Primeira Coletânea do Clube do Livro Lrv - Dando voz a poesia em tempos de pandemia

CLUBE DO

LIVRO LRV

Primeira Coletânea do Clube do Livro Lrv

Dando Voz a Poesia em Tempos de Pandemia

Primeira Edição da Coletânea do Clube do Livro Lrv Projeto dando voz a poesia em tempo de pandemia.

Em homenagem aos brasileiros mortos por COVID-19

Lucas do Rio Verde-MT

Ao leitor Reunimos nessa coletânea o espírito dos poetas

do

clube

do

livro

lrv

que

se

dedicaram em fazer uma homenagem a todos aqueles que se foram.

Estamos lutando através das palavras, esta seleção trouxe força e inspiração para que juntos possamos vencer esta batalha.

Com Carinho

Clube do Livro Lrv

Sumário 08 Sufragista - Iracema C. Doge

10 Trasparência - Anelise Moraes

12 O cordeiro - Suzany Murji de Sá

14 Que se virem - Darcília L. L. Vargas

16 Muda - Emily Sofia 18 Ventos - Rafael Ferreira de Paula

20 O tempo não para - Solange Oliveira Santos 22 Onde estão todos os lúcidos? Apoena Baquara

24 Comparações - Diva C. Pokorski

26 Amor além mar - Leni Chiarello Ziliotto

30 E assim nasce um livro - Anair Bongiovani 32 O mundo ta foda - Gleisse Soleane da Silva Fusari

34 Sou luz - Ingrid Mohr

36 O garoto feito de girassóis Astronauta

38 Astronauta - Astronauta 40 Amor - Astronauta 42 Sempre assim - Emanuel Abner da Silva Ataíde 44 Love seasons - Ana Luiza Ferreira Serafim 46 Higanbana - Ianny Clarinda Ferreira da Costa

8

Sufragista Iracema C. Doge - Presidente

Luto no campo do silêncio Invisível entre aqueles que nos olham Apagada por tudo aquilo que não reconhece quem sou Corrompida, marginalizada e sufocada É assim que estou, más não quem sou Percorrendo um caminho de espinhos e dor Devota ao silêncio e sem imagem Não tenho dignidade ou vontade Se quer tenho liberdade

Luto pelo campo da revolução Que agora visível sou Acesa por vontade e motivação Agora sei quem sou Tenho nome Imagem Dignidade O silêncio não me preocupa mais Pois minha imagem por si só fala alto...

Ecoa por todas aquelas que também sonham em lutar Lutar por segurança, por emancipação e pelo direito de estar De simplesmente existir.

10

Transparência Anelise Moraes - Curadora

Do fundo dos teus olhos Atravessas minha alma Do fundo da minha alma Me desnudo em teu olhar O desejo me consome Ganha pulso Me revela Tuas mãos Nos meus cabelos Acelera Minha entrega Se escuto a tua voz E o teu cheiro me persegue Eu te sinto e te procuro Pra ser “nós”

Tua boca Minha nuca Meu corpo todo A desejar Volúpia Voz e movimento Explosão química Que perpassa Esse momento E me incita a te buscar Não é medo É precaução Que faz eu me afastar Bloqueando o coração Se enxergas minha alma Eu te entrego a minha essência Desnuda em teus braços Meu nome é transparência

12

O cordeiro Suzany Murji de Sá

O oco dos teus olhos me toma completamente Encaro as paredes, finjo que não te vejo.

Estou a beira de um colapso, lágrimas, gritos e dor.

Nada bate ou se encaixa.

Nada se coloca e espuma como antes, não transbordo em palavras.

Minha boca dói ou essa dor seria da minha alma? Uma alma ferida transmite dor?

Para o seu humilde hospedeiro?

Peço em um nítido grito de socorro que não aguento mais, e mesmo assim você não vai.

Me deixe só, eu preciso e quero sorrir de novo.

Sua aberração, o que na verdade seria você? Um demônio? Um fantasma? Uma energia ruim vinda diretamente do inferno?

Talvez isso seja uma despedida ou um começo, quem irá saber se não for nada?

Um livro? Um desabafo?

Por que eu saberia?

Só me resta correr entre o Cordeiro e o Serrador.

14

Que "se virem" Darcília Lopes Lebron Vargas

Quem vai compreender João?

Ajudar Joao?

-Estão vivos? Que se virem.

-Para onde? Eles nem sabem os pontos cardeais.

Nem para que ser a palavra exclusão; Nem conhecem a constituição.

Esperam apenas a chuva, para nascer o feijão. ...e a maria? ...que foi buscar água e volta com a ródia e uma lata na cabeça, quase vazia, só com um pouco de água suja.

-Que se virem, .... não são quadrados. ... nem são alfabetizados.

-Que se virem ajudar a maria, o José e João?

Povo carimbado Proletariado, Assalariado, Assolado, Esfolado na cara E outra Que, Como notas de baixo valor.

16

Muda Emily Sofia

Sou como uma muda que nasce na parede de um quarto escuro, preenchendo de vida o lugar sombrio, penetrando como energia no solo do coração daqueles que um dia amei.

18

Ventos Rafael Ferreira de Paula

Ventos tristes a dor do poeta está vivo não basta Poeta é mulata.

20

O tempo não para Solange Oliveira Santos

Meus pensamentos não param Seja na rotina diária ou em tempos difíceis Então em qualquer tempo o mais fácil é pensar: criar, recriar, inventar e ressignificar, porque não dá para parar Movimentar e cuidar para o tempo passar Buscando estímulos em diversos pensar Um movimento diferente, com distanciamento Para o futuro em breve encontrar.

22

Onde estão todos os lúcidos?

Apoena Baquara, Dia da Terra, 22 de abril de 2021 Antes de esse mato crescer mal sabia que existia Uma forma de viver com essa tal pandemia Matou de fome um irmão, depressão virou mania A realidade dissolvendo como bicarbonato na pia Os dourados preocupados com a moeda circulante E a vida não perdoa a ignorância volante Esquecem que dinheiro é só um papel pintado Que o seu valor é um pacto social inventado Para os cheios de esperança, “aiai, tudo isso irá acabar” Sussurro: “todos tolos, já ultrapassamos o prazo para o planeta salvar!”

Chegamos naquele ponto, salve-se quem puder E os pequenos ficarão sem água para o café.

De falta de conhecimento Muitos morreram em Chernobyl A ciência está sob ataque Morrem milhares no Brasil Mulheres que não aguentam mais o convívio com o opressor E eles falam, nem todo homem foi feito cruel pelo criador Sabemos que é cultura, que é trauma ou criação Mas depois da pandemia, eles levantaram ainda mais a pesada mão Pra ficar em casa, cuidar das crias, nenhuma remunerada Não coloque shorts curtos ou te chamam de safada Não basta ser honesta, é preciso parecer domesticada Por água e grão, o futuro aguarda luta Despertar da geração, enquanto a mãe labuta Quando faltar opção, qual será sua conduta?

24

Comparações Diva C. Pokorski Foi o último dia, uma grande festa.

A noite vestiu-se de gala Com uma longa apa preta De babados cor de rosa Cobrindo todo o azul do céu Coriscos a todo instante iluminavam O horizonte, como fogos de artificio Logo se ouve um grande orneio de bolão Que alcançava a madrugada E a chuva cai, como lagrimas de uma despedida De alguém que vai, e demora pra voltar.

A noite passa, o inverno foi embora E a natureza enfeita-se para a chegada De uma nova estação As flores abrem-se ao raiar de um novo dia Suas pétalas molhadas pela chuva Brilham ao nascer do sol, como joias Ouro, diamante, esmeraldas Co as quais nosso pai maior Enfeita a natureza A primavera chegou

26

Amor além mar Leni Chiarello Ziliotto

Para poetar a minha pátria, eu deveria me juntar a José de Alencar e pedir a Deus que me faça esquecer por um momento de minhas ideias de “civilizado”. Não somente para descrever o sol se erguendo em seu mar de ouro e a lua deslizar-se no azul do céu, como também para versar o ribeirinho e sua casa desbarrancados pelo minhocão furioso, por causa do lixo jogado no rio Cuiabá.

Depois se transformou em cidade beira-mar, para sentir o afago do amado em seus cabelos, mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira, quando o vento soprar.

Minha pátria, crescida e, apesar de ainda ingênua, realista, foi acolhida por Assis, que compreendeu seus sentimentos e conflitos.

Ela e Assis mostraram a potência de cada um, as possibilidades de transpor obstáculos com naturalidade.

Viveram, juntos, cenas de império e de navios

Minha pátria, a virgem dos lábios de mel, em Alencar tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira, o sorriso mais

negreiros, conquistando espaços importantes ao lutarem, apesar da inveja da Admiração.

doce, o hálito mais perfumado e os pés mais rápidos do que os do guerreiro estranho que lhe apareceu, em hora de sol a pino, interrompendo seu repouso em um claro da floresta, à sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite.

Minha pátria tabajara gestou e deu à luz ao filho do estranho guerreiro.

Minha pátria e o bruxo-filósofo leram o livro inteirinho da vida de uma virgem, contada com humor irônico.

Para tornar tudo mais leve? Para sobreviver?

Os dois entenderam que nem sempre é necessário ser.

Em algumas (muitas) situações, basta parecer ser.

28

Minha pátria, querendo ser moderna (quiçá?), em meados dos anos 70, pelas bandas de Cuiabá, encontra Dusek e Góes, que a denunciam colhendo noites ao trocar seu mel com o Leão Pantaneiro.

Nem sei se, ao poetar, eu também acerto o vestido da mãe-pátria.

Apontada traidora, por esquecer-se de Tupã e assinar papéis, sem pudor, para caras-pálidas que bebiam champanhe.

Pátria, inocente, percebe a traição e desaparece para sempre, com os seus, na mira de uma metralhadora ou no Paraguai.

Fazia-se necessário um vazio geográfico nos papéis assinados.

Há línguas que dizem terem visto minha pátria lavando chão

Twitada, minha pátria é cobiçada e disputada, a ferro e fogo, por sua exuberante cabeleira mais negra que a asa da graúna e mais longa que seu talhe de palmeira; por seu sorriso mais doce, seu hálito mais perfumado e seus pés mais rápidos que os de seu cobiçador, que a espreita em seu repouso em um claro da floresta, à sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite.

Valha-me Deus! Que minha pátria não se apaixone novamente pelo estranho cobiçador. É da natureza dele abandoná-la em prantos de saudade. E a seus filhos também.

Esses, na roda da caridade. Que Deus vele por minha pátria,

nas terras antigas a troco de ser

para que o Twitter lhe anuncie a entrega

fotografada com casaco de pele.

de perfume e flor!

Será? Sei que gostava de espelhos e de fotografias!

Chega de dor.

Já é hora! Último ato.

30

E assim nasce um livro Anair Bongiovani Uma letra.

Uma letra outra letra.

Uma letra outra letra uma sílaba.

Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra.

Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras.

Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras uma oração.

Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras uma oração uma frase.

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Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras uma oração uma frase muitas frases uma ideia um parágrafo outro parágrafo um personagem muitos personagens uma história.

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Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras uma oração uma frase muitas frases uma ideia um parágrafo outro parágrafo um personagem muitos personagens uma história muitas histórias.

Uma letra outra letra uma sílaba uma palavra muitas palavras uma oração uma frase muitas frases uma ideia um parágrafo outro parágrafo um personagem muitos personagens uma história muitas histórias nasceu um livro.

32

O mundo ta foda Gleisse Soleane da Silva Fusari

o mundo ta foda um mundo onde as pessoas te julgam por quem você é, um mundo onde as pessoas te julgam por ser lgbt, preto com cabelos cacheados, estamos pedindo respeito, isso é demais para você, estávamos pedindo para tirar as pessoas do poder

34

Sou Luz Ingrid Mohr

Desconheço risos contidos Vida discreta Sonhos impossíveis Embalo diariamente Uma sede de viver Luzindo radiante Soprando flamejante Amores Sentires E quereres Fluindo Apreciando Desfrutando Os instantes

36

O garoto feito de girassóis Astronauta Eu conheci um garoto que era feito de girassóis, tudo nele era coberto por girassóis, até seu coração.

Todas as noites ele me visitava em meus sonhos, É sempre dizia a mesma coisa “Viva, viva como os girassóis.”

Ele me prometeu algo, algo bom.

Ele prometeu que iria trazer minha felicidade novamente, é que irá libertá-la das ervas daninhas, que estão aprisionando-a.

Ele prometeu também que um dia irá me ver é me contar um segredo.

O garoto feito de girassóis parou de me visitar, todas as manhãs eu encontrava girassóis em minha janela, dessa vez foi diferente.

Ele só não deixou um girassol, mas também deixou um bilhete dizendo “Não se preocupe comigo, estarei bem.

Estou cuidando de você, eu irei libertar sua felicidade, é eu prometo que cuidarei de você, minha pequena astronauta.”

Eu espero que o garoto feito de girassóis esteja bem, pois eu sinto sua falta, é desde esse dia eu o espero ansiosamente, espero que ele possa libertar minha felicidade.

E eu juro que quando ele retornar de sua batalha contarei tudo.

38

Astronauta Astronauta

O astronauta ainda está ali no seu profundo esquecimento, ele sente tanta falta do seu grande amor que está há milhas de distância dele.

O astronauta se sente exausto, triste e sozinho.

Sem sua amada, sem sua esperança e sem a sua lua.

O astronauta sente tanto que seu peito chega á doer, astronauta ainda se sente azul?

Astronauta, você ainda se sente azul?

Azul, Astronauta, Azul, Astronauta.

Astronauta Azul?

Azul Astronauta?

Você ainda se sente?

40

Amor Astronauta

Posso amar qualquer pessoa, qualquer garota.

Principalmente uma garota, de qualquer sabor.

O meu doce coração azul será todo da garota que amar o meu azul, é ele será todo dela.

Quero amar alguém, quero amar uma garota.

Quero viver para simplesmente amar uma garota.

Não posso viver sem um amor, pois sou simplesmente apaixonável.

Irei amar cada curvinha, cada sinal, cada poesia que existir dentro dela.

Quero ser poesia, quero ser azul, quero ser a lua para ela. Quero ser somente dela.

42

Simples assim Emanuel Abner da Silva Ataíde

"Então somos ceifados por uma potência destrutiva que não vem da maldade do homem, e sim do humor da natureza e que atinge a todos: crianças, velhos, ricos, pobres, pessoas de qualquer lugar, de qualquer idade, numa loteria democrática, mas sempre injusta."

"O céu límpido retorna ao local do crime com a maior cara de pau."

"A morte é definitiva demais para meu gosto."

"Ninguém deveria morrer de mau tempo, mais a natureza não negocia."

44

Love seasons Ana Luiza Ferreira Serafim

as pessoas mudam como estações e isso é inevitável não podemos mudar nosso passado mas podemos criar o futuro eu estraguei nosso futuro e me arrependo amargamente por isso éramos tudo e hoje somos nada nessa noite de outono eu queria poder segurar sua mao e dizer que tudo ficará bem mas realmente vai ficar? eu queria poder abraçá-lo e dizer que ele nao está sozinho mas realmente nao está? o inverno chegará e não estaremos juntos novamente ele me contou suas angústias e eu não pude fazer nada eu queria ter ajudado eu acabei deixando ele partir e agora me sinto só (me sinto só)

eu queria que ele soubesse que eu o amo mas nao soube demonstrar eu queria que ele soubesse que eu o queria mas nao soube dizer eu queria que ele soubesse mas agora é tarde nós dizemos um para o outro que nos amávamos o que aconteceu com esse amor? no inverno nos aqueciamos mas agora passamos frio o outono chegou mais uma vez e ele nao está aqui comigo nós éramos a segurança um do outro mas agora corremos perigo costumávamos ver juntos as flores coloridas da primavera mas agora elas parecem incolor e frias

46

Higanbana Ianny Clarinda Ferreira da Costa Você não se foi, Você ainda está aqui, Eu não te vejo, Você virou sombra, Foi embora em um sopro, Meu herói, não se preocupe, Seu sacrifício por nós não foi em vão, Essa foi a despedida que não conseguimos dar, "Um por todos,ao infinito", Você nunca quebrou essa promessa, Só os melhores momentos ficaram, Cada palavra,cada riso, As sombras te levaram, para longe, Longe de mim Longe de nós, A linha que ligava nós se partiu, Você se foi, Você não está mais aqui

uma homenagem a joui jouki

VENCEDORES DO CONCURSO AMADORES:

ACESSE

1º LUGAR Suzany Murji de Sá

PÁGINA Clube do Livro Lrv

INSTAGRAM

2º LUGAR Diva C. Pokorski

3º LUGAR Ingrid Mohr

@clubedolivrolrv ESCRITORES:

1º LUGAR Apoena Baquara

2º LUGAR Solange Oliveira Santos

3º LUGAR Darcília L. L. Vargas

EM PARCERIA COM:

CLUBE DO

LIVRO LRV

Primeira Coletânea Em cada canto deste mundo tem uma semente de poeta que vai germinar.

Dando voz a poesia em tempos de pandemia é um projeto dedicado à todos os poetas independentes, que resistem bravamente pelo amor à palara.