ANGEL uma coleção de joias sustentável

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO

Rafael Moraes

ANGEL uma coleção de joias sustentável

São Paulo 2020

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(...) depois de comer um lindo faisão dourado, o nosso primeiro parente resolveu aproveitar suas penas para se tornar mais atrativo para sua amada. Foi a primeira joia – certamente, o homem não se cobriu por timidez, mas muito pelo contrário- para sofisticar um pouco sua aparência. Pedro Correia de Araújo (Wagner, 1980, p.48, apud SKODA, 2012, p.21)

Fig,1 - Pena de Faisão Fonte: DreamsTime (Disponível em: <https://pt.dreamstime.com/ imagem-de-stock-pena-do-fais%C3%A3o-image1553701) 7


Rafael Moraes

ANGEL uma coleção de joias sustentável Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design Industrial Orientadora Professora Dra. Myrna Nascimento. São Paulo 2020 8


Resumo

Através do estudo sobre a evolução histórica da joalheria e das tendências de consumo no mercado de moda, este projeto se propõe a desenvolver uma coleção joalheira composta por peças intercambiáveis, que permitem customização, através dos princípios de montagem, obtendo maior amplitude de mercado consumidor, e viabilizam uma experiência ativa ao usuário; sem perder o apelo estético e atendendo aos padrões comerciais. O trabalho desenvolveu-se através da seguinte estratégia metodológica: pesquisa bibliográfica, definição das intenções e requisitos de projeto, pesquisa de referências de mercado, concepção, desenvolvimento e execução do produto Angel. Tendo o trabalho de Skoda(2012) como base histórica, uma discussão sobre sustentabilidade baseada em Kazazian (2005), e apoiando-se na metodologia de projeto apresentada por Baxter(2011), apresenta-se um pesquisa de tendências de consumo que permitiu a definição dos requisitos de projeto necessários para a efetivação deste trabalho. Espera-se que o produto final deste Trabalho de Conclusão de Curso esteja inserido no mercado joalheiro não-conservador, seja exemplo que contempla conceitos de produção sustentável, esteja consoante às tendências da moda e proporcione um novo tipo de experiência ao usuário. Palavras-chaves: Design Industrial, Design, Joalheria, Montagem, Customização

Abstract Through the study of the historical evolution of jewelry and consumer trends in the fashion market, this project proposes to develop a jewelry collection made up of interchangeable pieces, which allow customization, through the principles of assembly, obtaining a wider range of consumer market, and enable an active user experience; without losing the aesthetic appeal and meeting commercial standards. The work was developed through the following methodological strategy: bibliographic research, definition of intentions and project requirements, research of market references, conception, development and execution of the Angel product. Based on the work of Skoda (2012) as a historical basis, a discussion on sustainability based on Kazazian (2005), and based on the design methodology presented by Baxter (2011), a survey of consumption trends is presente that allowed the definition of the project requirements necessary to carry out this work. 9


It is expected that the final product of this Course Conclusion Work will be inserted in the non-conservative jewelery market, be an example that contemplates concepts of sustainable production, be in line with fashion trends and provide a new type of experience to the user. Keywords: Industrial Design, Design, Jewelry, Montage, Customization.

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SUMÁRIO Introdução ........................................................................................................ 12 Cap. 1 - Princípios do Projeto: Montagem, Inovação e Customização............. 15

Cap. 2 - Evolução das Joias................................................................................. 19 2.1 - Civilizações e Uso das Joias........................................... 19 2.2 - De objeto artístico à Arte Aplicada........................... 23 2.3 - Experimentações................................................ 26 Cap. 3 – Sustentabilidade e Mercado................................................................. 29 3.1 - A Consciência da Simbiose............................................ 29 3.1.1 - Joias Sustentáveis............. 32 3.2 - A Nova Visão....................................................... 35 3.3 - Hiato............................................................................... 36 3.4 - Tendências para 2020/2021- Mercado Moda…....…….. 37 Cap. 4 – Requisitos do Projeto……………………………………....………… 39

Cap. 5 – Customização e Experiência de Uso................................................. 43 5.1 – Casacos Dupla Face......................................................... 43 5.2 - Relógios Champion…………………………….………… 44 5.3 - Chaves de Fenda Mutáveis……………………...……….. 44 5.4 – Mixer e Triturador Britânia............................................. 45 Cap. 6 - Croquis ......................................................................................... 47 6.1- Brinco Desmontável........................................................... 47 6.2-Jogo de Brincos…............................................................... 48 6.3- Conjunto Geométrico,,,,,,,,,,,,,........................................... 48 6.4- Conjunto com Brinco Desmontável.................................. 49 6.5 - Jogo de Brincos Tendências da Década 2010…………. 50 Cap. 7 - Desenvolvimento…………………………………………………. 53 7.1 - Inspiração e Coleção…………………………………….. 53 7.2 - Projeto, Soluções e Materiais……................................... 57 12


7.3 - Execução…………………………………....…………… 62 Cap. 8 - ANGEL……………………………………….……………………. 65 Considerações Finais................................................................................. 84 Lista de Imagens…................................................................................... 86 Referências................................................................................................ 89 ANEXO..…………………………………………………………………… 91

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Introdução: O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresenta a confecção de um conjunto de peças de joalheria, semi-independentes, que permitem ao usuário decidir sobre seu uso, possibilitando diferentes configurações e ampliando possibilidades, atendendo, ao mesmo tempo, a um mercado consumidor de alto poder aquisitivo e contemporâneo, e a um sistema produtivo economicamente sustentável. Para compreender o contexto em que foi proposto o desenvolvimento do produto, realizou-se uma revisão evolutiva da produção de joias ao longo dos séculos e uma pesquisa para entender o comportamento deste mercado de consumo e prever tendências do uso de ornamentos para as próximas temporadas. Após décadas marcadas pelo consumismo de bens, comumente “descartáveis”, gerando alta degradação ambiental, nas décadas de 80 e 90, desenvolveu-se a ideia de um mundo sustentável (KAZAZIAN,2005) como defendem os teóricos contemporâneos, buscando soluções para o equilíbrio e preservação do meio ambiente, visando a sobrevivência do planeta, de seus recursos naturais e da condição de vida com qualidade. A partir deste pensamento, o crescente engajamento socioambiental conduziu a uma nova consciência de consumo que inicia uma ruptura nos paradigmas de produção. Desde 2015, quando a Agenda 2030 criou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o conceito de sustentabilidade ampliou sua abrangência e não tem conexão apenas com o meio ambiente, mas envolve tudo que se relaciona ao bem-estar das pessoas. Portanto, os objetivos citados visam estabelecer igualdade de gênero, promover o crescimento econômico de forma inclusiva e sustentável, oferecendo trabalho digno para todos, erradicar a pobreza e a fome, além de outras metas abrangentes e globais. Toda atitude consciente e responsável ao projetar produtos e serviços está em sintonia com esse raciocínio. Frutos desta sociedade em transformação, nos anos 2000 nasceu a geração Z, hiperconectada à informação, que tem como base o respeito, o engajamento socioambiental e o compartilhamento de experiências e comportamentos, o que leva seus membros a um consumo muito mais consciente do que o de gerações anteriores. São esses indivíduos que devem nortear o mercado consumidor pelas próximas duas décadas e, portanto, constituem um possível público-alvo para a coleção Angel.(MCKINSEY apud KOJIKOVSKI, 2017). A partir dessa compreensão, definimos o produto deste TCC como a produção de pequenas peças, individuais, que se articulam para formar variações e alternativas, que ampliam as possibilidades de uso do objeto, sem aumentar custos ou exigir a produção de estruturas ou suportes auxiliares. Peças pensadas para serem utilizadas segundo o desejo da montagem do usuário oferecem alternativas e criam dinâmicas de interação com o mesmo, que são bem-vindas como estratégias de produção e definição do mercado e do público-alvo. 14


Em termos de metodologia de projeto, adotamos Mike Baxter (2011), para definir etapas de projeto e pontos de verificação. Seguem abaixo as etapas percorridas para pesquisa e desenvolvimento do TCC : 1. Revisão Bibliográfica, tendo como tema os dois aspectos que norteiam o projeto – joias e sustentabilidade. Para tanto foram realizadas pesquisas bibliográficas pela internet, uma vez que as bibliotecas estavam inacessíveis durante a pandemia. Sobre a contextualização da evolução e produção de joias, adotamos como base a dissertação de mestrado de Sônia Skoda (USP, 2012), e, para sustentabilidade, adotamos o livro de Thierry Kazazian, “Haverá a Idade das Coisas Leves”, 2005. 2. Pesquisa Comportamental de Público-Alvo: para definir o público-alvo deste trabalho, efetuou-se uma longa pesquisa sobre as gerações, em particular, a Geração Z, apontada como guia do mercado de consumo nas próximas duas décadas, e suas características. A investigação ocorreu através de reportagens baseadas, principalmente, nos dados apresentados pelo Instituto McKinsey. 3. Tendências de Mercado: devido ao recente quadro de pandemia de coronavírus, realizaram-se pesquisas de macro cenário sobre comportamentos previstos ao consumidor pós-covid. As pesquisas foram feitas através de reportagens embasadas em institutos de tendências reconhecidos internacionalmente (WSGN e McKinsey) e em entrevista da formadora de opiniões, Paula Merlo, redatora chefe da revista VOGUE (25/05/2020) 4. Elaboração de Briefing: seguindo os conhecimentos adquiridos pela leitura anterior de Peter Phillips, “Briefing: a gestão do projeto de Design”, 2016, realizou-se a elaboração de um briefing prévio com as características desejadas aos ornamentos a serem produzidos. 5. Estudos de caso - levantamento de objetos industrializados que são constituídos de partes que se acoplam de forma diferenciadas e geram composições distintas de conjuntos. 6. Pesquisa de Materiais: - Experimentações de Materiais tendo como base a prata, material familiar ao autor do trabalho, porém explorando possibilidades de acoplamento e interação de partes, de forma a oferecer distintas possibilidades compositivas dos produtos gerados a partir de tal interação. 7. Representação e Execução, considerando o emprego de técnicas de modelagem 3D, prototipagem rápida e técnicas de ourivesaria. Após a conclusão das etapas, este Trabalho de Conclusão de Curso organizou-se em 8 capítulos. O primeiro apresenta uma reflexão sobre os princípios que norteiam este projeto. O segundo enfatiza a evolução de materiais e técnicas na produção de adornos. No terceiro tratamos sobre Sustentabilidade de forma ampla, entendo o conceito como condição básica para todo pensamento criativo no campo do design contemporâneo, e chegamos a alguns apontamentos de tendência de mercado. O quarto capítulo apresenta o que se definiu como requisitos para o projeto, e no quinto apresentamos algumas referências de design que envolvem os princípios apresentados no capítulo 1. Os capítulos 6 e 7 trazem o desenvolvimento e a execução do produto, respectivamente. O capítulo 8 é dedicado a apresentar o resultado final deste projeto através de imagens. Por fim, estão apresentadas as considerações finais, a lista de imagens, e as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento da pesquisa que fundamenta o Trabalho de Conclusão de Curso. 15


Capítulo 1 16


Cap. 1 - Princípios do Projeto: Montagem, Inovação e Customização Para Manzini (MANZINI, 1993, p. 65), o ato de projetar requer a capacidade de passar da parte para o todo, e vice-versa, sem perder a riqueza das relações estabelecidas, e acreditamos que esta proposta tem essa qualidade porque as peças são pensadas como partes e o todo é o resultado da articulação estabelecida a cada conjunto de combinações possíveis. Essas combinações podem ser associadas à geração de “novos” conjuntos, que passam a ser vistos como um “todo” especial, cujas características diferem daquela das peças vistas (e utilizadas) isoladamente. Podemos relacionar essa propriedade do resultado da “montagem” a dois contextos muito distintos, mas que defendem o resultado da interação de partes como algo “novo” e dotado de identidade e particularidade. Para Manzini, por exemplo, (MANZINI, 1993, p.64), as qualidades de um compósito resultante da associação de dois materiais, não resulta da soma das propriedades dos seus componentes, mas da interação resultante entre seus componentes, de modo que um mais um não são dois, mas tal soma gera um novo material, mais complexo e diferenciado dos anteriores. Para o cineasta russo, Sergei Eisenstein (EISENSTEIN, 1969, p. 136), o conceito de montagem é resultado da justaposição de dois elementos distintos, o que gera uma nova qualidade, que resulta da relação criada entre esses elementos. No objeto proposto por este TCC, vamos além: não só a relação entre todas as peças (individuais) gera um novo todo, como também é o usuário que se torna articulador destas possibilidades. Eisenstein (p. 141) descreve o processo de montagem de um filme por partes, aparentemente independentes, justapostas a fim de se criar uma representação particular. Mesmo que ainda estejamos consciente das partes envolvidas nesta montagem já não podemos ver a independência de cada fragmento com clareza. Da mesma forma, as peças criadas pela reunião de peças individuais da coleção Angel possibilitam ao usuário criar sua própria narrativa com as partes, que, usadas de forma independente são auto suficientes como adornos. É o conhecimento da evolução e dinâmica tecnológicas, bem como suas correntes internas, que constituem a base de qualquer forma de criatividade (MANZINI, 1993, p.56). Conhecer o mercado em que se atua é essencial para propor novas soluções. Nesta busca por inovação, enquanto no design a tônica é a finalidade, na invenção a principal característica é a novidade da solução técnica, podendo a motivação ser apenas a atribuição de um novo valor, como a abertura de um novo jogo possível (MANZINI, 1993, p. 52). Entretanto, tendemos a não prestar atenção nessas ideias, tratando-as com a mesma indiferença que tratamos seu material e o trabalho necessário para produzi-lo, motivo pelo qual as canetas são distribuídas gratuitamente como suporte publicitário, conforme nos alerta Flusser ao refletir sobre o descaso e desprestígio que atribuímos a objetos simples, produzidos em grande escala e, aparentemente sem valor material (FLUSSER, 2017, p.184). Analogamente, acreditamos

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ser possível considerar esse raciocínio quando tratamos de bijuterias – adornos sem material nobre – mesmo que possuam processo fabril idêntico, ou até mais trabalhoso, que as joias. Do colar de 75 mil anos (Fig. 2), feito de conchas, encontrado na Caverna de Blombos (África do Sul) às joias tecnológicas de Iris Apfel, capazes de enviar mensagens para seu celular (Fig. 3), a joalheria sofreu avanços técnicos impressionantes. Atualmente, com o advento de uma geração (Z) consciente de seu impacto e responsabilidades no meio-ambiente (KOJOKOVICS, 2017), e diante de uma sociedade que, após a experiência de uma pandemia em dimensão mundial, sai mais consciente, estão em cheque os hábitos de consumo, os modos de viver , o estilo e o ritmo de vida adotados até então, e, consequentemente, o próprio sistema produtivo de bens de consumo, que se vê forçado a uma adaptação em seus paradigmas.(SKODA, 2012).

Fig. 2 – Colar de 75.000 a.C. Fonte: Joias Africanas (Disponível em < https://www1. folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200401.htm)

Fig. 3 – Pulseira Duchess, por Iris Apfel. Fonte: Blog Waufen Semijoias (Disponível em https://blog.waufen.com.br/ joias-tecnologicas-que-conseguem-monitorar-sua-saude/) 18


Há tempos discute-se a sustentabilidade dentro do mercado de adornos; o longo convívio deste autor com o mercado dos acessórios, desde 2007, na cidade de Limeira (interior de São Paulo), capital mundial das semijoias, sinaliza que já havia empresas no mercado demonstrando sua preocupação ambiental através da produção de biojoias – joias que utilizam matérias-primas naturais ou biodegradáveis. Ainda que, de início, o mercado não tenha dado a devida importância ao assunto, nos últimos anos a discussão se tornou mais ampla e houve maior interesse pelo tema, surgindo designers como a francesa Lili Giacobino, por exemplo, que desenvolveu peças biodegradáveis, à base de batata, amido e tapioca. Com o advento da geração Z ao status de consumidores e com a recente pandemia de coronavírus, responsável, segundo estudos da McKinsey (2017), por desencadear uma maior conscientização sobre consumo de forma mais ampla, é provável que essa discussão ganhe cada vez mais espaço no mercado. Por outro lado, não seria incorreto afirmar que o mercado de acessórios está intimamente ligado ao mercado da moda, e compartilha como principal apelo a questão estética, ainda que coexista um mercado joalheiro mais conservador e atemporal que seja alheio às sazonalidades da moda. Sendo estético, pelo aspecto comercial, o resultado final é mais importante que o processo; tornando-se decisão projetual a forma como se emprega conceitos de sustentabilidade ao projeto. Ainda no campo das decisões, é necessário se munir de conhecimentos das duas vertentes produtivas: industrial x artesanal. Mesmo sendo uma discussão iniciada logo após a Revolução Industrial, ela está muito presente nos mercados de luxo até os dias de hoje, pois a exclusividade e a customização são mais valorizados do que as produções em série.

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Capítulo 2 20


Cap. 2 - Evolução das Joias Este capítulo apresenta um retrospecto de como a joia evoluiu e esteve presente na vida do ser humano desde os tempos mais remotos. Entende-se que o conceito de joia pode ser definido como um dos tipos de adorno corporal cuja característica principal é a associação com o material de origem metálica, sendo o valor dos metais ditado pelo mercado. As bijuterias seriam variações de adorno produzidas de material economicamente acessível. Subdividimos este segmento em três subcapítulos, enfatizando em cada um o tipo de entendimento que a joia e seu valor adquiriram ao longo do desenvolvimento das civilizações e a evolução das técnicas utilizadas. Assim, as abordagens dividem-se em: Civilizações e Uso das Joias; Do objeto artístico à Arte Aplicada, e Experimentações.

2.1 - Civilizações e Uso das Joias Não se pode precisar o motivo que levou o homem a se adornar, contudo, sabe-se que isso ocorreu há milhares de anos: “Cerca de 75 mil anos atrás, existiu um ser humano que se deu ao trabalho de furar algumas dezenas de pequenas conchas e juntá-las em um colar para usar como ornamento. É o caso mais antigo conhecido desse desejo estético” (BONALUME,2004). A peça (Fig. 2) foi encontrada na Caverna de Blombos, África do Sul, em 2002 e é formada por conchas de até 5mm. Skoda(2012) afirma que durante todo o Paleolítico, o homem primitivo usou uma série de materiais que pudessem ser facilmente manipulados, como dentes, conchas, crustáceos, vértebras de animais e fósseis, para se adornar. Mais tarde, cerca de 30 mil anos atrás, sendo capaz de fazer instrumentos de perfuração, raspadores e facas, o homem demonstrou preocupação com a estética e diferenciação de seus objetos; evidencia-se o fato pelos objetos feitos para uso imediato, que não teriam suas funcionalidades modificadas pela presença ou não do desenho – seria o nascimento da ornamentação -. (CASCUDO,1973, p.194 apud SKODA, 2012, p.41) Fig. 4 – Papua Nova Guiné, tribo isolada. Assim como na Pré-História, utilizam-se de materiais de fácil manipulação para se adornar....Fonte: Portfólio Jimmy Nelson (Disponível em https://www.jimmynelson.com/people/goroka) 21


Quanto aos metais, o ouro, mesmo tendo aparecido milhares de anos depois, nas fases mais recentes do Neolítico, é considerado o primeiro metal, sendo os registros mais antigos encontrados numa tumba na necrópole de Varna, Bulgária, que datam de 4600 a.C. Séculos mais tarde, iniciam-se os trabalhos com cobre, chegando ao bronze (liga de cobre e estanho), que se transformou no metal mais utilizado para a fabricação de objetos e adornos; provavelmente, assim como o ouro, devido ao seu brilho natural. Com o avanço das técnicas de metalurgia, a lista de metais cresceu e se permitiu que o ferro fosse amplamente utilizado, sendo considerado raro pela dificuldade em encontrá-lo. No estudo da evolução da joalheria, alguns povos merecem destaque: Egípcios, Citas, Persas, Lídios e Celtas. Os Egípcios destacam-se pela opulência de seus adornos; ao norte da África, desenvolveram a agricultura às margens do Nilo e formaram um imenso Estado sob a figura de um único faraó, o homem-Deus. O misticismo deu origem a uma cultura e riqueza que impressionam até hoje. Além do gosto pelos adornos, retratado nas milhares de imagens deixadas, as pirâmides, usadas como tumbas, guardam riquezas valiosíssimas - como o túmulo de Tutankamon (1332 a.C - 1323 a.C.), feito em ouro, incrustado com lápis-lazúli e detalhes em resina (Fig. 5) -. Fig. 5 – Máscara mortuária de Tutankamon Fonte: Wikipedia (Disponível em https:// pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1scara_mortu%C3%A1ria_de_Tutanc%C3%A2mon)

Os Citas viveram na antiga Mesopotâmia, entre os séc. VIII a.C. e sec. II d.C., e não desenvolveram o alfabeto, contudo têm sua história conhecida através da riqueza de suas joias encontradas em sítios arqueológicos. (SKODA, 2012). Eram apaixonados por adornos e, assim como outros povos, produziam joias mortuárias – peças feitas para serem enterradas junto aos mortos -; a diferença é que também as produziam para os mais pobres, tanto homens quanto mulheres, utilizando ferro e bronze (deixando o ouro para os mais ricos), sem diferenciação de técnica, delicadeza ou riqueza de detalhes (Fig. 6). Também na Mesopotâmia, e contemporâneos aos citas, os Persas, exímios comerciantes, desenvolveram técnicas de resina e foram os primeiros a apresentar alguma forma de lapidação nas pedras (Fig. 7). No século VII a.C., segundo informações da Casa da Moeda portuguesa, os Lídios, povo que ocupou a atual Turquia, teriam criado as primeiras moedas que se tem registro, cunhadas em Ouro e Prata, agregando valor a estes metais (Fig.8). Fig. 6 - Pente Cita: riqueza de detalhes . Fonte Museu Saint-Petersburgo (Disponível em http://www.saint-petersburg.com/museums/hermitage-museum/prehistoric-art/) 22


Fig. 7 – Colar Persa: precursores da lapidação Fonte: Arqhys Decoração (Disponível em https://www.arqhys.com/construccion/mesopotamia-orfebreria.html

Fig. 8 - Primeira moeda da História. Fonte: A Origem da Moeda (Disponível em https://jafetnumismatica.com. br/historia-da-moeda/)

Já os Celtas, que dominaram quase toda a Europa Central entre os séculos VI a.C. e III a.C. (antes da expansão romana) desenvolveram algumas técnicas utilizadas até hoje, como a filigrana - técnica de uso de fios - e a esmaltação, além de serem excelentes gravadores e cravadores (SKODA, 2012, p.50). A Grécia, organizada em cidades-Estado, teve.diferentes níveis de desenvolvimento; Atenas merece destaque, pois foi onde se desenvolveu a cultura helenística, caracterizada pelo antropocentrismo. A ourivesaria ganhou o status de arte e o corpo humano foi perfeitamente retratado por ourives e escultores. Com o domínio pelo Império Romano e sua expansão por todo o Mediterrâneo, uma parcela de cada uma destas culturas foi absorvida. Foi neste império que se criou a tradição das alianças de compromisso, que os anéis-sinetes – usados para timbrar documentos, sobre a cera – foram amplamente usados e, curiosamente, onde se encontraram os primeiros indícios de pedras falsificadas (SKODA, 2012, p.82). A mesma técnica de relevo usada para os anéis-sinetes também é vista na escultura de pedras (Fig. 9). O Império Bizantino, um desdobramento do Império Romano, foi o responsável pelo real desenvolvimento da lapidação de pedras - mais ou menos, parecida com o que conhecemos hoje - e, no século VI, através do Código Justiniano, esmeraldas, safiras e algumas pérolas foram declaradas como preciosas e, portanto, exclusivas ao uso imperial, dando início ao status que estes materiais gozam até hoje. (PHILLIPS,2008, apud SKODA,2012, p.120).

Fig. 9 – O Grande Camafeu da França, Imp. Romano Fonte: Biblioteca Digital (Disponível em https://www.wdl.org/pt/item/683/) 23


No final do século IV, ocorreu a queda e divisão do Império Romano e a ascensão da Igreja Católica, e o que se teve foi a ourivesaria a serviço do clero e da nobreza num mundo cada vez mais teocentrista: “O ourives é praticamente monopolizado pela Igreja, para a qual fará valer o melhor de sua arte” (SKODA,2012, p.85). Durante o século VIII, Carlos Magno é coroado Imperador do Sacro-Império Romano, e a Igreja ganha poder de Estado. É dentro das igrejas que ourives executam trabalhos espetaculares, como o suporte do Prego Sagrado, hoje, exposto na Igreja Bamberg, Alemanha, sem autor identificado(Fig.10). .Fig. 10 – Prego Sagrado: a ourivesaria a serviço do clero. Fonte: ChurchPop (Disponível em https://pt.churchpop.com/wp-content/uploads/2016/06/25.jpg)

Em resumo, durante a Idade Média: (...)vemos a evolução que se deu a partir do barbarismo e esplendor para o preciosismo: a partir do maciço e magnífico para delicado, a partir de conflitos à fruição, a partir do grandioso ao sofisticado. As joias ainda estavam disponíveis apenas para os muito ricos, como provavelmente através da história até então, para bispos, príncipes e reis. Considerando as poucas coroas que sobreviveram à este período, tem uma aparência dura e bastante rudimentar, simbolizando o poder gritante que era necessário para os governantes naquele tempo, as muitas peças reais dos séculos XIV e XV dão uma dica sobre a concepção diferente de ordem: perfeição, graça, delicadeza, estabilidade e o equilíbrio ideal entre a Igreja e o Estado.

(HUGHES, 1972, p.14, apud SKODA, 2012, p. 112)

É nesse ambiente religioso que se desenvolve a arte Gótica, responsável pela volta do refinamento e verticalidade, tentando expressar a harmonia divina. Para as joias, o gótico traz a inovação da técnica de esmaltação em relevo. No século XIII, surgem as primeiras leis reguladoras do trabalho dos joalheiros, como forma de se evitar falsificações de peças e alteração de pedras (SKODA,2012, p. 126). Com o crescimento da população europeia após o século X e a Peste Negra no século XIV, o sistema feudal entra em colapso. A descoberta das Américas, no fim do século XV, leva muita riqueza à Europa e a burguesia aflora. Logo no começo do século XVI, contra a venda de indulgências pela Igreja Católica (SAIONETI, 2018) surgem as primeiras Igrejas Protestantes, que ganham apoio da burguesia e nobreza pela defesa da prosperidade e acúmulo de capital. A Igreja Católica entra em crise e o olhar do homem volta-se ao próprio homem (antropocentrismo). Os burgueses desejam o mesmo status da nobreza e o mecenato inicia-se, patrocinando ourives para serviços pessoais.. 24


2.2 - Do objeto artístico à Arte Aplicada O antropocentrismo levou os artistas da época a olharem para a perfeição da cultura helenística e resgatar os conceitos da arte clássica, dando origem ao Renascimento. Com o apoio da burguesia, prosperam oficinas e escolas de ourivesaria e esses profissionais são elevados ao mesmo status de pintores e escultores; inclusive, alguns destes escultores e pintores também desenharam e confeccionaram joias, como Benvenuto Cellini, responsável pela confecção do saleiro do rei francês Francisco I (Fig. 11). O fato de um objeto utilitário assumir o status de joia revela a oportunidade de se aplicar conceitos artísticos à produção de artefatos, não necessariamente interpretados como adornos corporais. Com o olhar para a Antiguidade a mitologia grega torna-se, ocasionalmente, referência nas produções artísticas.

Fig. 11 – Saleiro para Rei Francisco I, a volta ao antropocentrismo. Fonte: História das Artes (Disponível em https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/saleiro-benvenuto-cellini/)

Como foi uma época de reflorescimento das sociedades, a joalheria é marcada pela exuberância: cores viva, obtidas por esmaltação ou pelo uso de pedras preciosas. Outra diferenciação do período é o uso das pérolas barrocas – pérolas de formato irregular -. É nesse período que também nasce a moda: 25


Foi no final da Idade Média e início do Renascimento que surgiu a moda. Os burgueses começaram a copiar as roupas dos nobres e estes, então, fugindo da imitação constante dos burgueses começaram a mudar com frequência as linhas de seus trajes, o que levou a criações diferenciadas, que foram colocadas em prática. A moda passou a ser um diferenciador social e de sexos, valorizando assim as individualidades, levando em conta a sazonalidade. As roupas da corte eram ricamente adornadas durante o século XVI, mesmo as bainhas eram arrematadas com pérolas.

(SKODA, 2012, p. 130-131)

Fig. 12 – Coroa de Luis XIV: ostentação. Fonte: IstoÉ (Disponível em https:// istoe.com.br/a-joia-do-louvre/)

O Barroco será o período da ostentação, do que Skoda(2012) chama de joias-espetáculo: com o emprego de muitos diamantes, rubis e esmeraldas (Fig. 12). É nos meados do século XVII que temos a figura de Luís XIV, o Rei Sol, absolutista francês responsável pelo Palácio de Versalhes e que levou a França para a liderança econômica europeia e, portanto, referência às outras monarquias. As pedras, cada vez mais valorizadas, abrem espaço para uma separação de técnicas entre ourivesaria – peças só com ouro – e joalheria – ouro e pedras -. Pelo grande uso de diamantes, é o período em que se desenvolvem técnicas de lapidação desta pedra, que só pode ser cortada por outro diamante, chegando ao diamante de 30 facetas, com muito mais brilho do que se conhecia. Na França, durante o século XVIII, surge um desdobramento do Barroco, mais intimista e elegante, o Rococó, também conhecido como estilo Luis XV. Nesse período começa a distinção das joias de dia e joias para a noite; formas mais assimétricas, folhas e penas são amplamente utilizadas na joalheria e uma novidade é a metalização de pedras: técnica que consiste na aplicação de uma folha de metal sob a pedra para aumentar seu brilho. Na virada para o século XIX, ocorre a Revolução Industrial, que é um marco em todos os setores produtivos. A produção de joias ampliada em quantidade, e reduzida em tempo de confecção graças às máquinas, torna o produto mais acessível; por outro lado, a confecção artesanal passou a ser mais valorizada. Na Inglaterra, a joalheria Georgiana, pesada e conservadora, totalmente artesanal, dá espaço para a joalheria Vitoriana, mais leve e sutil, refletindo a juventude da rainha, usando-se pérolas, turquesa e coral rosa. 26


O Movimento Art and Crafts, uma reação à produção industrial, propunha uma aproximação entre arte e artesanato e as peças de joalheria se beneficiaram com a técnica das marteladas, que consiste em dar marteladas no metal, deixando-o menos delicado, mais artesanal e mais exclusivo. No final do século XIX, o movimento Art Nouveau se propõe a aproximar produção artística e produção industrial, valorizando o atributo estético das peças e colocando-as ao alcance de todos. A natureza e a arte japonesa, com suas tonalidades suaves, composições bem balanceadas e linhas sinuosas, servem de inspiração ao movimento; para a joalheria, inicia-se um forte trabalho com metais e pedras não preciosos. Muitas técnicas de esmaltação diferentes geram um efeito de pintura tridimensional. É neste período que surgem grandes nomes da.. joalheria mundial como Peter Carl Fabergé (Fig. 13), o joalheiro dos .czares russos, o americano Louis Comfort Tiffany, os franceses Louis François Cartier, Alfred Van Cleef, Charles e Julien Arpels (os três últimos, fundadores da Van Cleef& Arpels), e René Lalique (Fig. 14), um dos maiores nomes do movimento Nouveau. Fig. 13 – Fabergé Imperial Pearl Egg, um dos famosos Ovos Fabergé, de Carl Fabergé. .Fonte: Terapia do Luxo (Disponível em http://www.terapiadoluxo.com.br/faberge-imperial/)

Fig. 14 – A mulher libélula, de René Lalique Fonte: Cultura Genial (Disponível emm https://www.culturagenial.com/art-nouveau/) 27


Segundo Tissier (2017), Lalique, mestre vidraceiro, dava mais importância para a transparência, cor e brilho do material do que à sua preciosidade. É o trabalho por trás da peça, do designer, que define o preço, tornando o material secundário. O movimento da Art Decó começa a surgir, ainda que sem nome, pouco antes da Primeira Guerra Mundial e se estende até o fim da década de 40, sofrendo influências, portanto, das vanguardas cubistas e futuristas e das pesquisas de materiais feitas na Bauhaus. Sofrendo todos os problemas trazidos pelos períodos de guerra e pela crise de 29, a escassez de matéria-prima fez com que os joalheiros da época utilizassem materiais mais acessíveis e criassem um design mais limpo. Após a Exposição Internacional de Artes Industriais e Decorativas, em Paris, em 1925, o movimento é batizado (Art Decó) e as linhas se tornam muito mais geométricas; metais brancos, como platina e ródio, ganham papel central na produção joalheira e outros metais, como alumínio e níquel, começaram a ser testados.

2.3 - Experimentações Na década de 30, sofrendo o impacto da Crise de 1929, Coco Chanel (Fig. 15), importante nome da moda, lança uma linha de joias assinada por Paul Iribe e cria outra série de adornos sem materiais preciosos para serem usados junto aos primeiros, tornando-se a precursora da adoção das bijuterias (SKODA, 2012, p.160-161). A volta das pérolas como item fashion é responsabilidade da estilista. A década de 50 marca um retrocesso das vanguardas e a joalheria se volta ao tradicionalismo, ao conceito de atemporalidade; assume estéticas distintas, e, as joias passam a ser vistas como investimento. A democratização dos bens de consumo, o desenvolvimento econômico e o avanço industrial, nos anos 60, com a proliferação das escolas de design pelo mundo sob forte influência da Bauhaus (que defendia a integração do desenho na indústria), leva a uma procura oposta a dos anos 50, que resulta em joias menos caras e mais modernas. É o nascimento da Joalheria Contemporânea. A Escola de ULM defendia a procura de uma beleza universal, através da Gestalt, onde o todo é maior que a soma das partes, e essa procura deu início a muitas experimentações com materiais pouco valiosos, enaltecendo a figura do designer. Essa tendência à experimentação e consequente ecletismo permaneceu nas décadas que se seguiram. Os anos 2000 trazem uma novidade que mudou o mercado das joias: a prototipagem rápida através da impressão 3D. Segundo Skoda, foi a primeira vez que ocorreu uma uniformização das técnicas e padrão de produção em nível global, sendo possível criar, de uma mesma maneira, uma joia personalizada e única ou um modelo 28


para produção em massa. O novo milênio, conhecido como era das linhas puras e da alta tecnologia, tem apresentado as técnicas tradicionais de ourivesaria reinterpretadas e reinventadas de tal forma que as mudanças ocorridas na pós-modernidade modificaram em definitivo o rumo e os conceitos da joalheria contemporânea. Avanços na tecnologia de computação e no fabrico das joias têm levado à introdução de novos materiais e métodos de produção. No entanto, a arte só evolui através das experimentações e pesquisas comprovadamente investigativas e todo novo conhecimento adquirido por um artista vem ampliando sua visão criadora e poética.

(SKODA, 2012, p.183)

Fig. 15 – Coco Chanel : precursora das bijuterias. Fonte: Stylight (Disponível em https://www. stylight.com.br/Magazine/Fashion/20-Melhores-Frases-Da-Coco-Chanel/)

Diante dos novos processos produtivos questões urgentes sobre sustentabilidade e economia de recursos naturais surgem no cenário contemporâneo, aspectos que serão discutidos no próximo capítulo.

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Capítulo 3 30


Cap. 3 – Sustentabilidade e Mercado Este capítulo apresenta a origem e desdobramentos dos discursos para um mundo ecologicamente correto e preocupado com as futuras gerações, bem como seus reflexos no mercado de consumo. Para abordar essas questões, o capítulo foi dividido em quatro partes: A Consciência da Simbiose, A Nova Visão, Hiato, Tendências para 2020/2021 - Mercado Moda. As subdivisões versam, respectivamente, sobre o discurso, o reflexo no comportamento da nova geração, o impacto da pandemia no mercado e, por fim, o que esperar para o mercado da moda.

3.1 - A Consciência da Simbiose De acordo com Fogaça(2020), o homem passou a maior parte da sua história enxergando a natureza como uma provedora inesgotável de recursos para o seu desenvolvimento econômico: “extrair, produzir, vender, utilizar e descartar, sem se preocupar com a natureza e as futuras gerações, como se os recursos naturais não tivessem fim.”. Já na década de 60 (KAZAZIAN, 2005, p. 21), com o mundo ainda abalado por uma recente crise pós-Segunda Guerra Mundial e com a popularização da TV e a propaganda em massa, o bem-estar social pôde ser vendido através do consumo (Figura 16) e esse bem-estar não era compatível com preocupações: os discursos relacionados à ecologia soavam como apocalípticos e, portanto, obstáculos ao desenvolvimento. Somente quando a população se deparou com o lixo produzido por ela, é que uma parcela da sociedade se sensibilizou e passou a questionar a responsabilidade do homem perante a natureza. Para Kazazian (2005), a dúvida gerada por este questionamento nos governantes e população é o principal mérito dos movimentos ecológicos da época.

Fig. 16 – Ilustração apresentando uma típica cena de família americana em momento de lazer: o consumismo exacerbado. Fonte: Toda Matéria (Disponível em https://www.todamateria.com.br/american-way-of-life/) 31


Os primeiros Ministérios do Meio-Ambiente surgem pelo mundo em 1970 na Alemanha e 1971 na França – e Victor Papanek, designer e educador, lança, nos Estados Unidos, seu livro Design for The Real World (1971), no qual discute o papel moral do designer em sua relação com a natureza dentro desta sociedade de consumo. É nessa década que o consumo dos recursos naturais ultrapassa a capacidade biológica da Terra (KAZAZIAN, 2005, p.24) e ocorre a extinção de algumas espécies. Em 1983, a ONU organiza a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e, em 1987, lança o livro Nosso Futuro Comum, que disserta sobre a situação ecológica do planeta. É a primeira vez que o termo ‘desenvolvimento sustentável’ é usado: “Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades” (FOGAÇA ,2020). Muito mais que criar o termo, o relatório serviu de guia para a Conferência de Cúpula da Terra, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992 (Figura 17), a RIO92, de onde saiu a Agenda 21, acordo entre os 179 países participantes que continha princípios de ações e posturas desejáveis para o século XXI visando o desenvolvimento sustentável através de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (Ministério do Meio Ambiente do Brasil, 2020). Ainda que, de início, segundo Kazazian (2005), o que se viu no setor privado tenha sido um marketing verde produtos com insumos extraídos da natureza, porém sem uma reorganização da cadeia produtiva para geração de menos impacto -, houve uma evolução planetária de conscientização e o ‘ecodesign’ passa a ser visto como fator de inovação.

Fig. 17 – Logomarca da Conferência da Cúpula da Terra, na qual percebemos a paisagem do Rio de Janeiro como sinal de algo a ser preservado. Fonte: Brasil Escola (Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/geografia/eco92.htm)

Em 1994, dois pesquisadores americanos, Rees e Wackernagel, desenvolveram o conceito de Pegada Ecológica, que pode ser explicada como a área produtiva correspondente ao consumo de recursos e absorção de resíduos necessária a uma determinada população. Segundo relatório da WWF (Fundo Mundial para a Natureza) divulgado 32


em 2002, a pegada ecológica da humanidade ultrapassava em 20% a capacidade biológica da Terra, sendo que os países de maior renda tinham pegada seis vezes maior que os de baixa renda. A ruptura dos paradigmas produtivos do capitalismo tornou-se urgente. O tempo de nossas sociedades modernas é curto. É o tempo do consumo, da impaciência. Encolhido, precipitado, acelerado ainda pelo marketing, que, favorecendo a renovação incessante de oferta de objetos e opções inúteis, participa do aumento exponencial de volume dos resíduos... Esse tempo moderno bate de frente com o tempo da natureza em sua produção de matérias-primas e em sua capacidade de absorção da enorme quantidade de resíduos gerados.

(KAZAZIAN, 2005, p.41)

O avanço de temas relacionados à sustentabilidade trouxe um conceito muito atual que é a Economia Circular, que consiste em, de alguma forma, beneficiar um sistema de produção com resíduos de outra. Por exemplo, a Nespresso, segundo o site ecycle.com, além de reciclar parte das cápsulas, gera adubo através da compostagem do café. A reinserção do resíduo na cadeia produtiva interessa às empresas, pois é uma forma de gerar algum tipo de benefício financeiro.

Fig 18 - Colar feito com cápsulas Nespresso, design inserido no conceito de Economia Circular. Fonte: Elo7 (Disponível em https:// www.elo7.com.br/colar-em-flor-nespresso/dp/E88EE6 ) 33


3.1.1 - Joias Sustentáveis Dentro do conceito de sustentabilidade, os designers de joias têm se esforçado para encontrar alternativas de produção e, principalmente, materiais. O Brasil é um país muito favorecido pela biodiversidade e, vemos aqui, o uso de muitos materiais naturais, como o capim dourado, originário de nossas terras. Também há uso de madeiras, sementes, folhas, fibras e o que mais a imaginação e a técnica permitirem serem feitos, sem agressão ao meio ambiente - são as biojoias -. O reaproveitamento de materiais artificiais é também uma estratégia sustentável (de produção) que dialoga com o uso de biomateriais. Ana Paula Danelon, proprietária da I9 Joias, conta em entrevista ao autor que, em 2007, agregou capim dourado a sua linha de aço inox (Fig. 19), visando inovação no mercado e para juntar sua admiração pela natureza ao seu negócio. O capim dourado é adquirido já processado em cooperativas do Tocantins, região do Jalapão, único lugar no planeta onde esse capim é encontrado; sua extração é totalmente regulada, e regulamentada, pois serve de sustento para diversas famílias da região e para que se evite a extinção da planta. Em 2020, a empresa inovou mais uma vez e ampliou a linha com fios de seda tingidos naturalmente – usando clorofila e mate, por exemplo -.

Fig. 19 –Pingente em inox e capim dourado e conjunto de peças mostrando o uso de materiais naturais, da I9 Joias. Fonte: I9 (Disponível em https://www.picuki.com/tag/i9joias)

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Domingos Tótora é um artista plástico mineiro, que elegeu o papelão como matéria prima de seu trabalho. À partir da reciclagem, concede status de arte ao material através de seu trabalho. Bettina Terepins é uma designer de joias paulistana, nascida em 1959, que atua no mercado há cerca de 25 anos e já criou braceletes usando madeira de árvores caídas. Juntos criaram uma coleção de peças, onde a designer fez inserções de ouro 18k nas formas criadas com o papelão pelo artista (Fig. 20).

Fig. 20 - Joias em papel reciclado e ouro, um exemplo de Economia Circular. Fonte: Lilian Pacce (Disponível em https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/portfolio/bettina-terepins)

Existem casos de linhas produzidas por designers que tem parte de sua renda destinada a organizações não governamentais, caso de Betty Feffer, que doa a receita da linha “Precioso Bambu” (Fig. 21) para o Instituto Jatobás, que atua na área de educação e conscientização solidária e sustentável (SKODA,2012, p. 198-199), demonstrando uma real preocupação com o desenvolvimento sustentável.

Fig. 21 – Coleção Precioso Bambu, de Betty Feffer: renda destinada a ONG. Fonte: Coloquio Moda (Disponível em http://www.coloquiomoda.com.br/ anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202013/COMUNICACAO-ORAL/ EIXO-6-PROCESSOS-PRODUTIVOS_COMUNICACAO-ORAL/Materiais-e-processos-nao-tradicionais-utilizados-no-design-de-joias-contemporaneo.pdf ) 35


Outra forma, bem menos ortodoxa, de abordar a sustentabilidade no mercado joalheiro é através das joias mutáveis, peças que se desmontam e se arranjam de outras formas; desta forma, diminuem o consumo, gerando menos impacto produtivo. É o caso da joalheria Verachi, com sua linha Tutti i Giorni (Fig.22).

Fig. 22 - Joias desmontáveis Tutti i Giorni: uma abordagem inovadora de sustentabilidade. Fonte: Es Brasil (Disponível em https:// esbrasil.com.br/joias-desmontaveis/)

Em geral, a tecnologia para impressão 3D é usada como parte do processo produtivo: efetua-se a modelagem, realiza-se a impressão 3D (conhecida como prototipagem rápida), gera-se um molde de borracha vulcanizada, de onde saem as cópias que seguem para a fundição, para posterior acabamento e comercialização. Contudo, a designer americana Diana Law comercializa as próprias peças impressas na 3D, em PLA (ácido polilático), polímero de origem vegetal, gerando resíduos quase zeros - as rebarbas podem ser derretidas e gerar novos filamentos -. Assim, dá maior agilidade à cadeia produtiva, garantindo seu espaço no segmento fast fashion, destaca o papel do designer como agente de mudança de paradigmas e conduz a uma reflexão sobre o verdadeiro valor de um produto.

Fig. 23 - Peças em PLA de Diana Law. Fonte: Eluxe Magazine (Disponível em https://eluxemagazine.com/fashion/diana-law-and-the-art-of-3d-printing/https://dianalaw.com/) 36


3.2 - A Nova Visão

“No fim das contas, a vida não tem muito a oferecer além da juventude” (FITZGERALD, 1925, apud KOJIKOVSKI, 2017). Com esta frase, Kojikovski inicia sua reportagem e afirma que a primeira geração que colocou os jovens como modelo de vida e, portanto, público-alvo das grandes empresas foi a Geração Baby Bommer (nascidos entre 19401959) cuja infância foi marcada pela Segunda Guerra e suas consequências, e tornou-se idealista, revolucionária e coletiva, consumindo ideologias. A geração seguinte, a Geração X (1960-1979), viveu o ápice do consumo de massa, sendo considerada uma geração materialista e individualista (KOJIKOVSKI, 2017), consumindo marcas. A geração seguinte (1980-1994), a Geração Y, também chamada de millennials, viveu a globalização e o advento da internet; sempre conectados e atentos, tornaram-se embaixadores dos discursos sustentáveis e questionadores, consumindo experiências; marcados pelo ecletismo. Foram os millenials que criaram profissões do mundo digital, como os digitais influencers e designers digitais.

Fig. 24 – Jovens da Geração Z: devem guiar o mercado de consumo pelos próximos anos. Fonte: Empreendedor (Disponível em https://empreendedor.com.br/noticia/pesquisa-mostra-maior-engajamento-social-e-empreendedorismo-jovem-na-internet/)

Entre os anos 1995 e 2010, nasceu a Geração Z. Em 2017, a McKinsey, líder mundial em consultoria empresarial, e a Box1824, agência de pesquisas de tendências em consumo, realizaram uma pesquisa conjunta traçando o perfil desta geração que deve ditar as regras do mercado pelas próximas duas décadas. Essa geração hiperconectada, que não conheceu o mundo sem internet, apresenta um traço marcante: a busca pela verdade (HOEFEL,2018), e, por essa razão, é também chamada de TrueGen – a geração da verdade -. A pesquisa revelou que esta geração, que já representa quase 20% da população brasileira e 26% da população mundial, movimentou 37


cerca de 830 bilhões de dólares só nos EUA em 2016, segundo a consultoria Fung Global Retail & Technology, e tem grande poder de influência devido à sua proximidade com a geração anterior, a Y. Aliás, comunicação é um dos traços marcantes desta nova geração hipercognitiva, capaz de viver múltiplas realidades, físicas ou digitais, simultaneamente, através da tecnologia, e que acredita no diálogo (MEIR,2017) para resolver diferenças. Para os Z, a motivação do consumo é a busca pela sua individualidade, é a conexão que sentem com a empresa, é a forma como aquela aquisição reforça sua postura diante do mundo, fazendo a customização tomar novos níveis de importância. Fig. 25 – Quadro Comparativo de gerações. Fonte: Revista Exame (Disponível em https://exame.com/revista-exame/os-millennials-lamentamos-informar-sao-coisa-do-passado/)

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3.3 - Hiato Enquanto empresas do mundo todo traçavam e aplicavam suas estratégias para conquistar essa nova geração apontada como diretriz de tendências, o mundo viu a primeira pandemia global do século: a Covid19. O vírus, surgido na China, no final de 2019, espalhou-se pelo mundo todo e em 15 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde decretou uma pandemia global. Com países em quarentenas para conter o avanço de um vírus desconhecido e, circunstancialmente, mortal, empresas de todo planeta precisam entender os novos rumos do consumo para sobreviverem a essa transformação de realidade e ao impacto econômico causado. “Há um aumento crescente do comércio eletrônico e de tecnologia. O que antes era um complemento, hoje é fundamental para o desenvolvimento e sobrevivência dos negócios” (BARBOSA, 2020). Uma pesquisa realizada pela KPMG, uma das quatro maiores empresas mundiais de prestação de serviços profissionais na área de consultoria, aponta para um consumidor empoderado, ciente de sua importância para o sucesso das empresas, exigentes, conscientes e, principalmente, informados – consequência da maior interação digital -. A pesquisa aponta para oito características que podem ajudar a uma empresa sobreviver à nova realidade que está despontando: investir em tecnologia, criar uma cadeia única de suprimentos (não opor físico e digital), adaptar-se completamente ao mundo virtual, 38


er transparente em sua relação, trabalhar com ética verdadeira, ser colaborativa e solidária, enxergar os clientes omo parte do processo e gerar experiências.

Para Prates(2020), haverá uma mudança dos quatro “P”s do marketing – produto, preço, praça e promoção – para os quatro “D”s: digitalização, democratização, desmonetizar e desmaterializar o processo.

3.4 - Tendências para 2020/2021- Mercado Moda

O mercado de acessórios é intimamente ligado ao mercado da moda. Diante da situação pandêmica pela qual passamos, as pesquisas de tendências para as próximas estações se tornou problemática. Muito pouco do que foi previsto chegou às ruas devido a cancelamento de desfiles, paralisação das produções e incertezas de consumo. Em 2018, a WSGN, líder mundial em previsão de tendências de consumo, havia apontado para o crescimento do capitalismo comunitário, caracterizado pela economia compartilhada; e, recentemente, Paula Merlo, redatora hefe da Vogue Brasil, em entrevista para o influencer Jorge Grimberg, apontou para a mesma direção. (Disponível em https://www.instagram.com/jorgegrimberg/?hl=pt-br)

Para Paula, o pós-pandemia trará uma sociedade mais humana, que pensa mais no planeta e essa mudança na moda será para uma direção mais sustentável tanto ambientalmente quanto socialmente. Esta visão, ao mesmo empo realista e sonhadora; em um primeiro momento será minimalista, e após um tempo se voltará para a ostentação. As imagens de moda e de consumo devem mudar por um tempo sim. No logo após corona, as pessoas não vão querer ver essa imagem muito ostentação; se a moda é também uma leitura do que a gente vive, porque moda também é política, pensar no que a gente está vivendo hoje... a gente vai passar por um momento em que moda é mais pé no chão. Mas, isso não deve durar muito tempo e agente vai voltar a sonhar e as pessoas vão querer ver mais ostentação. E ostentação se refere a uma imagem mais maximalista. Então, em um primeiro momento, a imagem da moda vai ser mini, e, ano que vem, volta para uma moda mais louca, tecnológica, virtual – um mistura de digital e real.

(Paula Merlo, 2020)

Especificamente para o mercado de joias, a revista L’Officiel, ligada às tendências do mundo da moda e, portanto, tratando de uma joalheria não conservadora, indicou, no início de 2020, tendências que incluíam a valorização dos brincos como a principal peça do conjunto, um estilo jovem e divertido com uso de tonalidades, cores e assimetria, e, ainda, combinações de anéis minimalistas que preenchem as mãos de forma mais delicada. A partir das pesquisas realizadas sobre o estado da arte, as referências históricas e as tendências do mercado contemporâneo, definimos os requisitos do projeto, apresentados no próximo capítulo. 39


Capítulo 4 40


Cap. 4 – Requisitos do Projeto Este capítulo apresenta as especificações do produto desenvolvido, identificando atributos e recortes que nortearam o desenvolvimento do projeto. Obedecendo alguns dos Dez Princípios para um bom design, de Dieter Rams ( MARTINEZ, 2013) , o produto proposto pretende ser inovador, estético, compreensível, não obstrutivo, honesto, durável, meticuloso e sustentável; levando em consideração alguns desejos do público alvo. Desta forma, propôs-se o briefing abaixo para este projeto, atualizando os conceitos a partir do resultado obtido com a coleção Angel. - Mercado: joias, segmento fashion - Conceitos: - obrigatórios: - significativo: proporciona algum tipo de experiência; - elegante: tem preocupações estéticas da alta joalheria; - cotidiano: permite seu uso pelo dia todo; - sustentável: inclui o uso de processo sustentável ( articulação de peças em combinações diver- sas, economizando processos); - customizável: permite mais de uma configuração. - desejáveis: - sexy: realça a sensualidade feminina; - leve: o peso não atrapalha o uso; - fácil manuseio: o manuseio não é obstrutivo. - Materiais: - baixo custo; - comerciável: aceitação do mercado de moda; - cristais ou pedras de baixo custo.

Fig. 26 - Personificação da Persona imaginada para este projeto. Fonte: Pinterest (Disponível em <https://br.pinterest.com/ pin/831406781188429025/ )

-Público-Alvo:

Persona: mulher, jovem, 25 anos, início de carreira, alguma renda própria, moradia paga pelos pais (apartamento), urbana, classe média alta, ativa nas redes sociais, engajada socialmente, solteira, sociável, comunicativa, vida sexual ativa, quer viajar o mundo, pertence a várias rodas sociais,bebe socialmente, vaidosa, gosta de animais. 41


- Painel Semântico: Fig. 27 – Painel Semântico. Fonte: Autoral

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- Referências Imagéticas: Fig. 28 – Referências de Imagem. Fonte: Autoral

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Capítulo 5 44


Cap. 5 – Customização e Experiência de Uso Este capítulo apresenta alguns objetos industrializados constituídos por partes que se acoplam de formas variadas, gerando diferentes resultados e experiências, além de projetos pensados para sugerir usos diversos a partir de opções que os usuários elegem como interessante para cada situação vivenciada. Funcionam para este trabalho como referências de modos de explorar as potencialidades de customização dos produtos , graças a projetos flexíveis e multifuncionais, que também podemos denominar “sustentáveis”, porque integram mais de uma função em um único produto. Estas soluções podem diminuir o consumo de peças independentes, e otimizar processos de produção que também podem ser reduzidos em quantidade e etapas de fabricação.

5.1 – Casacos Dupla Face A blusa da marca Reserva possui acabamento nos lados interno e externo, criando uma peça dupla face, de um lado cinza azulado escuro e no outro com a predominância de cinza claro, deixando a cor anterior nos detalhes, incluindo o gorro. Esse tipo de peça amplia as possibilidades de uso, agregando valor à vestimenta, criando apelo comercial e possibilitando maior rentabilidade por peça.

Fig. 29 - Blusa Dupla Face da Reserva. Fonte: Canal Masculino (Disponível em https://www.canalmasculino.com.br/wishlist-roupas-masculinas-dupla-face-para-comprar-pela-internet/)

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5.2 – Relógios Champion Sucesso de vendas no final dos anos 80, o relógio da Champion, conhecido como Champion Troca-Pulseiras, permitia que o usuário escolhesse livremente a combinação de cores a ser usada, dentro da cartela de cores adquirida. Inclusive, o visor do relógio (analógico), possuía opções em fundo branco ou preto. Com uma mesma matriz de produção, apenas mudando a pigmentação, foi possível disponibilizar uma infinidade de combinações de cores para que os compradores/usuários se sentissem livres para a experiência da customização.

Fig. 30 - Relógios Champion Troca-pulseiras: sucesso dos anos 80/90. Fonte: Mais Capricho (Disponível em http://maiscapricho.blogspot.com/2010/05/fique-na-moda-relogios-da-moda.html)

5.3 – Chaves de Fenda Mutáveis

Fig. 31 - Conjunto de Chaves de Fenda Mutáveis. Fonte: Lojas Americanas (Disponível em https://www.americanas.com.br/ produto/1256986942/conjunto-de-chaves-de-fenda-isoladas-mutaveis-de-7-em-1-de-500v-com-phillips-magnetico-e-kit-de-ferramentas-de-reparo-de-eletricista#info-section&gid=1&pid=3) 46


O conjunto mutável de chaves de fenda comercializado pelas Lojas Americanas permite a acoplagem, num só pegador, de 7 jogos de cabos com 2 ponteiros diferentes cada. Ou seja, são 14 variações de chaves de fenda utilizando-se apenas 1 pegador. Uma solução de encaixe que gerou economia de material, menor tempo de produção e permite uma embalagem menor, o que barateia os custos de logística.

5.4 – Mixer e Triturador Britânia Design aerodinâmico em transparência e cores neutras traz a sensação de eficácia e modernidade ao Mixer e Triturador de Alimentos da Britânia que, em 1 único motor, acopla um mixer para líquidos, um batedor ou lâminas trituradoras de alimentos, criando multifuncionalidade, ainda que necessite de um jogo de acessórios (incluso no conjunto). Uma solução de design que otimiza a produção e padroniza encaixes.

Fig. 32 - Mixer e Triturador de alimentos da Britânia. Fonte: Britânia (Disponível em:https://britania.com.br/mixer-triturador-alimentos-2/)

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Capítulo 6 48


Cap. 6 – Croquis Definidos os requisitos e os atributos do objeto a ser desenvolvido, iniciamos o processo de concepção do produto, a partir de croquis. Neste capítulo, são apresentadas algumas ideias preliminares especuladas ao longo do desenvolvimento deste TCC, apoiando-se, principalmente, no briefing autoproposto. Através da análise e interpretação dos estudos de caso apresentados , foi possível eleger a abordagem conceitual, o processo e as intenções do projeto de jóia, resultante deste Trabalho de conclusão de curso. Quanto à materialidade, tendo em vista os limites impostos pela pandemia, e a impossibilidade de cogitar experimentações em laboratório com biomateriais e bioplásticos, como se pretendia no início do 2020, o encaminhamento deste projeto assumiu explorar materiais conhecidos, e procedimentos de trabalho, concepção e estudos, e processos de produção, dominados pelo autor do TCC, que já atua no ramo há mais de 13 anos. A experiência inovadora vivenciada no projeto está relacionada à ideia de montagem aplicada ao conceito de customização e variações possíveis exploradas pelo usuário, cuja experiência de uso também , futuramente, poderá ser estudada e mapeada, para o desenvolvimento de outras peças complementares à coleção.

6.1 – Brinco Desmontável Brinco desmontável com sistema de argola e gancho, metal e pedras, permitindo três usos possíveis.

Fig. 33 - Croqui de brinco desmontável - 3 combinações. Fonte: Autoral

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6.2 – Jogo de Brincos Jogo composto por earcuff e solitário (destacável) com pedras cravadas e argola em metal (efeito ear-bling), permitindo quatro usos possíveis: solitário, solitário-argola, solitário-ear cuff, solitário-ear cuff-argola.

Fig. 34 - Croqui de jogo de brincos - 4 combinações. Fonte: Autoral

6.3 – Conjunto Geométrico Conjunto Geométrico, em chapas de metal e correntes, composto por pulseira, brincos 2 opções: base com pendente ou ear cuff com pendente, gargantilha e anel.

Fig. 35 - Croqui de conjunto geométrico. Fonte: Autoral

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6.4 – Conjunto com Brinco Desmontável Fig. 36 - Croqui de conjunto baseado em brinco desmontável. Fonte: Autoral

- Brinco desmontável composto de três elementos: ● Solitário, formato gota ● Ear cuff com corrente e argola de pressão, pedras formato redondo, gotas e navetes ● Pingente com corrente, formato gota e navetes (Quatro usos possíveis: solitário, solitário-pingente, solitário-ear cuff, solitário-ear cuff-pingente.) - Corrente: Contra-argola com pingente destacável (para troca) - Anel com duas gotas - Jogo de alianças, estilo solitárias, três formatos: navete, redonda e carrê.

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6.5 – Jogo de Brincos Tendências da Década 2010 Fig. 37 - Jogo de Brincos Tendências. Fonte: Autoral Jogo de Brincos composto pelo clássico Solitário e pelas tendências da década de 2010: Ear Cuff, Ear Jacket e Pendentes. O jogo permite oito combinações para uso: 1 - Solitário 2 - Solitário - Pendentes 3 - Solitário - Ear Jacket 4 - Solitário - Ear Cuff 5 - Solitário - Ear Jacket -Pendentes 6 - Solitário - Ear Cuff - Pendentes 7- Solitário - Ear Cuff - Ear Jacket 8 - Solitário - Ear Cuff - Ear Jacket - Pendentes

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Capítulo 7 54


7 - Desenvolvimento Para a joalheria não tradicional, a revista L’Officiel indicou, no início de 2020, tendências que incluíam a valorização dos brincos como principal peça do conjunto, um estilo jovem e divertido com uso de tonalidades, e combinações de anéis minimalistas. Para atender a estas tendências e aos objetivos deste Trabalho de Conclusão de Curso, optou-se pelo desenvolvimento partindo do último croqui apresentado, o jogo de brincos com oito possibilidades de uso. A escolha se deu por umas série de reflexões de naturezas distintas: 1 - o conjunto reflete a consciência de moda cíclica; 2 - apresenta um diálogo de modelos fashions apoiado numa base de modelo clássico (“solitário”), configurando ecletismo ao conjunto; 3 - o conhecimento do autor sobre o mercado: dentre os formatos de pedras padrões, gota é o mais vendido e, por isso, o mais oferecido, tornando o insumo menos oneroso, levando à maior rentabilidade; 4 - em brincos, quando se trabalha com pedras naturais coloridas, comumente, parte do material não é utilizado pela impossibilidade de se formarem pares de pedras. Com este modelo, em único formato, ampliam-se as possibilidades de uso por se permitir amenizar a dissonância de cores dentro de um conjunto; 5 - a quantidade de pedras permite uma infinidade de combinações de cores, propiciando maior produção e diluindo os custos de desenvolvimento; 6 - o maior número de possibilidades de uso leva a um maior tempo para aprendizagem e domínio da manipulação das partes, criando experiências mais expressivas. Justificada esta opção de abordagem, este capítulo é dividido em três partes: a primeira, Inspiração e Coleção, reúne as informações sobre a história do modelo e o desdobramento da coleção; o segundo, Projeto, Soluções e Materiais, sobre decisões do procedimento de desenvolvimento do objeto; e o terceiro, Execução, sobre a produção do protótipo.

7.1 - Inspiração e Coleção Refletindo sobre a ideia de se obter “todos” ( distintas possibilidades de artefatos) compostos por partes (peças independentes que também podem ser usadas articuladas entre si) , realizou-se um brainstorm que trouxe a ideia da asa (“todo”), vista sob a forma de um conjunto de penas (“partes”). Todavia, sendo composta de outras estruturas, a pena representa também um todo. São todos que se tornam partes para um novo todo; e o todo gerado, a asa, tem uma capacidade que os todos-partes, as penas, não possuem em si: a capacidade de alçar voo. O alçar voo, asas abertas e força motriz, um ato tão sublime em estruturas tão frágeis como penas, não poderia ocasionar a queda de algumas delas? Essa reflexão, esse questionamento e essa imagem, da asa perdendo uma de suas penas, inspirou o desenho deste modelo. 55


Na procura de um nome para o modelo, primeiro pensou-se em Asa ou Pena, depois, naturalmente, pensou-se em nomes de pássaros: Andorinhão, a ave que consegue trocar todas suas penas durante seus longos meses de voos ininterruptos, ou Beija-flor, o delicado pássaro coberto de simbologias românticas. Pensar simbologias conduziu à figura mitológica do Anjo. Entretanto, propôs-se no Briefing que a coleção deveria realçar a sensualidade feminina e, por isso, a melhor opção seria Angel. Angel, mais do que a tradução de anjo para o inglês, era o nome pelo qual chamava-se as modelos eleitas para o desfile da famosa marca de lingeries Victoria Secrets - que encerrou suas atividades durante a pandemia -, consideradas as mulheres mais sensuais do mundo fashion. Fig. 38 - Doutzen, Candice e Alessandra, algumas das Angels da Victoria Secrets.Fonte: Tão Feminino (Disponível em https://www. taofeminino.com.br/entretenimento/album1028169/peso-e-alturas-das-angels-as-medidas-das-super-modelos-da-victoria-s-secret-0. html#p1 )

Batizada a ideia central do projeto, o esforço seguiu para o desdobramento do conjunto de brincos em outras peças para a composição de uma coleção; para isso, os brincos foram detalhados, suas partes estudadas, gerando uma primeira proposta de conjunto (Fig. 39). Nele, os pingentes da gargantilha seguiram a mesma ideia dos brincos, compondo-se de duas partes: uma peça com seis pedras no qual se tem a opção de optar ou não pelo engate de um pendente; e um anel, único, misturando formalmente os desenhos formados pelo ear cuff de um lado e pelo ear jacket na outra ponta do aro que forma o anel. 56


Fig. 39 - 1ª proposta de conjunto, realizada após estudo do conjunto de brincos. Fonte: Autoral

Decidiu-se, primeiramente, para simplificar o anel, transformá-lo em quatro variações de anéis, estilo solitários, usando dois tamanhos distintos de pedras, cravadas em alturas diferentes (Fig. 40). Esta ideia permite que os anéis se encaixem visualmente, não literalmente, e possam absorver os diferentes tamanhos de pedras não utilizadas nos brincos.

Fig. 40 - Anéis propostos para Coleção Angel: apenas as “penas” caídas. Fonte: Autoral

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Contrariamente, para a gargantilha, decidiu-se criar um jogo de três pingentes, composto por contra-argola com solitário fixo, jacket e pendente opcionais, possibilitando quatro variações de uso (Fig. 41). Os tamanhos e formatos propostos para as pedras são exatamente os mesmos utilizados para as partes correspondentes no brinco, possibilitando um melhor aproveitamento de material. Fig. 41 - Gargantilha com pingente mutável para Coleção Angel: suas variações. Fonte: Autoral

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Fig. 42 - Variações de uso possibilitadas pelo uso dos brincos da coleção Angel. Fonte: Autoral

7.2 - Projeto, Soluções e Materiais Definidas as peças componentes da coleção, o primeiro passo foi estipular o tamanho das pedras a serem utilizadas: ● ● ● ● ●

Solitário: gota 6x8 Jacket: uma gota central 5x7 e quatro gotas 4x6 laterais, duas para cada lado Pendente: duas gotas 5x7 (Ear Cuff: três gotas 5x7 e três gotas 4x6) - exclusivo do jogo de brincos Anéis: gotas 6x8 e 4x6 59


Outra decisão projetual envolveu o material no qual se pretendia fundir o protótipo, pois as diferentes características dos metais interferem nas espessuras das peças a serem projetadas. Para o tamanho destas caixas de pedras, por experiência de produção, o ouro suporta espessuras finais (pós-acabamento) de cerca de 0,5 mm, sem deformação; a prata 950 (liga com 5% de cobre) exige uma parede final um pouco mais espessa, próxima de 0,7 mm; com o alumínio, material que se pretendeu estudar, não foi possível realizar testes por falta de infra-estrutura. A ourivesaria considera um desgaste no material durante o acabamento de cerca de 0,1 mm, ou seja, a modelagem deve levar esse valor em consideração. Por questões financeiras, optou-se por projetar pensando na prata. Com materiais e medidas definidos, demos início à modelagem dos brincos em 3D, utilizando o programa Rhinoceros, na versão 5.0. Otimizamos o processo, criando caixas de pedras soltas para os três diferentes tamanhos (Fig. 43), bem como as gotas nestes três tamanhos. Os brincos formam o conjunto mais complexo, portanto, apenas após a comprovação do sucesso do projeto, é que se planejou replicar as soluções de encaixe para o restante da coleção. Fig. 43 - Caixa para gota padronizada: projeto em 0,8mm e garras próximas de 1 mm de diâmetro. Fonte: Autoral

Fig. 44 - Caixas posicionadas identificando os quatro diferentes componentes dos brincos Angel. Fonte: Autoral

Após replicadas e posicionadas (Fig. 44), a prioridade se tornou procurar as soluções de encaixes que permitissem todas as variações apresentadas na Fig. 42. O que propusemos foi um sistema de pinos-argolas localizados estrategicamente para permitir os engates. Apropriando-se da linguagem joalheira conservadora, utilizamos galerias nas peças para criar maior área de trabalho e permitir recortes sem prejudicar os processos produtivos. Para o Ear Jacket criou-se uma regulagem de posicionamento de três encaixes para atender aos diferentes lóbulos de orelhas, criando uma lingueta em ângulo que projeta frontalmente as caixas de pedras (Fig. 45), e um recorte na parte mais inferior da galeria onde foi posicionado o pino de encaixe. 60


Fig. 45 - Detalhes do Ear Jacket Angel: regulagem e lingueta em ângulo. Fonte: Autoral.

Para o Pendente, o único detalhe inserido foi uma trava posicionada na extremidade superior da caixa, facilitando o posicionamento da corrente (Fig. 46). Durante a modelagem, decidiu-se pela modificação desta peça para uma única caixa de gota ao invés de duas, como proposto no croqui, por se acreditar que isto traria mais elegância à composição solitário-pendente. Para o Ear Cuff foi necessário planejar um sistema de encaixe capaz de acoplar o Solitário para que ele complete a estrutura (Fig. 47); a solução foi criar linguetas finas para não comprometer a estrutura do Solitário e reforçá-las em “L”, aumentando a área de contato entre as peças e criando espaço para acomodar o pino de engate presente no Solitário. Também, modificou-se a estrutura de ligação das caixas para que a peça tivesse menos ruído visual.

Fig.46 - Pendente Angel: trava para uniformizar o posicionamento da corrente. Fonte Autoral.

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Fig 47 - Estrutura do Ear Cuff Angel, criada para receber o Solitário Angel. Fonte: Autoral

O Solitário, como peça de suporte para todas as outras estruturas e, logo, presente em todas as configurações, foi a peça que mais recebeu atenção. Para possibilitar o encaixe do Ear jacket e a utilização das tarrachas com silicone, mais alongadas do que a tradicional e necessárias para promover maior fixação da estrutura, seu pino foi levemente alongado, cerca de 1 mm, totalizando 13mm (convencionalmente, a medida é 12mm) . Recortou-se parte da galeria inferior da peça para que fossem possíveis os encaixes e posicionamento do pino de engate. Para reforçar a estrutura e facilitar a produção, foram posicionadas duas pequenas travas perto da área de recorte (Fig. 48). Fig. 48 - Solitário Angel: a peça central de toda a estrutura. Fonte: Autoral

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O pino de engate sinuoso, em destaque na Fig.48, também presente no modelo Ear jacket, foi pensado com um formato inferior longo e pouco anguloso para permitir movimento à corrente que suporta o modelo Pendente; segue formando um ângulo bastante acentuado sobre si mesmo fixando a corrente na área anterior e permitindo deslocamento “dentro-fora da caixa” para as montagens sem deformar o restante do pino. Para compensar o tamanho diminuto, propôs-se um formato vai-vem para a parte do pino que sobe verticalmente, uma forma de se evitar que a corrente escape e se perca o pendente. Fig. 49 - Vistas Explodidas, em diferentes ângulos, com os quatro brincos da linha Angel. Fonte: Autoral

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7.3 - Execução Para a impressão 3D, contratou-se uma empresa terceirizada conhecida do autor do projeto, Criasty, localizada no município de Arujá, reconhecida no mercado de acessórios pela qualidade de suas máquinas com resolução de 0,04 mm. Por motivos financeiros e por se tratar de um protótipo, passível de alterações, a decisão foi imprimir apenas a parte mais complexa da coleção Angel: os brincos. Durante o acabamento na resina, processo feito antes de se tirar os moldes em borracha vulcanizada, cortou-se, acidentalmente, parte do pino de engate do modelo Solitário. Devido ao tempo disponível e analisando a dificuldade que seria sacar estes pinos, em cera portanto, mais frágeis -, dos moldes de borracha durante a produção, planejou-se soldar os pinos após a fundição e solicitou-se a retirada também no modelo Ear Jacket. Os modelos receberam acabamento manual (Fig. 49) e seguiram para a fundição.

Fig. 50 - Brincos Angel já sem os pinos de engate: facilitar a produção. Fonte: Autoral

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Escolheu-se um professor de ourivesaria, Marcos Josué, no mercado há 12 anos, proprietário de uma pequena fundição especializada em ouro, para dar continuidade ao processo de fundição das peças em prata. Com alguma dificuldade na estrutura da oficina devido às chuvas, as peças foram entregues para acabamento na data de 07 de novembro de 2020.

Fig. 51 - Brincos Angel fundidos em prata, ainda sem acabamento. Fonte: Autoral.

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Capítulo 8 66


8 - ANGEL A Coleção Angel surgiu da união das delicadas asas de um anjo com a sensualidade extrema das passarelas, para mulheres determinadas a mudar seus destinos conforme sua própria vontade. Este capítulo é dedicado a apresentar, em imagens, o que foi planejado para os brincos da linha Angel, através de renders, solução encontrada para suprir a falta de finalização das peças e realização do ensaio fotográfico, inicialmente, planejado. Fig. 52 - O conjunto de brincos Angel pode ser monocromático ou combinar cores. Fonte: Autoral

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Fig. 53- Cartela de cores elaborada para manter seu efeito mesmo com a separação das peças Fonte:Autoral

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Fig. 54 - Exemplo das incontáveis combinações de cores possibilitadas pelos brincos Angel. Fonte: Autoral.

À seguir, sequência de imagens mostrando a transformação no visual que Angel proporciona: do clássico ao fashion.

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Considerações finais O retrospecto histórico nos permitiu compreender que, apesar de milenar, a joalheria nunca parou de se reinventar, adaptando-se ao seu contexto histórico, as novas diretrizes do mercado consumidor nos permitem visualizar um caminho possível dentro da joalheria sustentável, usando de toda técnica e tecnologia disponíveis. O lugar escolhido para este projeto foi o da joalheria não clássica, ligado ao mundo da moda, aberto às experimentações e de apelo comercial, entretanto, o produto continua dialogando com a joalheria tradicional ao incorporar modelos tradicionais, como a decisão pelo uso dos Solitários na coleção, dando maior amplitude ao nicho de mercado. Transcendendo as questões materiais, optou-se por se empregar conceitos mais amplos ligados a Desenvolvimento Sustentável, como Inovação, Produção Consciente e Parcerias (ODS’s 9, 12 e 17 respectivamente da Agenda 2030, da ONU) , comentados a seguir: Inovação. A inovação está presente nos detalhes do projeto: na forma suave como as peças se encaixam, na possibilidade dos multi-encaixes, em fazer isso sem comprometer a estética, em misturar o clássico com o fashion, em usar montagem em peças que só existem como bloco. Produção Consciente. As peças foram projetadas de forma otimizada, economizando em tempo e peças matrizes e reaproveitando formas e tamanhos para diminuir os desperdícios no final do processo. Parceria. Este projeto foi concebido para a produção industrial; portanto, só se tornou possível devido às parcerias estabelecidas com empresas de prototipagem rápida e fundições ao longo destes 13 anos de experiência de mercado. O ecletismo do uso, por um lado, aumenta a vida útil do conjunto, podendo ocasionar diminuição de consumo para o comerciante - o que pode ser compensado por um maior preço comercial, justificado pelo valor agregado que as soluções de design trazem -, por outro lado, reduz os impactos de produção. Sobre os aspectos produtivos possíveis, foram necessárias decisões envolvendo questões que se arrastam desde a Revolução Industrial: Artesanal x Industrial / Exclusivo x Série. Se o artesanal produz algo exclusivo, artístico e mais valorizado, a indústria permite, graças à tecnologia, mais precisão e agilidade ao processo. O autor deste trabalho veio da indústria, mas é formado em ourivesaria, portanto, essa é uma discussão que lhe é familiar há algum tempo; todavia, ter conhecimento amplo das duas vertentes, torna as decisões mais rápidas. Objetivando a redução de tempo no desenvolvimento, optou-se pela produção industrial; entretanto, para dar maior persona86


lidade às peças, o acabamento ocorre de forma artesanal. Devido à situação pandêmica, boa parte do processo foi desmaterializado sob a forma de arquivos digitais trocados com os colaboradores do processo e empresas de pequeno porte que estão sofrendo com a atual situação do comércio. A falta de contato físico, bem como as agendas incompatíveis entre os colaboradores envolvidos no processo de produção, geraram algumas dúvidas que foram sanadas equivocadamente, atrasando o processo de confecção dos protótipos; mesmo com as peças fundidas, ainda não foi possível realizar as cravações, nem mesmo testar os encaixes, por falta de infraestrutura para soldagem - há um impedimento legal no local onde este processo seria realizado -. Ainda que os encaixes propostos não tenham sido testados neste conjunto de protótipos, são estruturas simples, já realizadas analogamente em ocasiões anteriores pelo autor deste projeto e pelo mercado joalheiro, então, pode-se afirmar que funcionam e permitem a intercambiação dos elementos. Todavia, o profissional fundidor que realizou a confecção dos itens apontou para a possibilidade de algumas melhorias no modelo para facilitar o manuseio das peças em cera e diminuir o tempo de acabamento pós-fundição: espaçar dois pontos do ear cuff onde as garras quase se encostam e eliminar algumas galerias internas, economizando metal e criando espaço para fixação dos jitos (espécie de tubos por onde entra o material no molde). Os protótipos não foram finalizados até a entrega deste caderno de projeto, porém, foi possível avaliar o resultado através da divulgação dos renders presentes neste trabalho em redes sociais. Pelo feedback bastante positivo de públicos (vide anexo) tão distintos, acredita-se que se atingiram os objetivos deste Trabalho de Conclusão de Curso: o produto atende à linguagem formal do mercado joalheiro, tem apelo estético, os modelos do mundo fashion aparecem nas combinações, é suntuoso sem deixar de ser delicado, é jovial e realça a sensualidade feminina - ponto observado até mesmo por homens . Finaliza-se este caderno com o comprometimento de se esforçar para a finalização e teste de manuseio dos protótipos para uma avaliação mais completa de resultados. De toda forma, os resultados alcançados e a conclusão do desenvolvimento do projeto revelam uma trajetória formativa no curso de Design Industrial do Centro Universitário SENAC, que acredito plena e promissora para minha atuação profissional.

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Lista de Imagens ●Capa - Asa de Anjo. Disponível em <https://br.pinterest.com/pin/358951032803078968/?autologin=true> Acesso em 14/11/2020 ●Fig. 1- Pena de faisão. Disponível em: < https://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-pena-do-fais%C3%A3o-image1553701> Acesso em 03/06/20. Pág.2 ●Fig. 2 – Colar de 75.000 a.C. Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200401.htm> Acesso em 03/06/20. Pág. 10 ●Fig. 3 – Pulseira Duchess, por Iris Apfel. Disponível em < https://blog.waufen.com.br/joias-tecnologicas-que-conseguem-monitorar-sua-saude/> Acesso em 03/06/20. Pág. 10 ●Fig. 4 – Fig. 4 – Papua Nova Guiné, tribo isolada. Assim como na Pré-História, utilizam-se de materiais de fácil manipulação para se adornar....Fonte: Portfólio Jimmy Nelson (Disponível em https://www.jimmynelson.com/people/goroka) > Acesso em 03/06/20. Pág. 12 ●Fig. 5 – Máscara mortuária de Tutankamon Fonte: Wikipedia (Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1scara_mortu%C3%A1ria_de_Tutanc%C3%A2mon) Acesso em 03/06/20. Pág. 13 ●Fig. 6 - Pente Cita: riqueza de detalhes . Fonte Museu Saint-Petersburgo (Disponível em http://www.saint-petersburg. com/museums/hermitage-museum/prehistoric-art/) Acesso em 03/06/20. Pág. 13 ●Fig. 7 – Colar Persa: precursores da lapidação Fonte: Arqhys Decoração (Disponível em https://www.arqhys.com/ construccion/mesopotamia-orfebreria.html) Acesso em 03/06/20. Pág. 14 ●Fig. 8 - Primeira moeda da História. Fonte: A Origem da Moeda (Disponível em https://jafetnumismatica.com.br/ historia-da-moeda/) Acesso em 30/10/20. Pág. 14 ●Fig. 9 – O Grande Camafeu da França, Imp. Romano Fonte: Biblioteca Digital (Disponível em https://www.wdl.org/pt/ item/683/) > Acesso em 03/06/20. Pág. 14 ●Fig. 10 – Prego Sagrado: a ourivesaria a serviço do clero. Fonte: ChurchPop (Disponível em https://pt.churchpop.com/ wp-content/uploads/2016/06/25.jpg) > Acesso em 03/06/20. Pág. 16 ●Fig. 11 – Saleiro para Rei Francisco I, a volta ao antropocentrismo. Fonte: História das Artes (Disponível em https:// www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/saleiro-benvenuto-cellini/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 17 ●Fig. 12 – Coroa de Luis XIV: ostentação. Fonte: IstoÉ (Disponível em https://istoe.com.br/a-joia-do-louvre/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 17 ●Fig. 13 – Fabergé Imperial Pearl Egg, um dos famosos Ovos Fabergé, de Carl Fabergé. .Fonte: Terapia do Luxo (Disponível em http://www.terapiadoluxo.com.br/faberge-imperial/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 18 ●Fig. 14 – A mulher libélula, de René Lalique Fonte: Cultura Genial (Disponível emm https://www.culturagenial.com/ art-nouveau/) > Acesso em 03/06/20. Pág. 19 ●Fig. 15 – Coco Chanel : precursora das bijuterias. Fonte: Stylight (Disponível em https://www.stylight.com.br/Magazine/Fashion/20-Melhores-Frases-Da-Coco-Chanel/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 19 ● Fig. 16 – Ilustração apresentando uma típica cena de família americana em momento de lazer: o consumismo exacerbado. Fonte: Toda Matéria (Disponível em https://www.todamateria.com.br/american-way-of-life/)>Acesso em 03/06/20. Pág. 21 88


●Fig. 17 – Logomarca da Conferência da Cúpula da Terra, na qual percebemos a paisagem do Rio de Janeiro como sinal de algo a ser preservado. Fonte: Brasil Escola (Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/geografia/eco-92.htm)> Acesso em 03/06/20. Pág. 22 ●Fig 18 - Colar feito com cápsulas Nespresso, design inserido no conceito de Economia Circular. Fonte: Elo7 (Disponível em https://www.elo7.com.br/colar-em-flor-nespresso/dp/E88EE6)> Acesso em 30/10/20. Pág. 23 ●Fig. 19 –Pingente em inox e capim dourado e conjunto de peças mostrando o uso de materiais naturais, da I9 Joias. Fonte: I9 (Disponível em https://www.picuki.com/tag/i9joias) > Acesso em 04/06/20. Pág. 24 ●Fig. 20 - Joias em papel reciclado e ouro, um exemplo de Economia Circular. Fonte: Lilian Pacce (Disponível em https:// www.lilianpacce.com.br/e-mais/portfolio/bettina-terepins) > Acesso em 04/06/20. Pág. 25 ●Fig. 21 – Coleção Precioso Bambu, de Betty Feffer: renda destinada a ONG. Fonte: Coloquio Moda (Disponível em http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202013/COMUNICACAO-ORAL/EIXO-6-PROCESSOS-PRODUTIVOS_COMUNICACAO-ORAL/Materiais-e-processos-nao-tradicionais-utilizados-no-design-de-joias-contemporaneo.pdf ) > Acesso em 04/06/20. Pág. 25 ●Fig. 22 - Joias desmontáveis Tutti i Giorni: uma abordagem inovadora de sustentabilidade. Fonte: Es Brasil (Disponível em https://esbrasil.com.br/joias-desmontaveis/)> Acesso em 05/06/20. Pág. 26 ●Fig. 23 - Peças em PLA de Diana Law. Fonte: Eluxe Magazine (Disponível em https://eluxemagazine.com/fashion/diana-law-and-the-art-of-3d-printing/https://dianalaw.com/) > Acesso em 04/06/20. Pág. 26 ●Fig. 24 – Jovens da Geração Z: devem guiar o mercado de consumo pelos próximos anos. Fonte: Empreendedor (Disponível em https://empreendedor.com.br/noticia/pesquisa-mostra-maior-engajamento-social-e-empreendedorismo-jovem-na-internet/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 27 ●Fig. 25 – Quadro Comparativo de gerações. Fonte: Revista Exame (Disponível em https://exame.com/revista-exame/ os-millennials-lamentamos-informar-sao-coisa-do-passado/)> Acesso em 03/06/20. Pág. 28 ●Fig. 26 - Personificação da Persona imaginada para este projeto. Fonte: Pinterest (Disponível em <https://br.pinterest. com/pin/831406781188429025/)>Acesso em 04/06/20. Pág. 31 ●Fig. 27 – Painel Semântico. Composição Autoral. Pág. 32 ●Fig. 28 – Referências. Composição Autoral. Pág. 33 ●Fig. 29 - Blusa Dupla Face da Reserva. Fonte: Canal Masculino (Disponível em https://www.canalmasculino.com.br/ wishlist-roupas-masculinas-dupla-face-para-comprar-pela-internet/) > Acesso em 30/10/20. Pág. 34 ●Fig. 30 - Relógios Champion Troca-pulseiras: sucesso dos anos 80/90. Fonte: Mais Capricho (Disponível em http:// maiscapricho.blogspot.com/2010/05/fique-na-moda-relogios-da-moda.html) > Acesso em 30/10/20. Pág. 35 ●Fig. 31 - Conjunto de Chaves de Fenda Mutáveis. Fonte: Lojas Americanas (Disponível em https://www.americanas.com. br/produto/1256986942/conjunto-de-chaves-de-fenda-isoladas-mutaveis-de-7-em-1-de-500v-com-phillips-magnetico-e-kit-de-ferramentas-de-reparo-de-eletricista#info-section&gid=1&pid=3)> Acesso em 30/10/20. Pág. 36 ●Fig. 32 - Mixer e Triturador de alimentos da Britânia. Fonte: Britânia (Disponível em:https://britania.com.br/mixer-triturador-alimentos-2/) > Acesso em 30/10/20. Pág. 37 ●Fig. 33 - Croqui de brinco desmontável - 3 combinações. Fonte: Autoral. Pág. 38 ●Fig. 34 - Croqui de jogo de brincos - 4 combinações. Fonte: Autoral. Pág. 39 ●Fig. 35 - Croqui de conjunto geométrico. Fonte: Autoral. Pág. 39 ●Fig. 36 - Croqui de conjunto baseado em brinco desmontável. Fonte: Autoral. Pág. 40 89


●Fig. 37 - Jogo de Brincos Tendências. Fonte: Autoral. Pág. 41 ●Fig. 38 - Doutzen, Candice e Alessandra, algumas das Angels da Victoria Secrets.Fonte: Tão Feminino (Disponível em https://www.taofeminino.com.br/entretenimento/album1028169/peso-e-alturas-das-angels-as-medidas-das-super-modelos-da-victoria-s-secret-0.html#p1 ) >Acesso em 07/11/20. Pág 43 ●Fig. 39 - 1ª proposta de conjunto, realizada após estudo do conjunto de brincos. Fonte: Autoral. Pág. 44 ●Fig. 40 - Anéis propostos para Coleção Angel: apenas as “penas” caídas. Fonte: Autoral. Pág 44 ●Fig. 41 - Gargantilha com pingente mutável para Coleção Angels: suas variações. Fonte: Autoral. Pág. 45 ●Fig. 42 - Variações de uso possibilitadas pelo uso dos brincos da coleção Angel. Fonte: Autoral. Pág. 46 ●Fig. 43 - Caixa para gota padronizada: projeto em 0,8mm e garras próximas de 1 mm de diâmetro. Fonte: Autoral. Pág. 47 ●Fig. 44 - Caixas posicionadas identificando os quatro diferentes componentes dos brincos Angel. Fonte: Autoral. Pág. 47 ●Fig. 45 - Detalhes do Ear Jacket Angel: regulagem e lingueta em ângulo. Fonte: Autoral. Pág. 48 ●Fig.46 - Pendente Angel: trava para uniformizar o posicionamento da corrente. Fonte Autoral. Pág. 48 ●Fig 47 - Estrutura do Ear Cuff Angel, criada para receber o Solitário Angel. Fonte: Autoral. Pág. 49 ●Fig. 48 - Solitário Angel: a peça central de toda a estrutura. Fonte: Autoral. Pág. 49 ●Fig. 49 - Vistas Explodidas, em diferentes ângulos, com os quatro brincos da linha Angel. Fonte: Autoral. Pág. 50 ●Fig. 50 - Brincos Angel já sem os pinos de engate: facilitar a produção. Fonte: Autoral. Pág 51 ●Fig. 51 - Brincos Angel fundidos em prata, ainda sem acabamento. Fonte: Autoral. Pág. 52 ●Fig. 52 - O conjunto de brincos Angel pode ser monocromático ou combinar cores. Fonte: Autoral. Pág. 53 ●Fig. 53- Cartela de cores elaborada para manter seu efeito mesmo com a separação das peças Fonte:Autoral. Pág. 53 ●Fig. 54 - Exemplo das incontáveis combinações de cores possibilitadas pelos brincos Angel. Fonte: Autoral. Pág. 54 ●Fig. 55 - Sequência de imagens mostrando a transformação no visual que Angel proporciona: do clássico ao fashion. Pág. 54-58

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Referências ●A História das Moedas. In: Casa da Moeda de Portugal, Lisboa in <https://www.newgreenfil.com/pages/a-historia-das-moedas> Acesso em 05/05/2020 ●AGENDA 21 Global. In: Ministério do Meio Ambiente. Brasil. Disponível em: < https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global >. Acesso em 18/05/20. ●ARNHEIM. Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora: Nova versão. São Paulo, Ed. Pioneira, 2005. Disponível em <https://www.academia.edu/6736772/ARNHEIM_Rudolf_Arte_e_percep%C3%A7%C3%A3o> Acesso em 01/11/2020. ●ART Nouveau. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: < http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo909/art-nouveau >. Acesso em: 15/05/2020 ●BARBOSA, Aline. “Como será o varejo e a indústria do consumo depois do coronavirus?”, São Paulo, Revista Consumidor Moderno, 17 abril 2020. In < https://www.consumidormoderno.com.br/2020/04/17/varejo-industria-consumo-depois-coronavirus/ > Acesso em 23/05/20 ●BAXTER, Mike. “Projeto de Produto: Guia Prático para o Design de Novos Produtos”, 3ª edição, Editora Blucher, São Paulo, 2011. ●BONALUME, Ricardo. “Cientistas da Europa, dos EUA e da África do Sul acham a mais antiga “joia” da humanidade, feita de conchas”, São Paulo: Jornal Folha de São Paulo, Pág. Ciências, 16 abril 2004 in < https://www1.folha.uol.com.br/ fsp/ciencia/fe1604200401.htm> Acesso em 02/05/2020 ●CLÁSSICOS com Update: as tendências de joias para 2020. Revista L’Officiel, São Paulo 02 janeiro 2020 In: https:// www.revistalofficiel.com.br/joias/classicos-com-update-as-tendencias-de-joias-para-2020 Acesso em 27/08/2020. ●DANELON, Ana Paula. Entrevista concedida a Rafael Moraes. São Paulo, 15 maio 2020. ●DIANA Law and the Art of 3D Printing. Estados Unidos, ELUXE Magazine, 4 janeiro 2016. In < https://eluxemagazine.com/fashion/diana-law-and-the-art-of-3d-printing/ >. Acesso em 28/05/20. ●EISENSTEIN, S. Reflexões de um Cineasta, Editora Zahar, 1969 ●FLUSSER, Vilém.”O Mundo Codificado: por uma Filosofia do Design e da Comunicação”, 1ª Edição, Ubu Editora, São Paulo, 2017. ●FOGAÇA, Jennifer. “Borracha natural e sintética”, Brasil Escola in < https://brasilescola.uol.com.br/quimica/borracha-natural-sintetica.htm > Acesso em 19/05/20. ●FOGAÇA, Jennifer. “O que é sustentabilidade?”, Brasil Escola in <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-sustentabilidade.htm> . Acesso em 16/05/20 ●HOEFEL, Fernanda. “A Geração Z e o Varejo”, São Paulo, 6 novembro 2018. In < https://www.mckinsey.com/br/our-insights/blog-made-in-brazil/a-geracao-z-e-o-varejo > Acesso em 24/05/20 ●JOIAS de Papel. São Paulo, 16 junho 2009. In < https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/portfolio/bettina-terepins/> Acesso em 17/05/20. ●KAZAZIAN, Thierry. “Haverá a Idade das Coisas Leves”, 1ª Edição, Editora SENAC, São Paulo, 2005. ●KOJIKOVISK, Gian. “Os millennials, lamentamos informar, são coisa do passado”, São Paulo, Revista EXAME, 30 nov 2017. In < https://exame.com/revista-exame/os-millennials-lamentamos-informar-sao-coisa-do-passado/ > Acesso em 03/05/20 91


●MANZINI, E. A matéria da Invenção. Trad. Pedro Afonso Dias. Lisboa: Centro Português de Design, 1993.

●MARTINEZ, Irapuan. “10 Princípios para um bom design, por Dieter Rams”, Brasil, 2 julho 2013. Disponível em < https://uxdesign.blog.br/10-princ%C3%ADpios-para-um-bom-design-por-dieter-rams-21292b01e94c Acesso em 02/06/20. ●MEIR, Jacques. “As 6 características fundamentais da Geração Z”, São Paulo, Revista Consumidor Moderno, 22 setembro 2017. In < https://www.consumidormoderno.com.br/2017/09/22/caracteristicas-fundamentais-geracao-z/ > Acesso em 24/05/20 ●MERLO, Paula. Entrevista concedida a Jorge Grimberg. São Paulo, 25 maio 2020. Disponível em <https://www.instagram.com/jorgegrimberg/?hl=pt-br > Acesso 26/05/20 ●NESPRESSO: café, cápsula, máquinas e sustentabilidade? In < https://www.ecycle.com.br/6504-nespresso-capsula-maquinas-sustentabilidade > Acesso em 18/05/20. ●PHILLIPS, Peter L. “Briefing: a gestão do projeto de Design”, Ed. Blucher, São Paulo, 2016. ●PRATE, Marcel. “A reinvenção do mundo pós-covid-19: cinco passos para sobreviver no novo normal”, São Paulo, Revista IstoÉ, 22 maio 2020. In < https://www.istoedinheiro.com.br/a-reinvencao-do-mundo-pos-covid-19-cinco-passos-para-sobreviver-no-novo-normal/ > Acesso 25/05/20. ●SAIONETI, Leandro. “O que foi a Reforma Protestante?”, São Paulo, Revista Superinteressante, 30 outubro 2018 in <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-reforma-protestante/> Acesso em 13/05/2020 ●SKODA, Sônia M.O. Gonçalves. “Evolução da Arte da Joalheria e a Tendência da Joia Contemporânea Brasileira”, Dissertação (Mestrado em Historia da Arte) – Universidade de São Paulo, 2012. Disponível em <https://teses.usp.br/teses/ disponiveis/93/93131/tde-27012016-134500/publico/2012_SoniaMariaDeOliveiraGoncalvesSkoda_VCorr.pdf> Acesso em 01/06/20. ●TISSIER, Barbara. “Lalique: O mestre de vidro da Art Nouveau e Art Deco, Paris, 24 abril 2017 in < https://theculturetrip.com/europe/france/paris/articles/lalique-the-glass-master-from-art-nouveau-to-art-deco/>. Acesso em 15/05/2020.

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ANEXO

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FICHA TÉCNICA

BRINCOS ANGEL Designer: RAFAEL MORAES

Solitário Angel Categoria:

Brincos

Material:

Prata 950, com ou sem banho de ródio branco, pedras naturais ou cristais

Medidas:

Caixa 8,5 x 6,5 mm x 5 mm

Descrição:

Brinco fundido em prata, modelo solitário, com galeria recortada e pino de engate para realiza- ção de montagens e garras para a fixação de uma gota 8x6 mm.

Pendente Angel Categoria:

Brincos

Material:

Prata 950, com ou sem banho de ródio branco, pedras naturais ou cristais

Medidas:

Caixa 7,5 x 5,5 mm x 5 mm + corrente veneziana de 47 mm

Descrição: Brinco fundido em prata, com corrente veneziana de 0.7 mm também em prata, formando um modelo pendente, com argola para realização de montagens e garras para a fixação de uma gota 7x5 mm.

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FICHA TÉCNICA

BRINCOS ANGEL Designer: RAFAEL MORAES

Ear-Jacket Angel Categoria:

Brincos

Material:

Prata 950, com ou sem banho de ródio branco, pedras naturais ou cristais

Medidas:

21 x 19 mm x 6,5 mm

Descrição:

Brinco fundido em prata, modelo ear-jacket, com galeria recortada e pino de fixação para a realização de montagens, lingueta com 3 regulagens de altura e garras para a fixação de uma gota tamanho 7x5 mm e quatro gotas tamanho 6x4 mm.

Ear-Cuff Angel Categoria:

Brincos

Material:

Prata 950, com ou sem banho de ródio branco, pedras naturais ou cristais

Medidas:

36 x 23,5 mm x 9,7 mm

Descrição:

Brinco fundido em prata, modelo ear-cuff, com galeria recortada para a realização de monta gens, argola para fixação em cartilagem e garras para a fixação de três gotas 7 x 5 mm e três gotas 6 x 4 mm.

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PRINTS

Paisan Tadeu

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