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ampliação do uso de fiToTerápicos

O melão de São Caetano chegou ao Brasil por meio dos escravos que se estabeleceram em Minas Gerais, principalmente na cidade de Mariana, e foi por causa da existência de uma capelinha cujo padroeiro era São Caetano que a planta foi nomeada. Hoje, no Brasil, o fruto verde é utilizado refogado na alimentação, principalmente pelos descendentes asiáticos – que têm o costume passado por gerações. Algumas pessoas também chupam as sementes do fruto maduro, porque são doces. O uso medicinal vem crescendo entre os brasileiros devido à industrialização do produto e comercialização por meio de cápsulas. As folhas têm ganhado destaque para preparação de chás, por causa das propriedades que contribuem para a diminuição da taxa de açúcar no sangue e controle do colesterol.

A medicina alternativa, por meio da utilização das ervas medicinais, perma- nece como uma das formas mais comuns de terapia disponível às populações de todo o mundo. No Brasil, o melão de São Caetano faz parte da lista composta por 71 plantas da relação de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (Renisus), divulgada pelo Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde. Dentre algumas espécies constam a Cynara scolymus (alcachofra), Schinus terebentthifolius (aroeira da praia) e Uncaria tomentosa (unha-de-gato), usadas pela sabedoria popular e confirmadas cientificamente para distúrbios de digestão, inflamação vaginal e dores articulares, respectivamente.

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A finalidade da Renisus é orientar estudos e pesquisas que possam subsidiar a elaboração da relação de fitoterápicos disponíveis para uso da população com segurança e eficácia para o tratamento de determinada doença. Atualmente, são oferecidos fitoterápicos derivados de espinheira santa para combater gastrites e úlceras, e de guaco para tosses e gripes. “O SUS tem dado atenção e investido na fitoterapia, porque é uma forma eficiente de melhorar o tratamento e diminuir os custos com o uso de alguns medicamentos”, pontua a professora Marcia Aparecida Nuevo Gatti.

O pesquisador Marcelo Rigotti acrescenta que, em comunidades mais afastadas ou pequenas cidades que não têm um sistema de saúde disponível, as plantas medicinais podem colaborar para tratar alguns distúrbios de forma mais simples e segura. “Falta à população olhar para a natureza como uma farmácia. E nem precisamos entrar na floresta para isso, porque dentro de casa todos têm canela, alho e cebola, por exemplo, que são muito mais que temperos. O melhor seria fazer uma difusão do conhecimento sobre as propriedades medicinais das hortaliças e frutas para toda a população, mas esse é um processo de educação que deve começar na escola para que seja disseminado para melhoria da saúde”, reforça.

Riscos

Apesar dos bons resultados dos estudos, a Momordica charantia tem contraindicações importantes, especialmente porque pode causar estimulação uterina com risco de induzir aborto. A planta também tem propriedade antifertilidade, reforçando a necessidade de as gestantes não usarem plantas medicinais sem orientação médica para não oferecer risco de danos ao feto. O consumo do chá das folhas em grandes quantidades também é contraindicado, pois pode causar desmaio pela rápida redução da taxa de açúcar no sangue.