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Como as mídias construíram um corpo para o verão em nossas cabeças e como propagandas com mulheres inclusivas estão desconstruindo esse papel

Como as mídias construíram um corpo para o verão em nossas cabeças e com propagandas com mulheres inclusivas estão desconstruindo esse papel

Por: Dandara Goecking

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Desde muito novos construímos a ideia de um corpo perfeito, totalmente influenciado pela mídia, no verão isso não seria diferente. Vocês já pararam para pensar quando pessoas gordas são vistas com roupa de banho, em festas na piscina ou como elas são retratadas nessa estação nos filmes e séries que vimos durante a vida? Ou pior, quantas vezes esses corpos são retratados sem um teor pejorativo ou no papel daquele personagem que vai ser “zoado” ? Já perceberam que na vida desses personagens sempre acontece um “milagre” e emagrecem muito facilmente e só assim eles ganham o respeito que merecem? Pois é. É dessa forma que a mídia interfere em nossas vidas, vai construindo pouco a pouco ódio àqueles corpos que não são retratados, sem contar nas pessoas que aparecem nas propagandas, ensaios fotograficos de marcas, nas novelas e assim por diante.

O verão é aquela época do ano que imploramos por uma praia, piscina ou, para aqueles amantes de natureza, uma cachoeira, agora imagine o cenário: calor de 40°C e você não se permite ir à praia, mas não porque é longe ou porque está no horário de trabalho, mas por não ter o corpo padrão ou não ter começado o “projeto corpo de verão” a tempo. Triste, não é? Essa é a realidade de muitas das pessoas que não possuem um corpo com esta forma perfeita, pre estabelecida pela sociedade e principalmente pela mídia, o que pode abalar diretamente a autoestima e interfere em diversos campos da vida dessas pessoas.

Em algum momento, elas deixam de ir a locais em que se sentem expostas ou têm medo de usar algo e serem julgadas. Até quando essa construção vai nos privar de viver e aproveitar a vida de um jeito feliz? Graças a essa nova geração, temas como Gordofobia e Corpo Livre vêm sendo pautados e alguns passos estão sendo dados. Mesmo que aos poucos, cada passo é de extrema importância, pois são eles que estão fazendo com que a mídia — ainda que em pequena escala — comece a abraçar esses corpos e a tornar o mercado mais inclusivo. Nossa sociedade ainda é sustentada por pilares excludentes que enaltece e favorece os que estão mais próximos da “perfeição” e constantemente somos bombardeados por padrões inalcançáveis de beleza. Estamos rodeados por esse modelo de tal forma que as vezes até me sinto no mundo perfeito da Barbie, mas é aí que eu me olho no espelho ou vou a praia e encontro corpos tão reais, tão plurais e diferentes um do outro que chega a ser chato acreditar que apenas um formato é valorizado, é injusto e cruel tentar reduzir essas singularidades em calças 38.

Somos construídos com esses valores, aprendemos a só aceitar e nos espelhar nesses formatos que raramente paramos para criticar. Esse desejo pelo corpo “ideal” está enraizado dentro de todos nós e, por isso, muitas vezes nos tornamos os algozes da história, não somente do corpo alheio, mas dos nossos próprios corpos também. Nos comparamos aquela modelo da marca x, fazemos a dieta da atriz Y e assim por diante, nunca valorizamos a beleza que temos — é difícil, eu sei — e está tudo bem! Como disse antes, fomos construídos assim. Como diz aquela frase clichê de Gandhi, “seja a mudança que queremos ver no mundo” então, a partir de hoje, por mais difícil que seja, se olhe com um pouco mais de carinho, elogie, valorize corpos como o seu ao invés de querer mudar para parecer com aquele que aparece na tv. Não há nada de errado em querer mudar, mas faça isso se for realmente da sua vontade. É doloroso não encontrar roupas do nosso tamanho, não sermos representades na mídia ou sentir os olhares de reprovação sobre nós, mas temos que lembrar que o olhar mais importante é o seu. Faça do espelho o seu melhor amigo.

Não é de um dia para o outro que essas barreiras serão drasticamente quebradas, mas, o que antes era um ambiente heterogêneo, começa a abrir espaços para esta pauta.

Quando a Netflix resolve fazer um filme onde é uma mulher gorda que concorre em um concurso de beleza e enfrenta os padrões de beleza — como é o caso de “Dumplin”—, já pode ser considerada uma quebra de padrão muito importante, da mesma forma que grandes marcas também estão inserindo esses corpos em seus desfiles, como Calvin Klein, Victoria’s Secret, Fenty Beauty,entre outras.

Foto: Reprodução/google

F ot o : R e p r o d u ç ão /g oog le

Esta iniciativa coloca em evidência aquelas pessoas que nunca foram representadas, mostra que agora há esperança, estes corpos estão virando referência, estes espaços que um dia nos impulsionou a fazer dietas malucas. São essas pequenas conquistas que fazem a diferença, que nos incentivam a nos olhar com mais carinho.

O processo de desconstrução é longo, mas não é impossível.

Assim como hoje em dia essa 10

representação vem ganhando espaço na sociedade, um dia esse “novo normal” mudará para “ser feliz” e aí entendermos que o corpo perfeito é aquele que tem uma pessoa feliz dentro dele. Está mais do que na hora de nos colocarmos em evidência, ocupar esses espaços de referência, enaltecer belezas reais, viver sem medo de críticas e sermos diferente daqueles que nos criticam.

Não importa se naquela propaganda ou novela o corpo da personagem é diferente, aqui fora são corpos como o meu que vejo, temos que aproveitar a vida independente dos julgamentos.

O verão está chegando e temos mesmo que colocar aquele biquíni ou aquela sunga que sempre namoramos e nunca tivemos coragem de usar para aproveitar o sol, com responsabilidade e muito amor próprio!