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A Pastoral Familiar e a Campanha da Fraternidade 2023
Neste dia 22 de fevereiro, com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja dá início ao tempo da Quaresma, que visa preparar o coração dos fiéis para a solenidade da Páscoa da Ressurreição. Um tempo forte de oração, de jejum e práticas de caridade fraterna. Durante este tempo também nos dedicamos a refletir algum dos temas mais preocupantes de nossa realidade brasileira, ao qual voltamos a atenção e nos debruçamos para encontrarmos soluções para o bem do povo. É a Campanha da Fraternidade.
Este ano a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Fome”, tema este que é fruto da participação do povo de Deus por meio de plataformas pela internet. Com a participação do povo, o lema escolhido para iluminar as reflexões em torno da realidade de muitas pessoas em nosso país que passam pelo flagelo da fome, é “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16).
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A reflexão deste tema visa “despertar a solidariedade nos fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução à luz do Evangelho. A CF vem para nos convidar a imitar a misericórdia do Pai repartindo o pão com os necessitados, fortificando nosso espírito fraterno. Este tema não é novo, tendo sido abordado pela primeira vez em 1975, com o tema ‘Fraternidade é repartir’ e o lema Repartir o pão’ e também na Campanha de 1985 com o lema “pão para quem tem fome” (Pe. Patriky, coordenador nacional da CF).
A Fome Nas Fam Lias
Como agentes de pastorais e movimentos, somos chamados a nos envolvermos de corpo e alma nas reflexões e atitudes concretas em relação a este tão angustiante problema que aflige grande parte da humanidade. Este deve ser, portanto, o propósito de todos os agentes da Pastoral Familiar. Como ressalta o texto proposto para nossa refle- xão “a fome é um fenômeno biológico que aciona uma sensação passageira de desconforto, um sinal breve do corpo, que indica a hora de comer”, realidade que afeta todo ser vivo, pois toda criatura tem necessidade de alimentar-se para desenvolver-se.
Como agentes da Pastoral Familiar, esta reflexão se torna muito mais eloquente, pois sabemos que, nos planos de Deus, a família deve ser o porto seguro onde todo ser humano encontra guarida e sustentação. Olhar para um incontável número de famílias que não tem o mínimo necessário para ter uma vida digna, por falta de alimentação e de outras necessidades básicas e não nos indignarmos e não assumir um compromisso de empenhar-se para que a realidade seja transformada, de tal forma que todas as famílias tenham o necessário para levarem uma vida digna e segundo o Plano de Deus, é deixar de lado nossa humanidade e também a essência do nosso ser cristão.
“Quando reflito sobre estas questões sempre me vem à mente o capítulo 6 do Evangelho de São João, onde Jesus nos mostra a sua pedagogia evangelizadora, ou seja, inicia sanando as necessidades básicas das pessoas, dando-lhes de comer, multiplicando os pães e curando suas enfermidades, para depois iniciar sua catequese sobre a Eucaristia e as consequências para os discípulos que quisessem participar de seu projeto de Vida”.
Esc Ndalo Da Fome
Para o Papa Francisco, ao falar do escândalo da fome, o atual sistema é assassino: “As crises sociais, políticas e econômicas fazem morrer de fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos humanos por causa da pobreza e da fome; reina um inaceitável silêncio internacional”(FT, nº 29). Esta fala de Papa Francisco nos faz refletir sobre o sentimento que apodera-se do coração de pais e mães de família que amanhecem o dia sem saber se poderão oferecer um mínimo necessário para amenizar a fome de seus filhos. Mas este olhar deve ser um olhar de compromisso, de envolvimento, de empatia, do ser com, para que nos comprometamos a atuar fortemente nas causas da pobreza e da fome, para que todas as famílias possam ter garantido o direito de oferecer o mínimo necessário para o bom desenvolvimento de seus filhos.

Esta já é a terceira vez que a fome é tratada pela Igreja no Brasil, na Campanha da Fraternidade. Este tema nasce sempre como resposta às reflexões realizadas pelos congressos Eucarísticos nacionais. Logo depois do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizou em Recife, de 11 a 15 de novembro de 2022, sob o tema “Pão em todas as mesas”, a Igreja no Brasil enfrenta pela terceira vez o flagelo da fome com o lema que é uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
Quando reflito sobre estas questões sempre me vem à mente o capítulo 6 do Evangelho de São João, onde Jesus nos mostra a sua pedagogia evangelizadora, ou seja, inicia sanando as necessidades básicas das pessoas, dando-lhes de comer, multiplicando os pães e curando suas enfermidades, para depois iniciar sua catequese sobre a Eucaristia e as consequências para os discípulos que
Milhares de pessoas vivem o flagelo da fome quisessem participar de seu projeto de Vida. Ler este capítulo do Evangelho de São João, à luz das reflexões propostas pela CF deste ano, me faz pensar, como já mencionei, sobre o que pensam um pai e uma mãe que, ao amanhecer do dia, não sabem o que poderão dar de comer a seus filhos. Certamente irão correr para encontrarem o pão que alimenta o corpo e só então, quem sabe, pensarão em outras necessidades. A pedagogia de Jesus, retratada em João 6 nos ensina que devemos nos empenhar para oferecer aos famintos o Pão de cada dia, para que estejam abertos e confortáveis para receberem os ensinamentos do Evangelho.
“É vocação, graça e missão da Igreja responder ao chamado e cumprir a ordem de Jesus, afirmamos no contexto do 3º Ano Vocacional que estamos vivendo desde novembro do ano passado. A fome é um instinto natural de sobrevivência presente em todos os seres vivos. Contudo, na sociedade humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, é a negação da própria existência” (Pe. Patriky).
Comungar do pão Eucarístico nos impulsiona ao compromisso de saciar a fome dos irmãos. Que tenhamos uma boa caminhada quaresmal e com a graça de Deus alcancemos o compromisso de viver a caridade na partilha do pão, para que todas as famílias tenham o pão de cada dia em suas mesas. Que a Sagrada Família de Nazaré seja modelo de amor e caridade para todas as nossas famílias.