
3 minute read
EMBORCAMENTO DO REBOCADOR
1 Reboque passado pela proa do navio Vejamos um exemplo de situação comum, com um rebocador convencional passado com um cabo de reboque à proa do navio a Posição-1
Nesta área o rebocador está relativamente seguro e, independentemente da velocidade do navio ser moderada, não resulta em qualquer problema imediato, desde que permaneça dentro de um pequeno ângulo na proa b Posição-2
Advertisement
Se o rebocador estiver nesta posição, mais aberta da proa, o navio pode, em resultado de muito leme a estibordo ou velocidade excessiva, ou ambos, ultrapassar o rebocador, que poderá não ter tempo, nem capacidade de manobra, para rodar e acompanhar a rápida guinada ou aceleração do navio c. Posição-3
Esta é a pior situação possível, em que o rebocador está a ser puxado pela linha de reboque e, devido à posição do seu gato, arrastado pelo seu través Devido à natureza das forças envolvidas, o rebocador sofrerá um ângulo de adorno perigoso e, a menos que a linha de reboque se rompa, ou possa ser libertada de imediato, o rebocador ver-se-á impotente para responder e se começar a meter água pode virar-se e afundar! Assim, um rebocador convencional de cabo passado na proa de um navio com seguimento, ou sob corrente acentuada, em especial quando o navio estiver a guinar, deve tomar cuidado para se não deixar ficar muito pelo través, sob o risco de ser ultrapassado pelo navio, passando para uma posição de espringue, o que poderá resultar no seu emborcamento.
2. Reboque passado pela popa do navio Um rebocador convencional ao trabalhar à popa, talvez esteja em maior risco do que o rebocador de vante, já que as suas características de construção o obrigam, frequentemente, a colocar o cabo de reboque muito mais inclinado em direção ao seu eixo diametral
Posição-1
Desde que o navio esteja parado ou a navega em velocidade muito reduzida, um rebocador convencional pode trabalhar, de forma bastante eficiente, com tração máxima ao cabeço, em todas as direções, nesta e em qualquer outra posição à volta da popa b Posição-2:
Se a velocidade do navio aumentar, o rebocador terá de governar para um rumo que esteja mais de acordo com o do navio, não apenas para acompanhar a aceleração do mesmo, mas também para manter um controlo seguro sobre o cabo de reboque Nesta situação, se o rebocador trabalhar com o cabo de reboque perigosamente perto do seu través, pode resultar em perda substancial de tração ao cabeço e perder a posição dentro do arco útil de operação c. Posição-3
Se a velocidade do navio se tornar excessiva, ou se a popa do navio se desviar rapidamente do rebocador, este pode ser incapaz de responder com rapidez suficiente e pode não conseguir manter a posição segura referida anteriormente Em consequência, o rebocador pode ser arrastado pelo cabo de reboque para uma posição perigosa e emborcar com uma rapidez chocante. Da mesma forma, um rebocador convencional de cabo passado na popa do navio correrá o mesmo risco ao passar de um bordo para o outro de um navio com seguimento e, ou, em situação de corrente acentuada (fig 4)
Também é muito importante observar que um rebocador a trabalhar na popa de um navio, próximo a uma eclusa, se poderá encontrar numa situação semelhante, mas com menor capacidade de manobra. Caso o rebocador fique preso na eclusa, com o navio a navegar em velocidade, estará exposto a um risco muito sério de emborcamento
Deveremos levar em atenção que os rebocadores ASD (tratores reversos), devido ao espaço de convés disponível a ré e posição de gato, cabeço ou guincho de popa, em relação à posição dos propulsores, assemelha-se a um rebocador de propulsão convencional, tendo um comportamento semelhante, quando atuam com cabo passado pela sua popa. Como forma de reduzir o risco, é frequente, especialmente em portos europeus, a utilização de dispositivos que permitem alterar a posição do ponto de aplicação de tração ao longo do eixo diametral (linha proa/popa) do rebocador A opção mais conhecida é a colocação de um cabo – trapa, em terminologia portuguesa europeia, gob rope, em inglês – o mais a ré possível, na popa do rebocador O sistema, ao aproximar o ponto de aplicação da força de reboque ao ponto de propulsão, evita que a tração seja perpendicular à linha de simetria, mesmo na mudança de bordo pela popa
Outra forma, embora menos efetiva e eficiente, é fazer passar o cabo pela buzina de popa do rebocador, criando desta forma um segundo ponto de tração fixo, mais a ré. Este método torna mais difícil o governo do rebo-cador quando faz força no cabo
Concluindo, podemos afirmar que o principal risco de um rebocador a atuar numa manobra está relacionado com a estabilidade, em especial se com o cabo passado no gato É importante ter-se a noção de que o gato do rebocador, mesmo dotado de sistema de disparo de emergência, não “costuma” abrir sob tensão muito forte
Para os que alguma vez testemunharam, um rebocador sendo arrastado e virado, essa foi uma visão impressionante e assustadora Quase sempre acontece demasiado rápido, não dando tempo a ativar o equipamento de libertação rápida e não dando absolutamente tempo algum para a evacuação da tripulação, que pode ficar presa no rebocador submerso