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Itatinga
Itatinga, sonho, por enquanto, inacessível
Conhecer a mais antiga usina hidrelétrica do Brasil e a vila na qual viviam seus funcionários continua apenas um desejo de turistas, agências, e moradores de Bertioga
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O núcleo residencial, com casas, empório, posto médico, escola, áreas de lazer e igreja, foi criado para abrigar os funcionários e seus familiares, devido às dificuldades de acesso ao local


Inaugurada em 1910, entre o rio Itapanhaú e as montanhas de 730 metros de altura da Serra do Mar, em área adquirida da antiga Fazenda Pelaes, a Usina Hidrelétrica de Itatinga e a Vila de Itatinga já foram grandes atrativos do turismo de Bertioga, até 2012. Há expectativa de que a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), sua proprietária, concorde em reabrir esse patrimônio histórico à visitação, o que vem sendo tentado por vários canais políticos. A usina continua ativa, e abastece o porto de Santos, mas, hoje, poucos moradores habitam a vila, que só recebe visitantes na festa de aniversário do Itatinga Futebol Clube, em 7 de setembro.
É encantadora a atmosfera criada pela arquitetura inglesa na vila composta por 70 casas, distribuídas em uma única rua, na qual também funcionavam escola, posto médico, padaria, cinema e teatro, além da graciosa capela Nossa Senhora da Conceição. Chegar lá já é um passeio, que começa no portinho de Itatinga, no rio Itapanhaú, no fim da rua Manoel Gajo, a bordo de um barco que deixa os passageiros em outro portinho, na margem oposta do rio. Lá, embarca-se em um bonde que percorre, em meia hora, os 7,5 quilômetros da via férrea até a vila. E depois segue até a usina onde é processada a água do rio Itatinga, que brota no alto da montanha.
Na casa de força, a água captada do rio Itatinga é transformada em energia cinética e encaminhada ao porto de Santos


A vila constituía-se, também, em um ponto de partida para outras aventuras oferecidas por muitas agências turísticas, como as trilhas das Ruínas, da Captação, e a dos Três Poços, mais o Caminho de Pedra, da planície ao topo da Serra do Mar, com deslumbrantes vistas, primeiro, dos rios Itapanhaú e Itatinga, e, ao fim de três horas de caminhada, de Bertioga até o arquipélago Alcatrazes, em São Sebastião.
Hoje nada disso é possível, dada a localização dessas atrações, em áreas do Parque Estadual da Restinga de Bertioga (Perb), dentro do qual Itatinga está, mas em área de concessão, e dentro do fronteiriço Parque Estadual da Serra do Mar, que atualmente não oferece trilhas abertas ao público.
Por enquanto, resta esperar pela concretização do plano de manejo do Perb, que abrirá mais áreas ao público, e pela oferta de trilhas regulares no Parque da Serra do Mar. Além de torcer para que a Codesp ceda aos apelos e libere Itatinga para visitação. Mas, atualmente, dá para chegar bem perto da vila, visitando o Sítio Vergara, também parte da antiga Fazenda Pelaes, que foi grande produtora de banana, como toda a região, entre os anos 1930 e 1970 (veja matéria sobre agências, monitores e passeios na página 64).
