Revista Brasil Paralímpico nº 39

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Entrevista: Terezinha Guilhermina e Daniel Dias

Brasil

número

39

PARALÍMPICO revista do comitê paralímpico brasileiro // fevereiro/março 2012 // www.cpb.org.br

BRASIL soberano País conquista o bi do Parapan-Americano, em Guadalajara


Editorial

Andrew Parsons presidente do comitê paralímpico brasileiro

Caros leitores, O ano de 2012 e seus enormes desafios já começaram, com todo o preparativo para os Jogos de Londres, aonde vamos atrás do melhor resultado da história. E nada melhor para buscar novas conquistas do que poder olhar para trás e ver que estamos no caminho certo, que temos bons motivos para comemorar. Sem dúvida, o ano de 2011 foi de muito sucesso. Além de mostrar crescimento dentro do País, o paradesporto brasileiro provou, mais uma vez, a sua força no mundo. Começamos o ano com o inédito terceiro lugar no Mundial de Atletismo, em Christchurch, Nova Zelândia, com 30 medalhas (12 de ouro, 10 de prata e oito de bronze). E terminamos com uma campanha fantástica e histórica no bicampeonato do Parapan-Americano, em Guadalajara. O primeiro lugar foi alcançado com 197 medalhas, sendo 81 de ouro, 61 de prata e 55 de bronze.

Um grande abraço,

Andrew Parsons

Quando parecia que o ritmo de boas notícias diminuiria, participamos do lançamento da logo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, com uma festa belíssima na Lagoa Rodrigo de Freitas, e ainda fizemos nossa própria grande festa. Pela primeira vez o CPB premiou os melhores do ano, com a criação do Prêmio Paralímpicos, realizado em São Paulo, que teve como grandes vencedores Daniel Dias e Terezinha Guilhermina. O ano de 2011 foi também de outros feitos inéditos. Além da primeira conquista no Parapan de Rúgbi em Cadeira de Rodas (medalha de bronze, em Bogotá) e no Parapan de Esgrima em Cadeira de Rodas (ouro por equipes, duas pratas e seis bronzes), o País garantiu a primeira vaga do Brasil no Vôlei Sentado Feminino e na classe SKUD18, da Vela, nas Paralimpíadas. O Brasil foi ao pódio em outros Mundiais, como o de Triatlo, Canoagem, IBSA (judô

para cegos), Copa do Mundo de Bocha e em Abertos de Hipismo e Ciclismo Obtivemos muitas vitórias no paradesporto de alto rendimento e vimos a estrada da renovação ser pavimentada em competições nacionais cada vez mais fortes. As Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, reuniram mais de 1.500 participantes de 23 estados e o Distrito Federal, em 10 modalidades. Simplesmente o maior evento para atletas com deficiência em fase estudantil do mundo. Com quatro etapas regionais e três nacionais, o Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo e Natação teve um crescimento de mais de 60% de 2010 para 2011 (223% nos últimos cinco anos) em números de participantes. Após olhar rapidamente para trás, apostamos num 2012 ainda melhor.


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Grandes nomes do esporte

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Fabiana Sugimori

Revista Brasil Paralímpico

Revista Brasil Paralímpico

sumário

edição 39 // fev/mar 2012 // www.cpb.org.br

Disciplina e

Talento

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Fabiana Sugimori entrou para a história do desporto Paralímpico Brasileiro ao conquistar o único ouro da natação nos Jogos de Sydney

Parapan Brasil dá show em Guadalajara e conquista o bi com 197 medalhas, sendo 81 de ouro, 61 de prata e 55 de bronze

Há 12 anos uma nadadora brasileira conquistou um feito histórico nos Jogos Paralímpicos de Sydney, em 2000. Em um dos últimos dias de competição, Fabiana Sugimori garantiu o único ouro do país na modalidade. Esse foi apenas o pontapé inicial na carreira da atleta, que ganhou outras duas medalhas paralímpicas (ouro em Atenas e bronze em Pequim), três mundiais e 14 Parapan-americanas. Velocista, a primeira medalha da carreira de Fabiana foi nos 50m S11. Anos depois, nas Paralimpíadas de Atenas, Fabiana quebrou o recorde mundial da prova, com o tempo de 32s32. Os fatos são recordados por Fabiana na ponta da língua:

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Rio 2016

Prêmio Paralímpicos

Promessa 2016

Logo Paralímpico é lançado com festa na Lagoa Rodrigo de Freitas

CPB premia os melhores atletas do ano pela primeira vez

Fábio Dornelles já sonha com participação nos Jogos do Rio

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colunista convidado

supertimes

2012

notas

Carlyle Barreto

SP e RJ criam equipes paralímpicas

Calendário cheio para os atletas brasileiros

Veja as últimas notícias do paradesporto

“Foram conquistas inesquecíveis. Em Sydney eu não estava entre as favoritas, minha prova foi no fim do dia e o ouro, realmente uma surpresa. Quatro anos depois, bati o recorde mundial. Sei até hoje de cor, nunca vou esquecer. O vídeo “O Campeão”, do CPB, diz algo que levo sempre comigo: a nossa história ninguém pode apagar”. Pela brilhante carreira, Fabiana recebeu das mãos do ex-presidente Lula a Medalha da Honra ao Mérito Esportivo. Foram 16 anos dedicados à natação de alto rendimento. A modalidade surgiu de

Sempre existirão barreiras. Todos os dias elas estarão em nossas vidas. Mas temos dois caminhos: ou paramos ou encontramos soluções para conseguir realizar nossos sonhos modo natural para a paulista, que nasceu prematura, aos seis meses e meio, e sofreu retinopatia da prematuridade, causada pelo excesso de oxigênio na incubadora, e teve como conseqüência a retina direita queimada. Sob orientação da mãe, começou a nadar aos três anos, e, aos 11, descobriu competições para deficientes. Com apoio incondicional da família e de seu irmão, Marcelo, um de seus técnicos, Fabiana era reconhecida pela eficiência e simpatia fora das piscinas. De família japonesa, a

atleta sempre seguiu os treinos com disciplina e primor pelo perfeccionismo. “Treinava seis vezes por semana, debaixo de chuva ou sol. O preparo é árduo, duro. Esporte de alto rendimento requer sacrifício. Mas quando alcançamos nosso objetivo, é realmente gratificante“, diz ela. Atualmente com 31 anos, a atleta deixou as piscinas em 2008, logo após os Jogos de Pequim. Fabiana é formada em Relações Públicas, e concursada da Caixa.


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Colunista convidado

Revista Brasil Paralímpico

Carlyle Barreto

Orgulho

de ser brasileiro O Paradesporto é isso. Vitorioso no cotidiano. E quando o evento é continental, como foram os Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, a emoção é multiplicada

A diferença básica em cobrir um grande evento esportivo e um do paradesporto é que o segundo é mais rico em personagens. Nele, tanto o vencedor quanto os que não chegam em primeiro são heróis. O pódio é apenas uma cerimônia ilustrativa. Até porque, somente por competir eles já são campeões. Ganhadores nas águas, nas pistas, nas quadras. Grandiosos fora delas. Na vida. E isso é fácil de reconhecer. Eles podem ser mais altos, mais fortes e mais rápidos também. Basta estar ao lado dos para-atletas para se perceber isso. Seja um campeão, como o recordista mundial Daniel Dias, ou mesmo um desconhecido corredor do interior nordestino. E foi um deles que abriu meus olhos logo na primeira cobertura do paradesporto. A convite do Comitê Paralímpico Brasilei-

ro, fui a uma etapa do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo e Natação, em São Paulo. Durante a competição, no trajeto Ibirapuera-hotel, conheci um corredor de Santa Cruz do Capibaribe, cidadezinha do interior pernambucano, minha terra. Paralisado cerebral, tinha dificuldades em se comunicar e se locomover. Mesmo assim, pediu orientações para chegar à TV Record, do outro lado da cidade. O motorista explicou direitinho. Seria preciso pegar metrô e táxi. Quando questionei o motivo deste esforço brutal, ele disse que seria para tirar uma foto e mostrar para a namorada, fã da emissora. Fiquei admirado e, apreensivo, cheguei a sugerir uma montagem, pegando imagem pela web. Ele negou e foi caminhando em direção à estação de passageiros. No outro dia, aquele atleta de olhos azuis e sorriso permanente no rosto tocou em meus ombros na hora do café da manhã. Quando virei, estava lá o registro fotográfico. A missão havia sido cumprida. Como uma medalha de ouro no peito. O paradesporto é isso. Vitoriosos no cotidiano. E quando o evento é continental, como foram os Jogos Papan-Americanos de Gua-

Times estaduais

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Mais fortes para 2012

Revista Brasil Paralímpico

Super

Times

São Paulo e Rio de Janeiro criam equipes formadas por atletas de alto rendimento de todo o País e oferecem estrutura para treinamento e suporte para que se preparem da melhor forma para os Jogos de Londres

dalajara, a emoção é multiplicada. Não apenas os resultados são importantes. Claro que a expectativa de ouvir o Hino Nacional é a mesma que um Pan ou Olimpíadas. Mas o sentimento é potencializado pelo fator adversidade. Em Guadalaja-

O pódio é apenas uma cerimônia Ilustrativa. Só em competir estes atletas já são campeões. Ganhadores nas águas, nas pistas e nas quadras. Grandiosos fora delas. Na vida ra foi assim. Todos os dias. Em todos os eventos. Seja com Daniel Dias ou Andre Brasil nas piscinas, ou com Rosinha, Terezinha Guilhermina, Odair, Lucas Prado, no atletismo. O surpreendente futebol para cegos, os emocionantes vôlei sentado e basquete, a superação da turma da bocha, do goalball, do tênis. Uma cobertura ímpar. E que deu, mais que nunca, orgulho de ser brasileiro. carlyle é colunista e repórter especial do jornal do commercio - pe

O Paradesporto Brasileiro ganhou dois grandes parceiros recentemente. Em novembro, o Estado de São Paulo lançou o Time SP e o mês de janeiro foi marcado pelo anúncio da equipe do Rio de Janeiro. Ambos projetos têm como objetivo principal preparar atletas de destaque em suas modalidades com chance de medalha em competições de peso, sobretudo Londres 2012 e Rio 2016. Parcerias do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) com o governo de São Paulo e com a Prefeitura do Rio irão avaliar, controlar e executar ações de suporte ao desenvolvimento esportivo de atletas de alto nível. O projeto é válido até julho de 2013 e poderá ser renovado para o ciclo paralímpico seguinte, entre 2014 e 2016. Para o presidente do CPB, Andrew Parsons, a iniciativa é importante não só para o desenvolvimento do paradesporto no Brasil, como também para a imagem de sucesso que os atletas podem passar para a sociedade. “Agradeço ao governo do Estado de São Paulo e à Prefeitura do Rio por incentivarem nossa equipe a trazer mais medalhas para o Brasil e por compreenderem também os ganhos sociais do esporte para pessoas com deficiência. Essa iniciativa conjunta, através das Secretarias da Pessoa com Deficiência e o Comitê Paralímpico Brasileiro, certamente dará melhores condições para preparação final destes atletas para Londres 2012 e todo o ciclo que levará à Rio 2016. É muito importante que a cidade anfitriã das Paralimpíadas tenha seus atletas participando com destaque. Este é um dos objetivos desta parceria”, afirmou o presidente. Os atletas receberão plano de saúde e cobertura de seguro de vida, apoio para treinamentos, competições, aquisição de equipamentos, suporte profissional, além de benefício em dinheiro.

time rio Caio Amorim Muniz De Oliveira - Natação Camille Rodrigues Ferreira Cruz - Natação Clodoaldo Francisco da Silva - Natação Diogo Cardoso da Silva - Atletismo (atleta-guia) Diogo Ualisson Jeronimo da Silva - Atletismo Felipe De Souza Gomes - Atletismo Jhulia Karol dos Santos - Atletismo Jonathan de Souza Santos - Atletismo Jorge Luiz Silva de Souza - Atletismo (atleta-guia) Justino Barbosa dos Santos - Atletismo (atleta-guia) Karla Ferreira Cardoso - Judô Laércio Alves Martins - Atletismo (atleta-guia) Lucas Prado - Atletismo Marivana Oliveira da Nóbrega - Atletismo Paula Nascimento Carrijo Bento - Atletismo (atleta-guia) Phelipe Andrews Melo Rodrigues - Natação Roberto Julian Santos da Silva - Judô Roseane Ferreira dos Santos - Atletismo Viviane Ferreira Soares Atletismo Wilians Silva de Araújo - Judô time são paulo Andre Brasil Esteves - Natação Alan Fonteles Cardoso de Oliveira - Atletismo Antônio Tenório da Silva - Judô Bruna Costa Alexandre - Tênis de Mesa Bruno Landgraf das Neves - Vela Adaptada Carlos Alonso Farrenberg - Natação Carlos Antônio dos Santos - Atletismo (atleta-guia) Cláudia Cícero dos Santos - Remo Daniel de Faria Dias - Natação Daniel Mendes da Silva Atletismo Daniele Bernardes da Silva - Judô Dirceu José Pinto - Bocha Elaine Pedroso da Cunha - Vela Adaptada Eliseu dos Santos - Bocha Fernando Fernandes de Pádua - Canoagem Guilherme Soares de Santana - Atletismo (atleta-guia) Leonardo Souza Lopes - Atletismo (atleta-guia) Lúcia da Silva Teixeira - Judô Odair Ferreira dos Santos - Atletismo Samuel Souza do Nascimento - Atletismo (atleta-guia) Shirlene Santos de Souza Coelho - Atletismo Soelito Gohr - Ciclismo Terezinha Aparecida Guilhermina - Atletismo Thierb da Costa Siqueira - Atletismo Yohansson do Nascimento Ferreira - Atletismo


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Parapan

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Guadalajara 2011

Bicampeão Brasil repete sucesso dos Jogos Parapan-Americanos do Rio 2007

Novembro de 2011 foi um mês que ficará marcado para sempre na história do Movimento Paralímpico Brasileiro. O grande vencedor no quadro geral de medalhas dos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, no México, foi o Brasil, com 197 conquistas, sendo 81 de ouro, 61 de prata e 55 de bronze. Além disso, o País já garantiu, por enquanto, 104 atletas nos Jogos Paralímpicos de Londres, contra 98 em Pequim. “Conseguimos atingir nosso objetivo principal, que era o de manter o primeiro lugar no quadro geral de

medalhas. Além disso, o Parapan nos mostrou mais uma vez que o Brasil segue uma curva acendente acentuada dentro do paradesporto internacional”, afirmou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. Das 13 modalidades dos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, o Brasil conquistou medalha em 12 e terminou em primeiro lugar em seis. Parsons destacou ainda que muitos atletas confirmaram as expectativas no México.

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Guadalajara 2011

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das américas! em Guadalajara 2011 e assegura hegemonia no continente

“Muitos mostraram que estão acendendo, o que poderá ser visto novamente nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012, e novidades que nos dão a certeza de que não temos somente excelentes atletas, mas que estamos criando uma base e um caminho claro de evolução para nossos atletas na carreira esportiva. Trabalhamos para tornar o Movimento Paralímpico Brasileiro mais sólido e moderno, propiciando renovação permanente de talentos, que garantirão o Brasil na liderança”, completou Parsons.

O presidente lembrou a primeira participação do Tiro com Arco no Parapan, que mesmo sem conquistar medalha, mostrou força e solidez, que deverá aumentar progressivamente nos próximos anos. “Temos hoje quatro programas de apoio muito importantes para a evolução e crescimento do alto rendimento do paradesporto brasileiro, que hoje atendem entre 15 e 25 atletas e que esperamos que abranjam cada vez mais brasileiros. São eles: Loterias Caixa Alto Nível, Time São Paulo, Time Rio de Janeiro e Programa Ouro”, apontou.


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Mais jovens No Atletismo, a média de idade dos atletas que representaram o Brasil no Parapan de Guadalajara 2011 foi de 27,92 anos, menor que no Rio 2007, que foi de 29,76 anos.

Avaliação do presidente do CPB, Andrew Parsons, sobre o desempenho das modalidades que competiram em Guadalajara. ATLETISMO “Conquistamos 27 ouros aqui, contra 25 no Rio 2007. A competição deste ano foi muito mais dura, além de ser fora de casa, com Canadá, Estados Unidos e México em alto nível.” BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS “No feminino, saímos do quarto lugar no Rio para a medalha de bronze, além da vaga para Londres 2012. No masculino tivemos uma queda. Fomos bronze no Rio e aqui ficamos com o quinto lugar. Isso mostra uma mudança na realidade do basquete nas Américas. Temos cinco anos para trabalhar uma equipe que possa brigar por medalha no Rio em 2016.” BOCHA “O segundo lugar, atrás do Canadá, foi um ótimo resultado, pois viemos com uma equipe renovada. Fábio Moraes ganhou o ouro na classe BC-4, e ainda tivemos mais dois bronzes, o que mostra o ótimo trabalho da Associação Nacional de Desporto para Deficiente (ANDE).” CICLISMO “A modalidade teve uma característica diferente em Guadalajara, pois aconteceu uma junção de classes por coeficientes. Nosso desempenho mostrou que os bons resultados do ciclismo são uma realidade.

Vamos para Londres com perspectivas de brigar pelo ouro.” FUTEBOL DE 5 PARA CEGOS “Atual campeão paralímpico, mundial, e bicampeão aqui.” GOALBALL “Pela segunda vez na história vamos à Paralimpíada com as duas equipes. A campanha foi sensacional.” HALTEROFILISMO “A modalidade passa por renovação. Temos novos nomes despontando, como o Bruno Carra, que ganhou a prata. Estamos criando sete centros de treinamento pelo país, para difundir a modalidade.” JUDÔ “O Brasil ficou em segundo, com dois ouros e o mesmo número de pratas que a vencedora Cuba, com quatro medalhas. Inclusive o Tenório, tetracampeão paralímpico. Não dá para esperar ouro sempre. Mas ele é um superatleta e não se brinca com um atleta desse nível.” NATAÇÃO “O Brasil sobrou nas piscinas. Tivemos 123 provas no Rio, e aqui foram 83. Ganhamos 38% das medalhas de ouro possíveis, com 33 medalhas em Guadalajara. O Brasil é um dos países mais fortes da natação. Daniel Dias é um fenômeno, com 11 ouros. André Brasil ganhou seis ouros, e poderia ser dez, pois quatro provas que disputa não foram realizadas aqui. Vanilton Filho foi medalhista de ouro com apenas

18 anos. Caio Oliveira, também ouro com 18 anos, Talisson Glock, ouro aos 16 anos, além de Joana Silva e Edênia ganhando várias medalhas. Esse panorama nos dá grandes perspectivas para 2012 e 2016.” TÊNIS DE MESA “Fizemos barba, cabelo e bigode. O Brasil ficou com 12 ouros, enquanto o segundo colocado, o México, com apenas três. Foram 24 medalhas ao total.” TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS “Carlos Jordan e Maurício Pomme vêm dividindo o protagonismo desde Atenas 2004, mas estamos trabalhando a Natalia Mayara, segunda do ranking mundial para a Rio 2016. Essa será a sua grande chance. Com 17 anos, é um diamante a ser lapidado.” TIRO COM ARCO “Única modalidade que não medalhou, mas seria cobrar demais. Estamos tentando dar o máximo para qualificar a modalidade. Os atletas ainda estão na disputa por vaga em Londres, o que seria inédito. Eles ainda terão algumas outras competições para pontuar. Batemos na trave duas vezes aqui, quase conquistamos o bronze, mas perdemos para os americanos.” VÔLEI SENTADO “Bicampeão Parapan-americano, em cima dos Estados Unidos, e com vaga garantida para Londres 2012. O Brasil encontrou seu melhor vôlei, de altíssimo nível, o que nos leva a sonhar com uma excelente participação nas Paralimpíadas.”

Nossos heróis Confira os nomes dos atletas que levaram o Brasil à liderança no quadro de medalhas dos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara: atletismo 60 medalhas: 27 de ouro, 23 de prata e 10 de bronze Coordenador da modalidade: Ciro Winckler Técnicos nacionais: Amaury Veríssimo, Fábio Breda e João Paulo Cunha Técnico Auxiliar: Raimundo Tadeu Monteiro Alan Fonteles (T43/44) – prata nos 200m e bronze nos 100m

Alex Mendonça (T12) – prata nos 5000m Ana Tércia Soares (T12) (guia Rogério Franco) – prata nos 100m e 200m André Oliveira (F44) – ouro no salto em distância André Andrade (T13) – prata nos 100m, 200m e 400m Ariosvaldo Silva (T53) – ouro nos 100m e 200m e prata nos 400m Carlos José Silva (T11) (guia Cássio Damião) – bronze nos 400m e 1500m Claudiney Santos (F57) – ouro no lançamento de dardo e bronze no lançamento de disco

Daniel Silva (T11) (guia Leonardo Lopes) – ouro nos 400m, prata nos 100m e 200m Edson Pinheiro (T38) – ouro nos 100m e 200m e prata nos 400m Francisco Daniel Silva (T37) – ouro nos 1500m e prata nos 800m Francisco Lima (F44) – ouro no lançamento de dardo Jenifer Santos (T38) – 100m e 200m rasos Jerusa Santos (T11) (guia Luiz Henrique da Silva) – prata nos 100m e 200m Jhulia Karol dos Santos (T11) (guia Fábio Silva) – bronze nos 100m


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Guadalajara 2011

Joana Helena Silva (T13) – prata 400m e bronze nos 100m Lucas Ferrari (T37) – prata nos 100m e 200m Lucas Prado (T11) (guias Justino dos Santos e Laércio Martins) – ouro 100m e 200m Marivana Nóbrega (F35) – ouro no lançamento de disco e prata no arremesso de peso Odair dos Santos (T11) (guias Carlos dos Santos e Samuel do Nascimento)– ouro nos 1500m e 5000m Paulo Douglas de Souza (F36) – ouro no lançamento de disco Paulo Flaviano Pereira (T38) – bronze nos 200m e 400m Roseane dos Santos (F58) – ouro no lançamento de disco e bronze no arremesso de peso Sheila Finder (T46) – prata nos 100m Shirlene Coelho (F37) – ouro no arremesso de peso e no lançamento de dardo e prata no lançamento de disco Terezinha Guilhermina (T11) (guia Guilherme Santana) – ouro nos 100m, 200m e 400m Thiago Souza (T54) – prata nos 100m Thierb Siqueira (T12)– ouro nos 200m e 400m e prata nos 800m Viviane Soares (T13) – prata nos 100m Yohansson Ferreira (T45/46) – ouro nos 100m e 200m e bronze nos 400m

13 Revista Brasil Paralímpico

Basquete bronze no feminino Coordenadora da modalidade: Ana Maria Fonseca Texeira Técnico: Wilson Flávio da Silva Corrêa Auxiliar técnica: Yara Helena Yule Jacobina Ana Aurélia Rosa Andreia Farias Cíntia de Carvalho Cleonete Reis Débora da Costa Lia Maria Martins Lucicléia da Costa Mônica Fernanda Silva Naildes Mafra Paola Klokler Rosália da Silva Vileide de Almeida

Bocha três medalhas: uma de ouro e duas de bronzes Coordenadora da modalidade: Márcia da Silva Campeão Técnicos: Ana Carolina Lemos Alves, Arthur Crus Gomes, Darlan França Ciesielski, Janaína Pessato Jerônimo e Moisés Fabrício de Souza Cruz Clodoaldo Massardi (BC3): bronze Fábio Dornelles (BC4): ouro José Carlos de Oliveira (BC1): bronze

Ciclismo oito medalhas: três de ouro, duas de prata e três de bronze Coordenador da modalidade: Romolo Lazzaretti Técnico: Cláudio Villalva Civatti Jady Malavazzi (H2.1): prata na corrida de rua João Alberto Schwindt (C5): ouro na perseguição individual, bronze no contra relógio e na corrida de rua Soelito Gohr (C5) – ouro no contra relógio e na corrida de rua, prata na perseguição individual e bronze no contra relógio 1000m

Futebol de 5

Goalball

medalha de ouro

medalha de ouro no masculino e prata no feminino

Coordenador da modalidade: José Antônio Ferreira Freire Técnico: Ramon Pereira de Souza Assistente Técnico: Ricardo Robertes Antônio Taffarel Cássio Reis Damião Robson Ramos Fábio Luiz Vasconcelos Gledson Barros Jefferson Gonçalves Marcos José Felipe Marcos Rogério Barros Ricardo Alves

Halterofilismo quatro medalhas: duas de prata e duas de bronze Coordenador da modalidade: Antônio Augusto Ferreira Júnior Técnicos: Carlos Williams Rodrigues da Silva, João Vieira Pereira Júnior, Valdecir Lopes da Silva e Weverton Lima dos Santos Alexandre Gouveia (até 55kg) – bronze Bruno Carra (até 60kg) – prata Luiz Carlos Novaes (até 82,5kg) – bronze Rodrigo Marques (até 90kg) – prata

Coordenador da modalidade: Artur José Squarisi de Carvalho Técnico do masculino: Alessandro Tosim Técnico do feminino: Paulo Sérgio de Miranda Alexsander Celente Arestino Filho Filippe Silvestre José Roberto de Oliveira Leandro Moreno Silva Romário Diego Marques Ana Carolina Duarte Cláudia Oliveira Gleyse de Souza Jéssica Alves Márcia Santos Neusimar dos Santos

Judô sete medalhas: Duas de ouro, quatro de de prata e uma de bronze Coordenador da modalidade: Jaime Roberto Bragança Técnico: Alexandre de Almeida Garcia

Antônio Tenório (B1) – prata Daniele Bernardes da Silva (B3) – prata Giovana Pilla (B1) – ouro Harley de Arruda (B1) – bronze Karla Cardoso (B3) – ouro Magno Gomes (B3) – prata Wilians de Araújo (B1) – prata


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Natação 85 medalhas: 33 de ouro, 23 de prata e 29 de bronze Coordenador da modalidade: Murilo Moreira Barreto Técnicos: Rui Menslin e Marcos Rojo Prado Técnicos auxiliares: Carlos César da Paixão Aguiar, Felipe Vaz Domingues, José Murilo Simas Abi-ramia, Marcelo Hiroshi Sugimori e Maria Idalina Machado Adriano de Lima (S6, Sb5 e SM6) – ouro no revezamento 4x50m, prata nos 100m, bronze nos 50m livre, 100m livre, 400m livre e 200m medley Alexandre Fernandes (S8) – bronze nos 400m livre Andre Brasil (S10, SB9 e SM10) – ouro nos 50m livre, 100m livre, 400m livre, 100m peito, revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley Caio de Oliveira (S8) – ouro nos 400m livre e 100m costas, prata nos 100m livre, 200m medley e bronze nos 100m borboleta Camille Cruz (S9) – prata nos 100m livre, 400m livre e 100m costas, bronze nos 50m livre Carlos Alberto Maciel (S8, SB8 e SM8) – ouro nos 100m peito Carlos Farrenberg (S13) – ouro nos 50m livre e 100m livre

Clodoaldo Silva (S5, SB4 e SM5) – ouro nos revezamentos 4x50m livre e 4x50m medley, prata nos 50m livre, 100m livre, 200m livre e 50m borboleta Daniel Dias (S5, SB4 e SM5) – ouro nos 50m livre, 100m livre, 200m livre, 50m borboleta, 100m peito, 50m costas, 200m medley e nos revezamentos 4x50m livre, 4x50m medley, 4x100m livre e 4x100m medley Edênia Garcia (S4, SB3 e SM4) – ouro nos 50m costas Francisco Avelino (S5, SB4 e SM5) – ouro no revezamento 4x50m medley, prata nos 50m costas e bronze nos 50m livre e 100m peito Gabriela Cantagallo (S9) – bronze nos 100m peito Genezi de Andrade (S3, SB2 e SM3) – ouro nos 50m livre, bronze 50m peito e 150m medley Gutemberg Ferraz (S14) – bronze nos 100m costas Jeferson Amaro (S6) – ouro no revezamento 4x50 medley, prata nos 100m costas e bronze nos 50m borboleta Joana Neves (S5) – ouro nos 50m livre, 100m livre, 200m livre e 50m borboleta João Luís Almeida (S13) – bronze nos 50m livre e 100m livre Letícia Lucas Ferreira (S5, SB4 e SM5) – prata nos 200m medley e bronze nos 100m peito Maria Dayanne da Silva (S6, SB7 e SM6) – bronze nos 50m borboleta Matheus Henrique da Silva (S9, SB9 e SM9)

– ouro nos 200m medley e no revezamento 4x100m medley, prata nos 50m livre, 100m peito e bronze nos 100m livre Matheus Rheine de Sousa (S11) – prata nos 50m livre Moisés Batista (S5, SB3 e SM4) – prata nos 50m peito Nélio Almeida (S7, SB6 e SM7) – bronze nos 100m peito Phelipe Rodrigues (S10) – ouro nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley, prata nos 50m livre, 100m livre e 400m livre Raquel Viel (S12) – prata nos 100m peito Regiane Silva (S12) – bronze nos 50m livre e 100m livre Renato Silva (S12) – bronze nos 200m borboleta Ronaldo Santos (S7) – ouro nos 400m livre, bronze nos 50m livre e 100m costas Ronystony Silva (S4) – ouro no revezamento 4x50 livre e bronze nos 50m livre Susana Ribeiro (S8 e SM8) – bronze nos 400m livre Talisson Glock (S6) – ouro nos 100m costas Vanilton Filho (S9) – ouro nos 50m livre, 100m livre, 400m livre e no revezamento 4x100m livre, bronze nos 100m borboleta William Sant’ana (S8) – prata nos 50m livre e bronze nos 200m medley

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Guadalajara 2011

Revista Brasil Paralímpico

Tênis de mesa 24 medalhas: 12 de ouro, seis de prata e seis de bronze Coordenador da modalidade: Edir Domingos de Oliveira Técnicos: Celso Toshimi Nakashima, Joachim Holger Goegel, José Ricardo Rizzone de Souza Vale, Robson Luiz Viana Barszcz e Paulo Ricardo Molitor Alexandre Lazarim (10) – ouro por equipe Carlo di Franco Michell (6) – ouro individual e por equipe Carlos Alberto Carbinatti (10) – ouro individual e por equipe Claudiomiro Segatto (5) – ouro individual e prata por equipe David Freitas (3) – prata individual e ouro por equipe Ecildo Lopes (4) – prata por equipe Edimilson Pinheiro (9) – ouro por equipe Ezequiel Babes (4) – ouro individual e prata por equipe Francisco Wellington Melo (8) – bronze individual e ouro por equipe Guilherme Riggio (9) – bronze individual e ouro por equipe Iliane Faust (11) – ouro individual Iranildo Conceição (2) – ouro individual e por equipe Ivanildo Pessoa (4) – prata individual e por equipe Jane Karla Rodrigues (8) – ouro individual João Martins (8) – ouro por equipe Joyce de Oliveira (4) – ouro individual e por equipe Juliano Miranda (11) – bronze individual Luana Couto () – bronze por equipe Lucas Martins (11) – ouro individual Maria Lúcia Pereira (5) – bronze individual e ouro por equipe Paulo Salmin (8) – prata individual e ouro por equipe Ronaldo Pinheiro (2) – prata individual e ouro por equipe Rosângela Azevedo (3) – bronze por equipe Welder Camargo (3) – bronze individual e ouro por equipe

Vôlei sentado medalha de ouro

Tênis em cadeira de rodas medalha de bronze em dupla

Coordenador da modalidade: Rony Gorski Damaceno Técnico: Fernando Lajes Guimarães Auxiliar técnico: Caio Namias

Coordenador da modalidade: Wanderson Araújo Cavalcante Técnicos: Josimário Ferreira de Souza e Leonardo Flávio de Oliveira

Carlos Augusto Barbosa Daniel Jorge da Silva Deivisson Ladeira dos Santos Diogo Rebouças Gilberto Lourenço da Silva Giovani Eustáquio de Freitas Guilherme Borrajo Faria Gomes Renato de Oliveira Leite Rogério Silva Camargo dos Santos Samuel Henrique Arantes Wellington Platini Silva da Anunciação Wescley Conceição de Oliveira

Carlos Alberto Santos – bronze em dupla Maurício Pomme – bronze em dupla


caixa.gov.br 16

Andre Brasil Nadador brasileiro, deficiente físico, recordista mundial dos 50m e 100m livre e 100m borboleta. Seis ouros conquistados no Parapan de 2011. Patrocinado pelas Loterias CAIXA.

P A R A

V I T O R I O S O S .

P A R A

R E C O R D I S T A S .

P A R A T L E T A S .

P A R A

M E D A L H I S T A S .

P A R A

O R G U L H O

B R A S I L E I R O S .

P A R A

T O D O S .

Quase metade do que é arrecadado pelas Loterias CAIXA é destinado a áreas sociais de nosso país, como o esporte. Apenas no biênio 2011/2012, nas modalidades paradesportivas de natação, atletismo, halterofilismo, tiro esportivo, esgrima em cadeira de rodas e futebol de cegos foi investido um total de 20 milhões de reais. Para as Loterias CAIXA, apostar no nosso esporte é ver o Brasil inteiro tirar a sorte. Loterias CAIXA, maior patrocinadora do paradesporto brasileiro.

SAC CAIXA: 0800 726 0101 (informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474

Há 50 anos, para a sorte todo mundo é igual


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Entrevista

Revista Brasil Paralímpico

Daniel Dias e Terezinha Guilhermina

Daniel Dias

RBP // Como

foi o ano de 2011 para você?

Entrevista

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Daniel Dias e Terezinha Guilhermina

Revista Brasil Paralímpico

RBP // Como se sente ao ser indicado ao

Laureus pela terceira vez?

Brasileiros

no Laureus

daniel // Foi

um ano fantástico para a natação brasileira. Classifico 2011 como um ano perfeito para mim, pois consegui evoluir e os resultados apareceram na piscina. Quebrei três recordes mundiais no Open de Natação em Berlim, em abril e conquistei 11 medalhas de ouro no Parapan de Guadalajara. Coletivamente a equipe nacional também melhorou e isso me deixou bastante satisfeito.

Revista Brasil Paralímpico conversou com a velocista cega mais rápida do mundo, Terezinha Guilhermina, e o maior medalhista dos Jogos Parapan-Americanos de Gualajara 2011, o nadador Daniel Dias, indicados ao Laureus 2012. Pela

RBP // Qual

a fórmula de sucesso para ganhar todas as 11 provas que disputou no Parapan?

primeira vez na história o Brasil teve dois atletas na disputa do Oscar do Esporte, na categoria Melhor atleta do ano no paradesporto. Ape-

Não há uma fórmula específica. Continuei a treinar forte e tive alguns apoios importantes. Meu patrocinador Mackenzie, que está sempre comigo, além do próprio Comitê Paralímpico Brasileiro, que por meio do Projeto Ouro permitiu que eu pudesse ir ao México 15 dias antes para fazer a aclimatação e não sentir os efeitos da altitude.

daniel //

sar do excelente ano de Terezinha e Daniel, o prêmio foi mesmo para o sul-africano Oscar Pistorius, que no ano passado quebrou barreiras e competiu no Mundial de Atletismo para atletas sem deficiência.

É uma grande honra estar lá mais uma vez representando o nosso País. É sempre gratificante ter o trabalho de um ano inteiro reconhecido com uma indicação ao Laureus. É um prêmio muito importante. Já ganhei uma vez e estou na expectativa para ver o que acontecerá agora. daniel //

RBP // Daniel, quais são seus objetivos para 2012?

O foco está nos Jogos Paralímpicos de Londres. Não tem como ser diferente. Já venho treinando forte desde o início de janeiro. Antes das Paralimpíadas pretendo disputar ao menos três competições internacionais de alto nível. A primeira delas será o Open de Natação na Austrália. Logo depois, em abril, terá outro campeonato, desta vez na África do Sul. Para finalizar a preparação paralímpica, no fim de maio pretendo disputar mais uma etapa do Open, em Berlim. Mi-

daniel //

Quebrei três recordes mundiais no Open de Natação em Berlim, em abril e conquistei 11 medalhas de ouro no Parapan de Guadalajara. Coletivamente a equipe nacional também melhorou e isso me deixou bastante satisfeito Daniel Dias

nha expectativa é nadar em alto nível nestas provas e chegar muito bem nas piscinas britânicas. A meta é trazer mais medalhas de ouro para o País e ajudar o Brasil a se manter entre as mprincipais potências do paradesporto mundial.

Foi a primeira vez que o país teve uma mulher entre os indicados. Dona das melhores marcas em sua classe, T11 (perda total de visão), a corredora de 33 anos teve em 2011 um ano incrível. Além de conquistar quatro medalhas de ouro no Mundial e três nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara, Terezinha foi eleita representante dos atletas no Conselho do Comitê Paralímpico das Américas e melhor atleta em sua modalidade e do ano no Prêmio Paralímpicos 2011. Em dua terceira indicação ao Laureus, Daniel Dias, 23, revive a emoção de

Terezinha Guilhermina

RBP // Qual

a avaliação que faz de 2011?

terezinha // Foi

o melhor ano da minha carreira. Dei o melhor de mim e como recompensa ganhei tudo o que disputei. Foram quatro medalhas de ouro no Mundial de Atletismo de Christchurch, na Nova Zelândia. Bati os recordes nos 100m, 200m e 400m rasos. Nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara mantive a boa forma e levei mais três ouros, fechando o ano passado de um modo perfeito.

RBP // Você se preparou de um modo diferente para o último ano, haja vista teus resultados?

RBP // Como foi para você ser indicada ao Laureus pela primeira vez?

Foi o melhor ano da minha carreira. Dei o melhor de mim e como recompensa ganhei tudo o que disputei. Foram quatro medalhas de ouro no Mundial de Atletismo de Christchurch, na Nova Zelândia Terezinha Guilhermina

2009, quando ganhou o maior prêmio do esporte. Conhecido mundialmente por suas conquistas, o nadador ganha admiradores por onde passa e cativa tanto atletas com deficiência quanto sem. Tornou-se exemplo de garra e determinação.

terezinha // Em agosto de 2010 troquei de guia. Passei a correr junto com o Guilherme Soares Santana. Atribuo a ele meu ótimo desempenho na temporada passada. No Mundial da Nova Zelândia de 2011 estava muito pressionada. O marketing do evento foi todo feito em cima de mim. O assé-

dio também foi um grande e novo desafio. E sempre encontrei no Guilherme uma pessoa alegre, meu maior torcedor. Ele veio com todo o gás, acreditou em mim. Me senti segura e confiante.

terezinha // Sem

dúvida é um sonho realizado. Nunca soube o que fazer para conseguir a indicação. Dediquei-me ao máximo nas competições que disputei, fiz o meu melhor. Quando soube que estava entre os seis finalistas não me contive de emoção, fiquei feliz demais.

RBP // Para finalizar, quais são suas perspectivas para 2012?

Já comecei a trabalhar visando as Paralimpíadas de Londres. Este ano será de dedicação exclusiva e não precisarei dividir meu tempo com a faculdade de Psicologia. Começo a disputar competições em maio e quero superar minhas próprias marcas e estabelecer três novos recordes que durem por muito tempo. Meu foco são os 100m, minha prova principal. Nos 400m tenho adversárias perigosas, como uma ucraniana e outra chinesa.

terezinha //


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Prêmio paralímpicos 2011

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Revista Brasil Paralímpico

Revista Brasil Paralímpico

Premiação inédita

Movimenta são paulo Primeiro Prêmio Paralímpicos reúne a nata do paradesporto brasileiro em cerimônia que homenageou os melhores do ano, no Palácio dos Bandeirantes

O ano de 2011 foi repleto de conquistas para o Paradesporto Brasileiro. Para celebrar os feitos dos atletas, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) organizou no dia 14 de dezembro o primeiro Prêmio Paralímpicos, que teve como cenário o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. A cerimônia reuniu os melhores do ano e contou com a presença do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin, e da secretária da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. Com 71% dos votos populares, conquistados nas redes sociais e site do CPB, o nadador Daniel Dias foi o melhor atleta eleito pelo público. “Esse prêmio não é só meu. Estamos mostrando o valor do esporte paralímpico para o Brasil e para o mundo. Agradeço a Deus, aos meus pais, minha família e a todos que votaram em mim”, discursou Daniel, que também foi eleito o melhor da Natação em 2011 e teve o prêmio entregue por Mizael Conrado. Na categoria feminina a disputa foi bastante acirrada. Entre a nadadora Joana Maria Neves, a jogadora de Basquete em Cadeira de Rodas Débora Cristina Costa e a corredora Terezinha Guilhermina, venceu a velocista com 46% dos votos. “Estou muito feliz por receber esse prêmio. A Débora e a Joana foram concorrentes que nunca tive tão próximas. Esse prêmio tem um sabor ainda mais especial para

Terezinha Guilhermina, Daniel Dias e a reveleção Thierb Siqueira foram os grandes vencedores da primeira edição do Prêmio Paralímpicos

mim. Nos últimos oito anos tenho me dedicado totalmente ao Atletismo e em 2011 ganhei todas as provas que disputei. Agradeço a todos que votaram em mim e ao Guilherme (seu atleta-guia) pela campanha que fez nas redes sociais”, disse Terezinha emocionada ao receber o troféu pelas mãos do presidente do CPB. Antes de começar a premiação, Andrew Parsons fez uma homenagem ao governador de São Paulo. “Ganhamos um jogador a mais, que tem ajudado o nosso time a ser mais que vencedor. Nosso camisa 10, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin. Obrigado por ter aberto a sua casa ao Paradesporto Brasileiro”, agradeceu Andrew Parsons na abertura do evento. O governador recebeu do do CPB uma camisa da Seleção de Futebol de 5 para cegos, com seu nome gravado acima do número 10. Após ressaltar a importância do Esporte Paralímpico e suas conquistas para todos os brasileiros, Alkmin disse que divide a camisa 10 com a secretária Linamara. “O paradesporto pode contar com o Estado de São Paulo”, afirmou o governador. Foram 22 premiados como melhor atleta do ano nas modalidades que integram o programa de provas dos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e Rio 2016, os melhores atletas do ano pelo voto popu-

Ganhamos um jogador a mais, que tem ajudado o nosso time a ser mais do que vencedor. Nosso camisa 10, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin

lar nas categorias feminino e masculino, atleta revelação em 2011, melhores técnicos em modalidades individuais e coletivas, além de troféus em homenagem à pessoas importantes na história do Movimento Paralímpico Brasileiro. Como mestres de cerimônia, os jornalistas esportivos Glenda Kozlowski e Tino Marcos anunciaram os melhores do ano. Cercada de muita emoção e surpresa, a cerimônia reuniu mais de 400 pessoas no auditório do Palácio. Em reconhecimento pela dedicação ao Paradesporto Brasileiro, o CPB homenageou os dois primeiros presidentes do Comitê,

João Batista e Vital Severino, com o Troféu Aldo Miccolis – presidente de honra do CPB in memorian, um dos dirigentes que iniciou o Movimento Paralímpico no Brasil. “Graças a sua ousadia o Esporte Paralímpico no Brasil sobreviveu e cresceu. Graças ao seu trabalho o paradesporto entrou para a Lei Pelé”, lembrou Andrew Parsons ao entregar o prêmio a João Batista. “Agradeço à minha esposa e filhos, que compreenderam a minha ausência tantas vezes, e aos presidentes das Confederações, que me entregaram a missão de estruturar o CPB, em 1995, no Instituto Benjamin Constant”, disse João Batista.


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Prêmio paralímpicos 2011

Destaques do Calendário 2012

Revista Brasil Paralímpico

23 Revista Brasil Paralímpico

Comitê Paralímpico Brasileiro faz homenagem a João Batista e Vital Severino, os dois primeiros presidentes da entitade

Na entrega do segundo troféu, Andrew Parsons reforçou a mudança que o paradesporto brasileiro passou. “Ele implementou a mudança do paradeporto na gerência. As Confederações, especializadas em suas modalidades, trazem hoje o nome do Brasil ao topo do paradesporto mundial e seu trabalho e dedicação levou o Brasil ao nono lugar em Pequim 2008”, ressaltou o presidente do CPB. “Gostaria de agradecer ao Andrew, companheiro de muito tempo. Eu acreditei em sua competência e juventude. A minha participação como presidente do CPB foi a de sair do modelo do amadorismo para buscar o profissionalismo”, afirmou Vital. Entregue por Mizael Conrado, o Troféu Personalidade Paralímpica homenageou a secretária Linamara Rizzo Battistella. “Ela no ano de 2011 contribuiu na realização da maior competição paradesportiva do mundo para estudante e criou o Time São Paulo”, anunciou Mizael.

Surpresa, a secretária não escondeu a emoção ao receber o troféu. “Esse momento tem uma enorme importância pela presença de cada um, que é recebido com muito carinho pelo governador Geraldo Alkmin e pelo Estado de São Paulo. Andrew representa de maneira jovial e muito profissional a qualidade do esporte paralímpico brasileiro. O Brasil é hoje é uma referência. Quero lembrar também a importância do Mizael na melhoria do paradeporto no Estado de São Paulo. Você nos anima a trabalhar mais e construir mais para o esporte paralímpico. Este troféu é a homenagem mais importante que recebi na minha vida”, ressaltou. Pelo seu trabalho e dedicação à promoção do paradesporto na mídia, o jornalista da Rede Globo Renato Peters recebeu uma placa com agradecimento do CPB, representando também todos os profissionais dos meios de comunicação, que se empenham na cobertura do esporte paralímpico.

Ganhadores em 2011 Melhor atleta pelo voto popular Masculino Daniel de Faria Dias | Natação Feminino Terezinha Aparecida Guilhermina | Atletismo Melhor atleta Atletismo Terezinha Aparecida Guilhermina Basquete em Cadeira de Rodas Débora Cristina Guimarães da Costa Bocha Eliseu dos Santos Canoagem Fernando Fernandes de Pádua Ciclismo Soelito Gohr Esgrima Jovane Silva Guissone Futebol de 5 Jefferson da Conceição Gonçalves Futebol de 7 Wanderson Silva de Oliveira Goalball Romário Diego Marques Halterofilismo Rodrigo Rosa de Carvalho Marques Hipismo Vera Lúcia Martins Mazzilli Judô Daniele Bernardes da Silva Natação Daniel de Faria Dias Remo Cláudia Santos Rúgbi em Cadeira de Rodas Alexandre Taniguchi Tênis de Mesa Carlo di Franco Michell Tênis em Cadeira de Rodas Carlos Alberto Chaves dos Santos Tiro com Arco Patricia France Marie O’Neill Layolle Tiro Esportivo Débora da Silva Rodrigues Campos Triatlo Rodrigo Feola Vela Bruno Landgraf das Neves Voleibol Sentado Gilberto Lourenço da Silva Revelação Thierb da Costa Siqueira | Atletismo Melhor técnico Modalidade Individual Amaury Wagner Veríssimo | Atletismo Modalidade Coletiva Ramon Pereira de Souza | Futebol de 5

Agenda cheia em 2012 Torneios internacionais são alguns dos destaques antes das Paralimpíadas de Londres

Os atletas paralímpicos brasileiros suarão a camisa em 2012. O CPB tem um calendário extenso de compromissos. Ao todo, os esportistas estarão envolvidos em 50 eventos entre treinamentos, intercâmbios e competições. Tudo isso somente nas cinco modalidades coordenadas pelo Comitê: esgrima, natação, atletismo, halterofilismo e tiro esportivo. As Paralimpíadas de Londres serão o principal evento do ano, foco da atenção de todos os atletas brasileiros. Os Jogos terão 12 dias de duração, com esportistas de todo o mundo. A abertura ocorrerá no dia 29 de agosto e o encerramento, 09 de setembro. O calendário esportivo foi aberto oficialmente no dia 20 de janeiro, com a apresentação para treinamento e avaliação da seleção permanente de esgrima em cadeira de rodas, em Pirassununga, interior paulista. Alguns outros eventos internacionais fazem parte do calendário, como o 4º Campeonato Fazaa Internacional de Para-halterofilismo, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 20 e 27 de fevereiro. Os atletas do tiro esportivo também terão um evento internacional, a Copa do Mundo de Tiro Esportivo do IPC, entre 12 e 14 de abril, na cidade polonesa de Szczecin. Alguns intercâmbios com as equipes de atletismo e natação também fazem parte da preparação para os Jogos Paralímpicos

de Londres. Destaque no atletismo para a Maratona Internacional de Paris, no dia 15 de abril, e para o evento teste que acontecerá em Londres, dia 8 de maio, no Estádio Olímpico, local onde provas dos Jogos Paralímpicos serão realizadas, além do Circuito Europeu de Para-atletismo, entre 30 de maio e 04 de junho. Na natação, as atenções ficam voltadas para o International German Championships Swimming 2012, na capital Berlim. O evento acontecerá dois meses antes das Paralimpíadas, entre 25 de junho e 02 de julho. No Brasil, as etapas do Circuito Loterias Caixa seguem com força total. Serão quatro fases regionais e três nacionais, com

competições de atletismo, halterofilismo e natação. A fase regional São Paulo será a primeira, entre 10 e 12 de fevereiro, na capital paulista. A regional Rio/Sul terá sede em Curitiba, entre 16 e 18 de março. Logo depois, vem a fase Norte/Nordeste, nos dias 27 a 29 de abril, em Natal. Por fim, a fase regional Centro Leste entre 18 e 20 de maio, em Brasília. As duas primeiras etapas nacionais do Circuito serão em São Paulo. A primeira entre 15 e 17 de junho e a segunda de 13 a 15 de julho. A terceira etapa encerrará o calendário de 2012, nos dias 23 a 25 de novembro, em Porto Alegre. As Paralímpiadas Escolares acontecerão novamente em São Paulo, de 8 a 13 de outubro.


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Festa no Rio

Festa no Rio

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Revista Brasil Paralímpico

Logo e mudanças

Logo e mudanças

Revista Brasil Paralímpico

Rio 2016

apresenta logo dos jogos paralímpicos

Festa na Lagoa marca também a troca do nome Paraolímpico para Paralímpico e o lançamento do novo portal do CPB

Cerca de 200 mil pessoas acompanharam o lançamento da Logomarca oficial dos Jogos Paralímpicos 2016, que ocorreu durante a inauguração da 16ª Árvore de Natal da Bradesco Seguros, o terceiro evento anual de maior mobilização do Rio de Janeiro, após o réveillon de Copacabana e o carnaval. “Essa é uma marca que expressa paixão e transformação sob a ótica do Movimento Paralímpico e seus valores: coragem, determinação, inspiração e igualdade. Uma marca que pode não apenas ser vista, mas também experimentada por meio de diversos sentidos, atingindo o maior número de pessoas, no mesmo espírito de inclusão que queremos para os Jogos”, disse o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™, Carlos Arthur Nuzman. “A marca representa bem o nosso movimento e os valores do esporte paralímpico, um coração que une e ao mesmo tempo transforma, com emoção e determinação”, disse Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro. O desenvolvimento da marca ficou a cargo da Tátil Design de Ideias. É a mesma agência brasileira selecionada para criar a marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016™, após um processo de cinco meses que contou com a participação de 139 agências nacionais. O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) reconheceu a abrangência do processo e também escolheu a Tátil para desenvolver a marca paraolímpica.

Quando a toquei, com o som da torcida e do coração pulsando, passou um filme da minha carreira na minha cabeça. Mexeu demais comigo. Ela é muito bonita Ádria dos Santos

A primeira aparição da marca aconteceu no fim da exibição de três minutos do filme oficial no telão do palco principal do evento, em frente ao Estádio de Remo. Após a apresentação do vídeo e ao som de trilha sonora emocionante, uma enorme escultura da marca, medindo 4m de altura e 3m de largura e pesando 160kg, foi erguida por uma plataforma hidráulica ao lado do palco. Um rastilho de fogos foi disparado a partir da plataforma em direção à Árvore de Natal, dando a deixa para o seu acendimento. Em uma arquibancada de frente para o palco principal, acompanhando o evento, estavam o presidente do IPC, Sir Philip Craven; o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sergio Cabral; o prefeito do Rio, Eduardo Paes; e o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcio Fortes, além de Carlos Arthur Nuzman e Andrew Parsons. Sir Philip Craven, presidente do IPC, disse: “Para mim, a marca representa o coração de um atleta e, como nossos atletas são o

coração do Movimento Paralímpico, ela é simplesmente perfeita em destacar o que nós somos. Assim como a fantástica cidade do Rio, cada vez que olho para a marca percebo algo novo; nunca é a mesma coisa quando olho novamente. Falamos muito no Movimento Paralímpico sobre espírito em movimento e essa marca representa isso perfeitamente.” A presença dos medalhistas paralímpicos Daniel Dias, Clodoaldo Silva (natação) e Ádria dos Santos (atletismo) tornou a cerimônia ainda mais especial. Ádria teve a oportunidade de ter nas mãos um modelo pequeno da Logo e sentir tudo o que foi falado, num momento emocionante, que levou a campeã paralímpica e muitas pessoas ao seu redor às lágrimas. Um novo tempo Paralelamente ao lançamento de seu novo site e da logomarca dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, no Rio de Janeiro, o Comitê deixou de ser Paraolímpico e passou a adotar a nomenclatura Paralímpico desde o dia 26 de novembro de 2011. A mudança segue alinhada ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC) e demais Comitês de língua latina. O Brasil foi o último país de língua portuguesa a fazer a troca. “Tínhamos que fazer a mudança, a pedido do IPC, e entendemos que este momento seria o ideal, juntamente com o lançamento da Logo dos Jogos Paralímpicos 2016”, afirmou Andrew Parsons , presidente do CPB.

De propriedade do IPC, os nomes Paralímpico e Paraolímpico foram sublicenciados ao CPB, que ainda tem no Brasil o amparo da Lei 9615 – também conhecida como Lei Pelé. “Foi uma orientação do Comitê Paralímpico Internacional, para o Brasil se alinhar mundialmente aos demais países, inclusive os de língua portuguesa. A mudança será gradual e natural, começando com a troca de nomenclatura nas assinaturas de emails e o lançamento do novo portal”, explicou o gerente de Comunicação e Marketing do CPB, Frederico Motta. A mudança se aplica não só ao nome do Comitê Paralímpico Brasileiro, mas também aos Jogos e nas referências às modalidades e ao paradesporto.


Promessa 2016

Revista Brasil Paralímpico

Fábio Dornelles

Sangue novo

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Medalhista de ouro na bocha em sua primeira participação nos Jogos ParapanAmericanos, o gaúcho Fábio Dornelles tem uma ligação antiga com o esporte e concentra seus esforços para estar nas Paralimpíadas do Rio 2016

Estava com o braço machucado, não vinha treinando bem. Antes de viajar fui até a igreja que frequento e lá tive uma profecia de que seria campeão

Nascido em Guaíba-RS, Fábio Dornelles sempre foi fã de esportes. Aos 5 anos, mudou-se com a família para Mogi das Cruzes, no interior paulista. Lá conheceu os benefícios da prática esportiva e nunca mais parou. Com 10 anos começou a jogar futebol de campo com amigos. Aos 14, deixou as quatro linhas para se aventurar em outras áreas. Natação, ginástica e saltos ornamentais foram os escolhidos. Acidente na piscina Fábio se considera baladeiro, e foi por conta desta sua paixão que se aproximou do desporto paralímpico. Promoter na boate Black Knight, o jovem então com 20 anos foi morar com um amigo e deu uma festa, em novembro de 2003. Após alguns drinques, começou a saltar do segundo andar da casa direto para a piscina, no térreo.

“Meus amigos pensaram que estava brincando, sempre gostei de fazer coisas do tipo. Fiquei cerca de um minuto e comecei a me afogar.” Um amigo percebeu que algo estava errado e pulou para resgatá-lo. Sem nenhuma preocupação e preparo, Fábio foi retirado e posto na beira da piscina. Os bombeiros chegaram 10 minutos depois e foram constatadas lesões em duas vérte-

Revista Brasil Paralímpico

Após provar seu talento na bocha, Fábio foi convocado para disputar os Jogos Parapan-Americanos em Guadalajara. Evangélico, ele conta que não estava no melhor de sua forma durante os Jogos, mas que uma previsão o fez acreditar no melhor.

A superação no esporte A bocha surgiu por acaso na vida de Fábio. Quando passeava por um shopping, em 2009, ele avistou Dirceu Pinto e o reconheceu por tê-lo visto em ação nos Jogos Paralímpicos Pequim 2008, pela televisão. Tímido, o jovem se aproximou do atleta e foi convidado por ele e por sua técnica Ana Carolina Lemos – atual treinadora dos dois – a conhecer a modalidade. A princípio Fábio não gostou muito da ideia, mas foi com o pai ao centro de treinamentos em Mogi duas semanas depois. Como não sentia as mãos e não tinha força, quis desistir.

“Estava com o braço machucado, não vinha treinando bem. Antes de viajar fui até a igreja que frequento e lá tive uma profecia de que seria campeão.”

“Neste dia arremessei a bola por mais de cem metros e nunca mais quis parar”, conta.

Na primeira tentativa bateu com o queixo na piscina. No segundo salto foi a vez do peito. Já no terceiro, Fábio bateu com a cabeça na quina e ficou no fundo da piscina, acordado e paralisado.

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Fábio Dornelles

bras cervicais, o que deixou Fábio tetraplégico. O jovem foi internado e ficou vinte dias no hospital. Na primeira semana de internação foi operado e colocou uma placa no pescoço. Logo após ir para casa começou a fisioterapia e com seis meses conseguiu se sentar.

Foi quando a técnica lhe deu um kit de bocha, que inclui uma luva que os jogadores usam.

“Eram cinco ou seis metros e resolvi pular. Já praticava saltos há alguns anos, não tive medo”, lembra.

Promessa 2016

Com quatro meses no esporte, garantiu o sexto lugar numa competição regional e uma vaga para disputar o Campeonato Paulista. Resultados expressivos em pouco tempo Fábio conseguiu o título paulista em duplas ao lado de Dirceu e ficou em terceiro lugar no individual. Nos anos seguintes, a parceria manteve-se vitoriosa e Fábio sagrou-se tricampeão nacional nas duplas. Em 2010, o jovem chegou à final do Campeonato Brasileiro, mas foi derrotado pelo número um da classe (BC4), o paranaense Eliseu dos Santos. No último Nacional, em 2011, ele teve uma segunda oportunidade e conseguiu derrotar seu maior adversário no tie-break, tornando-se o atual campeão na sua classe – que inclui atletas com deficiências neurológicas e físicas severas, mas que não podem receber auxílio durante as competições.

E não deu outra, Fábio derrotou os dois melhores atletas da modalidade e levou a única medalha de ouro do Brasil na bocha logo em sua primeira participação. Ele conta que está ansioso, e na expectativa de ser convocado para os Jogos de Londres. “Hoje não sou o melhor no ranking nacional, o Dirceu e Eliseu (atual número um do ranking mundial na BC4) estão na minha frente porque estão competindo há mais tempo.” Seu grande sonho é representar o País nas Paralímpiadas do Rio, em 2016. Fábio voltou a treinar logo na primeira semana de janeiro, junto com Dirceu.

Eram cinco ou seis metros e resolvi pular. No primeiro salto bati com o queixo na piscina. No segundo, com o peito. Já no terceiro, a cabeça bateu na quina. Fiquei acordado e paralisado


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Notícias

Notícias

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O gaúcho Jovane Guissone entrou de vez para a história da esgrima em cadeira de rodas do Brasil. Em janeiro, o atleta conquistou uma inédita medalha de prata na prova de espada masculina categoria B, na Copa do Mundo da modalidade, em Malchow, Alemanha. Esta foi a melhor colocação de um brasileiro em disputas internacionais.

basquete

andef

Em cerimônia realizada na Inglaterra, foram definidas as equipes nacionais de basquete em cadeira de rodas que irão compor os dois grupos da primeira fase dos jogos das Paralimpíadas de Londres. Na chave da Seleção feminina do Brasil estão Austrália, Canadá, Holanda e Grã Bretanha. Já o grupo B é composto por China, Estados Unidos, Alemanha e França. A quinta vaga desta chave será decidida no confronto entre México e África do Sul em partida qualificatória.

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 divulgou no começo de fevereiro a lista completa com 172 locais, em 73 cidades de 18 estados brasileiros, para treinamento de atletas e delegações durante o período pré-Jogos Rio 2016. As instalações da Andef , primeiro centro de treinamento paralímpico do Brasil, em Niterói, foram escolhidas pelo comitê organizador para receber delegações de outros países no megaevento que acontecerá no Rio.

judô O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) recebeu um reforço para colocar em prática ações que visam a preparação de atletas para os próximos grandes eventos Paralímpicos: Londres 2012 e Rio 2016. Graças aos convênios firmados com o Ministério do Esporte, a Seleção Brasileira de Judô para Cegos recebeu no início do mês agasalhos completos, camisetas, bermudas, mochilas e kimonos brancos, um investimento de R$ 12.720,95, dos R$ 823.112,83 destinados à modalidade, em 2011.

Futebol de 5 goalball

A Seleção brasileira masculina de rugby disputou o primeiro torneio do ano. Os atletas estiveram nos Estados Unidos entre os dias 13 e 15 de janeiro para disputar a 20ª Coloplast International Rugby Tournament. O torneio reuniu, além do Brasil, nove das principais equipes de rugby americanas. A Seleção terminou em sexto lugar. Os Estados Unidos são os atuais campeões paralímpicos e contam com cerca de 50 equipes profissionais de rugby no país.

Esgrima

Revista Brasil Paralímpico

rugby

Notícias

Revista Brasil Paralímpico

As seleções masculina e feminina de goalball se reuniram para a 1ª Fase de Treinamentos, entre 04 e 11 de fevereiro. Os homens ficaram concentrados na cidade de Jundiaí-SP, enquanto as mulheres treinaram em Niterói-RJ. As seleções de goalball passarão por sete fases de treinamento, todas nas mesmas cidades. A lista dos convocados está disponível na página do Comitê Paralímpico Brasileiro, no endereço http://www.cpb.org.br

A Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais (CBDV) já começou o ano com uma semana de treinamento,, entre 05 e 12 de fevereiro, na Andef, em Niterói. A lista inicial conta com 16 atletas, mas será reduzida para 10 até os Jogos de Londres. O Brasil é o atual bicampeão paralímpico, e tem como principal objetivo do ano manter a hegemonia mundial em Londres. Confira a relação completa dos convocados no site do Comitê Paralímpico Brasileiro. O endereço é http://www.cpb.org.br


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Expediente

Revista Brasil Paralímpico

Presidente Andrew Parsons

Coordenação da Revista BP Media Guide Comunicação

1º Vice- Presidente LUIZ CLAUDIO PEREIRa

Jornalista Responsável Diogo Mourão MTB 19142/RJ

2º Vice- Presidente MIZAEL CONRADO

Edição e Textos Ananda Rope Janaína Lazzaretti

Superintendente Administrativo, Finanças , Contabilidade e Eventos Carlos José Vieira de Souza

Judô para cegos. Um esporte que, antes de a luta começar, já tem dois vencedores.

Estagiário JORGE MACEDO

Diretoria Técnica Edilson Alves da Rocha

Imagens arquivo cpb

Gerência de Comunicação e Marketing Frederico L. Motta

Projeto gráfico e diagramação Inventum design

Conselho Fiscal José Afonso da Costa Hélio dos Santos Roberto Carlos Emilio Picello

Impressão Gráfica santa marta

C

M

Turma da Mônica

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Brasil Paralímpico é uma publicação bimestral do Comitê Paralímpico Brasileiro e esta edição teve 3.500 exemplares impressos em fevereiro de 2012. Endereço Sede CPB SBN Qd- 2- Bl. F- Lt. 12 Ed. Via Capital – 14º andar Brasília/DF – CEP: 70040-020 Fone: 55 61 3031 3030 Fax: 55 61 3031 3023 www.cpb.org.br www.twitter.com/cpboficial www.youtube.com/cpboficial www.facebook.com/comiteparaolimpico

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Através do judô, deficientes visuais provam que o esporte tem poder de superação e que impossível é uma palavra que não deveria existir.

Infraero. Patrocinadora oficial do Judô para Cegos Brasileiro.



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