ConstruARCH #05

Page 1




4


5


designprecis達o designprecis達o //COziNhA //COziNhA dEdE BOM BOM gOSTO gOSTO PARA PARA OSOS SEUS SEUS PRATOS PRATOS dEdE gOSTO gOSTO BOM. BOM.

RUA PERNAMBUCO RUA PERNAMBUCO - 1719- 1719 CENTRO CENTRO - 45 3306.0434 - 45 3306.0434 CASCAVEL CASCAVEL - PR - PR CEP -CEP 85.810-021 - 85.810-021 6


finger.ind.br

7


DIRETORES Diretor Administrativo Douglas Popenga d.popenga@editoradfp.com.br Diretor Executivo Felipe Pedroso felipe.pedroso@editoradfp.com.br Diretora de Projetos Editoriais Julie Fank julie.fank@editoradfp.com.br

Diretora de Redação Julie Fank Jornalista Responsável Giovana Danquieli Jornalistas Claudemir Hauptmann e Tátila Pereira Diretores de Arte Danny Fernandes e Fábio Bagatoli Assistente de Arte Carolina Maffei Mincarone Executivos de Negócios Renato do Prado Assis Assessora Executiva Patricia Velte Marcato Fotógrafo Rodrigo Vieira Estagiário de Jornalismo Ricardo Pohl

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Carlos Salamanca , Clarissa Donda, Sérgio Sanderson, Flavia Liz de Paolo

A revista ConstruARCH é uma publicação bimestral da DFP Editora Ltda. Rua Manoel Ribas, 2477 - Centro - Cascavel - PR - CEP 85801-230 www.editoradfp.com.br Inscrita no ISSN sob o número 2317-403X

Assessor Jurídico Bruno Cesar de Oliveira OAB/PR 57.172 Central de atendimento 45 3306 6336 - 3306 3663 contato@revistaconstruarch.com.br www.revistaconstruarch.com.br Redação contato@revistaconstruarch.com.br COMERCIAL felipe.pedroso@editoradfp.com.br r.prado@editoradfp.com.br Impressão Gráfica Positiva PAPEL Kgepel

MARKETING E COMUNICAÇÃO



ÍNDICE OU T U BRO / NOVEMB RO 20 1 3

14 WARM-UP

05

18 BE ON As novidades mais quentinhas no mundo da arquitetura, arte e design – aqui e no mundo 24 GARIMPO CIDADELA FEITOS PARA ENFEITAR, MELHORES NA SUA CASA As meninas da Cidadela, cheias de bom gosto, elegem as preferidas na temática da edição 26 ESTANTE Para ler, para ir, para assistir 28 IT UMA SUSPENSÃO DE CARRO NASCIDA PARA ILUMINAR Anglepoise: a estrela de cinema que ilumina seu dia a dia 30 A TODO VAPOR “A todo vapor” aqui significa estilo 32 PERNAS FINAS OU PHYNAS PERNAS Pés palito: a contradição que venceu o tempo 34 GADGET ESTILO, EM DIFERENTES PASSADOS Os velhinhos voltaram cheios de tecnologia 36 MAIL A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA EM 3 DICAS Como adequar suas casa aos novos conceitos arquitetônicos

60 CENÁRIO NÃO SE TRATA DE MERO CORPORATIVISMO Um escritório decorado com materiais bem inusitados

46 RECORTE QUANDO O MENOS É MAIS... MUITO MAIS Lugar pequeno não é desculpa

22 GARIMPO DESGASTE PROPOSITAL Um seleto grupo de peças com pegada industrial

10


11


12


ÍNDICE

44 PULODOGATO

38 NA BASE O SHOW NÃO PODE PARAR... O palco da construção civil está à procura de mais qualificação CENÁRIO ESPECIAL – ESCRITÓRIOS CRIATIVOS 54 EXPLOSÃO CRIATIVA Na Lapa, uma agência detona!

MISTUREBA HARMÔNICA

64 PEGADA DRAMÁTICA

A arquiteta Carla

Um laboratório criativo não poderia ter um décor

Veloso capricha

melhor

na escolha dos revestimentos

68 MAIS INTERAÇÃO, POR FAVOR! A filosofia da empresa de mãos dadas com a decoração 72 INTERIOR COSMOPOLITA Escritório com ideias e atmosfera de cidade grande 76 CENÁRIO COMERCIAL REFORMAR – DAR NOVA FORMA Despida de qualquer maquiagem, a alma da construção deu as caras por aqui 82 FASHION IN HOME CURINGA ATÉ NO DÉCOR O jeans está sempre aí, bombando! 84 ESPELHO QUANDO O TALENTO ESTÁ PRESENTE, OS DIREITOS NÃO PRECISAM SER RESERVADOS O designer Maurício Arruda mostra porque o reaproveitamento é o melhor caminho 91 COLABORADORES + PONTO.COM Os cúmplices da edição #005 + O que estamos aprontando net afora 93 ONDE ENCONTRAR Como, onde, por quê?! 94 BATE-PAPO

88 SKETCH MAP VOZ AO GRAFITE

Construção com contêineres, a construção

A guia paulistana Flávia Liz Di Paolo te

civil a um passo da industrialização

conta em quais grafiteiros brasileiros você

Construções em contêiner, por Carlos Salamanca

precisa ficar de olho

13


WARM-UP

A casa deixou de fazer pose Quando eu era criança, minha mãe me convencia a arrumar a cama explicando que se, inesperadamente, alguém nos fizesse uma visita, eu não passaria vergonha. Minha avó, apesar de guardar uma boa quantia de coisas em casa, organizava-as impecavelmente – também para o caso de receber uma visita. Um tio, desses ermitões, vive até hoje sozinho e nunca recebeu visitas. Deve ser porque não arruma a cama. Todos eles têm lá sua parcela de significado na minha forma de morar: de vez em quando pronta e feliz em receber uma festa, de vez em quando pronta para curtir a solidão e esquecer do mundo - sem necessariamente colocar tudo em ordem. As camas, arrumadas ou não, também fazem parte de um novo modelo de casa (como todo o resto, os sofás, as pias) – a diferença é que agora moramos em uma casa que não está mais pronta para, impecavelmente Julie Fank Diretora de Redação julie@revistaconstruarch.com.br

como faz minha avó, receber visitas. Acabou a ânsia por uma tripartição clássica – área íntima, área comum, área de serviço. Os tempos mudaram e, com eles, o espaço sofreu uma nova configuração. A casa está pronta para receber, para acolher e para se mostrar. É hora de deixar tudo à vista, porque é mais prático, porque é mais barato, porque toma menos tempo. E o tempo, minha gente, é artigo de luxo – mais do que qualquer jogo de louças. É hora de deixar de estabelecer fronteiras entre um afazer e outro e fazer tudo junto, integrar para economizar tempo, espaço, dinheiro – que também é tempo e vice-versa. E isso funciona no trabalho e na vida – mas será que tem como separar nossa rotina assim também?! Passamos tanto tempo dentro desses espaços que se eles não forem, ao menos, legais, a coisa fica um pouco mais difícil. E quebrar paredes, descobrir o que há por trás da massa corrida, tirar a maquiagem e dar nova forma à essência da construção passou a valer também para espaços de trabalho – que não são mais em tons de bege e cinza. Por esse motivo, esta edição é um apanhado de escritórios-inspiração. No meio do caminho, um projeto de uma loja que agrega tudo e mais um pouco de estilo numa reforma regida a notas impecáveis. Você também encontrará um modelo de loft masculino súper bacana com alternativas mil para você economizar e impressionar – o que antes era um pouco complicado. Para dar o tom de experiência à nossa conversa, dois arquitetos que, inseridos nesse novo contexto, se propõem a discutir questões essenciais: o reaproveitamento, a memória e a tão batida sustentabilidade. Nesse novo espaço, vale a integração, já dissemos – mas vale, antes de tudo, a identidade, aquele glamour da bagunça milimetricamente organizada que, ninguém mexa, senão não acho mais nada. Vale a gente chegar na casa do outro e reconhecer o dono nas coisas e não as coisas no dono. Vale a gente visitar qualquer espaço, da morada ou labuta, e se sentir em casa – à vontade, como a vida deve ser. Que essa nova configuração dos tempos nos sirva para virar protagonistas do nosso próprio espaço. Fica o desejo de quem nunca gostou muito de arrumar a cama.

14


15


16


17


BE ON Sustentabilidade na veia Depois de passar anos transportando mercadorias, quatro contêineres encontraram uma nova finalidade em Cascavel. A Softpharma – negócio especializado no desenvolvimento de softwares para farmácias - está usando os materiais como novas salas para realização de reuniões e para o descanso de centenas de trabalhadores da empresa. Com o método, a construção é mais limpa, livre de resíduos e altamente sustentável. A obra ecológica faz parte do projeto Ecosoft. A partir dele, a intenção é trazer mais espaço e comodidade ao meio corporativo, aliando qualidade de vida e respeito com a natureza.

Tour arquitetônico Os alunos e professores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da FAG e Design de Interiores da Dom Bosco foram aprender sobre arquitetura moderna e pós-moderna fora da sala de aula. Durante 10 dias, eles passaram por diversas construções importantes dos Estados Unidos. Em Chicago, passaram pela casa e estúdio do renomado arquiteto Frank Lloyd Wright, em Oak Park. Conheceram o Jay Pritzker Pavillion, no Millennium Park; Farnsworth House, projeto icônico de Mies Van Der Rohe, além da escultura de Alexander Colder no Federal Plaza, projetada também por Mies Van Der Rohe. Em Nova Iorque, o grupo visitou o Central Park, o prédio da ONU (Organização das Nações Unidas), o Parque High Line e outros lugares, entre eles Museus famosos.

Trabalho exposto Em outubro, você pode visitar a exposição "Ambiente Designers", no Cascavel JL Shopping. A mostra é organizada pelos egressos de Design de Interiores da Dom Bosco e está localizada no piso L2. A exposição é fruto de um projeto de extensão registrado na Coordenação de Pesquisa e Extensão (Coopex) e visa a propagar a profissão de Design de Interiores. A exposição deve ser itinerante.

Mais um desafio Está em fase de votação mais um concurso da plataforma Projetar.org – ferramenta para conexão de estudantes de arquitetura do mundo inteiro por meio de disputas. A proposta desta edição - que teve as inscrições encerradas em 30/09 - era que os estudantes projetassem a sede de uma escola de artes performativas no Theatro Municipal no Rio de Janeiro, onde Teatro, Dança e Música se tornam ofício de jovens aprendizes. 97 equipes se inscreveram. Há participantes de 17 estados brasileiros, a maioria de São Paulo. Estão participando também universitários do Uruguai, Holanda e França. A publicação dos resultados será feita no dia 21 de outubro no site www.projetar.org. 18



BE ON Casa Toledo só em 2014 Quem aguardava visitar uma nova edição da Casa Toledo neste segundo semestre vai ter que esperar um pouquinho. A organização do evento definiu que o evento será bianual, então, ver as tendências e novidades escolhidas por arquitetos e decoradores da região, só em 2014. A mudança tem um motivo: agregar mais profissionais e ainda contar com um espaço maior para a criação dos ambientes. E a expectativa é grande, já que a edição de 2012 fez o maior sucesso, movimentando alguns reais em negociações de produtos. A Casa Toledo 2014 acontece no segundo semestre, ainda sem data definida.

A capital sustentável recebe Não teria lugar melhor para ser realizada a IV Bienal de Sustentabilidade José Lutzenberger, evento que acontece paralelamente ao Encontro Latino Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis 2013. A capital sustentável Curitiba será a anfitriã este ano, entre os dias 21 e 24 de outubro. No evento, acontece também o Concurso Latino-Americano de Projetos, Produtos e Processos para um Ambiente Construído Mais Sustentável, aberto a profissionais e estudantes, cujo tema será: “Habitação Unifamiliar Mais Sustentável”. As inscrições foram encerradas no dia 7 de outubro. Para saber quais serão os profissionais que irão palestrar, acesse: www.elecs2013.ufpr.br/evento.

A história brasileira pede mais espaço A Fundação Casa de Rui Barbosa, responsável por um dos maiores acervos da História do Brasil e do Rio de Janeiro, vai ampliar as instalações. Para abrigar mais de 200 mil títulos e manuscritos importantes, um prédio anexo será construído nos fundos do terreno, em Botafogo. O projeto para o edifício será escolhido por concurso, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). A competição, aberta a profissionais de todo o Brasil, premiará o vencedor com R$ 35 mil (adiantamento) e um contrato no valor de R$ 1 milhão. O segundo colocado receberá R$ 25 mil e, o terceiro, R$ 15 mil. O edital, o termo de referência e anexos estão disponíveis aos interessados no site www.concursoanexocasaruibarbosa.iabrj.org.br

Treinamento delivery A Sika fez uma visitinha em Cascavel no início de outubro. A marca líder mundial em impermeabilizantes realizou um treinamento na Casa das Tintas – revendedora da marca em Cascavel – para habilitar os profissionais da construção civil a evitar e resolver problemas relacionados à umidade nas obras residenciais. Durante as palestras, os participantes foram orientados sobre ações preventivas e a utilização de tecnologias de ponta da Sika voltadas para preparação de argamassas, sistemas de impermeabilização além da utilização de selantes, adesivos e espumas de preenchimento.

20


21


GARIMPO

Desgaste proposital S e le to g r u p o de peรงas numa pegada i ndustri al

1

2

3

5

4

6 7

8 9 22


1

Barril Channel N. 5 Preço: R$ 1 386 www.estarmoveis.com.br

2

Industrial Side Lamp Preço: R$ 900 www.desmobilia.com.br

3

Banco Old Chevrolet [Por Ricardo Leiva Ilabaca] Preço: R$ 3 000 www.desmobilia.com.br

10 4

Relógio de Ponto Internacional Preço: R$ 2 000 www.desmobilia.com.br

5

Luminária Benton Preço: R$ 580 www.dalicasa.com.br

11

6

Banqueta de Ferro Queen Preço: R$ 793 www.estarmoveis.com.br

7

Banqueta de ferro Usine Preço: R$ 793 www.estarmoveis.com.br

8

Mesa de Centro ou Rack Carrelo Preço: R$ 1 707

12

www.desmobilia.com.br

9

Buffet de ferro Preço: R$ 2 574 www.estarmoveis.com.br

10

Cômoda Better Homes Preço: R$ 1 476 www.estarmoveis.com.br

11

Baú Ciments Preço: R$ 690 www.desmobilia.com.br

12

Mesa Auxiliar Preço sob consulta www.estarmoveis.com.br

13

13

Banqueta de ferro Usine Preço: R$ 793 www.estarmoveis.com.br


GARIMPO CIDADELA

Feitos para enfeitar, melhores na sua casa Pe 莽a s ch a r mo s amente mal-acabadas com a pi tada de personal i d a d e q u e s贸 o des gas te pro po rc iona fo to s Ro d r i go Vi e i ra

2

3 1 5

6 4

9

7

8

24

10


1

Cabideiro ferro feminino – R$ 38,90 cada

2

Quadro Paris Classic – R$ 120,00

3

11

Fusca Preto em ferro – R$ 138,90

12 4

Quadro Home Made – R$ 130,00

5

Relógio station wood – R$ 42,90

14

15 13

6

Cabideiro coração – R$ 69,90

7

Caixa de ferro – R$ 99,90

8

Placa Cappuccino – R$ 29,90

9

Placa Latte – R$ 29,90

10

Placa Way – R$ 36,20

11

Lanterna marroquina com vela – R$ 46,20 cada

12

Caixa de madeira azul – R$ 150,00

17

18

13

Lanterna pequena – R$ 44,20

14

Candelabro de metal com vidro – R$ 69,90

16

15

Lanterna grande – R$ 78,10

16

Vaso dourado P – R$ 63,50 G – R$ 66,50

19

17

Buda em resina – R$ 42,90

18

Baú em madeira na cor verde P – R$ 42,00 M – R$ 50,00 G – R$ 75,00

20

19

Caixa de madeira com desenho coroa – R$ 75,00

20

Baú de bamboo – R$ 70,00

CIDADELA OBJETOS DE DECORAÇÕES & ARQUITETURA E INTERIORES Rua Salgado Filho, 2366 - Cascavel - PR - (45) 3038-1701 / www.cidadelaarquitetura.com.br 25


Para Ler

Po r R i ca rd o Po h l fo to s Di v ul ga ção

Maus – Art Spiegelman Criada por Art Spiegelman, cartunista de importância no cenário underground, Maus é uma graphic novel que narra a vida de seu pai Vladek, um sobrevivente do holocausto. A premissa já é boa, agora, acrescente a isso o Prêmio Pulitzer concedido pela primeira vez a uma história em quadrinhos. Spiegelman não representa seu pai como um santo, por se tratar de uma pessoa que escapou de um genocídio, mas exibe a personalidade insuportável dele. Ele acredita que nem as pessoas ruins merecem passar por condições cruéis.

Para Assistir

Blade Runner: O caçador de andróides Ridley Scott materializa toda a arquitetura e tecnologias que imaginamos ao ler o livro de Philip K. Dick de forma extraordinária! Porém, Blade Runner: O Caçador de Andróides não deve ser considerada uma adaptação, mas sim, uma produção inspirada na obra do famoso escritor de ficção científica. E você deve estar se perguntando se isso é bom ou ruim, não é? Isso é ótimo! Na versão do diretor (e, por favor, esqueça as outras!), o filme termina com um desfecho simplesmente genial. Sim, esse é um dos raros casos em que o filme tem um final melhor que do que livro.

Casa Foz Design A Casa Foz Design abrirá suas portas no dia 16 de

Para Ir

outubro e este ano será norteada pela divulgação de novos produtos, materiais e técnicas construtivas no que cerne soluções alternativas ecológicas e inovadoras. O evento servirá também como espaço educativo e didático, promovendo discussões e debates sobre o tema e estará aberta de quartas a sextas-feiras, das 17h às 22h, e sábados e domingos, das 14h às 22h. Suas portas fecharão no dia 17 de novembro. Mais informações você confere em: www.casafozdesign.com.br

26


ESTANTE

OS MELHORES DA ESTANTE...

O Guia do Mochileiro das Galáxias – Douglas Adams Ao acordar, Arthur Dent descobre que sua casa será destruída. Seu amigo Ford Prefect, que na verdade é um extraterrestre fazendo pesquisas para seu guia, aparece e... e daqui pra frente a história se torna viciante! Douglas Adams tem minha gratidão pelas incontáveis risadas que me forneceu. O Guia do Mochileiro das Galáxias é, antes de tudo, uma coleção de devaneios do debochador-mor da sociedade! Na certa, a mais cômica crítica à humanidade que já tive o prazer de ler.

...por Laura Rotter Schmidt estudante de arquitetura e urbanismo Livro

Um Corpo que Cai Falar em Hitchcock pressupõe Psicose. Mas tenho razões para acreditar que Um Corpo Que Cai será muito mais prazeroso a você, amigo

O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS - DOUGLAS ADAMS “Apesar de não ter nada a ver com arquitetura, é um livro que todo arquiteto (e qualquer outra pessoa) deveria ler. A obra de Douglas Adams apresenta uma visão ácida da sociedade e, ao mesmo tempo, estimula a criatividade por abordar uma narrativa totalmente fora do tradicional em meio a uma história de ficção fascinante.”

leitor, já que essa película apresenta duas coisas das quais certamente lhe agradam: cinema e arquitetura. Dentro do universo do Mestre do Suspense, você encontrará... tcharãm! um suspense ilustrado por uma fotografia que revelará tudo de mais sofisticado do final da década de 50.

O manual do arquiteto descalço - Johan Van Legen “Com a importância de sustentabilidade ambiental e construção verde, é imprescindível a qualquer arquiteto conhecer as técnicas construtivas abordadas neste livro. De fácil entendimento e explicação por meio de deliciosos croquis, o autor Johan Van Legen passa por toda história da construção apresentando diversas soluções relativamente simples para os mais variados problemas ambientais, climáticos e ecológicos”. ÁLBUM

51ª Premiação Anual e do Prêmio Arquiteto do Amanhã As inscrições do Prêmio Anual e do Prêmio Arquiteto do Amanhã foram abertas e se encerram no dia 14 de novembro às 18h. Chegando à 51ª edição, com a finalidade de valorizar a produção intelectual e profissional dos arquitetos e urbanistas associados, o Prêmio Anual é aberto também a profissionais filiados a outros departamentos estaduais. O Prêmio Arquiteto do Amanhã tem o objetivo de valorizar trabalhos acadêmicos nos cursos de arquitetura e urbanismo das instituições do Rio de Janeiro, podendo os alunos se filliarem à entidade no ato da inscrição. Mais informações você confere em: www.iabrj.org.br/

A cura pelo som – Funk Como Le Gusta “Inovar nas escolhas musicais é importante para dinamizar a rotina. Álbuns como este, que te botam pra cima, passam aquela ‘vibe’ de domingo ensolarado e sempre podem dar um ‘gás’ a mais na hora de trabalhar. Uma mistura pra lá de boa de soul, funk music e samba rock.” FILME O Castelo animado – Hayao Miyazaki “De todos os maravilhosos filmes produzidos pela Ghibli, este, em minha opinião, é o melhor. Consiste em uma animação japonesa meio ‘’lado B’’ dirigida pelo renomado Hayao Miyazaki. É um filme para todas as idades. Com personagens muito simpáticos e envolvidos por magia, é um filme de baixa complexidade, mas grande impacto, daqueles que tocam a alma”. 27


IT

Uma suspensão de carro nascida para iluminar E la po deria s er apres entada, m as com certeza você já conhece es s a f i g ura f lex ível! Po r Ri cardo Po hl fo to s Di v ul ga ção

Ela bem que poderia estar dando suporte ao seu carro. Mas

Além de ser ícone do design, a lâmpada é estrela de cinema.

está aí, iluminando o seu escritório. George Carwardine, um

Sim, isso que você leu! Ou vai dizer que você não se lembra

designer britânico, estava desenvolvendo novos conceitos

de uma simpática luminária que sempre aparece na abertura

para suspensão de carros quando teve a ideia de aplicar o

dos filmes da Pixar? Pelo design fascinante e por sua fun-

mesmo mecanismo em outros produtos. Nasceu a Angle-

cionalidade que lhe atribui o poder de acompanhar todos os

poise, uma luminária constituída por mecanismos de molas

ângulos possíveis e inimagináveis, é que a Anglepoise tá aí,

e articulações, que lhe possibilitam ser a luminária mais fle-

fazendo pontinha no cinema. É, vale tê-la como figurante ou

xível que se tem noticia na Via Láctea.

quem sabe como protagonista de sua decoração!

Confira um dos testes de elenco realizados pela Anglepoise contracenando com uma atriz infantil (Será que era para Toy 28

Story?):


45 3055-2142

Rua Rui Barbosa, 1444 - Toledo/PR decampos@decoradoradecampos.com.br

29


IT

A TODO VAPOR! O S teampunk cai muito bem na era do Wi -Fi Nascido na literatura e popularizado no cinema, o

le tipo de pessoa que leva o hobbie tão a sério e com tama-

Steampunk foi difundido na década de 1980 como um de-

nha dedicação, que o que era uma diversão vira trabalho. Eles

rivado do cyberpunk. Esse variante da ficção cientifica é

são donos da ModVic, uma empresa de design especializada

ambientado na Era Vitoriana (1837 a 1901) com tecnologias

em materializar cenários da tecnologia a vapor.

movidas a vapor, absurdamente avançadas e impossíveis

E o lar desses fanáticos é realmente uma viagem ao mundo

– já que são a vapor – para a época. Na literatura, um dos

alternativo, que só poderia ter sido materializado por pes-

seus principais idealizadores foi Júlio Verne, com suas obras

soas com uma imaginação que não conhece os limites da

20.000 Léguas Submarinas, Volta ao Mundo em 80 dias e

lógica. Caso você, também apaixonado por essa estética,

Viagem ao Centro da Terra. Na 7ª Arte, filmes como As Aven-

queira que o seu cantinho se concretize num dos ambientes

turas de James West e a Liga Extraordinária roubam a cena.

imaginados por Júlio Verne, é só fazer um sinal de fumaça –

E, na decoração, o casal Bruce e Melanie Rosenbaum orna-

via wireless – para os Rosenbaum! Inspiração é o que não

mentam fielmente todas aquelas engrenagens futuristas

falta por aí.

para o interior de uma casa. Os Rosenbaum devem ser aque-

30


31


IT

Pernas finas ou phynas pernas? O s pés pal i to estão de vol ta!

Balcão Liverpool www.desmobilia.com.br

32


SurgidoS nos anos de 1950, com uma população esperançosa por uma vida melhor – afinal de contas, a guerra tinha acabado com os nazistas derrotados – e notavelmente influenciados pelos avanços tecnológicos, principalmente o espacial, os pés palito modernizaram a indústria moveleira da época em que o homem marcou território na Lua. As pernocas, que poderiam ter sido esquecidas na amnésia do fracasso, resultaram num grande sucesso justamente por serem assim, contraditórias, pois apoiavam os robustos

Elegância e charme têm for-

corpos dos móveis feitos de madeira de lei, em suas formas

ma – e ela é cônica.

franzinas. O êxito no design foi conquistado pela inovação, que residia no contraste entre a separação do gabinete (corpo) dos alicerces da peça. Muita coisa mudou de lá para cá: a Guerra do Iraque acabou - com uma possível guerra na Síria... Bom, mas olha só, o homem vai se mudar para Marte! – e trocar a Terra por um planeta seco e sem graça... Tá, ok, nem tudo mudou de lá para cá, só que o bom gosto faz parte desse “tudo” que persiste no tempo, sustentando a sua principal característica, o fato de ser “bom”, e garantindo a você que ter uma mobília de pés palitos irá ser atemporalmente phyno!

33


GADGET

Estilo, em diferentes passados El e s n e m p e r te ncem à no s s a década. São peças de anos atrás, e até anos de u m pa s s a do qu e n em exist iu. Divirta-s e co m o hum or destas peças que osci l am entre o stea mpunk e o re trô !

iQue Saudades! Quem já jogou um sabe que qualquer gráfico por mais realista que seja não se equipara a diversão de ficar em pé, mexendo a alavanca com uma mão suada de adrenalina e apertando freneticamente os botões de um arcade. Para quem quiser reviver esses tempos, tem uma ótima opção, o iCade. Ele não exige moedas, apenas um iPad. R$ 176 (valor aproximado) www.thinkgeek.com

Ambíguo O Auto Flip Clock concede à expressão “As horas passam depressa” duas definições. Porque ele é um relógio (dãããã) e então dá sentido à expressão e porque ele se utiliza de plaquinhas para exibir o horário fazendo horas (e minutos) passarem literalmente! Com essa aparência, ficará fácil você ficar admirando seu funcionamento e nem perceber as horas passarem. R$ 61 (valor aproximado) www.plusbuyer.com

Acho que você nem era nascido... Mas adoraria “re” viver os anos 60, não? Pois você e esta televisãozinha tem muito em comum! Ela adoraria estar aí, na sua sala de estar, ao lado de alguém como você, que lhe entenderia, já que a pobrezinha vive reclamando que nasceu na década errada. E bem que você poderia gravar a chegada do homem a lua e alguma das apresentações em programas de auditório dos Beatles para assistir junto com essa simpática televisão. Preço sob consulta www.lge.com/br

Chamativo e ergonômico O Pop Phone é uma extensão para smartphone e computadores. A melhor qualidade dos telefones de antigamente agora está (literalmente) em suas mãos. Apesar da ergonomia que ele oferece, você precisa ter um pouco de coragem para andar falando ao celular, com um adaptador desses, pois vai pagar uma de esquizofrênico para os desavisados. Um esquizofrênico mais descolado, diga-se de passagem! R$ 75 www.ibacana.com.br

Proveniente de algum estúdio Suspeito de que Nixie Clock foi roubado de algum estúdio. Parece que foi elaborado para compor o cenário de algum filme steampunk. Acho que até já o vi no último filme do Sherlock Holmes... Enfim, por pertencer à “época” da tecnologia a vapor, o relógio (também despertador) precisa de um adaptador elétrico para ascender seus dígitos que exibem o horário. Fascinante, diria Júlio Verne. R$ 993 (valor aproximado) 34

www.kosbo.com


35


MAIL

A arquitetura contemporânea em 3 dicas A a rq u ite t a e urbanis ta, es pec ia l i zada em Desi gn de Inter io re s, L u iza S capinello B ro c h te dei xa por dentro das ten d ê n cia s e ens ina co mo adaptar a sua casa aos novos co n ce ito s a rquitetô nico s

Luiza Scapinello Broch Arquiteta e Urbanista

O conceito de “arquitetura aberta” se popularizou e tem agradado a todas as classes sociais. A cozinha gourmet, o quarto e sala integrados e os lofts – tudo não passa de moda ou vale a pena investir? A “arquitetura aberta” (ou integração espacial) tornou-se uma tendência devido à redução dos espaços das moradias, estando agora ainda mais em evidência em revistas e outros meios de comunicação. É, de fato, uma excelente solução para compor ambientes pequenos, pois a integração dá uma amplitude visual ao espaço, e ainda traz a integração de convívio de quem o utiliza. Mas é importante, em cozinhas integradas a outros ambientes, a utilização de equipamentos como a coifa ou o exaustor, que filtram o ar oriundo da cocção. Muitas vezes a opção de integração entre ambientes é composta pela cozinha gourmet (integração cozinha-sala), por não ser usada tanto no dia a dia. Quem cozinha todos os dias, muitas vezes, acaba preferindo uma separação mais nítida entre os ambientes. Uma solução para que a inIntegrar sala e cozinha é tendência. O conceito de cozinha gourmet possibilita uma maior visibilidade dos dois espaços. Nessa cozinha gourmet, a saída encontrada para captar o ar “com gordura” foi além: a coifa de ilha instalada em cima da bancada soluciona o problema da gordura, sem ser um instrumento inoportuno. Resolve e ainda complementa a decoração.

tegração de ambientes não atrapalhe as atividades diárias é a utilização de divisórias móveis (como grandes portas ou janelas), que nos momentos nos quais há a possibilidade de transtornos devido à abertura espacial, possibilitam dividir o ambiente facilmente. É muito importante, antes de integrar um espaço, que se analise os hábitos de quem irá utilizá-los, para que o ambiente não seja causador de conflitos.

36


O concreto aparente, tanto no piso quanto no teto, é uma tendência contemporânea em interiores. O aspecto rústico dá um ar “cult” e a decoração permite experimentação. Em termos de manutenção, há dificuldades? Depende. Se o piso for de cimento queimado, você terá uma superfície mais áspera – é uma superfície à qual a sujeira vai aderir com facilidade. O interessante é impermeabilizar esse piso para que seja reduzida a quantidade de partículas que se agreguem ao piso. Já a utilização do concreto aparente na parede e no teto, porém, não causa tantos problemas em termos de manutenção diária, mas é necessário tomar muito cuidado na execução – não adianta economizar. Quem for executar deve ser uma equipe que entenda desse tipo de serviço, porque qualquer correção feita vai ficar aparente. Importante também, quando esse material for utilizado em áreas externas, é a impermeabilização. Infiltrações danificam

O aspecto “mal acabado” é bem visto hoje. Concreto é uma mistura específica

o concreto, assim como a sua estrutura.

de areia, pedra e cimento, feito com diferentes traços para diferentes usos. Um problema do concreto aparente é a dificuldade obter um resultado final sutil. Para tanto se

Outra tendência quando se fala em ambientes contempo-

faz necessário um pedreiro experiente e um bom carpinteiro.

râneos são as estruturas de apoio (como, por exemplo, dutos para passagem de fiação elétrica, dutos de calefação) à

A linha entre o

mostra. Qual a solução para que o moderno não pareça des-

moderno e o desleixa-

leixo ou falta de acabamento?

do fica cada vez mais tênue. A saída para

Utilizar-se de dutos e ou canaletas para fiação aparente,

seguir a tendência de

ou dutos de calefação à mostra, é uma técnica que facilita a

deixar

manutenção desses equipamentos e pode também ser uma

vista sem perder em

saída para facilitar a execução de uma reforma. Mas, para que

sofisticação é apostar

a casa não fique com cara de desleixo, é importante que, no

em elementos que de-

momento de escolha dos materiais, seja feita a opção por

monstrem identidade,

um bom acabamento que possa ficar aparente e se integrar

como nesse espaço. A

à decoração sem disparidade. O aspecto contemporâneo e

estrutura à mostra nas

a cara de desleixo, no entanto, estão muito próximas. Para

paredes e teto foram

que a decoração do seu loft ou da sua casa não transmita a

“abraçadas” por prote-

sensação errada, você tem que caracterizar o ambiente com

ções que mantiveram

alguma coisa com que você se identifique. Quando a casa

a identidade do décor.

identifica o dono, ela deixa de ser um ambiente bagunçado e

decoração.

estruturas

à

passa a caracterizar quem mora ali, com suas particularidades. Criar uma ambientação para uma fotografia é diferente de criar um ambiente para um morador – mesmo que esse

totalmente diferente do que é vivenciado no ambiente cor-

ambiente reflita modismos, ele tem que ser adaptado ao jei-

porativo. Normalmente, quem tem um ambiente muito rígido

to de viver do proprietário. Você não pode criar um ambiente

de trabalho quer chegar em casa e se portar de uma maneira

com cara de galpão, loft, se você não se sente à vontade em

totalmente oposta. Nós não podemos pensar em uma casa

um ambiente totalmente integrado. Às vezes, parece, em re-

com um ambiente 100% mutável. A gente tem que pensar

vistas e telenovelas, que o estilo de viver do loft é mais vol-

que, sim, os móveis mudam, a decoração muda, mas se a

tado para quem é da área de criação, quem é da área artísti-

gente tentar se adaptar sempre ao novo, à moda – a gente

ca, mas acredito que isso tenha muito mais a ver com o jeito

vai sempre perder nossa história, que hoje a gente está ten-

de viver/lifestyle, muito mais do que workstyle – até por-

tando resgatar, como os móveis antigos, por exemplo.

que o ambiente de casa é um refúgio, que às vezes deve ser

37


NA BASE

O Show não pode parar... N o s último s ano s , a construção ci vi l está sendo pal co de um a peça movi mentadís s ima, dig na de prem i ação. E haja correri a. Enquanto rea l i z a m es s e a to , no s bas tido res , to dos já preparam o segundo ato dessa obra Po r Cl audemi r H a uptma nn fo to s Shutter stock

38


O palco da construção civil bombou nos últimos qua-

E dá para entender porque os envolvidos na construção civil

tro anos e está fazendo bonito. O setor deu conta de aten-

estão correndo de um lado para o outro nesse palco quan-

der a uma demanda crescente, estimulada por uma gama de

do se olha para a quantidade de metros quadrados erguida

investidores ávidos por um porto seguro em termos de in-

a cada ano. Foram 592 mil m2 em 2009, 618 mil em 2010 e

vestimentos. E agora o setor está aproveitando o momento

chegou ao pico em 2011, com 771 mil metros quadrados de

para se aperfeiçoar em busca de inovação e produtividade.

construção. Em 2012, foram 618 mil e, em 2013, ainda em

Mas o fato de o segmento ter virado estrela da economia nos

andamento, já são mais de 400 mil metros quadrados em

últimos anos, como o cenário que encontramos em cidades

alvarás de construção liberados. A área residencial é sempre

como Cascavel e Toledo, por exemplo, não quer dizer que to-

a de maior demanda, ficando historicamente acima dos 300

dos os atores estejam parados, em êxtase, diante dos aplau-

mil metros quadrados a cada ano. O pico foi em 2012 quando

sos de públicos para lá de agradecidos. Os governos adoram

teve pouco mais de 400 mil metros quadrados construídos.

por conta dos impostos arrecadados. Os consumidores finais amam por conta de preços competitivos e obras de qualidade. Os empreendedores sorriem porque o caixa tem girado rápido. Quem corria atrás de uma vaga na companhia, conseguiu. Quem já tinha o papel assegurado, teve um aumento salarial. Mesmo diante de números e indicadores bastante positivos, nos bastidores, empresários, sindicalistas, investidores, enfim, líderes setoriais se articulam para garantir a continuidade do espetáculo. Com mais qualidade. Um segundo ato dessa obra passa, necessariamente, por conceitos como o de inovação, produtividade. E isso vai exigir ainda mais de todos os envolvidos. Tanto em Cascavel quanto em Toledo, o setor tem conseguido atender a toda a demanda, sem criar estoques. Ou seja, tudo que é construído é proporcional ao que é demandado. Já em Foz do Iguaçu, construiu-se mais do que se demandou e o setor está em transição. Assim que o estoque for comercializado, o setor volta a funcionar em ritmo normal, segundo avaliam os especialistas. Em Cascavel, por exemplo, na área de incorporação, há uma demanda anual que hoje é de aproximadamente 3 mil unidades residenciais. É exatamente o que o setor tem entregue a cada ano. Mas construção civil não é só incorporação. Existem ainda as obras públicas, as obras de infraestrutura, enfim, o setor vai muito além da vitrine dos empreendimentos residenciais que normalmente são os que chamam mais a atenção por conta dos prédios novos que se multiplicam nas áreas centrais e outras áreas nobres das cidades. Uma rápida passada pelo setor de Aprovação de Alvarás de Construção, na Secretaria de Planejamento de Cascavel, revela alguns números bem interessantes. Desde 2009 dá para perceber um crescimento considerável na quantidade de alvarás de construção liberados. Foram 2.161 em 2009, 2.551 em 2010, 2.904 em 2011, 2.956 em 2012 e, em 2.013, considerando o movimento só até setembro, já se tem números superiores a 2009 inteiro: são mais 2.173 alvarás liberados.

E que venha o segundo ato dessa obra Mas nem tudo são aplausos. Na prática, há pouco tempo para comemorações. É como se o sorriso pelos cumprimentos dados pela plateia viesse acompanhado daquele friozinho na barriga de quando se sabe que vai entrar no palco novamente para protagonizar o restante da peça. Afinal, ninguém quer que o espetáculo pare. Os indicadores positivos vistos até também disparam uma espécie de sinal de alerta. É que ninguém pode se perder no roteiro para que a peça em cartaz continue fazendo sucesso. E quando se olha para as possibilidades do segundo ato, percebe-se logo que não há figurantes. Todos são protagonistas e vão ter que dividir responsabilidades no palco. Patrões e empregados parecem ter plena consciência disso, mesmo sabendo que estão em lados opostos. E não tem como negar isso: o que um lado comemora é motivo de preocupação do outro lado desse cenário. No lado dos trabalhadores, os líderes sindicais, por exemplo, não conseguem disfarçar um certo brilho nos olhos, decorrente dos resultados obtidos nos últimos anos com o avanço salarial. Desde 2010, os pisos salariais de serventes, meio oficiais, oficiais, contra mestres e mestres de obras (essa é a hierarquia que encontramos no pátio de uma obra) vem aumentando bem acima da inflação, com alguns números pontuais bastante expressivos. Algumas dessas profissões estão muito valorizadas e provocam uma correria nos bastidores dessa produção. Um mestre de obras experimentado no mercado hoje pode ter salários compatíveis ou até mesmo superiores que alguns profissionais qualificados. Não é raro encontrar mestre de obras com salário superior ao de um engenheiro, por exemplo. E se juntar salário base mais o tradicional vale mercado – que já é incorporado nos cálculos das categorias – o profissional menos qualificado nessa escala, o servente, já tem rendimentos médios de quase R$

39


NA BASE 1.200,00.

ção de empresas terceirizadas e tem consideráveis listas de

Segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil

espera. “Nós trabalhamos para qualificar e formalizar a mão

do Oeste do Paraná (Sintrivel), o piso salarial de um servente,

de obra”, afirma. Segundo ele, só em Cascavel existem perto

teve um reajuste de 14,1% em 2010, chegando a R$ 873 (R$

de 4 mil trabalhadores formais no setor. Mas levantamentos

693 de salário base mais R$ 180 de Vale Mercado). Em 2011

indicam que a informalidade pode ser até maior do que isso.

foi reajustado acima de 9% e chegou a R$ 957 (R$ 765 mais

“Precisamos formalizar para assegurar os direitos dos tra-

R$ 192). Em 2012 o reajuste foi de 11% e chegou a R$ 1.067

balhadores”, explica.

(R$847 mais R$ 220) e em 2013com mais 11% de ajuste, já

O Sintrivel está formando sua primeira turma de mestre de

está em R$ 1.185 (R$932 mais R$ 253).

obras. São 42 alunos que têm aulas duas vezes por semana,

No lado oposto dessa escala hierárquica no pátio das obras,

no próprio sindicato. Uma empresa foi contratada para isso.

o mestre de obras é a profissão que exerce, no momento, o

E o próprio Sintrivel fez uma seleção dos alunos. Pegou gen-

papel de estrela da companhia. O piso era de R$ 1.478, mais o

te que já tem conhecimentos sobre construção civil, como

vale mercado de R$ 180, totalizando R$ 1.658 de salário, em

oficiais e contra mestres, basicamente. Todos os alunos pre-

2010, a partir de um reajuste que foi de 17%. No ano seguinte,

cisavam ter carteiras assinadas em empresas do ramo. O

2011, reajuste de 9% e o piso foi para R$ 1.813 (R$ 1.621 mais

curso, que custaria R$ 290 mensais, é subsidiado em mais

R$ 192) e, em 2012 o salário chegou a R$ 2.345 (R$ 2.125

de 70% pelo sindicato. E a duração, que seria de um ano, por

mais R$ 220), com reajuste de 29%. Nesse ano, na conven-

conta da seleção de uma turma de alunos com experiência,

ção coletiva, o reajuste dessa categoria chegou a 19% e o sa-

pode ser reduzido para seis meses.

lário foi a R$ 2.802 (R$ 2.549 mais R$ 253).

O Sintrivel já tem uma fila de espera para o curso de mestre

O resultado desse ajuste de salários nos últimos anos, se-

de obras e para outros cursos que serão ofertados em breve,

gundo o Sintrivel, foi uma correria. Tem muita gente queren-

como de encanadores, eletricistas prediais. A seleção dos

do fazer cursos para pegar uma vaga dessas. O presidente do

cursos, diz o presidente, vem de uma sondagem feita junto

sindicato Roberto Leal Americano diz que a instituição vem

às empresas construtoras.

oferecendo cursos de qualificação, inclusive com a contrata-

40


Desafio setorial é a produtividade Pelo lado do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), que é a organização patronal do setor, também são evidentes os esforços no sentido de manter essa obra em cartaz. Como o sindicato dos trabalhadores, o Sinduscon também diz que um dos problemas do setor é a qualificação da mão de obra. E a profissionalização depende, antes, da própria educação básica mínima. O setor é onde se encontra o maior nível de analfabetismo e semianalfabetismo, complicando bastante a gestão de processos quando se depara com essa realidade no pátio das obras. O novo presidente do Sinduscon em Cascavel Edson Vasconcelos destaca que o setor quer aumentar sua produtividade, o que significa dizer que precisa inovar, com novos modelos de gestão e de processos construtivos. “Nós ainda vemos obras em que se usam madeira para fazer escoras. Uma prova de que temos processos artesanais de construção. Precisamos vencer essa barreira com novos processos. Basicamente, precisamos entrar de vez na fase industrial da construção”, diz. E a preocupação com produtividade faz sentido. O Brasil caiu recentemente da 48ª posição no ranking mundial da produtividade para o 56º lugar. “Isso significa que nosso custo, o chamado custo Brasil, só aumenta”, avalia. O Sinduscon destaca que como o setor é, na verdade, uma indústria itinerante (o grosso do pessoal da empresa está no canteiro de obras e muda toda a estrutura ao final de cada obra) a solução para a qualificação da mão de obra é a realização de cursos in company. Assim, dentro desses canteiros, ocorrem constantemente cursos para formação de azulejistas, carpinteiros, eletricistas, encanadores, pintores. Até o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) está dentro dos canteiros de obras, com turmas de educação básica e ensino médio para os operários. E a mão de obra é determinante para se alcançar a meta de produtividade que a classe patronal vem repetindo como um mantra no mercado. É simples: a mão de obra interfere de forma determinante na produtividade. E não se trata apenas de uma mão de obra formada. É preciso buscar uma mão de obra qualificada. O Sinduscon acompanha de perto o trabalho de parceiros estratégicos, como o Senai e o Sesi, que tem em seus cursos regulares grades curriculares que contemplam questões como produtividade e gestão da produtividade. “É um esforço para formar mão de obra transformadora do setor”, resume Vasconcelos. Vasconcelos volta a frisar que só treinar mão de obra não basta para os setor. “Treinar o trabalhador altera pouco o índice de produtividade”, assinala. Para ele, é preciso mexer

no processo produtivo, na cultura de produção. “Precisamos inovar nos processos e colocar os trabalhadores dentro desse novo processo. O arquiteto, por exemplo, faz isso em seus projetos, buscando novidades em termos de sustentabilidade, inovando. Nós precisamos ampliar a habilidade para produzir mais, em menos tempo com menos custos, inclusive com menos custos com mão de obra, industrializando nossas práticas. Temos que trabalhar simultaneamente cultura e processo”. E não se trata de ficar de um ou de outro lado. Mas o fato é que patrões e empregados estarão sempre de lados opostos nesse roteiro. Se não, vejamos: o que os trabalhadores comemoram como vitórias, o aumento salarial médio, provoca reações na classe patronal. E números importantes justificam suas reações. Segundo o Sinduscon, há 10 anos, o custo da mão de obra na construção civil na região ficava entre 8% e 12% do total de uma obra, por exemplo. Hoje, esse mesmo custo da mão de obra não sai por menos do que 50% do chamado combo total de uma obra, que é a soma de todos os investimentos necessários, como projetos, materiais, equipamentos e mão de obra. Se para conseguir inovação e produtividade, as empresas buscam novas técnicas e novos equipamentos, capazes, por exemplo, de fazer mais em menos tempo, para a classe operária isso quer dizer um sinal de alerta. Numa visão industrial, a tendência é que se acelere a substituição da mão de obra desqualificada na medida em que os processos produtivos são tecnificados, com a adoção de novas técnicas e novos equipamentos. É um ciclo que diz basicamente a mesma coisa para os dois lados desse palco: o espetáculo não pode parar. No teatro, diz-se que dá azar desejar boa sorte a quem entra em cena. Então, é comum desejar que se “quebre a perna”. Nesse cenário da construção civil, façamos de conta de essas pernas sejam os recordes. De competência. Para atores e diretores. A plateia agradece!

41


42


43


P ulo - do - gato

17

1

Mistureba harmônica

4

Eclé t ica , a arquiteta Carla Velo s o gosta m esm o é de m i st u ra r . Aq u i, ela mo s tra a s eleção de revesti m entos para ve st ir a ca s a co m pers o nalidade

3

Po r J u l i e Fa n k fo to s Ro dri go Vi ei ra

5

8

Ela nunca soube muito bem o que queria, mas sempre soube muito bem o que não queria. A área biológica e de exatas não era com ela. Mesmo assim, passeou por várias esferas antes de montar um escritório e carregar uma fita métrica por aí. Foi vendedora de joias, trabalhou em banco e até como secretaria de um escritório de arquitetura. Engana-se quem pensa que foi daí que surgiu a arquiteta empreendedora que figura como administradora da Casa Toledo, evento que movimenta a cidade a cada dois anos. A graduação em Secretariado Executivo e a experiência na área em um frigorífico durante anos foram o ponto de Carla Veloso Arquiteta e organizadora da Casa Toledo

ignição para que ela adquirisse noções de gestão e em-

11

preendimentos. Hoje, reconhecida pelo seu trabalho nas regiões de Cascavel e Toledo, continua sabendo muito bem o que não quer: na hora de projetar os acabamentos de uma casa, o óbvio não faz parte de seu vocabulário. Gosta mesmo é de garimpar peças exclusivas e dar visibilidade a artistas e artesãos de fundo de quintal. Coloca essas peças em equivalência a revestimentos sofisticados produzidos em larga escala – tudo num ecletismo afinado, como o bom gosto manda.

44

18


1

2

Papel de parede com textura metalizada da Wallpaper. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

2

Papel de parede com textura aveludada da Wallpaper. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

6

3

Placas de 15x15 de cimento branco e gesso, para uso em áreas cobertas – Modelo Órion cores palha e branca. Neo reveste [Toledo]. R$162/ m2 e R$198/ m2.

4

Placas de MDF em várias cores. Evviva Bertolini [Cascavel]. Preço sob consulta.

7

5

Revestimento em fórmica – cores personalizadas. Evviva Bertolini [Cascavel]. Preço sob consulta.

6

Tecido em linho natural da JRJ com tratamento washed. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

7

Placa de vidro com pastilhas quadradas. Thais Pontes [Toledo]. R$500/ m2.

10

8

9

9

Placa de vidro com mosaico de fusing. Thais Pontes [Toledo]. R$750/ m2. Placas de couro para revestimento em móveis e/ou parede da Empório Beraldin. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

10

Placas de couro para revestimento em móveis e/ou parede da Empório Beraldin. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

11

12

Placa de revestimento Linha Fortune – Dubai: travertino romano pintado de dourado, vidro detonalizado e bronze. Neo reveste [Toledo]. R$ 224/ peça.

12

Placa de ferro. AGF Máquinas [Toledo]. Trabalho personalizado – preço sob consulta.

13

Placa de revestimento Linha Fortune – Tartus: pedra de ferro, travertino romano liso e texturizado, pintado de dourado, prata e bronze. Neo reveste [Toledo]. R$275/ peça.

14

Placa em osso para revestimento em móveis e/ ou parede da Empório Beraldin. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

13

14

15 16

Placas de vidro em fusing. Thais Pontes [Toledo]. R$450/ m2. Placas de couro para revestimento em móveis e/ou parede da Empório Beraldin com desenho de couro peixe. Loja M2 Empório do Arquiteto [Cascavel]. Preço sob consulta.

17

16 15

Aranha – recorte em chapa de ferro – com pintura. AGF Máquinas [Toledo]. Trabalho personalizado – preço sob consulta.

18

Cantoneira – recorte em placa de MDF cru. AGF Máquinas [Toledo]. Trabalho personalizado – preço sob consulta.

45


RECORTE

Quando o menos é mais... muito mais! M e smo n u m es paço pequeno é possí vel se chegar a um am bi ente aconchega nte e el ega n te . E u t iliz ando -s e materiais di ferentes, dá para consegui r i sso de forma s us tent áve l e a b a i xo c us to Po r C l a u d e m i r H a u p t mann fo to s Di v ul ga ção

46


Onde falta espaço, como nas grandes cidades, haja téc-

titarefas, como a peça escolhida para cabeceira da cama, sob

nica e conhecimento para se conseguir, mesmo num am-

medida para abrigar o frigobar. O móvel ainda separa o am-

biente pequeno, um resultado de bom gosto e com baixo

biente e, do outro lado, faz as vezes de bancada de trabalho.

custo. Morar Mais é muito melhor quando se consegue com

Outra estrela desse projeto segue a proposta de móveis lon-

menos.

ge da parede, multiuso e de baixo custo, atendendo também

Os arquitetos Filipe Monte Serrat, Manuela Dantas e Virginia

ao conceito de sustentabilidade. Isso tudo pode ser visto na

Manfrinato, da Esquadra Arquitetos, de Brasília, se colocaram

configuração do espaço do closet. É uma estrutura de metal,

diante deste desafio: conseguir o mais por menos. Na co-

sob encomenda, revestida com telhas translúcidas, confe-

nhecida mostra de mesmo nome, a Morar mais por menos,

rindo leveza e transparência no ambiente reduzido. Um pe-

edição Brasília, o trio se propôs a, num lugar pequeno, con-

queno gaveteiro em MDF garante a funcionalidade do móvel.

seguir espaços generosos e, mesmo com um investimento

O aspecto curioso e inovador desse móvel é que, com um

baixo, proporcionar conforto e qualidade.

sistema interno de iluminação, ele funciona também como

O grupo de arquitetos aplicou o conceito nesse projeto de

uma grande luminária. Para isso, foram instaladas lâmpadas

Quarto do Hotel, com 45m2. A Esquadra queria, num espaço

fluorescentes revestidas com gelatinas coloridas, o que pro-

minimalista, um resultado conceitual e elegante. Como é um

vocou o efeito azulado.

quarto de hotel, era importante que o ambiente fosse mais

A Esquadra Arquitetos buscou soluções sustentáveis para

neutro, mas ao mesmo tempo, confortável e acolhedor.

todo o projeto. A preocupação foi tamanha que os arquite-

Os arquitetos criaram um projeto que priorizou o uso racional

tos optaram pelo uso de painéis de madeira que podem ser

do espaço de forma a dar ideia de amplitude, deixando áreas

removidos e reaproveitados em outros ambientes e esco-

de circulação mais generosas. A primeira solução foi soltar

lheram mobiliário de showroom, evitando transporte e em-

os móveis das paredes, ganhando assim a possibilidade de

balagem de produtos entre estados. Para a iluminação, es-

um projeto de iluminação linear e indireta, voltada para o piso

colheram lâmpadas fluorescentes, mais econômicas. E, para

e não para o teto, como seria o óbvio.

reduzir custos com entulhos, evitaram modificações mais

A segunda solução seria desenvolver ou utilizar móveis mul-

radicais de obra. O piso, por exemplo, é um tipo flutuante

O pendente usado sobre a bancada/cabeceira da cama é, na verdade, um conjunto de fios e lâmpadas, comprados separadamente e arrumados displicentemente ao longo da calha metálica no teto. Caso não se tenha uma estrutura de calha, pode conseguir o efeito “emaranhado” usando desviadores fixados no teto.

Quase todos os móveis foram escolhidos em ponta de estoque de showroom (Lider Interiores), para se obter preços mais baixos para os interessados na compra das peças. Além disso, essa escolha evitou gasto com transporte e embalagens, contribuindo para a sustentabilidade do planeta. A cadeira de escritório, da Herman Miller, tem em quase toda sua composição material reciclável.

47


As calhas metálicas, pintadas de preto, servem de conduite para passagem de fiação e de suporte para as luminárias. Com esse sistema, novos pontos de iluminação podem ser facilmente retirados ou inseridos e a manutenção dos fios é facilitada.

Simulando uma janela, de onde são vistas as copas das árvores, samambaias e colmeias humanizam o ambiente. Elas são simplesmente apoiadas no nicho preto feito em MDF, ou suspensas em suportes comuns. Uma boa ideia para uma parede verde barata.

A estutura do closet foi encomendada a um serralheiro que, depois de pronta, foi revestida com telhas translúcidas. Em MDF branco, foram executados apenas o gaveteiro/nicho e o suporte superior para as lâmpadas. A arara para cabides foi customizada.

No centro do espaço

projetado,

a

cama tradicional foi eliminada com a instalação de uma base No chão, a opção foi pelo uso de um piso flutuante por permitir a redução de custos da obra, uma vez que pode ser instalado sobre o piso original sem a necessidade de demo48

lição e geração de entulho.

de alvenaria.


que pode se aplicado sobre a base antiga, economizando em mão de obra e tempo. Criatividade combinada ao que é bom e barato pode ser per-

Especificações técnicas

cebido nesse quarto de hotel quando se olha para cima. No

Piso

acabamento da laje, o forro foi dispensado e tudo se resolveu

Flutuante – Durafloor Teca Brasil

com uma pintura com tinta preta, cor que facilmente disfarça imperfeições. Com isso, a iluminação precisou também de uma boa solução que ainda mantivesse o custo baixo. Assim, foram escolhidas as calhas metálicas como elemento luminotécnico fundamental. Também multiuso, elas servem para direcionamento, acabamento e passagem da fiação, suporte para os spots e pendentes. Com esse sistema, novos pontos de iluminação são facilmente retirados ou inseridos e a manutenção dos fios é facilitada. Ah! E não pense que a luminária que está sob a bancada fuja

Paredes Painéis em MDF branco (reutilizáveis)Iluminação de teto Suportes em calhas metálicas, pintadas de preto Pendente Montado com fios e lâmpadas. Lâmpada Baloon, da Xelux. Com dimmer eletrônico para regular intensidade de luz e gerar economia de energia

ao padrão da obra. Aquilo que parece uma peça de grife, na

Teto

verdade é apenas um “bem bolado” em que o pendente é

Laje pintada com tinta acrílica preta, acabamento

um simples conjunto de fios com lâmpadas ao longo da ca-

fosco

lha. Tudo dentro da mesma proposta. Faltou espaço? O orçamento é apertado? Conhecimento técnico e criatividade são a alternativa para fazer do menos, muito mais!

Rodapé Em piso flutuante – Durafloor Teca Brasil

Nas paredes, o charme com custo baixo foi garantido com o uso de fotografias no lugar de telas. É uma tendência na decoração porque são muito mais baratas do que as obras de arte.

49


50


51


52


ESPECIAL ESCRITÓRIOS CRIATIVOS

Chega de escritório chato! A gente sel eci onou 5 escri tóri os que vã o fa z er você querer m andar o hom e offi ce pastar

Albert Einstein e várias camisetas e perfis de facebook alertam: “A criatividade é a inteligência se divertindo”. A prova disso é nosso novo modelo de escritório, descolado e, se possível, integrado, lúdico – na tentativa de dar um pouco de alegria para o que antes era tão chato: trabalhar. Hoje, os escritórios, principalmente, o das áreas de criação, como vocês poderão conferir agora, são verdadeiros complexos planejados para dar aquele descanso à mente quando o negócio aperta ou quando a ideia foge. Se o ambiente antes prezava pela seriedade, agora ela foi expulsa a pontapés.

53


CENÁRIO

Explosão criativa! E s c r i tó r io p o d e ser muito mais do que um l ugar de trabal ho. Pode ser um l ugar o nde a gente d e to n a ! U m p roj eto c us to mizado gera um am bi ente funci onal e di verti do. Por C la ude m i r Ha u p t m a n n fo to s Fabri z i a G ra nati eri

54


É o cenário de uma explosão! Uma explosão criativa que deixou marcas em cada cantinho, do piso ao teto. Quando a gente entra na agência digital AM4, no coração boêmio do Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, dá de cara com um ambiente incrível: integrado, prático, inusitado. E como não poderia deixar de ser – afinal é uma agência criativa, localizada na Lapa -, o ambiente é divertidíssimo! “Aos pés de Santa Tereza A um passo da Glória Eu vou pra Lapa Porque Lapa tem história” Assim canta Alcione no pagode “Eu vou pra Lapa”. Então vamos ver um pouco dessa história de abuso da criatividade que tem como testemunha o Aqueduto da Carioca, ou os Arcos da Lapa, como é mais conhecido aquele símbolo do Rio antigo. Os arquitetos Marcos Husky e Renato Catta-Preta não eco-

Luminária Engarrafada: A Luminária é feita com garrafas velhas sortidas penduradas e com iluminação interna. A ideia surgiu a partir do múltiplo uso de garrafas como objetos de decoração. Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais. Materiais: Garrafas velhas, fio e madeira.

nomizaram criatividade nesse projeto que segue o que há de mais atual quando se fala em escritórios. E eles detonaram! A inspiração é a própria cidade do Rio de Janeiro ou, mais precisamente, a Lapa, ponto central da cidade, de grande importância histórica e que vem passando por uma ampla renovação nos últimos anos. Como o bairro, o escritório é acolhedor, estimulando a interação entre funcionários, diretores, proprietários e clientes. É um estouro! O escritório combina elementos rústicos, como madeira reaproveitada de obras, pisos de cimento, a uma arquitetura contemporânea. Paredes de pedra bruta e piso de tábuas envelhecidas contrastam com paredes com elementos gráficos cariocas e piso de resina artisticamente desenhado, além de elementos e peças de design marcante espalhados por todo o ambiente. Aliás, as peças também levam a assinatura dos arquitetos desse projeto. A sede da agência no Rio, que ocupa o segundo andar do prédio histórico da Fundição Progresso, na Rua dos Arcos, tem pouco mais de 250 metros quadrados de puro design. O conceito dos arquitetos era chegar a um ambiente que integrasse trabalho, convivência e lazer. E não deixaram es-

Mesa de centro HK01: Caixotes de feira reaproveitados e reformados com forro interno de sobras de tecido e tampo de vidro. A ideia era reutilizar caixotes de feira com um toque de requinte, forrando seu interior com sobras de tecido. Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais. Materiais: caixotes de feira reaproveitados, sobras de tecido e vidro.

capar nenhum detalhe. O escritório foi desenvolvido como um grande salão com pé direito duplo, onde tudo acontece. Os ambientes se delimitam por divisões sutis, porém significativas, como diferenciação do piso, mezanino, elementos vazados e panos de vidro.

O mezanino é a área de lazer do escritório, com sofá e a mesa de sinuca. Destaque para a mesa de centro que aproveita caixotes de feira e para o piso, que é de madeira reutilizada de construções.

55


Luminária Octopus: Luminária com 8 braços de ferro retorcido com esferas de vidro nas pontas que ocupa toda área de produção. Seguindo a linha orgânica desenvolvida para o escritório, esta luminária foi pensada com linhas finas e onduladas visando criar um grande elemento de destaque mas com leveza, com o intuito de não criar barreiras para o grande espaço integrado do escritório. Conceito: Elemento orgânico, braços, tentáculos. Materiais: Ferro e vidro.

56

Para entrar no escritório, é preciso passar por uma varanda,

“Um convite a quem tá de rolê

que fica de frente para os Arcos da Lapa. É um lounge ex-

Reduto de bambas, poetas”

terno, com bancos onde o usuário pode desfrutar da vista

E a música, que inspira a Lapa, também serve para ir falando

valorizada por uma fachada de vidro. Se precisar de privaci-

desse escritório. Reduto de bambas e poetas bem poderia

dade, persianas de madeira resolvem o problema. A porta de

definir como é o mezanino desse escritório. O acesso se dá

entrada é um destaque pela amplitude, com mais de 3m de

por uma escada curva de ferro que se destaca pelo volume e

altura e material reutilizado: madeira de demolição.

leveza. Aquela parte que ficaria inutilizada pela escada tam-

A recepção tem um balcão, que funciona também como um

bém acaba sendo muito bem aproveitada e compõe a beleza

centro de controle do ambiente. E é delimitada por uma cor-

do ambiente. O piso é forrado por pedras portuguesas soltas

tina de toras de eucalipto certificado, inspirado em um ele-

e sobrepostas. Bromélias e palmeiras terminam de compor o

mento clássico da arquitetura moderna, o Cobogó. Esse é o

jardim de pedras.

nome dado a esse tipo de elemento vazado utilizado para

Mais detalhes? Pois bem, na hora de descer do mezanino o

evitar o superaquecimento do ambiente por permitir a pas-

usuário tradicional pode usar a escada. Mas também dá para

sagem filtrada da luz exterior e a ventilação natural. O nome

descer deslizando pelo tubo de bombeiro posicionado no

Cobogó vem das iniciais dos sobrenomes dos três engenhei-

meio da escada ou pelo escorrega em volta dela.

ros que idealizaram a solução, Amadeu Oliveira Coimbra, Er-

O mezanino, todo aberto para o salão, é a área de lazer do

nest August Boeckmann e Antônio de Góis.

escritório. Nele se encontram um lounge com sofá, pufe

Ao lado da recepção encontra-se o lounge café, um ambien-

e mesinha de centro (feita com caixotes de feira), mesa de

te que funciona tanto como espera para clientes ou para um

bar/café, sinuca e a copa.

cafezinho durante o expediente, que é composto por sofá,

“E toda a vez que a noite cai

poltronas, mesa de centro (feita de toras de eucalipto) e bar/

A luz se acende e uma vontade me arrebata

café.

Eu vou pra lá”


CENÁRIO

Mesa de centro Toras: Toras de eucalipto certificado com tampo de vidro. A ideia vem do reaproveitamento de materiais descartados em obras, como a madeira de vigas e escoras. Daí surgiram a mesa de centro Toras e a Cortina Cobogó. Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais. Materiais:

Eucalipto

certifica-

do reaproveitado, vidro, cinto de lona.

Cortina Cobogó: Cortina/divisória feita de discos de toras de eucalipto certificado. O cobogó e um elemento fantástico e muito Luminária Lina: Luminária de pé, composta por uma base esfé-

bem explorado principalmente pelo arquitetos modernistas de onde

rica de cimento, haste curva de ferro e cúpula de tecido. O interes-

vem a inspiração para esta peça. Usando um material reaproveitado,

sante desta luminária é a base esférica. Daí surgiu a ideia: uma bola

as toras de eucalipto descartadas das obras de construção civil, foi

segurando uma haste com uma cúpula na ponta.

criada esta cortina que funciona com divisória, mas sem fechar to-

Conceito: Simplicidade, minimalismo, materiais brutos.

talmente o espaço.

Materiais: Cimento, ferro e tecido.

Conceito: Sustentabilidade, reaproveitamento de materiais. Materiais: Eucalipto certificado reaproveitado.

57


CENÁRIO

Balcão de recepção: Balcão de MDF com revestimento de madeira certificada e tampo e rodapé de vidro. A ideia era criar um balcão para a recepção funcional e que não ocupasse muito espaço. Usar madeira rústica com vidro, criando um elemento sofisticado. Conceito: Funcional, rústico com sofisticação. Materiais: MDF, madeira certificada reaproveitada e vidro.

Luminária Anzol: Gambiarra inusitada! Usando elementos simples: fios, bocais e lâmpadas, foi criada a luminária Anzol. Os fios curvam-se para cima criando um aspecto de lustre. A ideia foi fazer de simples gambiarras, um lustre. Conceito: Usar materiais e formas simples de um jeito inusitado. Materiais: Fio.

58


A mesa de reuniões colocada num dos cantos do escritório, emoldurada por uma parede de pedras brutas. Como em todo o escritório, o destaque é a iluminação. Aqui é sortida no teto e com fotos de luz na parede.

Outra estrofe da música de Alcione parece sob medida para nos chamar a atenção para um dos destaques desse escritório. A iluminação é um caso à parte nessa criatividade toda. Ela não convida. Ela intima. A área que ocupa grande parte do salão é composta por duas grandes mesas de trabalho. Uma grande luminária com 8 braços de ferro retorcido produzida especialmente para o local, a luminária Octopus, é uma das estrelas. Em frente às estações de trabalho encontra-se a mesa para reuniões rápidas, internas ou de grupos de trabalho. É iluminada por uma luminária de pé, feita sob medida. É a luminária Lina, que se insinua sobre a mesa de trabalho. No fundo do salão, sob o mezanino, estão localizadas as duas salas de reuniões protegidas por panos de vidro. A iluminação sortida no teto e os focos de luz na parede de pedra bruta dão um charme especial aos ambientes. A copa é delimitada por panos de vidro e composta por banca de pia com armários, bancada de madeira e mesa de almoço para 6 pessoas. O destaque da copa é a luminária Engarrafada, feita com garrafas reaproveitadas. Toda a parede do fundo é de pedras brutas com iluminação direcionada. E no final dessa história, dá para imaginar todo mundo canÁrea de produção da agência, com destaque para o design gráfico no piso de resina. O desenho artístico com formas orgânicas delimita a circulação do espaço. As paredes laterais e algumas pe-

tarolando “Eu vou prá lá”. Do lado de fora, a Lapa de tantos janeiros, sorri malandra. “É a nova Lapa das tribos, dos bits, dos hits e do tamborzão...Seu bonde é ruim de segurar”.

ças do mobiliário receberam um tratamento gráfico usando imagens inspiradas nos desenhos de Roberto Burle Marx que são ícones do Rio de Janeiro. 59


CENÁRIO

60


Não se trata de mero corporativismo É uma empresa, sim! Mas como a ala dos criativos é cada vez mais farta, o ambi ente de trabal ho tornou-se um a agradável mi s t ura de materi ai s. O resul tado não poderi a ser m el hor: uma obra que reflet i u a i denti dade i nsti tuci onal - um espetác ul o à pa rte Por Tátila Pe re ira fotos D i v ul ga çã o 61


CENÁRIO

O aspecto funcional não deveria ser o único quesito levado em consideração na concepção de uma empresa. Ok, essa é uma parte importante, mas o apelo visual também merece um cuidado especial. Ainda bem que tem mais gente que pensa assim, como o escritório FGMF Arquitetos, por exemplo. Mostrando tudo o que sabem sobre interação urbanística, os profissionais surpreenderam no efeito estético dado à Casa Rex, escritório de design gráfico, localizado na capital paulista. O estúdio ocupa uma casa antiga, que tinha três necessidades de mudança: a fachada, o estúdio e a exposição dos trabalhos. Para dar a cara nova, primeiro, parte da residência foi despida: a massa que revestia as paredes foi retirada, revelando a estrutura e os diversos tipos de tijolos. A escada também perdeu o revestimento e ganhou um toque rústico nas laterais. Paredes foram demolidas e um percurso interno foi criado. O material da fachada é inusitado. O gabião - malha de fios de aço utilizada para contenção de terra nas estradas - foi preenchido com pedras arenito vermelho e brita cinza, o que deu o charme pré-histórico à construção. Na área de trabalho, um pé direito duplo, encabeçado pela sala da diretoria, e uma estante feita de pré-moldados para canalização de córregos. Ali, 50 funcionários podem botar a cuca para funcionar e deixar o lado criativo fluir, inspirados por uma chuva de pendentes. Na recepção, a área de exposição aproveita a o trecho demolido e expõe os elementos construtivos originais do prédio. São 600 m2 usados como cartão de visitas do estúdio. A brancura também reside na Casa REX. Caminhos com pintura epóxi branca foram deixados ao longo de todo o estúdio. As pedras nas bordas finalizaram a composição. Para Fernando Forte, sócio e arquiteto do FGMF, o projeto permitiu o discurso do reuso. “O projeto da Casa REX foi uma excelente oportunidade para testar em escala interessante o uso de materiais e técnicas normalmente utilizadas na infra estrutura. O aspecto robusto dos materiais, aliados a uma estética particular desse projeto, teve excelente custo benefício e um resultado de personalidade forte, expressando a identidade do escritório de design gráfico”. A inovação e a arquitetura autoral deram a identidade que a empresa já expressava nos trabalhos. A partir do contraste e com a escolha de técnicas e materiais que não se veem em larga escala por aí, o que se viu depois de pronta foi uma obra que valoriza o existente e não deixa que a funcionalidade atropele a estética. Os dois pontos trabalharam juntinhos. O que já existia, mas estava escondido, foi colocado às claras. A escada e as paredes da área de entrada foram despidas, deixando os tijolos à vista.

62


Os caminhos levam ao suprassumo da ousadia. A brancura do piso em contraste com a rusticidade das pedras.

A fachada já mostra a que o projeto se propõe, com a alternância de dois tipos de pedra, sustentadas por fios de aço.

O pé-direito duplo deixa espaço de sobra para as cabeças pensarem. Por falar em espaço, dá para guardar tudo nesta estante - são 60 m2. 63


CENÁRIO


Pegada dramática Laboratóri o cri ati vo se apropri a de l ega do de Al exander McQueen e dei xa a i m ag i na çã o f l ui r por todos os ca ntos do décor Por Tátila Perei ra fotos D i v ul ga çã o


CENÁRIO

Alexander McQueen inspira. Aliás, sempre inspirou.

lá fora. Itens como torneiras, maçanetas e até chaves de ouro

Ousado, gostava de causar e, com esse ímpeto que desa-

foram importados de Londres. O escritório desenvolveu pe-

fiava o já existente, ele marcou época. Mesmo não estando

ças exclusivas para o projeto que conta também com objetos

mais vivo, não é difícil encontrar suas ideias “contaminan-

de design assinados, como as cadeiras Eames, Philippe Star-

do” – positivamente, é claro – o universo criativo. A Scho-

ck, Studio Badini, Selab e outras mobílias de outros países.

ol/SS99 surgiu com essa pegada e até o nome vem de Mc-

A visão cosmopolita não se restringe aos materiais e pe-

Queen: os fundadores basearam-se no memorável desfile

ças decorativas. Ela também se aplica às ideias. Viajados e

Spring/Summer de 1999 do estilista, no qual moda, tecnolo-

com um conhecimento global, os responsáveis pelo projeto

gia, direção de arte, design se fundiram numa batida perfeita

trouxeram um tiquim do mundo para o espaço do escritório.

e trouxeram essa filosofia para “dentro de casa”.

No hall principal, por exemplo, tijolos com padrão de azulejos

A School/SS99 é uma laboratório criativo multidisciplinar

brancos cobrem uma parede, uma ideia captada de uma es-

que reúne Direção de Arte, Design Digital, Fashion Photo-

tação de metrô de Nova York. Mais uma encomenda especial

graphy e Design de Interiores e os profissionais imprimiram

que precisou ser importada. Como resposta, um cliente já

uma decoração estilosa e cheia de conceito. Contradizendo

pediu a mesma aplicação em seu escritório.

o famoso ditado popular, naquela casa de ferreiro, o espeto

Clássico e moderno passeiam juntos, cada um em doses

não é de pau. Prova disso é que os serviços oferecidos aos

perfeitas. E aquela pitada vintage também diz “presente”!.

clientes se refletem na própria decoração do lugar e, detalhe,

Por isso, não se surpreenda ao encontrar uma vitrola anti-

os próprios sócios assinaram o projeto.

gona, um telefone – daqueles que tinha que dar uma voltinha

Com a ajuda de pastilhas, o chão ficou pixelizado. E é do piso

até o número, lembra?! –, um simpático armário de farmácia

que vem uma combinação usada por todo o canto: o imba-

repaginado, ou, ainda, uma geladeira arredondada – preta!

tível P&B. Pontos dourados dos objetos de decoração e até

– lá das décadas de 50 e 60. Tudo com a companhia de um

no cartão do estúdio completaram o composé estiloso. A

piano branco para não destoar a combinação.

casa de década de 50 tornou-se uma opulenta mansão, or-

A dramaticidade percebida lá no épico desfile de McQue-

namentada com o luxo em suas mais variadas formas – do

en caiu como uma luva em toda a proposta, da filosofia da

tradicional ao contemporâneo. A partir da tela branca, foram

empresa ao que foi apresentado no décor do escritório. Com

acrescentadas pinceladas ecléticas.

o resultado final, a genialidade fica por conta da decisão de

Os proprietários não quiseram fazer nada pela metade, por

usar a própria sede da empresa como um cartão de visitas,

isso, foi preciso garimpar mundo afora. Muitas das preferên-

muito pomposo, por sinal.

cias dos donos não existiam no Brasil e o jeito foi buscá-las

No local de trabalho, inspiração para todo o lado com as revistas dos segmentos do laboratório expostas. E até sentar tem que ser com estilo: as mentes criativas têm cadeiras Louis Ghost, de Philippe Starck. A mesa não fica atrás: é uma antiga Luís XV.

66

Não esqueceram nem dos cartões! Luxo em forma de ouro até no papel.


O piano de cauda, um Diederichs & Freres da Rússia criou um estilo de intencional extravagância, ajudado por tapetes de pele. As pastilhas no piso parece que foram colocadas intuitivamente. A opulência segue pelo mobiliário. O sofá Chesterfield em capitonê é casado com a mesa de café com aquela pitada chique: as pernas são de ouro!

A entrada já é convidativa. Iluminação intimista já mostram aos clientes – ou meros admiradores – o que vão encon-

O banheiro não poderia fugir da temática. Só que o pano de fundo foi inverso: no lugar da predominância do branco, vem o preto, sem perder o encanto. E olha o ouro ali, na maçaneta, nas torneiras, nos detalhes.

trar lá dentro. 67


CENÁRIO

Mais interação, por favor! N u m a o lh a da pelo po rtfó lio da Agênci a WE, você e n te n d e rá po rque a es trutura físi ca do escri tóri o é a ssim Po r Tá t i l a Pe re i ra fo to s Ana G al ante

68


Eles queriam que a parte física fosse condizente com a filosofia da empresa, o que era difícil antes: o trabalho de criar era feito em um pavimento de um edifício comercial, aquele aperto só. Agora, a casa nova tem espaço, funciona em um galpão de uma antiga escola, na Vila Olímpia, São Paulo. O projeto é da Mila Strauss Arquitetura e, em apenas 3 meses, apresentou as soluções que os proprietários da Agência WE precisavam. À disposição estão 1500 m² de área, divididos em três pavimentos, distribuídos conforme a necessidade do trabalho. As salas de reunião e o financeiro ficam no térreo e para os minutinhos de descanso, no mesmo local, fica um café com um lounge, integrado ao jardim. Por ali, é possível receber clientes e realizar eventos. O primeiro andar é para o trabalho duro, onde ficam as salas dos sócios, de reunião e a mina de ideias, ou melhor, o espaço de criação – com uma equipe de 100 pessoas. A inspiração industrial está ali, presente. Em alusão a isso, duas das salas de reunião ficaram suspensas, como contêineres – o que dá ajuda no apelo visual do galpão. O topo do prédio foi definido como sala vip com área externa. A mudança estrutural possibilitou também uma alteração na forma de trabalho. Na antiga agência, os funcionários precisavam se espremer em salas fechadas e aí o entrosamento e a interação não eram quesitos levados muito ao pé da letra. O conceito open space abriu essa janela para que o contato também se transformasse em uma ferramenta criativa.

As escadarias marcaram pontos de cor na agência. Mesmo com a predominância do branco e do cinza, esses tons básicos serviram de pano de fundo para cores fortes

A parte externa é bem convidativa: bastante verde e peças estilosas para admirar

69


CENÁRIO

Na sala de reuniões, as cadeiras Bertoia foram as eleitas para acomodar os convidados. Para iluminar, lâmpadas fluorescentes

Nem tudo o que era escola antes foi desfeito. A cobertura original, estruturas e paredes são os mesmos. A iluminação do open space também, mas foi complementada com pendentes. Lâmpadas fluorescentes presas em eletrocalhas deram luz aos demais ambientes. Os móveis, em sua maioria, não são novos: foram reaproveitados ou reformados. A definição da paleta de cores partiu de um ponto bem interessante: os tons escolhidos vieram direto do portfólio da agência – para que o cliente já entenda o que a empresa faz ao botar o pé para dentro. A liberdade espacial aumentou a No térreo, o piso é de grama sintética – uma extensão da parte externa da agência

70

metragem e tirou de trás da cortina a personalidade da WE.


Rua Paranรก, 3736 Cascavel - Paranรก 45 3223 3484

Renilda dos Santos Ganhadora do concurso Tudo de cor para minha casa

Conheรงa a histรณria completa em casadastintascascavel.com.br

71


CENÁRIO

72


Interior cosmopolita S ej a bem vi ndo à resi dênci a da cri ati vi dade. Conheça a mus a ins pirado ra, ou m el hor, casa i nspi radora dos pal adi nos da c ri a çã o Por Ricard o Poh l fotos Rodri go Vi ei ra

73


CENÁRIO

Irreverente, sem deixar de ser sério. Além do papel de parede de uma das maiores cidades do mundo, Nova York, ali fica estampado o esforço de gente que trabalha, mas não deixa de se divertir. E já que estamos falando na metrópole, muitas são as semelhanças entre a cidade que nunca dorme e o QG da Editora DFP. A decoração idealizada por eles e condensada por ela, a arquiteta Andrea Coelho, representa todos os estilos dos profissionais que ali trabalham, como se fosse uma capital que abriga povos distintos, mas cidadãos fiéis a uma mesma cidade. “Essa faixa contínua que passa, integrando todos os espaços apesar de eles serem completamente diferentes, dá uma unidade visual, então você enxerga uma empresa inteira, trabalhando com módulos separados”, explica Andrea. O cinza, que compõe a faixa e se dispõe por toda a área, não é chato como se imagina, e desempenha papel importante para os colaboradores: Quando estão apilhados de jobs ou reportagens, é na sua serena tonalidade que encontram o equilíbrio. O contraponto fica por conta das cores primárias que estabelecem pontos de cor estratégicos no grande cinza do espaço. Única e suficiente é a parede amarela que promove a alegria em complemento com a calmaria. O efeito que o amarelo provoca nos mais desmotivados, se estende mais forte, mas ainda divertido, nos criados-mudos agachados embaixo de algumas mesas, em pontos estratégicos. “Eu gosto muito da ideia, eu acho que tem tudo a ver com criação, essa questão do espaço jovem”, legitima a arquiteta. Não é só nos trabalhos de publicitários, jornalistas e diretores que a ousadia é presente. É na cozinha, e em forma de geladeira, que o vermelho contrapõe toda a responsável obrigação de lavar uma louça que o preto do mármore dita. É nos aéreos que o charme fica, junto com cereiais, armazenado para ser descoberto num abrir de portas estiloso, mas discreto, como o cinza que predomina. Apesar de estarem abaixo, os aparadores não são menos importantes. Eles guardam tudo, desde clipes até influências, demonstrando sua seriedade na forma de pegadores de alumínio. E se formamos uma metrópole no interior de uma Editora, temos uma prefeitura, certo? Errado, o lugar onde decidimos o futuro de textos e logotipos é uma mesa redonda e azulada de credibilidade, sem essa besteira de hierarquias e formalidade. Aqui, a única ditadura é a da criatividade!

74



ALMA EXPOSTA D e sca s car e des co brir é a o rdem – val ori zar o que há por trás das est r u t u ra s po de revelar elementos que revi goram um projeto Po r J u l i e Fa n k fo to s Sérg i o Sanderso n

76


CENÁRIO COMERCIAL

Tirar a casca aqui exige mais do que ferramentas. Exige sensibilidade e paciência muita. Uma obra que pede olhar apurado para prever problemas antes que eles possam surgir exige experiência – e experiência muita também. Os quesitos não são problemas para Andrea Coelho, arquiteta responsável por dar nova forma a uma loja de móveis no coração de Cascavel. O prédio, que hoje divide espaço com uma farmácia, já foi um restaurante e ficou abandonado por um tempo. Hoje, empresta sua antiga estrutura de madeira para um projeto que encanta corpo e alma. E por falar em corpo – se a estrutura pronta precisava de uma nova cara, antes, era necessário despi-la para saber o que de fato se tornaria material para o projeto: “Quando nós chegamos lá, havia quase uma estrutura hospitalar: forro de pvc, azulejo branco, paredes revestidas. A gente não tinha exatamente noção do que tinha ali atrás. Ele foi locado porque o ponto era bom.”, conta a arquiteta. Depois do “desmanche”, é que foi possível impulsionar o projeto, a partir do que o prédio oferecia. O desafio era não demolir nada de estrutura – para não afetar o vizinho. Daí, vieram as soluções que ambientariam o espaço posterior com a estrutura pronta: um piso de concreto queimado, manutenção das tesouras em madeira (pintadas de branco) e uma fachada independente para tampar o barracão anterior. O prédio, que veio sofrendo intervenções, mesclava estruturas de diferentes tempos: a de madeira inicial permaneceu, na entrada e na garagem, outros dois tipos de estruturas metálicas tiveram que ser mantidas. A questão é: não seria mais fácil demolir? A coerência responde essa questão: “Para mim, seria muito mais conveniente, porque eu faria tudo do meu jeito. Tem coisas que, como arquiteta, me incomodam profundamente, mas talvez essa não fosse a melhor solução para o meu cliente. O bom profissional consegue se adaptar a diferentes situações. Você não mede um profissional pela quantidade de problemas que aparecem, mas pela quantidade de problemas resolvidos.”, reflete a arquiteta. Há ainda um fator determinante: a relação custo-tempo – “principalmente quando um imóvel não é próprio – o que se vê em grande parte das situações de arquitetura comercial”, explica Andrea. O tempo, nesses casos, é fator preponderante e somente as decisões rápidas podem economizá-lo: “São decisões simultâneas, faz isso, faz aquilo, muda aqui, vai lá. Esse projeto foi sendo mudado constantemente até a

O banheiro público é pautado nas questões de acessibilidade. Apesar da pia aberta, a exposição não é agressiva.

77


A FACHADA com detalhes em madeira de demolição esconde a antiga construção.

78


CENÁRIO COMERCIAL

A artista por trás da nova forma

As tesouras não poderiam ser tiradas por se conectarem ao outro lado e segurarem todo o telhado. A opção foi fazer gesso e deixá-las aparentes.

é Quem decide por livrar espaços dessas máscaras e maquiagens só poderia ser autêntica. Andrea Coelho é curitibana de nascimento e formação, mas escolheu a cidade de Cascavel para se firmar no mercado de arquitetura. Com uma graduação na UFPR e pós-graduação em História da Arte, Crítica e Estética, saiu da capital para protagonizar obras e feitos por aqui. Além de ter lecionado nos cursos de design e arquitetura da FAG, foi sócio-fundadora da extinta FENARC e da, também extinta, Sociedade de Arquitetura de Cascavel. Quando chegou à cidade, havia, no máximo, uns 4 escritórios de arquitetura. Hoje, no turbilhão de escritórios e da leva recheada de profissionais recém formados, identifica um mercado fértil, com pontos saturados, mas uma fatia inteira carente: “Quando as pessoas se formam, todo mundo quer fazer a mesma coisa. A gente tem um segmento inteiro aí

gente conclui-lo. Não houve um projeto. Tem um projeto ini-

para ser preenchido e esse pessoal tem que ser di-

cial e um produto final – ele foi sendo adaptado.”, comenta.

luído por todo o setor. A área de urbanismo aqui, por

Em uma situação do passado, o dono demoliria a constru-

exemplo, é uma página em branco. Faltam escritó-

ção e aproveitaria o terreno, mas a proposta de reaprovei-

rios atuando fortemente na área de planejamento

tamento e conscientização tem atraído adeptos. Para os

urbano, soluções urbanísticas. Paisagismo é outro

arquitetos, um desafio: na arquitetura comercial, é o produto

setor tímido.”, observa. Interiores e empresas dão

que tem que aparecer, não a loja. “E aí entra uma questão

mais visibilidade ao portfólio e, há mais de 20 anos,

de ego, um problema para todo profissional da criação.”,

quando não existiam fornecedores e soluções ade-

provoca Andrea. E por falar em ego, há aquele projeto que-

quadas, era hora de fazer bonito em casas e lojas. O

ridinho que, de alguma forma, reflete a identidade artística

sucesso da arquiteta, queridinha entre exigentes e

do profissional? “O último projeto é sempre o mais queri-

antenados, é explicado por esse trabalho de formi-

do, talvez por ainda estar na memória.”, tangencia Andrea.

guinha, feito ao longo de todo esse tempo. Mesmo

Conhecer projetos que, de tão sensivelmente executados,

sem ter uma área de atuação predileta, é, sim, no

refletem necessidade do cliente e perfil do arquiteto na pro-

hall de casas de pompa e empresas dos melhores

porção ideal faz a gente pensar que arquitetura é coisa de

pontos, que encontramos sua assinatura – sinal de

alma mesmo – quase um bater de santos, muito antes do

que quem ainda estiver disposto a preencher essa

primeiro martelo.

fatia de mercado tem um longo trabalho pela frente e uma competidora de nome e muito bom gosto. 79


80


81


FASHION I N HOME

Curinga até no décor S e e u p e d ir para vo cê fec har o s ol hos e pensar em al go que nunca s a i d e mo d a , certez a que no pó dio das opções estará o jeans. Req u isito cr u cial de s o brevivênc ia em um guarda-roupas, o teci do t a mb é m f le rta co m a deco ração de casa. Estão, aí em bai xo, vári as p rova s n u a s e c ruas

1 3

4

2

1

Banqueta giratória

3

www.clasf.com.br

Cadeira Remember [De Tobias Juretzek para a Casamania]

Preço sob consulta.

www.casamania.it Preço sob consulta

2

Geladeira www.smeg.com.br Preço: aproximadamente R$ 10.500,00

82

4

MODELO NO DESFILE DL 1961 Premium Denim spring 2013 - Nova iorque


5

6

7

8

5

6

Almofada Cartão Postal Londres

7

Poltrona

www.singola.com.br

www.legendbluesllc.com

Preço: R$ 40,00

Preço sob consulta

Poltrona Barcelona

8

Sofá C15 [De Marcus Ferreira

www.etna.com.br

para a Carbono Design]

Preço sob consulta

www.carbonodesign.com.br Preço sob consulta

83


“Nos próximos anos vamos ver acontecer com o design o que aconteceu com a indústria da música.”

84


ESPELHO

Quando o talento está presente, os direitos não precisam ser reservados E n te n d a o t rabalho de M auríc io Arruda, sai ba o porquê el e prom ove a có p i a de s eus pro duto s e descubra quem é J osé Po r R i ca rd o Po h l foto s Fran Pa rente

A falta de alternativas criativas transformou o arquiteto em

rem significado ao seu trabalho e foram impulsionados pela

designer. Maurício Arruda talvez tenha levado em considera-

industrialização atrasada no país. As características desfa-

ção o ditado popular de Se quer bem feito, faça você mesmo.

voráveis da nossa indústria também o motivaram a pôr as

E ele fez. Fez tão bem feito que, hoje, o paranaense – e um tal

mãos na massa, ou melhor, a adotar as técnicas manuais de

de José – tem reconhecimento internacional. Recebeu convi-

produção.

tes da Bélgica, para expor no Flanders Gallery, e da Inglaterra,

E aquela carência, a criativa, ainda existe? De tal maneira,

para mostrar irreverência no The Gallery at the civic. Pauta

que o designer de produto se tornou tão importante quanto

com prioridade a sustentabilidade na agenda e carimba sua

a arquitetura no estúdio de Maurício “tamanha a demanda

marca registrada com humor. Por vezes, com o selo copyleft.

do mercado”. Mas não é a demanda que mantém o nome do

Copy o quê?

londrinense no mercado, ou melhor, na feira. Já que foi lá, nas

Selo Copyleft. Quer dizer que a peça não possui direitos auto-

feiras mesmo, que ele se inspirou para criar a Linha José, uma

rais reservados e suas cópias – sem fins lucrativos, que fique

série de móveis ícones de seu trabalho, feitos com caixas

avisado aos espertalhões – é estimulada. E o que isso tem

coloridas de plástico e muito talento. José é uma espécie de

a ver com pirataria? Tudo. “Nos próximos anos vamos ver

porta-voz de seu criador, que em seus “pronunciamentos”,

acontecer com o design o que aconteceu com a indústria da

em salas de estar, promove a sustentabilidade em discursos

música”, justifica Maurício. Segundo o designer, com a aces-

bem humorados e descontraídos.

sibilidade das impressoras 3D, “poderemos fazer download de design e, além disso, remixá-lo”. Maurício também atribui

“ “Nã o so u co ntra a indus tria li-

a isso uma mudança de paradigma que estamos sofrendo: o

z a çã o . Po r o utro la do , o pro-

consumidor participa mais do resultado final da peça, se tornando o que ele denominou de “prosumidor”. E se a questão ambiental é tratada com espirituosidade nas peças de Maurício, é porque não se trata de tendência, mas ideologia. Além da especialização em Construções Sustentáveis, Maurício colaborou com a Agenda 21, um instrumento para o planejamento do desenvolvimento sustentável, justo e, ao mesmo tempo, econômico da sociedade. “Acho que essa capacidade de transformar o ordinário em extraordi-

ces s o de co leta r e reutiliz ar ma téria nã o -prima faz pa rte da identidade do meu es túd io e industrializ a r esse pro cesso é co mplexo .”

nário é uma característica do meu trabalho e do design bra-

A brasilidade é expressa de tal forma nas criações de Maurí-

sileiro contemporâneo”, caracteriza Maurício, voltando-se

cio, que sua reação de identificação será instantânea quando

principalmente à escolha dos materiais de reuso, que confe-

bater os olhos numa delas, como a Poltrona Rede ou a pró-

85


ESPELHO

A MESA House of Cards, desenhada por Maurício Arruda, em projeto também dele.

“ “A casa de hoj e deve se r or ganiz ada po r a tiv idad e s e n ão po r área s.” pria Linha José. Criar uma identidade cultural num país do

veis interativos, nos quais o usuário define onde e como irá

tamanho do nosso não foi nada fácil, mas Maurício obteve

usar”.

tamanho sucesso que suas peças expressariam brasilida-

O designer que já lecionou em instituições como Instituo

de até numa residência da República Tcheca. Falando nisso,

Europeo di Design (IED) e na Escola Panamericana de Arte

não estranhe caso aviste uma peça dele por aí, tipo, em Pra-

aconselha: “Precisamos nos cercar de nossos objetos pes-

ga, porque esse tal de José representou tão bem o Maurício,

soais, nossas memórias para construir uma casa que conte

que agora ele vai desenhar para a Ikea, um grupo presente

nossa historia. Essa relação mais subjetiva com a casa é que

em mais de 30 países e conhecido por comercializar móveis

faz dela nosso lar, nosso ninho. E não a configuração de sua

funcionais, com um design bacanudo a preços xuxu beleza.

planta. Não acho que essa integração que vivemos hoje te-

Com relação à produção de larga escala, Maurício faz ques-

nha a ver com modismo. Acho um caminho sem volta”. Ainda

tão de enfatizar “Não sou contra a industrialização. Por ou-

que a condição de realizar várias atividades em vários luga-

tro lado, o processo de coletar e reutilizar matéria não-prima

res da casa pareça muito estressante para alguns, para ou-

faz parte da identidade do meu estúdio e industrializar esse

tros, isso é produtivo de tal forma, que conseguem unir duas

processo é complexo”. Porém, nesse mundo, ele se sai muito

coisas gostosas numa melhor ainda: como sentar no sofá

bem. Prova disso, é a Flúor, luminária com estrutura fabrica-

e fazer companhia para quem, antes, cozinhava sozinho. É

da pela indústria e finalizada pelo consumidor, que a com-

nessa proposta que Maurício não só no design, mas também

pleta com lâmpadas fluorescentes queimadas, se tornando

na arquitetura, propõe integração – o que faz parte de uma

agente reciclador e prosumidor.

nova comunicação do morar – do Maurício e de todo mundo.

E se você come no quarto e dorme na cozinha, não se preo-

Colocar em xeque questões tão simples de uma maneira tão

cupe. Essa situação, em que as atividades estão se mes-

bonita implica que Maurício e toda leva seleta de sua gera-

clando em todos os ambientes, faz parte do contemporâneo,

ção conseguem assimilar como uma sociedade, carregada

e segundo Maurício, por essa razão “A casa de hoje deve ser

de questões cruciais, se relaciona com os espaços, trans-

organizada por atividades e não por áreas”. Isso que dizer

formando esses entendimentos em símbolos de reconhe-

que posso comprar aquele rack de passar roupa na cor mog-

cimento de Josés, Joãos, Marias e tantos outros brasileiros.

no com rodinhas súper prático? Não, amigo leitor, por favor, não. Isso pressupõe, nas palavras de Arruda “espaços e mó-

86


87


SKETCH MAP

Voz ao grafite A g uia s úper des col ada Fl avi a Li z Di Paol o conta para a gente quem s ã o o s artis tas de rua que vão bom bar ou já estão bom bando l á pa ra a s ba ndas de s ampa

BIOFA A arquitetura das cidades, as cores, as formas geométricas, os Confira o vídeo

desenhos animados e

sobre o livros “Co-

o grafismo em si são as

res e formas do

referências-base para

meu Brasil” produ-

criação de seus per-

zido por Biofa:

sonagens.

Ilustrador,

publicitário, artista gráfico e plástico nascido na zona norte, berço do grafite contemporâneo, Biofa começou aos 15 anos e não parou mais.

BOLETA Ele é o grafiteiro que tem mais obras no Beco do Batman (referência do grafite na Vila Madalena em São Paulo). É um artista que vem da pichação e começou em 1994, no bairro da Moca. Tem como principais influências a tatuagem e a psicodelia e usa como principais temas a espiritualidade e a natureza. Foi o primeiro grafiteiro do Brasil a pintar com estilo orgânico e a o primeiro a retratar a floresta amazônica.

88


MUNDANO Conhecido por ser ativista do grafite e da reciclagem, imprime suas marcas em São Paulo e no mundo por meio de manifestações criativas que borram as fronteiras da tradicional intervenção artística urbana para ações coletivas de engajamento social. É reconhecido por seu grafite “papo reto”, no qual o impacto dos conteúdos propagados é latente e ao qual se soma uma certa autoridade estética – o que o transforma em porta-voz da sociedade.

JAIME PRADES Um dos precursores do Beco do Batman, criado em 1983. Tem 55 anos, fazia parte do grupo Tupinãodá e criou vários personagens que vende no formato de escultura a preços variáveis. Ultimamente, tem trabalhado com material reciclado, tanto madeira como ferro e plástico. Tem um livro publicado com sua obra.

RUI AMARAL Criador do Bicudo, personagem que está no painel permanente no Túnel da Paulista. Criou também os ETs, os híbridos, os seres do espaço e os seres terrestres. Recentemente tem se apropriado do espaço de uma forma mais lúdica no olhar, a exemplo de uma empena grafitada num prédio da Paulista. É artista plástico multimídia, ativista cultural, tem 51 anos e é paulista. É um dos pioneiros do movimento do grafite brasileiro. Formou um dos grupos que mais agitou o circuito artístico paulista, o Tupinãodá, cujos integrantes foram os primeiros a grafitar à luz do dia. Sofreu perseguições da polícia, chegando a ser preso várias vezes e processado criminalmente pela prefeitura de São Paulo. Trabalha com desenho animado, pintura, webart, instalações. Já expôs na Pinacoteca do Estado, MAC, MIS , Funarte, MAP, Paço das Artes. Participou da Trama do Gosto e de três mostras paralelas na Bienal Internacional de São Paulo. Possui trabalho no acervo do MASP. Formado pela FAAP em artes plásticas, fez parte de uma época denominada geração 80, considerada um dos maiores expoentes do grafite brasileiro, que começava a invadir Bienais, museus importantes e galerias. Atualmente tem se dedicado à sua produtora multimídia, a Artbr, pioneira em conteúdo para banda larga no país, coordena projetos de arte e educação voltados a valorização da cidadania junto às comunidades carentes das periferias das grandes cidades. 89


www.controlsul.com

Diagnóstico fiscal ................................................................. Planejamento tributário ................................................................ Consultoria tributária e contábil ................................................................ Consultoria societária e patrimonial ................................................................ Consultoria contratual e comercial ................................................................ Defesas fiscais administrativas ................................................................ Recuperação de ativos ................................................................ 90Segurança jurídica dos negócios

CURITIBA - PR Avenida Cândido de Abreu, 427 | Ed. Conrado Riedel 4º andar - Conjunto 407A | Centro Cívico CEP 80530-000 | Fone (41) 3618 9940 CASCAVEL -PR Avenida FAG, 205 | Bairro FAG CEP 85806-096 | Fone (45) 3222 7860 MARINGÁ - PR Avenida Duque de Caxias, 882 - 8º Andar | Novo Centro CEP 87020-025 | Fone (44) 3262 1595

BLANCOLIMA

Sua empresa bem orientada por quem conhece do assunto


PONTO.COM + COLABORADORES

NÃO É SÓ DE REVISTA QUE VIVE A REVISTA A ge n te t á na rede e quer ver vo cê por l á! Para quem viu em algumas matérias um quadradinho branco para ser “decifrado” pelo celular e não sabe o que é, a dica: eles são chamados de QR CODEs e, ao serem identificados pelo leitor do celular, te direcionam

Se você viu um monte de escritórios criativos por aqui, espere só para

para o conteúdo online complementar à matéria. Tudo para deixar sua

ver o que você vai encontrar no nosso site. Garimpamos entre os me-

leitura ainda mais dinâmica.

lhores projetos, aqui e no mundo, escritórios para deixar a parte chata da vida de lado. Confira lá!

CO M O F U N C I O N A O Q R CO D E :

@construarch

1. Baixe o aplicativo (QR DROID para Androids e QR READER para apple); 2. Abra o aplicativo e aponte a câmera para o QR CODE;

Nos bastidores da produção da revista, rolam várias surpresas e ideias

3. Você será redirecionado para a página com o conteúdo.

paralelas. Você não pode deixar de nos acompanhar! Dá uma olhada no

4. Leia, assista ou veja e divirta-se!

que temos feito!

/revistaconstruarch Confessa para a gente! Você não passa um turno sem bisbilhotar o que anda acontecendo nas redes sociais, né?! A gente sabe! E por isso preparamos com todo o cuidado um conteúdo exclusivo para você nos acompanhar por lá!

Algumas peças do quebra-cabeças P ro f issio n a is antenado s que dera m aquel a m ãozi nha na ConstruARCH #005 F lávia L i z

C laudemir

C arlos

Ninguém fica

H auptmann

Salamanca

perdido perto

O

jornalis-

O arquiteto e

da

ta

Claudemir

urbanista Car-

Flávia

Hauptmann

los Salamanca

Liz. A viaja-

acabou de en-

tem sede pelo

da

trar para o time

diferente. E é

personal

guide

paulista

oferece

um

– e trouxe con-

assim

turismo

de

sigo uma ampla

sempre.

ex p e r i ê n c i a

bagagem.

um

singular

atua no jorna-

aqui, outro ali

lugares onde poucos passaram em São Pau-

lismo desde os anos 80, passando por jor-

ele deixa as obras nas quais se envolve com

lo. Ela apresenta ao visitante a arte contem-

nais, revistas, portais de notícias, TV e rádio.

a cara do dono, mas com sua assinatura im-

porânea, arquitetura, moda, design, arte de

Veio escrever sobre o que, para ele, é a arte

plícita. Ligado em tudo o que surge de novo

rua e favelas da cidade, tudo de forma per-

de humanizar espaços: a arquitetura. Com as

na área mundo afora, ele traz para o interior

sonalizada. Além dos lugares inusitados, os

palavras, quer transmitir o aconchego que

métodos construtivos sustentáveis e, claro,

passeios reservam um conteúdo multicul-

uma casa precisa ter. É dele a matéria sobre a

bonitos que só. Conhecido na região por tra-

tural – cheio de gostosas surpresas no ca-

mão de obra na construção civil, entre outras

zer os contêineres para a cidade, foi ele quem

minho. É dela o dedo que aponta para 5 dos

reportagens.

explicou a tendência na seção Bate-papo.

em

Ele

desde Com detalhe

artistas de rua que você tem que conhecer. 91



ONDE ENCONTRAR

A Costureira Aviamentos

Esquadra Arquitetos

Cascavel – Paraná

Nex Coworking

Rua Salgado Filho, 2366

(45) 3225 3111

Rua Paraná, 5906

Loja 1

Cascavel - PR

Brasília, DF

www.portoseguroimobi-

Cascavel - PR

Av. Brasil 6661

(45) 3038 1701

(61) 3347 4327

liaria.com.br

(45) 3037 5647

(45) 3223-8040

www.cidadelaarquitetu-

www.esquadra.arq.br Etna

JD Casa

www.etna.com.br

Av. Brasil, 2185

Cidadela

ra.com.br Loja 2

www.nexcoworking.com. br

Rua Paraná, 3784

Controlsul

Cascavel - PR

Paper Light

(45) 3097-4027

Avenida FAG, 205

Evviva Bertolini

(45) 3305 6000

R. Castro Alves, 2172

Cascavel – PR

Cascavel – PR

Rua Minas Gerais, 2296

www.jdcasa.com.br

Cascavel – PR

(45) 3222 7860

Cascavel – PR

www.controlsul.com.br

(45) 3038 9001

Kgepel

www.evviva.com.br

Rua Erechim, 799

Premium Iluminação

Cascavel – PR

Avenida Tancredo Neves,

(45) 3220 2441

730

www.kgepel.com.br

Cascavel - PR

AGF Máquinas Avenida Ministro Cirne Lima, 2528

(45) 3223 3045

Toledo – PR

Criare Móveis Planejados

(45) 3252 4152

Avenida Brasil, 5511

Faculdade Assis Gurgacz

www.maquinasagf.com.

Cascavel – PR

Avenida das Torres, 500

br

(45) 3322 1863

(45) 3321 3900

Kosbo

www.premiumilumina-

www.fag.edu.br

www.kosbo.com

cao.com.br

Legend Blues

Plusbuyer

www.legendbluesllc.com

www.plusbuyer.com

Andrea Coelho Arquitetura e Interiores

R. São Paulo, 735

Rua Afonso Pena, 1749

(45) 3038-3234

Fernanda Schereiber Joias Alternativas

Cascavel – PR

(45) 3038 4600

Decorações Marisa Cascavel - PR www.decoracoesmarisa.

Rua Riachuelo, 1949

(45) 3223 1578

com.br

Cascavel – PR

LM Arquitetura e Engenharia

Saraiva de Rezende Construtora

(45) 3223 7814

Rua Teresina, 1155

Rua São Paulo, 1151

Bastian & Lora Engenharia e Empreendimento

Desmobília

Cascavel – PR

Cascavel – PR

Avenida São Gabriel, 481

Finger

www.construtoralm.com.

(45) 3225 8182

Curitiba - PR

Rua Pernambuco, 1719

br

www.saraivaderezende.

(41) 3072 6827

Cascavel - PR

www.desmobilia.com.br

(45) 3306 0434

NBC Arquitetura

www.fingermoveis.com.

Rua Carlos de Carvalho,

Singola

Eduardo Paranhos Arquitetura e Construção

br

3783

www.singola.com.br

FGMF Arquitetos

(45) 3225 1116

Smeg

w w w . ca r b o n o d e s i g n .

Rua Antonina, 2027

Rua Mourato Coelho, 923

w w w . n b ca rq u i te t u ra .

www.smeg.com.br

com.br

Cascavel - PR

São Paulo - SP

com.br

(45) 3306 0353

(11) 3032 2826

www.eduardoparanhos.

www.fgmf.com.br

Rua Flamboyant, 2135 Cascavel - PR (45) 3324 1145 www.bastianelora.com Carbono Design

Casa das Banheiras Avenida Carlos Gomes,

(45) 30 35 6565

Cascavel-PR

Neo Reveste

Thais Pontes Fusing |Mosaicos

Loja 1

(45) 8412 7927

Ibacana

Avenida Parigot de Souza,

thaispontes@thaispon-

Estar Móveis

(11) 2626 0495

2594

tes.com

Rua Jurubatuba, 362

www.ibacana.com.br

Toledo – PR

com

3420 Cascavel – PR

(45) 3055-4353

São Bernardo do Campo Casa das Tintas

– SP

Ige

Rua Paraná, 3736

(11) 4125 7743

www.ige.com

Cascavel – PR

www.estarmoveis.com.

(45) 3223 3484 Casa Mania

br

www.casamania.it

com.br

Think Geek www.thinkgeek.com

Loja 2 Rua D. João VI, 974

Imobiliária Porto Seguro

Marechal C. Rondon – PR

Rua Afonso Pena, 1854

www.neorevesteacaba-

(45) 3254 7693 mentos.com.br 93


BATE-PAPO

Construções em Contêiner U m pas s o pa ra a i ndustri al i zação da construção civil Po r Ca rl o s Sa l ama nca

Contêiner, volume, caixa metálica e, até mesmo, equipamento. São inúmeras as descrições para este recipiente conhecido popularmente por transportar cargas pelo mundo todo. Essa caixa foi criada em 1937 pelo caminhoneiro Malcon Mclean e considerada por muitos estudiosos e economistas a maior inovação ocorrida no comércio mundial, por se tornar um facilitador do transporte de produtos e cargas. Ela é eficiente por se adequar aos diferentes Carlos Salamanca é arquiteto na Salamanca Arquitetura. Conhecido na região por protagonizar obras utilizando contêineres, recentemente foi responsável pelo projeto arquitetônico da Casa Foz Design.

modais de transporte e se torna mais uma vez vanguardista na exploração de seus usos: ela deixou de ser vista somente nos portos e navios. O contêiner passou a ser destinado aos mais diversos fins e ganhando força na área da construção civil. Um exemplo claro é o projeto denominado de Container City, criado e iniciado em 2000 na Inglaterra: levou cinco meses de obra utilizando 20 contêineres. O resultado foi um complexo criado para promover o comércio e diluir o tempo da construção, hoje, é espelho para outros países. Tanto o uso quanto a tipologia são diferenciais desse projeto, o que o caracteriza como uma solução tecnológica para se promover uma habitação e comércio acessível, de design moderno e porta-voz da sustentabilidade para problemas sociais e ecológicos. Outros exemplos figuram nesse conceito: desde abrigos, sejam eles improvisados, para suprir a demanda de habitações em países que sofreram desastres naturais, seja na utilização para museus itinerantes. O que já foi popularizado nos outros países está tomando força no Brasil, numa espécie de industrialização da construção civil. Com o expoente crescimento do mercado da construção civil e com a busca de novos materiais e tecnologias, o contêiner vem se destacando, não somente pelo conceito, mas também pelas possibilidades da utilização das estruturas com base nas estruturas metálicas. Em uma época na qual tempo significa dinheiro, e os construtores/ incorporadores estão reféns de mão de obra, a busca por materiais e serviços industrializados reforça a ideia de se diluir o tempo da construção, buscando recursos e tecnologias para se promover obras melhores e mais sustentáveis. Entre as vantagens da utilização desse recurso, estão, além do baixo custo, do fácil transporte e do curto prazo, uma diminuição dos resíduos, do custo de mão de obra bruta e uma flexibilidade construtiva. A reutilização de contêineres em desuso, a valorização do design e a utilização de estruturas sólidas tornam sua utilização ainda mais atrativa. Todos estes itens são importantes, e visa promover ainda mais discussões sobre compatibilização de projetos e engenharia simultânea, fazendo com que cada vez mais projetos bem elaborados façam a diferença na hora da construção, economizando tempo e recurso. Tais projetos se tornam fundamentais para se resolver e promover soluções técnicas e práticas para garantir conforto térmico, acústico e estrutural nessas edificações. De maneira geral, essa popularização dos contêineres na construção civil e no mercado brasileiro visam a promover o uso, mas também a necessidade de novas modalidades construtivas, na busca por obras mais inteligentes, que reflitam o pensamento atual, da busca por tendências inovadoras e de produtos melhores, não somente para os usuários, mas para a cidade em geral.

94



verticecom.com.br

incrĂ­vel,

como a sua casa deve ser

Ambientes Personalizados 60 lojas exclusivas em todo o Brasil 0800 702 8500 . www.evviva.com.br R. Minas Gerais, 2296 - Sala 01 - Esq. Riachuelo Centro - Cascavel - PR - T (45) 3038.9001

96


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.