ALGARVE INFORMATIVO #55

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ensivelmente quatro meses depois, voltei a conversar com João Saraiva, não num contexto da normal ansiedade de quem estava prestes em embarcar numa grande aventura na Cordilheira dos Alpes, mas da satisfação de quem ultrapassou os limites e regressou a casa sem grandes percalços pelo caminho. “Percebi depressa que o «The Perfect Winter» ia render mais, a nível pessoal, mas também profissional, do que tinha antecipado. Estava à espera de conhecer pessoas e de ter uma visão diferente do que era a montanha, mas acabou por ter um impacto muito além disso, porque se alargaram horizontes e abriram-se portas”, começa por dizer o biólogo, radialista, DJ, surfista e instrutor de capoeira. Com a segurança sempre presente para evitar acidentes, João Saraiva nunca teve a tentação de ir além das suas possibilidades quando estava em cima de uma prancha de snowboard, ao mesmo tempo que ia aprendendo, no terreno, a ler a montanha, as condições da neve, do tempo, perceber quando ir e não ir para a pista. “Tive também a ajuda de muitos pessoas da zona que me deram a conhecer uma face da montanha que normalmente não está aberta ao turista ocasional. Em termos gerais, decorreu tudo mais ou menos como tinha planeado. A ideia era fazer a viagem diretamente para

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lá, em várias etapas, e no regresso passei pela Suíça e França”, conta. No local onde estava baseado, quase a mil metros de altitude, houve, sim, necessidade de algumas adaptações, por não existirem transportes diretos para as estâncias de ski, o que o obrigou a utilizar muito mais o carro do que projetado. “Tinha pensado fazer mil a dois mil quilómetros no Tirol, que é um bocadinho maior que o Alentejo, e acabei por fazer quase seis mil quilómetros. Ali há muitas montanhas e ir do ponto A para o B implica sempre grandes voltas, por mais perto que estejam em linha reta”, explica João Saraiva, o que justificou plenamente o investimento na aquisição de pneus especiais para a neve. Não houve grandes incidentes a registar, o que não significa que não tenham acontecido imprevistos que podiam ter tido consequências mais sérias, um deles na companhia de um snowboarder experiente e conhecedor das montanhas. “Andávamos a ver os websites de meteorologia e das condições de neve desde a noite anterior e às 7h da manhã ainda não tínhamos decidido para onde ir. O vento não correspondia às previsões, a neve não tinha caído com tanta intensidade como era suposto e, após algum debate no carro, optamos pela cordilheira Nordkette, a norte de Innsbruck, onde teríamos que utilizar os meios mecânicos e ALGARVE INFORMATIVO #55


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