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odontologia diz não ao eaD na graduação
CRO-MG
O CRO-MG assinou em abril, durante o Fórum Nacional Contra a Modalidade de Educação à Distância (EaD), Nota Pública contrária às Portarias nº668/22 e nº398/23 do Ministério da Educação (MEC). Para a entidade, o conteúdo dos dois atos normativos federais representam sérias ameaças ao ensino odontológico, com potencial de colocarem a saúde pública em risco. Este posicionamento está alinhado com as principais instituições representativas da Odontologia brasileira que também assinaram a Nota. A preocupação maior, segundo essas lideranças, é a Portaria nº668/22, que equipara as modalidades de ensino à distância para os cursos de Direito, Psicologia e Odontologia, apesar dos métodos de ensino distintos.
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O Fórum Nacional Contra a Modalidade de Educação à Distância (EaD) foi organizado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), em Brasília, e além do CRO-MG, reuniu as principais lideranças da Odontologia para discutir o tema. Para o Dr. Gustavo Temponi, Secretário Executivo e representante do CRO-MG no evento, a medida reflete a deterioração do ensino, a desvalorização do profissional, e compromete a saúde bucal dos pacientes. “Na graduação, temos uma carga significativa de aulas práticas. Precisamos desse contato direto com o paciente, equipamentos, professores, e da interação na discussão de casos clínicos. A profissão exige o desenvolvimento de habilidades manuais e destreza técnica para procedimentos como aplicação de anestesias cirúrgicas, entre outros, além de profundo conhecimento da anatomia orofacial. Isso não pode ser plenamente apreendido em um formato EaD", avalia.
De acordo com a Portaria 398/23, grande parte da carga horária do curso de Odontologia poderá ser cumprida remotamente. Os defensores da nova regra argumentam que o EaD aumentará a oferta de vagas, e, assim, com mais profissionais no mercado, haverá uma melhora no atendimento à população. “Um estudo da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (Abeno) aponta que, hoje, existem mais de 35 mil vagas ociosas no ensino superior. Portanto, essa narrativa não se sustenta. Não há escassez de vagas para quem deseja estudar Odontologia. Logo, não há necessidade de EaD", afirma o Dr. Gustavo Temponi.

Em março, o MEC decidiu substituir a Portaria nº668/22 pela nº398/23, mantendo a suspensão da medida até setembro e instituindo um Grupo de Trabalho para fundamentar a regulamentação dos cursos EaD em Odontologia e outras profissões. A decisão minis- terial provocou uma resposta imediata da Classe. Na avaliação do Dr. Gustavo Temponi, a realização do Fórum foi oportuna e necessária para a Odontologia se manifestar e defender sua posição. “Todos entenderam isso. Mas nosso posicionamento não significa resistência à tecnologia. Ao contrário, a digitalização das operações do CRO-MG é prova disso. Nossa administração sempre implementa novas tecnologias para oferecermos uma gestão responsável e eficaz ao CD. Porém, a digitalização do ensino da Odontologia não pode substituir a necessidade de práticas presenciais, tão essenciais à formação odontológica”, ressalta o Dr. Gustavo Temponi.
O principal documento gerado pelo Fórum foi a Nota Pública contrária às políticas educacionais que priorizam a oferta de cursos de graduação EaD. O documento, assinado por todos os participantes do evento, expressa a preocupação da comunidade odontológica com o futuro e qualidade da formação dos Cirurgiões-Dentistas. "O que queremos é algo bem simples: modificar a portaria e excluir a Odontologia do rol de cursos EaD", conclui.
