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Dois anos depois o desfile infantil regressou com êxito à avenida Foi um bom retorno ao desfile na rua. Temos 1800 crianças “Foi a desfilar na avenida, mostrando que as escolas não perderam a ligação ao cortejo cortejo”. Palavras do vereador Tinta Ferreira na passada sexta-feira, 17 de Fevereiro, visivelmente satisfeito com a vinda de várias escolas, IPSS’s e infantários que dois anos depois voltam a desfilar e a trazer cor e alegria na abertura do Carnaval das Caldas, na Avenida 1º de Maio. Em 2010 o mau tempo não deixou o desfile sair (as crianças acabaram por fazer a festa na Expoeste) e no passado, por causa da crise, a Câmara não se dispôs a organizar este evento. Tal como noutros anos, há escolas que preferem fazer a festa nas suas instalações “sobretudo das escolas situadas em freguesias mais longínquas longínquas”, como é o caso de Sta. Catarina, disse o vereador. O desfile começou por volta das 10h00 e aos poucos as escolas e jardins de infância foram chegando e começando a desfilar entre a Câmara Municipal e a estação de caminhos de ferro. A música esteve animada e o S. Pedro ajudou à festa. Com um belo dia de sol, o desfile começou ao som de muitas músicas brasileiras, que nesta altura são as rainhas do Carnaval. A crise sente-se um pouco até nas máscaras. As escolas permitiram desta vez que os seus alunos trouxessem fatos de casa, em vez de se trajarem nas turmas subordinados a um tema. Mas sempre houve quem se mascarasse de forma colectiva e tivesse trajado de estrunfes (agora Smurfins), de pré-históricos, de reis, de arco-íris, de bombeiros, de técnicos do INEM, entre os habituais superheróis, princesas, rainhas, flores e até de animais. Ainda Pereira, 38 anos, era uma “palhaça” vestida a rigor que estaViemos todos va a ajudar no desfile das crianças da Escola do Coto. “Viemos mascarados de palhaços-trapalhões e os nossos fatos usam alguns materiais reciclados reciclados”, contou aquela representante da associação de pais daquele estabelecimento escolar. Por causa da crise tiveram em conta o uso da reciclagem e também “é importante nestes momentos mais difíceis mostrar-lhes que podemos reutilizar bens e transmitir-lhes esses valores valores”, disse. E o que acha que é mais importante nestas realizações? “Creio que é o facto de saírem da escola, de se poderem divertir e acho que os pais são os mais vaidosos e vêm cá ver desfilar os seus petizes. Temos que ter alguma alegria e levantar a cabeça para seguir em frente frente”, dizia Aida Pereira, referindo-se aos momentos difíceis que o país atravessa. Quem não participou no desfile foram os utentes do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor. Porque os nossos jovens já têm mais de 18 anos” E porquê? “Porque respondeu Maria João Domingos, elemento da direcção daquela instituição que considera que este desfile infantil é uma boa prática inclusiva. NÉMANUS ANIMAM VÁRIOS DESFILES CALDENSES

Depois do desfile, é preciso retemperar forças. O lanche, oferecido pela Câmara com o apoio do Pingo Doce, é distribuído aos petizes que entretanto se preparam para assistir ao concerto do duo de Peniche Némanus. Há zorros que esgrimem espadas e damas antigas que passeiam pela rotunda fronteira aos Paços do Concelho. Diana Almeida, de seis anos, veio mascarada de Sininho (personaé de gem do Peter Pan) e conta que o que mais gosta na festa de rua “é desfilar desfilar”. No entanto, referiu que também foi boa a celebração carnavalesca que se realizou na sua escola, na EB1 da Encosta do Sol. Mascarada de princesa, esteve a Mafalda Dines, também com seis anos. Além de desfilar, esta participante também disse que gosta muito de dançar. Os irmãos Némanus trouxeram animação na parte final desta festa, que tem para a Câmara um custo de cinco mil euros. O duo é composto pelos irmãos Helder e Né, e dedica-se à música há 11 anos, unindo ritmos brasileiros e africanos à música portuguesa. Os Némanus vão lançar um novo álbum na Primavera e estarão de regresso às Caldas em Março, para um concerto no Arneirense. Como já vem sendo habitual é o grupo de bombos da ETEO que abre o desfile infantil das Caldas, chamando assim, com o seu forte ribombar, as pessoas à Avenida 1º de Maio. Natacha Narciso nnarciso@gazetacaldas.com


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Seis centenas de idosos festejaram o Carnaval na Expoeste

Elementos do circo, profissões ou abelhas foram algumas das máscaras apresentadas pelos idosos das 15 instituições neste baile Os idosos do concelho deram o pontapé de saída para os festejos doCarnaval caldense. Durante a tarde de quinta-feira (16 de Fevereiro) foram cerca de 600 os foliões que se juntaram na Expoeste para mostrar os seus trajes e, em conjunto, passarem momentos animados. No “baile de fantasias” não faltaram palhaços, domadores, índios, abelhas, Zé Povinhos e amas, médicos, pastores e até um carteiro, representantes de 15 instituições de solidariedade social do concelho caldense. A música foi garantida pelo grupo África Zulu, que prometia marchas de Carnaval e música popular portuguesa, mas que também não resistiu a tocar o êxito dos desfiles deste ano “Ai se eu te pego”, do brasileiro Michel Teló. Esta festa, organizada pela autarquia e grupo concelhio de apoio à pessoa idosa, nunca foi interrompida nem tem sofrido grandes alterações de ano para É uma actividade que ano. “É vale a pena pois ocupa também os idosos durante a preparação das máscaras e, felizmente, já se estende a outras entidades, como o Clube Sénior e a Universidade Sénior, que marcam presença com a sua animação” animação”, salientou a vereadora com o pelouro da Acção Social, Maria da Conceição

Pereira. A responsável destaca a importância deste convívio, sobretudo para os mais idosos numa altura em que se fala tanto de isolamento. No entanto, reconhece que, só por si, estas iniciativas não bastam, pelo que a autarquia acompanha esta população através da rede que envolve também as instituições de solidariedade social, juntas de freguesia e as forças de segurança. Maria da Conceição Pereira disse ainda que há pessoas que, apesar da idade e da falta de companhia, se recusam a sair das suas casas e que nesses casos, há uma preocupação das entidades no sentido de estarem atentas aos seus movimentos e em saber a quem abrem a sua porta. “Também acho importante que haja uma oferta diversificada para que aqueles que ainda não têm vontade de ir para instituições” instituições”, acrescentou a autarca, destacando que há várias propostas, como a participação no Clube ou na Universidade Sénior, mas sempre respeitando a “vontade própria” dos idosos.

Deolanda Jacinto estava duplamente feliz na passada quintafeira. Ao mesmo tempo que se divertia mascarada, completava

estar ocupada e que só não ajudou mais porque também está a fazer um trabalho para os meninos. Quando era nova Deolanda Jacinto costumava brincar no Carnaval e fazia muitas “malandri-

75 anos de vida. “Foi uma bela maneira de festejar o aniversário” aniversário”, contou à Gazeta das Caldas a septuagenária que está na Associação Social e Cultural Paradense há três anos. Este ano vestiu-se de Maria da Paciência, figura criada por Bordalo Pinheiro, tendo também ajudado a confeccionar o fato. Conta que gosta muito de ajudar, para

ces”. Recorda que ainda jovem tirou o lençol da cama dos irmãos e, cobrindo-se com ele, foi assustar a cunhada, que era “muito medrosa” medrosa”. “Só gritava pelo meu irmão para lhe acudir” acudir”, recorda, divertida a aniversariante, acrescentando que esta nunca viria a descobrir quem a tinha assustado. Noutra ocasião, entrou na casa dos tios, que tinham por hábito

“SOU VELHA, MAS GOSTO MUITO DESTA ANIMAÇÃO”

Deolanda Jacinto comemorou os seus 75 anos na festa de Carnaval

deixar as portas abertas. Lá dentro agarrou num lençol, estendeuo em cima de uma arca e em cima colocou um penico e ao lado uma concha. Depois, foi buscar pratos e talheres e simulou uma mesa composta, tendo o penico como terrina da sopa. Ainda outra vez, juntamente com o primo, desmanchou a cama aos tios que, quando se iam deitar, acabaram por cair. “Ainda hoje gosto de fazer as minhas piadas” adas”, diz Deolanda Jacinto, que não perde uma oportunidade para se divertir. Com o nome de Maria Estrela no registo, mas conhecida por todos por Aida, a foliona de 96 anos não perde um baile de carnaval desde que está no Centro de Dia de Santa Catarina. “Sou velha, mas gosto muito do C arnaval e desta animação” ção”, contou, enquanto se preparava para desfilar mascarada de Boneco da Horta, um fato que ajudou a confeccionar. A participar estavam este ano perto de 30 ele-

mentos, todos trajados a rigor, com os fatos feitos na instituição. “Gostava que chegassem à minha idade e que ainda pudessem pular como eu” eu”, brincava Maria Estrela com os participantes mais novos que estavam no evento. A Câmara assegura o transporte e a animação, enquanto as instituições se responsabilizaram pela parte do lanche, desfile e trajes. Este ano participaram no “Baile de Fantasia” o Centro de Dia da Casa do Povo de A-dos-Francos, o Centro Social e Paroquial das Caldas da Rainha, Associação de Solidariedade Social da Foz do Arelho, Centro Social e Paroquial de Santa Catarina, Associação do Desenvolvimento Social da Freguesia de Alvorninha, Centro Social e Paroquial Nossa Sra das Mercês, Associação Social e Cultural Paradense, Centro de Apoio Social do Nadadouro, Fonte Santa – Centro Social da Serra do Bouro, Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, Associação de Solidariedade e Educação de Salir de Matos, Centro Social e Paroquial N. Sra. da Piedade de Vidais, Centro de Apoio à Pessoa Idosa Dr. Ernesto Moreira, Clube Sénior e Universidade Sénior. Fátima Ferreira fferreira@gazetacaldas.com

Aos 96 anos, Maria Estrela desfilou mascarada de Boneco da Horta


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Carnaval das Caldas foi mais curto este ano

Os reis do Carnaval das Caldas ladeados pelos Némanus A decisão de não realizar este ano o corso na terça-feira de Entrudo, substituindo-o por um desfile nocturno no sábado, 18 de Fevereiro, tornou o carnaval caldense mais curto. No domingo à tarde terminavam as actividades carnavalescas promovidas pela autarquia, depois de muita animação. Desta vez o animador de serviço, João Carlos Costa, até disse menos vezes o mote habitual de que “O das Caldas é o maior”. Quem também perdeu protagonismo este ano foi o presidente da Câmara, Fernando Costa, que habitualmente era muito retratado nos carros alegóricos, mas desta vez, talvez por estar em final de carreira como autarca, foi uma figura quase esquecida. As condições meteorológicas acabaram por beneficiar os dois corsos. Na noite de sábado os termómetros mantiveram-se baixos, nos nove graus, mas mesmo assim não chegaram às temperaturas previstas de quatro graus. A festa acabou por aquecer, mas pouco depois da actuação da banda Nemánus, já não se via ninguém na praça 25 de Abril. Na tarde de domingo o sol ajudou a festa, com a tarde soalheira e um algum calor, atraindo milhares de pessoas. No total participaram mais de mil figurantes com 17 carros. Este ano a autarquia reduziu em 5% a comparticipação financeira às colectividades em relação aos valores pagos em 2011 (que tinham sido de 25 euros por

figurante e 2250 euros por carro). Também só deram subsídio a um carro por associação. Mesmo assim vimos car“Mesmo ros com muita qualidade qualidade”, comentou o vereador Hugo Oliveira, cujo pelouro é responsável a organização do Carnaval das Caldas. O orçamento total rondou os 70 mil euros, a maior parte do qual foi entregue às colectividades. Foi notório que havia muito mais público durante o dia do que na noite anterior, mas o presidente da Câmara até estava satisfeito com a adesão das pessoas ao corso nocturno. Para uma noite de frio e sen“Para do a primeira vez que realizamos à noite, ultrapassou a minha expectativa expectativa”, afirmou o edil caldense. Na sua opinião, o ambiente é mais animado à noite do que quando se realiza durante o dia porque as pessoas estão mais soltas. Também Hugo Oliveira considerou que para uma primeira vez, o corso nocturno até teve uma Se boa participação de público. “Se as colectividades quiserem podemos continuar a fazer um desfile nocturno nocturno” mesmo que volte a realizar-se na terçafeira do Carnaval. Isto porque dar acha que é uma forma de “dar vida à cidade à noite noite”. No entanto, este terá sido um dos anos com menos gente mascarada nas ruas à noite nas Caldas da Rainha. Apesar da animação dos bares na cidade, era notório que estão longe os tempos áureos da folia caldense. O baile do Nadadouro, onde não

O carro dos Flinstones do Colégio Rainha D. Leonor

O Fado foi o tema de um dos carros do corso se pagavam entradas, acabou por ser um dos espaços mais concorridos nessa noite. Este ano a organização convidou os caldenses Vanessa Henriques e Walter Moraes para serem os reis do Carnaval. No domingo, os dois jovens estavam muito contentes por terem sido convidados. Gostaram principalmente por poderem interaNão espegir com o público. “Não rava que quisessem tirar assim tantas fotos comigo comigo”, comentou o ex-concorrente de um programa de talentos da SIC. Para a modelo, que já tinha sido uma experainha em 2007, foi “uma riência espectacular e um privilégio poder participar desta forma no carnaval caldense dense”. FADO, FMI E ZÉ POVINHO

O carro da ARECO (Associação Recreativa do Coto) pretendeu fazer uma analogia da história do “Capuchinho Vermelho e do Lobo Mau” com a compra da EDP por capitais chineses e com a actual situação do país. É uma história do povo. É “É um conto velho. Antes fugia do lobo, agora fujo do Coelho lho”, referia um dos cartazes. Mais de 80 figurantes desfilaram integrados nessa associação, a maior parte dos quais eram mulheres vestidas de caOs hopuchinho vermelho. “Os mens não aderem muito muito”, lamentou a presidente da associação, Rute Pancada. Segundo a dirigente, as verbas que a autarquia paga pela participação

são importantes para o orçamento da colectividade, mas o principal objectivo é participar no evento. Todos os anos a associação do Coto participa no corso das Caldas. A Associação Cultural e Desportiva de Santo Onofre - Monte Olivett também tem participado desde que os corsos voltaram a realizar-se nas Caldas. Este ano quiseram dar destaque à agricultura biológica e familiar, uma tradição que consideram importante ser retomada. Os cerca de 70 figurantes vestiram-se de espantalhos, numa à inércia da sociedaalusão “à de portuguesa perante o que nos está a acontecer acontecer”, como explicou a presidente da colectividade, Gabriela Pato. O tema também foi escolhido para não gastarem muito dinheiro, aproveitando materiais usados, e assim aproveitarem o subsídio da autarquia para as suas outras actividades. O grupo Maré Alta vai utilizar o dinheiro que sobrar da verba da Câmara para ajudar a pagar dois novos sinos para a igreja da Serra do Bouro, que foram roubados no ano passado. Este grupo de jovens participou pela sexta vez no corso e este ano fizeram questão de demonstrar que Portugal é um país que merece melhor do que a classificação de “lixo” das agências financeiras. Para além de um carro com várias bandeiras eurotemos peias e a mensagem “temos orgulho em ser portugueses ses”, vestiram-se todos com a bandeira nacional.

Um grupo de foliões caldenses

A noite das Caldas contou com alguns mascarados Segundo a presidente do grupo, Jéssica Avó, na noite de sábado participaram menos jovens porque os pais preferiram que estes não estivessem ao frio. Pelo mesmo motivo o Colégio Rainha D. Leonor teve o dobro de figurantes no domingo (130), em relação ao sábado à Os pais tiveram receio noite. “Os do frio e não deixaram que muitas das crianças viessem sem”, disse Tânia Galeão, da direcção. Apesar disso, a professora diz que os seus colegas acabaram por participar mais e divertirem-se também no corso nocturno, no qual participaram com um carro dos Flintstones. O presidente da Câmara não tinha conhecimento dessa situação, mas concordou com a decisão dos pais. COLECTA DE ESMOLAS PARA CAVACO SILVA

Quem aproveitou o corso para fazer uma colecta especial de dinheiro para o Presidente da República, numa resposta irónica às recentes declarações de Aníbal Cavaco Silva sobre os seus rendimentos, foi o Grupo DesporTemos que ajutivo do Landal. “Temos dar o nosso amigo Aníbal porque ele tem uma reforma muito baixa baixa”, brincou José Pereira, dirigente da associação. Chegaram a pensar em ir até ao Palácio de Belém entregar o dinheiro recolhido, mas acabaCom esta ram por não o fazer. “Com brincadeira quisemos mostrar que o Presidente da República deve ponderar bem

naquilo que diz diz”, disse. No carro do Grupo Desportivo do Landal estiveram envolvidas cerca de 70 pessoas. José Pereira lamentou que a Câmara não tivesse investido em mais publicidade para atrair mais gente aos corsos. O vereador Hugo Oliveira admitiu que não houve verbas para publicitar mais esestamos tes eventos porque “estamos numa altura de contenção contenção”. O Centro de Apoio Social do Nadadouro levou para os desfiles os utentes do centro de dia, que puderam assim passar dois dias diferentes. O carro alegórico aludia à Lagoa de Óbidos, às suas tradições e à fauna que a constitui. Isabel Fernandes, responsável pela organização do grupo do centro no Carnaval, destacou que é importante chamar a atenção para este ecossistema e aproveitou para dizer que todos os anos fazem duas campanhas de limpeza nas margens da lagoa. O Sporting Clube das Caldas participou pela primeira vez nos desfiles de Carnaval. Carlos Gomes, presidente do clube, explicou que quiseram dar-se a conhecer mais à cidade e ao mesmo tempo aproveitar o subsídio da O dinheiro faz-nos autarquia. “O muita falta para aguentarmos as nossas despesas e ao mesmo tempo fazemos com que todos se divirtam divirtam”, revelou. Os dois carros com que participaram aludiram às actividades do SCC: o vólei e a natação. Pedro Antunes pantunes@gazetacaldas.com

Os Lord’s animaram o baile do Nadadouro no sábado à noite


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Presidente da Câmara falha promessa de tolerância de ponto Nenhum funcionário da Câmara das Caldas usufruiu da tarde livre de 21 de Fevereiro que Fernando Costa tinha anunciado à Gazeta das Caldas, como tolerância de ponto do Entrudo. É que o presidente não apareceu nos Paços do Concelho nessa manhã e nenhum dos 17 requerimentos entregues tinha sido assinado atempadamente. O presidente da Câmara das Caldas da Rainha não decretou a tolerância de ponto, mas tinha dito que qualquer um poderia pedir a dispensa de meio-dia, desde que apresentasse um requerimento. A partir da uma da tarde, os “A funcionários que quiserem podem sair sair”, garantira Fernando Costa ao nosso jornal na semana anterior. No sábado à noite, durante o desfile de Carnaval, o autarca referiu que a Câmara iria funcionar com

para atenos serviços mínimos “para der qualquer pessoa, porque tenho funcionários que estão dispostos a ficar da parte da tarde tarde”. No entanto, disse, apenas uma dúzia de funcionários “uma funcionários” teria requerido para não trabalhar. Na reunião de Câmara de 20 de Fevereiro o assunto foi discutido, mas os vereadores da oposição manifestaram-se contra o facto de só apenas alguns funcionários poderem ter a tarde livre. Fernando Costa ter-se-á ausentado da sala e na votaçãohouveumempate,acabando por não ficar nada decidido. Na manhã de terça-feira ninguém sabia como agir porque nada tinha sido anunciado oficialmente e apenas alguns funcionários é que souberam pela Gazeta das Caldas da possibilidade de usufruírem da folga da parte da tarde. Segundo conseguimos apurar, o ambiente era de cortar à faca por-

que havia quem estivesse indignado com a postura de Fernando Costa, enquanto outros davam a entender que seria melhor nem sequer entregar o requerimento. Ninguém quis dar a cara pelos protestos, dando a entender que havia medo de poderem vir a sofrer represálias no caso de criticarem o presidente da Câmara. Apesar de o município estar a funcionar normalmente, foram poucasaspessoasarecorreremaos serviços. O mesmo aconteceu nas Finanças e na Segurança Social, onde, ao contrário do que é normal, não houve filas durante este dia. De resto, por toda a cidade, e mesmo com os serviços públicos abertos, o ambiente na terça-feira era o de um vulgar feriado. Pedro Antunes pantunes@gazetacaldas.com

A maioria dos serviços públicos estiveram praticamente vazios durante a terça-feira passada

Maioria das Juntas de Freguesia não abriram A esmagadora maioria das Juntas de Freguesia dos concelhos das Caldas e de Óbidos seguiram a tradição e não abriram ao público. Isto porque, independentemente da decisão do presidente da Câmara, compete aos executivos das fregue-

sias decidir sobre a tolerância de ponto. E a maioria considerou que o Dia do Entrudo é, como sempre foi, um feriado como outro qualquer. Gazeta das Caldas ligou para as 16 freguesias das Caldas entre as 10h30 e as 11h00 da

passada terça-feira, tendo repetido a operação, à tarde, das 15h00 às 15h30. Resultado: só as Juntas de Alvorninha, Landal, Carvalhal Benfeito e Salir de Matos atenderam o telefone. As duas primeiras explicaram que só trabalha-

vam durante a manhã porque tinham tolerância de ponto depois das 13h00. As duas restantes laboraram todo o dia. Já no concelho de Óbidos, e seguindo o mesmo método, apenas terão funcionado as Juntas das Gaeiras e da Usseira. A pri-

meira teve tolerância de ponto à tarde, mas a segunda esteve aberta todo o dia, apesar de haver poucos fregueses para atender. A-dos-Negros, S. Pedro, Olho Marinho, Vau e Santa Maria não atenderam o telefone, nem de

manhã, nem de tarde. A Junta de Freguesia de Sobral de Lagoa só funciona depois das 17h30 dois dias por semana, pelo que não foi contactada. C.C.

Houve quem viesse às Caldas porque pensava que havia corso na terça-feira

Vieram de Alcoentre e da Lourinhã para as Caldas, mas os planos saíram furados Várias famílias da região apanharam uma desilusão na terça-feira à tarde, 21 de Fevereiro, quando chegaram às Caldas da Rainha e descobriram que o corso de Carnaval tinha sido antecipado.

Algumas crianças até vieram mascaradas e foi com algum desgosto que tiveram que voltar para casa. Valter Costa, a sua família e um amigo, vieram de Alcoentre de propósito só para

Pensávaassistir ao corso. “Pensávamos que nos vínhamos divertir um pouco, mas os p l a n o s f o r a m f u r a d o ss”, disse à Gazeta das Caldas Caldas. Todos os anos gostam de se deslocar às Caldas da Ra-

inha para ver o corso, mas desta vez foram obrigados a procurar divertimento noutro local. Da Lourinhã veio um outro grupo de 10 pessoas que também se desiludiu com o facto

do corso não se realizar na terça-feira. Segundo Mário Fontoura, depois de terem estado noutros corsos nos dias anteriores, quiseram ver algo de diferente e por isso deslocaram-se às Caldas.

Gostamos de vir aqui por“Gostamos que é sempre muito divertido e não se paga paga”, comentou. Mas desta vez não pagaram nem foi divertido. P.A.


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Enchente no 10º corso nocturno da Benedita

O Rancho Folclórico Ceifeiras da Fanadia foi eleito o melhor do Carnaval beneditense

Das Redondas chegaram os vencedores do Cabé de Prata, para o segundo melhor grupo

Num desfile mais democrático sem reis nem rainhas, o Carnaval da Benedita faz-se com as pessoas da terra que investem do seu próprio bolso para fazerem carros alegóricos e disfarces, e com mais alguns vizinhos que todos os anos se lhes juntam. Na noite da passada segunda-feira, o centro da vila voltou mais uma vez a acolher o corso nocturno que surpreendeu pela animação genuína, num ano marcado pela crise e pela não tolerância do ponto para a terça-feira gorda. Este ano foram mais de mil os foliões que responderam ao desafio da Associação Beneditense de Cultura e Desporto (ABCD) e que desfilaram pelas ruas. Os números são de Luís Lopes, presidente da colectivi-

diz Luís Lopes. E foram precisamente os grupos das redondezas que este ano levaram para casa os primeiros prémios do corso. O troféu Cabé de Ouro foi atribuído ao grupo caldense do Rancho Ceifeiras da Fanadia, cujos foliões desfilaram vestidos de papagaios e que levavam no carro alegórico um Zé Povinho cuja figura habitualmente bonacheira mostrava sinais da crise, dando lugar a uma figura esquelética. Já o segundo lugar, o Cabé de Prata, foi atribuído ao grupo da Associação Maré, das Redondas, com o seu barco de piratas e figurantes vestidos a rigor. Na terra ficou o terceiro lugar, o Cabé de Bronze, entregue ao grupo “Free Tibet”, com os foliões a vestirem a pele de mon-

dade, que acredita estar perante “o maior corso de sempre da Benedita” Benedita”, assistido por “mais de dez mil pessoas” pessoas”. Quem por lá passou dificilmente pode desmentir o responsável. É que a meio da festa o percurso teve mesmo que ser alargado de forma a permitir que os 25 carros alegóricos coubessem no corso, o que já não acontecia há alguns anos. Aos beneditenses juntaramse foliões de outras localidades, como Fanadia, Rostos, Vimeiro, Turquel, Alcobaça, Fráguas, Alcobertas, Gançaria e Rio Maior, entre outros. “Alguns começam já a ser habituais porque nós temos a vantagem de juntar aqui as pessoas que ao domingo e terça desfilam noutros locais” locais”,

ges budistas e o carro transformado num templo. No corso nocturno da Benedita não faltaram também as histórias de encantar, com grupos mascarados de Pinóquio e de Branca de Neve e os Sete Anões, disfarces de garrafas de minis, de bailarinas de cabaret, de grupos a recordarem anos que já lá vão. Alusões ao estado dos serviços de saúde no país, um “Cavalo da Troika”, um grupo de chineses, agora donos da EDP, e até um carro da “Funerária Passos Coelho” que pedia contribuições para o funeral de Cavaco Silva e anunciava que quem fosse às cerimónias tinha feriado na terçafeira marcaram a crítica social e política do corso. Num corso que se afirmou à

O templo tibetano valeu ao grupo “Free Tibet” o terceiro lugar num corso que teve mais de mil foliões segunda à noite, a pergunta impõe-se. E se nos outros anos se repetir a não tolerância de ponto, o que acontece ao Carnaval da Benedita? “Nós nunca vamos mudar de dia porque este corso faz hoje dez anos e não vamos alterar nada. Vai continuar a ser à segunda”, afiança o responsegunda sável pela organização, que para pôr a festa na rua conta com o apoio da Câmara de Alcobaça, da Junta de Freguesia e dos Bombeiros Voluntários da Benedita, bem como de diversas empresas da terra. Luís Lopes era, na noite de segunda-feira, a imagem da satisfação por ver singrar uma aposta feita há uma década e que pretendia levar para as ruas uma festa que habitual-

mente era feita pelos mais novos nos bares da vila. “Está aqui uma enchente que só acaba às sete da manhã” manhã”, garantia. Nos últimos anos o Carnaval da Benedita tem sido também marcado pela forte presença policial, com operações stop a cercarem a vila durante a madrugada. Para ajudar os foliões mais afectados pelo álcool, o ABCD tem disponibilizado as carrinhas do clube para garantir que todos chegam a casa em segurança. Um ‘serviço’ que voltou a ser prestado na passada segunda-feira e que Luís Lopes promete para os próximos anos. Joana Fialho jfialho@gazetacaldas.com

Crianças da Benedita recordaram ofícios antigos

Uma oportunidade de negócio

Meninos e meninas trajaram como no tempo dos seus avós Nélson Correia decidiu promover a Ginja de Óbidos num corso que já conhecia como folião Se nos primeiros anos em que o corso nocturno da Benedita saiu à rua pouco mais se vendia fora de portas além de bebidas e umas bifanas, a realidade está a mudar. A tradição carnavalesca ainda é relativamente recente, mas já há quem ali veja uma boa oportunidade de negócio.

Além das pipocas e das farturas, este ano era ainda possível beber uma tradicional ginjinha em copo de chocolate. Nélson Correia, da Boutique do Chocolate – Ginja de Óbidos já conhecia o Carnaval da Benedita e foi por saber que muita gente se jun-

tava nas ruas que este ano decidiu, pela primeira vez, promover a marca no decorrer do corso. E “para o primeiro ano, não está a correr nada mal” mal”, garantia à Gazeta das Caldas na noite de segunda-feira. J.F.

Antes da festa nocturna, foram as crianças das escolas locais a saírem à rua na manhã de sextafeira, dia 17. Centenas de meninos e meninas enfrentaram o frio para mostrarem como se vestiam antigamente os sapateiros (um dos mais antigos ofícios da terra) e as lavadeiras. Eles de formas ao pescoço e martelo à cintura, elas de avental e lenço, com a trouxa de roupa na cabeça. Foi assim que se vestiram todas as crianças do ensino pré-escolar

e do 1º ciclo do Agrupamento de Escolas da Benedita, que este ano quer pôr as crianças a redescobrirem o património local. E para a confecção dos fatos valeu o empenho dos pais, as roupas que foram sobrevivendo aos tempos e a ajuda de algumas fábricas locais, onde foram feitos alguns dos acessórios que os petizes mostravam. A Universidade Sénior da Benedita também se juntou à festa, mostrando aos mais novos como se vestiam as gentes da Benedita

no antigamente. Mas nem só as profissões antigas deram mote ao corso que juntou as crianças da Benedita, de Turquel e do Vimeiro. Os meninos do Centro Social e Paroquial desfilaram de mão dada com pais e avós, dando corpo a duplas de disfarces tão diversos como animais, super-heróis, personagens do imaginário infantil e, como não podia deixar de ser, os tão carnavalescos palhaços. J.F.


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Mais de 1500 estudantes de Óbidos disseram sim à folia na sexta-feira Sexta-feira de manhã foi dia de folia para as mais de 1500 crianças que frequentam as escolas do concelho de Óbidos. À semelhança do que já aconteceu no ano passado, os desfiles foram descentralizados e decorreram junto aos três complexos escolares - dos Arcos, do Furadouro e do Alvito. Nos Arcos e no Furadouro o tema foram “As Profissões” e o desfile envolveu cerca de 400 crianças em Óbidos e perto de 300 na Amoreira. No complexo do Alvito o tema deste ano foi o “O Mundo da Fantasia - O Circo”, com 320 alunos a desfilar no espaço do estacionamento circundante da escola. A este cortejo juntaram-se três carros alegóricos e um carro com os reis puxado por um burro. Cerca 30 adultos mascarados de ”Margaridas” e “Patos Donald”, apareceram num barco encantandoascriançascomassuas brincadeiras. No final, houve dança no átrio da escola, com coreografias alusivas ao Carnaval. Na realização deste desfile participaram também os encarregados de educação e a Junta de freguesia das Gaeiras. Já os jovens, que frequentam a escola Josefa d’Óbidos, divertiramse no pavilhão gimnodesportivo municipal de Óbidos. A festa contou com mais de 300 alunos, funcionários e professores deste estabelecimento de ensino, que se fantasiaram de acordo com o tema “Lendas, Mitos e Acontecimentos”. Entre as muitas propostas era possível encontrar um episódio da Torre de Babel, a Lenda da Rainha Santa, Deuses Gregos, Anjos e Demónios. No final foram atribuídos prémios à turma e também aos alunos que mostraram maior criatividade. “Este ano correu muito bem, houve fatos e coreografias muito originais” originais”, disse o professor JoséManuelNascimento,destacando que para este sucesso contribuiu o empenho da associação de estudantes da escola. O docente disse ainda à Gazeta das Caldas que a escolha do tema pretendeu incentivar a pesquisa dos alunos que, de forma divertida, alinham nesta proposta de trabalho. Este foi o segundo ano em que os desfiles se distribuíram pelos vários estabelecimentos de ensino. Para o director do Agrupamento de Escolas de Óbidos, Fernando Jorge, esta é a “receita de sucesso do nosso Carnaval porque cada complexo tem a sua área de influência e houve uma adesão maciça dos encarregados de educação e família” família”. Fátima Ferreira fferreira@gazetacaldas.com

Cerca de 400 crianças do Complexo dos Arcos fantasiaram-se com diversas profissões

Pequenos bombeiros, médicos e pedreiros divertiram-se com heróis da banda desenhada no Complexo do Furadouro

O circo e o mundo da fantasia deu largas à imaginação das crianças do Alvito

Jovens e funcionários da Josefa d’Óbidos deram largas à imaginação com as lendas, mitos e acontecimentos da História


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Carnaval 2012

24 | Fevereiro | 2012

Peniche manteve a tradição e o Carnaval saiu à rua no domingo e na terça-feira As tardes de domingo e de terça-feira foram de folia e animação nas ruas de Peniche. Mais de 600 marchantes de 19 grupos desfilaram com temas muitos diversos, como as flamengas e napolitanas, piratas, damas e mascarilhas. Miúdos e graúdos dançaram e desfilaram lado a lado, numa festa que tem tradições naquela terra. O desfile começou no Campo da República e este ano terminou com as actuações, num recinto preparado para o efeito, junto ao mercado abastecedor de Peniche. F.F.

A tolerância de ponto, bem assumida pela Câmara, ajudou a manter a tradição em Peniche

Desfile na Nazaré atraiu cerca de 40 mil pessoas Mais de 1300 foliões, divididos em 41 grupos, fizeram a festa na Nazaré, em dois corsos carnavalescos que levaram, a cada dia, cerca de 40 mil pessoas à marginal da vila. Os números são da autarquia, que destaca a prestação dos grupos que mais uma vez deram corpo a um dos mais concorridos carnavais da região.

Eduardo Hespanhol e Ascensão Codinha foram os reis de uma festa que este ano teve como mote “Carnaval 2012 ca crise é pu pescôce”. E tal como é hábito, os nazarenos andaram numa roda-viva durante as últimas semanas, numa sucessão de bailes, saídas de rua e muita animação que caracterizam os festejos carnavalescos na vila piscatória.

A festa terminou na quartafeira de cinzas com o tradicional Enterro do Entrudo. O Carnaval está de volta à Nazaré para o ano, a 3 de Fevereiro, data em que invariavelmente se dá oficialmente o arranque dos festejos na Nazaré, com a ancestral Festa de São Brás.

J.F.

Pela marginal desfilaram mais de 1300 foliões


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