Lutas

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Curitiba, maio de 2012 - Ano 16 - Número 205 - 3º Período de Jornalismo manhã PUCPR - jornalcomunicare@hotmail.com - www.jornalcomunicare.

Queria emagrecer e virou campeã mundial pág. 04

MMA:campeões mundiais tornam Curitiba referência pág. 05

s a t Lu

Foto: Lais Capriotti

Transmissão de lutas aumenta lucro em bares pág. 06

Shogun perdoa invasor do Couto Pereira pág.11

Para acessar o QrCode faça download do Quicmark

Veja agora no seu celular as melhores fotos de luta não publicadas


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opinião

Curitiba, maio de 2012

São muitos os garotos que sonham em ser campeões, e enriquecer com as lutas

Mídia descobre um grande negócio

Nossa Capa

Público de lutas aumenta no Brasil e “febre” alimenta mercado de academias, roupas e equipamentos Todo brasileiro sonha em ser jogador de futebol, certo? Errado! Até pouco tempo, o Brasil um país conhecido por seu futebol, vem se apaixonando por outro esporte: as lutas. Em especial o MMA, que vem mostrando o porque de ser a nova febre nacional. Seja pelo destaque dos brasileiros no esporte, ou pela forte mídia, o UFC ganhou seu espaço no mercado, e hoje emissoras brigam para ter o direito de transmitirem o evento. Uma luta que teve início 1993, mas não teve sucesso no Brasil, talvez pela falta de transmissão pela TV aberta. Parece que este é o ano do UFC, ou melhor, MMA. Com a marca estampada em todos os lugares, como bonés e camisetas, a nova febre é o reality da Rede Globo (modelo de programa importado dos EUA), que mostra o dia-a-dia de lutadores. E no fim, o

Fala, Leitor “A ideia de fazer um jornal sem pauta definida é inovadora. Tem temas atuais o que dá um ar renovador e torna o Comunicare tão diferente”. Salete Bagolin, Assessora Parlamentar

Fala, Professor

“Achei inovador os alunos irem para o ambiente externo fazer matérias para um jornal diário. Mostrou como será o trabalho deles quando forem profissionais da área”. Maria Teresa Freire, Professorade Comunicação Social

vencedor ganha um contrato com o UFC. Não me parece que tudo isso seja um acaso, ou que emissoras de televisão queiram explorar outros esportes além do futebol. Esportes como o boxe, também já tiveram suas transmissões televisivas, mas não conseguiram chegar em

tão pouco tempo onde está hoje o MMA. Os meios de comunicação acharam o pote de ouro, e é por isso que cada vez mais investem nas lutas, seja pelo esporte, ou pela marca. Esse investimento faz com que, cada vez mais, os telespectadores comprem os produtos e acompanhem o esporte, combate

a combate. É inegável que a grande propulsora do MMA no Brasil foi a Rede Globo, já que o esporte já era bastante conhecido em países como Japão e Estados Unidos. O que não é claro é o porque de, só agora, investir na transmissão em rede nacional desse esporte. Crianças que antes sonhavam em jogar futebol, hoje querem se tornaremos grandes na luta. É um negócio rentável para todos. A Rede Globo que transmite, a marca que lucra, os lutadores com patrocínios, as academias com aulas especializadas. E o telespectador fica como no meio desse jogo de cifras? Fica envolvido com o esporte que promete além de fortes emoções, exorbitantes salários aos futuros guerreiros.

Harianna Stukio

OMBUDSMAN: FALTA DE DESTAQUES DEIXa COMUNICARE comum

Além de erros de diagramação, faltou equilíbrio, explicações e infográficos A falta de destaques deixou o Comunicare 24 horas comum. As pessoas ainda compram jornais impressos interessadas nas manchetes que estampam a sua capa. As chamadas que julgamos muitas vezes por serem apelativas ou as fotos que nos fazem parar em frente à banca, nos fazem pagar para ler as notícias. A capa da edição 203 do Comunicare não me faria comprar. O desafio nessas 24 horas é justamente encontrar um gancho nos acontecimentos comuns. O repórter sai às ruas com a pauta pronta, mas atento a tudo em sua volta, um furo nunca é dispensado. Além do caminhão que estava na Linha Verde no horário proibido, um flagrante durante a reportagem, e o box aconteceu nas ruas, que está recheado de erros de digitação, nenhuma matéria demonstra que foi produzida no dia. É

importante lembrar que inúmeros veículos de comunicação cobrem os mesmos acontecimentos todos os dias, mas consideramos bons os que nos trazem informações diferentes dos demais. Estou falando aqui de criatividade, oportunidade, sensibilidade para aproveitar os temas pautados e transformálos em destaque. Temas comuns podem gerar matérias ótimas. A matéria sobre os Cavaleiros da Boca Maldita, por exemplo, aposto que poucas pessoas conheciam esse pedaço da história de um lugar tão popular em Curitiba. Já as feiras foram abordadas em duas matérias: feiras geram lucros e as feiras de bairro, e ainda, a foto do comércio popular pode ser facilmente confundida com a feira dos bairros. Devemos sempre estar atentos ao jornal como um todo, apesar de cada repórter escrever sua matéria, no fim o produto é

um só. As matérias pesadas devem contrastar com as leves. Aos editores, atenção. Os temas do cotidiano foram abordados de forma simples e clara, não faltaram informações e entrevistados. A não ser a matéria das calçadas, que não tem a explicação da prefeitura para a demora das obras, fez falta. Os infográficos foram esquecidos nessa edição, esse tipo de gráfico dá credibilidade ao texto, sem contar na gama de informações que podem conter neles, um recurso que deve ser explorado sempre que for possível.

July Portioli Assessora de Imprensa da Fetropar Comunicare 2008

Nossa capa descaracteriza o estereótipo de lutador, antes uma imagem que remetia a figura masculina, mas que com os anos ganhou várias mulheres como adeptas. Foto: Lais Capriotti

Expediente

Universidade Católica do Paraná Pontifícia Universidade Católica do Paraná Rua Imaculada Conceição n°1.155 Prado Velho, Curitiba Reitor: Clemente Ivo Juliato Decana da Ecola de Comunicação e Artes: Eliane Cristine Francisco Maffezzolli Coordenadora do Curso de Jornalismo: Mônica Fort Comunicare Jornalista Responsável Prof.° Zanei Barcellos DRT – 01182 Projeto Gráfico Prof.° Marcelo Públio Abril de 2012 Edição 206 Editorias Editor-chefe: prof. Zanei Barcellos Capa: Hellen Albuquerque Opinião: Harianna Stukio Entrevista: Natália Concentino Comportamento: Lais Capriotti Cidade: Paulo Semicek Policial: Marcio Morrison Geral: Rafaela Bez Educação: Samara Macedo Cultura: Bianca Thomé Economia: Bruna Habinoski Esporte: Rodolfo Kowalski Saúde: Nivia Kureke Religião: Nivia Kureke Variedades: Francisco Mallmann Internet: Heron Torquato


entrevista

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Curitiba, maio de 2012

BRASILEIRO vencedor AOS 18 ANOS DE IDADE DIZ QUE NÃO ENTROU NA LUTA com o objetivo de COMPETIR

Campeão relata que luta tira jovens da rua

“Foco psicológico, treinamento físico e força de vontade me fizeram vencer o campeonato nacional”, relembra o lutador profissional

Comunicare: Como você começou na luta? André: Na verdade, eu fui para academia fazer uma primeira aula por hobby, só pra conhecer porque eu não gostava muito. Fui com um amigo meu que treinava e me chamou para fazê-lo companhia e então comecei a treinar. Fiz uma aula experimental, a princípio gostei. Aí veio a segunda aula, a terceira, a quarta e eu fui gostando cada dia mais do esporte. Eu não comecei a treinar com o objetivo de ser lutador, eu não pensava “nossa, quero ser um lutador”, eu simplesmente comecei a treinar porque eu tinha curiosidade e podia gostar, e foi o gostar que me fez levar a sério, intensificar os treinamentos e hoje só faço isso. Comunicare: Como é feito o seu treinamento? André: Logo pela manhã eu faço a parte física, que envolve musculação e corrida, à tarde, quando estou um pouco mais machucado faço fisioterapia, e à noite faço a parte técnica de MuayThai. Meu treino não é tão intenso justamente por ser distribuído durante todo o dia.

um atleta de Goiânia que não tem o antebraço e luta Muay Thai, foi até campeão goianiense. Para você ver como qualquer pessoa, mesmo com uma deficiência física, pode fazer luta. Só depende dela começar a treinar e levar a sério, querer avançar no esporte. Comunicare: Você já teve vontade de deixar o esporte? André: Várias vezes, por falta de confiança em meu próprio potencial. Isso é algo que sempre passa pela mente, mas depois eu percebo que é apenas coisa da minha cabeça. Comunicare: Qual é a sensação de ganhar um Campeonato Brasileiro? André: É uma sensação única, ainda mais com tanta pressão. Quando fui campeão brasileiro eu tinha apenas 18 anos, e o campeonato durava o dia inteiro por causa da quantidade de categorias que existem. Disputei a final com um lutador do Rio Grande do Sul, que tinha 32 anos, mas eu me mantive tranquilo, afinal eu já estava classificado para a final. A pressão que fica em cima de você durante a luta é diferente de qualquer outra, ainda mais no meu caso, nunca tinha participado de um campeonato tão grande como esse, quando eu ganhei fiquei muito feliz, não

“Para vencer é necessário não ficar pensando na derrota”

Comunicare: Qualquer pessoa pode ingressar no esporte? André: Com certeza. Isso fica claro quando vemos pessoas como

Muay Thai Ta m b é m c onh e ci d o como Thai Boxing em alguns países, como EUA e Inglaterra, é uma arte marcial tailandesa com mais de 2 mil anos. No Brasil é conhecida como Boxe Tailandês e foi introduzido no país em 1979 por Nelio Naja.

Carolina Cachel

André Ricardo Chaves dos Santos, que foi Campeão brasileiro de Muay Thai com apenas 18 anos, afirma que o esporte pode ajudar crianças e jovens a sair das ruas. Comenta também que sua academia é contra alunos que brigam nas ruas e que o início de sua carreira não foi premeditado. Dedé, como é conhecido, agora com 20 anos treina na academia Killer Bees de Curitiba. Este local foi um projeto que surgiu da parceria entre grandes mestres brasileiros da luta: Anderson Silva, Rodrigo Vidal e Israel Gomes. O lutador, que ingressou no esporte na adolescência, descreve que ganhar o campeonato brasileiro foi uma sensação única. Ele afirma que a autoconfiança é um elemento fundamental para a permanência no esporte e que o psicológico é algo que necessita de treinamento e cuidados. Dedé ainda revela como é feita sua preparação para as lutas: a base de treinos diários, que além de melhorarem seu físico treinam também o psicológico.

Natalia Concentino

André Santos: “Eu sabia que era um esporte violento”.

tem como descrever a sensação. Comunicare: Você esperava o título ou nunca imaginou que ia conseguir? André: Não que eu esperasse, eu só confiava no meu treinamento. Tem que ter uma autoestima muito grande no esporte, você não pode pensar na derrota e sim que você vai ganhar e pronto. Não é ficar de salto alto, metido, eu vou ganhar. Tem que confiar e pronto. O psicológico é muito importante.

buscar outra coisa. Depois eles foram vendo que estava ficando sério, e, agora eles me apoiam. Meu pai não ia às minhas lutas, pois achava uma besteira, hoje não perde uma.

Comunicare: Como você trabalha o psicológico? Se considera uma pessoa calma? André: Eu procuro ficar relaxado, não penso “nossa vou matar o cara, vou acabar com o cara, pronto e acabou”. Minha maneira de pensar é: treinei bastante até aqui, estou me dedicando, larguei trabalho para treinar, então vou lá, vou fazer o meu melhor e vou ganhar. Me considero uma pessoa calma, na verdade, até mais calmo depois que eu comecei a treinar. Quem vê de fora já acha que é o contrário, que começando a treinar você fica mais violento, mas eu não concordo.

Comunicare: Existe algum preconceito quando você fala que luta Muay Thai, ou quando alguém cita o esporte? André: Na verdade sempre um “babaca” vai ter algum preconceito e isso nunca irá acabar. Mas hoje o preconceito com relação as lutas está menor, com lutadores brasileiros sendo destaque no MMA e conquistando o cinturão o UFC e tudo o que está sendo mostrado pela mídia ajuda na formação de um conceito melhor sobre o esporte. De uma certa forma, a mídia está ajudando a refazer a imagem das lutas, pois está mostrando o esporte como ele realmente é, retratando da forma correta.

Comunicare: O que sua família pensa sobre sua carreira na luta? André: Eles não gostavam no começo, principalmente a minha mãe. Minha primeira luta eu tinha 16 anos, então meus pais não me apoiavam, me diziam para

Comunicare: A luta pode influenciar no modo de ser das pessoas, alterar o comportamento? André: Acho que sim, não só a luta como qualquer outro esporte em geral. Já tirou várias pessoas da rua. Um exemplo é um meni-

no que era largado, usava drogas e ganhou uma disciplina, deixou as drogas. Tem até um outro que era viciado em crack e veio para a academia, começou a treinar e largou o vício. Eu acho que muda as pessoas, se elas quiserem. Comunicare: Tem muita gente que vem com o pensamento de treinar para brigar? André: Tem gente que procura a luta pra isso mesmo, pra brigar na rua, mas aqui se a gente souber que uma pessoa que está treinando e brigou na rua, a gente dá uma advertência, dá um tempo aqui da academia e se a gente souber que continua brigandonós expulsamos aqui da academia. A gente não ensina pra brigar na rua, quer brigar vai pro ringue!

“Ganhar é uma sensação única, ainda mais sob pressão”

Comunicare: Quais são os campeonatos que você participa? André: Eu participo de vários campeonatos, aqui em Curitiba já participei do Power Fight Extreme, Samurai, BFL, são diversos. Mas os principais foram o campeonato paranaense e o brasileiro. Carolina Cachel Mayara Duarte Natalia Concentino


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comportamento

Curitiba, maio de 2012

Campeã Mundial afirma que procurou o boxe há 12 anos para alcançar uma vida mais saudável

Queria perder peso e virou campeã mundial de Boxe Boxeadora paranaense alcança títulos inéditos para o boxe feminino no Brasil

encontre a modalidade ideal para você.

MMA, 1000 kcal

Cada estilo queima uma quantidade diferente de calorias por hora de treino.

Jiu Jitsu, 1000 kcal

Taekwondo, 1000 kcal Lais Capriotti

A paranaense Rosilete dos Santos, campeã mundial de boxe feminino, revelou que quando iniciou-se no esporte há 12 anos seu objetivo principal era perder peso. Antes de começar a treinar havia assistido apenas duas lutas em sua vida: uma pela televisão, com suas amigas e outra ao vivo do então boxeador Macaris do Livramento, em Castro cidade onde nasceu. “Eu não gostava nem de assistir pela televisão, e subir em um ringue pra levar porrada então, eu não poderia nem imaginar” diz. Seu treinador e futuro marido, logo percebeu características importantes para uma atleta do boxe, como determinação, concentração ,força e técnica. Mas o convite para tornar-se uma profissional, só foi aceito apenas três meses depois de realizado. Hoje, as vésperas de completar

Muay Thai, 2000 kcal

Se o objetivo é perder peso,

Karatê, 950 kcal

Rosilete em seu treino na academia Macaris Roselete dos Santos treinando na academia Macaris

37 anos, é a boxeadora que mais disputou títulos mundiais, entre homens e mulheres. Conquistou o primeiro título de boxe alcançado por uma brasileira, o da Comissão Mundial de Pugilismo e o da Associação Internacional de Boxe Feminino.

“Não é por acaso que cheguei aonde eu cheguei. Tenho uma longa história de determinação e sacrifícios. E se estou aqui é por que sou guerreira e gosto do que faço.” Jéssica Fernanda dos Santos

Boxe, 800 kcal

Capoeira, 750 kcal Fonte: Thiago Milani Correa, formado em Ed. Física, pela PUCPR.

Mulheres quebram mais barreiras e lutas se tornam um esporte do universo feminino

De corpo malhado e sem preconceito

Letícia Moreira

Renata luta Boxe há 2 anos

Recentemente, a mulher vem dominando diferentes meios que antes eram vistos exclusivamente como masculinos. Entretanto, o preconceito vem sendo vencido. Entre as décadas de 70 e 80, as mulheres passaram a se destacar em mais uma modalidade: a luta. Professora da disciplina “Lutas” do curso de Educação Física da PUCPR e da Faculdade Dom Bosco, Keith Sato Urbinati, 32, afirma que ainda há algumas situações de preconceito, como na conquista feminina do MMA (Artes Marciais Mistas), por exemplo, que, por juntar percussão (golpes em pé) e domínio (golpes no chão) pode parecer ser mais agressiva e perigosa. De qualquer forma, a professora defende a atuação feminina dentro do esporte. “Não existe luta inapropriada para o nosso público, apenas professor inapropriado” diz. Ainda complementa

que apenas um objetivo estético, já é o suficiente para iniciar. “Acho fantástico que as mulheres busquem a luta. É uma ótima forma de emagrecer” afirma. Esse é o caso de Renata Venturin, 19, que começou Boxe para descontar energias e gastar calorias. “Sempre que preciso relaxar vou para o treino, ajuda muito e ainda mantenho a forma” comenta. Além dos resultados, como queima de gorduras, flexibilidade e aptidão aeróbia, por ser um exercício de impacto, ajuda na prevenção à osteoporose. Entretanto, qualquer resultado só é efetivo se regulado. Aos que sonham com o profissionalismo, todo o cuidado é pouco. “Alto rendimento não é saúde”, conta Keith. “Todo lutador profissional deveria ter uma equipe multidisciplinar (com técnico, nutricionista e fisioterapeuta, por exemplo)” conclui.

Letícia Moreira

Esporte para todos Balé, Jazz e Ginástica Rítmica normalmente são os primeiros esportes que os pais matriculam suas filhas. Judô, Boxe, Muay Thai e Taekwondo são vistos como esportes masculinos e agressivos. Esse é um dos grandes motivos que levam pessoas mal informadas a terem preconceito com meninas e mulheres que gostam de praticar lutas, afirma Anne Louise Chevalier, 18 anos, faixa vermelha no Taekwondo, e vítima do preconceito por praticar lutas marciais. A estudante de Direito da Unicuritiba, treinou durante 3 anos e meio, e diz que ouviu muita reclamação de seus pais durante os treinos. Mas, para ela luta não é coisa apenas de menino. ”Acho que a arte marcial pode e deve ser praticada por pessoas de ambos os sexos. Arte marcial não é só luta, envolve toda uma filosofia e linha de valores, que só tem a nos acrescentar. Vencer uma luta, muitas vezes não depende só de força, mas de estratégia, inteligência, controle de emoções, e tenho certeza que toda mulher pode dar conta disso”. Algumas praticam luta apenas por hobby, outras para definir melhor seu corpo, e outras levam a um nível mais a cima, chegando a competir títulos mundiais. “Em pleno século XXI ainda existe muito preconceito com mulheres que praticam esse esporte, seja por falta de conhecimento ou até mesmo por machismo. Mas o que interessa é a paixão pelas diversas lutas, independendo de sexo ou até mesmo de idade” completa Anne. Lais Capriotti


cidade

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Curitiba, maio de 2012

Cidade é referência em lutas e forma atletas de grande rendimento em categorias diferentes

Curitiba, a cidade dos campeões Curitiba é o maior cenário de lutas do país. Com campeões mundiais e academias especializadas, a cidade se firmou como o grande berço de lutadores de ponta. E o jeito curitibano de ser ajuda a cidade a manter a imagem. Prova disso é a formação de grandes campeões brasileiros do MMA (sigla para Artes Marciais Mistas). O ídolo dos pesos médios do UFC, maior torneio da categoria, Anderson Silva, teve a sua formação nas academias Noguchi e Chute Boxe, antigas na capital. Outros casos são os de Mauricio ‘’Shogun’’ Rua, vindo da Universidade da Luta e Wanderlei Silva, da Chute Boxe. Segundo o técnico da Chute Boxe, Luciano Monge, o perfil curitibano influencia o treino nas academias. “O curitibano tem a fama de ser fechado, então quem vem de fora já sabe que não tem muita brincadeira, que o treina-

Pedro Domingues

Perfil fechado e variedade de técnicas transformaram a cidade em um centro de artes marciais no Brasil

Chute Boxe revelou os principais nomes da luta na cidade

mento é sério.” A variedade de estilos e técnicas é destacada por Shogun. “O Muay Thai daqui é o diferencial. No resto do Brasil o Jiu Jitsu é forte, mas aqui o principal é o Muay Thai, e é mais fácil ir dessa arte para o MMA.”. O campeão ainda

MMA não agrada todos os lutadores

falou sobre a relação dessa nova luta com outras, como o boxe e o wrestling (Luta no solo). “Hoje, com a evolução do MMA, é importante que o atleta seja eclético. No meu caso, treino Boxe, Wrestling, Jiu -Jitsu, Muay Thai e Pilates, sempre buscando o melhor e seguindo essa

evolução.” Um dos exemplos de lutador que veio para Curitiba tentar a sorte na capital paranaense foi o campeão brasileiro de luta olímpica, Marcelo Zulu. Carioca de Niterói, Zulu colecionou títulos na categoria, mas decidiu se arriscar no MMA. “Vim para cá em 2006. Já era formado em lutas de chão e faixa preta de luta livre e queria alguma coisa diferente. Comecei na Chute Boxe e fui bem aceito lá, até receber o convite para ser técnico na academia CM System.” Para manter a tradição, as academias estão adquirindo maior estrutura. Além de materiais de nível profissionais, os locais possuem segurança e cuidados médicos, dando aos atletas o conforto necessário para a prática em alto nível das artes marciais. Marcos Garcia Paulo Semicek

ÍDOLO CRESCEU EM BAIRRO CURITIBANO

Curitiba é conhecida pela força no MMA, com academias e atletas de ponta, que se formaram como lutadores na cidade. Mas existe uma polêmica que ganha força: O MMA está roubando o lugar de outras lutas no país? Marcelo Zulu, atleta formado em luta olímpica, campeão da modalidade e que treina em Curitiba desde 2006, considera a explosão do MMA um fator positivo para as outras lutas. “É importante no MMA que todos tenham uma base em várias artes marciais, já que o atleta precisa saber fazer uma queda, lutar no chão e trocar golpes em pé.” completa. Nem todos acreditam na ajuda e no crescimento do MMA. Macaris do Livramento, ex-boxeador curitibano e campeão mundial em 1996, ainda vê o boxe forte, apesar dessa nova concorrência. “O esporte aqui nunca foi valo-

Pedro Domingues

Apesar de juntar estilos, Anderson Silva, um garoto MMA não é unanimidade tranquilo da Barreirinha

Zulu (em pé): união de lutas no MMA

rizado como deveria e acredito que no momento esteja sendo um pouco sufocado pela nova febre do MMA. Porém, o boxe é expressivo no mundo inteiro, enquanto o MMA tem grande repercussão por aqui,nos Estados Unidos e Japão” completa o exboxeador, que tem duas academias, uma em Curitiba e a outra Marcos Garcia

Criado no bairro Barreirinha, na região Norte de Curitiba, Anderson Silva tem as suas raízes naquele lugar. Campeão do UFC (maior torneio de M M A do mu ndo), ele assusta d e i n ício, m a s quem o conheceu na juventude fala muito da sua humildade. “Sempre foi um cara tranquilo, brincalhão, sempre humilde.” disse Rodrigo Taborda, amigo de infância. Os amigos não o vêm como um lutador famoso e sim como o ‘Dô’, apelido de garoto. “Para mim é o ‘Do’, não é o Anderson, aqui todos conhecem o ‘Dô’, conta Rodrigo. Segundo os moradores da região, o lutador esteve na sua antiga

casa em abril, para ver a família. E se o “Spider” é um grande lutador, ex-colegas dizem que esse talento surgiu na Barreirinha. “Eu treinei com ele por 10 anos, e só nos separamos porque ele viajava para lutar e eu fiquei.” diz Claudio Rodolfo, parceiro de treinos. Mesmo praticando uma luta considerada violenta, Anderson é bastante querido por pessoas próximas, como Roseli Santos, vizinha e amiga da família. “Eu conhecia mais a irmã, mas ele sempre foi quieto, nunca arranjou confusão. É uma pessoa bem simples” disse a moradora, que viu de perto a evolução de

“Não é o Anderson, aqui todos conhecem ele como Dô’’

Pedro Domingues

OS CAMPEÕES Anderson Silva

- Campeão dos pesosmédios do UFC - Especialista em Muay Thai - Formação nas academias Noguchi e Chute Boxe

Maurício Shogun

- Campeão dos meiopesados do UFC (2010) -Faixa preta em Jiu-Jitsu - Treinou por 6 anos (20022008) na Chute Boxe

Wanderlei Silva

- Faixa preta em Muay Thai e Jiu-Jitsu -Início na Chute Boxe -Maior venccedor do Pride, antecessor do UFC

AS PROMESSAS Bruno Carvalho

- Campeão brasileiro de Muay Thai - Venceu o Duelo de Titãs, grande evento de MMA do Brasil - Formação na academia CM System

Cassiano Tyschio

- 23 anos e já tem 4 cinturões na carreira - Especialista em Jiu-Jitsu - É a mais nova aposta da academia Chute Boxe

Cristiano Marcello - Fundador da academia

CM System - Paticipou do The Ultimate Fighter, programa de TV que revela lutadores -Faixa-preta em Jiu-Jitsu


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economia

Curitiba, maio de 2012

INVESTIMENTOs EM TRANSMISSÕES DE LUTAS MOVIMENTAm ECONOMIA E ALTERAm o PERFIL DOS CLIENTES

Bares aumentam renda transmitindo lutas dora oficial do UFC”. Em dias de grandes lutas o valor arrecadado aumenta. “Um dia bom de UFC equivale a três dias de futebol, pois nestas transmissões são vendidas mais cervejas, enquanto nos dias

“Um dia de UFC bom equivale a três dias de futebol” de lutas a maior procura é pelos destilados’’, explica Bruno. O público que assiste a lutas em bares é bem equilibrado entre homens e mulheres e a faixa etária média é de 20 a 40 anos. Antônio

José Leucz Júnior, gerente do bar Mondo Birre, no Batel, concorda e completa dizendo que as transmissões de lutas no estabelecimento começaram a ser feitas a partir da grande procura dos clientes. Para ele esse interesse se deve à interatividade e à emoção de assisti-las ao lado de amigos e por terem a comodidade de serviços à disposição. O Ambiental Bar, no Alto da XV, está indo além, o sócio do estabelecimento, Paulo Emílio Lenzi, diz que estão montando uma nova estrutura com telões e televisões externas para passar programações televisivas, incluindo a luta. A ideia surgiu com o intuito de dar destaque ao local e aproveitar o auge do UFC para gerar maior lucro. Ana Luiza de Souza Bruna Habinoski Cecília Moura

Curitibanos assistem aos campeonatos no Premier Sport Bar

Cecília Moura

O sucesso que as lutas vêm atingindo fez com que bares curitibanos resolvessem apostar na transmissão de lutas para atrair mais público e diferenciar a sua programação. Eventos como o UFC (Ultimate Fighting Championship) são os mais procurados pelos clientes, principalmente quando há brasileiros lutando. Bruno Medeiros, um dos proprietários do Premier Sport Bar, no Alto da Glória, conta que o objetivo sempre foi proporcionar a seus clientes um contato com esportes em geral e afirma que as lutas estão conquistando cada vez mais espaço na preferência do público. O estabelecimento se destaca pelas transmissões e adquiriu também o reconhecimento de patrocinadores, como conta o sócio “O UFC Rio teve um público absurdo e com isso o bar está recebendo um grande patrocínio da cerveja Budweiser, patrocina-

Ana Luiza de Souza

Devido á grande procura dos clientes, alguns bares conseguem apoio de pratrocinadores oficiais do Ultimate Fighting Championship

Ambiental Pub inaugura nova estrutura para transmissão de lutas

TRANSMISSÃO DE CAMPEONATOS DE LUTA E PATROCÍNIO A LUTADORES SÃO formas rentáveis de NEGÓCIO Audiência das emissoras em dia de transmissão 27 de agosto de 2011 - 22h Audiência durante principais lutas

14 de janeiro de 2012 - 02h Audiência durante principais lutas

GLOBO

(P ro 1 g. p re t lig io so ) (P ro 3,7 g. re pt lig io so )

(L 1 eg 0 en pt dá rio s) (U 9 p FC t Ri o)

1 (U 4,6 FC p Ri t o)

20 pt (Zorra Total)

GLOBO

RECORD REDETV!

RECORD REDETV!

12 de novembro de 2011 - 22h Globo supera sua média no horário 18 pt 16,17 pt 13 pt Média do horário (Zorra Total)

Audiência alcançada com o UFC

Audiência após a luta

*Cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande São Paulo

(Fonte: Ibope)

TVs e patrocinadores aproveitam bom “filão’’ publicitário que as lutas geram O setor publicitário que envolve as lutas virou um bom investimento para emissoras de televisão e patrocinadores. Nos últimos anos, a popularidade e o reconhecimento do esporte, vem aumentando significativamente no Brasil. Por conseguirem grande audiência durante as transmissões de campeonatos, as redes estão atraindo maior número de anunciantes. E as empresas que patrocinam o esporte de forma geral, também aproveitam esse auge para serem divulgadas. A primeira a apostar no UFC (Ultimate Fighting Championship) foi a RedeTV! que transmitiu no dia 27 de agosto de 2011, com exclusividade, o UFC Rio. A emissora, em alguns momentos de transmissão, chegou a conquistar o primeiro lugar do ranking do Ibope, totalizando 13 pontos de

“Descobrimos que muitos clientes são apaixonados por MMA” audiência. O sucesso da ocasião despertou o interesse da Rede Globo, que ganhou a disputa pelos direitos de transmissão do evento em 2012, inclusive do reality show The Ultimate Figther Brasil. O programa teve sua estreia no dia 25 de março e conseguiu alavancar mais a audiência da emissora, que passou de 12 para 15 pontos. O lucro advindo da luta não é somente para as emissoras, há

também empresas que ao patrocinar o esporte acabam aprimorando o seu negócio. Um exemplo é a Web Magic Desing que patrocina dois lutadores de MMA (Mixed Martial Arts) paranaenses, Jennifer Maia e Edicarlos ‘‘Monstro’’. O auxílio levou a empresa a perceber outra importância em dar apoio ao esporte. “Descobrimos que muitos clientes são apaixonados por MMA, muitos até mesmo gostariam de participar de nosso projeto “MagicMMA”, conta Juliano Gusso Fagundes, diretor de Planejamento e Operações. No projeto, feito em parceria com a academia Chute Boxe, os colaboradores da empresa recebem treinamento diretamente dos atletas patrocinados. Ana Luiza de Souza Bruna Habinoski


economia

07

Curitiba, maio de 2012

INDÚSTRIAs TÊXTIL E DE equipamentos ESPORTIVOS APROVEITAM o auge DAS LUTAS E apostam no niCHO

Fight wear ameaça as vendas de surf wear Mensalidades variam de acordo com a\fama das academias e algumas fazem pacotes envolvendo lutas e outras atividades esportivas

Ana Luiza de Souza

Ana Luiza de Souza

um preço razoável por ter comprado diretamente com o professor. É comum que professores consigam um valor mais baixo pelos equipamentos quando compram diretamente com fornecedores especializados na área. “Como compro em grandes quantidades para revender para meus alunos, posso negociar os produtos por um preço mais barato com as fábricas” é o que conta o professor dos clubes Alphaville Graciosa e Duque de Caxias, Fábio Alexandre Amorim, 35 anos. A mensalidade das aulas de lutas também varia de acordo com a popularidade e o tamanho da academia. A média de preço é R$ 85 por duas aulas durante a semana. Outras taxas que podem ser cobradas do aluno são a matrícula e a avaliação física. Muitas academias também oferecem planos de pagamento que acabam sendo mais vantajosos e fatores como horários, quantidade de atividades e número de pessoas alteram esses valores.

Luvas: R$ 50

Caneleiras: R$ 50

Ana Luiza de Souza

Ana Luiza de Souza

A economia em torno de equipamentos e roupas para os praticantes das artes marciais está crescendo. Cada modalidade requer o uso de materiais diferentes e os alunos interessados podem encontrá-los em lojas como a Centauro, que possui uma parte de sua estrutura destinada exclusivamente à exposição de itens usados nas lutas em geral. Marcas de roupas casuais também estão entrando do ramo ao investir na linha Fight Wear, voltada não somente aos praticantes, mas também aos amantes do esporte. Akio Marcel, 31 anos, proprietário da Loja CWB de produtos para artes marciais, afirma que essa moda ainda é recente, mas resolveram investir na sua venda para acompanhar o interesse dos clientes. O empresário observa que essa tendência tem grande potencial para seguir o caminho da Surf Wear, que hoje em dia movimenta muito dinheiro dentro da indústria têxtil. “O pessoal das academias além de treinar quer expor isso no seu dia-a-dia para seus amigos e colegas usando as marcas de Fight Wear”, explica Akio.

Protetor bucal: R$ 20

Com todos os custos de roupas, equipamentos e mensalidade, os adultos que desejam começar uma luta como o Muay Thai gastarão em média R$ 470 no primeiro mês. Para prática dessa modalidade, é necessário que o aluno possua pro-

Shorts: R$ 70

tetor bucal, luvas, shorts, caneleira e bandagem. Os aparadores de socos e de chute e os sacos de pancada são equipamentos oferecidos pela maioria das academias. O estudante Guilherme dos Santos, 17 anos, considera ter pago

Ana Luiza de Souza Cecília Moura

Preços de mensalidade Muay Thai R$ 120 R$ 98 R$ 70

UDL

R$ 65

Arena Striker’s Boxe House* Extreme

Jiu-Jitsu R$ 125 R$ 120 R$ 98

UDL

Arena* Striker’s House*

Boxe R$ 120 R$ 80

R$ 80

R$ 100

Animal Arena Striker’s Boxe Boxe House* Extreme* *Musculação inclusa na taxa

ACADEMIAS APROVEITAM O GRANDE MOMENTO QUE AS LUTAS ESTÃO VIVENDO PARA fazer INVESTIMENTOS Para acompanhar o ritmo crescente e acelerado do mercado esportivo, academias investem cada vez mais na infraestrutura do seu estabelecimento, ampliando o seu espaço e acrescentando aulas de diversas lutas, assim acabam atraindo novos clientes, e agradando os antigos. Rafael Waslov Amaral Barros, proprietário da academia Striker’s House, conta que o seu investimento médio na área de luta foi de R$ 80 mil, incluindo tatame, octógono, ringue e todos os equipamentos necessários. E completou informando que o valor gasto foi compensado um ano e meio após a aplicação. Nem todos os alunos pagam o mesmo pela mensalidade, pois existem diferentes pacotes

e isto gera uma variação. Um exemplo é o plano que combina luta mais musculação, cujo valor é de R$ 120. A Coliseu Top Team Academia, localizada no interior do Paraná, em Telêmaco Borba, faz parte do grupo Thai-Boxe de Curitiba e teve menos gastos com a compra de materiais e infraestrutura. Klecius dos Santos Silva, proprietário da academia, conta que gastou aproximadamente R$ 30 mil em seu investimento. Essa diferença de gastos ocorre pela Coliseu oferecer apenas aulas de Muay Thai e capoeira, por isso não é necessária uma estrutura tão grande. Já a Striker’s House, que trabalha com MMA (Mixed Martial Arts), precisa oferecer

vários tipos de luta e com isso mais equipamentos e espaço. O valor investido por Klecius foi reembolsado entre quatro e cinco meses. Com a ascensão da modalidade, a procura por estabelecimentos que oferecem esse tipo de aula vem sendo cada vez maior, mas o lucro obtido pelas academias não vem somente das mensalidades. Existem maneiras alternativas, como eventos patrocinados que divulgam a academia, campeonatos de lutas amadoras entre alunos, e também aulas com atletas renomados na categoria, que movimentam a renda interna.

Bruna Habinoski Cecília Moura

Cecília Moura

Investir nas lutas marciais proporciona mais lucro às academias

Academias notam aumento na procura por aulas de luta


08

esportes

Curitiba, maio de 2012

09

Curitiba, maio de 2012

MESMO COM O PRECONCEITO E AS ACUSAÇÕES DE VIOLÊNCIA, ACADEMIAS SE ALIAM ÀS MAL VISTAS TORCIDAS ORGANIZADAS, ENSINANDO AS ARTES MARCIAIS PARA PESSOAS QUE QUEREM PRATICAR VANDALISMO

Lutadores se envolvem e brigam em torcidas organizadas e alimentam o preconceito

Artes marciais têm imagem denegrida por atletas que se envolvem em problemas fora dos ringues, cometendo atos de vandalismo e utilizando técnicas para brigar com torcidas rivais na “pista”. Academias garantem ser a favor das brigas e dizem punir os envolvidos Apesar do temor por brigas, FAMÍLIA E AMIGOS DESCARTAM ASSALTO o atletiba do dia 22 de abril, 5

3

Legenda da Foto Le1) LOGO PELA MANHÃ genda da Foto Legenda OS GRUPOS da DE Foto Legenda TORCEDORES SE REÚNEM.

2) OS “BATEDORES” (TORCEDORES DESCARACTERIZADOS EM CARROS) DÃO VOLTAS PELA CIDADE, PROCURANDO OS RIVAIS.

2

3) ALGUNS DOS “COMANDOS” APROVEITAM A CONFRATERNIZAÇÃO PARA SE DIVERTIR. FAZEM CHURRASCOS, REGADOS A MUITA BEBIDA.

4) APÓS A FESTA, SE JÁ NÃO HOUVE CONFRONTO, A TORCIDA PEGA O ÔNIBUS E SE PREPARA PARA IR AO ESTÁDIO.

7

5) SABENDO DO RISCO DE BRIGAS, A POLÍCIA ACOMPANHA AS TORCIDAS. NEM SEMPRE, PORÉM, O POLICIAMENTO PREVENTIVO BASTA.

4

6) AS BRIGAS ACABAM ACONTECENDO NOS TERMINAIS, PRINCIPALMENTE QUANDO NÃO SÃO BRIGAS PREMEDITADAS.

7) APÓS O JOGO, INDEPENDENTE DO RESULTADO, O CONFRONTO É INEVITÁVEL. Arquivo Pessoal

1

Franklin de Freitas

6

Mestre Osmar Dias foi assassinado na frente de sua academia

Assassinato de lutador ainda não foi solucionado

Briga entre torcedores na final do Campeonato Paranaense de 2008

organizadas. Entrou Zona Central, uma das divisões dentro da Fanáticos. Participou de brigas, a mais memorável, segundo ele, na Rui Barbosa, em 2007. “Foram cinco minutos de porrada até a polícia chegar. Era uns 50 contra 50”. Mezzomo, porém, garante ter largado as brigas após insistentes pedidos de sua noiva, Bruna Aramoni, de 18 anos. Bruna, inclusive, vem de uma família ligada a Fanáticos, tendo ela mesmo sido parte da torcida. Há oito meses pratica o Taekwondo. Apesar de jamais ter brigado, já viu o próprio pai se envolver em uma confusão entre torcidas para defender o primo. “Foi na pedrada e soco até a polícia chegar, 10 minutos depois”. O casal se ligou às organizadas pelo amor ao clube. Mas Luis, 20 anos, ex-ICC (Império Comando Central) entrou na torcida, em 2009, apenas para fazer um “fervo”. “Não me importava com nada, queria era trocar soco. Comecei a treinar

o Muay Thai para me garantir”. A Fanáticos garante que há punições aos torcedores pegos em brigas, que variam de advertência verbal até expulsão, informa o diretor de material, Fabiano Machado, de 35 anos, que está desde 1995 na torcida. “Eu nunca me envolvi em brigas, só se envolve em brigas quem procura”. Para o estudante Ramon Calixto Ruiz, o envolvimento de torcidas com as artes marciais cria uma imagem negativa para o esporte. “Um cara que luta e é visto em uma briga de torcida organizada dá argumentos contra a prática das artes marciais”. Apesar de ressaltar que não gosta de lutas por serem “pura violência”, Ramon aponta qual o maior problema das artes marciais. “O ruim mesmo é a popularização, como aconteceu com o MMA. Muita gente que desconhece o esporte só o pratica pra se pagar de ‘fodão’ do bairro e bater nos outros”.

“Comecei a treinar para me garantir”, diz Luis, ex-ICC

Rodolfo Luis Kowalski Saulo Schmaedecke

INTEGRANTES DE TORCIDAS APRENDEM AS ARTES MARCIAIS

Academias dão desconto e lugar para uniformizadas Apesar de todo o preconceito que cerca as artes marciais, as maiores academias de MMA e Muay Thai acolhem integrantes de torcidas organizadas e os ensinam técnicas que deveriam ser utilizadas para defesa pessoal. Algumas academias, inclusive, oferecem desconto aos torcedores. A academia Thai Boxe, no bairro Rebouças, oferece 10% de desconto aos alunos que forem associados à torcida organizada Os Fanáticos, enquanto a Universidade da Luta (UDL), no Juvevê, fundada por Mauricio Shogun, recebe diversos torcedores ligados à Império Alviverde. Alexandre “Sangue”, um dos principais atletas da equipe da UDL, inclusive, foi procurado pela polícia pelo tumulto no dia seis de dezembro de 2009, quando torcedores do Coxa invadiram o campo e iniciaram um quebra-quebra no estádio

após o apito final da partida contra o Fluminense, onde o Coritiba selou seu rebaixamento após um empate em 1x1 no Couto Pereira. O lutador ainda participou do primeiro The Ultima Fighter Brasil, reality show sobre lutadores criado pelo UFC. Artes marciais, em seu sentido arcaico, referia-se à arte da guerra, seriam as artes militares

ensinadas pelos deuses vinculados a Marte (ou Ares) e ensinadas aos homens. Hoje, o termo artes marciais é usado para todos os sistemas de combate de origem oriental e ocidental. Nas modalidades com uma origem mais marcial, o objetivo é a defesa pessoal, focada muitas vezes na formação do caráter do ser humano. Porém, segundo Elaine Veiga,

Saulo Schmaedecke

que decidiu o segundo turno do campeonato paranaense, não registrou grandes transtornos, com a polícia dando conta das poucas ocorrências. Para evitar confrontos, o clássico teve apenas uma torcida. Ainda assim, registrou-se que torcedores assaltaram um posto de gasolina e sete ônibus foram apedrejados. Isso que, segundo o subcomandantegeral da Polícia Militar, coronel Cesar Alberto Souza, “este foi um dos atletibas mais tranquilos”. O termo “torcida organizada” remete à violência, reacende na memória diversos fatos noticiados pela mídia, o mais recente envolvendo a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Gaviões da Fiel, do Corinthians, que resultaram na morte de dois torcedores palmeirenses, em março deste ano. Quando as artes marciais e as brigas se unem, mesmo que em casos isolados, o preconceito estabelece-se e deixa cicatrizes difíceis de remover. Como diz o ditado, a reputação leva uma vida inteira a construir, mas pode ser destruída em segundos. Apesar de hesitantes, lutadores ligados às duas maiores torcidas organizadas do Paraná, a Império Alviverde, do Coritiba, e a Os Fanáticos, do Atlético, admitem ao Comunicare já terem participado de brigas. A maioria também afirma que “se afastaram desta vida”. Não negam, porém, o quanto estas brigas esquizofrênicas acabam prejudicando as artes marciais, fundindo o termo “Luta” com “Briga” e dando lenha aos preconceituosos. Alguns dos entrevistados até mesmo riem da pergunta, como se fosse algo natural um integrante de organizada brigar na rua. Quando começou a praticar o Taekwondo aos oito anos, Sergio Henrique Mezzomo, hoje com 22 anos, queria se defender, pois “apanhava no colégio, queria dar o troco”. Hoje ele é faixa preta 1º dan e dá aulas em projetos sociais. Há cinco anos, porém, envolveu-se com torcidas

Integrantes da equipe Thai Boxe: 10% de desconto para a Fanáticos

dona da Thai Boxe, o desconto às torcidas não denota ambigüidade e deve-se à política de relacionamentos da academia, desde seu fundamento ligada aos “Fanáticos”. A empresária ainda ressalta que vários amigos e professores que já foram ou ainda são integrantes das torcidas e frequentam o local, sendo que muitos deles são profissionais qualificados, estudados e bem resolvidos, nada tendo a ver com a fama de “brigões”. Na UDL o professor de Muay Thai, Giulliano Del Vigna, admite que integrantes de torcidas na academia, porém diz que eles estão focados no treino e não mais participam de brigas nos estádios. As duas academias afirmam que, em casos mais sérios de brigas fora da academia, os envolvidos são expulsos. Caio Henrique Rocha Rodolfo Luis Kowalski

As torcidas organizadas A primeira torcida organizada do Brasil foi a Charanga, do Flamengo, criada em 1942 pelo baiano Jaime de Carvalho. Foi ele quem trouxe para as torcidas os instrumentos rítmicos e de sopro, os metais. Hoje as torcidas organizadas são registradas juridicamente como Grêmios Recreativos, tal como as Escolas de Samba, e se constituem como clubes dentro do clube. Possuem renda e sede próprias. Com crescimento das torcidas ao longo do tempo, esses grupos foram ficando violentos e se envolvendo em brigas como forma de diversão.

Desde a madrugada do dia 11 de novembro de 2008 as lutas estão de luto. Antes de sair da academia que fundou, o mestre Osmar Dias cumprimentou seu aluno e amigo, o professor Fábio Laguna, dizendo “até logo irmãozão”. Ao deixar a Thai Boxe Osmar levou três tiros. A polícia afirma foi uma tentativa de assalto, mas pessoas próximas ao atleta não acreditam e dizem que o assassinato foi premeditado. Desde o ano 2000, a violência na capital paranaense mais que dobrou. Curitiba era a 20ª colocada no ranking da violência, com 26,2 homicídios para cada 100 mil hab. Dez anos depois, o número subiu para 55,9, e a capital assumiu a sexta posição, segundo dados do Instituto Sangari. Em um fórum no Portal do Vale-Tudo, o usuário “Mãodepiedra” questionou a morte, afirmando que teria sido por vingança. “O Osmar deu porrada em quem primeiro? Fiquei sabendo que foi treta , que o que ocorreu foi vingança (...) ninguém é tão fodão que fica a prova de balas”. A atual dona da academia,

Elaine Veiga, que foi casada de 1992 a 2006 com Osmar, explicou como foi o assassinato. Osmar levou três tiros pelas costas, um na cabeça, um na nuca e outro na nádega. O tiro na nuca atravessou o tórax do lutador, causando a hemorragia que o vitimou. Segundo o professor de muay thai Fábio Laguna, o mestre Osmar “era um cara tranquilo, éramos amigos e ele sempre me dava conselhos”. O professor não acredita na conclusão das investigações. “Eu tenho certeza que ele foi assassinado”. Laguna afirmou que Osmar havia o contado que algumas semanas antes tinha recebido ameaças de morte. “Falei para ele ficar esperto”. A família Thai Boxe ainda espera justiça e preserva o legado do mestre Osmar Dias. Assim que se entra no tatame vê-se a foto de Osmar, com a frase: “Campeões não são feitos em academia. Campeões são feitos com algo que eles tem profundamente dentro de si. Um desejo, um sonho, uma visão”. Ruthielle Borsuk Deivid Simioni


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Curitiba, maio de 2012

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Curitiba, maio de 2012

MESMO COM O PRECONCEITO E AS ACUSAÇÕES DE VIOLÊNCIA, ACADEMIAS SE ALIAM ÀS MAL VISTAS TORCIDAS ORGANIZADAS, ENSINANDO AS ARTES MARCIAIS PARA PESSOAS QUE QUEREM PRATICAR VANDALISMO

Lutadores se envolvem e brigam em torcidas organizadas e alimentam o preconceito

Artes marciais têm imagem denegrida por atletas que se envolvem em problemas fora dos ringues, cometendo atos de vandalismo e utilizando técnicas para brigar com torcidas rivais na “pista”. Academias garantem ser a favor das brigas e dizem punir os envolvidos Apesar do temor por brigas, FAMÍLIA E AMIGOS DESCARTAM ASSALTO o atletiba do dia 22 de abril, 5

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Legenda da Foto Le1) LOGO PELA MANHÃ genda da Foto Legenda OS GRUPOS da DE Foto Legenda TORCEDORES SE REÚNEM.

2) OS “BATEDORES” (TORCEDORES DESCARACTERIZADOS EM CARROS) DÃO VOLTAS PELA CIDADE, PROCURANDO OS RIVAIS.

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3) ALGUNS DOS “COMANDOS” APROVEITAM A CONFRATERNIZAÇÃO PARA SE DIVERTIR. FAZEM CHURRASCOS, REGADOS A MUITA BEBIDA.

4) APÓS A FESTA, SE JÁ NÃO HOUVE CONFRONTO, A TORCIDA PEGA O ÔNIBUS E SE PREPARA PARA IR AO ESTÁDIO.

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5) SABENDO DO RISCO DE BRIGAS, A POLÍCIA ACOMPANHA AS TORCIDAS. NEM SEMPRE, PORÉM, O POLICIAMENTO PREVENTIVO BASTA.

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6) AS BRIGAS ACABAM ACONTECENDO NOS TERMINAIS, PRINCIPALMENTE QUANDO NÃO SÃO BRIGAS PREMEDITADAS.

7) APÓS O JOGO, INDEPENDENTE DO RESULTADO, O CONFRONTO É INEVITÁVEL. Arquivo Pessoal

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Franklin de Freitas

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Mestre Osmar Dias foi assassinado na frente de sua academia

Assassinato de lutador ainda não foi solucionado

Briga entre torcedores na final do Campeonato Paranaense de 2008

organizadas. Entrou Zona Central, uma das divisões dentro da Fanáticos. Participou de brigas, a mais memorável, segundo ele, na Rui Barbosa, em 2007. “Foram cinco minutos de porrada até a polícia chegar. Era uns 50 contra 50”. Mezzomo, porém, garante ter largado as brigas após insistentes pedidos de sua noiva, Bruna Aramoni, de 18 anos. Bruna, inclusive, vem de uma família ligada a Fanáticos, tendo ela mesmo sido parte da torcida. Há oito meses pratica o Taekwondo. Apesar de jamais ter brigado, já viu o próprio pai se envolver em uma confusão entre torcidas para defender o primo. “Foi na pedrada e soco até a polícia chegar, 10 minutos depois”. O casal se ligou às organizadas pelo amor ao clube. Mas Luis, 20 anos, ex-ICC (Império Comando Central) entrou na torcida, em 2009, apenas para fazer um “fervo”. “Não me importava com nada, queria era trocar soco. Comecei a treinar

o Muay Thai para me garantir”. A Fanáticos garante que há punições aos torcedores pegos em brigas, que variam de advertência verbal até expulsão, informa o diretor de material, Fabiano Machado, de 35 anos, que está desde 1995 na torcida. “Eu nunca me envolvi em brigas, só se envolve em brigas quem procura”. Para o estudante Ramon Calixto Ruiz, o envolvimento de torcidas com as artes marciais cria uma imagem negativa para o esporte. “Um cara que luta e é visto em uma briga de torcida organizada dá argumentos contra a prática das artes marciais”. Apesar de ressaltar que não gosta de lutas por serem “pura violência”, Ramon aponta qual o maior problema das artes marciais. “O ruim mesmo é a popularização, como aconteceu com o MMA. Muita gente que desconhece o esporte só o pratica pra se pagar de ‘fodão’ do bairro e bater nos outros”.

“Comecei a treinar para me garantir”, diz Luis, ex-ICC

Rodolfo Luis Kowalski Saulo Schmaedecke

INTEGRANTES DE TORCIDAS APRENDEM AS ARTES MARCIAIS

Academias dão desconto e lugar para uniformizadas Apesar de todo o preconceito que cerca as artes marciais, as maiores academias de MMA e Muay Thai acolhem integrantes de torcidas organizadas e os ensinam técnicas que deveriam ser utilizadas para defesa pessoal. Algumas academias, inclusive, oferecem desconto aos torcedores. A academia Thai Boxe, no bairro Rebouças, oferece 10% de desconto aos alunos que forem associados à torcida organizada Os Fanáticos, enquanto a Universidade da Luta (UDL), no Juvevê, fundada por Mauricio Shogun, recebe diversos torcedores ligados à Império Alviverde. Alexandre “Sangue”, um dos principais atletas da equipe da UDL, inclusive, foi procurado pela polícia pelo tumulto no dia seis de dezembro de 2009, quando torcedores do Coxa invadiram o campo e iniciaram um quebra-quebra no estádio

após o apito final da partida contra o Fluminense, onde o Coritiba selou seu rebaixamento após um empate em 1x1 no Couto Pereira. O lutador ainda participou do primeiro The Ultima Fighter Brasil, reality show sobre lutadores criado pelo UFC. Artes marciais, em seu sentido arcaico, referia-se à arte da guerra, seriam as artes militares

ensinadas pelos deuses vinculados a Marte (ou Ares) e ensinadas aos homens. Hoje, o termo artes marciais é usado para todos os sistemas de combate de origem oriental e ocidental. Nas modalidades com uma origem mais marcial, o objetivo é a defesa pessoal, focada muitas vezes na formação do caráter do ser humano. Porém, segundo Elaine Veiga,

Saulo Schmaedecke

que decidiu o segundo turno do campeonato paranaense, não registrou grandes transtornos, com a polícia dando conta das poucas ocorrências. Para evitar confrontos, o clássico teve apenas uma torcida. Ainda assim, registrou-se que torcedores assaltaram um posto de gasolina e sete ônibus foram apedrejados. Isso que, segundo o subcomandantegeral da Polícia Militar, coronel Cesar Alberto Souza, “este foi um dos atletibas mais tranquilos”. O termo “torcida organizada” remete à violência, reacende na memória diversos fatos noticiados pela mídia, o mais recente envolvendo a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Gaviões da Fiel, do Corinthians, que resultaram na morte de dois torcedores palmeirenses, em março deste ano. Quando as artes marciais e as brigas se unem, mesmo que em casos isolados, o preconceito estabelece-se e deixa cicatrizes difíceis de remover. Como diz o ditado, a reputação leva uma vida inteira a construir, mas pode ser destruída em segundos. Apesar de hesitantes, lutadores ligados às duas maiores torcidas organizadas do Paraná, a Império Alviverde, do Coritiba, e a Os Fanáticos, do Atlético, admitem ao Comunicare já terem participado de brigas. A maioria também afirma que “se afastaram desta vida”. Não negam, porém, o quanto estas brigas esquizofrênicas acabam prejudicando as artes marciais, fundindo o termo “Luta” com “Briga” e dando lenha aos preconceituosos. Alguns dos entrevistados até mesmo riem da pergunta, como se fosse algo natural um integrante de organizada brigar na rua. Quando começou a praticar o Taekwondo aos oito anos, Sergio Henrique Mezzomo, hoje com 22 anos, queria se defender, pois “apanhava no colégio, queria dar o troco”. Hoje ele é faixa preta 1º dan e dá aulas em projetos sociais. Há cinco anos, porém, envolveu-se com torcidas

Integrantes da equipe Thai Boxe: 10% de desconto para a Fanáticos

dona da Thai Boxe, o desconto às torcidas não denota ambigüidade e deve-se à política de relacionamentos da academia, desde seu fundamento ligada aos “Fanáticos”. A empresária ainda ressalta que vários amigos e professores que já foram ou ainda são integrantes das torcidas e frequentam o local, sendo que muitos deles são profissionais qualificados, estudados e bem resolvidos, nada tendo a ver com a fama de “brigões”. Na UDL o professor de Muay Thai, Giulliano Del Vigna, admite que integrantes de torcidas na academia, porém diz que eles estão focados no treino e não mais participam de brigas nos estádios. As duas academias afirmam que, em casos mais sérios de brigas fora da academia, os envolvidos são expulsos. Caio Henrique Rocha Rodolfo Luis Kowalski

As torcidas organizadas A primeira torcida organizada do Brasil foi a Charanga, do Flamengo, criada em 1942 pelo baiano Jaime de Carvalho. Foi ele quem trouxe para as torcidas os instrumentos rítmicos e de sopro, os metais. Hoje as torcidas organizadas são registradas juridicamente como Grêmios Recreativos, tal como as Escolas de Samba, e se constituem como clubes dentro do clube. Possuem renda e sede próprias. Com crescimento das torcidas ao longo do tempo, esses grupos foram ficando violentos e se envolvendo em brigas como forma de diversão.

Desde a madrugada do dia 11 de novembro de 2008 as lutas estão de luto. Antes de sair da academia que fundou, o mestre Osmar Dias cumprimentou seu aluno e amigo, o professor Fábio Laguna, dizendo “até logo irmãozão”. Ao deixar a Thai Boxe Osmar levou três tiros. A polícia afirma foi uma tentativa de assalto, mas pessoas próximas ao atleta não acreditam e dizem que o assassinato foi premeditado. Desde o ano 2000, a violência na capital paranaense mais que dobrou. Curitiba era a 20ª colocada no ranking da violência, com 26,2 homicídios para cada 100 mil hab. Dez anos depois, o número subiu para 55,9, e a capital assumiu a sexta posição, segundo dados do Instituto Sangari. Em um fórum no Portal do Vale-Tudo, o usuário “Mãodepiedra” questionou a morte, afirmando que teria sido por vingança. “O Osmar deu porrada em quem primeiro? Fiquei sabendo que foi treta , que o que ocorreu foi vingança (...) ninguém é tão fodão que fica a prova de balas”. A atual dona da academia,

Elaine Veiga, que foi casada de 1992 a 2006 com Osmar, explicou como foi o assassinato. Osmar levou três tiros pelas costas, um na cabeça, um na nuca e outro na nádega. O tiro na nuca atravessou o tórax do lutador, causando a hemorragia que o vitimou. Segundo o professor de muay thai Fábio Laguna, o mestre Osmar “era um cara tranquilo, éramos amigos e ele sempre me dava conselhos”. O professor não acredita na conclusão das investigações. “Eu tenho certeza que ele foi assassinado”. Laguna afirmou que Osmar havia o contado que algumas semanas antes tinha recebido ameaças de morte. “Falei para ele ficar esperto”. A família Thai Boxe ainda espera justiça e preserva o legado do mestre Osmar Dias. Assim que se entra no tatame vê-se a foto de Osmar, com a frase: “Campeões não são feitos em academia. Campeões são feitos com algo que eles tem profundamente dentro de si. Um desejo, um sonho, uma visão”. Ruthielle Borsuk Deivid Simioni


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policial

Curitiba, maio de 2012

TREINAMENTO EM diversas lutas fortalece condicionamento DE POLICIAIS E AJUDA EM OPERAÇÕES

Policiais do Cope treinam artes marciais O Cope (Centro de Operações Policiais Especiais), batalhão de elite da Polícia Civil, tem como um diferencial na preparação diária a prática das artes marciais. Apesar de não ser um treinamento obrigatório, grande parte dos policiais praticam algum tipo de luta, dentro e fora do quartel. O chefe do Setor de Operações de Treinamentos do Cope, Sebastião Afonso Ferreira, mais conhecido como Afonso Ninja, é um dos apoiadores das lutas dentro da Polícia. Formado em Direito e Educação Física, Ninja é ainda especialista em mergulho, tiro, rapel e em pelo menos cinco artes marciais. “Eu sempre gostei de lutar, a vida inteira. Pratiquei várias artes marciais. Até 2003, lutei Vale-Tudo. E estamos sempre treinando. Aí entrou na cabeça do pessoal também essa ideia de treinar”, declarou.

Foto : João Pedro Alves

Centro de Operações Policiais Especiais tem como marca registrada o aperfeiçoamento de policiais por meio de várias modalidades

Policiais do Cope em dia de treinamento

Dentro do quartel do Cope, os policiais têm acesso à prática de Muay Thai, MMA e Aikido, por meio da parceria entre o batalhão, a academia Noguchi e o atleta Tico Pedroso, da academia World Strong. O campeão dos pesos

médios do UFC, Anderson Silva, também já esteve treinando no tatame do centro de treinamento e visita os profissionais do batalhão especial sempre que está em Curitiba. As artes marciais, diferente

de outros treinamentos como tiro, abordagem e rapel, não estão presentes no treinamento semanal obrigatório. “Não é uma coisa que eu possa obrigar a fazer. A ideia foi colocar um treinamento obrigatório, técnico e tático, e um treinamento físico e de lutas voluntário. Mas acabou contagiando, e o resultado está vindo”, disse Afonso Ninja. Um desses resultados foi o título de Campeão Paranaense de Jiu Jitsu da categoria master/peso leve conquistado em março, na 1ª etapa do campeonato, pelo policial Guilherme Lima Abussafi dos Santos. Guilherme é faixa roxa de arte suave da academia Equipe 1/ Checkmat e tem outros bons resultados na modalidade, como o terceiro lugar no Mundial de Jiu Jitsu Esportivo, no ano passado. Nas ações diárias, a prática das lutas também ajuda para que

a operação seja bem sucedida. Ao invés do uso da força, podem ser utilizadas técnicas mais efetivas das artes marciais para imobilizar um suspeito sem causar maiores danos à integridade física, por exemplo, explicou o policial Fernando Gonçalves Santos. Como parte da preparação, os policiais são semestralmente submetidos ao TAF (Teste de Aptidão Física), implantado por Afonso Ninja. Isso, segundo o idealizador, motivou os profissionais a buscarem treinamentos diferentes, visando melhorar o preparo físico, como corridas, triathlon e as próprias artes marciais. “O pessoal começou a se envolver nesse ambiente de luta e tirar esse medo, esse receio de lutar”, disse Ninja. João Pedro Alves Flávio Darin

USO DE MEDICAMENTOS ILEGAIS PREJUDICA CADA VEZ MAIS ATLETAS PROFISSIONAIS DE ALTO NÍVEL NO MMA

Número de atletas que caem no antidoping cresce após maior fiscalização Desde janeiro deste ano, quando foi anunciado que os testes anti doping seriam mais frequentes e completos, grandes nomes do MMA mundial foram flagrados, Alistar Overeem pesos pesado do UFC apresentou uma quantidade de testosterona 14 vezes maior do que o permitido. Cris Cyborg, brasileira que compete no Strikeforce, também foi flagrada com a presença de esteroides após uma luta em janeiro. O uso de medicamentos ilegais se dá por meio de algumas classes farmacológicas: estimulantes, narcóticos, anabolizantes, diuréticos e betabloqueadores. O preço do sucesso, pode custar caro, de acordo com a nutricionista especializada na área esportiva, Cassiana Domingues o uso de substâncias ilegais acarretam em várias consequências ao corpo humano: Dores de cabeça,

tonturas, aumento da agressividade, irritação, alterações de humor, comportamento anti-social e paranoia são alguns sintomas que podem aparecer no sistema neurológico, enquanto o surgimento de tumores no fígado, rins, e o aumento no miocárdio, o que pode causar um infarto, atingem os sistemas digestivo, endócrino e muscular. Também são notadas alterações na aparência do corpo, como a calvice precoce em homens, e a ginecomastia, que é o crescimento de mama, também nos homens. Ainda segundo a nutricionista, é possível ser um atleta de alto nível levando uma vida saudável, desde que acompanhado pelos profissionais corretos “Uma alimentação adequada, controle constante do peso corporal e a correta distribuição do peso atribuído a massa corporal, que resultará em força e estabilidade, são elementos

indispensáveis no treinamento de um atleta.” O curitibano Maurício Shogun Rua, lutador do UFC, é outro que é contra a dopagem “O atleta não precisa se anabolizar para conseguir um bom resultado. Eu sou contra isso e sou a favor dos eventos terem o exames antidoping para fiscalizar esses tipos de coisas.” O lutador que treina na sua própria academia em Curitiba, a UDL, comentou a respeito da orientação sobre o doping feita aos atletas dentro da academia: “a gente orienta a não usarem, é lógico. Mas cada atleta tem a sua personalidade, a gente não pode obrigar o cara a não usar. Acho que a partir da hora que o atleta usa, é uma coisa de cada um.” Flávio Darin Marcio Kaviski

Glossário do Doping Estimulante Anfetamina Efeito: Maior poder de concentração Consequencia: Depressão Agentes Anabólicos Testosterona, Nandrolona : Efeito: Aumento da massa muscular Consequencia: Danos ao fígado, hipertensão, calvice Diurético Furosemida Efeito: Perda de peso Consequencia: tontura, náuseas, hipertensão

Hormônios peptídeos e análogos Somatotrofina Efeito: Crescimento corporal Consequencia: Crescimento desproporcional Eritopoetina Efeito: Aumenta resistência Consequencia: Anemia


geral

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Curitiba, maio de 2012

MAURÍCIO SHOGUN RELATA A EXPULSÃO E O RETORNO De alexandre sANGUE à academia

Campeão mundial perdoa invasor do Couto Alexandre Sangue Ramos participante da invasão de campo no estádio Couto Pereira, foi expulso da academia Universidade da Luta, da qual treinava na época. “Quando participei das agressões desrespeitei e joguei os ensinamentos da academia no lixo”, afirma Sangue. Após um ano afastado, o lutador buscou apresentar melhorias no comportamento. Mauricio “Shogun” Rua, um dos proprietários da academia e também lutador, foi o responsável pela expulsão de Sangue e percebeu uma grande mudança no seu comportamento e o readmitiu na academia. “Ele voltou porque eu acho que todo mundo merece uma segunda chance”. Sangue retornou na condição de se afastar totalmente de qualquer tipo de torcida organizada e não se envolver em nenhum tipo de briga de rua. Alexandre tinha conhecimento

Letícia Duarte

Justiça determinou serviços comunitários, proibiu o lutador de entrar no estádio, participar de torcida organizada e lutar fora do tatame

Alexandre Sangue e Maurício Shogun fazendo o cumprimento antes da luta, em sinal de respeito

sobre as punições impostas pela UDL, porém, Sangue acabou se envolvendo na invasão que resul-

Sangue sobre os princípios morais ensinados na UDL. Como punição, Alexandre foi

tou na sua expulsão.“Luta é dentro do tatame, fora é respeito com todo mundo”, afirma Alexandre

condenado a prestar serviço comunitário, pagar uma cota de bens para o Estado além de ser proibido de entrar no Couto Pereira por três anos. Segundo o promotor de Justiça Octacílio Sacerdote Filho, as punições aplicadas a ele condizem com as previstas na lei. “De acordo com o Estatuto do Torcedor, ele está impedido de comparecer no estádio para assistir jogos de seu time. O Estatuto não determina a prisão de ninguém, mas agiu de maneira correta perante o caso”, explica Octacílio. O promotor também diz que se as punições forem descumpridas pode ser aberto o processo de prisão preventiva. Essa medida vale para todos os torcedores envolvidos na invasão. Sangue foi um dos selecionados para o TUF (The Ultimate Fighter), programa da Rede Globo. Kamilla Ferreira Leticia Duarte

PROFESSORES MOSTRAM SUAS TÉCNICAS DE ENSINO DAS ARTES MARCIAIS E FALAM SOBRE A ÉTICA NAS LUTAS

A hierarquia entre profissionais e alunos cresce cada vez mais no MMA, os mestres se baseiam na disciplina milenar das artes marciais para treinar seus alunos. Alguns métodos como a o diálogo, o respeito e o compromisso estão sendo cada vez mais utilizados. É o que diz Alessandro Zanon, proprietário da academia Striker´s House e mestre em MMA. “Dentro da academia eu prezo a hierarquia. Mesmo assim as regras são claras: o maior protege o menor”, diz Zanon. Relata ainda que, só após repassar aos seus alunos as técnicas e valores da luta é que os atletas são direcionados para o lado competitivo.

O faixa preta em Judô e Taekwondo, Felippo Volpe, também relata que, além da técnica, o importante é mostrar a importância do estudo, do autocontrole e da civilidade para os alunos. “Ensino tudo que devo aos alunos, devendo eles aplicá-los não só na arte marcial, mas na vida”, afirma Volpe. Ressalta ainda que além do ensinamento do professor, todas as artes marciais possuem um código de conduta e uma federação, os quais devem transmitir atletas às devidas regras. Quando uma regra da luta é quebrada, cabe ao professor ou mestre punir o aluno com as medidas necessárias. No caso de Felippo Volpe, ele julga a veracidade do

“Brigar na rua é punição, lutar no ringue é crédito”

caso e o perfil do aluno. “Procuro punir meus alunos, dependendo do caso dou suspensões, podendo até mesmo chegar à proibição da prática da arte marcial”. Ainda afirmando o que diz Volpe, o profissional e mestre em MMA, Felipe Ferreira, também afirma que ele utiliza três passos para o processo de punição do aluno. “Primeiramente o alertamos, o segundo passo é a suspensão, o terceiro é a expulsão da academia e dependendo da grandeza do fato, cabe à Federação o julgamento do caso”. Como o ensino é de acordo com o professor, Zanon afirma que é mais rígido perante os fatos. “Brigar na rua é punição, lutar no ringue é crédito”, afirmando que o atleta não precisa brigar nas ruas, mas pode lutar de igual para igual dentro do tatame e dependendo de seus méritos, ganha seus devidos créditos.

Letícia Duarte

Regras de conduta e disciplina são aplicadas por professores de MMA

Mestre Felippo Volpe aperfeiçoando suas técnicas de MMA

Além do alerta para os riscos da prática inadequada da luta, há inúmeros meios utilizados para disciplinar os futuros atletas. “Criei um sistema com fitas adesivas coloridas, cada uma simbolizando um valor que o aluno deve cumprir na graduação em que ele está”, diz Felippo Volpe, reafirmando ainda que para que eles possam se gruduar,

eles devem ter conquistado todas as fitas na faixa atual, o que vai disciplinando e ensinando o aluno a praticar esses valores, fazendo com que ele se adéque a real prática da luta e não somente no lado físico e competitivo. Rafaela Bez


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saúde

Curitiba, maio de 2012

Pa Kua e Muay Thai são boas alternativas contra o estresse e a insegurança

Isabela Bandeira

Lutas melhoram a saúde e qualidade de vida de muitos praticantes

A falta de exercícios físicos e o estresse gerado pela rotina podem ser combatidos através da prática de artes marciais que estimulam corpo e mente que o Pa Kua traz benefícios como qualquer outra arte marcial ou esporte. “Normalmente, o praticante dessa luta melhora o condicionamento físico e emagrece. A diferença é a de que o Pa Kua traz harmonia corporal, faz com que o ser-humano se sinta mais calmo e confiante. Tudo isso é baseado na medicina tradicional chinesa”, destaca. Além disso, o mestre garante que seus alunos ficaram mais calmos e seguros em relação aos problemas do cotidiano, como por exemplo, os estudos, após uma longa sequência de treinos. “Percebo que meus alunos de níveis mais avançados são muito mais

“Aprendi a lidar melhor com certas situações do dia-a-dia” confiantes e equilibrados do que eram quando começaram a treinar”. Gabriel e Artur descrevem o mestre Marco Antônio como um “membro da família”, por ser paciente e resignado na hora de ensinar novas técnicas de como tratar dos problemas comuns ao dia-a-dia através do Pa Kua. Ambos afirmam que o tutor é calmo e centrado, como todo praticante da arte marcial deve ser. Outra luta que traz muitos benefícios, principalmente no físico, é o Muay Thai. O estudante Lucas Pereira, de 20 anos, é praticante de Muay Thai desde o início de 2012.

Ele é integrante do time de futebol americano Curitiba Brown Spiders. Com o crescimento dos campeonatos no Brasil, Lucas diz que precisa da arte marcial. “Quem treina futebol americano deve fazer outra atividade para ter um bom desempenho. Além de malhar todos os dias, pratico Muay Thai justamente para melhorar o condicionamento físico, aumentar a resistência e para conseguir uma explosão muscular maior”, diz. Para ele, a rotina de estudos parece problema pequeno perto dos treinos intensos que enfrenta. Os benefícios que a luta traz para seu corpo são perceptíveis e de grande importância. “É o que eu preciso. Não só para saúde e meu desenvolvimento pessoal em outras atividades, mas também para minha desenvoltura no futebol americano. É esse o foco”, mesmo que o foco de Lucas seja o Futebol Americano, ele diz que o Muay Thai é, como todas as formas de luta de contato, uma terapia anti-estresse. “Muitas pessoas se sentem renovadas depois de um bom treino. Apesar dos problemas não se resolverem, você ‘recarrega as baterias’ para suportar as situações do dia-a-dia”. Ariel Machado, professor da academia Action Place, explica que o Muay Thai é ideal para quem deseja um corpo saudável e sair do sedentarismo: “Ele não trabalha apenas os ombros, mas também os braços, joelhos e pernas. Por isso, acaba exigindo muito mais do seu corpo do que em outra atividade” finaliza. Isabela Bandeira Helena Bianchi

Helena Bianchi

Artes marciais, como o Muay Thai e o Pa Kua, oferecem uma melhor qualidade de vida para seus praticantes, afirmam os estudantes Artur Canabrava, Gabriel Rigoni e Lucas Pereira. Segundo eles, a rotina de estudos é estressante e exige uma grande capacidade de autocontrole. Com ajuda de profissionais das lutas, desenvolvem técnicas de prevenção contra o estresse e melhora da autoconfiança na vida fora do ringue e do tatame. Ainda não muito conhecido no Brasil, o Pa Kua, arte marcial tradicional chinesa, vem ganhando cada vez mais adeptos no país, em Curitiba, especialmente, estudantes procuram centros de treinamento. Artur e Gabriel, praticantes de Pa Kua desde o ano de 2008, acreditam que a arte marcial trouxe benefícios não somente para o corpo, mas também para a mente. “O Pa Kua oferece desafios para o corpo que são mais difíceis do que qualquer problema de fora do tatame. Os problemas ‘de fora’ parecem ser quase nada”, conta Artur. Gabriel consegue controlar o nervosismo desde que começou a treinar. “Com a meditação, eu aprendi a me conter em situações de estresse, principalmente no cursinho, quando tenho muitas provas e tarefas, e no trabalho. Aprendi a lidar melhor com certas situações do dia-a-dia”, conta. Exercícios de meditação e reflexologia, oferecidos pela arte marcial, são responsáveis pelo relaxamento do corpo e autocontrole. O mestre de quinto grau do centro Pa Kua Curitiba, Marco Antônio de Souza Filho, explica

Após o trabalho ou estudos, a meditação serve como remédio

Muay Thai também ajuda a eliminar tensões do dia-a-dia

Tai Chi Chuan auxilia idosos a melhorar a saúde do corpo Uma pesquisa foi feita pela Hong Kong Polytechnic University, da China, mostrando a eficácia do Tai Chi Chuan na saúde de pessoas da 3ª idade. Para chegar a essa conclusão, foram observados e feitos testes de diversas formas em 65 idosos, sendo que 24 deles eram praticantes da ar te marcial. Estes 24 conseguiram obter melhores resultados em relaç ão à funç ão c a rd i ova scul a r e à f o rç a muscular. Um estudo parecido foi feito pelo Instituto de Pesquisa de Oregon, nos Estados Unidos, alegando que os movimentos do Tai Chi Chuan podem também ajudar a reverter alguns dos sintomas d a do enç a d e Pa r kin son. Após seis meses

de testes, os pacientes tiveram diminuição de incidência de quedas. Professor e representante do Tai Chi Chuan no Brasil, Levis Litz, explica: “Seus movimentos suaves e cíclicos, aplicados como arte marcial, p ro du z e m re sul t ad os terapêuticos”. Segundo ele, há vários estilos da luta, mas todos eles proporcionam uma boa qualidade de vida com a prática regular. “Entre seus benefícios, encontra-se a prevenção do estresse, a melhoria na concentração e equilíbrio corporal, fortalecimento das articulações, melhora da oxigenação sanguínea, além de uma eficaz forma de autodefesa”, diz. Helena Bianchi


religião

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Curitiba maio 2012

Capoeiristas mostram a presença da religião nas diferentes formas da luta

Candomblé na “ginga” da Capoeira

POR QUE Você PRATICA CAPOEIRA?

Capoeira Angola e Regional se mostram diferentes tanto na questão da vestimenta como na religião

“A Capoeira é igual a vida: você pode tudo e nada. O limite é o respeito.” Adilson Alves Leandro, Mestre Pop, 44 anos, empresário

Nivia Maria Kureke

Grupos de Capoeira têm opiniões diferentes no que diz respeito à presença da religião na prática da luta. Enquanto o grupo Angola Dobrada mostra que a religião está no capoeirista, que muitas vezes traz para o jogo sua religiosidade, o grupo Guerreiros dos Palmares, de Capoeira Regional, afirma que não há nada de religioso na capoeira. O Candomblé faz parte da essência da capoeira por ter sido praticado pelas mesmas pessoas na época da escravatura, mas segundo Jordana Bertoni, bicampeã brasileira de Capoeira Regional, para o Grupo Guerreiros dos Palmares não há relação nenhuma entre a capoeira e religião. “Se há algo teatral ou outra coisa que possa aparentar, é somente pela cultura”, diz. Em contrapartida, o contramestre de Capoeira Angola do Grupo Angola Dobrada, Welington Márcio dos Santos, o “Negão”, relaciona diretamente a capoeira à religião, nos movimentos, nos trejeitos dos jogadores, no respeito à ancestralidade. Dentro da Capoeira Regional há rituais de batizado, porém Jordana afirma que só tem esse nome porque é a iniciação do jogador, que invés de receber água na cabeça e algumas palavras, é

“Eu gosto, meus pais também fazem. É uma luta, que eu gosto.” Movimentos baixos caracterizam o Candomblé Angola

derrubado no chão, para aprender que está apenas começando. Na Capoeira Angola, segundo o contramestre Negão, os capoeiristas são religiosos e trazem seus costumes “sacros” para a roda, como o sinal da cruz e orações aos ancestrais. Os próprios movimentos baixos, característica da

Capoeira Angola, são retirados do Candomblé de Angola, no qual os praticantes faziam suas orações de modo curvado, mais baixo. O Contra-Mestre Negão afirma que a capoeira não é religião, mas “o capoeirista é religioso”. Segundo ele, o capoeirista segue a religião que quer, o que ele precisa

acreditar dentro de seu grupo é na filosofia que este prega, para que haja coerência. “A capoeira pode ser o que o capoeirista quiser, religião, estilo de vida, brincadeira, luta, enfim, depende de quem pratica”, encerrou.

Diferenças da vestimenta de capoeira Angola e Regional Regional – Roupa branca e descalço. A roupa branca vem do início da capoeira, quando se dizia que o capoeirista que menos sujasse a roupa melhor teria lutado. E o lutar descalço proporciona melhor desenvoltura nos movimentos, pois o pé desliza mais fácil e simplifica a velocidade das acrobacias da capoeira Regional que é feita de maneira mais erétil. A utilização de camiseta, se difere de grupo a grupo.

Nivia Maria Kureke

Angola – Roupa social e sapato. A cultura europeia influencia na vestimenta do negro que queria ser doutor de sua arte, a capoeira. O sapato representa a liberdade do negro, que quando escravo andava sempre descalço. Mestre Pastinha, fundador da primeira Escola de Capoeira Angola do Brasil, instituiu o uniforme dos angoleiros com as cores do Ypiranga de Salvador (preto e amarelo). Para ele o capoeira devia jogar calçado.

Naomy Souza, 10 anos, estudante

“Porque gosto, é um lazer. Melhor que ficar na frente do videogame.”

Hualison Luiz dos Santos, 13 anos, estudante.

“Me permite o que não posso mostrar na sociedade. Na capoeira consigo gritar: ‘Eu sou assim’. Nadia Alves, 30 anos, estudante de Educação Física


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educação

Curitiba, maio de 2012

CHÁCARA MENINOS DE QUATRO PINHEIROS obtém RESULTADO AO UTILIZAR CAPOEIRA

ONG utiliza Capoeira na educação A Fundação Educacional Meninos e Meninas de Rua Profeta Elias ajuda 75 crianças e jovens que viviam nas ruas ou que foram tirados de casa pela Justiça. Também conhecida como Chácara Meninos de 4 Pinheiros, a organização não governamental oferece educação integral promovendo atividades. As oficinas que a instituição proporciona são, além do acompanhamento escolar, familiar e psicológico, atendimento médico-odontológico, futebol, Capoeira, música, serigrafia, reciclagem, informática, entre outras. Um dos objetivos da Chácara é realizar os sonhos desses meninos, visando o desenvolvimento e a integração social. A Capoeira é uma das iniciativas utilizadas pela ONG. O esporte

Ariane Priori

Artes marciais trabalham coordenação motora, higiene, integração e respeito mútuo entre adolescentes

Capoeira ajuda no desenvolvimento físico e psicológico das crianças

é praticado toda segunda-feira e todos os meninos podem participar. O professor Luís Carlos Rodrigues da Silva, mais conhecido como Mamute, afirma que a escolha de começar a prática deve partir da criança, pois ali eles são livres para to-

mar suas decisões. O professor chama a atenção para o caso de Tiago Barbosa*, que está há sete anos na instituição. “Quando ele chegou aqui, com 6 anos de idade, sequer falava. Não tinha coordenação motora e nenhuma interação com os

outros meninos. Hoje, ele comanda as músicas na Capoeira e tem um ótimo relacionamento com os demais”, conta o professor ao dizer que esta é a maior gratificação de trabalhar com esses meninos. Na maioria das vezes as crianças e os adolescentes chegam até a Fundação por mandato judicial devido a maus tratos, abuso ou falta de condições da família. O terapeuta familiar da instituição, Régis Lisboa dos Santos, explica que o objetivo é trabalhar os sonhos desses meninos, reintegrando-os na sociedade. “Todos têm sonhos e quando paramos de sonhar, a gente morre, vegeta”, diz. *Nome alterado Ariane Priori Samara Macedo

Uma história de superação A Fundação Educacional Meninos e Meninas de Rua Profeta Elias, também conhecida como Chácara Os Meninos de 4 Pinheiros, é uma ONG localizada em Mandirituba, região metropolitana de Curitiba, que atende 75 crianças em situação de vulnerabilidade. Os meninos vivem em quatro casas e contam com o apoio de 25 educadores. Inicialmente, o fundador, Fernando Francisco de Góis, recolhia os meninos das ruas. A ideia foi tomando dimensões e se fez necessário criar um lugar maior. Hoje, é reconhecida internacionalmente por seu trabalho de incentivo ao protagonismo juvenil. Samara Macedo

ARTES MARCIAIS NAS ESCOLAS TÊM A FUNÇÃO DE AJUDAR NO APRENDIZADO de crianças e adolescentes A disciplina de Taekwondo completa cinco anos no Colégio Dom Orione. Segundo o professor Tiago Esteves da Cruz, a arte marcial não tem apenas como foco o desenvolvimento físico do aluno. O objetivo é ajudar também nos aspectos psicológico e social da criança e do adolescente. “Fisicamente procuramos apenas habilitar e estimular o desenvolvimento motor da criança, como a lateralidade e o equilíbrio”, explica o professor. Para a dona de casa, Zenilda Alves de Souza, mãe do aluno Pedro Henrique dos Santos, de 8 anos, praticante de Taekwondo, a luta quando ensinada

corretamente serve como uma forma de aprendizado. Quando se refere ao futuro do seu filho, a dona de casa diz que o apoiaria se um dia ele quiser seguir a carreira de lutador, mas não é o que ela deseja para ele. No entanto, pelo fato do Taekwondo ser uma arte marcial que originou u m espor te de combate, muitos pais não têm total aceitação da disciplina. Segundo o professor Esteves, muitas pessoas confundem o intuito, achando que treinando um esporte de combate a criança pode ficar mais agressiva. Mas a ideia é totalmente contrária.

“Abordamos questões psicológicas, como respeito”

Ele explica que toda arte marcial requer muita disciplina e que esta questão é a mais abordada. “Trabalhamos para que os alunos vivam socialmente com respeito e auto controle perante os outros. Abordamos questões psicológicas como respeito, determinação, confiança. Conceitos estes, que surtem efeitos em outras matérias, aqui na escola”, completa. O Taekwondo foi trazido ao Brasil em 1970 e é um dos exemplos de disciplinas que englobam artes marciais. Segundo professor, elas estão presentes nas grades curriculares das escolas curitibanas porque os benefícios nos desenvolvimentos motor e psicológico são notáveis. Bianca Santos Samara Macedo

Bianca Santos

Nova forma de adquirir conhecimento

Alunos praticando Taekwondo no Colégio Dom Orione

Existem prós e contras? Segundo a psicóloga Giovana Tessaro, especialista em Neuropsicologia, antes de pensar em lutas ou artes marciais, o importante é visar o trabalho com regras, disciplinas, pois é isso que altera o comportamento da criança. Com relação ao Taekwondo ela afirma não haver problema algum, desde que a família apoie e que também haja respeito às condições físicas do aluno e consciência por parte do educador para transmitir os ensinamentos. Samara Macedo


cultura

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Curitiba, maio 2012

AIKIDÔ E KI AIKIDÔ TRAZEM UMA NOVA MANEIRA DE TRABALHAR O CORPO NA dança contemporânea e no teatro

Luta usada como treino para dança Bailarinos utilizam filosofias e conceitos de lutas marciais para criar novos movimentos e ampliar o uso do corpo na dança. O Aikidô e o Ki Aikidô são duas dessas lutas, que têm influenciado artistas em suas composições. Aikidô é uma luta marcial japonesa criada por volta de 1920. Não é um tipo de luta agressiva, mas uma combinação de exercício físico e mental que ensina seus praticantes a se harmonizarem com seu “Ki”, força interna vital. O Ki Aikidô vem de uma arte marcial do Japão e se preocupa mais com o fluxo de energia, com a unificação mente e corpo, do

Letícia da Rosa

Técnicas orientais que trabalham com a energia central do corpo oferecem um novo olhar para artistas

Mônica Infanti treinando o Ki Aikidô

que com a luta propriamente dita. Mônica Infante é bailarina formada em dança há vinte e cinco anos. Iniciou sua pesquisa nas artes orientais, dentro de um de seus processos de criação por indicação de um colega de sua companhia de dança. Procurava a energia aterrada no corpo, o equilíbrio, a base do peso centralizada. “A diferença fundamental entre Aikidô tradicional e o Ki Aikidô é que o segundo pensa mais em como preparar o nosso corpo

“No teatro e na música sempre levo os princípios do Ki Aikidô”

e mente. Favorece nesse relaxamento do corpo, a concentração, o estar presente no aqui e agora, pra você conseguir lidar com essas coisas que te pegam de surpresa e não reagir. Porque quando você reage, você perde a consciência do mais profundo agir. É isso que a gente vem praticando”, comenta Monica Infante, bailarina que utiliza a luta como fonte de pesquisa do movimento. Através do contato com a cultura oriental, a artista tem investigado questões que surgiram de

suas experiências nas lutas como a micropausa nos movimentos e a respiração necessária para executar cada ação proposta, a execução, na experiência de estar com outras pessoas. Nesses dezesseis anos de trabalho com o mundo marcial, orientou corporalmente vários artistas em dança e teatro. Entre eles está o grupo de artes cênicas da Pontifícia Universidade Católica, o TánaHora, do qual é a orientadora corporal há 12 anos. “Em todos os trabalhos em que sou convidada a fazer a orientação corporal, no teatro, na música, sempre levo essa informação dos princípios do Ki Aikidô. Especificamente no teatro é essencial o ator estar atento, porque tem a fala, o movimento. Eu acho que o pensamento do corpo é concreto tanto no movimento quanto na palavra, acho que isso cada vez tem se aprofundado mais, tanto na minha pesquisa, quanto na minha orientação para atores e bailarinos”, finaliza a dançarina. Victor Hugo Letícia da Rosa

O VIDEOGAME PODE SERVIR COMO FORMA DE DESCARREGAR AS ENERGIAS AGRESSIVAS DO SER HUMANO em uma partida

Os jogos de lutas para videogame estão cada vez mais populares. Depois da difusão de lutas de contato como o UFC, por exemplo, muitos jovens optaram por este tipo de entretenimento. Existem casos em que o jogo se torna um complemento para quem já gosta de treinar, mas também é adepto ao videogame. Rodrigo Fragata, 19 anos, estudante de Publicidade e Propaganda da PUCPR, comenta que desde pequeno gostava de jogar Street Fighter ao se juntar com os primos e amigos. Desde muito novo, Rodrigo já praticava esportes e fazia academia, mas considerava algo muito chato “Fui buscar uma coisa que eu gostasse de fazer”. Logo após ter começado a treinar Muay Thai e assistir UFC, não demorou mui-

Bianca Thomé

Simulação de luta em videogame atrai público jovem

Rodrigo Fragata jogando seu jogo favorito de luta

tos meses até Rodrigo comprar o primeiro jogo. Quando o estudante se reúne com os amigos, é o game favorito entre eles. “Eu odeio brigar. Treinar é totalmente diferente de levar isso para um lado pessoal”, disse Ro-

drigo Fragata ao ser questionado sobre a influência dos jogos em sua vida. O estudante acredita que não há uma ligação direta entre jogar e se tornar agressivo. Neuzi Barbari, psicóloga e professora de Psicologia social

da PUCPR, comenta que há uma energia psíquica, a qual é descarregada ao se praticar a violência. A professora não acredita que os jogos de luta levem os jovens a se tornarem pessoas mais agressivas, pois tudo depende dos valores que foram passados a elas ao decorrer de suas vidas. Portanto, a simulação das lutas no videogame faz com que o jogador descarregue sua energia durante uma partida com os amigos, e não necessariamente na vida real. “Acho que é muito mais violento você ter uma propaganda que incita a inveja, do que ter uma criança ou adolescente jogando um jogo que ele só está brincando de ser violento”, completa. Bianca Thomé Letícia da Rosa

FILMES

Alguns clássicos da luta BRADDCOK

1984 (Chuck Norris) Joseph Arnold

CLUBE DA LUTA 1999

(Brad Pitt) David Fincher

O GRANDE DRAGÃO BRANCO

1988 (Van Damme) Newt Arnold

KARATE KID

2010 (Jaden Smith & Jackie Chan) Harald Zwart JOGO DA MORTE

1978 (Bruce Lee) Robert Clouse

KUNG FU PANDA

2008 Mark Osborne & John Stevenson

MENINA DE OURO 2004

(Hilary Swank) Clint Eastwood ROCKY: Um lutador

1976

(Silvester Stalone)

John G. Avildsen


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variedades

Curitiba, maio de 2012

Pesquisa feita pelo comunicare ouviu 100 pessoas nas ruas centrais

Muay Thai é a luta favorita dos curitibanos Cidade se destaca nacionalmente na luta. Tem 161 academias registradas e já revelou vários campeões nacionais e internacionais Camila Vichoski Francisco Mallmann Laura Nicolli Rosana Moraes

QUAL É A LUTA DOS CURITIBANOS?* Durante sete dias curitibanos que transitavam entre as ruas XV de Novembro e Marechal Floriano Peixoto responderam a uma pergunta: “Qual é a sua luta?”. A resposta, mesmo que inconsciente vai além de uma simples modalidade. Confirma a cultura, os modos, visão de mundo e empatia dos curitibanos com o esporte.

Sistema de lutas desenvolvido na China, o Kung Fu não tem sua origem claramente definida, pois sua história é cercada de lendas e costumava a ser descrita oralmente.O Kung Fu chegou ao Brasil na década de 60. Em 2010 foi realizada a 14º Copa Senda de Kung Fu em Curitiba.

Karatê12% Jiu Jitsu 30%

Kung Fu 8%

Surgido na Índia, era praticado por monges budistas preocupados com a autodefesa. Em 1925, Carlos Gracie – a partir de ensinamentos do mestre japonês Conde Koma fundou a Academia Gracie de Jiu-Jitsu (Considera-se que o estilo praticado pela família Gracie resultou na criação do Jiu-Jitsu brasileiro).

FONTE: Federação Brasileira de Kung Fu Wushu

Foi criado para a autodefesa da população que migrou da China para a região da atual Tailândia. A prática era usada contra o ataque de bandidos e de animais selvagens. A luta chegou ao Brasil em 1979. Em 1984, Curitiba foi sede e campeã do campeonato interestadual de Muay Thai.

Muai Thai 35%

FONTE: Confederação Brasileira de Muay Thai

FONTE: Confederação Brasileira de Karatê

FONTE:Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu

Boxe 15%

O primeiro registro do Boxe como esporte foi na Grécia Antiga. Durante a Idade Média, caiu no esquecimento, para retornar nos séculos 17 e 18 em torneios de rua na Inglaterra. No século 20 no Brasil, o boxe era ligado à marginalidade. Nos anos 20 ganhou visibilidade e tornou-se um esporte regulamentado.

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FONTE: Confederação Brasileira de Boxe

Parananeses campeões: BOXE: Rosilete dos Santos, de Castro. Campeã mundial. (Leia mais na pag. 04) JIU–JITSU: Everson Loth, de União da Vitória. Campeão Paranaense. MUAY THAI: Wagner “Nega”, de Curitiba. Campeão mundial.

Kung Fu 3000 a.C

Boxe Muay Thai 688 a.C 188 a.C

Jiu Jitsu 1602 d.C

Karatê 1922 d.C

*A pesquisa ouviu 100 curitibanos, de 16 a 43 anos, de 23 de março a 20 de abril, aleatoriamente nas ruas de Curitiba.

KUNG–FU: Antonio Marcos Pereira, de Guarapuava. Campeão Brasileiro

FONTE: Comunicare Pesquisas

161 academias de luta em Curitiba

A história mais aceita afirma que o monge Daruma, vindo da Índia, teria trazido as práticas de uma luta para um mosteiro na China, e ensinado aos outros monges. Karatê chegou ao Brasil na década de 50, basicamente em São Paulo. Em 2010, Curitiba foi sede do Campeonato Mundial de Karatê Tradicional.


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