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mulheres Têm mais risco aos TransTornos

Estimativas apontam que as mulheres apresentam um risco duas vezes maior, comparado aos homens, para o desenvolvimento de transtornos como depressão e ansiedade ao longo da vida fértil. As alterações hormonais durante todo o ciclo reprodutivo estão entre os principais fatores de risco que contribuem para o estabelecimento de transtornos psiquiátricos. “Sabe-se que as variações do hormônio estrogênio estão diretamente relacionadas à química da serotonina e de outros neurotransmissores ligados aos transtornos de humor. Entretanto, não existe um nível hormonal que detecte que a mulher tem maior risco de desenvolver um transtorno, mas as oscilações que ocorrem acabam tornando um subgrupo mais suscetível a quadros de depressão e ansiedade, entre outros”, destaca o médico psiquiatra Joel Rennó, coordenador do Programa Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (ProMulher-IPq-USP) e da Comissão de Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria. As oscilações se acentuam no início da puberdade, no ciclo pré-menstrual, na perinatalidade (período entre o parto até cerca de um ano pós-parto), na perimenopausa e na menopausa. Fatores socioambientais também contribuem para a maior prevalência dessas doenças. Estudos mostram que a violência por parceiros íntimos afeta mais de 30% das mulheres no decorrer da vida, com valores que podem depender da região ou do país. A violência é descrita por abuso físico, moral, patrimonial (tentativa de controle usando dinheiro, bens ou documentos), psicológico e sexual (incluindo coerção reprodutiva). “Meninas com histórico de abusos na infância e adolescência também apresentam maior prevalência de desenvolver quadros de depressão e ansiedade ainda muito jovens, com risco importante de suicídio”, alerta o psiquiatra.

A depressão pós-parto se destaca entre as maiores incidências de transtornos mentais no público feminino, acometendo entre 10% e 20% das mulheres. Estudos apontam que 60% dos quadros de depressão grave pós-parto tiveram início antes ou durante a gravidez, e com o diagnóstico precoce poderiam ser evitados ou ter os sintomas atenuados. “Para isso, a questão da saúde mental deveria estar inserida nos atendimentos do pré-natal, mapeando as gestantes que apresentem fatores de risco para o desencadeamento de quadros depressivos e

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Problemas Geralmente Come Am Na Adolesc Ncia

Inúmeros achados da literatura apontam que metade dos problemas mentais começa na adolescência. Quando não são diagnosticados ou sem suporte adequado, podem levar a quadros mais graves, inclusive ao suicídio, que é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos. “Essa é uma etapa de grande influência, pois é quando ocorrem alterações significativas nas bases biológica, emocional, social, afetiva e intelectual que serão determinantes para a saúde mental ao longo da vida”, descreve o médico Joel Rennó. Entre as meninas, além dos fatores biológicos e socioambientais como risco para a saúde mental, soma-se a busca por aceitação, pelos padrões de corpo e vida perfeitos impostos nas redes sociais e por questões emocionais não resolvidas.

ansiosos como, por exemplo, histórico de transtorno disfórico pré-menstrual, um subtipo de depressão que acomete de 3% a 8% de mulheres que sofrem com a síndrome da tensão pré-menstrual (TPM)”, acentua o psiquiatra Joel Rennó. Além disso, sintomas como cansaço excessivo, insônia, tristeza profunda, desânimo com a gestação, histórico de violência, gravidez não planejada ou indesejada, gravidez na adolescência e falta de suporte/apoio do parceiro também são descritos como gatilhos para episódios de depressão.

Os distúrbios psiquiátricos que mais atingem esse grupo são depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), distúrbios alimentares como compulsão, bulimia e anorexia, e transtornos de ansie dade, que incluem fobias e estresse pós-traumático. Em decorrência de um ou mais transtornos, a prática da automutilação – denominada self cutting – tem crescido entre as adolescentes. O psiquiatra diz que o ato de fazer cortes superficiais na pele visa transferir o sofrimento psíquico para a dor corporal, entendida naquele momento como mais suportável. Baixa autoestima, rejeição, bullying, abusos sexuais e emocionais são alguns dos fatores que podem levar a esse comportamento.