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Planejar é preciso: metas para 2023

Entra e sai ano, mas algumas coisas precisam permanecer, dentre elas a importância de realizar o planejamento financeiro para iniciar o novo ano com tranquilidade. Por isso, o artigo inaugural da coluna “Educação Financeira para a Vida” em 2023 traz reflexões e dicas práticas para que você possa revisar ou começar a organizar o seu orçamento e o planejamento dos seus projetos e sonhos.

Inicialmente, gostaríamos de propor a você, nosso querido leitor, que pense sobre como você enxerga o papel do dinheiro em sua vida. Tal reflexão é fundamental antes da realização de qualquer planejamento, tendo em vista a necessidade dos recursos financeiros para a realização de grande parte dos nossos sonhos pessoais, familiares e comunitários. Reflita agora sobre um (ou alguns) dos projetos que você gostaria de realizar neste ano recém-iniciado. Na sequência questione-se: “O que está faltando para que eu consiga realizá-los”? Tenho certeza de que muitas (se não a maioria) das respostas foram: tempo e dinheiro, ou até mesmo as duas coisas. É certo que por muitas vezes a renda é o principal limitador para a organização das finanças, mas isso não deve ser uma desculpa para não realizar um planejamento.

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Seguindo tal reflexão, compreendemos que o dinheiro é assunto cotidiano, um instrumento que pode ser um facilitador, um meio para alcançar uma vida digna e para a transformação dos nossos sonhos em metas possíveis. Aqui entramos em outro ponto fundamental: a diferença entre sonhos e metas. Sonho é algo que está no “nosso coração”, no plano das ideais, algo que idealizamos. A partir do momento em que construímos um caminho para realizar o sonho, ele começa a se tornar uma meta, com prazos, estratégias e orçamento claros e definidos.

Quanto custa esse sonho? Quando pretende realizá-lo? Quais as primeiras atitudes que podemos realizar hoje em direção ao meu ou meus sonhos? Respondendo a essas perguntas você está construindo a sua meta. Seguindo esse caminho de preparação para a construção do seu planejamento financeiro de 2023, reflita se o alcance dessa meta realmente faz sentido para você, para o seu projeto de vida pessoal, familiar, comunitário e/ou empresarial.

Questionar-nos sobre o que queremos é fundamental porque é muito comum “confundirmos” o que realmente queremos, precisamos aprender a discernir melhor nossos desejos, sonhos, emoções, sentimentos, inspirações. Muitas vezes, depois de trilhar um longo caminho de nossas vidas, vamos nos dando conta que buscamos “sonhos” que não eram os nossos, mas influenciados por questões sociais, culturais, familiares, e muitos outros fatores. Incorporamos projetos de vida alheios à nossa vocação, à nossa personalidade.

Neste sentido, a Cultura do Descartável e a Globalização da Indiferença (termos ditos pelo Papa Francisco), sustentam uma economia da exclusão, do consumismo desenfreado e da perda de sentido humano, reduzindo as pessoas a meros consumidores. Isso, o neuromarketing não cessa de estudar para nos vender sempre mais e mais. Por isso, muitas vezes pela ausência de reflexão, nos deixamos levar (comportamento de manada). Então, questione-se sempre! Nesse ponto especificamente, a espiritualidade nos traz um ensinamento que pode ser aplicado: discernimento sempre! Como nos disse o próprio Papa Francisco em uma de suas homilias: “Somos o que desejamos, mas é preciso discernimento”. Entender o que realmente queremos e o que realmente contribui com a nossa vocação é fundamental”.

Saber o que buscamos é importante não só para o alcance das nossas metas, mas também para a celebração das conquistas. Um exercício proposto agora é olhar para o ano que se findou. Como foi o seu 2022? Santa Clara de Assis nos ensina que não devemos “perder de vista o nosso ponto de partida”, portanto é necessário olhar para o 2022, olhar para os avanços e conquistas mesmo que sejam coisas “pequenas” ou simbólicas. Para quem estava endividado, por exemplo, e iniciou no ano que se findou um processo de organização para sair desta situação, tem muito a celebrar. Todo ano que se encerra deve ser norteador do nosso caminho, do que fizemos e do que podemos melhorar e iniciar novos processos.

Metas Definidas

Passado este primeiro momento de reflexão vamos à parte prática: já tenho minhas metas em mão? É chegada a hora de encarar (ou começar) o seu orçamento! Se você ainda não começou a anotar todas as suas receitas e suas despesas é chegado o momento. Não importa a tecnologia utilizada, pode ser um caderno, planilha ou aplicativo o que importante é saber o destino do nosso dinheiro. Para quem já prática a construção do orçamento é hora de estar de olho na sua inflação pessoal

(ou familiar), ou seja, nas contas que apresentaram aumento já no início do ano. A partir daí, identifique o que é essencial, o que pode ser economizado ou cortado. Essa análise é fundamental em todo planejamento.

Em sequência é o momento de trabalhar com os seus sonhos transformando-os em metas possíveis de serem realizadas. É justamente nesse ponto que a maioria das pessoas costuma ter dificuldades, devido a fatores comportamentais. Uma dica importante aqui é refletir e dialogar em família. Escutar e permitir que todos participem do processo. Crie o hábito de conversar com os seus familiares sobre sonhos e finanças, iniciando a conversa em termos amigáveis, acolhendo e escutando a todos. Na construção e execução de um planejamento financeiro que tenha a vida no centro, o discernimento e o diálogo devem estar sempre presentes.

Após essa etapa, liste e organize as suas metas estabelecendo a quantida- de de dinheiro a ser poupada e prazo para cada um deles. E inicie. Poupe e tenha prazos determinados, mas tenha cuidado com as metas audaciosas. Olhe seu orçamento e a partir da sua realidade comece fazendo o que é possível. Então inclua essa poupança para as suas metas no seu orçamento. Aqui, não poderíamos deixar de lembrar de dois objetivos que devem ser comuns a todos: reserva de emergência e aposentadoria. Não deixe que suas outras metas as atrapalhem pois são estes dois os portos seguros da nossa vida financeira tanto no presente quanto no futuro.

“Questionar-nos sobre o que queremos é fundamental porque é muito comum ‘confundirmos’ o que realmente queremos, precisamos aprender a discernir melhor nossos desejos, sonhos, emoções, sentimentos, inspirações. Muitas vezes, depois de trilhar um longo caminho de nossas vidas, vamos nos dando conta que buscamos “sonhos” que não eram os nossos, mas influenciados por questões sociais, culturais, familiares, e muitos outros fatores. Incorporamos projetos de vida alheios à nossa vocação, à nossa personalidade”.

Por fim, seja maleável e leve consigo mesmo, mas sem deixar de levar o planejamento à sério. Planejar é importante, mas viver é essencial. Se você teve que mudar seu plano durante o trajeto não se culpe, isso é parte importante na trajetória da Educação Financeira. Lembre-se: todo planejamento e organização deve nos levar a ter uma relação mais saudável com as finanças e fazer com que o dinheiro esteja a serviço da nossa vida, família e comunidades. Lembrem-se sempre “Educação Financeira é Educação para a Vida!”

Ana Carolina Alves e Augusto Martins Equipe Educação Financeira para a Vida

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