Uma igreja sem propósito

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SÉRIE: REVITALIZAÇÃO DE IGREJA

Uma igreja sem propósito Os pecados da igreja que resistem ao tempo

LONDRINA/PR


Barro, Jorge H., Organizador. Uma igreja sem propósito, Alfredo dos Santos Oliva, Jorge Henrique Barro, Luiz Wesley de Souza e Wander de Lara Proença.- -. Londrina: Descoberta, 2019. 248 p. ISBN - 978-85-5563-039-2 1. Liderança cristã 2. Missão da igreja 3. Igreja 4. Revitalização de Igreja I. Título CDD (21) 262.1

1ª edição: 2004 - Mundo Cristão 2ª edição: novembro/2019

Coordenação de produção: Euardo Pellissier Capa:

Louis Marcel Pellissier

Projeto gráfico: Decomm Comunicação Visual Revisão: Selma Almeida Rosa Calvani Impressão: Gráfica Viena

Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

Descoberta Editora Ltda Tel/fax: (43) 3351 9957 Endereço eletrônico: editora@descoberta.com.br Página na internet: www.descoberta.com.br


Autores

Jorge Henrique Barro é um dos fundadores e professor da Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina, Paraná. É doutor em Missiologia pelo Fuller Theological Seminary, Califórnia, USA. Pastor Presbiteriano e conferencista, especialmente na área da Missão Urbana e Pastoral. Foi presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana. Avaliador do Ministério da Educação para o curso de Teologia. Autor de vários livros, dentre eles: Ações pastorais da igreja com a cidade, De cidade em cidade, O pastor urbano, Guia prático de missão integral, Missão para a cidade (todos pela Editora Descoberta). Casado com Denise e tem dois filhos, Pedro Henrique e João Filipe. Alfredo dos Santos Oliva possui graduação em Teologia (Bacharelado) pelo Seminário Teológico Antônio de Godoy Sobrinho (1991), graduação em História (Licenciatura) pela Universidade Estadual de Londrina (1993), mestrado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (1999), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2001), doutorado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005) e pósdoutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2017). É professor adjunto da Universidade Estadual de Londrina desde 2007. Tem experiência de ensino na área de História, com ênfase em Teoria da história e História das religiões, atuando principalmente nos seguintes temas: Teoria da história em diálogo com M. Foucault, J. Butler, M. Bakhtin ou C. G. Jung, Historiografia da cultura do cristianismo primitivo, Sexualidades e relações gênero no cristianismo primitivo, Escrita de si, Cuidado de si e Prática da parrhesia.


Luís Wesley de Souza é professor catedrático na Emory University, Candler School of Theology, e dirige o World Methodist Evangelism Institute (WMEI) em Atlanta, GA, USA. Ministro metodista há 35 anos, serviu a Igreja Metodista do Brasil de 1983 a 2007, e serve a United Methodist Church desde 2007. É conferencista internacional e plantador da Communitàs UMC na região metropolitana de Atlanta. Possui pós-doutorado na área de Teologia Prática e Práxis Religiosa pela Divisão Graduada de Religião da Emory University, PhD em Estudos Interculturais e ThM em Missiologia pela E. Stanley Jones School of World Mission and Evangelism do Asbury Theological Seminary, Wilmore, KY, EUA, e graduação em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP. Contribuiu em vários livros, dentre eles World Mission in the Wesleyan spirit (editado por Darrell L. Whiteman and Gerald H. Anderson), Feasting on the Gospels (editado por Barbara B. Taylor and David Bartlett), Religion as a social determinant of public health: an interdisciplinary inquiry (editado por Ellen Idle), Global good news: Mission in a postmodern age (editado por Howard A. Snyder) e A Bíblia missionária de estudo (editada por Timóteo Carriker e Jamierson Oliveira). Casado com Vanice, e tem quatro filhos, Filipe, Matheus, Talitha e Luís Wesley Junior, e avô da Annalisa Ruth. Wander de Lara Proença é professor da Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina, Paraná. É mestre em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina; licenciado e mestre em História pela Universidade Estadual de Londrina e Universidade Estadual de Maringá. Doutorando em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, Assis). Pastor Presbiteriano e conferencista, especialmente na área do Neopentecostalismo, História e Cristologia. Autor dos livros: Cruz e ressurreição: a identidade de Jesus para os nossos dias (Editora Descoberta) e Magia, prosperidade e messianismo: o sagrado selvagem nas representações e práticas de leitura do neopentecostalismo Brasileiro (Editora Aos Quatro Ventos). Membro da Fraternidade Teológica Latino-Americana, Setor-Brasil.


Agradecimentos

A nossas famílias, pela compreensão e estímulo À Faculdade Teológica Sul Americana, por seu incentivo à produção bíblica e teológica, relevante ao contexto brasileiro, e por disponibilizar recursos e materiais para a escrita deste livro A Selma Almeida Rosa Calvani, por seu cuidadoso trabalho de revisão dos textos



DedicatĂłria

Aos pastores, pastoras e lĂ­deres da igreja evangĂŠlica brasileira.



Índice Introdução ............................................................................... 13 Capítulo 1 Uma igreja sem o propósito de ser solidária A Igreja de Éfeso – Apocalipse 2:1-7 Jorge Henrique Barro ............................................................. 25

Capítulo 2 Uma igreja sem o propósito da maturidade na Palavra A Igreja de Pérgamo – Apocalipse 2:12-17 Wander de Lara Proença ....................................................... 45

Capítulo 3 Uma igreja sem o propósito da pureza e da santidade A Igreja de Tiatira – Apocalipse 2:18-29 Luis Wesley de Souza ............................................................. 85

Capítulo 4 Uma igreja sem o propósito de agradar a Deus A Igreja de Sardes – Apocalipse 3:1-6 Jorge Henrique Barro ........................................................... 109

Capítulo 5

Uma igreja sem o propósito de uma espiritualidade fervorosa e comprometida A Igreja de Laodicéia – Apocalipse 3:14-22 Alfredo dos Santos Oliva ...................................................... 129

Capítulo 6 Uma igreja com o propósito de ser perseverante A Igreja de Esmirna – Apocalipse 2:8-11 Jorge Henrique Barro | Wander de Lara Proença ................ 159


Capítulo 7 Uma igreja com o propósito de ser fiel à Palavra e ao nome de Deus A Igreja de Filadélfia – Apocalipse 3:7-13 Jorge Henrique Barro ........................................................... 189

Conclusão ............................................................................... 209 Posfácio Em busca de uma eclesiologia criativa e integral Júlio Paulo Tavares Mantovani Zabatiero ........................... 221

Bibliografia .......................................................................... 231




O que caracteriza hoje no Brasil uma igreja bem-sucedida? Quais os critérios para se medir o sucesso de uma igreja? Quais os parâmetros para se avaliar quão perto está a igreja dos seus verdadeiros propósitos que Jesus quer que ela tenha? Quão bíblicos são esses propósitos? Estima-se que hoje, no Brasil, a maioria das igrejas locais (cerca de 90-95%) possui menos de 200 participantes. Diante disto, perguntamos: seriam essas igrejas malsucedidas ou fracassadas? Pensando sobre o que caracteriza a essência do propósito da igreja, reflita: pode uma igreja desenvolver-se com e a partir de maus propósitos? A resposta é sim! As cartas às Sete Igrejas da Ásia Menor em Apocalipse revelam o sonoro sim de comunidades cheias de maus propósitos. Estes maus propósitos foram tão perceptíveis aos olhos de Jesus que Ele não deixou de questioná-los. Obviamente, se perguntarmos aos pastores se suas igrejas possuem maus propósitos, quais de nós teríamos a lucidez e a coragem de dizer que sim? A questão é que aos olhos de Jesus, o Supremo Pastor, a perspectiva é outra. E o motivo é simples: Jesus conhece nossa igreja muito mais e muito melhor do que nós mesmos. E, diante disso, não existe disfarce e nem justificava que possam resistir. Como se esconder se o próprio Jesus declara: conheço as suas obras? Foi exatamente isto que Ele disse para as igrejas de Éfeso (Ap 2:2), Tiatira (Ap 2:19), Sardes (Ap 3:1), Laodicéia (Ap 3:15) e Filadélfia (3:8). E ainda disse para Esmirna: conheço as suas aflições e pobreza (Ap 2:9). E finalmente, para Pérgamo, afirmou: conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás (Ap 2:13). Jesus conhece e sabe tudo a respeito das suas igrejas. Jesus conhece e sabe a respeito da igreja em que você está hoje. Ele, com certeza, tem toda a autoridade para chegar a cada um de nós dizendo: eu conheço a sua igreja e sei tudo sobre ela. Ele conhece e sabe. Mas conhece e sabe exatamente o que sobre a nossa igreja? É exatamente essa a questão que vamos aqui refletir. Ele não só conhecia e sabia a respeito das atividades e ministérios que essas igrejas desenvolviam, como também conhecia e sabia algo mais profundo e mais íntimo: as verdadeiras motivações Uma igreja sem propósito

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que impulsionaram essas igrejas e líderes. E, perceba desde o início, que o problema de Jesus com elas não estava necessariamente naquilo que faziam (atividades e programas), mas no como faziam. Esse como tem a ver com motivação. E aqui não há disfarce porque Jesus vê o que não vemos: o nosso interior! Jesus conhece e sabe das nossas motivações! Só Ele tem a capacidade de ver o invisível, perceber aquilo que escondemos, de adentrar o coração humano. Jesus conhece e sabe os verdadeiros motivos que nos levam a fazer o que fazemos e ser o que somos. Precisamos ter e desenvolver o temor do Senhor. Só o temor do Senhor nos trará uma consciência limpa e pura diante d´Ele. Assim, com esta reflexão, desejamos incentivar você à consciência e transparência sobre as reais motivações que impulsionam sua vida e seu ministério em sua igreja. E isso tem nome: integridade! Aqui aplica-se o texto de Jó: “Ou não vê Deus os meus caminhos e não conta todos os meus passos? Se andei com falsidade, e se o meu pé se apressou para o engano (pese-me Deus em balanças fiéis e conhecerá a minha integridade); se os meus passos se desviaram do caminho, e se o meu coração segue os meus olhos, e se às minhas mãos se apegou qualquer mancha...” (Jó 31:4-7).

Reconhecemos, com tristeza, que existem muitas intenções e motivações não puras na plantação e crescimento de igrejas. É claro que também reconhecemos muito esforço santo, de gente íntegra que acima de tudo quer agradar e buscar a glória de Deus. Esse livro pode ser um incentivo para plantadores de igrejas e pessoas que trabalham com revitalização de igrejas como um “manual” para se buscar as verdadeiras motivações. Nem tudo o que se faz na igreja visa a glória de Deus para cumprir sua vocação intenção missional. Não deveria ser assim, mas é possível realizar a obra de Deus com intenções impuras. Infelizmente é possível realizar a obra de Deus com maus propósitos. Quer seja de forma consciente ou inconsciente é muito possível. O missiólogo holandês, Johannes Verkuyl, nos alertou quanto a quatro motivações 16

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impuras na realização da missão da igreja. São elas: • o motivo imperialista: é a tentativa de usar outra pessoa ou povo como um meio para alcançar seu próprio objetivo; • o motivo cultural: frequentemente ao comunicar o evangelho a cultura do comunicador vem acoplada e já não se distingue entre o que é evangelho e o que é cultura; • o motivo comercial: é a relação entre comércio e fé, ou seja, ter uma igreja guiada por interesses comerciais e mercantilistas; • o motivo do colonialismo eclesiástico: é o processo de imposição do modelo da igreja mãe sobre as igrejas nativas, não dando a oportunidade para que essas igrejas tenham suas características respeitadas e encorajadas (1987, p. 168-175). O propósito desta reflexão é procurar discernir aquilo que não agrada a Deus em nossas igrejas. E para isto, nos reportaremos as Sete Igrejas do Apocalipse, procurando demonstrar como cinco delas desagradaram a Deus em suas motivações ministeriais. Leon Morris disse que: João preparou sua mensagem para atender as necessidades das pequenas igrejas, porém, se ocupou de temas importantes para o povo de Deus em todo o tempo e lugar. Está escrevendo às igrejas, mas também se dirige a Igreja em sua totalidade (1977, p. 65).

Olharemos com cuidado esses temas importantes para o povo de Deus, pois são extremamente pertinentes para nós hoje como igreja evangélica brasileira. As duras palavras de Jesus e também de encorajamento são indispensáveis para que possamos olhar e ler nossas comunidades hoje. Se algo que aborrecia Jesus no passado porventura não continuaria aborrecendo-O também hoje? Se explicitamente foi dada uma advertência para algumas igrejas no passado em relação às suas práticas, não deveríamos também fixar nossos olhos nesses exemplos para não cairmos nas mesmas condenações? Por acaso esses pecados que exigiram arrependimento dessas igrejas não são os mesmos pecados que nos cercam hoje. Já não deveríamos ter aprendido a lição? Uma igreja sem propósito

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Qual é a importância e a relevância de um estudo como este? Chamamos a atenção para o fato de que nessas cartas, ditadas por Jesus e escritas por João, é único lugar nas Escrituras que encontramos a Eclesiologia de Jesus. Nas quatro versões do Evangelho só encontramos duas vezes a referência a igreja1 - ekklesia: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). “E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mt 18:17). Dois textos fundamentais que deixam claro que Jesus é o edificador e sustentador da igreja (Mt 16:18) como também a importância da unidade e os princípios para mantê-la igreja (Mt 18:17). Contudo, são nas Sete Cartas que encontramos, de modo explícito e declarado, a Eclesiologia de Jesus. Jesus deixa absolutamente claro o que quer e o que não quer em sua igreja. Mais de 2000 anos se passaram e, por incrível que pareça, continuamos, como igreja, cometendo os mesmos pecados que Jesus condenou nessas sete igrejas! Por que não levamos à sério essas orientações de Jesus? Por que não fazem parte do conteúdo programático dos treinamentos e capacitações para plantadores de igrejas? Por que não aparece nos processos de revitalização de igrejas? Não estaria Jesus nestas cartas convocando essas igrejas a um processo de revitalização que passa necessariamente, se é que não começa, com o arrependimento? Precisamos saber o que deixa Jesus aborrecido em nossas igrejas e descobrir se existe entre nós motivos impuros nas ações das igrejas hoje e nas ações pastorais. Nenhum de nós gostaria que o julgamento de Jesus nos visitasse em um domingo à noite, em pleno culto! Se algo desagrada a Jesus e provoca a sua indignação e até náusea, eu, como pastor ou participante da igreja, quero ser o primeiro a dizer: estou fora! É nosso dever compreender esses Ekklesia - reunião de cidadãos chamados para fora de seus lares para algum lugar público, assembleia do povo reunida em lugar público com o fim de deliberar, e num sentido cristão a assembleia de Cristãos reunidos para adorar em um encontro religioso, grupo de cristãos, ou daqueles que, na esperança da salvação eterna em Jesus Cristo, observam seus próprios ritos religiosos, mantêm seus próprios encontros. 1

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maus propósitos que convocam a indignação de Jesus sobre a igreja. As palavras de Jesus, porém, não se limitam à condenação. Em suas falas, Jesus, como Senhor da igreja, declara os propósitos essenciais da e para ela. A leitura das sete cartas nos ajuda a compreender os propósitos de Jesus para a sua igreja. Disso trataremos aqui. Para tal, não fazemos uma análise minuciosa e detalhada do texto em forma de comentário exegético, mas, sem sermos superficiais, procuramos compreender a relevância e os desafios contidos nas referidas cartas para a igreja evangélica brasileira. As sete cartas foram escritas ao anjo da igreja. Existe uma longa discussão sobre o sentido de quem é ou são esses anjos. Escrevemos focando nas lideranças pastorais porque uma das possíveis interpretações que anjo de refere a liderança da igreja. Por outro lado, entendemos também que este texto pode e deve ser lido por pessoas que não são líderes e nem pastores, pois assim elas compreenderão melhor os desejos de Jesus para as suas igrejas e poderão atuar como agentes de mudanças e transformações em suas comunidades locais. Um dos maiores e respeitados especialista em Apocalipse é Juan Stam. Ele afirma: Cada carta é dirigida “ao anjo da igreja…” Nenhuma explicação aclara completamente este estranho uso literário. Sem dúvida o conteúdo de cada carta se refere a toda a igreja, e não somente a seus líderes. Aparentemente o “tu” singular sugere a personalidade corporativa espiritual, a interioridade mais profunda, a Gestalt de cada igreja. O conteúdo de cada carta resulta claro e coerente se o “tu” (que a NVI abrasileirou em “vocês”) se entende como “tu” ou “você”, igreja. Ao falar a cada igreja em particular o Espirito também fala a toda a Igreja2.

O Pulpit Commentary afirma: Os anjos das sete igrejas. O significado desses “anjos” tem sido muito contestado. A explicação comum de que eles são STAM, Juan. Extraído de <https://blogmanfredgrellert.wordpress.com/2017/05/25/capitulo2-o-comentario-do-apocalipse-de-juan-stam/>. Acessado em 13NOV2018.

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os bispos das Igrejas é atraente por causa de sua simplicidade. Mas tem dificuldades muito graves, especialmente para aqueles que atribuem o Apocalipse à data anterior de AD. É altamente improvável que naquele tempo primitivo as sete Igrejas já estivessem tão completamente organizadas como cada uma para possuir seu próprio bispo. E admitindo que eles eram, e que os bispos poderiam ser chamados de “anjos” ou “mensageiros”, eles não seriam chamados de mensageiros de Deus ou de Cristo, ao invés de mensageiros das Igrejas? “E a Igreja primitiva não teria preservado este título como sinônimo de “bispo”? A própria linguagem de João dá a verdadeira chave para o simbolismo. “As sete estrelas são os anjos das sete igrejas e os sete candelabros são as sete igrejas”.

E conclui: Mas seja qual for a concepção exata, ele é identificado e responsabilizado pela Igreja a um grau totalmente inadequado para qualquer oficial humano3.

Parece que esses anjos poderiam ser (1) os mensageiros, (2) os lideres responsáveis pelas igrejas, (3) como também ser a corporificação de toda igreja formada por seus participantes. Portanto, qualquer que possa ser a interpretação, existe aqui uma responsabilização pelo estado de cada igreja. Estes responsáveis estão sendo chamados a atenção, e precisam reconhecer sua parcela em tal estado e são convocados a agir imediatamente para a ordem se estabeleça e o arrependimento venha. A questão aqui é que cada igreja da Ásia Menor era governada por um anjo. Este, fosse quem fosse, era o responsável pela igreja quer seja de modo individual, plural ou coletivo. E foi para os anjos que cada carta específica e particular foi dirigida e enviada. No contexto das igrejas evangélicas brasileiras (e existem exceções) a liderança pastoral exerce esse papel de representante PULPIT COMMENTARY. Extraído de <https://biblehub.com/revelation/1-20.htm>. Acessado em 13NOV2018. 3

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ou responsáveis (independentemente de sua forma de governo) da igreja. Assim sendo, nossa ênfase neste livro está voltada para líderes da igreja, para que seus ministérios reflitam as sinceras e dignas motivações da Palavra de Deus. Por outro lado, também tem uma profunda validade para todos os participantes da igreja uma vez que cada pessoa é chamada a observar as orientações de Jesus para a sua igreja, e isso é e deve ser do interesse de todos nós, porque juntos em unidade somos igreja! Reavaliar as motivações ministeriais da igreja e de sua liderança a partir das palavras de Jesus às Sete Igrejas do Apocalipse é o desafio que temos pela frente! Sua jornada agora será a de cuidadosamente levar a sério essa recomendação de Jesus: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. E você tem! Então, empenhe-se!

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QUADRO PANARÔMICO DAS SETE CARTAS4 Éfeso (2:1-7)

Esmirna (2:8-11)

Pérgamo (2:12-17)

Tiatira (2:18-29)

Sardes (3:1-6)

Filadélfia (3:7-13)

Laodicéia (3:14-21)

Títulos ou descrição do narrador (Cristo)

Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro

Estas são as palavras daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver

Estas são as palavras daquele que tem a espada afiada de dois gumes

Estas são as palavras do Filho de Deus, cujos olhos são como chama de fogo e os pés como bronze reluzente

Estas são as palavras daquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas.

Estas são as palavras daquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir

Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus

Status da igreja: boas coisas reconhecidas pelo narrador

Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores. Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido

Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás

Sei onde você vive — onde está o trono de Satanás. Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim, nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade, onde Satanás habita

Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua perseverança, e sei que você está fazendo mais agora do que no princípio

Nenhuma

Conheço as suas obras. Eis que coloquei diante de você uma porta aberta que ninguém pode fechar. Sei que você tem pouca força, mas guardou a minha palavra e não negou o meu nome

Nenhuma

Status da igreja: más coisas que o narrador tem contra ela

você abandonou o seu primeiro amor

Nenhuma

você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindoos a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade Sexual; de igual modo você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas

você tolera Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz os meus servos à imoralidade sexual e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos; dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade sexual, mas ela não quer se arrepender

Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto

Nenhuma

Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu

Itens em cada carta

Extraído de BROWN, Raymond E. An introduction to the New Testament. New York: The Anchor Bible Reference Library, 1997, p. 784-785.

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Admoestações e encorajamentos

Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele; você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio

Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. O Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida

Portanto, arrependase! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca

Por isso, vou fazê-la adoecer e trarei grande sofrimento aos que cometem adultério com ela, a não ser que se arrependam das obras que ela pratica; matarei os filhos dessa mulher. Então, todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês de acordo com as suas obras; aos demais que estão em Tiatira, a vocês que não seguem a doutrina dela e não aprenderam, como eles dizem, os profundos segredos de Satanás, digo: Não porei outra carga sobre vocês; tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha

Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer, pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus. Lembre-se, portanto, do que você recebeu e ouviu; obedeça e arrependase. Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você. “No entanto, você tem aí em Sardes uns poucos que não contaminaram as suas vestes. Eles andarão comigo, vestidos de branco, pois são dignos

Veja o que farei com aqueles que são sinagoga de Satanás e que se dizem judeus e não são, mas são mentirosos. Farei que se prostrem aos seus pés e reconheçam que eu o amei. Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra. “Venho em breve! Retenha o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa

Dou-lhe este conselho: Compre de mim ouro refinado no fogo, e você se tornará rico; compre roupas brancas e vistase para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar. “Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se. Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo

Promessa aos que ouvem o que o Espírito diz para a Igreja

Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus

O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte

Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe

Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. “‘Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará como a um vaso de barro’; “Eu lhe darei a mesma autoridade que recebi de meu Pai. Também lhe darei a estrela da manhã

O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos

Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce dos céus da parte de Deus; e também escreverei nele o meu novo nome

Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono

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