Brasileiros Mundo Afora - Volta ao Mundo

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Românticos, desertores e camaleões Texto: André Averbug | Foto: Juliane Pereira da Costa

Tendo morado cerca de um terço de minha vida no exterior, um dos debates que mais presenciei é o de expatriados que comparam o Brasil com os países (mais desenvolvidos) onde residem. Tom Jobim é autor da frase mais genial sobre o assunto: "Morar no exterior é bom mas é uma merda; morar no Brasil é uma merda mas é bom". Trata-se de um brilhante resumo, mas a realidade é que a intensidade da "merda" e do "bom" depende muito da postura de cada um. Pelo que tenho observado, existem três tipos extremos de expatriados: o romântico, o desertor, e o camaleão. Vamos a eles.

O romântico Para o romântico, visto de longe, o Brasil é o paraíso – a terra sagrada que "teve" que abandonar para fazer um curso, aceitar um trabalho, ou acompanhar a família. Os anos fora do país são um tormento. De que serve viver no primeiro mundo se não se pode comer feijão preto todo dia, passar na casa da tia Maria aos domingos, ou ir à roda de samba da praça não-sei-de-quê. Nada é mais importante que o "calor humano" do brasileiro, e a civilidade dos gringos não tem valor, afinal eles no fundo são frios e distantes além, claro, de não possuírem nosso fantástico "jogo de cintura". O romântico não perde uma festa no restaurante brasileiro local, apesar de "não ser tão legal quanto as festas do Brasil". Tende a esquecer os problemas e transtornos que enfrentava em nosso país, assim como ignorar os aspectos positivos do país onde reside. O amor ou obsessão pelo Brasil torna-se cegueira, que o impede de aproveitar o lugar onde mora.

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