Mensageiro Luterano - Março 2011

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| VIDA COM DEUS |

Luisivan Vellar Strelow Teólogo (STM) | lstrelow@hotmail.com

Igreja - família que acolhe os perdidos O acolhimento cristão traz a marca do amor que recebe, perdoa e redime o pecador

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uando Jesus disse para os fariseus do seu tempo que atirasse a primeira pedra sobre a mulher acusada de adultério aquele que estivesse sem pecado (Jo 8.7), todos os acusadores foram embora. Jesus, então, disse à mulher: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (v. 11). Jesus estava sem pecado e poderia ter atirado a primeira pedra. Quando ainda hoje mulheres são apedrejadas sob acusação de adultério, em lugares distantes, ou assassinadas por seus maridos e companheiros, em nossas cidades, continua surpreendendo a atitude acolhedora de Jesus para com as mulheres. O acolhimento cristão não é marcado pela indiferença, mas pelo amor que acolhe, perdoa e redime o pecador. Os perdidos acolhidos por Cristo não permanecem perdidos, mas são acolhidos na família de Deus: “esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lc 15.32). Jesus não atirou pedras, nem condenou, mas acolheu aquela que seria apedrejada na família de Deus: “vai e não peques mais” (Jo 8.11). É estranha essa forma de perdoar e acolher, porque Jesus envia a mulher de volta a sua casa, a sua família, ao seu marido, com uma recomendação tão simples quanto desconcertante: “vai e não peques mais”. A indiferença diz: eu não te condeno, vai e volta para o teu pecado. O amor diz: eu não te condeno, vai e não peques mais. O mundo prega e pratica a indiferença que abandona. Porém, Jesus prega o amor que acolhe e redime.

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Mensageiro | Março 2011

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“Jesus, primeiro, acolheu e perdoou, e então recomendou uma vida nova. Nós, muitas vezes, primeiro, recomendamos uma vida nova para depois, talvez, acolher com o perdão. Acolher na igreja vem antes, recomendar a volta para casa vem depois. Sem acolhimento, não há redenção; sem perdão, não há vida nova.”

Os perdidos de hoje necessitam de acolhimento e redenção. A pergunta de Tiago continua atual: que proveito há em recomendações desacompanhadas de ação? Que benefício há em recomendar ao faminto que se alimente ou ao que passa frio que busque se agasalhar se não lhe damos comida nem roupa com que possa se alimentar e vestir? (Tg 2.15,16). O Evangelho de Cristo anuncia que não somos órfãos neste mundo, mas temos um Pai que nos ama. Essa é a mensagem que faz da Igreja de Cristo uma família acolhedora. A Igreja traz ao mundo a boa notícia do acolhimento redentor. Deus é um Pai que espera o retorno de seus filhos e filhas perdidos, pronto a recebê-los com amor e perdão. Jesus anunciou as boas novas do Pai misericordioso: “Vinha ele [o filho perdido] ainda longe, quando seu pai [Deus] o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (Lc 15.20). O Evangelho acolhedor faz sentido aos perdidos, abandonados e desajustados de hoje quando é anunciado por uma Igreja acolhedora. O Evangelho redentor é mais ouvido quando anunciado por uma igreja que, a exemplo do Bom Pastor, vai em busca das ovelhas perdidas deste mundo e alegra-se com cada pecador que se arrepende (Lc 15.1-7). A Igreja deve demonstrar, na prática, o Evangelho que prega. Para o visitante, uma pregação acolhedora só faz sentido se esta for acompanhada de uma atitude acolhedora. Por outro lado, o acolhimento que redime vem sempre da graça de Deus. Na graça, fomos acolhidos; na graça, também acolhemos. m


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