Hebraica - Março 2014

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ANO LV

são paulo

Queremos ouvir você

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palavra do presidente

Ampliar e melhorar a comunicação A Hebraica quer melhorar e ampliar cada vez mais seu relacionamento com o associado e, para isso, quer se valer de todos os meios e instâncias possíveis de modo a que o associado possa – e deva – manifestar suas preocupações, interesses, reclamações e revelar suas sugestões e propostas para que o clube seja o ideal que todos desejam e seja possível atender. Para tanto, a Hebraica coloca à disposição do associado acesso, instrumentos, ferramentas e, com as novas tecnologias, os aplicativos que agilizam e facilitam a comunicação com as várias instâncias do clube. Desta forma, e nesta sequência, o associado poderá se manifestar comparecendo pessoalmente à Secretaria ou à Central de Atendimento, encaminhar seu pleito por meio das chamadas redes virtuais que estão no site, procurar os gerentes e chefes de departamento. Outra instância é o contato direto com o diretor superintendente do clube Gaby Milevsky que pode receber o associado, bastando, para isso, agendar com a secretária em um dia útil da semana, em horário comercial. O presidente, por sua vez, instituiu o “Café com o Presidente”, mensalmente. Além disso, o associado poderá procurar o conselheiro em quem votou nas últimas eleições. Desta forma queremos – e vamos conseguir – melhorar e dar mais amplitude aos canais de comunicação existentes e àqueles que as novas tecnologias, com todas as suas possibilidades, permitem criar, e dos quais os associados podem se valer para se expressar. A melhor comunicação entre clube e associado contribui para aumentar a confiabilidade na gestão das coisas da Hebraica e reforça o sentimento de confiabilidade e reciprocidade entre os dois entes. Afinal, sempre existe um clima de responsabilidade mútua. O fato é que não queremos que as dúvidas fiquem sem esclarecimento, as perguntas sem respostas e as boas propostas sem o necessário encaminhamento e implantação. Shalom Chag Purim Sameach

Abramo Douek

QUEREMOS –

E VAMOS CONSEGUIR – MELHORAR E DAR MAIS AMPLITUDE AOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO EXISTENTES E ÀQUELES QUE AS NOVAS TECNOLOGIAS, COM TODAS AS SUAS POSSIBILIDADES, PERMITEM CRIAR, E DOS QUAIS OS ASSOCIADOS PODEM SE VALER PARA SE EXPRESSAR


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sumário

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Carta da Redação

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Destaques do Guia A programação de março e abril

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Capa A Hebraica quer ouvir o associado. Saiba como participar...

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cultural + social

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Gourmet Auxiliares do lar e massas ganham destaque

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Feliz idade Vereador Floriano Pesaro abre atividades de 2014

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Recreativo Passamos uma tarde no novo espaço do Social

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Religião Perguntas e respostas suscitadas pela Cabala

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Viagem O Departamento Social quer visitar a África do Sul

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Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos da cidade

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Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

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Basquete Há novidades para as categorias sub-12 e sub-13

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Polo aquático Novo técnico promete mais emoções em 2014

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Curtas Ginástica e masters de natação ganham destaque

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juventude

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Centro de Música Escola completa dez anos de atividades

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After School Turmas de 6 a 14 anos aprendem tudo sobre tradição judaica

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esportes

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Tênis Saiba como ganhar posições no ranking da Hebraica

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magazine

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Ecologia Projeto polêmico pretende revitalizar o Mar Morto

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Doze Notícias Os assuntos mais quentes da sociedade israelense

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Tecnologia Os aplicativos que fazem a cabeça da garotada

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História Os cabarés de Tel Aviv na década de 1920

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A palavra Que língua falavam Adão e Eva no Jardim do Éden?

66

Nazismo Filme em cartaz conta história de obras roubadas

74

Cinema Conheça Alice HerzSommer, a mais idosa sobrevivente do Holocausto

50

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Leituras A quantas anda o mercado das ideias?

78

Música O melhor do pop e do erudito para curtir em casa

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Ensaio O que está por trás da campanha de boicote a Israel?

83

diretoria

84

Memória A contribuição preciosa de Jorge Wilheim (z’l)

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Lista da Diretoria Vejam quem representa o associado no Executivo

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Conselho As novidades da primeira reunião de 2014


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carta da redação

Quem não se comunica...

ANO LV | Nº 625 | MARÇO 2014 | ADAR II 5774

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l)

Foi boa a ideia do presidente da Hebraica, Abramo Douek, e do diretor superintendente, Gabriel Milevsky, de sugerir para a matéria de capa desta edição informar a respeito dos meios e modos à disposição dos associados para se comunicar com a direção do clube e registrar suas críticas, elogios, preocupações, interesses, propostas e toda sorte de manifestações que, de uma forma ou de outra, servirão para fazer da Hebraica um clube e um centro comunitário ainda melhor. A tarefa foi confiada à repórter Magali Boguchwal que colheu as informações e escreveu o texto de olho nas merecidas férias a que tem direito. No “Magazine”, uma magnífica reportagem do nosso correspondente em Israel, Ariel Finguerman, a respeito da construção de uma tubulação que vai despejar água do Mar Vermelho 180 quilômetros ao norte, por território jordaniano, no Mar Morto, que alguns ambientalistas já o declaram moribundo, pois suas águas baixam a razão de um metro por ano. No Brasil, uma operação dessas teria o nome de transposição, como transposição do rio São Francisco, por exemplo. Mas lá, parece, vai dar certo, ao custo de US$ 400 milhões. Leiam também textos acerca da arte que os nazistas chamavam de “degenerada”, mas que, nem por isso, deixou de ser roubada pelos esbirros de Hitler. E tem ainda os aplicativos para crianças criados e desenvolvidos em Israel, e muito mais.

PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)

CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

FOTO CAPA FLÁVIO M. SANTOS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

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Boa leitura e Chag Purim Sameach

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Diretor de Redação

JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700

OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

calendário judaico ::

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

MARÇO 2014 Adar II 5774

ABRIL 2014 Nissan 5774

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dom seg ter qua qui sex sáb

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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

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Purim

Segundo Seder de Pessach

Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l)

- 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

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por Giovahnna Ziegler

destaques do guia NOITES TEMÁTICAS NA HEBRAICA A HEBRAICA CONVIDA A TODOS PARA MAIS UMA NOITE TÍPICA MEXICANA, COM COMIDAS CARACTERÍSTICAS, MÚSICAS E AMBIENTE, NO SALÃO ADOLPHO BLOCH, DIA 29/3 ÀS 21H. NO MÊS ONDE COMEMORAMOS PURIM, NOS DIAS 15 E 16 SERÁ REALIZADA A LEITURA DA MEGUILAT ESTER, SÁBADO ÀS 19H E DOMINGO ÀS 10H30, NA SINAGOGA. A ESCOLA MATERNAL TAMBÉM REALIZARÁ UMA FESTA PARA ALUNOS, DIA 14, NO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH. DIAS 9 E 23 DE MARÇO, OCORRE O PASSEIO CICLÍSTICO HEBIKE, COM PONTO DE ENCONTRO NA

RUA ANGELINA MAFFEI VITA, ÀS 8H30. UMA SAÍDA CULTURAL TAMBÉM ESTÁ PLANEJADA PARA ESSE MÊS. DIA 22, DAS 9H ÀS 13H, COM DIREITO A ALMOÇO NO ESPAÇO GOURMET, O CLUBE LEVA O ASSOCIADO AO CCBB (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL), PARA A EXPOSIÇÃO “VISÕES NA COLEÇÃO LUDWIG”.

7 Dias

Horários do ônibus

Esportivo Hebike Passeio Ciclístico Dias: 9 e 23/3, dom, 8h30 Saída: Rua Maffei Vita Inf.: 3818-8903

• Terça a sexta-feira

Social Cultural

Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Purim Festa na Sinagoga 15/3, sab, 19h 16/3, dom, 10h30

Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados Saída Cultural Visita ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) 22/3, sab, 9h às 13h Noites Típicas Mexicana 29/3, sab, 21h Inf.: 3818-8888

Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30



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capa | comunicação | por Magali Boguchwal

ATRAVÉS DA INTERNET, O ASSOCIADO PODERÁ OPINAR E CONHECER A PROGRAMAÇÃO DO CLUBE

Falar e escutar é só começar... O RELATO DE EXPERIÊNCIAS POSITIVAS E NEGATIVAS POR MEIO DOS MUITOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO QUE A HEBRAICA COLOCA À DISPOSIÇÃO DO ASSOCIADO LEVA A MELHORIAS QUE BENEFICIARÃO A TODOS

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aum Cshapiro, o Baú, decepcionou-se ao ler a principal reportagem a respeito dos jardins da Hebraica na edição de fevereiro da Revista: “Ninguém mencionou o fato de eu, como diretor, ter proposto e iniciado o Departamento de Paisagismo e posteriormente ter indicado Maier Gilbert para o cargo de diretor”, protestou com os olhos marejados de indignação. Numa situação comum ele iria até a Central de Atendimento e registraria a reclamação que considera justa. Ou faria como uma leitora que recebeu a Revista com dias de atraso: ligou para a Secretaria pedindo mais pontualidade na entrega. Durante muito tempo a Central de Atendimento foi – e ainda é – o principal canal para o sócio apresentar sugestões e opiniões a respeito dos serviços oferecidos no clube. Em geral, o sócio ignorava onde ou a quem externar suas observações e, por isso, a Diretoria assumiu o desafio de mudar essa percepção, ampliando opções à disposição do sócio. “A Hebraica quer estar mais próxima dos associados”, resume o diretor superintendente, Gaby Milevsky, ao apresentar as ações que facilitam a vida do sócio interessado em se manifestar nas coisas e assuntos em relação ao clube. “Existem mitos e realidades em relação às expectativas e percepções do sócio e é preciso ouvi-lo em um marco de confiança mútua e detectar no discurso dele quais são suas necessidades, e atendê-las”, afirma o diretor. >>


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capa | comunicação A CENTRAL DE ATENDIMENTO É O MELHOR

der o sócio após consultar a comunicação desenvolvida no percurso anterior.

LOCAL ONDE O ASSOCIADO PODE DAR SUGESTÕES

Os vários canais de comunicação

PARA O APERFEIÇOAMENTO DOS SERVIÇOS OFERECIDOS PELA HEBRAICA

>> “Eis porque estamos ampliando e divulgando quais os canais de comunicação e relacionamento que devem ser utilizados quando o sócio não se sentir devidamente atendido. Chamamos de Relacionamento com o Sócio (RA) o mecanismo que começa na Central de Atendimento, ou por meio do site oficial para aqueles que preferem as ferramentas digitais. Na Central, o sócio será ouvido e preencherá um questionário enumerando as principais reivindicações. Todas as observações são encaminhadas pela Secretaria ao departamento correspondente, que tem o prazo máximo de dez dias para responder pelo correio tradicional ou eletrônico. Em caso de dúvida, ele pode se dirigir à área específica responsável pelo serviço. E se também depois de tudo isso não se considerar satisfeito, pode agendar uma reunião comigo e, em última instância, escrever para a Ouvidoria”, descreve o diretor. Segundo Milevsky, o mais importante é dar ao sócio a certeza de que sua sugestão será acolhida e analisada. “Assim como existem observações em relação a falhas, muitas vezes o sócio se manifesta para elogiar ou agradecer por algo que ele acredita exceder às obrigações do clube. Tudo o que chegar por meio da Central de Atendimento será levado em conta e será respondido pelos departamentos envolvidos. Ao recorrer ao setor diretamente ligado à sua reivindicação, ele entrará em contato com os profissionais e provavelmente conhecerá melhor alguns aspectos relativos àquele assunto”, comenta. “Um fator que garantirá uma relação mais tranquila do sócio com todos os canais de atendimento é a compreensão da necessidade do respeito mútuo. Na Central de Atendimento, no departamento e na Diretoria o associado sempre encontrará profissionais que estão ali para atendê-lo cordialmente e que merecem, do associado, o mesmo tratamento”, sinaliza o

PARA O PÚBLICO MAIS JOVEM, O CLUBE DESENVOLVEU MEIOS DE DIVULGAÇÃO DIGITAL

superintendente. As etapas seguintes requerem disponibilidade do associado e do próprio Milevsky. “Basta agendar com a secretária da presidência no horário comercial e escolher um aspecto específico do funcionamento do clube, pois a generalização não produz nenhum resultado positivo. Quanto ao contato com o presidente, é sempre possível se inscrever para o

‘Café-da-Manhã com o Presidente’, que acontece mensalmente e no qual os sócios se manifestam acerca dos temas mais variados”, enfatiza. Uma vez registrado na Central de Atendimento, debatido com o gerente ou coordenador do departamento e o diretor-superintendente ou exposto durante o “Café-da-Manhã”, o sócio pode se dirigir à Ouvidoria, que terá os meios para aten-

Com os dados à mão A interação do associado com a Hebraica gera inúmeras ações e programas para estimulá-lo a frequentar cada vez mais o clube. E requer vários meios e instrumentos para fazer a informação chegar a ele no ritmo frenético da modernidade. Quem passa pelo clube repara nos totens com cartazes, decalques, vídeos e outros meios de comunicação que dão acesso às informações básicas a respeito de atividades artísticas, esportivas e sociais realizadas diariamente. O “Guia 7 Dias” possui uma versão mensal nas quais os eventos são organizadas nas quatro semanas e por área de interesse. Ele chega à casa dos sócios encartado na Revista, que aprofunda alguns aspectos do diaa-dia do clube e leva ao leitor artigos de judaísmo, atualidades e outros assuntos de interesse geral. “A Revista é muito mais do que um instrumento de divulgação e essa é a razão porque alguns sócios lamentam quando algo atrasa sua chegada”, explica o superintendente. Para os sócios já adaptados aos meios digitais, a Hebraica aperfeiçoa o site, envia uma versão semanal do “Guia 7 Dias” e recentemente lançou o aplicativo Hebraica, por intermédio do qual, basta um clique e o sócio tem acesso à programação, entra em contato com departamentos específicos e pode acessar o setor de Relacionamento com o Associado por intermédio de uma mensagem escrita. “A comunicação com o sócio é essencial para ele estar sempre a par do que acontece. Muitas vezes, ao ler acerca de um serviço oferecido pelo clube nas páginas da Revista, ele descobre que suas necessidades já foram satisfeitas ou conseguirá mais subsídios para chegar munido de dados concretos para sua primeira conversa com a funcionária do Central de Atendimento”, conclui Gaby Milevsky.

AVI MEIZLER, JAIRO HABER E GABY MILEVSKY, ESTRUTURARAM O RELACIONAMENTO COM O ASSOCIADO (RA) O diretor-secretário da Hebraica, Jairo Haber, escreve que “em algumas horas de permanência no clube, os associados vivenciam momentos agradáveis e outros nem tanto. O setor de Relacionamento com Associado (RA) existe para que as famílias possam expressar suas opiniões e sugestões aos departamentos com a certeza de que, na medida do possível, serão atendidas. É através deste contato que a Diretoria localiza as falhas de atendimento que precisam de correção. Em outras palavras, o RA se destaca por ser um serviço criado exclusivamente para estabelecer a comunicação de forma ágil e eficaz entre o associado e a diretoria, propondo sempre o aprimoramento constante dos serviços e do atendimento. Também será o canal, quando a sugestão oferecida prevenir ocorrências semelhantes à que originou a demanda e que possam repercutir por considerável número de associados. Por isso, atuará conjuntamente com o ouvidor do Clube, lhe assessorando nas manifestações de maior complexidade, bem como as que não alcançaram o nível de satisfação exigida, visando sempre o cumprimento da sua missão”. Ele prossegue: “Assim que surge a necessidade desta interação junto à Diretoria, o associado tem ao seu dispor, além de todos os canais de atendimento implementados, a Central de atendimento, Secretaria e Diretoria quando preferir registrar sua demanda pessoalmente, a página do clube na Internet, telefone, site, aplicativo e e-mail. O canal relacionamento@hebraica.org.br, encaminha as mensagens às vice-presidências correspondentes que, por sua vez, direcionam a demanda ao departamento específico. Em poucos dias, o associado recebe uma resposta contendo explicações ou informações referentes ao assunto abordado”. Segundo Jairo Haber, “para isso são obedecidos certos procedimentos, que incluem a coleta das informações e construção dos cenários para que, em conjunto com as áreas envolvidas, surjam soluções ou respostas concretas às questões propostas pelo associado. Mas se tais soluções propostas não corresponderem às expectativas do manifestante, o Ouvidor (ouvidoria@hebraica.org.br) apresentará junto à Presidência (presidência@hebraica.org.br) sugestões de melhoria, transformando esses relatos em oportunidades, com vistas aos ajustes necessários ao atendimento, sistema, serviços, produtos e procedimentos, funcionando sempre como um agente de mudanças positivas para o clube”.


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cul tu ral +social


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cultural + social > espaço gourmet

Massas e auxiliares do lar TAGLIATELLE, TAGLIARIN, TAGLIONI, AGNOLOTTI, SPAGHETTI, PAPPARDELLE,

RAVIOLI OU TORTELLI SÃO MASSAS ITALIANAS E RECEITAS TRAZIDAS PELAS MAMAS NA BAGAGEM DE IMIGRANTES

Q

ual a diferença entre elas? O chef Paulo Kotzent explicou no Espaço Gourmet que essas massas têm em comum ovo e farinha, mas os nomes variam segundo as regiões da Itália, a forma como são cortadas e se recheadas ou não. Kotzent pôs a mão na massa e ensinou truques para cada um fazer a verdadeira pasta italiana em casa. O sobrenome Kotzent vem da avó austríaca que o influenciou a deixar a faculdade de arquitetura em Roma e assumir o lado italiano da família, apreciador da boa e farta mesa de massas. Hoje, ele dirige o restaurante Santovino, onde usa a farinha de grano duro e se dedica à cozinha artesanal, com um toque especial em cada prato que vai à mesa. O passo a passo de Kotzent mostrou como preparar a massa. “A parte mais trabalhosa é unir o ovo e a farinha para chegar na textura ideal”, explicou enquanto seguia o cardápio da noite: ravioli di patate alla bottarga e tagliatelle al ragù di ossobuco. De quebra, uma versão de varenike mezzo italiana, mezzo judaica, com a massa recheada coberta de manteiga e sálvia. Impossível resistir, e todos provaram de tudo. (T. P. T.)

VARIEDADE DE MASSAS ITALIANAS PREPARADAS PELO CHEF PAULO KOTZENT

Auxiliares do lar nota dez O Espaço Gourmet iniciou, no ano passado, um curso específico para domésticas. Foram duas turmas, e como havia lista de espera foi criada a primeira turma de 2014 em razão dos muitos pedidos. A coordenadora do Espaço Gourmet, Ana Recchia Costa, e a chef Lúcia Sequerra montaram o curso desde os princípios elementares de uma cozinha até a finalização com o preparo e a forma de servir uma refeição. As alunas recebem uma apostila de acompanhamento e a parte prática é dada em três encontros no clube, sempre para uma turma de quinze pessoas. Tudo começa com noções de higiene, manipulação de alimentos, compras, estocagem na despensa e arrumação da geladeira. Atenção às datas de validade na hora da compra, a higienização de frutas, verduras e legumes, tudo é explicado. “Tenho de me organizar e ver o que vou fazer durante a semana”, diz uma das alunas. “Abro a geladeira pra ver o que tenho”, diz outra. Há as mais desenvoltas e aquelas mais reservadas de início, aos poucos perguntam e contam como atuam. Maria Dourado diz que “a patroa ofereceu e eu aceitei, porque aprender nunca é demais. Estou gostando, tem coisas que não sabia”, comenta. A aula de montagem da mesa, ministrada por uma profissional da empresa Benedita Copeiras, inclui detalhes como os tipos de copos, ordem dos talheres, decoração, como servir, etc. A partir do segundo encontro, é por conta de Lúcia Sequerra, que ensina receitas fáceis, rápidas e saborosas. “Gosto muito desse curso, fico feliz em transmitir o que sei e sentir que estão abertas para aprender”, diz a chef, experiente no comando de cozinha em restaurantes.


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cultural + social > feliz idade

Pesaro, o vereador da comunidade O VEREADOR FLORIANO PESARO FALOU SOBRE IDOSOS, JOVENS, LAZER, ESPAÇOS PÚBLICOS E SUA ATUAÇÃO NA CÂMARA MUNICIPAL EM PALESTRA QUE ABRIU A AS ATIVIDADES DA FELIZ IDADE EM 2014

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gora no segundo mandato na Câmara Municipal, Floriano Pesaro que é líder do PSDB e da oposição, falou à revista Hebraica, enquanto era cumprimentado pelas senhoras à saída da Sala da Plenária, após a verdadeira aula a respeito dos assuntos do dia-adia da cidade. Na palestra, o vereador foi interrompido algumas vezes para perguntas a respeito dos assuntos do momento. Pesaro é sociólogo pela USP e ocupou vários cargos, entre eles o de secretário do Programa Nacional da Bolsa Escola e integrou a Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, acompanhando as denúncias de exploração do trabalho forçado, infantil e outras formas de violação de direitos, até chegar à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo. “Aí, uma gerontóloga, que foi minha assessora para a terceira idade, me convenceu que, a despeito das políticas públicas voltadas a creches, à juventude e pré-natal, havia um grande vazio, a terceira idade. Hoje a expectativa média de vida é de 70 anos, em 1980 era de 60 anos, graças a inúmeros fatores. Assim, nos próximos dez anos, o Brasil terá mais idosos do que jovens, índice maior do que na Europa, e devemos nos preocupar desde já. O político deve olhar mais longe e saber que medidas tomar hoje para antecipar o futuro, as necessidades da população e é assim que atuamos”, disse o vereador. Pesaro contou fatos ligados aos seus familiares, fugidos da Itália no início da

Segunda Guerra Mundial. “Meu pai Giorgio veio para o Brasil no mesmo navio que Edda Bergman (z’l) e sua família, em 1939. Meu avô Umberto tinha uma rede de lojas na Itália, deixou tudo nas mãos dos empregados pois imaginava voltar e minha avó Gabriela Cohen Pesaro morreu aqui, aos 81 anos”. Ao citar os 25 mil votos recebidos da comunidade na última eleição, Pesaro ressaltou seu “compromisso indiscutível e defesa inconteste dos preceitos judaicos”.

APÓS PALESTRA, VEREADOR FLORIANO PESARO FAZ UMA PAUSA PARA O CAFÉ

o principal eixo é a revitalização do espaço público.

Revista Hebraica – O que há de diferente nesta sua segunda gestão? Floriano Pesaro – O que existe é a continuidade do trabalho desenvolvido na gestão anterior para aprofundar os temas sociais (idoso, jovem, zeladoria urbana, violência), aos quais me dedico. Diferente mesmo é o amadurecimento, o aumento das relações com outras administrações. O segundo mandato produz mais resultados.

Nos bairros afastados, os jovens não têm o que fazer e aí vem a revolta. Qual a sua opinião a respeito dos rolezinhos? Pesaro – É muito grave ter um aglomerado de pessoas assustadas e tumultuando os espaços públicos e privados. Temos de abrir espaços de cultura, esporte e convivência em todos os cantos da cidade, incluindo a periferia. A classe média frequenta shoppings, que são centros comerciais com lojas, áreas de cinema, teatro, gastronomia. O que devemos fazer é devolver espaços para a população como o Parque do Povo, por exemplo.

Hoje, a sociedade se preocupa com o lazer. Como se discute o lazer para a população na Câmara Municipal? Pesaro – O lazer para o cidadão está ligado aos espaços públicos. Conseguimos reformar mais de 25 praças, apenas para citar as mais próximas do clube, a Guilherme Kawall, Itzhak Rabin e, agora, a Morungaba. Instalamos mais de trinta equipamentos para idosos em diferentes locais. Neste mandato, foi possível levar a primeira escultura de Lasar Segall, “Os Imigrantes”, para a Praça Buenos Aires. Nesse caso,

Qual o papel da Hebraica na questão do lazer? Pesaro – A Hebraica é fundamental. Os vários clubes em diferentes bairros são oásis de áreas verdes, lazer e segurança na cidade. É ótimo para os pais saberem que os filhos estão dentro de um clube, desenvolvendo atividades variadas. A Hebraica aliou esporte, lazer e educação. É o principal local para o jovem judeu, modelo de gestão para outros clubes, incluindo o grupo Chaverim, projeto concreto a ser copiado pelos clubes congêneres.(T. P. T.)


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A reforma fez do espaço um brinco NO RECREATIVO, DIRIGIDO POR LILY SIMHON, TEM SEMPRE UMA SURPRESA ENTRE AS QUASE DUZENTAS PESSOAS QUE FREQUENTAM O LOCAL ÀS QUINTAS, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS

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ão sócios antigos, entre 55 e 101 anos, que gostam de passar horas ao redor de uma mesa com amigos ou, muitas vezes, com parceiros de última hora. A funcionária Zélia corre de um lado para o outro até conseguir fechar a planilha. O coordenador do espaço, Mauro Mandel, conhece cada um pelo nome, sabe as suas preferências e cuida para ninguém se alterar durante as tardes. Como aconteceu quando preparava esta reportagem: duas senhoras discutiam para quem dar a habitual caixinha, mas antes de, afinal, decidir, mandaram a repórter sair: “Seu tempo acabou. Viemos para jogar”, disseram, com definitiva veemência. Uma mesa, do extremo oposto do salão, chama a atenção pela forma como as quatro senhoras conversam, às vezes em ídiche, com acentos peculiares da

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cultural + social > religião

cultural + social > recreativo

Bessarábia ou da Romênia. Passam momentos de lazer como se fosse a sala de visitas de uma delas que se conhecem há décadas e se falam ao telefone quase diariamente. “Venho à Hebraica somente para jogar, mais nada. Pago minha mensalidade direitinho para passar umas horas aqui”, diz Théa Hellering, que gosta de se produzir para ir ao clube. Klara Neuman, Frida Goldenberg e Blanka Bendit, todas muito elegantes, completam a mesa. Elas já têm netos e bisnetos que passam pelo Recreativo em obediência ao ritual de beijá-las e, sempre como se fosse a primeira vez, são orgulhosamente apresentados às amigas. São independentes, vão ao cinema, viajam e querem continuar assim, para não dar trabalho aos filhos. “A gente dirige a orquestra sozinhas”, diz Blanka.

MULHERES ATIVAS TÊM SUA TARDE DE LAZER NO RECREATIVO

Semanalmente, chegam ao meio-dia e começam a jogar. Duas horas depois, fazem pausa e recolhem as cartas, pois é a hora do almoço. Thea comprou quatro bauzinhos iguais cor-de-laranja dos quais surgem as refeições que cada uma trouxe de casa. E toalhas individuais, talheres, tudo organizado, diferente das outras mesas onde pessoas seguram os sanduíches em uma mão e as cartas na outra. Elas param, comem, conversam, falam das alegrias durante a semana e, terminada a refeição, atento, Pelé serve o cafezinho. Depois, é só retocar a maquiagem e continuar a jogar até o final da tarde, felizes. Unanimidade somente para elogiar a recente reforma que transformou o Recreativo radicalmente. Esse ponto a diretora do Lily Simhon, no cargo nas duas últimas gestões, destaca. Ela tem a experiência de mais de duas décadas como diretora voluntária de outros departamentos. “Esse lugar merecia uma reforma radical da iluminação, do ar-condicionado e a criação de uma saída de emergência. Tive meu pedido atendido e, por isso, agradeço ao presidente Abramo Douek, ao secretário Avi Meizler e ao vice-presidente de Patrimônio Nelson Glezer, que transformaram o espaço e o deixaram como está hoje. Um brinco”, lembra Lily. (T. P. T.)

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ara o rabino Shalom Ber Gourarie, palestrante desse ciclo, tentar simplesmente definir esse título é uma chutzpá, uma audácia. “Essa pergunta é mais do que uma pergunta... é uma resposta. Nesses encontros, quero despertar a atenção e fazer as pessoas ganharem uma ligação diferente com D’us, mais positiva, algo tangível.” Essa foi a tônica dos encontros “A Presença de D’us em Nosso Mundo” e “O Segredo das Dez Sefirot”. O público compareceu, prestigiando a realização do Departamento de Cultura Judaica. Para o rabino, quem estuda ganha conhecimento, sabe quem é, o que é certo e errado. Pode se tornar melhor e ter respostas para questões que atormentam o ser humano. “Não é fácil. Muitos desistem”, diz o rabino. Desde o início, usa a metáfora da subida num elevador para os ouvintes perceberem que ganhavam conhecimento, galgando um novo degrau. A intenção de Gourarie é que a Cabala seja mais divulgada, esteja mais próxima, que as pessoas entendam as explicações e possam usar o que aprendem. “Estudar a Cabala não é simplesmente memorizar os nomes dos anjos. Se alguém se empolga apenas com a embalagem, é como fogo de palha. Temos de tornar esse estudo mais próximo, e o fundamental, no estudo de cada nível, é entender a nossa realidade. Em cada aula o assunto tem de estar mais forte, é mais um andar do elevador que subimos”, explicou. Os conceitos são acompanhados de pequenas histórias, que complementam o entendimento. “A Cabala não fala de D’us, fala da Divindade, a revelação, a manifestação. D’us e Divindade são conceitos que o leigo tem dificuldade em distinguir e, até mesmo, assimilar. Precisamos aprender a captar a manifestação de D’us, Ele está em cada um de nós e faz parte da nossa realidade”, explicou o rabino. A pergunta do primeiro encontro era uma forma de chamar a atenção para o tema. Ninguém saiu da Plenária com uma resposta pronta. Quem acompanhou o raciocínio do rabino acendeu uma chama para

PÚBLICO ATENTO AOS ENSINAMENTOS DO RABINO GOURARIE

Perguntas para a Cabala responder A PALESTRA “QUEM É D’US?” LEVOU CEM PESSOAS EM MÉDIA À SALA DA PLENÁRIA PARA OS ENCONTROS DA SÉRIE “INTRODUÇÃO À CABALA”, PROMOVIDA PELO DEPARTAMENTO DE CULTURA JUDAICA continuar a perguntar... Algo tipicamente judaico. A Cabala começou com Adão. Quem a revelou foi rabi Shimon Bar Yochai, cabalista que viveu no século 2 da Era Comum e passou dez anos numa caverna,

onde, segundo a lenda, o profeta Eliahu revelou-lhe o livro Zohar. Passados 1.500 anos, em Sfad, na Galileia, Isaac Luria, conhecido como Arizal, estudioso e místico, criou uma das ramificações da Cabala. (T. P. T.)

O palestrante Shalom Ber Gourarie nasceu em Montreal, Canadá. Aos 15 anos, foi para Israel. Em Tel Aviv, sob influência do avô e do pai, percebeu a importância do hassidismo, da mística judaica. Cinco anos depois, foi para Nova York, estudar na ieshivá do rebe Lubavitch. Aos 23 anos, casou-se com a brasileira Sara, da família Korick, e um ano depois o casal mudou-se para o Brasil. Interessado nos estudos esotéricos, Gourarie procura captar energias espirituais dos mundos mais elevados e, assim, tornou-se uma autoridade e referência em chassidut e misticismo judaico. Ensina chassidut e Cabala na ieshivá do Chabad, no Bom Retiro, e é o rabino na Sinagoga Mishcan Menachem, do Jardim Paulista.


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cultural + social > viagem

ESTE LINDO CENÁRIO DA CIDADE DO CABO AGUARDA O SÓCIO NO FINAL DO ANO

Novembro na África do Sul O DEPARTAMENTO SOCIAL

ORGANIZA UMA EXCURSÃO PARA A ÁFRICA DO SUL EM NOVEMBRO E NÚMERO LIMITADO DE VAGAS. VALE A PENA FAZER A PRÉ-INSCRIÇÃO ATÉ O DIA 15 DE MARÇO

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ohanesburgo, Pretória e Cidade do Cabo são três cidades incluídas no roteiro da viagem. A excursão será entre 19 e 27 de novembro para pessoas de todas as idades e terá como diferenciais estada em hotéis cinco estrelas, Kabalat Shabat com a comunidade judaica local e um safári. Segundo Paulina Spiewak, responsável pela excursão, a ideia é atender o público da Hebraica em geral. “O projeto foi dimensionado para trinta pessoas e esperamos que desperte um grande

interesse dos associados. Por isso, instituímos a pré-reserva, que deve ser feita por telefone 3818-8872 ou e-mail paulina.spiewak@hebraica.org.br, até 15 de março. Nesse primeiro contato serão informados itens do roteiro, preço e condições de pagamento”, conta Paulina. Esta é mais uma das viagens da Hebraica ao exterior. Recentemente, um grupo da Feliz Idade foi ao Chile e nas décadas de 1900 e 2000, o Hebraica Adventure fez mais de uma viagem a Israel e também à África do Sul. (B. L.)


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(foto crédito Eliana Assumpção)

coluna comunidade

Holocausto relembrado na Catedral A celebração eucarística em memória das vítimas do Holocausto foi conduzida e oficiada pelo cardeal arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer. Após o ritual católico, o cardeal convidou o cônsul de Israel Yoel Barnea, os rabinos Ruben Sternschein e Michel Schlesinger e Raul Meyer ao púlpito, seguidos por uma apresentação do Coral Sharsheret, da Wizo. O ato teve o apoio da Conib, Fisesp e CIP. Após o ato litúrgico, foi encerrada a exposição de fotos “Os Papas em Israel, a Terra Santa”, promovida pelo Consulado de Israel em São Paulo e visitada durante mais de um mês pelos frequentadores da Catedral da Sé.

Einstein na trilha da tecnologia O Hospital Israelita Albert Einstein implantou a solução norte-americana Cerner Millennium, a primeira em língua portuguesa que integra a informação e aperfeiçoa processos para eliminar erros e desperdícios. O sistema oferece informações rápidas e seguras do histórico clínico do paciente, facilita o acesso às informações necessárias para decisão clínica e definição da linha de cuidado com o paciente.

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por Tania Plapler Tarandach

COLUNA 1 Primeira mostra do artista Marcelo Grassmann depois que morreu, em 2013, “Marcelo Grassmann: Gravuras do Acervo da Pinacoteca” reúne noventa das suas obras produzidas entre 1940 e 1960, e ficará aberta até o final de maio na Estação Pinacoteca.

AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS, RELIGIOSAS E COMUNITÁRIAS EM MEIO AO PÚBLICO PRESENTE

Parceria El Al e Tal Aviation

∂ Isaac Azar preparou cardápio especial para mais um Paris 6, o novo bistrô dele, no Espaço Conceito da Citroën, destinado a eventos na rua Oscar Freire.

NO PALÁCIO DO GOVERNO DE SÃO PAULO

Solenidade na sede do governo paulista

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Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto, instituído pela ONU em 2007, foi realizado no Palácio dos Bandeirantes, promovido pela Conib e Fisesp e apoio da CIP e do qual participaram o vice-presidente em exercício Michel Temer, o governador Geraldo Alckmin os embaixadores de Israel Rafael Eldad e do Reino Unido Alex Ellis, ex-ministros Celso Lafer e Maílson da Nóbrega, senador Aécio Neves, ex-senadora Eva Blay, ex-governadores, o cônsul Yoel Barnea, e de dezenas de países, presidentes do CJL e da Fisesp Jack Terpins e Mário Fleck, representantes de partidos do governo e da oposição, a diretora do Instituto Lula Clara Ant, e outros. O presidente em exercício Michel Temer disse que “este foi um dos momentos mais dolorosos pelos quais atravessou a humanidade. Este evento é também uma manifestação contra todos os preconceitos e discriminações do mundo atual” e, em outro trecho, salientou que “a partir desse episódio se criou uma consciência internacional que visa prevenir incidentes no presente e no fu-

turo... Devemos registrar e enaltecer este momento pela homenagem à Força Expedicionária Brasileira (FEB) feita aqui para combater as forças da humanidade geradoras do Holocausto”. A FEB que lutou contra o nazifascismo em terras italianas foi homenageada e o diretor de relações públicas da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, tenente Israel Blajberg, lembrou que “a sociedade se mobilizava pelo esforço de guerra e o ‘Brasil – Pais do Futuro’, profetizado por Stefan Zweig, nascia junto com a FEB. Milhares de soldados e 48 aviões de caça foram para a Europa. Era a nação em armas sob o comando do marechal Mascarenhas de Moraes”. O dramaturgo Walther Negrão, representado por Júlio Fischer, e o ator Juca de Oliveira receberam diplomas de reconhecimento. Eles escreveram o texto da novela “Flor do Caribe”, da Globo, cujo personagem Samuel, vivido pelo ator, era sobrevivente da Shoá. Juca agradeceu e ressaltou “a importância desse ato para que nunca mais aconteça outra barbárie humana”. O portal Terra transmitiu o evento ao vivo.

∂ Fabiana Schaeffer é sócia-diretora da empresa da área de live marketing Netza, e ganhou em duas categorias do FIP 2013 – Festival Ibero Americano de Promoções & Eventos. A Netza recebeu também os prêmios Colunistas Promo São Paulo 2013 e Caio, da Eventos Expo Editores. Mônica Guttman iniciou o ano com dois grupos de criação literária e arteterapia: “Expressando a Alma Feminina” e “Expressando Vozes de seus Personagens Internos”.

Luiz Cuschnir foi recebido por Dan Stulbach, Ana Furtado e Lair Rennó no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, na Globo, e tratou de DR (“Discutir a relação”, no jargão atual, o relacionamento homem/mulher), tema dos estudos do psicoterapeuta. Com direção-geral de Isser Korik, a produtora Conteúdo Teatral prepara o musical Ivan Lins em Cena para estrear em junho, no Teatro Folha. Quem estava na Catedral da Sé durante a homenagem da TV Cultura à cidade de São Paulo ouviu Mauro Wrona cantar em ídiche, representando a imigração judaica.

Após Brasília, o curso “A Energética da Manifestação” virá a São Paulo com a facilitadora Monika von Koss e a coordenação de Ruth Grinberg. A nova coleção de produtos “Flora Noturna”, lançamento da Tok & Stok e Alexandre Herchcovitch, marca os vinte anos de carreira do estilista. Raquel Arnaud festeja quarenta anos de dedicação à arte contemporânea e convidou o artista Daniel Feingold para expor oito telas e cerca de trinta fotografias na galeria de arte.

∂ Com o Espaço Gourmet instalado na clínica Nutrição e Ação, sua idealizadora Daniella S. Horn quer aperfeiçoar a qualidade de vida dos alunos de culinária.

∂ Chama-se Lox o endereço do chef Beto Tempel, na esquina da rua Batatais com alameda Campinas. Ao voltar com a mulher Andréa dos Estados Unidos, ele resolveu abrir essa autêntica delicatessen de toques contemporâneos, onde o sanduíche bagel & lox é uma das especialidades, todas preparadas artesanalmente. Na Shopper Experience, Andréa Lucas, Luciana Kochen e Ana Caroline Nonato são as novas integrantes das gerências de Projetos e de Operações. Foram contratadas por Stela Kochen Susskind, que preside esta empresa pioneira em pesquisa especializada na avaliação do atendimento ao consumidor por meio da metodologia “cliente secreto”.

Parceira há muitos anos e agente geral dedicada à El Al Israel Airlines em diversas partes do mundo, a Tal Aviation foi nomeada representante da companhia também no Brasil. Priscila Golczewski continua dirigindo a El Al, com escritório à avenida Brigadeiro Faria Lima e e-mail vendas@elal. com.br.

Posse na Loja Macabeus Com a presença de secretários estaduais, autoridades maçônicas do Grande Oriente de São Paulo e irmãos de várias Lojas, entre eles o presidente da Hebraica Abramo Douek, o candidato Floriano Pesaro foi iniciado na Loja Macabeus no. 4239, cujo venerável mestre é Márcio Alberto Steinbruch.

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Visita ao Túnel da Ciência Alunos das oitava e nona séries do fundamental II do Colégio I. L. Peretz visitaram o Túnel da Ciência, exposição interativa e multimídia da Sociedade Max Planck, da Alemanha. Os jovens conheceram cada uma das oito diferentes estações montadas no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca. Seguindo a orientação em destacar a área de ciências para aprimorar o aprendizado, o colégio firmou, recentemente, um convênio com a empresa canadense Mad Science, no Brasil desde 2008, para as crianças do G6 terem aulas elaboradas pela equipe desta entidade, com supervisão e coordenação do Peretz.


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cultural + social > comunidade+coluna 1 Peres em Davos e no Guinness O nonagenário presidente de Israel Shimon Peres gosta da tecnologia e entrou para o Guinness ao ministrar aula on line de educação cívica para nove mil estudantes do ensino secundário, quatro mil a mais que o recorde anterior. A aula partiu de uma sala na sede israelense da multinacional Cisco Technology, em Natania, por meio da “telepresença”, solução com base na web e que reuniu classes de alunos judeus religiosos e seculares, árabes, beduínos e cristãos. “Foi uma maravilhosa lição de civismo ministrada pelo chefe de Estado mais velho de todo o mundo”, disse o vice-presidente da Cisco Marco Frigatti. A aula foi na mesma semana em que o presidente do Fórum Econômico Mundial Klaus Schwab entregou a Shimon Peres o prêmio “Espírito de Davos”, pela “visão, alma, valores, coração e compaixão demonstrados tantas vezes pelo homenageado”. Ao ler a inscrição no prêmio “para tanger o sino da paz e da harmonia”, Peres completou: “Para usar e não somente tê-lo”.

A união de arte e terapia A arte-terapeuta Nair Kremer estendeu os limites da exposição sobre Clarice Lispector para uma oficina de trabalho com integrantes do grupo Chaverim. A artista plástica motivou os jovens a também expressarem o que viram e sentiram na visita à Galeria de Arte. Ao final, surpreendeu-se com o resultado, que mostrou o quanto foi produtivo o encontro e a troca de “olhares” entre os envolvidos na tarde artística.

COLUNA 1 Clara e David Castro, Nicole e Rubens (z’l) Plapler são os pais de Gabriela e Fernando. Rabino Moti Malowany abençoou os noivos, no Vila dos Ipês. Os amigos comemoraram com as famílias madrugada adentro. Entre os novos profissionais estão: Adriana Del Giglio, medicina/ABC; Fernando Forsait, administração/PUC; Ilana Kutner, relações públicas/Casper Libero; Michel Szklo, economia/FGV; Sabrina Wertzner, nutrição/Unifesp; Ilan Szklo, arquitetura/FAU; Tatiana Ring, direito/PUC; Juliana Somekh, direito/PUC; Luana Broner, arquitetura/ Mackenzie.

Talentos de hoje e amanhã Enquanto uns saem dos bancos universitários, os calouros estão aí: Bruno Hiroshi Minakawa, Unicamp; Michel Zaidler, Insper e FEA/USP; Daniela Lewinski, pedagogia/USP; Rodrigo Berezovsky, FGV; Thomas Schaalmann, direito/USP. O Espaço Prana, no clube, preparou uma área reservada para massagens terapêuticas, estética facial e corporal para os homens, que procuram cada vez mais se manter em forma. Com hora marcada (fone 3818-8735).

A pequena loja de Reginaldo Palácio Costa na rua Beneficência Portuguesa, 32 (959-490-546) tem à venda dez mil títulos de filmes, entre eles raridades do cinema mudo e os seriados apresentados nas antigas matinês. A coleção de Tarzan com Johnny Weissmüller, por exemplo, está lá. Ele começou recuperando fita cassete mofada e quebrada e, convertendo fitas para DVD, percebeu que ganharia mais vendendo DVD’s de filmes raros e outros nem tanto. Rodeada dos netos e bisnetos, Rosinha Goldfarb comemorou no Hotel Fasano Boa Vista mais um ano bem vivido.

“Como Fazer a Barba da Melhor Forma” é o título do conto – entre 2.639 inscritos – que fez de Patricia Gibin Cytrynowicz uma das dez vencedoras da primeira edição do Prêmio Fnac Novos Talentos da Literatura. Esther Schattan foi a anfitriã dos profissionais de arquitetura e decoração para conhecer a nova coleção High Line da Ornare. Dominique fez as honras da casa, José Meirelles preparou os drinques e as amigas cantaram o “parabéns” para Anarosa Rojtenberg.

Museologia judaica em Berlim

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ndicadas pelo Museu Judaico de São Paulo, Beatriz Blay, Ilona Simon Strimber, Maria Ignez Mantovani, Nancy Rozenchan e Ruth Tarasantchi foram a Berlim participar do Programa para Conselheiros e Curadores de Museus Judaicos, a convite do governo alemão. Assessoradas pelo viceCONHECENDO INSTITUIÇÕES JUDAICAS EM BERLIM chefe do Departamento de Relações Culturais com a África, Ásia, Austrália, Pacífico, América Latina e Caribe, Achim Schkade, pelo produtor Rodrigo von Horn e pela assessora Karin Grimme, as visitantes conheceram o que a Alemanha faz para preservar e divulgar a importância da presença judaica no país antes da Segunda Guerra.

O primeiro Connect IN reiniciou as atividades da Associação Cultural Jewish IN, presidida por Charles E. Tawil. Local de networking para jovens da comunidade. A noite teve a participação de Shana Wajntraub, diretora da Eleve RH, consultoria em recursos humanos com foco em coaching. A consultora falou de “Talento – sua Importância e Formas de Desenvolvê-lo”. O e-mail associação@jewishin.org informa a agenda dos próximos eventos.

Eli Szwarc enfocou “A Medicina na Cultura Judaica” em palestra na loja maçônica Fraternidade Acadêmica Canaã, no Templo Benno Milnitzky. Um anexo do edifício Pátio Victor Malzoni, no Itaim, a Trattoria, novo empreendimento Fasano, foi projetado pelo arquiteto Isay Weinfeld. Gilberto Tarantino e Paulo Bitelman têm 22 torneiras de chope no seu BrewDog Bar, em Pinheiros. O nome remete a uma famosa cervejaria escocesa. De acordo com o diretor do Cine Belas Artes, André Sturm, o local será reaberto “com a mesma cara com a qual as pessoas estão acostumadas e gostam”. Os pesquisadores do Centro de Competência em Software Livre da USP, Fábio Kon, Nelson Lago e Alfredo Goldman, são os curadores do Código Aberto, um dos novos espaços do site do “Link”, seção de tecnologia e cultura digital do Estadão.

Papa Francisco em Israel

Obras a pleno vapor

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aralelamente ao trabalho minucioso de restauro do antigo prédio construído em 1929, onde funcionou o Templo Beth El, arquitetos e engenheiros agilizam a construção da ala nova do Museu Judaico de São Paulo, com vista para a avenida Nove de Julho. A foto registra a concretagem da laje do piso de ampliação do segundo subsolo, realizada na primeira quinzena de fevereiro. Logo mais, quem passar pelo local terá uma primeira visão do conjunto da obra.

Wizo SP inaugura exposição

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epois de Brasília e Rio de Janeiro, chega a São Paulo no dia 11 de março, a exposição “Tão Somente Crianças – Infâncias Roubadas no Holocausto”, em promoção conjunta da Wizo SP e Museu do Holocausto de Curitiba. Está programada a visita de mais de dois mil alunos da Rede Pública Estadual. A mostra fica aberta até 10 de abril, de segunda a domingo, das 8h30 às 18h, no Jardim das Perdizes, na esquina das avenidas Marques de São Vicente e Nicolas Boer, junto ao Viaduto Pompeia, e entrada gratuita. Jovens monitores guiarão os visitantes e o agendamento para escolas pode ser feito pelo telefone 3257-9418.

Novas Gerações em 2014

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Programa de Novas Gerações do Congresso Judaico Latino-Americano/Brasil iniciou as atividades deste ano num café-da-manhã com a representante da comunidade judaica na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo federal, a psicóloga Sofia Débora Levy. Ela tratou de “Holocausto e Discriminação”, tema que pesquisou e sobre o qual escreveu livros. O presidente do CJL Jack Terpins, acompanhado do diretor executivo e do secretário-geral do CJL, Cláudio Epelman e Saúl Gilvitch, vindos da Argentina, receberam os participantes.

O papa Francisco vai à Terra Santa dia 25 de maio. Durante almoço na residência de Santa Marta com quinze dirigentes da comunidade judaica da Argentina e o rabino Abraham Skorka, o pontífice revelou a grande expectativa em relação à viagem para Jerusalém qualificando-a de “transcendental”. No final da refeição kasher, anfitrião e convidados cantaram o Salmo 133: “Não há nada mais belo, nem mais agradável, que ver os irmãos viverem juntos e em harmonia”.

Nova turma de estudos Rabino Avraham Steinmetz continua os cursos em português e inglês. Até 7 de abril, o tema em foco é “Ser Judeu em 2014. O Conflito da Identidade Judaica nos Tempos Modernos”. Os encontros se realizam na sede do Banco Daycoval. Informações pelos telefones 3087-0319 e 983-158-770.

Para conhecer a história Está na fase de levantar recursos o projeto do documentário, com o título provisório, Os Cristãos-Novos. O projeto prevê um kit composto por DVD legendado e folheto em português, inglês, hebraico e espanhol para distribuição gratuita a bibliotecas, escolas públicas, departamentos de história de universidades, e debates com historiadores e participantes do filme em universidades públicas paulistas. O trailer está em http://www.youtube.com/ watch?v=9huWB2ufi-U.


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cultural + social > comunidade

E N T R E V I S TA

Lançamento de “O Brasil como Destino” A mestre e doutora em sociologia pela USP Eva Blay escreveu o livro O Brasil como Destino, lançado no mês passado no Centro da Cultura Judaica e com nova sessão de autógrafos dia 13 deste mês, às 19h30, na Livraria da Vila do Shopping Higienópolis. A obra resgata a longa trajetória dos imigrantes que desembarcaram no Brasil no início do século 16, seguindo até as primeiras décadas do século 20, fato ignorado pela historiografia brasileira e não assinalado em livros escolares ou compêndios universitários. A autora reconstrói os cenários da imigração e conta de onde vieram, a vida anterior, por que vieram e escolheram este país. Em entrevista à revista Hebraica, Eva conta o trabalho. Hebraica – Quanto tempo levou a pesquisa? Ela foi ininterrupta? Eva Blay – Foram três décadas da minha vida em que nunca deixei de pensar e aprofundar a pesquisa. Porém, no meio do caminho fiz muitas coisas: lecionei, escrevi outros livros, muitos arti-

Cultura ídiche na Hebraica A exposição “Estrelas Errantes – Memória do Teatro Idiche no Brasil” foi muito visitada no Museu da Imagem e do Som. E, por isso, o Arquivo Histórico Judaico Brasileiro uniu-se aos departamentos Social/Cultural e de Cultura Judaica da Hebraica e a mostra, com curadoria de Nachman Falbel, ficará aberta até o final do mês no novo espaço da Praça Carmel. Paralelamente, haverá apresentações no Hebraica Meio-Dia a respeito do tema: dia 9 o “Show de Danças Folclóricas”, dia 16, a “Apresentação de Corais e Grupo de Teatro”, e dia 30, o “Tributo à Música do Teatro Ídiche”. Sempre às 12h, no Teatro Arthur Rubinstein.

gos, fiz política, fui assessora internacional da ONU, nunca deixei a USP até poder me dedicar novamente ao tema, que foi parte de minha raiz. Como foi possível reunir essa quantidade tão relevante de informação? Eva Blay – Sempre pensei na responsabilidade de trazer as histórias que me contaram. Tive muitos pesadelos em busca do caminho para colocar tudo isso no papel. Desses anos todos, posso contar inúmeros pesadelos, que eram recorrentes. Qual foi o critério na escolha dos “historiantes”? Eva Blay – O critério para a escolha está minuciosamente descrito num dos capítulos do livro: tem uma base sociológica. Tinha de ser representativo da heterogênea composição da comunidade judaica: ricos e pobres, politizados ou não, religiosos ou não, de diversas origens nacionais e até nascidos no Brasil já no século 19, o que foi uma enorme surpresa! Entrevistei pessoas de to-

das as idades, desde 60 anos; o mais velho com 94. Ainda sobrou material para continuar esse trabalho? Eva Blay – Do futuro, não sei dizer. O material é enorme, as falas estão gravadas e passei para CD’s, que pretendo doar para uma instituição. O acervo fotográfico é precioso e, quem sabe, eu faça algo especial com ele. Por enquanto, cuido deste lançamento, que está me trazendo muito prazer.

AGENDA • 16/3, 17h - “Elis, A Musical”,Teatro Alfa, em prol da Unibes. Ingressos, eventos@unibes. org.br ou fone 3123-733 • 17/3 – Dia Internacional da Mulher Espaço Or Vessimchá do Ten Yad. Homenageada: Célia Kochen Parnes, presidente da Unibes. Realização do grupo Chana Szenes, da Wizo/ SP. Entradas com Liane, fone 3257-9418 • 4 a 6/4 – Fim de semana em Curitiba, incluindo Kabalat Shabat na sinagoga e visita monitorada ao Museu do Holocausto. Informações, Na’amat Pioneiras, fone 3082-5844 • 25/4 – Saída do Splendour of the Seas rumo a “Espanha Sefarad na Primavera”. Realização Bobertur. Informações, fone 991-332-505 • 26/4 a 8/5 – Marcha da Vida na Polônia. Iom Haatzmaut em Israel. Apenas vinte

participantes, com acompanhamento de guias. Informações com Renato/Rachel/Marcos/Rosi, fone 3223-8388, www.sharontur.com.br • 1º. a 15/5 – Iom Haatzmaut – “Israel dos Nossos Sonhos”, com Na’amat Pioneiras. Programação completa de norte a sul do país. Informações, fone 3667-5247 • 4 a 11/5; 8 a 11/3 – Duas opções para a viagem da B’nai B’rith a Punta Del Este. Informações com Henrique, fone 3082-5844 • 13 a 28/5 – Turquia e Israel com a Wizo e AD Turismo. Pensão completa, guia em português. Informações, fone 3257-0100, com Mirta • 14 a 29/7 – Marcha da Vida Universitários. Jovens de 20 a 30 anos. Polônia, República Tcheca e Israel. Vagas limitadas. Informações, mv.uni@fundocomunitario.org.br


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Dia Internacional do Holocausto relembrado em solenidade no Palácio do Governo 1. Mário Fleck e governador Alckmin; 2. Saúl Gilvitch, da Argentina, Jack Terpins, rabinos David Weitman e Mi-

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chel Schlesinger, ex-prefeito Gilberto Kassab; 3. Ex-senadora Eva Blay, Juca de Oliveira e Jaime Spitcovsky; 4. Sobrevivente Júlio Gartner acende uma das seis velas com jovens de 1. Lily Simhon com as habituais frequentadoras do Recreativo; 2. Na Academia Paulista de Le-

movimentos juvenis; 5. Jayme Salim

tras, José Goldemberg assumiu a cadeira que foi de Tatiana Belinky (z’l), saudado pelo governa-

Salomão, presidente da Fierj, e Ana

dor Alckmin; 4. Famílias Castro e Plapler unidas no casamento de Gabriela e Fernando, em festa

Bentes Bloch; 6. Jayme Blay, Cláudio

no Vila dos Ipês; 3 e 5. No Espaço Prana, a ala feminina tem Day Spa com estética facial especiais

Lottenberg, senador Aécio Neves e

no Mês da Mulher e, para eles, a relaxante massagem terapêutica, tudo com hora marcada; 6

ex-ministro Celso Lafer; 7. Anfitriões

e 7. Jovens em seminário no preparo para a monitoria da exposição “Tão somente crianças: in-

Lu e Geraldo Alckmin, vice-presiden-

fâncias roubadas do Holocausto”; 8. Renata, Fernando, Dani e papai Eduardo Len ao redor da

te da República Michel Temer, Aécio

recém-chegada Lúcia

Neves e Cláudio Lottenberg


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ju ven tu de


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juventude > centro de música APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES DO CENTRO DE MÚSICA AO LADO DA PRAÇA CARMEL

Uma década de harmonia O CENTRO DE MÚSICA NAOMI SHEMER COMPLETA DEZ ANOS COM MUITOS ALUNOS DE TODAS AS IDADES E AJUDANDO-OS A REALIZAR O SONHO DE CANTAR OU TOCAR UM OU MAIS INSTRUMENTOS

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área atrás do Espaço Bebê concentra imagens e sons os mais diversos. À esquerda de quem segue em direção ao Centro de Ginástica Artística, um ouvido atento distingue os acordes de um piano e se a quadra esportiva à direita estiver vazia ouve-se o dedilhar de um violão. Há oito anos, o Centro de Música é vizinho do Centro de Ginástica Artística e da quadra de futebol society. “Antes usávamos espaços no Centro de Juventude. Depois da construção do nosso prédio, ganhamos autonomia e fôlego. Crescemos ao ponto de, hoje, também ocupar três salas na Casa da Juventude”, resume Gustavo Kurlat, autor do projeto que deu origem à principal atividade relacionada à educação musical na Hebraica. “Quando Gaby Milevsky, hoje diretor superintendente pediu para desenhar um projeto na área de música, eu já coordenava o Ateliê Artístico da Escola Viva. Ele aprovou a ideia de criar a escola e a partir daí convidamos os primeiros professores. O resto é história, ou música, como preferirem”, brinca A agenda de compromissos profissionais de Kurlat cresceu no mesmo ritmo do Centro de Música. Além da Hebraica e da Escola Viva ele compõe trilhas musicais para teatro e cinema,

muitas delas premiadas. Segundo Kurlat, nessa década de atividades, o Centro de Música Naomi Shemer manteve a filosofia original de ensino. “O professor cria o programa de trabalho junto e de acordo com as expectativas do aluno. Nosso corpo docente é formado por músicos que estão em plena atividade, e juntam competência musical e pedagógica com disposição para escutar o aluno. Até aqui, fomos muito bemsucedidos. Muitas crianças que iniciaram sua vida musical conosco hoje dominam o instrumento escolhido e o número de participantes na mostra de encerramento é tal que tivemos de dividi-la em duas sessões. O repertório de cada show era tão eclético quanto a formação que damos aos nossos alunos. Além disso, houve as sete edições do Festbandas, que deve retornar em breve em um formato diferente”, promete Kurlat. O Centro oferece cursos para vários instrumentos e os mais procurados são o violão, baixo elétrico, piano e bateria. “O interesse pelas aulas de canto tem aumentado e nunca faltam alunos de flauta ou violino”, observa o coordenador. O conhecimento adquirido no meio musical lhes permitiu indicar uma professora com o perfil adequado para lidar com a faixa etária atendida pelo Espaço Bebê,

por exemplo. Na fase seguinte, as crianças de até 6 anos frequentam o curso de musicalização no Centro. A partir dos 7 anos, uma criança se inscreve para canatr ou aprender um instrumento, e ia já sabe efetivamente por qual se interessa. “Ver a alegria de um garoto experimentando os primeiros acordes da guitarra, por exemplo, é parte do nosso trabalho”, afirma. Sentado na sala de recepção

do Centro, Kurlat lembra-se de Rafael Minerbo, cuja formação foi no Centro Naomi Shemer e agora é aluno de música no Berklee College of Music, em Boston, nos Estados Unidos, uma das mais conceituadas escolas de música do mundo. “Ele foi aluno de Beto Birger, um dos nossos professores mais antigos”, completa. Birger descreve Rafael como um excelente aluno. “Ele se concentra e persegue

os objetivos propostos. Tinha preferência pelo pop, mas quando, por exemplo, mostrei a ele a importância de conhecer o jazz, ele se dedicou ao ritmo até dominá-lo”, descreve o mestre. Beto Birger e Kurlat começaram na música na década de 1970, como alunos da Escola Travessia. Hoje Birger mantém um estúdio de gravação, alunos particulares e o trabalho no Centro de Música. Segundo

Kurlat, a alta qualidade da equipe de professores fica evidente nos shows mensais do Centro ao ar livre na Praça Carmel e em outros lugares do clube. “Nessas ocasiões nos conectamos mais com o clube e os sócios se dão conta de mais este serviço à sua disposição. E uma apresentação ao ar livre será, provavelmente, o formato da comemoração do aniversário do Centro”, adianta. (M. B.)


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juventude > after school

MAPA MUNDI COMPARA O TAMANHO DE ISRAEL COM O DE OUTROS PAÍSES

Judaísmo para a vida HÁ QUATRO ANOS, CRIANÇAS DE 6 A 14 ANOS DESCOBREM A BELEZA DAS

TRADIÇÕES JUDAICAS EM UM CURSO QUE DIVERTE E EDUCA

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nsinar tradição judaica nem sempre significa incutir ideias e conceitos relativos a uma ou outra corrente judaica. Para profissionais como a responsável pelo curso de tradição judaica do After School, Sarita Saruê, o simples acendimento das velas no Shabat ou preparar e degustar oznei haman (doce típico da festa de Purim) bastam para despertar numa criança o interesse em ampliar o

conhecimento das suas raízes. “Há muito para ensinar a respeito de judaísmo sem pender para uma ou outra corrente religiosa ou filosófica. Crianças se encantam com rituais, histórias, curiosidades e esses são os elementos principais do nosso programa de aulas. Muitas vezes esses noventa minutos semanais, para muitas crianças, representam o primeiro contato delas com os valores

e símbolos que, de alguma forma, estão ligados à sua história”, explica Sarita. “As crianças se divertem em classe. Opinam livremente a respeito das atitudes de Ester ou Mordechai, aprendem a fazer chalá e aplicam as lições na vida. Também utilizamos o recurso tecnológico de uma lousa digital que nos possibilita, por exemplo, nos conectar ao Muro Ocidental e acompanhar o que acontece em tempo real”, descreve Sarita. Em respeito à diversidade das famílias que inscrevem os filhos no curso de tradição judaica e ao direito de os alunos construírem o seu conhecimento, ela pesquisa e prepara cada aula de modo a que o conteúdo se refira à tradição judaica, sem qualquer outra conotação. “Nas brachot (‘bênçãos’, em hebraico), os meninos vestem a kipá e em Pessach as crianças montam uma Hagadá lúdica com os principais elementos do seder. Desta forma, se a criança for convidada a um jantar de Pessach saberá o que vai acontecer, assim como se alguém se referir a Abraão ou Isaac, ela lembrará a história desses patriarcas e esse conhecimento será parte da cultura geral tão importante para formar o cidadão como as habilidades esportivas ou o segundo idioma”, completa a professora. As aulas de tradição judaica são às segundas-feiras, das 16h30 às 18 horas no After School, e as turmas são divididas por faixa etária. “A experiência dos anos anteriores indica que as crianças relaxam durante as aulas e às vezes esticam a permanência para concluir um trabalho ou chegar ao fim de uma história”, avalia a professora.

Valores do cotidiano A convivência no After School reforça a ligação da criança com as raízes judaicas. Segundo a coordenadora do serviço, Márcia S. Aisen, o Kabalat Shabat é um momento especial para todos os que frequentam o espaço. “Para os menores, por exemplo, é uma honra ser escolhido para fazer a brachá (bênção) do vinho e saber as palavras da reza”, comenta. Outro aspecto interessante é a ligação com o Estado de Israel, que, em última instância, resume passado, presente e futuro do judaísmo. “Recentemente criamos um espaço de atividades no After e ali instalamos um mapa mundi que possibilita comparar o tamanho do território do Estado de Israel com o de outros países, especialmente o Brasil”, explica coordenadora do serviço. (M. B.)


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esportes > tênis

Disputa saudável pelo topo da lista ORGANIZADO A PARTIR DO RESULTADO DA COPA SHALOM 2013, O RANKING DA MODALIDADE SERVIRÁ PARA A QUE O

DEPARTAMENTO DE TÊNIS INDIQUE OS JOGADORES PARA TORNEIOS PROMOVIDOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

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esportes > basquete

Departamento de Tênis surpreendeu os usuários das quadras do clube com a publicação do ranking incluindo todos os participantes da Copa Shalom 2013, divididos em três categorias (15 a 34 anos, 35 a 54 e acima de 55 anos) e reunindo as tenistas em uma lista única que ignora da passagem do tempo. Uma vez instituído o ranking, tenistas não incluídos podem se inscrever na secretaria e iniciar a jornada a partir do último lugar. De acordo com o regulamento do ranking, para melhorar a posição é preciso propor um desafio a um

oponente específico que esteja, obviamente, em melhor posição (cinco posições no máximo) dentro da categoria do autor do desafio. A secretaria organiza e afixa no quadro de avisos o cronograma de jogos. O resultado do desafio dá ao proponente a oportunidade de, ao vencer, trocar de posição na tabela com o desafiado. Em caso de derrota do proponente, as posições se mantêm sem alteração. O regulamento estipula uma série de condições para o estabelecimento das datas dos jogos. O não comparecimen-

to ao jogo ou uma recusa a um determinado desafio resulta na troca de posições entre o desafiado e o proponente. No caso de os dois jogadores faltarem ambos perdem duas posições no ranking. O tenista pode se declarar inelegível para desafios durante um período de trinta dias em função de viagem ou condição médica. Esta declaração deve ser informada à secretaria e depende da aprovação da comissão responsável pelo ranking. Ao cabo de um ano, serão distribuídos três troféus aos primeiros colocados em cada categoria e brindes do quarto ao décimo colocados em cada categoria. A ideia de organizar o ranking partiu da diretora Rose Moscowitz. (M. B.)

AGENDA

9/3 – Future Championship com premiação de U$ 25.000 31/3 – Torneio em homenagem à tenista Fany Sancowsky (z’l), promovido pela Associação de Clubes Esportivos e Socioculturais (Acesc)

MUDANÇA DE TÉCNICO ESTIMULARÁ A AMPLIAÇÃO DAS EQUIPES DE BASE

Novos planos para a garotada A CHEGADA DO NOVO TÉCNICO DAS CATEGORIAS SUB-12 E SUB-13, URIEL SOARES, ABRE AS PORTAS PARA GAROTOS INTERESSADOS EM

Primeiro título

PRATICAR BASQUETE E EXPERIMENTAR NA QUADRA OS LANCES QUE FAZEM A ALEGRIA DOS FÃS DA MODALIDADE

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PRIMEIRO DESAFIO DO RANKING DO DEPARTAMENTO DE TÊNIS

Departamento Geral de Esportes está empenhado em uma campanha para ampliar o número de sócios nas equipes sub-12 e sub-13 de basquete. Para isso, contratou Uriel Soares, que, desde 2007, é o coordenador da modalidade no Colégio Renascença. “É um profissional muito recomendado e que sabe ganhar o respeito e a admiração dos adolescentes com quem trabalha”, afirma o gerente de esportes do clube, Eduardo Zanolli. Ex-jogador, técnico e fã da modalidade, Zanolli acredita firmemente que, passado um período de adaptação, mesmo os garotos com pouca experiência esportiva adorariam praticar o basquete. “É um esporte movido a resultados, pois não existe o conceito do empate. A dinâmica do jogo faz o resultado mudar a todo momento e exige do jogador muita criativi-

dade, dedicação e inteligência”, afirma. Uriel concorda com Eduardo e recomenda a modalidade para a faixa etária que será seu foco de atuação no clube. “Um atleta passa pelas fases de iniciação, da descoberta (justamente essa dos garotos de 12 a 14 anos) e a do aperfeiçoamento. Para ter êxito no sub-12 e aub-13 o gosto pela rotina de treinos é mais importante do que o físico do garoto. Já vi muitos meninos franzinos com mais agilidade na quadra do que os altos e fortes. O segredo está no treinamento intenso”, explica o técnico, que também será o coordenador da modalidade. “No Renascença lido diariamente com as questões burocráticas necessárias para levar um time para uma competição externa, então para mim será mais tranquilo facilitar o dia-a-dia dos meus colegas”, explica Uriel. (M. B.)

A equipe adulta de basquete foi a primeira a subir ao pódio em 2014, ao vencer a final da Copinha, torneio estadual iniciado em novembro último e encerrado na quadra do Centro Cívico, no início de fevereiro. Numa partida contra o Old School, de São Paulo, a Hebraica foi campeã comandada pelo técnico Clerverson Gomes. “Nosso placar foi de 74 a 73, e cumprimento os atletas que nos levaram a esse título: David e Alan Souza, Walter de Souza, Renan Gehrke, Eduardo Romani, Rafinha Bastos, Gustavo Gracco, Gabriel Bonatti, Guilherme Afonso, André Zukerman, Denis Muracatea, Roberto e Fernando”, disse o técnico.


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esportes > polo aquático

NA VOLTA AOS TREINOS, ATLETAS PARTICIPARAM DE AMISTOSOS CONTRA EQUIPES DE SÃO PAULO E BAURU

Treinar, jogar, viajar... A

driano Silva era o assistente técnico da equipe de polo aquático em 2010. Ele treinou uma categoria da modalidade no Sesi e no Sesc e no final da temporada de 2013 foi convidado a voltar à Hebraica, desta vez como coordenador e a vantagem de ter mantido o contato com os profissionais da equipe e os jogadores do clube. “Acabo de voltar da Espanha, onde encontrei Léo Vergara, o filho dele Rafael e três atletas da Hebraica – Tomer Schmoisman, Ariel Levy e Eduardo Wainberg. Os rapazes alugaram um flat e passaram um mês entregues ao polo. Eles treinaram na piscina do Barcelona e ao ver Tomer jogar, o técnico do clube convidou-o para jogar duas partidas oficiais pelo time. Depois, assistimos a um curso no Centro de Alto Rendimento, o que deu aos garotos mais oportunidades de jogar com os melhores atletas espa-

NO PLANEJAMENTO DO NOVO COORDENADOR DE POLO AQUÁTICO DA HEBRAICA, ADRIANO SILVA, O TREINAMENTO INTENSIVO LEVA A BONS RESULTADOS E A UM TORNEIO NO MÉXICO, EM ABRIL nhóis. Quando voltei, assumi essa nova tarefa com muita satisfação”, contou o jovem coordenador. Para ele, o novo cargo representa mais responsabilidade e o desafio de manter o crescimento da modalidade no clube. “Encontrei um ambiente muito bom. Técnicos e atletas estão ansiosos para mergulhar no trabalho. Assim que anunciei algumas partidas amistosas e um coletivo, muitos quiseram participar. A prioridade da Hebraica é a formação de equipes de base no sub-13, sub-15 e sub-17, mas os integrantes das equipes maiores devem ter uma temporada boa em 2014. Conversei com a coordenadora da Escola de Esportes para reservar o

horário das 16h30 às 17h20 para formar uma nova turma sub-10, pois pelo menos três garotos nessa faixa já vão para a piscina com os mais velhos”, acrescentou Adriano. Adriano também comemora a chegada de algumas adolescentes interessadas em jogar polo e a possível participação do time masculino em um torneio no México, em abril. “O governo mexicano vai subsidiar algumas equipes de outros países. Então será possível organizar a excursão com poucos recursos. Já antevejo a criação, em breve, de um time feminino sub-17 e a conquista de bons resultados em mais este compromisso internacional”, completa. (M. B.)


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esportes > curtas ∂

Ginástica artística

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Hebraica oferece mais de vinte modalidades esportivas cujos fundamentos são introduzidos nos programas da Escola de Esportes, e à medida em que a criança demonstra habilidade e interesse, são encaminhadas para os esportes coletivos ou para os individuais. Entre esses, segundo a coordenadora da modalidade, Roseli Lamarca, a ginástica artística é “um esporte completo, que desenvolve e exige do atleta habilidades como força, flexibilidade, velocidade, resistência, coordenação e agilidade de raciocínio”. A modalidade caiu no gosto do público brasileiro. As equipes feminina e masculina de ginástica artística da Hebraica têm representado o clube em torneios municipais, estaduais, nacionais e até em Israel, na Macabíada de 2013. “O sucesso nas competições é o resultado de todo um processo que envolve muita diversão e descobertas como, levantar depois de uma queda, repetir o exercício e ver a aprovação no rosto do professor. Isso é crescer”, conclui Roseli.

Masters da natação

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equipe master de Natação completou 23 anos empenhada em enfrentar um desafio: fôlego e autoconfiança dos que aceitaram o convite da técnica Adriana Silva. “Durante os treinos do dia do aniversário e do seguinte, os atletas nadaram 23 ‘tiros’ de cem metros, ou faziam ida e volta na piscina olímpica em um determinado tempo. Quando chegavam ao último e saíam da piscina, muitos relataram ter pensado nas conquistas dos últimos anos e também nos amigos que fizeram no master”, comentou Adriana, que ficou do lado de fora cuidando do cronômetro. (M. B.)


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ARRITMIA Dra. Fátima Durmas Cintra, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Os principais sintomas de uma arritmia são palpitações, tonturas e desmaios. Quando esses sintomas estiverem presentes, deve-se procurar uma avaliação médica. Por meio de história clínica, exame físico e de alguns exames, como o eletrocardiograma, o médico poderá definir se a pessoa é portadora de alguma arritmia. Em alguns casos será necessária uma investigação com exames mais detalhados, como o teste ergométrico, o holter de 24 horas, o loop recorder ou até um estudo eletrofisiológico para que se possa fazer o diagnóstico.

Arritmias são distúrbios da formação ou da condução do estimulo elétrico no coração, podendo ter várias causas e formas de apresentação. Algumas podem fazer o coração bater mais acelerado e outras podem ocasionar uma diminuição de batimentos, muitas são benignas e não causam sintomas, porém outras podem provocar sensação de palpitações, desmaios e até um risco maior de morte. Para que o coração bata normalmente é necessário que um estímulo elétrico seja originado em uma região conhecida como nódulo sinusal e que ele chegue ao coração de forma organizada. Quando existe falha na origem e na condução desse estímulo, ou quando aparecem estímulos elétricos em outros locais do coração, há uma desorganização da atividade elétrica cardíaca, ocasionando uma arritmia. Algumas arritmias têm aumento da sua incidência associada ao envelhecimento. A fibrilação atrial, por exemplo, é um tipo que acomete mais idosos que jovens. Aproximadamente 8% das pessoas acima de 80 anos são portadoras de fibrilação atrial. Ela é um tipo de arritmia em que ocorre uma desorganização da formação e da condução do estímulo elétrico em uma parte do coração chamada átrio. Isso pode fazer com que o sangue fique mais tempo parado nessa região e provoque a formação de coágulos, que podem se desprender do coração e ir para o cérebro, desencadeando um AVC. Esse tipo de arritmia pode também ocasionar batimentos cardíacos acelerados e irregulares.

Responsável Técnico: Dr. Miguel Cendoroglo Neto - CRM: 48949

Certos tipos de emoção podem liberar em nosso organismo uma substancia chamada adrenalina. A adrenalina irá causar um aumento da frequência cardíaca e a pessoa pode sentir os batimentos cardíacos acelerados. Isso é uma reação normal do organismo.Em algumas pessoas que já têm uma doença cardíaca, as emoções fortes podem desencadear arritmias, existem medicamentos que ajudam a controlar e prevenir essa situação. A morte súbita é uma parada cardiorrespiratória que ocorre de forma inesperada. Em algumas pessoas, a primeira manifestação de uma arritmia pode ser justamente uma parada cardiorrespiratória. Em pessoas com história suspeita para esse tipo de arritmia, o estudo eletrofisiológico pode ser realizado para estratificar o risco de sua ocorrência e orientar o melhor tratamento. Hoje existem alguns medicamentos e um aparelho conhecido como cardiodesfibrilador, que é implantável e pode ser utilizado em pessoas com alto risco para morte súbita. A influencia do dia a dia nos batimentos cardíacos organizados são fundamentais para bombear o sangue que levará nutrientes para todas as células de nosso organismo. Eles são indiretamente responsáveis desde o nosso pensamento até os nossos movimentos, incluindo o funcionamento adequado de fígado, rins etc. Quando necessitamos nos movimentar mais rápido, os batimentos cardíacos irão acelerar com finalidade de levar mais nutrientes aos músculos. No momento em que estamos dormindo e o consumo de nutrientes não é tão intenso, os batimentos cardíacos tendem a ser mais lentos. Assim como os batimentos cardíacos influenciam a nossa disposição, as nossas atividades diárias vão influenciar a frequência desses batimentos.

Saiba mais em www.einstein.br

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magazine > ecologia | por Ariel Finguerman, de Tel Aviv

A PARTE INFERIOR DA FOTO REVELA O RASTRO DO LENTO DESAPARECIMENTO DO MAR MORTO QUE A TUBULAÇÃO PODE ESTANCAR

Acordo pode devolver a vida ao Mar Morto VINTE ANOS DEPOIS, FINALMENTE, ISRAEL, JORDÂNIA E AUTORIDADE PALESTINA ASSINARAM UM DOCUMENTO PARA RECUPERAR O MAR MORTO, QUE PERDE UM METRO DE PROFUNDIDADE A CADA ANO

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os últimos quarenta anos, desapareceram 30% da área do Mar Morto. A presença dos palestinos foi exigência do governo de Amã porque 25% do lago salgado estão na Cisjordânia, em território palestino controlado por Israel. Estes 25% serão devolvidos a um futuro Estado Palestino. O documento, assinado no final do ano passado, prevê a construção de uma tubulação de 180 quilômetros de extensão que vai bombear água do Mar Vermelho, próximo a Eilat, e a despejará no Mar Morto. A tubulação passará por território jordaniano para evitar os fortes grupos ecológicos israelenses, entre eles o Friends of the Earth Middle East (FoEME), que já preparava ações judiciais. Serão bombeados anualmente cerca de duzentos milhões

de metros cúbicos de água do Mar Vermelho, mas somente cem milhões chegarão ao Mar Morto, o que ainda é muito pouco para repor os oitocentos milhões que o lago perdeu ao longo dos anos em que as águas do rio Jordão, seu principal provedor, foram desviadas pelos países que atravessa – Síria, Jordânia e Israel – para atender ao consumo da população e à irrigação. Nos anos 1960, o Jordão despejava cerca de 1,5 bilhão de metros cúbicos de água anualmente no Mar Morto. Agora, menos de cem milhões. Os cem

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DO MAR VERMELHO PARA O MAR MORTO A LINHA VERMELHA INDICA O CAMINHO DAS ÁGUAS PARA DEVOLVÊ-LO À VIDA

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milhões restantes do bombeamento serão dessalinizados em uma usina que o projeto original prevê construir na cidade de Áqaba, na Jordânia. Será construída uma usina de dessalinização na Jordânia, cuja água potável será distribuída à população local e para Israel, que a usará para abastecer Eilat e as comunidades do deserto do Aravá. Está em estudos criar parques turísticos nos dois locais onde a água jorrará, na Jordânia e no Mar Morto. O acordo, chamado por uns de “Tubulação da Paz” e, por outros, de “O Canal dos Dois Mares”, contém os autógrafos do ministro de Energia e Águas de Israel Silvan Shalom, de Israel, do presidente da Autoridade Palestina de Águas Shaddad Attiili e do ministro de Águas da Jordânia Hazim el-Naser na sede do Banco Mundial, em Washington, que financiará parte dos cerca de US$ 400 milhões do projeto que deverá estar concluído em, no máximo, cinco anos. Também colaborarão países estrangeiros e doadores, além das três partes envolvidas. Até o final deste ano estarão concluídos e publicados os editais da concorrência pública de construção. Além de salvar o Mar Morto, o acordo foi visto como um raro entendimento entre Israel e os vizinhos árabes, principalmente quando se trata de cooperação mútua em relação à água. O ministro Silvan Shalom revelou sua satisfação aos afirmar que

Curiosidades sobre o Mar Morto Você sabia que...

...no passado remoto, o nível do Mar Morto já foi ainda mais baixo que é hoje, e o lago salgado chegou até a secar completamente? ...o bloco de terra do lado jordaniano do Mar Morto está em constante movimento em direção norte, devido a movimentos tectônicos? Portanto, a paisagem ao redor do lago continuará sempre mudando... ...o Mar Morto, na realidade, não está morto. Há nele micro-organismos, como colônias de micróbios vermelhos vivendo a duzentos metros de profundidade e 77 tipos diferentes de fungos... ...em hebraico, é chamado de Yam Hamelach (Mar de Sal), mas também isto não é preciso: cientistas encontraram água doce embaixo do leito do lago...

“há aqui uma colaboração estratégica de grande significado político entre Israel, Jordânia e Autoridade Palestina”. De fato, tanto ou mais importante que devolver o Mar Morto à vida são as implicações políticas deste evento. Os palestinos receberão trinta milhões de metros cúbicos de água/ano, mas do Kineret (Mar da Galileia) para abastecer a população da Cisjordânia. A região é foco de interesse desde o final do século 19, quando oficiais britânicos propuseram ao governo da Sua Majestade aproveitar a queda de 390 metros em relação ao nível do mar para produzir energia. Quando ambientalistas e autoridades governamentais de Israel perceberam que o Mar Morto ficava a cada ano um metro mais raso, surgiu a ideia de bombear água do Mediterrâneo por canais, tubulações e túneis, mas a proposta foi abandonada pelo alto custo e não produzir energia. Em 2005, sem grande alarde, os governos de Israel, Autoridade Palestina e Jordânia autorizaram a realização de estudos para levar água do Mar Vermelho para o Mar Morto. Ao mesmo tempo o Banco Mundial encomendou avaliações técnicas que indicaram não haver risco de dano ambiental se o projeto for bem executado e se levar em conta a possibilidade de abalos sísmicos pois a região se assenta sobre placas tectônicas. De todo modo, os ambientalistas, principalmente os de Israel, estão preocupados com a possibilidade de ocorrer problemas ambientais. Eles alegam que a introdução de organismos vivos do Mar Vermelho no Mar Morto pode provocar efeitos catastróficos nas suas principais características e toma por base experimentos cujos resultados apontam para alterações na composição química e biológica das águas do Mar Morto em razão do surgimento de algas e mudanças causadas por bactérias. A organização Friends of the Earth Middle East se manifestou contra o projeto desde que surgiu a primeira notícia e afirma que se brinca com a natureza sem apontar a raiz da causa do declínio do Mar Morto.

Mergulhador conhece Mar Morto a fundo Um mergulhador que desceu até o fundo do lago salgado escreve sobre sua experiência para a revista Hebraica. Boaz Samorai, 36 anos, nasceu em Eilat e rodou o mundo atrás de belas ondas e cenários paradisíacos na Tailândia, Brasil, Austrália, Costa Rica e Sri Lanka, e outros. Depois de servir ao exército e dar uma acalmada na vida, instalou-se novamente em sua cidade natal, onde ensina mergulho e fotografia submarina. Para quem rodou o mundo em busca de locais exóticos, nada mais natural que Samorai também arriscasse entrar no Mar Morto, mesmo enfrentando algumas das condições mais extremas do planeta. Para conseguir submergir no lago ultrassalgado, teve de multiplicar por três o peso de chumbo para afundar num mar comum – até a câmara fotográfica precisou de mais lastro para submergir. Devido ao intenso calor dentro do lago, Samorai já mergulhou sem camisa e algumas vezes com uma roupa especialmente grossa de modo a evitar os arranhões provocados por rochas de sal grosso; A pedido da revista Hebraica, Samorai deu um depoimento a respeito da experiência de mergulhar no lago mais baixo do mundo em relação ao nível do mar. As fotos tiradas por ele, que acompanham a entrevista, são inéditas no Brasil. “Tirar fotos debaixo da água, mesmo numa piscina, traz desafios. Temos de usar equipamento especial e instrumentos para iluminar o ambiente escuro que nos aguarda ali. Mas os magníficos resultados, além da curiosidade humana, nos estimulam cada vez mais a ir fundo no interior desses mundos misteriosos. Esta mesma busca me levou ao Mar Morto, para descobrir o que existe sob esta mortal superfície de água. “Para submergir no Mar Morto é preciso vencer o forte empuxo que te empurra de volta para a superfície. Precisei usar cinquenta quilos de lastro para me levar para baixo. A salinidade é tão alta que bastaria um pingo daquela água entrando na minha máscara de mergulho para me cegar por alguns minutos. Por isso precisei usar uma máscara de rosto inteiro, e ainda me amarrar a uma corda que me levaria de volta para a superfície caso acontecesse algum acidente. “Todo o leito do Mar Morto é coberto de sal. Cada pedra está envolta deste material branco, além de árvores que caíram na água ao longo dos séculos e se petrificaram, aliás, muito afiadas. Tocar o leito deste lago dá a sensação de esfregar um papel de areia no corpo e, por isso, usei uma roupa especial, bem grossa, para proteger meu corpo e evitar qualquer arranhão.

O MERGULHADOR BOAZ SAMORAI DESCOBRE AS MARAVILHAS DO FUNDO DO MAR

“Muita gente me pede para levá-la ao fundo do Mar Morto, mas não aceito, e ali só mergulho com um companheiro fotógrafo ou sozinho. Não considero um lugar apropriado para mergulhador amador. O risco é muito alto, não quero estar perto de alguém tendo um ataque de pânico ou algo semelhante no leito do Mar Morto. “Na boca fica um gosto de enxofre, mas a visão dentro do Mar Morto é magnífica. A água tem uma coloração esverdeada e o leito é de um branco brilhante. Como não há peixes ou corais, você se sente bem solitário. O lago é calmo e a temperatura da água, muito quente. Nos meus mergulhos ali, fiquei muito feliz ao descobrir todo tipo de caverna e fissuras no sal, numa visão única e diferente do que tudo que já vi pelo mundo Espero que aprendamos a apreciar a maravilhosa natureza ao nosso redor e que a protejamos, para que as próximas gerações também possam desfrutá-la!” Contato com o mergulhador Boaz Samorai pode ser feito pelo telefone 00-972-50-528-2282 ou e-mail aquaboaz@gmail.com


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

Em Israel, se um sujeito acha que foi vítima de qualquer tipo de abuso ou alvo de comportamento extremado, a reação provável é chamar o outro de “nazista”. Isto acontece em discussões de trânsito, na fila do supermercado ou nos bate-bocas da Knesset. Mas agora isto acabou. O Parlamento israelense aprovou lei proibindo o uso da palavra “nazista” em qualquer circunstância. Também está banido o uso de uniformes de campos de concentração ou estrelas de David amarelas em protestos públicos, como fazem de vez em quando os ortodoxos contra a polícia. Quem desrespeitar leva multa e vai preso.

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Casa imprópria

Sorriso bonito

Loucura e violência

Israel bateu um novo recorde, mas desta vez pouco simpático: é o país desenvolvido onde a casa própria é a mais cara. No Estado judeu, são necessários 148 meses de salário para se adquirir este bem. Depois, é o Japão com 93 salários, seguido do Canadá (84), França (76) e Austrália (75). Segundo o levantamento do Banco Central de Israel, somente no último ano os preços dos imóveis no país subiram 8%. Para se ter uma ideia, com a mesma grana desembolsada em um apartamento em Tel Aviv dá para comprar dois no Brooklyn (vizinho de Nova York) ou um no norte de Londres ou um no Quarteirão 16 (seizième) de Paris.

Agora, uma boa notícia: Israel está se transformando no líder mundial na fabricação de implantes dentários, uma técnica mais moderna que substitui as próteses do passado. A empresa local MIS, na Galileia, é a quinta no mundo na fabricação do produto. O Estado judeu já é o país onde mais se usa o implante na população. Quatrocentos de cada dez mil habitantes carregam a novidade dentária por aqui, enquanto na Coreia do Sul são duzentos, na França e EUA, dez, e na China, menos de um.

Da crônica policial israelense: no mês passado duas garotas, de 15 e 19 anos, acompanhadas de uma tia, procuraram uma delegacia no sul de Tel Aviv, para prestar queixa contra o padrasto, de 33 anos, que abusou sexualmente das duas, e das outras duas irmãs, nos últimos três anos, desde que foi morar com a família. Ele invadia o quarto das meninas coberto de lençol e dizia que um anjo o enviara nesta missão para retirar “metal” dos seus corpos. O “padrasto do inferno”, como foi apelidado pela imprensa local, ainda deixava as meninas passar fome. Na polícia, o elemento disse que está sendo difamado pelas garotas.

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Adeus ao irlandês Morreu Mike Flanagan, aos 88 anos, soldado do exército britânico durante a Guerra da Independência de 1948. Quando os ingleses enfim saíram da Terra Santa e a luta entre judeus e muçulmanos pegou fogo, Flanagan entrou num tanque e dirigiu-o até Tel Aviv, junto com outro colega de armas que fez o mesmo. A unidade blindada do Tzahal nasceu assim. Depois da guerra, Flanagan converteu-se ao judaísmo, casou com uma israelense, tiveram filhos e foram morar num kibutz. Com a morte da mulher, foi para o Canadá, onde morreu. Era um grande bebedor de cerveja, a ponto de deixar os outros kibutznikim assombrados. Talvez por isso, seu neto, Lior, que serviu na unidade de tanques do Tzahal, seja hoje dono de uma cervejaria.

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Êta nóis A história é conhecida: a construção de um novo estádio de futebol levanta suspeitas de má utilização de verbas públicas, calculada em milhões de dólares, e o governo agora promete investigar o caso a fundo. Não, leitor, não é o que você está pensando... Agora o caso é em Haifa, onde se constrói o Estádio Sammy Ofer, com investimento público e privado e custo em torno de US$ 150 milhões. Deverá ser inaugurado em agosto, terá capacidade para trinta mil pessoas e receberá jogos da seleção israelense. Mas agora o promotor público anunciou que vai abrir uma investigação por “aparente má conduta financeira”.

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Ten Yad no Yedioth O maior jornal de Israel, Yedioth Achronot, publicou reportagem de página inteira a respeito do projeto Ten Yad, do Chabad de São Paulo. Segundo o correspondente do jornal, Yair Katan, a cidade “lembra um pouco Tel Aviv”, mas também se espantou com a pobreza. Notou que entre os necessitados na fila do sopão da entidade de caridade judaica estão refugiados árabes do Líbano e da Síria. Claro, os entrevistados garantiram que não há antissemitismo no Brasil e o correspondente classificou o governador Alckmin como “ardente fã” da comunidade judaica. Katan também escreveu que a influência judaica vai além do bairro de Higienópolis (que ele chamou de “Idishenópolis”) e que o Iom Kipur é “percebido em toda a cidade”.

12 notícias de Israel

Cala-te, boca

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Menino de ouro O mago das finanças que comandou o Banco Central de Israel, Stanley Fischer, declarou que sua fortuna pessoal é de US$ 56 milhões, valor que anunciou ao ser nomeado vice-presidente do Fed americano. Antes de comandar o BC israelense durante oito anos foi um alto executivo do FMI e do Citigroup. O segredo de sua fortuna está nas palestras que profere e pelas quais cobra US$ 283 mil. Fischer foi criado no Zimbábue, onde ainda tem propriedades, além de imóveis em Nova York. O governo dos EUA exigiu que ele vendesse suas ações em empresas de investimento antes de assumir o cargo federal.

9 Passado que condena As relações diplomáticas entre Israel e a Noruega não são lá essas coisas (os países escandinavos tendem a adotar posições pró-palestinas). Já as relações entre o filho de Biniamin Netaniahu e uma estudante norueguesa de comunicação são as melhores possíveis. Segundo a imprensa de Oslo, Yair Netaniahu e Sandra Leikanger se conheceram na faculdade israelense IDC de Herzlia, onde a beldade loira, de 1,80m, estuda, e namoram há alguns meses. Enquanto papai Bibi aprovou a relação e até falou dela com orgulho para a premiê norueguesa em Davos, claro que representantes do Shas já começaram a chiar. Mas isto é pouco comparado à foto que o Yedioth Achronot capturou no Facebook da garota e publicou em sua coluna de fofocas, em que ela aparece beijando ... outra menina!


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Fumaça sem fogo Um êxito cheio de esquisitice para a economia de Israel: a gigante do tabaco mundial, Altria, que controla a Philip Morris Marlboro e avaliada em US$ 71 bilhões, comprou a empresa israelense Green Smoke, localizada em Bet Shemesh, fabricante de cigarros eletrônicos. O negócio foi de US$ 110 milhões, com a condição de a produção, que emprega quarenta trabalhadores, continuar em solo israelense. A ironia da história está na proibição de vender esses cigarros eletrônicos em Israel, porque o ministério da Saúde os considera nocivos à saúde.

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Meu irmão ortodoxo O pau está quebrando novamente em Israel entre ortodoxos e o establishment secular do país. A razão agora é uma nova lei que aperta financeiramente os jovens religiosos que não se alistam no exército. Um conhecido meu, ortodoxo, de Bnei Brak, explicou como vive uma família média de lá. O típico casal, com cinco filhos, depende do salário da mulher, normalmente professora, de cerca de US$ 1.500,00, enquanto o marido dedica o tempo aos estudos. Ele estava acostumado com mais uns quinhentos paus (dólares) do governo, que agora estão acabando. Claro, existem ainda as doações internacionais de filantropos judeus ao redor do mundo. Mas quanto tempo isto vai durar, com o aumento exponencial desta população? A situação é complicada. Ortodoxo é o clero do judaísmo, e por mais que eles não gostem desta comparação, eles são os nossos padres e pastores. E, de todo modo, que espécie de soldados dariam? Mas também não é justo viver às custas do governo, num país onde a juventude entrega três anos dourados da vida ao duro serviço militar. No global, o ranço entre ortodoxos e seculares é muito ruim para o povo judeu. Em razão disto, não se ensina Talmud nas escolas públicas do país, porque seria considerado intromissão religiosa. Ora, ali está a nossa alma, desenvolvida durante séculos de estudos e reflexão. Falei que o assunto é broca...

Os “decretos” de Kerry Outro dia ouvi no noticiário da TV em inglês que houve manifestação em Jerusalém contra os “decretos” do secretário de Estado, John Kerry. Acho que, mundo afora, boa parte do público não entendeu o que levou aquele grupo de judeus a protestar no frio de Jerusalém. Em hebraico, no entanto, faz mais sentido: os “decretos” são as gzeirot, palavra usada para identificar leis antijudaicas decretadas por poderosos gentios ao longo da história, de Antíocus Epifanes e os czares da Rússia até Hitler. Por aí é possível entender o humor da população, especialmente aqueles ligados à direita, com a insistência de Kerry em se chegar a um compromisso entre nós e os palestinos. Há tempos não aparece na política americana um cara tão obstinado nesta tarefa como Kerry. Isto me faz lembrar entrevista que li há alguns anos, em Rosh Hashaná, com o então premiê Ariel Sharon (tanto aqui como no Brasil, os manda-chuvas da política não gostam de dar longas entrevistas, mas em Israel há uma tradição do primeiroministro falar com os principais órgãos da grande imprensa no Ano Novo). Bem, naquela época Sharon liderava a evacuação dos assentamentos de Gaza. O repórter perguntou o que o motivava a uma ação tão impopular. Sharon disse que Israel vivia um momento muito delicado e que se o país não propusesse um plano de ação para mostrar ao mundo, optando pela inação, esperando a banda passar, teria de engolir planos impostos pelos “gentios”. Dito e feito, são os tais “decretos” de Kerry.


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magazine > ciência & tecnologia | por Abigail Klein Leichman

Maravilhas israelenses em aplicativos infantis 1. TinyTap

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O site norte-americano de tecnologia Mashable escolheu-o como uma das cinco maiores “distrações digitais” para crianças e pais. O aplicativo TinyTap é uma plataforma de jogo de criação intuitivo grátis para iPad e iPhone. Pais, professores e crianças podem criar os próprios jogos educativos ou escolher um do TinyTap Social Market . Em 8 de janeiro último, TinyTap foi um dos três aplicativos que recebeu um milhão de dólares como prêmio da Verizon Powerful Answers.

A startup israelense Skills & Knowledge criou este aplicativo para ajudar os alunos a escrever trabalhos melhores e de modo mais rápido. É uma ajuda organizacional para formatar uma tarefa, conferir a gramática e a ortografia, acrescentar a bibliografia e até mesmo pesquisar na internet de forma mais eficaz. Os professores aprovaram o sCoolWork.

2. My PlayHome Há dois anos, esta casa de bonecas para a geração iPad foi citada pelo The New York Times como um “aplicativo para manter as crianças felizes”. Elas podem abrir os armários, ligar a tv e o chuveiro, fritar um ovo, encher um copo, soprar bolhas de sabão e outras coisas divertidas. Vantagens de uma casa de bonecas virtual: pode ser carregada para qualquer lugar, as peças não se perdem nem quebram, a casa pode ser ampliada e mais bem equipada. Recomendado para crianças entre 1 e 7 anos.

4. Ellie’s Wings Com este aplicativo de colorir para iPhone, iPod Touch e iPad, crianças de 2 a 7 anos podem fazer desenhos simétricos nas asas de uma borboleta, abelha, dragão, pavão ou unicórnio animados. As criaturas riem, se animam ou desmaiam dependendo da escolha e do padrão de cores ou decoração animada colocados nas asas. Eles até vão entregar uma toalha ao seu filho se as tintas virtuais respingarem da paleta de cores – que funciona como um xilofone. Há animação opcional, como flores que se abrem e fecham, luzes que piscam, corações que batem. Os desenhos podem ser salvos clicando-se o ícone da câmera.

5. Ellie’s Fun House Crianças em idade pré-escolar podem usar este jogo altamente interativo como um “irmão” ou uma “irmã”. Existem atividades e tarefas a serem executadas em cada um dos seis quartos e no jardim: tomar banho, arrumar o quarto, fazer panquecas com a mãe, colher flores, escovar os dentes, colocar o pijama, etc, tudo acompanhado por sons e ilustrações. O “dia” acaba ao adormecer emitindo um ronco de satisfação.

APRESENTANDO O TOUCHOO CREATOR NO SERVIÇO ONLINE VIMEO

6. Touchoo Livros para dedinhos –Touchoo.Com o subtítulo de “Livro para Dedinhos”, o Touchoo oferece aplicativos de livros interativos para crianças em todos os tipos de dispositivos. É possível comprar um pronto ou usar o Touchoo Creator para escrever e publicar o próprio livro, completo com animação, interface de apontar e clicar e som interativo. O livro é publicado imediatamente na App Store, Google Play, Amazon e Nook (há uma taxa, mas a renda é sua. Cada livro aplicativo está disponível em vários formatos em uma plataforma baseada na Web.

7. My Body Por que aprender apenas uma língua quando se pode aprender três de uma só vez? O aplicativo My Body para iPhone e iPad ensina as palavras para as partes do corpo em inglês, espanhol e hebraico. O aplicativo é dividido em três categorias: frente, costas e cabeça.

8. HowDo Crianças curiosas têm um milhão de perguntas. Este aplicativo para iPhone e iPad pretende respondê-las com a ajuda de 150 fotos detalhadas e efeitos sonoros a respeito de 54 tópicos. Como se formam as borboletas? Como o arco-íris aparece no céu? Como se faz sorvete? Como se fabrica uma cadeira? Como é que uma carta jogada na caixa postal chega ao destino? Como se anda de bicicleta? Há versões disponíveis gratuitas e pagas do aplicativo.

9. Santa Rescue Saga: Doctor X Christmas Adventure O mais baixado em 2013, este jogo permite às crianças curar o resfriado de Papai Noel, resgatá-lo de uma chaminé ou de um bloco de gelo e outras situações difíceis para ele chegar às casas das crianças na véspera de Natal. A startup israelense TabTale, que está por trás desse aplicativo iOS e Android, bem como de centenas de outros, foi classificada entre as dez melhores editoras de aplicativos pelo site de ranking AppAnnie.com.

10. Trucks and Things That Go Um dos vários aplicativos para iPhone e iPad criados pela empresa Kids 1st Shape Puzzles, este quebra-cabeça virtual é recomendado para criancinhas fascinadas por caminhões, escavadeiras, tratores, trens, barcos, ambulâncias e aviões, num total de setenta veículos. Os jogadores que colocarem as peças corretamente são recompensados ao ouvir o som feito pelos veículos, e também ouvem seu nome pronunciado em hebraico ou inglês.

EIS ALGUNS DOS DEZ APLICATIVOS PARA CRIANÇAS, CRIADOS E DESENVOLVIDOS EM ISRAEL E SELECIONADOS POR UM GRUPO DE ESPECIALISTAS QUE OS CONSIDERA ÓTIMOS PARA ELAS. MAS ADVERTEM QUE QUEM PROCURAR VAI ENCONTRAR MUITO MAIS. TAMBÉM COM DIREITOS AUTORAIS ISRAELENSES

Por que aprender apenas uma língua quando se pode aprender três de uma só vez? O aplicativo My Body para iPhone e iPad ensina as palavras para as partes do corpo em inglês, espanhol e hebraico


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magazine > história | por Rebecca Joy Fletcher * Ha’meiri e Koestler deram ao primeiro cabaré de Tel Aviv o nome Hakumkum a partir do ditado ídiche “Não fale bobagens dentro da chaleira”. Ironicamente, a escolha do próprio nome parece indicar a permissão para falar bobagem e, assim, disfarçar o tipo de agressividade e crítica contidas no humor do Kumkum (“chaleira”, em hebraico).

OS PALCOS ERAM PEQUENOS MAS SE CONSEGUIA ENCENAR UM MUSICAL COM MUITOS FIGURANTES

Sátira e política nos cabarés de Tel Aviv NÃO ERA SÓ A LENDÁRIA NOITE BERLINENSE QUE FERVIA DURANTE A REPÚBLICA DE WEIMAR. NA DÉCADA DE 1920, MILHARES DE IMIGRANTES JUDEUS LEVARAM PARA TEL AVIV O ANTIGO JEITO DE CURTIR A VIDA NOTURNA NOS CABARÉS

E

m um texto comemorativo do décimo aniversário do mais querido cabaré satírico de Tel Aviv, o Hametaté, a poeta Lea Goldberg citou um provérbio segundo o qual “as feridas infl igidas por um amante estão cheias de lealdade” e explicou que “esta frase se aplica perfeitamente à sátira dirigida a nós mesmos, criada aqui, em nosso país”. Letrista e redatora de esquetes para o Hametaté, Lea Goldberg assinala que “como judeus, sabemos... o quanto o desejo de magoar é essencial em todas as críticas que vêm de fora. E, por isso mesmo, talvez devamos nos criticar, para conquistar

o riso que vem de dentro e que emerge do amor ao nosso povo, escrito em nossa própria língua e executado em nosso próprio estilo”. Avigdor Ha’meiri e Arthur Koestler emigraram da Hungria paupérrimos e decidiram que “Tel Aviv é uma cidade sem humor, principalmente sem humor político e sem crítica social. É claro que precisamos alterar esta situação rapidamente”. Ambos Koestler e Ha’meiri foram fortemente influenciados pelos cabarés satíricos de Budapeste, onde nasceram. Quando decidiram fundar um cabaré na Palestina, logo reuniram vários atores húngaros em torno deles.

Sempre Tel Aviv Escolher Tel Aviv, e não Jerusalém, como local do Kumkum era óbvia. Tel Aviv já se havia tornado centro cultural, onde funcionavam um teatro de ópera, o primeiro balé, o primeiro museu da Palestina e a presença britânica também era muito menos intrusiva na “primeira cidade hebraica moderna”. Os escritórios governamentais britânicos eram em Jerusalém e, embora soldados britânicos ainda fossem vistos nas ruas de Tel Aviv, vinham geralmente como turistas e não como agentes da lei. Os profissionais de cabaré sentiam-se livres para sátiras políticas mordazes, sem temer a censura britânica. E a maioria da população imigrante de Tel Aviv era de europeus acostumados aos cabarés satíricos, e os de Tel Aviv, ao lado de uma série de outros gêneros cênicos, talvez nunca teriam existido sem as grandes imigrações para os assentamentos judeus na Palestina. Nos anos 1920 vieram muitos jovens do Leste Europeu para Tel Aviv (como Ha’meiri) e poucos anos depois os judeus alemães com seu capital, a afinidade com o cabaré do período da República de Weimar e fome de sofisticada vida noturna. Em 1929, os atores de Hakumkum se desligaram da trupe original de Ha’meiri e fundaram a Hametaté, que funcionou até 1952 e se tornou o mais popular “Teatron Ammami”, (“teatro popular”, em hebraico) na Palestina judaica. O respeitável líder sionista Menachem Ussishkin (18631941) costumava dizer que se queria saber o que estava acontecendo com “o Israel do povo simplesmente vou ao Metaté”. As canções do Metaté eram algumas das mais conhecidas do período e (após a fundação da primeira emissora de rádio israelense, a Kol Israel, em 1936) eram muito tocadas no rádio e posteriormente, se tornaram parte do cânone de Shirei Eretz Israel – canções do início do Estado de Israel. Os temas satíricos variavam da corrupção municipal à tensão entre os grupos étnicos do ishuv. Exemplo disso é a música Shir Hateymaniot, (“Canção das Iemenitas”, em hebraico) escrita para o Metaté por Natan Alterman, em 1934, a partir de uma canção tradicional iemenita do Shabat. De acordo com a versão de Alterman, uma faxineira se queixa ao público do trabalho de esfregar o chão da prefeitura de Tel Aviv e da relação com os funcionários públicos do local. Ela começa a canção dizendo que “um fogo queima em meus olhos, no meu corpo há um tremor. Não me odeie porque eu sou negra”. O texto em hebraico lembra a linguagem dúbia de O Cântico dos Cânticos, do rei Salomão. Com a escova de limpeza na mão o tempo todo, a faxineira de Alterman canta as

técnicas de lavagem que usa e fala da cidade de Tel Aviv sempre se expandindo. Embora a caricatura possa ter ofendido alguns, a protagonista feminina encanta pela firmeza de atitudes em voz alta e forte. Esta música e outras canções satíricas de cabaré tiveram papel importante nos encontros culturais de vários grupos étnicos do ishuv. Alterman foi apenas um dentre muitos compositores e escritores de cabaré a se valer de músicas conhecidas, como a citada Teymaniyot, para novos objetivos. No caso, Alterman usou a melodia iemenita tradicional para mostrar um novo tipo de mulher iemenita, que canta as mesmas melodias religiosas antigas, mas, em vez de à mesa de Shabat, trata mesmo é de Tel Aviv. Estimulavam-se composições de canções que tivessem os britânicos como alvo, por exemplo, Tzik Tzik Boom/Zé Lo Tov (“Não é Bom”), e músicas que ironizavam os valores capitalistas de Tel Aviv. A base de Titina, canção satírica de 1932, escrita por Chaim Chefer, é uma melodia de Charlie Chaplin em Tempos Modernos. Na releitura de Chefer para a melodia, um casal de pioneiros – Titina e Efraim – procuram um novo lar no Mandato Britânico da Palestina. Se para Efraim basta o kibutz cavando valas e drenando pântanos, Titina tem outros planos. De tanto ela reclamar, finalmente o casal se instala em Tel Aviv, onde rapidamente ganha muito dinheiro e logo se entrega a uma vida despreocupada, e de decadência capitalista. E o público de Tel Aviv que se comprazia da zombaria dessa canção era, em sua maioria, claramente formado por pessoas como Titina e Efraim. Portanto, ao rir desses personagens, riam de si mesmas. Frequentar um cabaré tornou-se atitude ideológica, provando que o hebraico era perfeito para discursos políticos e para a sátira pontual. As apresentações satíricas do Hakumkum e Hametaté tinham limites claros do ponto de vista da temática. A censura britânica proibia representar personagens árabes no palco e do mesmo modo se impunham rigorosas restrições a aspectos >>

Não há uma única música de cabaré dos anos 1930 em Tel Aviv que fale de sionismo, ou alguma canção defendendo o ídiche ou o alemão como língua franca do Estado judeu. Tampouco existem registros de nenhuma canção que denote angústia ou nostalgia do lar deixado para trás em Paris, Vilna ou Berlim


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magazine > história

SÁTIRA AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ONDE SE LÊ: “SOMENTE OS RECÉM-CHEGADOS ESTÃO SADIOS” E CARTAZ, EM FRANCÊS, DE UM ESPETÁCULO APRESENTADO NA DÉCADA DE 1930

>> culturais judaicos. Não há uma única música de cabaré dos anos 1930 em Tel Aviv que fale de sionismo, ou alguma canção defendendo o ídiche ou o alemão como língua franca do Estado judeu, ou que promova a vida fora do ishuv. Tampouco existem registros de nenhuma canção que denote angústia ou nostalgia do lar deixado para trás em Paris, Vilna ou Berlim. Canções assim simplesmente não faziam parte desse repertório, embora fossem conteúdo importante do teatro ídiche do Lower East Side. Além disso, as apresentações nos cabarés só podiam ser feitas em hebraico. No entanto, em algumas canções e esquetes satíricos há trechos em ídiche e alemão, e em inglês, especialmente quando a canção fazia referência a um oficial britânico.

Mas, com exceção desses trechos, o material musical e humorístico era exclusivamente em hebraico. Desta forma, o cabaré provava que a língua hebraica era perfeita também para a ironia e a sátira. O desafio de escrever e interpretar exclusivamente em hebraico colocava à prova o talento e o fervor ideológico dos artistas de cabaré, a maioria dos quais desembarcara na Palestina sem saber praticamente nada de hebraico. Mesmo Ha’meiri, que conhecia bem a língua antes de chegar a Tel Aviv, às vezes rabiscava em húngaro às margens de uma música ou esquete. Às vezes, escrevia na língua materna e depois traduzia para o hebraico. Embora o material do cabaré satírico fosse popular e querido em meados dos anos 1930, no início havia os que dele discordavam. Em 1976 do jornal Al Ha’mishmar, órgão oficial do Hashomer Hatzair, de esquerda, comenta a respeito daquela época: “Já em 1928 o Kumkum... apresentava programas que irritavam a ordem estabelecida de modo geral”. Até o auge do Metaté, no entanto, a sátira no ishuv fora assimilada pela comunidade, transformando os shows em expressão fundamental da identidade israelense. Foi a primeira vez em que o talento judaico para a ironia, uma fixação do exílio, retorna às raízes, saudável e bem plantada no solo. Provavelmente a sátira é a afirmação menos sujeita a discussão que se pode fazer a respeito de um assunto e expõe à execração pública algumas emoções de menor aceitação social como raiva, indignação, frustração, retidão, ódio e malícia. Os cabarés satíricos de Tel Aviv ofereceram ao ishuv uma saída para suas próprias emoções socialmente inaceitáveis: desilusão, frustração, ansiedade e raiva. E foi por meio da expressão satírica dessas emoções apresentadas no palco que os cabarés de Tel Aviv levavam o público a amar a nação, a língua e a terra. * Rebecca Joy Fletcher é dramaturga, atriz e cantora litúrgica em Nova York e pesquisadora do cabaré judaico internacional


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magazine > a palavra | por Philologos

Adão e Eva

falavam hebraico no Éden? ENQUANTO A MAIORIA DOS CRISTÃOS E JUDEUS ACREDITAVA NA VERDADE LITERAL DA BÍBLIA, O EDÊNICO FAZIA MUITO SENTIDO. AFINAL, O PRIMEIRO HOMEM E MULHER CRIADOS POR DEUS JÁ TINHAM A FACULDADE DO DISCURSO PLENO; A BÍBLIA RELATA QUE ESTE DISCURSO TERIA SIDO EM HEBRAICO

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m artigo postado recentemente na revista judaica on line Tablet intitulado “Examining Edenics, the Theory That English (and Every Other Language) Came From Hebrew/Examinando o Edênico (relativo ao Jardim do Éden), a teoria de que o inglês (e qualquer outra língua) veio do hebraico”, que traz o subtítulo”: “Pesquisador excêntrico baseado em Jerusalém acredita ter encontrado a chave para a origem das línguas – a Bíblia”. O “guru do edênico”, como o artigo da Tablet o chama, é um linguista autodidata chamado Isaac Mozeson, “palestrante de literatura e cultura judaicas nascido nos Estados Unidos e que se mudou para Israel em 2010” e já publicou dois livros: The Word: The Dictionary That Reveals the Hebrew Sources of English (“A Palavra: O Dicionário que Revela as Fontes Hebraicas do Inglês”, 1989) e The Origin of Speeches (“A Origem dos Discursos”, 2006). O artigo da Tablet afirma: “Por se tratar de um estudioso obscuro com uma teoria confusa, a ferocidade dos ataques contra Mozeson parece desproporcional”. O trabalho tem sido chamado nos círculos acadêmicos e populares de “piada”, “pseudociência”, “regressão farsesca”, “uma desgraça”, “idiotice”, “ignorante gritante” “ridículo”, e até mesmo “perigoso”. Qualquer teoria contemporânea que tolamente defenda o hebraico – seja ele falado por Adão e Eva no Jardim do Éden ou por alguém em outro lugar – como a língua original da humanidade, e que todas as outras línguas humanas derivam dela, de fato merece a maioria dos epítetos acima. Entretanto, é preciso não ter senso de humor nem perspectiva histórica para considerar essa teoria como “perigosa” ou “uma desgraça”. O que diz respeito ao Éden não coloca mais em risco a disciplina da linguística do que a teoria afirmando que a terra é plana põe em perigo a geografia, e não é nenhuma vergonha ser tolamente inofensivo – especialmente quando os homens sérios já levaram a tolice de hoje a sério.

Enquanto a maioria dos cristãos e judeus acreditava na verdade literal da Bíblia, o edênico fazia muito sentido. Afinal, o primeiro homem e mulher criados por Deus já tinham a faculdade do discurso pleno; a Bíblia relata que este discurso teria sido em hebraico. A Bíblia nos diz também que outras línguas surgiram devido à ruptura da unidade linguística humana por Deus, após a tentativa de se construir a Torre de Babel. De onde mais poderiam ter vindo às outras línguas, então, se não de uma corrupção do hebraico? Os primeiros rabinos palestinos ainda tentaram oferecer uma prova linguística primitiva disso ao comparar o hebraico com o aramaico e o grego, as outras duas línguas que conheciam. O midrash do Genesis Rabbah observa que, em hebraico, as palavras para “homem” e “mulher” são ish e isha, como devem ter sido na Criação, pois a Bíblia nos diz que mulher foi tirada da costela do homem. Mas em grego as palavras são anthropos e gyn, e em aramaico, gavra e iteta. “Alguma vez já se ouviu alguém dizer anthropos e anthropaia ou gavra e gavreta?”, pergunta, triunfante, o Genesis Rabbah. Entre os judeus e os cristãos, saber se o hebraico era a língua original da humanidade foi vigorosamente debatida na Idade Média. Um número considerável de pensadores cristãos proeminentes com interesse no assunto – como Dante Alighieri (1265-1321), Guillaume Postel (15101581), Claude Duret (1570-1611), Etienne Guichard (aproximadamente o mesmo período), Athanasius Kircher (1602-1680) e Franciscus van Helmont Mercurius (1614-

ESTA É MAIS

UMA DAS MUITAS REPRESENTAÇÕES DE ADÃO E EVA

1698) – argumentava que sim. Alguns recorreram a reconstruções etimológicas semelhantes – e igualmente improváveis – como as de Isaac Mozeson. Guichard, por exemplo, argumentava que o verbo latino dividere, “dividir”, veio do hebraico batar, “cortar em dois”, que se transformou em tarab, de onde veio a palavra latina tribus, “tribo” (ou seja, uma parte do todo), que resultou em distribuere, “distribuir” de onde veio dividere. Pelo menos dois governantes cristãos medievais procuraram resolver o debate por meio da experimentação. O frade franciscano do século 13 Salimbene di Adam relatou, em um livro sobre seu contemporâneo o imperador do Sacro Império Romano-Germânico Frederico II, que este ordenara que mães adotivas e amas-de-leite do seu reino – não está claro quantas foram – se abstivessem de falar com as crianças sob seus cuidados, a fim de ver que língua os bebês usariam para se comunicar. Não causa surpresa, escreveu Salimbene, que as crianças não falassem nada. Uma experiência semelhante foi atribuída a James IV da Escócia – que, diz-se, arranjou que dois recém-nascidos fossem levados a uma ilha isolada do Mar do Norte por uma mãe muda incapaz de influenciar as suas tendências inatas da fala. De acordo com o relato improvável de cronista de James, Robert Lindsay, as crianças de fato começaram a balbuciar em hebraico. Lá pelo início do século 19, a linguística científica estava em um terreno bastante firme para ser capaz de descartar facilmente o hebraico como a primeira língua humana. No en-

tanto, o argumento da origem hebraica do inglês prosseguiu no trabalho de vários indivíduos e organizações excêntricas. Provavelmente a mais conhecida delas foi a British Israelite Society, cujas volumosas publicações na segunda metade do século 19 propunham que a nação britânica era descendente dos povos antigos da Bíblia e que a palavra “British/britânico” veio do hebraico b’rit ish, “aliança de um homem”. Se Isaac Mozeson tivesse vivido na época do Renascimento, ele estaria em boa companhia intelectual. Se ele tivesse sido um British Israelite, milhares de pessoas teriam aplaudido o seu trabalho. Podemos estar vivendo em tempos mais maldosos e menos tolerantes do que os da Inglaterra vitoriana, mas não é nenhuma desgraça, e certamente nenhum perigo para ninguém, ter nascido na época errada. Leia mais: http://forward.com/articles/187585/did-adam-and-eve-speak-hebrew-in-the-garden-of-ede/ # ixzz2oRjE0pGx

Entre os judeus e os cristãos, saber se o hebraico era a língua original da humanidade foi vigorosamente debatida na Idade Média. Um número considerável de pensadores cristãos proeminentes com interesse no assunto argumentava que sim


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magazine > nazismo | por Bernardo Lerer

Quando a arte vale mais que a vida humana O FILME DE GEORGE CLOONEY THE MONUMENTS MEN É MAIS UM A

RESPEITO DOS ESFORÇOS AMERICANOS PARA SALVAR AS OBRAS DE ARTE ROUBADAS DOS JUDEUS PELOS NAZISTAS, DESDE A TOMADA DO PODER EM 1933, ATÉ O FINAL DA SEGUNDA GUERRA

O

projeto de resgatar os tesouros artísticos começou em 1943 ao mesmo tempo em que Hitler anunciava sua disposição de, efetivamente, exterminar o povo judeu da Europa. Por isso, lideranças judaicas e alguns membros do Congresso americano começaram a pressionar o governo para ajudar os refugiados. A resposta: “Não podemos dispersar nossos recursos em objetivos não militares. Quando ganharmos a guerra aí, sim, vamos nos ocupar dos refugiados”. De fato, quando os alemães estavam derrotados, tropas americanas e seus generais, todos visivelmente enojados, se deixavam fotografar e filmar em campos de concentração ao lado de pilhas de corpos, restos do que vestiam os prisioneiros, valas comuns e civis alemães transformados em peões de obra para recolher corpos eventualmente espalhados pelos campos. Para não ser acusado de que não tratou do assunto, o presidente Roosevelt propôs uma reunião na paradisíaca Bermudas, local a salvo de combates e bem distante de ouvidos atentos. Mandou representá-lo o presidente da Suprema Corte, Owen Roberts, que agradeceu a deferência mas disse ter coisas mais importantes para fazer. A conferência foi realizada e nada de concreto resultou. Nem mesmo a possibilidade de enviar navios com suprimentos, pois isto violaria o bloqueio imposto ao Eixo europeu (Itália e Alemanha) e nenhuma exceção poderia ser aberta. No entanto, um ano antes, os países aliados cederam à pressão da opinião pública e despacharam um navio cheio de víveres para gregos esfomeados em Atenas. De todo modo, logo depois do final do convescote nas Bermudas, o New York Times, de propriedade de judeus, mas pouco preocupado com o destino dos judeus da Europa publicou o editorial “A arte europeia em perigo”, sugerindo urgentes ações do governo para colocar a salvo da zona de combate “os tesou-

ros culturais” ameaçados. Assim, em junho de 1943, o governo Roosevelt anunciou a criação de uma comissão governamental para “proteger e salvar os monumentos artísticos e históricos da Europa”. Esta comissão passou a se chamar “monuments men” que uma tradução livre, sugere tratar-se de “os homens dos monumentos”. E para presidi-la convocou o presidente da Suprema Corte, Owens Robert, aquele mesmo que, meses antes, dissera ter coisas mais importantes a fazer. No entanto, defensores dos direitos dos refugiados e ativistas na tarefa de salvar os judeus, constituídos no chamado Bergson Group, passaram a questionar as prioridades governamentais, e num anúncio de página inteira, também no New York Times, enaltece o interesse e a preocupação com as questões da cultura e da civilização, mas nota igual desinteresse e nenhuma preocupação com um “velho e antigo povo que deu ao mundo os fundamentos da civilização cristã, a Carta Magna da Justiça – a Bíblia – e por muitas gerações os mais importantes pensadores, escritores, acadêmicos e artistas. Uma agência governamental com o objetivo de salvar o povo judeu da Europa é o mínimo que os aliados podem fazer”. Como no front não havia combates em favor dos judeus, os parlamentares simpatizantes do Bergson Group no Congresso começaram a disparar contra a Casa Branca pedindo a urgente instalação de uma comissão para salvar os

judeus. Logo ganharam o apoio do popular prefeito de Nova York, Fiorello La Guardia, que resumiu a questão: “Obras de arte podem ser restauradas, vidas de pessoas, não”. Mas o secretário de Estado adjunto Breckinridge Long, nomeado por Roosevelt interlocutor para tratar com o Bergson Group, disse que para salvar vidas é preciso enviar regimentos militares. Para resgatar uma obra de arte nada mais que alguns poucos soldados. Cavalos, sim. gente, não O governo americano se valeu de outros meios para salvar obras de arte. Desta forma, o secretário de Guerra, Henry Stymson, vetou o bombardeio de Kyoto por causa das obras de arte desta cidade japonesa; outro burocrata, o adjunto do secretário de Guerra John McCloy impediu o bombardeio de Rothenburg, na Alemanha, para poupar sua arquitetura medieval, mas o mesmo McCloy negou pedidos para bombardear Auschwitz alegando que não podia desviar os aviões das zonas de combate. No segundo semestre de 1944, bombardeios americanos, um dos quais pilotado pelo futuro senador George McGovern e

UMA DAS CENTENAS DE PINTURAS ENCONTRADAS NA MINA DE SAL DE

HEILBRONN. O INTÉRPRETE JUDEU HARRY ETTLINGER ESTÁ AO CENTRO

candidato democrata à presidência, em 1972, atacaram fábricas alemãs próximas de Auschwitz, algumas delas a menos de cinco quilômetros das câmaras de gás. O diretor do David S. Wyman Institute for Holocaust Studies, Rafael Medoff, acredita que parte da questão pode ser localizada na psicologia humana. Para ele, a morte de milhões de pessoas é, de fato, deplorável, mas não passa de um borrão desfigurado e reduzido a um dado estatístico, ao contrário das imagens de pinturas de Rembrandt e Picasso, conhecidas e queridas por milhões de pessoas que parecem ter com elas uma relação de familiaridade. Ele lembra, por exemplo, de um ensaio publicado no New York Times, no auge do genocídio de Darfur (oeste do Sudão) entre 2004 e 2006, em que o ensaísta Nicholas Kristof sugere que os americanos fica>>


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Uma avó judia e a coleção de “arte degenerada” Por Walter Laqueur *

A NOTÍCIA DE QUE CERCA DE 1.400 OBRAS DE ARTE DE GRANDE VALOR, A MAIORIA DESAPARECIDA DESDE A ASCENSÃO DO NAZISMO, FORAM DESCOBERTAS NO INÍCIO DE NOVEMBRO DE 2013 CAUSOU IMPACTO NO MERCADO DE ARTE E SEUS HISTORIADORES. ESTAVAM ESCONDIDAS EM UM APARTAMENTO EM MUNIQUE, NA ALEMANHA

>> riam mais preocupados com os eventos naquele país se as vítimas fossem animais, no caso, filhotes de cães. Na mesma linha, conta-se a respeito de uma campanha que conseguiu arrecadar US$ 45 mil para resgatar um cão da raça terrier encontrado entre os escombros calcinados de um navio tanque no Pacífico, em 2002, ou o clamor internacional contra a remoção do ninho de um falcão vermelho no alto de um edifício de apartamentos, em Manhattan. Durante a guerra, em 1943, numa reunião com um senador americano, o rabino Meyer Berlin disse que “se cavalos estivessem sendo assassinados como os judeus poloneses, haveria uma grita geral contra tal crueldade com os animais. No entanto, como se trata de judeus tudo é silêncio, incluindo os intelectuais e os pregadores da livre e iluminada América”. Menos de dois anos depois, como em respeito a uma profecia anunciada, o celebrado e condecorado general George Patton desviou parte das tropas para salvar 150 cavalos dançarinos da raça Lippizaner no meio do fogo cruzado de alemães e aliados na fronteira da então Tchecoslováquia e Alemanha. É importante contar a história dos “Homens dos Monumentos”, mas no contexto em que ela se desenrolou: a recusa do governo Roosevelt em dar às vidas de seres humanos o mesmo tratamento e consideração que dispensou aos tesouros culturais. O ator – e agora cineasta – George Clooney que lutou por uma intervenção internacional contra o genocídio de Darfur e que se acorrentou à porta da embaixada do Sudão, em Wa-

shington, deve conhecer este problema melhor que muita gente. Ele pode imaginar se, como durante a Segunda Guerra, o governo americano despache tropas para resgatar antigos objetos da cultura africana, mas se recusa a mover um dedo em favor de possíveis vítimas de assassinatos em massa? Clooney faria um filme a respeito desse esforço para salvar pessoas? Ou estaria entre aqueles que lamentam as prioridades equivocadas do governo americano?

“CASA DE BANHOS”, UMA DAS OBRAS MAIS IMPORTANTES DE

LIEBERMANN

Caçadores de Obras-Primas Robert M. Edsel

Com o subtítulo “Salvando a Arte Ocidental a Pilhagem Nazista” é o livro em que o diretor e ator George Clooney se inspirou e tomou como roteiro para fazer o filme. O autor era um próspero empresário americano da indústria do gás que se aposentou e foi viver em Florença para estudar artes e ficou curioso em saber como os tesouros artísticos em museus e nas mãos de colecionadores judeus saqueados pelos nazistas sobreviveram à destruição e ao desaparecimento. A partir daí, criou o Monuments Men Foundation for the Preservation of the Art. Vale a pena ler porque cada capítulo é dedicado a uma obra-prima, seu sequestro e seu resgate. Editora Rocco / 366 pp. / R$ 39,50

O

dono do apartamento é Cornelius Gurlitt, 80, negociante de arte que vive recluso há anos, e cujo pai, Hildebrand, foi um dos quatro especialistas encarregados pelos nazistas de vender as obras de arte saqueadas no exterior em troca da moeda estrangeira de que muito necessitavam a partir do fi nal de 1943, depois de serem derrotados pelo Exército Vermelho. A maioria daquelas obras ou foi roubada dos proprietários pelos alemães ou consignada ao Gurlitt pai, principalmente por judeus que fugiram da Alemanha de Hitler enquanto puderam, muitos deles artistas, judeus e não judeus, oficialmente condenados pelos nazistas como “degenerados”. Milhares dessas obras ainda não foram recuperadas e os diretores daqueles museus onde algumas delas acabaram no pós-guerra revelaram disposição de ajudar nos esforços para devolvê-las aos proprietários ou herdeiros. Ao longo dos anos, a maioria dessas obras se valorizou muito. A viúva do expressionista alemão (não judeu) Ernst Ludwig Kirchner que suicidou-se em 1938, um ano depois de ter sido incluído na famosa exposição “Arte Degenerada”, conseguiu centenas de dólares por uma das suas pinturas. Há poucos anos, Ronald Lauder pagou US$ 38 milhões pela pintura “Cena de Rua em Berlim”, de Kirchner, leiloada pela Sotheby’s. O quadro “Dois Cavaleiros na Praia”, do “degenerado” Max Liebermann (judeu e maior impressionista alemão do seu tempo), era praticamente inegociável depois de os nazistas chegarem ao poder, e foi encontrado escondido naquele apartamento de Munique. Embora a produção de Liebermann ainda não tenha voltado à moda, este quadro vale pelo menos um milhão de dólares. Mas, afinal, quem são estes Gurlitts? Apesar de o noticiário a

respeito dos achados de Munique ter focado nos antepassados judeus, a família, de origem alemã e dinamarquesa, é mais conhecida pelos estudantes de artes plásticas, música e literatura alemãs por outras razões. O avô de Hildebrand, Louis Gurlitt, por exemplo, foi um importante pintor de paisagens, e o filho Cornelius – pai de Hildebrand e avô do Cornelius atual – um historiador de arquitetura. Também não foram estes os únicos membros culturalmente importantes do clã. A conexão judaica se dá por meio de Elisabeth, a mulher de Louis Gurlitt. Assim, de acordo com a métrica das leis de Nuremberg, promulgadas na era nazista, o recluso Cornelius (bisneto de Elisabeth), citado no primeiro parágrafo, é apenas um oitavo judeu, e o pai, o negociante de arte Hildebrand, morto depois da Segunda Guerra em acidente de carro, era um quarto judeu. Se na Alemanha nazista isso era considerado um defeito, não significava automaticamente o caminho para Auschwitz. Com um pouco de esforço e boa vontade das autoridades, sempre se podia sugerir um episódio fugaz de infidelidade conjugal em algum lugar do passado, suficientemente insignificante para fazer um indivíduo um quarto de judeu como Hildebrand Gurlitt em um ariano quase completo. De todo modo, para se manter vivo, alguém tão contaminado também deveria ser cauteloso e, acima de tudo, não fazer inimigos. No entanto, a avó judia de Hildebrand Gurlitt e que poderia causar embaraços, Elisabeth Lewald, era originária de uma família em si mesma muito interessante, cuja história vale a pena contar menos para desculpar ou justificar o comportamento de Cornelius, como foi insinuado pela imprensa, e mais por oferecer uma visão da fascinante aventura da assimilação judaica na Europa continental. Uma saga familiar A história começa em Königsberg, antiga Prússia Oriental, (hoje Kaliningrado, um enclave russo), onde, em 1822, nasceu Elisabeth, um dos nove filhos de Da>>


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APARTAMENTO DE CORNELIUS GURLITT, EM MUNIQUE, ONDE ELE E AS OBRAS DE ARTE ESTAVAM GUARDADOS

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vid Markus e Tzipora Asur. Markus era um bem-sucedido empresário e banqueiro que, em 1831, mudou o nome da família para Lewald. Embora o motivo exato por trás da escolha desse sobrenome permaneça um mistério, geralmente os judeus que naqueles dias procuravam enfeitar suas origens tinham de ser inventivos. E isso aconteceu com um ramo da minha família que vivia na Rússia, em 1810, tinha amigos influentes e assumiu o nome de Laquière por sua origem na aristocracia francesa. O pior é que alguns descendentes estão convencidos de que essa história é verdadeira. Mas se era fácil alterar nomes, mais complicado era mudar de religião. Quando os pais Lewald permitiram a dois dos filhos se converter e ser batizados, de modo a poderem casar fora da fé, os filhos recusaram a menos que os pais também se convertessem. Aos poucos, a família toda virou cristã, mas nem um pouco entusiasmada. Nisso, eles contrastavam com a onda anterior de judeus alemães que se converteu ao cristianismo por volta da virada do século 19. Algumas das jovens senhoras judias que se tornaram cristãs na primeira leva de conversões eram as principais salonnières de Berlim – entre elas a filha do iluminista Moses Mendelssohn –, e estavam realmente convencidas da superioridade espiritual da revelação cristã. Só para os que se converteram posteriormente, como Fanny, a irmã mais velha de Elisabeth, a conversão se tornou, da mesma forma que para Heinrich Heine, apenas o “ingresso para a civilização europeia”. Fanny escreveu uma autobiografia em seis volumes na qual confessa que não acreditava, de fato, em nenhum dos dogmas do cristianismo. Fanny foi romancista e, de longe, o mais famoso dos filhos

de Lewald, cujas obras completas foram publicadas na década de 1860 – e algumas recentemente reeditadas na Alemanha. Mais importante do que os romances é sua autobiografia, parte da qual disponível em inglês (The Education of Fanny Lewald, 1992). Nessas recordações, ela cita costumes e tradições judaicas curiosas (para ela), como a shivá, (luto) que tanto a atraiu como a repeliu na juventude. Conta também que ela e os irmãos nunca foram informados de que eram judeus, mas aprenderam na prática, quando saíam à rua a caminho da escola cobertos com belos casacos de pele e eram ofendidos pelas pessoas do bairro. Fanny foi morar em Berlim, onde manteve um salão literário que recebia habitualmente alguns dos principais escritores alemães da época, e visitantes estrangeiros importantes como Giuseppe Garibaldi, por exemplo. Ela apaixonou-se por um escritor alemão – casado, cinco filhos – que abandonou a família por ela. Havia diferenças marcantes entre o salão mantido por Fanny e os das décadas anteriores: o foco de interesse de Fanny eram as questões sociais e políticas, enquanto a filha de Mendelssohn, Dorothea Schlegel, e sua amiga Henriette Herz preferiam os encontros literários. É verdade que os salões do século 19 foram gradualmente se politizando, ainda que de modo vacilante, à medida que muitos dos frequentadores não judeus se tornavam cada vez mais nacionalistas e xenófobos, e antissemitas. De modo geral, nos idos de 1800 a história não foi favorável às salonnières judias e seus tensos seguidores pela atitude negativa quanto às próprias origens. Uma figura central desse grupo era Rahel Varnhagen, para quem o judaísmo era uma ferida horrível que nunca iria cicatrizar: “Jamais aceitarei ser uma schlemiel e uma judia”, escreveu a um amigo. E, de acordo com sua autobiografia, Fanny Lewald, ainda criança, antes de ir para a escola, estava ciente de que o judaísmo era um desastre. Mas reagiu de

MAX LIEBERMANN

EMIL NOLDE

maneira diferente e, com o passar dos anos, tornou-se a mais importante lutadora pelos direitos das mulheres da época e firme defensora da emancipação dos judeus. Quando Fanny morreu em 1889 – a irmã Elisabeth lhe sobreviveria por vinte anos –, as origens judias dos Gurlitt-Lewald estavam praticamente esquecidas. E a Alemanha tinha mudado: embora as mulheres ainda não tivessem garantido o voto, haviam conquistado a maioria de outros direitos, e um judeu batizado poderia ser ministro da coroa. É o caso do sobrinho de Fanny e de Elisabeth, Theodor Lew, nascido em 1860. Alto funcionário público, teve educação esmerada, maneiras impecáveis e de comportamento suficientemente reservado para não levantar suspeitas. Tinha amigos em toda parte, serviu fielmente o último imperador alemão, o kaiser Guilherme II, e, em seguida, a República de Weimar, e eventualmente, até mesmo o Terceiro Reich de Hitler. Fotografias mostram um homem de estatura imponente, na aparência muito mais nórdico-ariano do que o judeu “típico” da teoria racial nazista. De fato, graças a Theodor Lewald, a Alemanha nazista alcançou um das principais vitórias iniciais: os Jogos Olímpicos de Berlim de 1936. Foi um triunfo construído nos bastidores. Quando jovem, Lewald não tinha o menor interesse por esportes, mas falava bem inglês, participou da organização da Feira Mundial St. Louis, em 1904, e tinha entre os seus amigos muitos americanos influentes. Desta forma, se viu membro do comitê alemão interessado na organização internacional da Olimpíada. Os Jogos Olímpicos de 1916 estavam planejados para se realizar em Berlim mas foram cancelados em razão da Primeira Guerra Mundial. Como punição, a Alemanha foi proibida de participar dos jogos olímpicos de 1920 e 1924. A Alemanha foi

THEODOR LEWALD

plenamente recebida de volta ao Comitê Olímpico somente em 1928, graças a Lewald e à sua rede de amigos. E dois anos depois, Berlim era escolhida sede dos Jogos de 1936. Para Hitler e Goebbels, o risco de realizar um evento internacional como esse, com tantos não arianos competindo e possivelmente ganhando o ouro olímpico, foi superado pelo potencial propagandístico do evento e a oportunidade única de melhorar o conceito do Terceiro Reich no mundo. No entanto, os êxitos de Lewald criaram inimigos. Um deles era um oficial de alto escalão do partido nazista chamado Hans von Tschammer und Osten, que também ostentava o título de “Líder dos Esportes do Reich”. Em abril de 1933, o jornal oficial nazista, o Völkische Beobachter, publicou artigo segundo o qual era intolerável que alguém, em parte judeu, tivesse papel fundamental nos jogos. Todavia, os rivais de Lewald subestimaram muito sua capacidade de manobra enquanto se mantinha discretamente em segundo plano. Condição que lhe possibilitou alertar os contatos americanos com quem tinha boas relações que, por sua vez, mobilizaram o mundo dos Jogos Olímpicos em uma eficaz e compe>>

Fanny Lewald foi morar em Berlim, onde manteve um salão literário que recebia habitualmente alguns dos principais escritores alemães da época, e visitantes estrangeiros importantes como Giuseppe Garibaldi, por exemplo


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HILDEBRAND GURLITT, AO CENTRO, EM UMA RECEPÇÃO COM DIGNITÁRIOS NAZISTAS

>> tente onda de protestos. Isso surpreendeu o chefe do Comitê Olímpico Americano, Avery Brundage, bastante simpático aos nazistas e pouco amigo dos judeus que se rendeu ao apelo irresistível dos ideais olímpicos de paz, jogo limpo, amizade entre as nações, e etc. O Völkische Beobachter deixou de atacá-lo e Lewald continuou trabalhando normalmente até o final dos Jogos. Depois disso, a situação de Lewald piorou. Ainda assim, mesmo durante os anos de guerra, ele conseguiu rações extras e ajudou uma namorada a escapar da deportação para Theresienstadt. Morreu em Berlim em 1947, aos 87 anos. Destino incerto e não sabido Percorrida esta sinuosa, mas necessária, trilha, podemos voltar às 1.400 obras de arte recuperadas em Munique e reivindicadas por Cornelius Gurlitt como propriedade da família. Faltando ainda um inventário mais completo, é correto supor que algumas dessas obras parecem constar da famosa mostra nazista “Arte Degenerada”, de 1937. Aliás, todo o conceito de “arte degenerada” era confuso e controverso, pois entre as obras da exposição de 1937 estavam as de duas das mais proeminentes figuras do expressionismo alemão, August Macke e Franz Marc. Nenhum era judeu e os dois foram considerados heróis, mortos em combate na Primeira Guerra Mundial. Outro expressionista foi Emil Nolde, alemão nacionalista e nazista de primeira hora, cujo trabalho foi financiado por Goebbels. Mas Hitler o rejeitou porque abominava todas as formas do modernismo na arte. Após a guerra, Nolde recebeu a Grande Ordem do Mérito do governo da Alemanha Ocidental. Há dois anos, a galeria Sotheby’s vendeu a sua tela “Jardim de Flores” por US$ 3,2 milhões. Quanto aos pintores de fato judeus, o mais conhecido e importante da época era Liebermann, que também nunca deveria ter sido incluído na exposição, pois nunca fez pinturas abstratas. Além de obras de arte alemãs, de judeus e outras, a coleção Gurlitt também possui peças modernistas de eminentes artistas não alemães como Picasso e Chagall, provavelmente comprados por colecionadores alemães antes de 1933 ou apreen-

didas na França ocupada, e itens respeitáveis de artistas mais antigos, como Canaletto e Rodin. É provável que cerca de seiscentas pinturas da coleção Gurlitt poderão ser vistas na internet. Qual será o destino desses quadros? Mesmo que os donos originais, ou seus herdeiros, ou representantes sejam localizados, possivelmente poucos poderão provar a posse legal deles. Neste caso, Cornelius Gurlitt poderá ficar com alguns dos seus tesouros. E quanto valem? O preço mais alto já pago em leilão por um único trabalho – US$ 268 milhões –, saiu do governo do Qatar, em 2011, pela tela “Jogadores de Carta”, de Cézanne. É improvável que qualquer quadro da coleção Gurlitt chegue a preço semelhante, mas sempre há surpresas. De fato, a última surpresa pode pertencer postumamente a Fanny Lewald, que passou os últimos anos de vida em um hotel em Dresden, que, desde 1993, a homenageia com o nome de uma rua, a Fanny Lewaldstrasse, em substituição a Friedrich Auguststrasse, em honra ao último imperador da Saxônia. Durante o regime comunista, a mesma rua chamavase Wilhelm Pieckstrasse, homenagem ao presidente da antiga Alemanha Oriental. Mas se as coisas eram diferentes quando Fanny morreu, em 1889, agora são mais ainda. Mesmo em seus sonhos mais loucos ela nunca poderia imaginar que um dia as mulheres em seu país não só teriam direitos iguais, mas que uma delas seria primeiro-ministro. Talvez o mais surpreendente para Fanny fosse o dia em que a avó judia no passado da família não seria mais um estorvo vergonhoso, mas uma circunstância atenuante. Talvez uma desculpa. Certamente uma vantagem. * Walter Laqueur escreveu entre outros livros, Weimar, a History of Terrorism (“Weimar, uma História do Terrorismo”), Fascism: Past, Present and Future (“Fascismo: Passado, Presente, Futuro”), e outros. Seu livro mais recente, Optimism in Politics and Other Essays (“Otimismo em Política e Outros Ensaios”), foi lançado em janeiro último

O judeu que caçava obras-primas Por Anna Goldenberg

DURANTE A MAIOR PARTE DA VIDA ADULTA, HARRY ETTLINGER, 88 ANOS, TRABALHOU COMO ENGENHEIRO MECÂNICO, MAS SE

NOTABILIZOU REPATRIANDO OBRAS DE ARTE QUANDO SOLDADO DO EXÉRCITO AMERICANO NA SEGUNDA GUERRA

H

arry Ettlinger foi um dos 350 homens, os “caçadores de obras-primas” que, durante um ano e meio, participaram do Programa de Monumentos, Belas Artes e Arquivos (Monuments, Fine Arts, and Archives Program – Mfaa). A tarefa deles era salvar os tesouros culturais das linhas de frente e devolver obras de arte roubadas a seus legítimos donos. Uma das principais tarefas de Ettlinger para o Mfaa era traduzir e resumir documentos alemães. Harry nasceu Heinz Ludwig Chaim Ettlinger, em 1926, em Karlsruhe, e escapou da Alemanha com pais e dois irmãos em setembro de 1938, deixando para trás uma próspera loja de roupa feminina. Era de uma família rica e influente, mas nos EUA viviam com pouco – o que obrigou Ettlinger a ganhar trocados depois da escola como garoto de recados do açougueiro e entregador de jornais. Ettlinger foi convocado pelo exército dos Estados Unidos em agosto de 1944 depois de concluir o colegial. Aquartelado na França, em janeiro de 1945 foi removido da infantaria e transferido para ser um dos tradutores nos iminentes julgamentos de Nuremberg. Ao saber do trabalho do Mfaa, ofereceu-se como tradutor, enquanto os julgamentos não começavam. “O que fizemos foi algo que todos os americanos deveriam se orgulhar”, diz Ettlinger, único remanescente dos “caçadores de obras-primas” em condições de aparecer em público. Ettlinger traduzia a papelada e acompanhava os superiores aos esconderijos onde os nazistas armazenaram obras de arte roubadas, como o castelo Neuschwanstein, perto de Munique, usado para guardar os tesouros de arte da família Rothschild, e a mina de sal em Heilbronn, de onde resgataram os vitrais da catedral de Estrasburgo. O Mfaa fechou em 1951 e alguns poucos pesquisadores se interessaram por sua atuação, até o empresário do petróleo do Texas aposentado, Robert Edsel, conhecer a história quando vivia em Florença. Começou a pesquisar a arte perdida durante a Segunda Guerra e em 2007 criou a Monuments Men Foundation, que depois ganhou a Medalha Nacional de Humanidades. Em 2009, Edsel publicou o livro Os Caçadores de ObrasPrimas, na qual o filme homônimo, em cartaz em São Paulo, se baseia parcialmente. Wesley Fisher, diretor de pesquisa da Claims Conference, organiza-

ção que representa os interesses da comunidade judaica mundial na negociação para restituir as obras de arte aos seus legítimos donos, espera que o filme chame mais atenção para a questão das obras de arte perdidas e roubadas, porque “eles podem ter sido heróis, mas cometeram erros”. Um dos erros foi devolver as obras a negociantes de arte que tinham ligações com nazistas como Hildebrand Gurlitt, que alegava pertencerem a ele muitas pinturas de fato roubadas pelos nazistas. E o caso de Ante Topic Mimara, da antiga Iugoslávia, que conservou durante muito tempo obras de arte saqueadas dos judeus. “Estes caçadores de obras-primas trabalhavam sob as condições políticas específicas do seu tempo”, diz Fisher, o que significava não poder repatriar todas as obras de arte saqueadas, mas apenas aquelas localizadas em território ocupado pelos norte-americanos. Como o grupo de “caçadores” era pequeno e pouco tempo para as operações, obras de arte foram devolvidas aos governos dos países ocupados pelos nazistas de onde foram tiradas anteriormente, e não aos proprietários particulares. Assim, até hoje, Áustria e a França, entre outros países não devolveram todas as obras de arte aos donos originais e herdeiros. Mas Ettlinger conseguiu recuperar a coleção de gravuras do avô, Otto Oppenheimer, guardadas em um armazém em Baden-Baden, onde morara pouco antes de fugir da Alemanha. Ettlinger deu baixa do exército em julho de 1946, três meses antes do final do julgamento de Nuremberg, retornou a Nova Jersey e em 2002 escreveu a autobiografia Ein Amerikaner (“Um Americano”), onde se lê: “Percebi que D’us poupara minha vida duas vezes na adolescência: a fuga da Alemanha e da provável morte em mãos de pessoas más e a mudança no exército dos EUA, que se me impediu de combater, fez de mim um caçador de obras-primas”. * Anna Goldenberg escreve sobre arte e cultura da Forward e é colaboradora do semanário alemão Die Zeit, entre outras publicações


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A mais idosa sobrevivente do Holocausto COM 110 ANOS, ALICE HERZ-SOMMER É A MAIS IDOSA SOBREVIVENTE DO HOLOCAUSTO E TEMA DO DOCUMENTÁRIO THE LADY IN NUMBER 6: MUSIC SAVED MY LIFE (“A DAMA DO NÚMERO 6: A MÚSICA SALVOU MINHA VIDA”), INDICADO AO OSCAR 2014

C

ada vez mais raros, os sobreviventes do Holocausto tornam-se figuras ainda mais preciosas pela importância do seu testemunho para as novas gerações. Alice Herz-Sommer, tema de um curta de 38 minutos indicado ao Oscar 2014, é um exemplo do proverbial otimismo judaico frente às mais terríveis adversidades. Nascida no seio da burguesia judaica de Praga do império dos Habsburgos em 1903, Alice recebeu educação esmerada e foi preparada para seguir a carreira de pianista. Os pais, cultos e ricos, recebiam as visitas regulares do “Tio Franz”, mais tarde conhecido como Kafka – o escritor que revolucionaria a literatura mundial –, e do compositor Gustav Mahler. Com a chegada das tropas nazistas na Tchecoslováquia em março de 1939, Alice teve a carreira interrompida. Quando foi enviada com o marido, a mãe e o filho Raphael, de 6 anos, para o “campomodelo” de Theresienstadt, em 1943, exclamou com o irremediável otimismo que a acompanharia por toda a vida: “Se eles mantêm uma orquestra lá, que mal pode haver?” No entanto, mortos o marido e a mãe, ela logo descobriria todo o mal que Theresiensta-

ALICE SOMMERHERZ É A PERSONIFICAÇÃO DA VITALIDADE E DO AMOR À MÚSICA

dt representava para os judeus e a real extensão do Holocausto – até então desconhecida para a maioria dos europeus. Mas Alice não se deixou abalar. Usou seus talentos musicais para tornar-se integrante da orquestra do campo, onde atuavam grupos de teatro e times de futebol de que os nazistas se aproveitavam para passar um clima de “normalidade” ao resto da Europa. Alice resolveu, então, concentrar todos os esforços na preservação da integridade física e mental do pequeno Rafi. Segundo o diretor do documentário, Malcom Clarke, o depoimento de Alice se parece, neste sentido, muito com a história contada pelo diretor e ator italiano Roberto Benigni, em A Vida É Bela (1998), filme criticado por uns e elogiado por outros por trazer uma visão otimista e edulcorada do Holocausto. Acabou arrebatando os Oscar’s de melhor filme estrangeiro, melhor ator (Benigni) e melhor trilha original. Alice e Rafi sobreviveram à terrível experiência de Theresienstadt, e em 1949 se mudaram para Israel, onde ela tornou-se professora na Academia de Música de Jerusalém enquanto Rafi abraçava a carreira de violoncelista. Em 1986, atendendo ao pedido do filho, mudou-se com ele para Londres, onde se instalou num apartamento de número 6, ao norte de Londres – de onde foi tirado o título do documentário. Se os 38 minutos do filme parecerem irrisórios diante de uma vida tão longa e carregada de significado, os mais curiosos poderão conhecer melhor a história de Alice na biografia A Century of Wisdom: Lessons from the Life of Alice HerzSommer, the World’s Oldest Living Holocaust Survivor (“Um Século de Sabedoria: Lições da Vida de Alice Herz-Sommer, a mais Idosa Sobrevivente do Holocausto no Mundo”), de Caroline Stoessinger, com prefácio de Vaclav Havel, livro que inspirou o documentário.


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por Bernardo Lerer Os Últimos Chefões Alessandra Dino | Editora Unesp | 300 pp. | R$ 48,00

Operação Banqueiro Rubens Valente | Geração Editorial | 462 pp. | R$ 44,90

Este volume dez da coleção “História Agora”, da Geração Editorial, conta uma trama brasileira sobre poder, chantagem, crime e corrupção, e tem como principal personagem Daniel Dantas, que escapou da prisão com apoio do Supremo Tribunal Federal, e conseguiu virar o jogo, passando de acusado a acusador com a ajuda e a boa vontade dos meios de comunicação e de alguns jornalistas que têm lá suas preferências ideológicas quando se trata de corrupção e fizeram de tudo para desacreditar as operações Chacal e Satiagraha, da Polícia Federal.

A autora é siciliana e leciona na Universidade de Palermo e tem, portanto, as credenciais para tratar do perfil e do estilo de comando os três líderes mais recentes da Cosa Nostra, revelando que, ao contrário do senso comum, a organização mafiosa italiana, fundada no século 19, continua cada vez mais ativa e internacionalizada e, por isso, o Brasil é um dos seus alvos e destinos. Segundo Alessandra, a resistência da Máfia italiana está na capacidade de os seus líderes se adaptarem a novas situações, como, por exemplo, continuar cruel nos seus atos mas dialogar com as várias correntes da bandidagem e da política, onde quer que estejam.

O Príncipe da Privataria Palmério Dória | Geração Editorial | 400 pp. | R$ 27,90

O jornalista Elio Gaspari inventou o neologismo “Privataria”, isto é, “pirataria” mais “privatização”, título que o autor reserva para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem acusa de ter vendido empresas estatais na bacia das almas. O livro conta também como deputados federais venderam seus votos para aprovar a emenda de reeleição do próprio FHC já no segundo ano do primeiro mandato. Nos últimos tempos surgiram livros contra o PT ou o PSDB. O livro Assassinato de Reputações, do ex-delegado Romeu Tuma Junior, foi capa da Veja e matérias nos jornais porque acusa Lula de ter sido informante da ditadura.

As Palavras

O Drible

Clarice Lispector | Rocco | 312 pp. | R$ 39,50

Sérgio Rodrigues | Companhia das Letras | 218 pp. | R$ 38,90

O livro reúne fragmentos da obra de Clarice com o objetivo de revelar a genialidade do texto, de inserir o leitor em seu universo poético e, desta forma, revelar o amor da escritora pela vida, pela busca incessante de expressar, por palavras, aquilo que pensamos ser indizível, a saber, os sentimentos e o mundo interior. A seleção de texto inclui trechos de romances, crônicas, contos, além de cartas e a simples anotações pessoais que o curador Roberto Correa dos Santos conseguiu reunir, desde fragmentos do romance de estreia, aos 19 anos, até Um Sopro de Vida, póstumo, em 1978.

Se o futebol é o esporte preferido pelas multidões, há poucas obras de ficção em que é tema. Os críticos acreditam que este romance é o pontapé inicial na partida entre a produção literária e o leitor brasileiro. O narrador é um antigo cronista esportivo de 80 anos e desenganado pelos médicos, que conta histórias do futebol ao filho, com quem brigou há quase trinta anos. O fio condutor das narrativas é Peralvo, um extraordinário jogador dos anos 1960, dotado de poderes sobrenaturais e que teria sido maior que Pelé se não tivesse morrido tragicamente. Vale a pena.

Jangadeiros

Holocausto Brasileiro

Berenice Abreu | Civilização Brasileira | 320 pp. | R$ 42,00

Daniela Arbex | Geração Editorial | 255 pp. | R$ 31,90

A autora reconta esse evento pouco – ou nada – conhecido da história do Brasil. Em 1941, um grupo de jangadeiros arriscou-se por mar, do Ceará ao Rio de Janeiro para, em audiência com Getúlio Vargas, reivindicar direitos trabalhistas. Pescadores e jangada desfilaram em carro aberto pelas ruas do então Distrito Federal, deram entrevistas, viraram heróis, Orson Welles fez documentário e, enfim, um decreto presidencial incorporou os pescadores em jangada ao agora extinto Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos (Iapm), garantindo benefícios sociais para a categoria.

Durante décadas milhares de pacientes foram internados à força, sem diagnóstico de doença mental num gigantesco hospício, em Barbacena, Minas Gerais. Para lá eram enviados epiléticos, homossexuais, alcoólatras, prostitutas, mulheres confinadas pelos maridos, meninas engravidadas pelos patrões, moças desvirginadas antes do casamento, enfim todas as pessoas de quem outros queriam se livrar, confiando ao Estado a tarefa. Assim, foram eliminados cerca de sessenta mil brasileiros. O manicômio, como tal, foi desativado em 2004 e agora é um hospital psiquiátrico. Uma obra-prima contada por uma brilhante jornalista.

A Eclosão Do Twitter

Morto ou Vivo Tom Clancy | Editora Record | 629 pp. | R$ 60,00

O autor é repórter e colunista do New York Times e mantém o popular Bits Blog. Essa condição privilegiada lhe deu meios para contar a verdadeira história do surgimento do Twitter, uma aventura de dinheiro, amizades, traições e luta obsessiva pelo poder que, em 2013, era um negócio de US$ 11,5 bilhões, cerca de trezentos milhões de usuários ativos em todo mundo e fundamental para combater a opressão política no Oriente Médio, meio de negócios e modo de presidentes e o papa mandarem recados.

Quando presidente dos Estados Unidos, Jack Ryan, o personagem de Clancy, criou uma pequena agência ultrassecreta, o Campus. A missão dos poucos integrantes do Campus será frustrar um ataque planejado por um certo Comitê Revolucionário Omíada contra o coração dos Estados Unidos e a respeito do qual não se tem nenhuma informação. Dessa nova agência cuida o filho do ex-presidente Jack Ryan Jr. que convocou velhos companheiros de outras agências para a tarefa de eliminar o emir, o chefão daquele Comitê. O resultado da missão está no final, mas leiam tudo para ver como Clancy, morto no final do ano passado, conduz a história.

Atlântico – A História de um Oceano

Contos da Nova Cartilha

Civilização Brasileira | 546 pp. | R$ 65,00

Liev Tolstoi | Ateliê Editorial | 140 pp. | R$ 43,00

Três historiadores organizaram trabalhos realizados por estudiosos brasileiros a respeito do oceano de mais de 107 milhões de quilômetros quadrados e a importância que tem no surgimento de uma consciência nacional de urgência na defesa desse patrimônio oceânico. Os organizadores entendem que os debates a respeito de defesa dos interesses nacionais, no seu sentido mais amplo, tiveram uma mudança vital perdendo seu sentido diletante para assumir o papel de tarefas políticas inadiáveis. É leitura importante para, por exemplo, conhecer melhor a importância e o significado das descobertas do petróleo do pré-sal.

Este é o segundo Livro de Leitura, uma coletânea de contos, lendas, histórias verdadeiras, fábulas e raciocínios que Liév Nikoláievitch Tolstói (1828-1910) reuniu no período em que lecionava numa escola para filhos de camponeses mantida por ele, a mulher e os filhos, na localidade de Iásnaia Poliana, próxima de Moscou. Essas cartilhas e livros de leitura atravessaram o século passado e ainda hoje são adotadas nas escolas russas. Tolstói dizia que a tarefa principal do pedagogo “é conduzir a mente dos alunos através daqueles detalhes que tornam mais fácil a assimilação do saber”.

Nick Bilton | Penguin | 310 pp. | R$ 44,90


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M HEBRAICA

músicas magazine

HEBRAICA

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por Bernardo Lerer

Earth, Wind and Fire Columbia | R$ 74,90

Formado em 1971, o Earth, Wind and Fire é considerado um dos mais importantes do século 20 e incensado por outros grupos como os Rolling Stones que os qualificaram como “inovadores que mudaram o som do black pop com uma música sensual e interpretação que galvaniza o público”. Conquistaram vinte Grammy’s e continuam gravando até agora, embora os cd’s deste álbum sejam gravações remasterizadas com nova tecnologia.

Maria Callas Ermitage | R$ 29,90

Callas nasceu em Nova York (1923), mas recebeu educação musical na Grécia, de onde foi para a Itália durante a guerra, padecendo da miséria que o conflito provocou. Teve uma carreira marcada por escândalos amorosos e pelo grande sucesso que alcançou cantando obras de Bellini, Verdi, Donizetti, Mozart e, antes de morrer, em 1977, interpretou e gravou obras de Wagner. Por tudo isso, era chamada de La Divina.

Verdi Anna Netrebko | Deutsche Grammophon | R$ 37,90

Conta-se que esta fantástica cantora russa, descoberta pelo diretor do Teatro Bolshoi, onde trabalhava como faxineira, não tem mais tempo para atender convites para gravações e apresentações. É a prima donna assoluta, segundo o New York Post e a revista Gramophone registrou: “Lembram dos tempos em que as multidões ficavam literalmente malucas com o som de uma voz? Esta é a voz de Netrebko”.

The Artistry of the Modern Jazz Quartet

Mozart

Prestige | R$ 54,90

Rollando Villazón | Deutsche Grammophon | R$ 39,90

Liderados por John Lewis ao piano e Milt Jackson ao vibrafone, este conjunto constituído em 1952 se transformou numa das mais importantes e proeminentes bandas, que fazia do jazz um som elegante que oscilava entre o bebop e a música clássica que se valia de contrapontos e um toque de blues. O fato é que toda boa discoteca particular que se prezava nas décadas de 1960 e 1970 ostentava elepês deste conjunto. É muito bonito.

Ao gravar algumas das mais importantes árias de Mozart, este tenor mexicano realiza uma espécie de sonho, pois sempre confessa que a música do gênio de Salzburg lhe “toca diretamente na alma”. Aqui, ele as executa acompanhado pela Sinfônica de Londres regida por Antonio Pappano. Ele foi descoberto em 1999 cantando no banheiro por um vizinho que o indicou ao barítono Arturo Nieto.

Miles Davis

Favourite Piano Transcriptions

Warnermusic | R$ 74,90

Wilhelm Kempf | Deutsche Grammophon | R$ 74,90

Da mesma forma, o trumpetista Miles Davis (1926-1991) cuja morte prematura, aos 65 anos, deixou um grande vazio. O fato é que Miles revolucionou o trumpete no jazz dando-lhe um colorido quase clássico e a possibilidade de interagir com outros instrumentos inusitados como, por exemplo, a cítara de Ravi Shankar, recentemente falecido. São cinco cd’s que revelam a maestria desse fantástico instrumentista.

O pianista e maestro Kempff (1895-1991) tinha uma estreita ligação com o Japão a ponto de ter se apresentado dezenas de vezes naquele país. Ele interpretou Bach, Mozart, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms, mas especializou-se em Beethoven e Schubert, cujas sonatas gravou. Ele só reduziu o ritmo de trabalho aos 89 anos, dois antes de morrer, abalado com a morte da mulher com quem estava casado desde 1926.

Jazz and Beatles

Music for Wind Band

Muscibrokers | R$ 34,90

John Philip Sousa | Naxos | R$ 29,90

Estes arranjos para jazz de músicas dos Beatles foram feitos e gravados na mesma década de 1960 quando a capacidade criativa do quarteto de Liverpool estava no auge. Isso explica as faixas Sgt. Peppers Lonely Hearts Club, She Loves You, Penny Lane, Ticket to Ride, I Want to Hold your Hand e outras, todas cantadas e executadas em formação jazzística: piano, bateria, contrabaixo, sax tenor e soprano, etc.

Sousa (1854-1932) é autor de centenas de marchas militares e passou a ser conhecido como O Rei Americano da Marcha. Escreveu Star and Stripes Forever, que virou a marcha nacional dos Estados Unidos e outras que se tornaram hits em qualquer orquestra e banda militar pelo mundo. Apenas para lembrar, os Estados Unidos têm 4.500 bandas sinfônicas, formadas principalmente em escolas, além das bandas militares.

Russian Easter

The Wigmore Hall Recital

St. Petersburg Chamber Choir | Phillips | R$ 79,90

Antonio Menezes e Maria João Pires | Deutsche Grammophon | R$ 79,90

O disco reúne canções tradicionais russas entoadas durante o Festival de Páscoa celebrado nas igrejas ortodoxas e a que se seguem todas as outras festas, ao longo dos doze meses, sempre aos domingos. O coro é especializado nesse tipo de canção, algumas delas anônimas, outras de compositores com formação acadêmica, mas todas elas de exaltação e das quais os presentes participam cantando junto.

Os jornais londrinos fora unânimes em registrar que a apresentação da pianista portuguesa Maria João Pires e do violoncelista brasileiro Antonio Menezes estava “próxima da perfeição”. O repertório do espetáculo foi o que há de melhor em música de câmara como o Arpeggione, de Schubert; A Canção Sem Palavras, de Mendelssohn; a Sonata para Cello, de Brahms, e a áriada Pastoral de Bach. Uma obra-prima.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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HEBRAICA

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magazine > ensaio | por Daniel Golovaty *

Boicotar Israel em nome da paz? QUE AVANÇO PODE RESULTAR DE UM BOICOTE INDISCRIMINADO A ISRAEL, QUE ATUE NO SENTIDO DE, NO LIMITE, CRIMINALIZAR SEUS CIDADÃOS E INSTITUIÇÕES? APENAS MAIS ÓDIO, MAIS MEDO, MAIS ISOLAMENTO E MAIS CONFUSÃO ENTRE O JUSTO E O INJUSTO, O LEGÍTIMO E O ILEGÍTIMO

D

esde a última década, ganham corpo propostas políticas pregando o boicote a Israel. Grande parte dos que o apoiam quer um boicote econômico, diplomático, político, mas também cultural, incluindo boicotar acadêmicos, artistas e intelectuais israelenses. Isto é, boicote total, supostamente para acabar com a ocupação e libertar a Palestina. O objetivo, aparentemente irretocável, é, no entanto, para um olhar mais atento, ambíguo, porque, ao contrário das clássicas lutas anticoloniais, o confl ito israelense-palestino não se reduz ao simples dualismo de opressor e oprimido, colonialista ocupante e ocupado colonizado. Libertar a Palestina, sim. Mas qual Palestina? Se a Palestina correspondente ao território do antigo mandato britânico, essa “libertação”, como sabemos, só poderia ocorrer liquidando Israel. Infelizmente, esta simples questão está longe de ser descartada como meramente retórica. Pois, além dos fundamentalistas islâmicos que se recusam a reconhecer aos judeus-israelenses o direito a autodeterminação, também existe o rejeicionismo anti-israelense de parte substancial da opinião pública árabe e islâmica para quem Israel é menos o produto das aspirações de liberdade, segurança e autodeterminação de grande parte do povo judeu e mais o resultado de algo como um complô imperialista para submeter os povos do Oriente Médio. De acordo com esta narrativa, Israel não seria um país que possui um povo com história, diversidade, traumas nacionais, aspirações legítimas e instituições meritórias, mas algo assemelhado a um acampamento militar imperialista, a mais pérfida encarnação do dinheiro e poder ocidentais. Tal narrativa, semelhante à velha demonologia antissemita europeia, é ainda encampada, com pequenas adaptações formais, por grande parte da extrema-direita e da extrema-esquerda ocidentais. Setores expressivos desta última, desde, ao menos, a Guerra dos Seis Dias, passaram a ver no sionsimo a mesma essência maligna que outrora se imputava aos judeus, associando-o umbilicalmente ao grande capital e a um espúrio projeto de dominação mundial. É fundamental que todos os judeus identificados com a democracia, os direitos humanos e a autodeterminação dos povos como valores civilizatórios fundamentais reconheçamos a necessidade urgente de que se envidem os melhores esforços da sociedade civil internacional pelo fim da ocupação israelense dos territórios palestinos. Mas não basta combater a ocupação, pois não se trata apenas de libertar um país sobre cujas fronteiras haja consenso, mas de encerrar um conflito centenário entre dois movimentos nacio-

nais que têm lutado basicamente pelo mesmo território. Portanto, tal combate só se justifica na medida em que se liga ao reconhecimento da inegociável legitimdade de Israel e ao princípio de dois Estados para dois povos. Em oposição ao maniqueísmo desumanizador reinante, a necessidade de reconhecimento mútuo como base para a paz e reconciliação faz-se tanto mais pungente quanto percebemos que a situação de indeterminação sobre as fronteiras produz no conflito israelense-palestino uma peculiar indistinção objetiva, pela qual frequentemente ficam borradas as linhas divisórias entre lutas de defesa e libertação e lutas de conquista e opressão. Indistinção que esvazia as palavras e envenena o diálogo, produzindo, portanto, barbárie em seu sentido primeiro, aquele da impossibilidade da comunicação. Ora, neste contexto, que avanço pode resultar de um boicote indiscriminado à Israel, que atue no sentido de, no limite, criminalizar todos os seus cidadãos e todas as suas instituições? Apenas mais ódio, mais medo, mais isolamento e mais confusão entre o justo e o injusto, o legítimo e o ilegítimo, com o inevitável fortalecimento da narrativa demonizadora supracitada, bem como das reações defensivas judaicas, oportunamente manipuladas pelos setores políticos israelenses comprometidos com a impossível perenização do status quo. E não se diga tratar-se o boicote de ação não-violenta. Além da violência material nele necessariamente implicada, ele também pode envolver - e, no presente caso, este é o grande risco - violência simbólica, na medida em que signifique ao outro a negação de seu direito elementar à existência nacional. Daniel Golovaty Cursino historiador e psicanalista (e-mail: danielgolovaty@uol.com.br)


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di re to ria HEBRAICA

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84 HEBRAICA

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HEBRAICA

diretoria > memória

WILHEIM ACHAVA QUE A ARQUITETURA NÃO PODIA ESTAR DISSOCIADA DA ECONOMIA E DA POLÍTICA

Jorge Wilheim (1928-2014)

NOS LONGOS NECROLÓGIOS DO ARQUITETO JORGE WILHEIM, MORTO DIA 14 DE FEVEREIRO, AOS 85 ANOS EM CONSEQUÊNCIA DE FERIMENTOS DE UM ACIDENTE DE AUTOMÓVEL, OCORRIDO NO FINAL DE 2013, OS JORNAIS CITARAM COM DESTAQUE O “PROJETO DA SEDE SOCIAL DO CLUBE A HEBRAICA DE SÃO PAULO”

O

s necrológios também deram destaque a um dos edifícios do Hospital Israelita Albert Einstein, o planejamento de cidades, projetos de galerias comerciais, o Sesi da Vila Leopoldina, a reurbanização do Vale do Anhangabaú e do Páteo do Colégio, etc. Era casado com Joana Wilheim que foi uma das primeiras e mais importantes assistentes sociais atuando na comunidade. Deixa dois fi -

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diretoria

lhos e netos. Wilheim nasceu em 1928, em Trieste, cidade estratégica na fronteira da Itália com a antiga Iugoslávia e com uma expressiva comunidade judaica, e mudou-se com a família para o Brasil aos 12 anos, em 1940, quando o hálito do terror nazista já começava a ser sentido em todos os cantos da Europa, mas o fascismo de Mussolini ainda era benevolente com os judeus.

Ele se formou na universidade Mackenzie nos anos 1950 e o primeiro desafio foi projetar uma cidade para quinze mil habitantes no Mato Grosso. Mesmo com 73 anos de Brasil, ainda não se havia livrado de um leve sotaque italiano. Nenhuma palavra, no entanto, a respeito da intensa atuação política, do seu envolvimento na resistência à ditadura, a permanente preocupação social e o renovado interesse pela cultura. Isso explica, por exemplo, ter proposto aos dirigentes da Casa do Povo, no final dos anos 1950, construir um teatro no subsolo e que levou nome de Teatro de Arte Israelita Brasileiro, o Taib. No projeto da sede da Hebraica, a construção de dois teatros conhecidos como Arthur Rubinstein e Anne Frank. Ele entendia que a arquitetura existia em benefício do homem e que ela não podia estar dissociada das outras disciplinas que regem a vida do cidadão, a saber a política e a economia. Esta foi uma das razões porque sugeriu a criação do Seade, organismo ligado à secretaria de Planejamento do Estado, que trabalha com estatísticas de modo a orientar a atuação do Estado. Em 1994, a convite da Organização das Nações Unidas (ONU), mudou-se para Nairóbi, Quênia, para assumir o cargo de secretário-geral adjunto da Conferência Mundial Habitat 2, realizada em 1996, em Istambul, Turquia. Quando, em 1974, foi indicado para governador do Estado, antes de ser empossado Paulo Egydio Martins escolheu Jorge Wilheim para dirigir o núcleo que formularia o programa do seu futuro governo. Mas não o fez apenas pelos dotes de planejador do arquiteto: o então governador queria reunir em torno de si pessoas comprometidas com a luta contra a ditadura e contra o endurecimento do regime que, um ano depois mataria o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel Filho. Wilheim e outros ficaram detidos, ainda que por poucas horas, pela ala mais radical do regime que desta forma, passava o recado: “Não brinquem”. Jorge Wilheim não estava brincando. Ele queria mesmo o fim da ditadura. (B. L.)

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE

ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE

GABY MILEVSKY

ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS

MOISES SCHNAIDER BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO EUGÊNIA ZARENCZANSKI (Guita) ALAN BALABAN SASSON DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN SERGIO ROSENBERG

HANDEBOL ADJUNTO

JOSÉ EDUARDO GOBBI DANIEL NEWMAN

PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS

MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON CORRIDA

JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO

BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA

HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON

JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY

VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO

MENDEL L. SZLEJF

TIRO AO ALVO

MAURO RABINOVICH

COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES ADJUNTO

HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS AIRTON SISTER

GAMÃO

VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA

ISAAC KOHAN FABIO KARAVER

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURA JUDAICA ASSESSORES DA SINAGOGA

SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

XADREZ

HENRIQUE ERIC SALAMA

VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES

AVI GELBERG

ASSESSORES

CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO

GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO

ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO

AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS

ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS

ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

SAUNA

HUGO CUPERSCHMIDT

VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS

NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS

ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL

VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL

SIDNEY SCHAPIRO

CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA

SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER

VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE

MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS

SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT

TÊNIS DE MESA

GERSON CANER

SECRETÁRIO GERAL

ABRAHAM AVI MEIZLER

FITͲCENTER

MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ

SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS

CENTRO DE PREPARAÇÃO FÍSICA

ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ HARRY LEON SZTAJER

JUDÔ JIU JITSU

ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) FUTSAL

FABIO STEINECKE MAURÍCIO REICHMANN

GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN

AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER

GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL

SILVIO LEVI

JURÍDICO

ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA

ALEXANDRE FUCS BRUNO HELISZKOWSKI CARLOS SHEHTMAN LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL

LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO DIRETORES

ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC MARCOS RABINOVICH


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HEBRAICA

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Conheça o aplicativo para celular

Muita diversão neste verão

O Riso & Altro, restaurante especializado na culinária italiana, localizado em Pinheiros, anunciou as primeiras novidades para 2014. Entre elas, destaque para o novo site e um aplicativo para celulares, que apresenta as mesmas informações contidas no site (car-

Sol, natureza e muito charme. Assim é o verão no Orotour Garden Hotel – agora ainda mais completo. O Orotour possui uma área de 24 mil metros quadrados, rodeada de muito verde, numa das estâncias climáticas mais charmosas do Brasil. Tem piscina coberta e aqueci-

dápio, preços, blog e vídeos) e permite que os clientes façam reservas. O novo site do restaurante e o aplicativo foram desenvolvidos pela Agência Blitz. Rua Tavares Cabral, 130 | Fone 3815-5739 Site www.risoealtro.com.br

da, sauna, sala infantil, restaurante com churrasqueira, sala de ginástica e deck no jardim com vista para as araucárias. Rua Eng. Gustavo Kaiser, 165, Vila Natal Campos do Jordão | Tel (12) 3662-2833 Site www.orotour.com.br


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indicador profissional ADVOCACIA

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HEBRAICA

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indicador profissional PODOLOGIA

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HEBRAICA

indicador profissional PSICOLOGIA

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| AGO | 2013

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REPRODUÇÃO

UROLOGIA

TERAPIA

PSIQUIATRIA

TERAPIA COGNITIVA

QUIROPRAXIA

TRATAMENTO

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compras e serviรงos

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compras e serviรงos


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roteiro gastron么mico

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roteiro gastron么mico


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| MAR | 2014

conselho deliberativo

Foi dada a largada... Após quase dois meses da eleição, de inúmeras reuniões, contatos diários e constantes com ex-presidentes, Diretoria Executiva, diretores, conselheiros, sócios, tivemos a honra de presidir os trabalhos na primeira reunião do Conselho. Foi uma experiência muito gratificante ver a presença de mais de 150 conselheiros, o que corresponde a 75% do total, animados para começar os trabalhos. Notava-se e se ouvia a ansiedade e curiosidade da grande maioria, principalmente dos novos eleitos, de como iria se desenrolar essa primeira reunião. Como era noite de eleição para as comissões estatutárias, não tivemos tempo para expor com mais profundidade nossas ideias e planos para esta gestão e muito menos a Diretoria Executiva para expor o relatório, tema obrigatório e estatutário, que tinha preparado. Foi sentido por todos algumas mudanças na forma de condução dos trabalhos dando oportunidade para diversas manifestações sobre os assuntos em discussão antes e depois das eleições. Por falar nelas, gostaríamos de agradecer e enaltecer a participação, principalmente para as Comissões de Administração e Finanças e de Obras, de vários conselheiros se candidatando demonstrando o interesse em participar mais ativamente. Aproveitando esse ensejo, comunicamos a continuidade das comissões especiais de esporte e a de judaísmo agora com a denominação de “Judaísmo e Israel” e a criação, por solicitação de várias conselheiras, da comissão de juventude, a qual houve uma manifestação expressa de apoio e inclusive de metas e uma sugestão de plano de trabalho para a mesma anunciada pela conselheira Cynthia ZaclisRabinovitz que solicitou a formação com a participação de dez membros para discussão dos assuntos pertinentes à essa área tão importante Foi criada uma comissão transitória de reforma estatutária que terá a participação de membros do Conselho, assim como de indicados pelo executivo, assim como sugerimos, através da ideia do nosso assessor Júlio Mandel, a criação de um fórum permanente de discussão sobre o presente e futuro da nossa instituição e porque não dizer da nossa coletividade,e para tanto convidando o conselheiro Bruno Szlak que já está realizando um trabalho pensando na Hebraica 2030 e do presidente da Conib Cláudio Lottenberg pela sua grande vivência corporativa dentro e fora da nossa comunidade. Foi sugerida a criação de uma ouvidoria permanente, independente que atuará para filtrar e responder as reclamações, sugestões, dúvidas e/ou qualquer manifestação dos sócios em geral. Como podem ver, há muito o que fazer e prometemos muita dedicação, empenho, trabalho criativo e objetivo para alcançar as nossas metas ou melhor aquela pretendidas pela grande maioria Shalom

Mauro Zaitz

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2014 Local Teatro Anne Frank Horário 19h30 28/4/2014 11/8/2014 17/11/2014 8/12/2014

Mesa do Conselho Mauro Zaitz Presidente Fábio Ajbeszyc Vice-presidente Célia Burd Vice-presidente Fernando Rosenthal Secretário Eugen Atias 2o secretário Elisa R. Nigri Griner Julio K. Mandel Silvia L. S. Tabacow Hidal

COMISSÃO DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS REPRESENTANTE DA MESA DO CONSELHO – EUGEN ATIAS DANI AJBESZYC EDUARDO ALCALAY EDUARDO GRITZ FERNANDA BIRMAN STRUL HELENA ZUKERMAN ISY RAHMANI JEFFREY VINEYARD JOSE WOILER MONICA TABACNIK HUTZLER MOYSES DERVICHE COMISSÃO DE OBRA BORIS MOISES MIROCZNIK BRUNO JOSÉ SZLAK EDUARDO ROTENBERG FABIO MESTER MOYSES GROSS JOSÉ RICARDO BASICHES MAURÍCIO CALDERON NELSON ZLOTNIK PAULO BRONSTEIN VICTOR LINDENBOJM COMISSÃO JURÍDICA ALAN BOUSSO ANITA RAPOPORT CARLOS GLUCKSTERN DANIEL LEON BIALSKI EVA ZIMERMAN GLORINHA COHEN MAURÍCIO JOSEPH ABADI MOACYR LUIZ LARGMAN SAUL ANUSIEWICZ SYMCHA B. BERENHOLC



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