2 minute read

COMPAIXÃO COM QUEM PASSAFOME: UMIMPERATIVOCRISTÃOPARATOCARA REALIDADE

Muito se tem estudado que a organização econômica pessoal é crucial para garantir um futuro de prosperidade. Se colocam todas as fichas no componente material para determinar uma certa estabilidade a longo prazo. Mas o futuro é feito de planos e nem sempre eles dão certo. Assim como modelos econômicos que privilegiam a produção que, no entanto, geram acúmulo e retenção, e ainda assim não são capazes de alimentar o povo. Onde está o erro nesta fórmula que o resultado se traduz na geração de mais e mais famintos?

É muito forte o apelo da Campanha da Fraternidade deste ano que coloca a fome sobre a mesa. No tempo quaresmal, esse apelo é ainda mais acentuado. Afinal, com seu cunho catequético, é possível pedagogicamente inserir a partilha em meio à fartura de uma mesa na própria casa. Basta lembrar daquela sobra de leite na caneca que resultou do exagero, da casca do pão não ingerido porque assou um pouco além do desejado, ou da xícara de arroz a mais que foi rejeitada na refeição. Basta lembrar neste momento daquelas pessoas que passam fome. Mas não só lembrar delas, e sim agir em favor delas.

Advertisement

Sim, o alimento é sagrado, assim como a hora da refeição é para ser uma experiência de vida, entre os membros da família e entre irmãos na fé que se reúnem para celebrar. Esse é um exercício importante de fé e vida. Cabe ainda neste momento da refeição uma atenção para aquele alimento que poderia ter sido partilhado com quem bate à porta de casa ou toca o interfone do apartamento pedindo comida, não a sobra, mas o fruto da partilha.

Embora presente nos quatro evangelhos, a inspiração desta Campanha da Fraternidade vem do contido em Mateus: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Este Evangelho foi escolhido por trazer uma abordagem de expansão da mensagem cristã, especialmente no desenvolvimento de um conjunto de costumes e valores relacionados à misericórdia e à solidariedade pelas necessidades do outro, especialmente dos pobres.

É esse o contexto em que a Palavra de Deus ilumina uma proposta de mudança de comportamento, livre de preconceitos em relação ao outro que passa fome.

Neste episódio descrito em Mateus, fica muito clara a urgência do alimento para o ser humano. Pode-se imaginar que naquele momento Jesus estava abalado pelas notícias da morte de João Batista e das perseguições por preparar a Boa-Nova ao povo. Porém, diante da informação vinda dos discípulos de que uma multidão o aguardava com fome, Ele não pensou duas vezes e deixou tudo de lado para acolher aqueles que sofriam. Perceba que Ele também estava angustiado, mas colocou-se no lugar daqueles que mais precisavam. Quem hoje faria o mesmo? Quem hoje teria compaixão para largar apenas um compromisso de agenda para saciar a fome de alguém? “Antes de curar o próprio coração, Ele se dedica a curar os sofrimentos dos outros – eis o exemplo da verdadeira compaixão” (Manual da CF 2023, nº 128).

Na Sagrada Escritura, outros momentos contribuem nessa proposta de reflexão e que levam a pensar não apenas na fome pela falta de alimento propriamente dito, mas acrescentam aspectos ligados ao compromisso do ser humano prover o alimento para si e para outros que talvez com as próprias forças já não consigam mais. A Eucaristia é o elemento-chave nessa reflexão. São Paulo, escrevendo aos coríntios, manifesta preocupação com os irmãos que insistem em celebrar a Eucaristia sem se comprometer com as necessidades práticas e objetivas de cada membro da comunidade, salien-

This article is from: