleação original, THOMAS et al (2009).
Os efeitos químicos e físicos do Ultrassom de Potência (UP) em meio líquido foram universalmente reco -
Figura 2 - Esquema de hidratação em idade precoce de reação, JUILAND et al (2010)
(a) Um grão de alita é representado em seção transversal. As rupturas e os limites dos grãos são representados por linhas sólidas e tracejadas.
(b) Quando o grão de alita é colocado em contato com água, assume-se que alguns hidratos primários precipitarão (C-S-H em cinza escuro), mas não como uma membrana contínua. Áreas de energia superficial mais baixa podem permanecer apenas parcialmente hidroxiladas e, portanto, apresentarão alguma corrosão no ponto crítico das rupturas.
(c) Finalmente núcleos estáveis de CH e CSH começam a crescer, isso marca o fim do período de indução e o início do período de aceleração.
nhecidos como sendo a consequência da cavitação acústica, isto é, a formação, crescimento e colapso de microbolhas de gases na fase líquida. O ultrassom é transmitido através de um material da mesma forma que uma onda sonora por meio de uma série de ciclos de compressão e rarefação. O UP é, portanto, usado para produzir cavitação, REMUS (2022).
A implosão das bolhas de cavitação deriva a formação de “ondas de choque” e “correntes de jatos”,
fazendo com que jatos de líquido sejam direcionados para a superfície sólida de qualquer matéria suspensa no líquido e resultando na redução do tamanho das partículas, colisões de partículas e ativação de superfícies, PETERS (2016).
A figura 4 ilustra o ciclo de uma cavidade durante a sonificação em uma solução aquosa.
A cavitação, induzida por UP, acelera as partículas em meios aquosos e, assim, aumenta as colisões. Con-
Figura 4: Ultrassom de Potência (UP) em suspensões aquosas - fenômeno de cavitação acústica. PETERS, STÖCKIGT & RÖßLER (2009). sequentemente, as primeiras fases C-S-H cristalizadas nas superfícies de C3S são parcialmente removidas. A intensidade dos efeitos cavitacionais leva a danos mecânicos por desagregação e dispersão de conjuntos fracamente mantidos, também a remoção de revestimentos da superfície por abrasão e a transferência de massa à superfície.
A aplicação do UP não pode acelerar a formação de fases C-S-H na ausência de superfícies de partículas previamente formadas. Isto indica que a formação de fases C-S-H não é iniciada pela aceleração de íons na solução e sim porque as fases formadas nas superfícies são cortadas e criam novas regiões na solução para posterior cristalização PETERS (2016).
Um processo acelerado de cristalização devido ao tratamento com UP só é observado quando as partículas estão presentes em soluções (suspensão) e estudos demonstram que macroscopicamente, o tratamento com UP leva a um início de solidificação mais curto e a um aumento da resistência inicial.
Exames em microscopia de varredura indicam um teor de C-S-H significativamente maior, principalmente no período entre 2 a 6 horas. Após 6 horas a concentração da fase C-S-H correspondente a até 375% em relação a pasta não sonificada. Após 24 horas pastas
sonificadas e não sonificadas apresentam resultados semelhantes evidenciando o efeito nas idades iniciais, REMUS (2022).
A figura 5 mostra a imagem ao microscópio eletrônico de varredura da microestrutura do C3S hidratado por 4 horas (relação a/c = 0,5) para a pasta de referência (esquerda) e a pasta sonificada (direita), onde aglomerados claros de fases C-S-H podem ser vistos na pasta não sonificada. Na pasta sonificada há uma estrutura de fase C-S-H significativamente mais fina e distribuída por toda a superfície.
tland, demonstra potencial para reduzir significativamente o consumo do aglomerante e/ou promover o ganho antecipado de resistência em estruturas pré-fabricadas viabilizando ciclos produtivos mais curtos já que a sonificação por meio do UP atua diretamente na reatividade dos compostos cimentícios
São esses efeitos que tornam o UP atraente para a indústria de materiais à base de cimento em que os sistemas são heterogêneos e a hidratação do material é importante durante a transformação de uma suspensão fluida em um sólido à temperatura ambiente.
Figura 5: Microestruturas de C3S hidratado (p/f = 0,50) obtidas com elétrons secundários no MEV após 4 horas de hidratação para a amostra de referência (esquerda) e a amostra sonicada (direita). REMUS, (2022).
Em numerosos estudos sobre o desenvolvimento da temperatura de pastas de cimento sonificadas e não sonificadas, descobriu-se que o curso do desenvolvimento da temperatura é encurtado como resultado do tratamento ultrassônico. Não há nenhuma mudança significativa no curso.
A figura 6 mostra um exemplo da evolução da temperatura de 3 amostras de pasta de cimento. O início da solidificação da amostra sonificada UP ocorre significativamente mais cedo do que na amostra de referência ou tratada termicamente (WB), REMUS (2022).
A técnica, que acelera a hidratação do cimento Por-
6: Evolução da temperatura de pastas de cimento sonicadas e não sonicadas.
Relação A/C da pasta de cimento = 0,47. WB corresponde a uma amostra de pasta de cimento que foi aquecida manualmente (em banhomaria) de forma semelhante ao tratamento ultrassônico (REMUS (2022).
Estudos e testes em concretos com tratamento de UP vêm sendo efetuados para a determinação da melhor mistura, energia aplicada, aditivos, etc., que proporcionem uma melhor eficiência na produção e resistência mecânica em idades iniciais, e os resultados são significativos. Um exemplo de resultado encontra-se na figura 7.
Fora obtidas reduções do CO2 incorporado na fração de cimento em até 30% e mesmo em escala industrial o consumo de energia do processo de sonificação ficou entre 1,5 e 2 kWh/m³, o que é insignificante tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico, CPI (2021), REMUS (2022), REMUS et al (2023), REMUS et al (2024), O autor como parte de sua pesquisa no programa
Figura 7: Resistência à compressão inicial de um concreto pré-moldado com 20% de CEM I e 80% de CEM II/B-S. REMUS et al (2023)
de pós-doutorado pela FZEA – USP efetuou uma viagem técnica à Alemanha onde obteve resultados que se encontram em processo de análise e tratamento para futura publicação quanto a traço, consistência, desenvolvimento da temperatura, teor de aditivos, energia,
amplitude induzida, etc.
A viagem técnica aquele país foi composta por 3 partes:
• Um estágio em uma empresa desenvolvedora da tecnologia,
• Visita a usina de pré-fabricados onde a tecnologia está em uso e
• Investigações efetuadas no F. A. Finger Institute for Building Materials Science - Bauhaus University Weimar.
A fase da pesquisa executada na Alemanha foi iniciada pelo autor com o envio do Brasil de 80kg de cimento CP-V à vácuo para a execução das investigações.
O concreto produzido para ensaios foi para uma classe de 60 MPa com um consumo de 400kg de cimento e relação água/cimento de 0,42, agregados, mais aditivo plastificante e filler (tabela 1).
Foram moldados corpos de prova cúbicos de 10cm e
Tabela 1: Composição do concreto (valores em kg/m³)
estocados no laboratório para posterior rompimento. Os resultados em idades iniciais e aos 28 dias se encontram na figura 8.
A hidratação e ganho de resistência nas idades iniciais
Figura 8: Resistência à compressão em idades iniciais e aos 28dias de concreto ensaiado com cimento CPV na Alemanha (gráfico do autor).
foram significativamente aceleradas. Os resultados obtidos vão ao encontro de pesquisas com cimentos europeus. A aceleração mais forte no concreto de cimento Portland se observa após as 8 – 10hs. Após as 24hs a resistência à compressão do concreto tratado com UP e o não sonificado se encontram no mesmo nível. A resistência aos 28 dias do concreto sonificado sofre uma redução, geralmente entre 5 - 10%, que se deve ao aumento do teor de vazios de ar.
O conceito da unidade é de um sistema by-pass onde parte do cimento e da água é pré-misturado e tratado com o UP podendo ser instalado em qualquer usina de pré-fabricados. A configuração de produção não precisa ser alterada, o sistema é apenas uma adição à configuração atual da planta de pré-fabricação, figura 9.
Figura 9: Conceito da unidade de pré-mistura (verde) para usinas de concreto.
A configuração final depende fortemente das condições locais da usina de concreto. CPI (2021)
O sistema consiste em dois cubos empilhados – o superior abriga a tecnologia ultrassônica, o inferior, o tanque de armazenamento para a suspensão. O sistema tem aproximadamente 5 m de altura e uma área de aproximadamente 6 m².
O sistema de pré-mistura por ultrassom de usinas piloto foi projetado para suportar até 100.000 m³ de concreto por ano. Se a produção anual for superior a 20.000 m³ ainda faz sentido instalar seu próprio sistema no local. O período de retorno típico na Europa, é atualmente estimado entre 3 a 5 anos, graças à economia de cimento e tempo de produção.
O processo permite a produção dos componentes de concreto com uma quantidade significativamente menor de cimento ou o saque mais rápido das formas. Apesar da redução do cimento, as propriedades do concreto, especialmente as resistências iniciais, permanecem as mesmas. Isso se deve à aceleração da reação de hidratação – ou seja, à cura mais rápida do concreto induzida pelo UP utilizado.
Em uma planta de concreto média que produz 35.000 m³ de concreto por ano, isso se traduz em uma redução de clínquer de cimento de aproximadamente 3.200 to-
neladas no período.
Considerando todas as usinas de pré-fabricados do mundo, a economia de clínquer pode chegar a 110.000.000 de toneladas por ano.
O uso do UP demonstrou ser uma alternativa promissora e técnica fundamentada para a fabricação de concretos com menor impacto ambiental.
A tecnologia é aplicada para acelerar a hidratação do cimento Portland, com potencial para reduzir significativamente o consumo do aglomerante e/ou promover o ganho antecipado de resistência, como é o caso das estruturas pré-fabricadas, viabilizando ciclos produtivos mais curtos.
O processo permite a produção dos componentes de concreto com uma quantidade significativamente menor de cimento, redução do CO2 incorporado e aceleração do processo produtivo por meio do saque antecipado das formas.
O conceito da unidade para instalação é aplicável em qualquer usina de pré-fabricados existente, por tratar-se de uma configuração de produção que não precisa sofrer alterações; o sistema é apenas complementar à configuração atual da central dosadora do concreto.
A tecnologia já está implementada em três plantas de produção de concreto pré-fabricado na Alemanha nas cidades de Cottbus, Dortmund e Ulm. No momento mais uma instalação está em construção na cidade de Frankfurt am Main. Além disso, uma nova unidade está em fase de implantação na Espanha, o que demonstra o crescimento e a aceitação dessa inovação na Europa. No Brasil, a pesquisa completa com a análise dos resultados que visa a publicação das descobertas está em fase final. Essa etapa é crucial para validar os dados obtidos e compartilhar insights valiosos com a comunidade científica e o setor industrial. A conclusão dessa análise não apenas contribuirá para o avanço do conhecimento na área, mas também poderá abrir portas para futura parceria com os técnicos alemães (que continuam em contato com o autor) e a implementação da tecnologia em território brasileiro com investimentos a serem promovidos pelo setor.
ASKARINEJAD, A. POURKHORSHIDI, A.R., PARHIZKAR, T. Evaluation the pozzolanic reactivity of sonochemically fabricated nano natural pozzolan. Ul-
de Mounir Khalil El Debs
com ênfase na aplicação de elementos pré-moldados de Mounir Khalil El Debs
O livro apresenta, na primeira parte, os conceitos básicos sobre pontes os sistemas estruturais que as suportam, as seções transversais e os apoios.
Na segunda parte, apresenta as aplicações do concreto pré-moldado em pontes, seja na superestrutura, na infraestrutura, em pontes enterradas ou em pontes em arco.
O livro apresenta, na primeira parte, os conceitos básicos sobre pontes os sistemas estruturais que as suportam, as seções transversais e os apoios.
Na segunda parte, apresenta as aplicações do concreto pré-moldado em pontes, seja na superestrutura, na infraestrutura, em pontes enterradas ou em pontes em arco.
Na terceira parte do livro, textos do autor e contribuições de engenheiros convidados aprofundam e enriquecem o conteúdo com temas avançados e alternativas construtivas ainda pouco comuns no Brasil.
Na terceira parte do livro, textos do autor e contribuições de engenheiros convidados aprofundam e enriquecem o conteúdo com temas avançados e alternativas construtivas ainda pouco comuns no Brasil.
Repleto de exemplos e case histories reais, ilustrações, explicações passo a passo dos cálculos.
Repleto de exemplos e case histories reais, ilustrações, explicações passo a passo dos cálculos.
trasonics Sonochemistry, 19 (2012).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
CAS. NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, ABNT, 2017
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
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Omercado de estruturas pré-fabricadas de concreto tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos, especialmente no cenário pós-pandemia. A busca por maior produtividade, industrialização da construção e redução de desperdícios impulsionou a adoção do sistema construtivo em diversos segmentos, permitindo que as empresas do setor expandam suas operações de forma sustentável.
Na Alves & Moraes, temos acompanhado essa evolução com foco em três pilares: pessoas, processos e tecnologia. Em um cenário de escassez de mão de obra qualificada, investir na formação e qualificação dos colaboradores tornou-se essencial. Paralelamente, ampliamos nosso parque fabril e incorporamos novos processos produtivos, visando ganho de escala e eficiência.
Ao longo de nossos 11 anos de atuação, migramos de uma empresa fortemente ligada ao agronegócio para uma empresa multimercado. Hoje, atendemos demandas em galpões industriais e logísticos, centros comerciais, supermercados, projetos educacionais, postos de combustíveis e, mais recentemente, no setor de habitação vertical. A crescente procura por edifícios residenciais e comerciais em pré-fabricado nos motivou a desenvolver uma nova linha exclusiva para esse mercado. Estamos, inclusive, conduzindo estudos avançados para aplicar nosso sistema em empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. A expectativa é viabilizar a construção de torres residenciais entre 60 e 80 metros de altura utilizando exclusivamente pré-fabricados de concreto — uma solução promissora diante da escassez de mão de obra e da necessidade de industrialização da habitação de interesse social.
No setor do agronegócio, observamos uma transformação. Os antigos galpões atirantados deram lugar a soluções mais complexas, como galpões refrigerados para sementes e estruturas para armazenamento de grãos e silos de concreto. Este último voltou a ganhar espaço frente ao aumento do custo do aço, reabrindo um nicho importante para o pré-fabricado.
A inovação é um valor central em nossa trajetória. Desde o início, adotamos o Building Information Modeling (BIM), utilizando ferramentas como Revit e Plannix para garantir maior precisão de projeto, integração com projetistas e eficiência na produção. Recentemente, implementamos um ERP Totvs e iniciamos testes com Inteligência Artificial aplicada à engenharia. Além disso, conduzimos pesquisas com UHPC (Ultra High Performance Concrete), buscando ampliar nosso portfólio de soluções técnicas.
A sustentabilidade também tem guiado nossas ações. Contamos com o suporte da Ambiplac Ambiental — empresa do grupo —, especializada em gestão ambiental e logística reversa, o que fortalece nosso compromisso com práticas mais responsáveis na construção civil.
A atuação da Abcic é um diferencial para o setor. Como associados, valorizamos o intercâmbio técnico e institucional com outras indústrias do setor e a atuação da entidade em fóruns internacionais, como a fib (International Federation for Structural Concrete). Destaco ainda o 4º Encontro Nacional PPP (Pesquisa–Projeto–Produção), que reuniu arquitetos e projetistas, fortalecendo o elo entre concepção e fabricação no pré-moldado.
Por Erik Alves Diretor executivo da Alves & Moraes Pré-Fabricados
O futuro do setor é promissor. A industrialização, aliada à inovação e sustentabilidade, posiciona o pré-fabricado como uma solução estratégica para os desafios da construção civil no Brasil.
Nos tempos atuais, marcados por transformações sociais e econômicas que reduzem a oferta de mão de obra na construção civil, mais do que nunca torna-se imperativo que os sistemas produtivos adotem soluções mais industrializadas e menos dependentes de trabalhadores em campo. O contingente disponível precisa estar qualificado para atuar com métodos e processos próprios do ambiente fabril — onde a especialização substitui a força bruta. Não há mais espaço para a mão de obra desqualificada típica dos antigos canteiros.
Esta situação traz alguns desafios. Identificar as demandas de mercado e propor modos de produção adaptados a essa nova realidade. Desde propostas de simples racionalização e treinamento nas velhas atividades de maneira a otimizar os velhos e consagrados sistemas como as estruturas em alvenaria, passando por outros que radicalizam na redução de atividades e concentram em passos unificados várias etapas antes dissociadas, como as paredes de concreto que já embutem os complementos hidráulicos e elétricos nas fôrmas para moldagem única das placas horizontais e verticais que compõem a edificação.
Alternativamente, pode-se retirar o chão da fábrica dos canteiros e formalizá-lo em verdadeiras fábricas dos componentes que integrarão a edificação após a montagem ordenada desses componentes — A Indústria da pré-fabricação.
Devemos promover uma dialética com o mercado, realizando as adequações arquitetônicas necessárias para atender às demandas esté-
ticas e funcionais de cada setor da indústria, viabilizando e otimizando o desempenho dos elementos pré-fabricados na composição dos edifícios. Sendo este um dos maiores desafios, é fundamental buscar equipamentos versáteis que ampliem as possibilidades da planta fabril, assim como investir no treinamento adequado para cada máquina, sistema produtivo e, sobretudo, na capacitação de toda a comunidade envolvida no desenho e projeto. Essa articulação é o que permite transformar uma necessidade arquitetônica em uma solução estrutural e um plano de montagem detalhado em ‘just in time’, conduzindo o processo a um desfecho organizado, econômico e eficiente.
Particularmente, na ampliação do SHOPPING BREITAUP, em Jaraguá do Sul, a arquitetura impôs um pórtico de 66 m de altura SEM a possibilidade núcleo(s) rígido(s). Isso obrigou a introduzir passos de formalização real de nós semi-rígidos na fase de montagem e concretagens complementares, para que um pórtico daquela envergadura fosse possível, mesmo em extremos de vigas de equilíbrio.
Hoje, a indústria do pré-moldado tem potencial para ampliar sua presença, inclusive em obras de menor porte, ao contribuir com projetos mais detalhados, mão de obra mais qualificada que naturalmente elevarão a renda de toda a cadeia de trabalhadores da construção industrializada. No entanto, a alta dos juros encarece o crédito e exige aportes de curto prazo, forçando o setor a seguir o ritmo lento das vendas imobiliárias — um entrave à principal virtude do sistema: a velocidade.
João Kerber
Sócio proprietário na RKS Engenharia de Estruturas
Aintegração universidade-setor produtivo é uma importante alavanca para o crescimento do setor de pré-fabricados no país. Ninguém melhor que a indústria para entender a realidade: demanda, desafios, melhoria de produtividade e novos tipos de obras. Os datacenters, por exemplo, mudaram a necessidade de resistência ao fogo, as sobrecargas e os vãos. A academia pode contribuir para a realidade, mas não consegue imaginar os caminhos de mercado, pois a decisão de investimento não é cartesiana, pode ser de tendência, oportunidade.
A proximidade com a academia acelera a resolução de desafios. Porém, o contexto é fundamental porque uma pesquisa exige muito tempo de estudo e se há um direcionamento para a realidade, ela ganha outra relevância. E isso só acontece com o contato com as empresas. Uma orientanda no doutorado na UFSCar passou quase duas semanas em uma fábrica para entender como a laje alveolar era produzida, o que mudou sua forma de ver a pesquisa. Os profissionais da indústria não têm tempo de parar para estudar pelo dia a dia, então, a observação da universidade auxilia. E, isso é bom para ambos os lados. Comecei a estudar as ligações em estruturas pré-moldadas de concreto no meu mestrado (EESC-USP/1991), orientado pelo Prof. Mounir Khalil El Debs, seguindo com uma linha de pesquisa teórico-experimental no doutorado (EESC-USP) e pós-doutorado (Inglaterra-2000/01), que possibilitou a proposição de equações inéditas para representar o comportamento das ligações semi-rígidas e novos procedimentos para análise da estabilidade de pórticos pré-moldados. Em 2004, a partir de um projeto especial da FAPESP, criamos um grupo de pesquisa na UFSCar, para estudar o comportamento de estruturas pré-moldadas com ligações usadas no Brasil, uma vez que as referências internacionais não se encaixavam ao contexto nacional. Assim, o convênio en tre a UFSCar e a Abcic (outubro/2004) permitiu uma maior integração uni versidade-empresas do setor. Dessa interação, resultados das pesquisas realizadas no NETPre contribuíram para o aprimoramento de normas ABNT: na NBR9062 (2006/2017), respondi pelo item sobre Análise da Estabilidade e Ligações Semi-rígidas, na NBR 14861 (2011/2022), atuei como coordenador, e na NBR 16475 (2017), contribuímos para os critérios de
projeto de ligações em painéis.
O apoio da entidade no contexto acadêmico fez com que o laboratório do NETPre fosse uma realidade, se transformando em um centro de referência no país. Mas, o Brasil é um país continental, o que significa que não basta ter apenas um centro de referência, é preciso ter diversos polos em todas as regiões. É o pensar globalmente, atuando localmente.
O NETPre apoiou ainda a 1ª Missão Técnica da Abcic (Europa/2008), especialmente, com a atuação de Íria. O passo para internacionalização recebeu o importante apoio do Prof. Kim Elliott (Nottingham) e do Eng. Arnold Van Acker (Bélgica), que estiveram várias vezes no Brasil. Neste mesmo ano, por recomendação dos Profs. Elliott e Engstrom (Suécia), passei a integrar a Comissão 6 de Pré-fabricados da fib. Nos primeiros anos, fui delegado do Grupo Brasileiro junto à fib, representando a Abcic. Foi um período muito oportuno, pois foi marcado pela aproximação da Comissão 6 com o Precast Concrete Institute (PCI-USA).
O posicionamento da Abcic em buscar um intercâmbio efetivo com outros países – convite aos especialistas internacionais e a ida de representantes brasileiros para reuniões no exterior - mostrou que o país poderia contribuir em nível mundial. Esta postura trouxe resultados concretos para a pré-fabricação do Brasil, mas também gerou o reconhecimento da própria fib, cuja maior prova foi eleição de Íria – primeira mulher e sul-americana - para a atual presidência.
Passados mais de 30 anos, nós, professores e pesquisadores, atuando em diversas universidades, alguns ex-orientados do Prof. Mounir, orientando novas gerações, formamos uma rede de relacionamento, que têm conseguido formar um consenso técnico, que é fundamental para avanço contínuo do setor. Essa contribuição tem gerado inúmeras pesquisas que contribuem para a atualização de normas técnicas, para melhoria de produtividade dentro das indústrias e para a aplicação de novos materiais. É, sem dúvida, um importante legado para o desenvolvimento sustentável da pré-fabricação de concreto no país.
Marcelo de Araújo Ferreira, professor titular da Universidade Federal de São Carlos e coordenador do Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto (NETPre/USFCar)
Aincerteza global, título do artigo da última coluna, não se dissipou, pelo contrário, segue presente com a tensão do cenário geopolítico mundial juntando-se às incertezas da política comercial americana. No entanto, contrariando as projeções iniciais, a inflação tem desacelerado. A atividade e o mercado de trabalho domésticos seguem resilientes.
A desaceleração da inflação tem se dado pela queda nos preços dos alimentos in natura e pela estabilidade da alimentação no domicílio. Dessa forma, as projeções para 2025 têm sido revisadas: a mediana das expectativas que chegou próxima a 6%, estava em 5,18% no boletim Focus de 04/07. De acordo com o Boletim Macro do FGV IBRE, a inflação de 2025 pode ficar em 4,9%.
Mas as incertezas do cenário global, assim como a resiliência da atividade podem atrapalhar o percurso de desaceleração. E mesmo no cenário mais favorável, a inflação em 2025 ficará acima do teto da meta de inflação de 4,5%. A alta dos preços no segmento de serviços – alimentação fora do domicílio e serviços pessoais - continua pressionando o índice.
A política fiscal expansionista tem contribuído para atenuar os efeitos da política monetária. A Carta do IBRE da Revista Conjuntura Econômica de junho destaca que a despesa dos Estados e Municípios se tornou uma das principais fontes do desequilíbrio das contas públicas no Brasil, representando um impulso fiscal que vai na contramão dos esforços da autoridade monetária para controlar a inflação.
Assim, a atividade se mantém resiliente e os temores de uma recessão técnica estão afastados, por hora: a taxa de desocupação ronda patamares mínimos históricos. Ou seja, persiste também a escassez de mão de obra, o que, por sua vez, contribui para o aumento dos custos com mão de obra.
Diante dessa conjuntura, o Copom elevou a Selic para 15% a.a., sinalizando a interrupção do ciclo de alta, mas também a manutenção da taxa em patamares elevados por bastante tempo. Ou seja, o choque de juros está sendo mais forte do que o previsto anteriormente. O que nos leva a indagar sobre como irá evoluir o investimento ante essa conjuntura de escassez de mão de obra e elevadas taxas de juros.
Parte expressiva das obras de infraestrutura já está contratada e em andamento. Vale notar que a Sondagem do FGV IBRE apontou que o Indice de Confiança das empresas da construção (ICST) entre janeiro e junho caiu 0,9 ponto. A queda deu-se basicamente pela piora na percepção da situação corrente, ou seja, pressão de custos, dificuldades com financiamento e, principalmente, escassez de trabalhadores. Mas o Indice de Expectativas subiu no mesmo período 2,1 pontos.
O Índice de confiança das empresas de Infraestrutura ficou praticamente estável, mantendo-se próximo ao patamar de neutralidade. Dentro do setor, a infraestrutura tem os melhores índices de Confiança e Expectativas – o Índice de Expectativas subiu 2,5 pontos entre janeiro e junho. O que significa que as empresas estão percebendo as dificuldades, mas se mantêm relativamente otimistas com as perspectivas.
É importante destacar que os indicadores de atividade da construção mostram uma desaceleração do crescimento na comparação com 2024. Mas ainda assim, os sinais são positivos. Uma importante variável é o consumo de cimento: segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, nos primeiros cinco meses do ano, o consumo doméstico aumentou 4,6% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Não é possível distinguir a demanda das famílias da demanda das empresas nesse número ou o segmento que mais tem demandado cimento. De todo modo, indicadores de emprego com carteira corroboram o crescimento da atividade formal e o avanço da infraestrutura – o saldo de contratação no segmento da infraestrutura até maio já está 13,7% maior do que o observado no mesmo período de 2024.
Ana Maria Castelo Coordenadora de projetos do IBRE/FGV
Dessa forma, para o ano corrente, as projeções de crescimento para a construção e a cadeia como um todo estão mantidas. No entanto, efetivamente, o cenário ficou mais adverso, o que pode implicar a postergação ou mesmo cancelamento de decisões de investimento privados. Por outro lado, os investimentos dos Municípios e, principalmente, dos Estados, à medida que vai se aproximando do ano eleitoral, podem contrapor esse movimento garantindo a continuidade do ciclo de recuperação do investimento na infraestrutura.
A engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, foi convidada mais uma vez para participar do Women in Engineering Forum 2025, realizado pela Universidade de Abu Dhabi (ADU). Em sua sétima edição, o evento teve como tema central “Empoderando Engenheiras: Superando Desafios e Liderando Inovações Sustentáveis na Era da IA".
Íria participou como presidente da fib (International Federation for Structural Concrete) do painel "Empoderando Engenheiras: O Papel das Sociedades de Engenharia na Construção de um Futuro Sustentável e Inclusivo", trazendo suas avalições sobre este importante tema, uma vez que as entidades são fundamentais para garantir a evolução técnica, tecnológica e de mercado na área da engenharia e no setor da construção, ao reunir empresas e profissionais em um ambiente colaborativo para compartilhar conhecimento e para definir estratégias para defesa de ideias e objetivos em comum.
“Vivenciamos um período de transformação importante no mundo, com questões de toda ordem, ao mesmo tempo em que inovações advindas da digitalização e da necessidade da descarbonização, por exemplo, trazem um novo contexto onde a integração e inclusão de gêneros com distintas e complementares habilidades são cada vez mais vitais para a sociedade. Nossas entidades são um importante apoio para esta
integração”, comentou Íria ao participar pela terceira vez do fórum, ocasião em que parabenizou a comissão organizadora na pessoa da Professora Reem Sabouni, que preside os trabalhos.
Também participaram do painel: Sheikha Nahla Alqassimi, vice-presidente do Conselho de Governança da Sociedade de Engenheiros dos Emirados Árabes Unidos; Iman Abi Saab, presidente do Grupo Regional IStructE dos Emirados Árabes Unidos; Marsha Anderson Bomar, presidente da Sociedade Americana de Engenheiros Civis (ASCE); Maria Juenger, presidente do Instituto Americano de Concreto (ACI); e Sandi Rhys Jones OBE, ex-presidente do Chartered Institute of Building (CIOB). A mediação foi de Reem Sabouni.
Para Reem Sabouni, em uma era de rápido progresso tecnológico, as mulheres estão emergindo como líderes em todos os setores, impulsionando a inovação e mol-
dando o futuro. “À medida que a IA continua a redefinir nossos setores e sociedades, é fundamental que as engenheiras liderem a criação de soluções inteligentes, resilientes e inclusivas”.
O Congresso, promovido no dia 6 de maio, foi realizado pela Faculdade de Engenharia da Universidade de Abu Dhabi (ADU), em colaboração com a Federação Internacional de Concreto Estrutural dos Emirados Árabes Unidos (fib-UAE) e com a parceria da Prefeitura de Abu Dhabi e da Sociedade de Engenheiros dos Emirados Árabes Unidos.
O evento híbrido contou com a participação de 300 engenheiros, acadêmicos, estudantes e líderes da indústria, destacou o papel das mulheres no avanço da IA, sustentabilidade, inovação e inlcusão, pilares fundamentais da agenda de desenvolvimento dos Emirados Árabes Unidos, dos resultados da COP28 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
O 66ª Congresso Brasileiro do Concreto acontece de 28 a 31 de outubro, no Centro de Convenções Positivo, em Curitiba, e tem como tema “Concreto: material do passado, do presente e do futuro”. Promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), evento vai contar com palestras de renomados pesquisadores sobre como reduzir a pegada de carbono do concreto, de modo que seu consumo possa continuar aumentando para construção de moradias e infraestrutura dos países em desenvolvimento, sem comprometer as metas de redução das emissões de gás carbônico pelo setor.
Nesta edição, contará com o Seminário fib “Model Code 2020 e os Eurocódigos”, a ser realizado no dia 30 de outubro e que será coordenado pela engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic e presidente da fib, além de outros 11 seminários coordenados por direto-
res e conselheiros do IBRACON. Karen Scrivener, professora de materiais de construção da Escola Politécnica da Lausanne, na Suíça, e coautora do relatório do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente sobre clima e construção sustentável, vai expor e debater as novas estratégias para a descarbonização da construção civil. Na mesma linha de exposição, o professor de engenharia estrutural na Universidade Nova Gales do Sul, na Austrália, Stephen Foster, vai apresentar os desafios relacionados aos novos materiais de construção, como o concreto de ultra-alto desempenho, os geopolímeros e os concretos álcalis ativados. Por sua vez, os avanços na modelagem numérica do comportamento estrutural do concreto reforçado com fibras será o tema da palestra do professor da Universidade do Minho, Joaquim Barros.
Uma novidade desta edição será a
Ilha de tecnologia para o futuro do concreto – a ConcreTech Island, um espaço exclusivo para as startups divulgarem o que estão desenvolvendo em termos de inovações disruptivas para o mercado da construção. Outra novidade é o Evexh Day, uma visita técnica para conhecer os processos produtivos e inovações desta empresa de protendidos do Paraná, além de ir a uma obra na qual esses sistemas estão sendo aplicados. O Congresso vai contar ainda com três concursos estudantis –Concreto: quem sabe faz ao vivo, Concreto Colorido de Alta Resistência e Ousadia. As empresas do setor construtivo estarão reunidas no salão de exposição para apresentar comercial e tecnicamente seus produtos e serviços aos congressistas na Feira Brasileira da Construção em Concreto – Feibracon, e estreitar relacionamentos.
Informações: https://concreto. org.br/66cbc/
O Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), a itt Performance e a Unisinos promoveram o 4º encontro do Fórum de Inovação da Construção Civil em 2025, que debateu o tema "Soluções de sistemas industrializados para fachada: ventilada e pré-fabricada".
A Abcic participou do encontro, por meio da palestra do arquiteto
Fernando Canova, coordenador de projetos especiais da entidade, que tratou dos painéis pré-fabricados, trazendo uma visão geral sobre o tema e exemplos de aplicação no Brasil e no exterior.
Ele destacou a publicação da ABNT NBR 16475:2017 - Painéis de Parede em Concreto Pré-Moldado – Requisitos e Procedimentos, em 2017, que contempla praticamente todos os tipos de painéis, e como é
possível utilizar os painéis, sua viabilidade econômica e técnica.
Em relação aos benefícios, citou a produtividade na execução, velocidade na execução, redução de custos indiretos, desempenho termoacústico, poucas patologias, menos manutenção, obra seca e não há geração de resíduos. O evento contou ainda com a palestra de Flavio Teitelbaum, diretor do Joal Teitelbaum Escritório de Engenharia.
A Abcic atua fortemente para o desenvolvimento da construção industrializada de concreto no Brasil. A participação dos associados é de fundamental importância para nortear as ações e para a fortalecer a entidade nos âmbitos institucional, técnico e governamental. Desse modo, damos as boas-vindas aos novos associados que, certamente, contribuirão com a Abcic e com o crescimento sustentável da construção civil e da infraestrutura no país.
FORNECEDORES
O 9º CBCi – Congresso Brasileiro do Cimento e a Exposição Internacional do Cimento – Expocimento 2025, foram realizados de 30 de junho a 2 de julho, no Golden Hall WTC, reunindo mais de 1.100 pessoas, que puderam conferir uma programação com cerca de 100 palestras e apresentações do que existe de mais atual e relevante para a produção do insumo e também para as organizações que aplicam sistemas cimentícios.
O evento foi aberto com pronunciamento do Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Paulo Camillo Penna. Em seu discurso, o dirigente destacou o momento da indústria brasileira de cimento diante das mudanças climáticas, no ano em que o país sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP30. “É nesse cenário que a indústria brasileira do cimento se apresenta, não como um problema, mas como parte essencial da solução. Há muitos anos assumimos com seriedade e compromisso nosso papel diante da agenda global. Atuamos com responsabilidade ambiental, social e
econômica”, destacou.
Além da COP30 e da agenda ambiental, o evento trouxe o debate sobre transição energética e descarbonização, a tecnologia de coprocessamento como solução sustentável na gestão de resíduos urbanos, um panorama sobre infraestrutura e o papel da inovação para mitigar as mudanças climáticas. Por fim, os presidentes de grandes cimenteiras brasileiras debateram os principais temas que abrangem o setor – desde as reformas e políticas públicas que impactam a atividade até a inovação tecnológica na produção e aplicação do cimento Portland e dos sistemas construtivos
que fazem uso dele, passando pelas perspectivas de mercado e aspectos ambientais.
A Exposição Internacional do Cimento - ExpoCimento 2025 ocupou um moderno espaço especialmente concebido para acolher as palestras, debates e apresentar o que existe de mais atual e relevante para a produção do insumo e também para as organizações que aplicam sistemas cimentícios. Em duas arenas temáticas, profissionais e lideranças da indústria do cimento e representantes da cadeia produtiva da construção debateram temas relevantes para fomentar o intercâmbio de ideias e a formação de novas parcerias.
NOS PROJETO ESTRUTURAIS
O ENECE 2025 – 28º Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, que acontecerá no dia 3 de outubro de 2025, no Centro de Eventos The One, em São Paulo (SP), debaterá o tema “Qualidade e Eficácia em Projetos Estruturais: Construtibilidade e Produtividade”, com o objetivo de explorar as decisões de projeto que impactam diretamente na qualidade, eficácia do consumo de materiais e no impacto ambiental e na produtividade da mão de obra na execução estrutural, com foco na integração entre concepção, planejamento e construção. O conteúdo programático contará com apresentações que versarão sobre as estratégias para otimizar recursos e simplificar processos construtivos (construtibilidade), soluções que promovem eficiência e agilidade na execução (produtividade), critérios técnicos e especificações mínimas que assegurem o desempenho, a segurança, a durabilidade
e a sustentabilidade das estruturas, alinhados às melhores práticas e normativas (qualidade e eficácia nos projetos).
O engenheiro George Maranhão fará a palestra “Construção rápida e sustentável: estruturas pré-fabricadas para edifícios altos e industriais”, enquanto o engenheiro Cary Kopczynski, ex-presidente do Insti-
tuto Americano de Concreto (ACI) e presidente do Conselho do PRO: Centro de Excelência do ACI para o Avanço da Produtividade, abordará o tema “Produtividade na indústria da construção: um problema que engenheiros estruturais podem ajudar a resolver”.
Informações: https://enece.abece. com.br/enece-2025/
SIMPAVCON DEBATEU OS TEMAS RELEVANTES PARA O PAVIMENTO DE CONCRETO REFORÇADO
Nos dias 12 e 13 de junho, a PUC-Campinas realizou, no Campus I, o 2º Simpósio de Pavimento de Concreto Reforçado (SIMPAVCON), com o objetivo de proporcionar um ambiente aberto e colaborativo para profissionais, pesquisadores, acadêmicos e demais interessados em discutir, compartilhar e explorar
avanços, desafios e inovações no campo da pavimentação de concreto.
O evento contou com o apoio institucional da Abcic e foi organizado pelo PUC-Campinas por meio do Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Infraestrutura Urbana e Faculdade de Engenharia
Civil, e reuniu especialistas de renome para discutir inovações e aplicações dos pavimentos de concreto reforçado com fibras e FRP, além de temas como: sustentabilidade e durabilidade dos pavimentos, projetos e controle de qualidade e tecnologias e soluções construtivas inovadoras.
Com presença do Ministro Jader Filho, o Summit Abrainc reuniu, no dia 28 de maio, mais de 600 participantes e debateu temas como funding, Minha Casa, Minha Vida, segurança jurídica, inovação, ESG e novos investimentos no setor habitacional. O evento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) contou com o apoio da Abcic, que foi representada por seu diretor de Marketing, Wilson Claro.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, enfatizou, na abertura do evento, que a incorporação vive um momento de excepcionalidade e destacou fatores macroeconômicos positivos, como o crescimento de 14% da Bolsa brasileira em 2025, além de chamar a atenção para o fato de que a valorização média das principais empresas do setor imobiliário chegou a 48%
no período. Nos últimos 12 meses, o Brasil totalizou US$ 68 bilhões em investimentos, tornando-se o quarto país emergente com maior fluxo de aportes nesse intervalo.
Jader Filho apresentou um panorama sobre o maior programa habitacional do país, o Minha Casa Minha Vida, e a importância do FGTS como fonte de funding para o setor. “Estamos fazendo uma revolução no MCMV, que só foi possível graças à união dos setores público e privado”, ressaltou.
A programação contou ainda com painéis que debateram a reforma tributária, ações realizadas pelo governo de São Paulo e o uso de Inteligência Artificial e inovação pelo setor. Na avaliação de Claro, o evento mostrou que a tecnologia terá um impacto considerável na economia e que existe a possibilidade de substituição de mão de
obra por automações feitas por IA. “Existe muita IA rodando e nosso setor precisa implantar também”, disse.
No evento, os participantes puderam ainda acompanhar quatro salas temáticas imersivas, que aprofundaram os temas: financiamento e crédito, inovação, tendências de mercado e comportamento do consumidor, ESG e construção civil, e segurança jurídica.
Outro evento com a participação de Claro foi o Inc Interior Paulista: 4° Encontro de Incorporadores do Interior de São Paulo, promovido no dia 3 de abril, pela Abrainc e Brain Inteligência Estratégica, que reuniu mais de 300 pessoas e discutiu o panorama e as perspectivas do mercado imobiliário na região.
Com Abrainc
A 2ª edição do Rio Construção Summit, reunirá no Pier Mauá (RJ), de 24 a 26 de setembro, empresários, autoridades, investidores, engenheiros, arquitetos nacionais e internacionais, profissionais e estudantes, que participarão de palestras, painéis, sessões interativas e workshops para debater as inovações que irão transformar o futuro da construção.
O evento terá um painel dedicado à pré-fabricação de concreto em edificações, que será realizado
no dia 25 de setembro, entre 12h e 13h, com o apoio da Abcic, e terá as avaliações de Alexandre Groeler, CEO do Grupo OAD, e de Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic, e mediação de Carlos Berenhauser Leite, presidente do Sinduscon Grande Florianópolis.
A programação do Summit terá ainda temas como soluções em governança ambiental, social e corporativa (ESG) que estão elevando os padrões de sustenta-
bilidade das obras, o papel das startups nas inovações, como o Building Information Modeling (BIM) está digitalizando e traçando novos rumos para as áreas da Engenharia, Arquitetura e Construção Civil (AEC) e os incentivos à qualificação profissional e ao desenvolvimento de carreiras no setor, que é intensivo em mão de obra.
Informações: https://rioconstrucaosummit.com.br/
O Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) promoveu, nos dias 4 e 5 de junho, no Milenium Centro de Convenções, o 18º
Simpósio Brasileiro de Impermeabilização (IBI), que reuniu mais de 400 profissionais da construção civil para debater o tema “Sustentabilidade na Impermeabilização”. O evento contou com o apoio institucional da Abcic. A programação técnica, formada por quatro palestras especiais e 22 palestras técnicas, trouxe tanto questões estratégicas com
vistas ao desenvolvimento tecnológico e de mercado quanto aspectos da realidade cotidiana dos profissionais que atuam nos diferentes estágios de um empreendimento, partindo das concepções de projetos, passando pelas alternativas técnicas relativas a produtos e sistemas, técnicas de execução e concluindo-se o ciclo com o reconhecimento das ações preventivas e de manutenção.
Ao longo do SBI, foram apresentados 44 trabalhos, que foram
avaliados por especialistas do setor. Um dos destaques da programação foi a entrega de homenagens à fundadora engenheira Maria Amélia Silveira e ao ex-presidente engenheiro Ariovaldo Torelli. Houve ainda premiações Acadêmicas e Profissionais, que reconheceram as inovações em materiais, sistemas e soluções sustentáveis na impermeabilização. O SBI marcou também o lançamento do vídeo comemorativo dos 50 anos do IBI.
O Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) apresentou os avanços em sustentabilidade na construção civil, propondo diretrizes estratégicas para as discussões da COP 30, durante o Seminário Estratégias para o Futuro da Construção Sustentável, promovido no dia 29 de maio, em parceria com a Saint-Gobain Brasil e o Green Building Council (GBC), com o apoio da Abcic. Para Yorki Estefan, o futuro da construção sustentável depende da mobilização contínua do setor em iniciativas como esta. “A construção civil tem muito a colaborar com a conferência, seja compartilhando boas práticas e também
contribuindo com soluções concretas para o desenvolvimento sustentável do setor”, destacou.
O evento marcou ainda a comemoração de 25 anos do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP, que passou por desafios para sua constituição. “O Comasp conseguiu quebrar a resistência do setor, provando que a sustentabilidade, além de preservar o meio ambiente, é um fator fundamental de competitividade para nossos negócios. Hoje, é reconhecido por seu trabalho e segue na vanguarda desta temática”, explicou Estefan.
O seminário contou com três painéis com representantes do Poder Público e da iniciativa privada. O
primeiro foi composto por três temas: “Planos de Ação Climática e de Energia: Diretrizes, Metas e Estratégias”, “Construção Civil e o Clima: Desafios e Tendências no Cenário Internacional de Descarbonização” e “Construindo um Futuro Sustentável: O Protagonismo do Brasil na Descarbonização”. O segundo trouxe o debate sobre “Pegada Hídrica: Conectando Consumo, Produção, Setor da Construção e a Sociedade”, e o terceiro trouxe “Reflexões Finais e Caminhos para o Futuro”. Todos os painéis foram seguidos por um debate com os palestrantes.
Com Sinduscon-SP
A Abcic fechou uma parceria com a agência CMLO, a fim de ampliar as ações dos pilares Valorização da Associação e dos Associados e o Desenvolvimento do Portal do Conhecimento, no âmbito do Planejamento Estratégico 2023-2027.
A agência está preparando o Planejamento de Marketing da associação, com o objetivo de valorizar os programas e as atividades que apresentam grande valor para o setor e, ao mesmo tempo, sugerir novas ações que reiteram o importante papel da industrialização em concreto para a construção civil brasileira, apontando caminhos para um crescimento sustentável da entidade e de seus associados.
O presidente do Conselho Estratégico da Abcic, Felipe Cassol, avalia que o mundo está em constante transformação e são muitos desafios enfrentados pela construção civil, por isso é sempre importante estabelecer ações que permitam que o setor e as empresas associadas se desenvolvam e cresçam ainda mais.
A reunião plenário do Departamento da Indústria da Construção e Mineração da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Deconcic/FIESP) foi realizada no dia 3 de julho e teve como estudo de caso as construções feitas com o pré-fabricado de concreto.
A engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, fez uma apresentação sobre o contexto atual da construção civil e da pré -
-fabricação de concreto e sobre as principais ações promovidas pela entidade nas áreas de conhecimento, certificação, normalização e networking.
Os cases foram proferidos por Felipe Cassol, presidente do Conselho Estratégico da Abcic e CEO da Cassol Pré-Fabricados, que mostrou diversas obras realizadas pela empresa, com destaque para o Arquipeo e o Pacaembu, e por
Ivan Ribeiro Pereira, diretor superintendente da Tranenge, que abordou os projetos na área de infraestrutura rodoviária.
A reunião ainda contou com a apresentação de André Rebelo, diretor Executivo de Gestão, Infraestrutura e Construção Civil da Fiesp, que tratou dos dados conjunturais da construção civil.
CONCRETE SHOW
Data: 19 a 21 de agosto
Local: São Paulo/SP https://www.concreteshow.com.br/pt/ home.html
SEMINÁRIO ABCIC DURANTE
CONCRETE SHOW
Tema: “Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade na indústria do concreto pré-fabricado”
Data: 20 de agosto
Local: São Paulo/SP https://abcic.org.br/Home
SEMINÁRIO TÉCNICO – TRABALHO E VIDA
Data: 22 de agosto
Local: Salvador/BA
https://trabalhoevida.com.br/
CREA – MT/ABCIC - PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO NO BRASIL - CENÁRIO E POSSIBILIDADES
Data: 28 de agosto
Local: Cuiabá/MT https://abcic.org.br/Home
26º SEMINÁRIO TECNOLOGIA DE ESTRUTURAS E FUNDAÇÕES
Data: 28 de agosto
Local: São Paulo/SP https://sindusconsp.com.br/
V SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PONTES E ESTRUTURAS
Data: 12 de setembro
Local: PUCRS, em Porto Alegre
https://wp.ufpel.edu.br/engciv/vseminario-brasileiro-de-pontes-eestruturas-v-sbpe/
RIO CONSTRUÇÃO SUMMIT 2ª EDIÇÃO
Data: 24 a 26 de setembro
Local: Rio de Janeiro/RJ
https://www.rioconstrucaosummit.com.br/
CONPAT/fib 2025 - 90 ANOS DO INSTITUTO EDUARDO TOROJA
Data: 24 a 26 de setembro
Local: Madrid
https://www.ietcc.csic.es/conpat-2025/
SEMINÁRIO TÉCNICO TRABALHO E VIDA
Data: 26 de setembro
Local: São Paulo/SP https://trabalhoevida.com.br/
ENECE
Data: 03 de outubro
Local: São Paulo/SP
https://site.abece.com.br/
8ª EDIÇÃO INCORPORA 2025
Data: 09 de outubro
Local: São Paulo/SP https://www.abrainc.org.br/
SEMINÁRIO TÉCNICO –TRABALHO E VIDA
Data: 24 de outubro
Local: Porto Alegre/RS https://trabalhoevida.com.br/
NOTA: Alguns eventos podem ser alterados, recomendamos consultar o site para a acompanhar a evolução das informações.
REUNIÃO PRESIDIUM fib
Data: 26 e 27 de outubro
Local: Curitiba/PR
66º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO
Data: 28 a 31 de outubro
Local: Curitiba/PR
https://site.ibracon.org.br/
SEMINÁRIO fib, ORGANIZADO PELA
ABCIC DURANTE O CONGRESSO
BRASILEIRO DO CONCRETO / IBRACON
Data: 29 de outubro
Local: Curitiba/SP
https://abcic.org.br/Home
SEMINÁRIO TÉCNICO –TRABALHO E VIDA
Data: 25 de novembro
Local: Belo Horizonte/MG
https://trabalhoevida.com.br/
TENDÊNCIAS NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO
Data: 26 de novembro
Local: São Paulo/SP https://sobratema.org.br/
14ª EDIÇÃO DO PRÊMIO ABCIC
OBRA DO ANO
Data: 27 de novembro
Local: São Paulo/SP
https://abcic.org.br/Home