REVISTA
8 • 2022 JAN FEV MAR
Mulheres: o universo das TICs precisa de vocês!
tecnologia
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inovação
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negócios
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políticas públicas
Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
Jornalista responsável Fabrício Lourenço – DF2887 JP
Presidente da Softex Ruben Delgado
Assessoria de Imprensa (MLP) Karen Kornilovicz Mário Pereira
Vice-Presidente da Softex Diônes Lima
Revisão Karine Serezuella
Coordenação do projeto Juliana Molezini
Diagramação e projeto gráfico Simone Silva (Figuramundo)
@2022 – Revista Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. Uma publicação institucional. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Caros leitores, Há pouco mais de um ano, iniciávamos uma nova linha editorial da Revista Softex. Nesse nosso trabalho, que julgamos gratificante por diversos motivos, queríamos mostrar para o ecossistema que sempre nos acompanhou o quão importante é dividir as conquistas dos nossos parceiros que se fundamentam, principalmente, em projetos inspiradores que, pautados por tamanha inovação, se propõem a modificar e, até mesmo, salvar vidas. E a nossa Revista, ao chegar no seu segundo ano, está mais pronta do que nunca para trazer as boas novas sobre todos os acontecimentos do mundo tecnológico, startups e empresas que apresentam soluções incríveis que resultam, em sua maioria, em um positivo impacto social. Como matéria de capa, a Revista apresenta as conclusões do estudo W-Tech da Softex, que identificou a retração da presença das mulheres no universo das TICs. O caro leitor encontrará, ainda, a bem-sucedida participação da entidade no Mobile World Congress, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, integrando a delegação brasileira que contou, inclusive, com a presença do então Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. Não é novidade para ninguém que a Softex respira inovação. Aliás, o cenário atual se mostra mais do que positivo em investimentos de empresas que
atuam em tecnologia. Somente no ano passado, o investimento foi de R$ 50 bilhões e, em 2022, as perspectivas são ainda melhores. Para abastecê-los com mais informações, trazemos reportagens sobre a nova etapa do programa DF Inovador, casos de sucesso, artigos e novidades do setor. Reservamos para o final deste editorial uma informação que julgamos ser o nosso maior desafio: elaboramos neste ano o nosso planejamento estratégico que nos guiará na direção da conquista de grandes sonhos, grandes projetos. Muito bom saber que estamos juntos nesta trajetória.
Boa leitura. Equipe Softex
EMPREENDEDORISMO OBSERVATÓRIO Estudo W-Tech identifica retração da presença das mulheres no universo das TICs
Programa DF Inovador conclui etapa de intraempreendedorismo e abre chamada para startups, empresas e órgãos governamentais
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INTERNACIONAL
pág6
Market Guide destaca oportunidades de negócios em Israel
pág10
MWC
Setor de TICs se reúne em Barcelona e Softex confirma presença brasileira na Mobile World Congress 2023
pág14
CASES
Receita Digital, startup do Programa Conecta Startup Brasil, é adquirida pelo Marketplace Consulta Remédios
pág22
ARTIGO ARTIGO
O que vai acontecer com o seu carro?
pág30 O metaverso já chegou
ESPECIAL pág28 Com R$ 500 milhões em recursos, Softex se firma como principal hub de inovação e de desenvolvimento econômico do setor de TICs
pág26
ACONTECE NO SETOR
Empresas brasileiras estão otimistas com os novos modelos de negócios criados pelo 5G
pág13 6% dos brasileiros já transitam por alguma versão do metaverso
pág21 Estudo da Softex analisa o futuro do trabalho híbrido
pág33
OBSERVATÓRIO Estudo W-Tech identifica retração da presença das mulheres no universo das TICs Houve redução de 2,1% no número de trabalhadoras no período de 2015 a 2019. Promover a atração feminina para este mercado apoiará na solução da escassez de talentos, aponta levantamento do Observatório Softex 6
Por Mário Pereira
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pesar do reconhecimento cada vez maior da relevância da diversidade nas organizações e nas atividades econômicas, a participação das mulheres nos setores de telecomunicações e tecnologia da informação tem diminuído nos últimos anos. Esta é uma das constatações do estudo “W-Tech” realizado pelo Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da entidade. Utilizando os dados disponíveis na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o levantamento teve por objetivo constatar o atual estágio da presença feminina no universo das TICs apurando – no período de 2015 a 2019 – a evolução da participação por gênero, a diferença da remuneração entre homens e mulheres e um possível impacto desencadeado pela pandemia. Embora estimativa do IBGE (2022) indique que o Brasil possui uma população de 214,3 milhões de pessoas, sendo 51,13% predominantemente composta por mulheres e 24% por jovens adultos de 25 a 39 anos, esta distribuição equilibrada não se verifica nas atividades econômicas constituídas pelos setores de telecomunicações, tecnologia da informação, conteúdo e mídia. Entre os anos de 2015 e 2019, de acordo com a RAIS,
houve redução de 2,1% no número de trabalhadoras em Informação e Comunicação, o que encolheu a participação feminina de 38,1% para 35,6%. Em Telecomunicações essa diminuição foi ainda mais intensa: queda de 3%. Segundo o Novo CAGED (2021), os serviços de Informação e Comunicação responderam por 1,05 milhão de trabalhadores formais no mercado em 2021, mantendo o crescimento consistente desde o início da série histórica (2007), com um aumento de 12,7% em 2021 em relação a 2020. De acordo com a RAIS, pouco mais de um terço (35,6%) dos empregados desse segmento era formado por mulheres. No estudo, foram destacados três subsegmentos: atividades de prestação de serviços de informação, telecomunicações e atividades dos serviços de tecnologia da informação, que juntos responderam por mais de 85,5% dos trabalhadores desse mercado no ano passado. “Em relação à remuneração, há uma significativa diferença entre os gêneros. Para uma remuneração média do segmento de Informação e Comunicação de R$ 4.877,77, a média dos homens é de R$ 5.277,26 contra R$ 4.147,94 das mulheres. A maior disparidade está em atividades de prestação de serviços de informação, com a média dos salários masculinos superando em 27,9% a 7
dos femininos”, destaca Ana Vitória Alkmin, pesquisadora responsável pelo Observatório Softex.
acessar financiamentos, sendo que as startups lideradas por elas receberam apenas 2,3% do capital de risco em 2020, de acordo com a Harvard Business Review. O trabalho enfatiza ainda a importância da promoção de esforços nos níveis governamental, acadêmico e corporativo para lidar com esse desequilíbrio de gênero. Para Elisa Carlos, head de operações da Softex, “o desafio é atrair e reter mulheres nesses campos de estudo, assim como reduzir as barreiras de inserção e manutenção delas na área, sobretudo no que diz respeito às mudanças sobre o entendimento do papel da mulher, considerando o contexto socioeconômico e os estímulos de desenvolvimento recebidos desde a infância e/ou juventude na família ou na escola”. Em sua conclusão, o levantamento do Observatório Softex pondera que somado ao desequilíbrio de espaço entre mulheres e homens na economia da informação, promover a atração feminina – desde a academia – para esse mercado também apoiará a solução da escassez de talentos em ciências, tecnologias, engenharias e matemática frente à demanda do mercado, assim como amenizará a homogeneidade dos profissionais de TIC, que exibe baixa absorção de mulheres, PCDs e pessoas não brancas.
A pandemia do COVID-19 também aumentou o gap entre os dois gêneros. “As mulheres nas áreas de ciência e engenharia relataram ter sido afetadas de forma desproporcional, com a diminuição de pelo menos 5% no tempo de pesquisa em comparação com os homens, acentuando o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional”, pondera Ana Vitória, lembrando que em decorrência da pandemia, o Global Gender Gap Report 2021 concluiu que o tempo que levará para fechar a lacuna de gênero em todo o mundo aumentou, em apenas uma geração, de 99,5 para 135,6 anos. Outro dado que chama a atenção diz respeito às mulheres que atuam em Ciência e Tecnologia. Elas têm menos probabilidade do que os homens em
Para obter gratuitamente a íntegra do estudo “W-Tech”, acesse https://softex.br/inteligencia/
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INTERNACIONAL Market Guide destaca oportunidades de negócios em Israel Estudo detalha características do mercado israelense e sinaliza chances de novos negócios para as empresas participantes do Projeto Setorial Brasil IT+
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srael é o mercado-alvo do mais recente Market Guide, produzido pela Softex com o objetivo de identificar e apresentar para as empresas participantes do Projeto Setorial Brasil IT+ – executado pela entidade em parceria com a ApexBrasil – as diversas possibilidades de investimentos internacionais. Um dos destaques de Israel é o seu posicionamento global em inovação, superando as expectativas com suas startups atraindo cada vez mais investimentos e registrando um expressivo sucesso comercial. No período de 2020 a 2021, o capital levantado por startups israelenses mais que quadruplicou, ficando em U$ 11,5 bilhões em 2020, enquanto a rodada
Por Karen Kornilovicz média para startups cresceu 10% em 2020 em relação ao ano anterior. Outra importante característica do mercado israelense são os expressivos investimentos realizados nas áreas de P&D na década de 1980, o que resultou na formação de uma força de trabalho altamente qualificada, especialmente nas áreas de ciências e engenharia. Em termos tecnológicos, o país tem uma liderança global que atrai cerca de 15% dos investimentos em capital de risco do mundo em segurança cibernética, se situando, segundo dados das Nações Unidas (2015), no décimo lugar no mundo em qualidade de P&D. Os esforços governamentais focaram na área 11
da Tecnologia da Informação, mais especificamente nos segmentos de biotecnologia, nanotecnologia e tecnologias ambientais, sendo que Israel continua a manter sua força na área de tecnologia militar de ponta.
O país é considerado a “terra dos unicórnios” por ter gerado algumas das principais startups mundiais de sucesso, entre as quais Waze, Mobileye, Infinidat, Iron Source, Gett e OrCam Technologies. O estudo apresenta ainda a “International Collaboration DivisionAmericas Operations”, integrante da “Israel Innovation Authority”, que tem por objetivo iniciar e desenvolver parcerias com governos latinoamericanos, bem como com partes interessadas no setor privado. Um dos capítulos do Market Guide apresenta casos de cooperação integrantes do Programa de Colaboração em P&D entre o Brasil e Israel, aprovados em parcerias entre startups de ambos os países em janeiro de 2020: » Pelemix Ltd. (Israel) e Brasil Ambiental (Brasil): desenvolvimento de um substrato para aumento de rendimento agrícola no Brasil;
» Brenmiller Energy Ltd. (Israel) e Brazilian Fortlev Energia Solar Ltd.: cooperação no âmbito de energia térmica; » Metrycom Communication Ltd. (Israel) e Energisa Soluções S.A (Brasil): cooperação para implementação de sensores inteligentes, sem fio e de baixo custo para monitoramento de grandes redes de distribuição de energia rural; » GreenRoad Driving Technologies Ltd. (Israel) e Energisa Soluções S.A: cooperação no campo da análise de condução e eficiência de frota. Esses são alguns exemplos de como o acordo de Pesquisa e Desenvolvimento entre empresas e centros de pesquisa brasileiros e israelenses está fortalecendo a cooperação econômica entre ambos os países por meio de aplicações de tecnologia avançada. Em sua conclusão, o Market Guide enfatiza que Israel é um dos líderes na área de inovação, podendo servir de exemplo de cooperação tripartite (Governo, academia e empresas), exatamente o modelo de trabalho desenvolvido pela Softex, gerando oportunidades para a troca de tecnologias e pesquisa. Para acessar gratuitamente a íntegra do conteúdo do Market Guide Israel, visite https://softex.br/download/marketguide-israel/
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ACONTECE NO SETOR Empresas brasileiras estão otimistas com os novos modelos de negócios criados pelo 5G Segundo a pesquisa “Tecnologia 5G: a hiperconectividade que vai mudar o mundo”, realizada pela KPMG, as redes 5G estão na agenda estratégica dos gestores ou do conselho de administração. A maioria (71%) afirma que planeja utilizar o 5G em até cinco anos. Outra constatação foi de que 79% esperam que o 5G contribua para novos modelos de negócios. Apesar do entendimento do potencial da tecnologia, 46% dos executivos não
souberam precisar quanto investirão em oportunidades para o 5G. “Quando o 5G estiver em funcionamento, o Brasil estará junto com a elite de ao menos 60 países do mundo que já possuem internet de quinta geração. Nesses locais, o 5G já entrega inovações e contribui para previsões otimistas na economia e nos negócios”, destaca Márcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil.
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MWC Setor de TICs se reúne em Barcelona e Softex marca presença brasileira na Mobile World Congress 2022 Em 2023, o país tem participação confirmada no evento pelo 12° ano consecutivo
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Por Karen Kornilovicz
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m mais uma ação do Brasil IT+, iniciativa de cooperação desenvolvida pela Softex e pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), sete empresas de renome no mercado nacional de tecnologia em busca de oportunidades de negócios, conexões e parcerias apresentaram suas soluções entre os dias 28 de fevereiro e 3 de março no Mobile World Congress 2022 (MWC), o mais influente evento global para a indústria de conectividade. Integrararam o estande coletivo
Argotechno, AnnA Comunicações, Sikur, Stefanini, Pulsus, MC1 e Rocket. chat. O evento, que reuniu cerca de 1.500 expositores de 150 países e recebeu cerca de 61 mil visitantes, voltou a ser presencial após dois anos de restrições em razão da pandemia do COVID-19. Para Vinícius Boemeke, CEO da Pulsus que participou pela segunda vez do MWC, apesar do número menor de visitantes, as reuniões pré-agendadas pela equipe ao longo das três semanas que antecederam o evento foram extremamente positivas. “Temos trabalhado com força a nossa expansão internacional.
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Já estamos presentes em diversos países da América Latina, da Europa e da África e retornamos do MWC com um termo de intenção firmado com a Índia. Nosso objetivo não foi apenas o de crescimento comercial, mas de entendimento das principais tendências tecnológicas e de que forma elas impactarão nossos produtos e clientes”. Na companhia da delegação brasileira, que durante o evento participou de uma série de reuniões com agências internacionais de fomento e inovação e gigantes do setor de Telecom como Qualcomm, Ericson, Nokia e Huawei, o então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, visitou
o espaço. Ele foi acompanhado por Ruben Delgado, presidente da Softex, e representantes do Ministério das Comunicações, do Ministério da Educação, da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), além de deputados federais e senadores.
“O MWC projetará para o mundo a proposta de valor das soluções desenvolvidas no Brasil e que estão totalmente aderentes aos temas principais do evento. A pandemia deixou clara não apenas a importância da tecnologia em todos os setores da economia, mas também que o mundo deve aprender a se relacionar de forma diferente, combinando tecnologia em um novo contexto de negócios”, analisa Ruben Delgado.
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O vice-presidente da Softex, Diônes Lima, se encontrou com executivos do GSMA, organização responsável pelo MWC, para assinar o documento que confirma a participação do Brasil na edição 2023 do evento. “Para o próximo ano, nossa intenção é trazer 20 empresas e 30 startups para Barcelona. Esta seria a maior delegação que o país já teve nesses 11 anos de presença consecutiva no encontro. O processo de seleção e de capacitação deverá começar já a partir de julho”, informa Diônes Lima.
Impactos do 5G e da IA Segundo projeção do relatório “Economia Móvel 2022” da GSMA, entidade que congrega as empresas de telecomunicação, o número total de conexões 5G realizadas em todo o mundo deverá atingir a marca de 1 bilhão até o final deste ano e alcançar 1,8 bi em 2025, o que representa um quinto das conexões globais. Os dados foram apresentados durante o MWC. O 5G entra em operação no Brasil este ano prometendo um grande salto tecnológico por sua velocidade, gerando reflexos profundos nas mais diversas áreas, tais como condução autônoma, robótica, nuvem pública, internet das coisas (IoT), Big Data e Analytics, realidade aumentada e virtual (AR/VR) e inteligência artificial. Em um encontro com a imprensa realizado no estande do Brasil
no evento, a Softex e a Huawei comentaram as conclusões de um white paper conduzido em conjunto e que aborda os desafios que o país enfrentará a partir da entrada em operação dos serviços 5G em diversos setores, as competências nacionais, as necessárias atualizações da estrutura organizacional das empresas e as habilidades fundamentais para que o país possa surfar essa nova corrida tecnológica. Também foram relacionados os principais pontos do white paper sobre IA, abrangendo o atual cenário e as tendências de uso de inteligência artificial no futuro tanto no Brasil como no mundo; arquiteturas e tecnologiaschave para suportar a IA no país e um panorama sobre a estratégia brasileira de desenvolvimento de inteligência artificial. “Nosso objetivo foi contribuir com o país na leitura do futuro dessas tecnologias inovadoras que entendemos como fundamentais para o desenvolvimento e para transformação do Brasil em uma sociedade realmente digital e inteligente”, conclui Ruben Delgado.
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EMPREENDEDORISMO Programa DF Inovador conclui etapa de intraempreendedorismo e abre chamada para startups, empresas e órgãos governamentais 18
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Por Karen Kornilovicz
om a participação de 28 organizações e instituições públicas e privadas do Distrito Federal (DF) e da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE), o Programa DF Inovador, realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e executado pela Softex, concluiu no final do ano passado a etapa de intraempreendedorismo. Realizada com o apoio de parceiros como BRB, Sebrae-DF, Fibra, Fundação Assis Chateaubriand, CDL-DF, Sescoop, e-Goi e Alura Cursos, ela contou, entre outras, com as participações de representantes da Secretaria de Economia do DF, SESI-DF, Metrô-DF, TCB e Ceasa-DF.
“A maioria das organizações participantes entrou no programa com pouca ou nenhuma experiência em inovação e cada uma tinha um contexto diferente para aplicála. A jornada foi muito valiosa para mostrar um passo a passo metodológico para se aplicar a inovação e o intraempreendedorismo,
visando desenvolver projetos conectados às estratégias das organizações, explorando os talentos internos da melhor forma”, destaca Rafael Fernandes, coordenador do Programa DF Inovador na Softex. E, dando sequência às ações previstas dentro da jornada de inovação, foi lançado no último mês de fevereiro a Chamada de Inovação Aberta para inscrição de grupos de trabalho formados por startups, empresas e órgãos governamentais. Na dinâmica do programa, organizações compartilham seu desafio interno, enquanto startups buscam desenvolver e validar o produto que pode eventualmente resolvêlo. Os desafios devem estar ligados prioritariamente a uma das seguintes verticais de atuação: Agronegócio, Educação, Saúde, Mobilidade, Serviços Financeiros, Varejo, Indústria 4.0, Inteligência na administração pública, Impacto Social, Energia, Sustentabilidade, Turismo e Transformação Digital. Dez grupos de trabalho serão selecionados e as startups de cada grupo receberão R$ 50 mil de fomento não reembolsável cada uma para realizar a validação de seu MVP (Minimum
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Viable Product) ou Produto Mínimo Viável, na resolução de desafios do setor produtivo e da administração pública. Cada empresa ou órgão público poderá se inscrever com desafios diferentes
em até dois grupos de trabalho, e as startups em apenas um. As startups, empresas e órgãos governamentais selecionados serão conhecidos até o final do mês de abril.
Um hub de inovação no Centro-Oeste O Programa DF Inovador tem quatro eixos principais: intraempreendedorismo; inovação aberta com empresas conectadas ao ecossistema de Inovação; identificação de talentos para a economia digital e internacionalização. “O maior legado desse programa é promover a cultura da inovação na região. Queremos transportar a cultura criada no Vale do Silício para cá, mas observando as nossas demandas e o perfil de nossos empreendedores, bem como mobilizar instituições públicas e privadas
em relação à importância e aos benefícios oferecidos a toda a sociedade pela adoção da inovação aberta”, explica o coordenador de Tecnologia e Inovação da FAPDF, Gilmar dos Santos Marques. Com recursos da ordem de R$ 3,5 milhões e execução de 18 meses, a proposta do Programa DF Inovador é promover a inovação e a transformação digital de empresas e organizações da região, bem como desenvolver talentos conectados à nova economia digital.
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ACONTECE NO SETOR 6% dos brasileiros já transitam por alguma versão do metaverso A convergência dos mundos físico e digital trará muitas oportunidades para as marcas quando o assunto é marketing. Isso porque 78% dos usuários de ambientes virtuais preferem ver anúncios relacionados ao conteúdo dos sites que visitam. Essa é uma das conclusões da pesquisa sobre o impacto do metaverso, produzida pela Kantar IBOPE Media para analisar o comportamento do público que já é usuário desse tipo de experiência inicial. Hoje, 6% dos internautas no Brasil passam tempo em ambientes virtualizados, a exemplo de Second
Life e World of Warcraft (WoW). A empresa também aponta esses perfis como “early adopters”, pessoas que estão na vanguarda, consumindo produtos e serviços de tecnologia assim que são oferecidos ao mercado. Prova disso é que 90% dos usuários de ambientes virtuais gostam de descobrir novos aplicativos. Vale destacar ainda que 91% afirmam tentar acompanhar as informações e tecnologias atuais do mercado. Tanto é que possuem smartwatches (42%), dispositivos de realidade virtual (29%) e aparelhos inteligentes ativados por voz (24%). Outra diferença entre o público de ambientes de engajamento virtual e a sociedade como um todo é a maneira como usam as redes sociais. Enquanto 74% das pessoas costumam checar as mídias diariamente, o número é maior entre os usuários de protótipos de metaverso: 86%. 21
CASES Receita Digital, startup do Programa Conecta Startup Brasil, é adquirida pelo Marketplace Consulta Remédios por R$ 5 milhões Aceleração digital na saúde será fomentada a partir da oferta de uma jornada mais rápida e integrada de cuidados do paciente 22
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Receita Digital, plataforma de prescrição médica acelerada pelo programa Conecta Startup Brasil, uma ação conjunta entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Softex e o parceiro executor, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi adquirida por R$ 5 milhões pelo marketplace Consulta Remédios, o maior e-commerce de medicamentos do Brasil. O objetivo do negócio é tornar totalmente digital a jornada de cuidados do paciente, desde a
Por Karen Kornilovicz consulta via telemedicina, passando pelo receituário digital até a aquisição dos medicamentos prescritos. “A transformação digital na saúde apresenta ainda muitas barreiras analógicas e enfrenta o desafio de transitar por sistemas que não conversam entre si. Com essa aquisição, o propósito é proporcionar ao paciente consulta, diagnóstico e tratamento medicamentoso da forma mais rápida e mais integrada possível no ambiente do Consulta Remédios, garantindo assim uma experiência totalmente diferenciada, ágil e conectada, empoderando o usuário”, explica Ihvi Aidukaitis, head de Produto da Receita Digital. Para ela, o Conecta Startup Brasil teve papel preponderante no processo 23
de realizar a validação de seu MVP (Minimum Viable Product) ou Produto Mínimo Viável, uma das etapas mais críticas para qualquer startup. “Como o programa se dedicava a fomentar a inovação na raiz, acelerando startups early stage como nós à época, ele foi fundamental para acompanhamento dos objetivos a serem alcançados e para tirarmos a Receita Digital do papel, transformando-a em uma empresa de verdade”, relembra Ihvi Aidukaitis. O mercado de healthtechs é um dos mais promissores do ecossistema de inovação. Pesquisa da Sling Hub mostra que, em 2021, foram mapeadas 1.158 empresas do segmento, contra 542 no ano anterior. Essas startups movimentaram aproximadamente R$ 1,8 bilhão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os gastos no setor da saúde já representam 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. “A aquisição da Receita Digital é mais uma comprovação da importância das políticas públicas focadas no estágio de ideação de startups, um momento sensível para os empreendedores”, analisa Elisa Carlos, head de operações da Softex. Agora ainda com mais musculatura, a Consulta Remédios planeja este ano dobrar de tamanho e concluir as entregas que possam proporcionar ao usuário – em qualquer plataforma, inclusive móvel – uma jornada ainda mais conectada e integrada. O Conecta Startup Brasil é um programa de inovação aberta que já impactou mais de 34.000 pessoas em todo o país e que tem como objetivo fomentar projetos de inovação que tenham compatibilidade com o mercado e com grandes empresas. Ele se destaca frente a outras iniciativas por focar em startups em estágio inicial. Ao longo de seus 18 meses de execução, mapeou 327 desafios de mercado, conectou 36 empresas a 53 startups e gerou mais de 600 empregos diretos.
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ARTIGO O metaverso já chegou
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Ruben Delgado, presidente da Softex
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o final do ano passado, em um post pessoal sobre projeções para o futuro, Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, avaliou que em um período de até três anos realizaremos a maioria de nossas reuniões virtuais no metaverso, ambiente que mistura realidade virtual, realidade aumentada e internet. Mas, ao que tudo indica, faremos muito mais do que apenas reuniões virtuais nessa nova plataforma lúdica que promete impactar não só a forma como nos relacionamos, mas também como fazemos negócios. E rápido... No final de janeiro, a BMW apresentou o SUV elétrico BMW iX de forma virtual no Brasil através da plataforma de vídeos Twitch. Nela, usando um ambiente gamificado e realidade 3D, a montadora alemã antecipou os recursos visuais, de sustentabilidade e de inovação do SUV elétrico antes mesmo de ele chegar às lojas no ambiente presencial, o que ocorrerá apenas no segundo trimestre deste ano. Empresas como Nike e Adidas também estão apostando no metaverso. A Nike, por exemplo, adquiriu a Artifact Studios (RTFKT), startup que desenvolve itens digitais baseados em realidade aumentada, e criou a Nikeland, plataforma de interatividade dentro do universo
do jogo Roblox. O objetivo, segundo a marca, é permitir que os fãs se conectem, criem e compartilhem experiências. Já a Adidas anunciou seu "Adiverso" na plataforma The Sandbox e uma parceria com três dos maiores nomes do mercado de NFTs (token não fungível). O fato é que quanto mais os consumidores se familiarizam com o metaverso e com os itens armazenados no blockchain, maior será o número de empresas interessadas em criar seu próprio ecossistema em torno dele. Rapidamente o conceito do metaverso começa a ganhar corpo e a mostrar que qualquer empresa, inclusive as prestadoras de serviços, pode se beneficiar dele. O ensino remoto, que precisou migrar às pressas para o mundo virtual em razão da pandemia, ganhará novo fôlego com ambientes de ensino em um formato totalmente novo, muito mais interessante e lúdico. Isso vale também para a capacitação profissional. Seria o fim das restrições geográficas e das limitações do ambiente físico? Pode ser arriscado responder que sim, mas certamente o intenso dinamismo presente neste novo cenário tem energia mais do que suficiente para alterar as rotinas de relacionamentos, sejam eles comerciais ou pessoais.
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ESPECIAL Com R$ 500 milhões em recursos, Softex se firma como principal hub de inovação e de desenvolvimento econômico do setor de TICs Montante será investido no biênio 2022-2023 em iniciativas de pesquisa, desenvolvimento, capacitação e formação de novos talentos
76a Reunião do Conselho de Administração e Assembleia Geral Ordinária da Softex realizada no dia 30 de março, em Brasília
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Por Karen Kornilovicz
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ara o biênio 2022-2023, a Softex contará com recursos da ordem de R$ 500 milhões obtido a partir de relacionamento com empresas beneficiárias de leis de incentivos de PD&I por meio de incentivos fiscais. Esse montante será investido em sete diretrizes estratégicas: formação e a capacitação de recursos humanos; empreendedorismo e inovação; obtenção de recursos financeiros para o setor; produção e disseminação de informações qualificadas para apoio à tomada de decisões; auxílio à implantação das melhores práticas; apoio à criação e ao desenvolvimento de novos negócios, bem como à formulação de políticas públicas. “É um marco histórico nesses 25 anos de atividades da entidade e que nos consolida como o principal hub de desenvolvimento econômico do setor de TICs”, avalia Ruben Delgado, presidente da Softex. Ele destaca, entre outras iniciativas importantes que serão contempladas nesses investimentos, o lançamento do programa de apoio a startups especializadas em cibersegurança e o fomento ao desenvolvimento da microeletrônica, de arquiteturas cognitivas computacionais e da computação quântica. “Também teremos a oportunidade de formar cerca de 80 mil
programadores para auxiliar a suprir o apagão de profissionais e capacitar especialistas em design de chips, outra área crítica, aproveitando os recursos já aportados ao longo dos últimos dez anos na rede de ICTs de 13 regiões do interior do país para a transferência de conhecimentos e de metodologias de capacitação”, complementa Diônes Lima, vicepresidente executivo da Softex. O total de recursos e os investimentos nas diretrizes estratégicas para o período foram aprovados durante a 76ª Reunião do Conselho de Administração e Assembleia Geral Ordinária da Softex, realizada no dia 30 de março, em Brasília. Ela contou com as participações de Paulo Alvim, novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações; do ex-ministro astronauta Marcos Pontes; do deputado Marcos Pereira, presidente do Conselho; do deputado federal Vitor Lippi, vice-presidente do Conselho; Ruben Delgado, presidente da Softex; e Diônes Lima, vicepresidente executivo da Softex. Fundada há 25 anos, a Softex é responsável por criar, promover e executar iniciativas no âmbito nacional e internacional nas áreas de tecnologia e inovação; bem como fomentar o processo de transformação digital do país. Seu trabalho já beneficiou cerca de 6 mil empresas e acelerou mais de 5 mil startups.
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ARTIGO O que vai acontecer com o seu carro? Volkswagen quer se tornar a 2ª maior empresa de software da Europa
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Por Elisa Carlos, head de inovação da Softex
om as mudanças comportamentais decorrentes da pandemia, o consumidor final trouxe novas demandas. A experiência cada vez mais digital em ações corriqueiras, como fazer compras on-line, pedir comida em apps, telemedicina e trabalhar remotamente está muito distante da experiência quase analógica que o consumidor tem com o carro convencional. Porém, essa distância tem data para acabar. Da mesma forma que o smartphone revolucionou e criou toda uma nova cadeia de software ao redor do hardware telefone, esse parece ser o destino do setor automotivo. O carro tende a se tornar um dispositivo mais complexo conectado à Internet e já é hoje o gadget no qual as famílias mais investem dinheiro. Em muito pouco tempo, os carros passarão a ter outros usos, como heliponto de drones, roteadores de wi-fi e fonte de dados sobre o comportamento do usuário.
A Volkswagen publicou há alguns meses que, em poucos anos, quer se tornar a segunda maior empresa de software da Europa. Sim, você leu certo! Ela pretende investir, até
2024, US$ 68 bilhões e assim ser uma empresa software-driven mobility provider (provedor de mobilidade orientada por software), sem deixar de produzir carros. Na Tesla, o carro é inspirado em um ser vivo e seu CEO, Elon Musk, pretende transformar automóveis em seres autônomos capazes de captar os sentidos e reagir como um ser biológico o faria. Quando líderes de mercado revolucionam seus negócios principais, naturalmente criam espaços para o desenvolvimento de novos elos da cadeia produtiva e até novas cadeias produtivas inteiras. Exatamente como aconteceu com os telefones celulares. Eu estava trabalhando em um coworking enquanto escrevia uma submissão para o novo edital do Rota 2030, quando escuto o meu vizinho de mesa, fazendo um pitch em inglês sobre uma frota de vans elétricas. Ele me contou que sua startup já vendeu antes de produzir – sim! De novo você leu certo, eles já venderam antes de produzir mais de 200 vans elétricas para a Unidas. Contextualizo. O Mercado Livre uberizou o sistema de logística, logo qualquer pessoa que tenha um carro pode fazer entregas. Você já deve ter recebido seus pacotes de gente
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normal saindo de carros normais, em horários nada normais. Pois é. Em uma época em que tanta gente perdeu seus empregos, o Mercado Livre deu um passo genial. De fato, a venda de vans e congêneres aumentou 23% nos últimos meses. Justamente por conta da demanda de carros para logística. E sabe quem são os compradores de boa parte dessas vans? As locadoras! Assim como já vinha acontecendo com os ubers, as locadoras alugam vans para pessoas normais fazerem entregas do Mercado Livre. Muito rapidamente, esse modelo de negócio começou a gerar alguns problemas, como congestionamento dos carros para serem carregados nos centros de distribuição, com os motoristas chegando a esperar mais de 4 horas. Além disso, com o alto custo dos combustíveis, para os motoristas é muito importante entregar toda a carga no mesmo dia, o que significa fazer entregas até às 22 horas ou mais. As vans elétricas do meu colega de coworking atacam justamente esses problemas. O carregamento elétrico é feito à noite, logo não depende de infraestrutura rodoviária e a atual autonomia de 250 km é suficiente para rodar muito. Todo o design do interior é pensado para que o motorista não perca tempo e nem danifique as embalagens, caçando qual o próximo produto a ser entregue. Existe um sistema de engavetamento que facilita, inclusive, o carregamento físico dos produtos no centro de distribuição. A última interação que eu havia tido com o setor automotivo alguns anos atrás tinha me deixado com a impressão de que a inovação disruptiva mais recente era o Uber. Mas, nessas últimas semanas, me encantei positivamente com as potencialidades. Mesmo o Brasil não sendo um celeiro de inovação do setor automotivo no mundo, parece que temos uma oportunidade real para nos posicionarmos estrategicamente na cadeia global de valor como produtores de inteligência. 32
ACONTECE NO SETOR
Esse período alterou fundamentalmente a forma como as pessoas definem o papel do trabalho em suas vidas e agora o desafio de todas as organizações é atender às grandes novas expectativas dos funcionários. Nesse novo cenário, as ferramentas de conexão ganharão ainda mais importância. Confira três conclusões: Os líderes precisam fazer a ida ao escritório valer a pena: 38% dos funcionários híbridos dizem que seu maior desafio é saber quando e por que entrar no escritório, mas apenas 28% dos líderes criaram novos acordos de equipe para trabalho híbrido.
Fazendo o trabalho híbrido funcionar: foco de estudo da Microsoft As pessoas que migraram para o home office em 2020 não são as mesmas que estão retornando ao escritório em 2022. É o que aponta o segundo relatório anual do Índice de Tendências de Trabalho “Grandes Expectativas: Fazendo o Trabalho Híbrido Funcionar”, elaborado pela Microsoft e que ouviu 31 mil pessoas em 31 países. O levantamento também levou em conta uma análise de trilhões de sinais de produtividade captados no Microsoft 365 e tendências trabalhistas apontadas no LinkedIn.
Os funcionários têm uma nova equação do “vale a pena”: o como, onde e quando do trabalho estão mudando, assim como o porquê. Cerca de 53% das pessoas estão mais propensas a priorizar sua saúde e bem-estar sobre o trabalho. Olhando para o futuro, 52% da geração Z e dos “millenials” provavelmente considerarão um novo emprego no próximo ano. O trabalho flexível não precisa significar “sempre ativo”: após dois anos, o tempo de reunião semanal para o usuário médio do Teams aumentou 252%, e os bate-papos enviados por pessoa a cada semana aumentaram 32% – e ainda estão subindo. Enquanto a jornada de trabalho aumentou em 46 minutos, o trabalho fora do expediente e o fim de semana foram incrementados em 28% e 14%, respectivamente.
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