Brasileiros em Malta - Dezembro 2014

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DEZEMBRO/2014

A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS

QUATRO CANTOS DO MUNDO

Malta e o mar: paixões da empresária brasileira Lilian Rossoni

Profissão expatriadas

www.brasileiros-mundo-afora.com

Fotógrafas e cake designers brasileiras apresentam seus trabalhos mundo afora

Vamos falar português! Entrevista com as autoras livro Vamos Falar Português!

Blog Viajoteca escrito por quatro pessoas que nunca se viram pessoalmente Brasileiros Mundo Afora | 1


REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS

QUATRO CANTOS DO MUNDO

Edição

especial

Dezembro 2014

O Natal em Basel na Suíça Decorações de Natal fáceis de fazer! Cozinhando com pimpolhos no Natal

Natal

mundo afora

Famílias brasileiras falam sobre o mês de dezembro em outros países Brasileiros Mundo Afora | 2 Brasileiros Mundo Afora | 1


brasileiros-mundo-afora.com Brasileiros Mundo Afora | 3


A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS

QUATRO CANTOS DO MUNDO

REPORTAGENS EM DESTAQUE

40 Viajoteca 10 Arte

Blog escrito a oito mãos

A artista Jo Hein fala sobre a sua trajetória na Alemanha

44 Fotógrafas Três brasileiras falam sobre a profissão que as conquistou

94 Casamento Amor Multicultural

68 Cake designer Brasileiras falam sobre essa doce profissão

104 Literatura Entrevista com as autoras do livro Vamos falar Português! Brasileiros Mundo Afora | 4


14 Brasileiros em Malta Lilian Rossoni em entrevista. Foto de Dani Cassar

Entrevistas, dicas e fotos de quem mora no país

EXPEDIENTE Diretora de Arte e Redação Claudia Bömmels Diretora de Publicidade Marisa Pedro Pfeiffer Editora de Conteúdo Claudia Bömmels Revisão Maria da Graça Ferreira Leal Colunistas Lila Rosana, Erica Palmeira

Lilian Rossoni foi fotografada por Dani Cassar.

Colaboradores desta edição Cristina Francisco, Jo Hein, Gabrielle Cerqueira, Danielle Cassar, Lilian Rossoni, Família de Piro, Gabriel Barcellos, Guilherme Criscuolo, Ne Queiroz, Carina Dittrich, Oscar Risch, Mirella Matthiesen, Martinha Andersen, Stela Alves, Isabela Campos, Ana Schuller, Tati Borges-Schindler, Michelle Serafim, Nithah Stöcklin, Mariana Andrade Schleuss, Roberta Spadini, Raquel Magalhães Carvalho, Liliane Schelenz, Cristina Souza da Rosa, Anna Claudia Ramos, Susanna Florissi, Daniela Correa, Sandra Kautto, Luciana Tub, Carolina Szabadkai, Marisa Pedro Pfeiffer Contato brasileirosmundoafora@gmx.net Contato comercial Marisa Pedro Pfeiffer comercial@brasileiros-mundo-afora.com

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Estamos comemorando

2 anos de Brasileiros Mundo Afora Obrigada por nos acompanhar!

Berlim, Alemanha

Foto: Dani Cassar Brasileiros Mundo Afora | 6


Aqui estre nós…

Sonhando com Malta Lembro-me bem do dia em que resolvi fazer uma revista, falando sobre brasileiros que vivem nos quatro cantos do mundo. Foi há dois anos, um dia tedioso de chuva. Eu estava passando pela minha maior crise existencial, muito doente da coluna, sem objetivo profissional, sem sonhos. Assim, comprei um programa, me sentei em frente do computador e comecei a estudar. Não tinha grandes ambições, somente queria aprender algo novo. A primeira capa da revista foi uma amiga da minha prima, Mariana Andrade Schleuss. E nós não poderíamos ter escolhido capa melhor, a revista fez sucesso logo na primeira edição. A revista que hoje eu quero apresentar a você é um reencontro de várias pessoas que participaram da primeira empreitada e que, ao longo desses dois anos, sempre colaboraram com a Brasileiros Mundo Afora. Uma delas é Danielle Cassar. Danielle é uma fotógrafa brasileira que mora em Malta e nós nunca nos vimos pessoalmente. Mas, de alguma forma, sempre estivemos conectadas nesses últimos dois anos e hoje tenho orgulho de apresentar o seu trabalho fantástico, na foto da capa e em muitas outras de Malta, um destino com o qual eu hoje sonho, também por “culpa” dela. Ela e a empresária da capa, Lilian Rossoni, são amigas, brasileiras e moram em Malta. Lembro-me quando vi a Lilian pela primeira vez, no programa “O mundo segundo os brasileiros”. Achei-a linda, mas eu gostei mesmo do seu jeito de falar, de se mover. Ali nasceu a ideia de fazer uma edição com ela na capa e falando sobre Malta. Assim demos o pontapé inicial deste projeto ambicioso. Foram meses que passamos discutindo as três, quais fotos iríamos usar e quais textos gostaríamos de publicar. Ainda hoje, surpreendo-me com as possibilidades que as novas tecnologias nos dão. Trabalhar com pessoas que eu nunca vi pessoalmente é uma das experiências mais incríveis que tenho tido. E é sobre isso que falamos na matéria que traz o blog Viajoteca, escrito por quatro pessoas que moram em países distintos e que nunca se viram pessoalmente. Novos tempos! Um assunto que muito me interessa é a questão profissional dos brasileiros no exterior. Muitas vezes é preciso reinventar-se para sobreviver longe de casa. Uma façanha que muitas brasileiras conseguiram, dedicando-se à fotografia ou à arte da confeitaria de bolos. Apresento alguns exemplos de pessoas cujos trabalhos eu muito admiro. Nesse meio tempo, a lista com quem gosto muito de trabalhar é longa. São muitas as pessoas que colaboram de forma fantástica para que cada edição seja única. Outras me acompanham diariamente, trazendo novas ideias, críticas construtivas, ensinando-me. Mas a primeira revista a gente nunca esquece, e eu sou muito agradecida a todos os que compartilharam seus textos, fotos e sentimentos naquela edição. Isso me ajudou e muito a resgatar a minha capacidade de sonhar novamente. Para mim, sonhar é essencial para eueme sentir feliz. Diretora de arte redação E por isso desejo que você entre em 2015 cheio de sonhos e que muitos deles se realizem. Não deixe de me escrever contando. Um abraço grande para você, onde quer que esteja.

Claudia Bömmels Brasileiros Mundo Afora | 7


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Ponto de vista

Texto e fotos: Marisa Pedro Pfeiffer

Ser mãe brasileira no exterior é muitas vezes um desafio. Depois que a minha filha Yasmin começou a frequentar o jardim de infância aqui na Suíça alemã, onde moro com a minha família, o desafio tem sido maior. Existem diferenças culturais com as quais não consigo me habituar. O jardim de infância é obrigatório a partir dos quatro anos de idade, público e gratuito. As aulas são pela manhã entre 8h e 11h40 e de segunda a sexta, existindo a opção de deixar um dia livre para a criança ficar em casa. Minha filha está adorando essa nova fase e gostaria de ir para a aula até mesmo no final de semana. Eu é que estou tendo uma certa dificuldade em colocar em prática alguns costumes suíços. Por exemplo, deixar que a criança vá sozinha para o jardim de infância. Aqui muitas coisas funcionam sem complicações. Antes do início do ano, os pais recebem pelo correio o formulário de matrícula, algumas informações e uma data na qual eles podem ir conhecer os professores pessoalmente. Simples e eficiente. A única coisa que realmente me deixou preocupada foi justamente o fato de que a criança deve ir sozinha de casa para o jardim de infância e deve fazer o percurso de volta igualmente sem acompanhante. A primeira coisa que eu pensei foi: “Mas minha filha tem somente quatro anos!” Não me considero uma mãe superprotetora, já os suíços dizem que eu sou. Será? Da minha casa até a escolinha, são dez minutos a pé e é preciso atravessar ruas quatro vezes. A rua onde fica o jardim de infância, embora seja sem saída e nela só seja permitido o movimento de carros dos moradores, não tem calçada. Além do mais, o mundo está cheio de pessoas mal intencionadas. Nos escuros invernos daqui, as crianças saem de casa quando ainda nem amanheceu direito. É aí que eu vejo uma das grandes diferenças culturais entre o Brasil e a Suíça em relação à criação dos filhos. Os suíços educam seus filhos para que se tornem independentes muito mais cedo do que nós, brasileiros. Não é fácil, para mim, aceitar que minha filha de quatro anos vá sozinha no escuro para a aula. Sofri muito antes das aulas começarem. Pensando em todos esses argumentos, resolvi comunicar à professora que a Yasmin não iria sozinha. Ela conversou comigo e foi muito compreensiva, simpática e me tranquilizou dizendo que, no primeiro mês, não haveria problema algum em acompanhar minha filha. Na verdade, ela não entendeu que eu estava me referindo aos próximos dez anos! Mesmo assim, saí de lá mais confiante de que é a mãe que decide quando a criança deve ir sozinha, e não o sistema. Mas veja só a minha surpresa: agora a Yasmin começou a dizer que não quer mais que eu a acompanhe e que já conhece o caminho. Três meses se passaram desde a conversa com a professora, e eu continuo acompanhando a minha menina até o jardim de infância. Ainda vejo uma meia dúzia de mães que levam e buscam seus filhos diariamente. É bom saber que não estou sozinha nesse conflito. Se um dia você vier aqui à Suíça e vir alguma mãe levar o filho até a porta da escola e ainda esperar até ele entrar, não tenha dúvida: ou sou eu, ou é outra estrangeira. Marisa Cristina Pedro Pfeiffer é natural de São Paulo, tem 45 anos e mora com a família na Suíça desde 2008. Marisa é webdesigner, fotógrafa e Diretora de Publicidade da Brasileiros Mundo Afora. Brasileiros Mundo Afora | 9


O destaque da exposição de Jo Hein chama-se Sorte.

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Perfil

Eu vejo uma coisa, que você não vê, e isso é... Texto: Cristina Francisco

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Fotos: Gabrielle Cerqueira

A

baiana Joelnize Silva Hein, mais conhecida com Jo Hein, é uma empresária brasileira que vive em Hamburgo, na Alemanha, desde 1990. Aos nove anos de idade, ela começou a pintar, mas sempre teve pouco tempo para dedicar-se à arte. Há três anos diminuiu o ritmo de trabalho, entregou-se à pintura e, em outubro deste ano, ela expôs suas obras pela primeira vez em Hamburgo. A realização de um sonho. A exposição dos quadros de Jo Hein leva o título Ich sehe was du nicht siehst und das ist..., que, em uma tradução literal, significa: “Eu vejo uma coisa, que você não vê, e isso é…”. O título foi inspirado na reação de amigos às suas obras. Ao verem seus quadros, as pessoas comentavam imediatamente o que estavam vendo, sentindo e como interpretavam as imagens. Muitos comentários surpreenderam a própria artista, que jamais explica o que um quadro significa. “Posso falar do que eu senti quando estava pintando um quadro, mas o significado será dado por quem o vê”, diz a pintora autodidata. Suas obras são verdadeiras oportunidades de diálogo. A artista trabalha com técnicas variadas: pintura abstrata, retratos, paisagens, composições gráficas e escultura. O destaque da exposição chama-se “Sorte”, um quadro do qual emana luz em tons de azul e verde, diante do qual muitas pessoas sentem-se felizes. Com água, tinta e sem o uso de pincel, Jo Hein cria movimentos até encontrar a combinação perfeita para seus quadros. “São várias etapas e várias camadas”, esclarece. O grande desafio do seu trabalho é descobrir uma forma de criar efeitos de luz e cor que expressem a intensidade de um momento. Os retratos, que a artista pinta desde criança, também chamam a atenção, principalmente por mostrarem a beleza que Jo vê nas pessoas que a cercam. São três figuras femininas: uma índia e duas amigas, Adrianinha e Ylze. “A minha amiga estava em uma fase muito feliz na sua vida e eu senti uma enorme vontade de documentar esse momento através da pintura”, diz a artista a respeito da obra “A-Dri-Aninha”. Fases difíceis na vida da artista são retratadas de forma muito delicada.“É Natal” é o nome da obra autobiográfica de Jo Hein que mostra uma jovem de 14 anos com um pombo de asas abertas diante da paisagem urbana de Cruz das Almas, na Bahia, cidade onde nasceu.“Eu pintei essa cena para tirá-la do meu coração. Era meia-noite e começou a missa do Natal. Estávamos todos tristes. Minha mãe e minha irmã de nove anos choravam, e eu corri para a rua para não desabar no choro também. Mas chorei! E perguntei a Deus, olhando para o céu, porque não tínhamos nada para a ceia, nem presentes, porque éramos tão pobres. Me assustei quando esse pombo pousou no meu ombro e voou novamente. Achei que tudo em nossas vidas iria mudar. E mudou!” Beleza, um tema constante em sua vida de promotora de eventos e de realizadora do concurso “Miss Copa Brasil”, está presente em outras duas obras. Já “Po D Rosa”, a única escultura da exposição, é uma análise crítica da beleza. “É uma figura grotesca, que reflete os nossos preconceitos, nosso julgamento com base nas aparências e nossa rejeição ao desconhecido. O invólucro que valorizamos nos impede muitas vezes de descobrir e de dar valor à beleza verdadeira de cada um”, diz a artista, criticando os padrões de beleza vigentes. Brasileiros Mundo Afora | 11


Quadro Reluz

“Cada quadro tem sua história. Alguns foram presenteados a pessoas especiais, outros pertencem a uma esfera mais intima” A artista começa a preparar outras exposições em Hamburgo. A próxima será na galeria www.3x23.de de 11.4.2015 até 8.6.2015. Desejamos muito sucesso a Joelnize Silva Hein na realização dos seus sonhos. Brasileiros Mundo Afora | 12


Perfil

Quadro „Vision“ e escultura Po D Rosa

Sobre a artista Joelnize Silva Hein nasceu há 55 anos em Cruz das Almas, na Bahia. Quando tinha 21 anos, mudou-se para Salvador, onde estudou Secretariado Executivo e trabalhou no Ministério da Agricultura. Depois de uma passagem de dois anos por São Paulo, chegou em 1990 a Hamburgo, na Alemanha. Ela começou sua vida no exterior como modelo. Também trabalhou, como muitas expatriadas, como baby-sitter, fazendo caipirinha em festas de rua, vestida de “brasileira” em eventos culturais. Em 1992, casou-se com o jornalista Martin Hein, um apaixonado pelo Nordeste. Dessa união, nasceu seu filho Marcel Arturo, hoje com 19 anos e cursando a Faculdade de História. Em 2003, ela fundou, juntamente com o marido e dois outros sócios, a agência Tropical Hamburg EventGmbH, especializada na promoção de eventos. Atualmente comanda um time de 68 brasileiras, que participam de diferentes eventos e feiras na Alemanha. Há alguns anos surgiu a ideia do evento “Miss Copa Brasil”, realizado pela primeira vez em 2010. Trata-se de um concurso de miss diferente, que considera que beleza não depende de idade, altura ou peso. O objetivo do concurso é destacar a autenticidade da mulher brasileira e sua integração na Alema-nha. A edição de 2014 incluiu a entrega do “Prêmio Integração Brasil-Alemanha”, destacando quatro brasileiros, de diferentes áreas de atuação,que contribuíram para o bom relacionamento entre os dois países.

Tropical Hamburg Event GmbH www.thegmbh.com

Quadro A-Dri-Aninha

Sobre a autora Cristina Francisco mora há mais de 20 anos fora do Brasil. Formada em Biologia, atualmente ela não exerce a profissão na Alemanha, país onde vive. Ela é especializada nos cuidados de crianças pequenas, fotógrafa nas horas vagas e escreve para a Brasileiros Mundo Afora sobre projetos culturais que acontecem no país.

Miss Copa Brasil Brasileira promove Miss Copa Brasil por Rafaela Carrijo

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Foto: Dani Cassar Brasileiros Mundo Afora | 14


Malta Brasileiros em

Lilian Rossoni, Danielle Cassar e Gabriel Barcellos

escolheram Malta para viver. Os três brasileiros mostram, através de fotografias e entrevistas, por que é impossível não se apaixonar pelo país.

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Lilian

Rossoni A empresária Lilian Rossoni foi fotografada por Danielle Cassar. Ambas são brasileiras, amigas e moram em Malta. Lilian fala, com exclusividade, sobre sua vida no país. Entrevista: Claudia Bömmels

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Fotos: Danielle Cassar

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Brasileiros em Malta

Quando eu saí do Brasil, meu objetivo era fazer um mestrado em Direito Internacional em Portugal. Mas, antes de me mudar para Lisboa, fui estudar inglês em Malta e,desde a minha chegada à ilha, todos os meus planos mudaram. Eu me apaixonei pelo lugar e encontrei uma das pessoas mais especiais da minha vida, meu marido! Quando eu decidi que Malta seria o lugar em que eu gostaria viver para o resto da minha vida, minha maior preocupação era como eu iria trabalhar na minha profissão como advogada. A primeira ideia era atuar como assessora jurídica para empresas que tivessem ou gostariam de ter relações comerciais com o Brasil. Cheguei a fazer um estágio em um dos mais renomados escritórios de advocacia em Malta, mas foi nesse período que eu percebi que a advocacia já não cabia mais na minha vida. Amo o Direito, mas a advocacia exige muito tempo, além da responsabilidade com os bens e a vida de outras pessoas. No Brasil, eu era coordenadora jurídica empresarial, e minha equipe trabalhava com cerca de 500 processos. Muitas vezes meu expediente era de 10, 12 horas por dia e invariavelmente voltava para casa com documentos para ler, corrigir; nem mesmo os finais de semana eram diferentes. Vivia para trabalhar e eu queria trabalhar para viver. Já em Malta, nas minhas horas vagas, respondia em blogs de viagem às perguntas dos leitores sobre o país, de uma forma mais pessoal e com conhecimento de quem mora no lugar. Quando perguntavam sobre intercâmbio, colocava as pessoas em contato diretamente com as escolas de inglês daqui, a fim de contratarem o curso sem pagar nada além do valor dele. Na época, meu namorado, hoje meu marido, trabalhava no ramo imobiliário, também acomodando alunos em residências estudantis. Foi ele que sugeriu que trabalhássemos juntos, e essa foi a minha chance de juntar o útil ao agradável. Assim, no início de 2011, nasceu a LIFE IN MALTA Limited, sediada em Malta, certificada e licenciada pelo Ministério do Turismo de Malta (Malta TourismAuthority), com o objetivo de oferecer um serviço completo aos estudantes, pelo menor preço possível. Os estudantes passaram a ter acesso a pacotes de intercâmbio com curso, seguro, acomodaçãoe traslado com um custo menor do que eles teriam se contratassem os serviços diretamente nas escolas em Malta. Nós negociamos descontos para os estudantes e não cobramos nenhuma taxa de intermediação por isso. Hoje a LIFE IN MALTA é o maior portal online de busca das melhores opções de custo/benefício para estudar inglês na ilha, com todas as escolas de língua inglesa cadastradas e à disposição dos estudantes para comparação de preços e serviços, com assistência em português, inglês, espanhol e italiano. Mas não foi simples mudar de ramo. Para atuar na área de turismo de forma competente, eu tive que estudar muito por conta própria. Não somente por causa da agência, mas para conhecer melhor Malta, com seus 316km2 de área e 7 mil anos de história. Eu lembro que, em 2010, antes de abrirmos a agência, as pessoas pouco sabiam sobre Malta. As informações que eu encontrava na internet em português eram superficiais, algumas vezes até erradas, ou simplesmente opiniões de interesse totalmente pessoal do autor. Então, estudar e conhecer de verdade Malta foi essencial para o crescimento do nosso negócio. Isso faz muita diferença e passa credibilidade para os nossos clientes.

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Diferenças culturais entre Malta e o Brasil A extensão territorial, a população e o fato de Malta ser um país bilíngue são algumas diferenças básicas entre os dois países. Enquanto no Brasil quase 200 milhões de pessoas falam a mesma língua, em Malta não passam de 450 mil habitantes que iniciam uma conversa em inglês, passam sem perceber para o maltês e, invariavelmente, finalizam o assunto com expressões regionais. Ainda hoje me admira o fato de que, em algumas cidades maltesas, muito menores que certos bairros no Brasil, sejam utilizadas expressões e palavras próprias, quase como um dialeto. A língua maltesa é o único idioma semítico que usa alfabeto latino. Mas é a riqueza cultural o que mais me impressiona em Malta. A história do nosso Brasil é relativamente nova comparada com os 7 mil anos de existência de Malta. Ao longo desse período, várias potências governaram a ilha, dos fenícios aos britânicos. Isso resultou em uma grande herança cultural. No dia a dia, a segurança é o maior diferencial: poder estacionar o carro em qualquer rua, caminhar em lugares movimentados e não ter medo de ser roubada, andar nas ruas à noite ou dirigir com a janela do carro aberta. Cuidado, claro, é sempre preciso ter, principalmente nas baladas ou em lugares onde circulam muitos turistas, mas de modo geral há um abismo de diferença entre a segurança e a tranquilidade em Malta e a realidade do Brasil. Flexibilidade no trabalho Minha rotina de trabalho é muito flexível, e isso é maravilhoso. Geralmente eu fico online o dia todo, mas procuro estabelecer limites para não trabalhar o tempo todo. No período da manhã, enquanto as pessoas ainda estão dormindo no Brasil, eu coloco em dia a minha correspondência sem interrupção. A parte da tarde, dedico aos trabalhos externos, visito escolas, me reúno com os diretores para negociar promoções especiais, atendo aqueles que já estão em Malta e tranquilamente consigo tempo para resolver assuntos pessoais. À noite geralmente escrevo, me informo sobre o que está acontecendo em Malta, procuro ficar bem antenada e estar presente na maior parte dos eventos da ilha. Assim consigo manter a página da LIFE IN MALTA no Facebook bem atualizada e interessante para os leitores. Eu trabalho muito, mas é diferente, falar e escrever sobre Malta é quase um passatempo para mim.

Viver e trabalhar juntos Eu e Dal Amorim somos casados, sócios e trabalhamos juntos. Expatriados não têm a família perto, os pais, os irmãos, tios e primos estão a milhares de quilômetros de distância; então, a nossa vida é bastante centrada no companheiro e nos filhos, para quem os tem. A maior dificuldade em trabalharmos juntos é que, invariavelmente, a vida pessoal se mistura com a profissional. Mas com o tempo nós fomos entendendo o espaço e a função de cada um na agência e aprendendo a respeitar as nossas diferenças e qualidades. Foi fundamental para o nosso casamento aprendermos a dividir as tarefas e cada um trabalhar em áreas diferentes. Recomeçar no exterior Em um novo país, o cidadão comum que chega sozinho não tem referências. Ninguém conhece a sua origem, seu sobrenome não tem peso, tampouco seu diploma na melhor faculdade do Brasil faz algum sentido.É preciso ter muita autoconfiança, saber que suas qualidades pessoais são competitivas e aproveitar cada oportunidade para mostrar isso. As empresas estão sempre de olho em bons funcionários, sejam eles locais ou não. Brasileiros Mundo Afora | 20


É importante entender o quanto antes que o recomeço é também profissional. Será necessário percorrer um novo caminho por conta própria, sem medo de mudar, de se reinventar. Mudar-se para um novo país sem um plano pode dar certo, mas esse é um caminho muito mais longo e duro. Se você não tem cidadania europeia, por exemplo, informe-se muito bem sobre a permissão para trabalhar no país que você escolheu para morar. Eu mesma precisei voltar para o Brasil, terminar de organizar toda minha documentação para reconhecer minha cidadania italiana. Depois tive que morar quatro meses na Itália para fazer o procedimento e só então, como cidadã da Comunidade Europeia, tive maior facilidade para abrir a minha empresa e ser residente permanente em Malta. Foi um árduo caminho cheio de obstáculos. Sem dúvida tudo teria sido mais tranquilo se eu já tivesse a cidadania em mãos desde o princípio. Hoje eu me sinto muito feliz e realizada em ter tido a coragem de percorrer um novo caminho. Deixar uma carreira como advogada para trás não foi uma escolha fácil, mas hoje sei que aproveito muito dessa bagagem na nova etapa da minha vida. Tenho muito orgulho de ter me reinventado profissionalmente, de ter criado a LIFE IN MALTA, uma empresa que a cada dia ganha maior espaço no mercado e possibilita a tantas pessoas alcançarem o sonho de estudar no exterior e ter uma experiência de vida única. Adoro viver em Malta, um país seguro, rodeado de beleza natural, onde faz 300 dias de sol por ano. Sobretudo tenho orgulho de ter conquistado o que eu mais queria: trabalhar para viver e não mais viver para trabalhar!

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The Library - a biblioteca Brasileiros Mundo Afora | 22


Casa Rocca Piccola Texto: Lilian Rossoni

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Fotos: James Bianchi e Dani Cassar

A Casa Rocca Piccola, em Valeta, é um dos últimos palácios tradicionais da capital de Malta. O valor da Casa Rocca Piccola reside na sua capacidade de fornecer evidência histórica única sobre os costumes e tradições da nobreza maltesa ao longo dos últimos 400 anos. São mais de 50 salas, a maioria aberta à visitação, refúgios subterrâneos e uma coleção de mobiliário, prataria e pinturas muito bem conservados. Ela está aberta ao público todos os dias da semana e oferece visitas guiadas em inglês, de segunda a sábado, exceto nos feriados. Com um pouco de sorte, o guia pode ser até mesmo o próprio Marquês Nicholas de Piro. Ele foi o primeiro membro da aristrocracia maltesa, que abriu as portas da Casa Rocca Piccola para o público. Sua esposa Frances é quem administra as visitações e eventos no local. Seu filho Clement de Piro é responsável pelo marketing e mídias socias. Eu visitei a Casa Rocca Piccola juntamente com a fotógrafa Danielle Cassar e fomos muito bem recebidas, pelo próprio Marques Nicholas de Piro. Vale a visita!

Casa Rocca Piccola Localização 74, Republic Street emValletta. Duas quadras após o Palace State. Horário de funcionamento Segunda a sábado, de 10h a 16h, exceto nos feriados. É possível agendar uma visitação guiada com hora marcada. Preços Os preços para as visitas guiadas variam entre 5 euros (para estudantes) e 9 euros (para adultos). Crianças até 14 anos não pagam. www.casaroccapiccola.com Brasileiros Mundo Afora | 23


The Summer Dinig Room - a sala de jantar “Verão”.

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Brasileiros em Malta

Os quadros da Casa Rocca Piccola, foram pintados por artistas e membros da famĂ­lia, ao longo dos anos. Brasileiros Mundo Afora | 25


GĦONNELLA A għonnella (pronuncia­se "awe­nel­la") era uma forma de se vestir das mulheres, exclusivamente utilizado nas ilhas mediterrânicas de Malta e Gozo.

A Casa Rocca Piccola mantém um acervo raro com muitas peças originais de época, como esta sombrinha do início do século 20, feita de Bizzilla, a tradicional renda maltesa. A arara brasileira “Kiku” já faz parte da família Piro. Brasileiros Mundo Afora | 26


Brasileiros emMalta Malta

Marquês Nicholas de Piro e Lilian Rossoni. Ela veste uma għonnella. Brasileiros Mundo Afora | 27


Dicas de Lilian Rosssoni 10 LUGARES QUE VOCÊ DEVE CONHECER EM MALTA COMINO A pequena ilha, famosa por sua cristalina Lagoa Azul, nos faz acreditar que em Malta fica um pedacinho do paraíso. De fácil acesso, é possível ir até lá de barco por um custo a partir de 10 euros ida e volta. Reserve o dia inteiro, vale a pena! A ilha é inabitada, bem rústica e com infraestrutura limitada para atender aos turistas. Levar o básico é aconselhável: toalha, protetor solar, água e lanche. No verão há um quiosque que vende comidas e bebidas, além de alugar cadeiras e guarda-sol. Há, ainda, um pequeno hotel para aqueles que resolverem estender a estadia por lá. VALLETTA Com apenas 0.8 km² de área, Valletta é praticamente um museu a céu aberto. Rica em beleza, cultura e história, foi nomeada a Capital Europeia da Cultura para 2018. Vale dizer que, quando foi construída no século 16 pelos Cavaleiros Hospitalários, foi considerada moderna e vanguardista, dada a suntuosidade dos palácios, jardins, teatros e igrejas. Não perca o SalutingBattery, um evento gratuito, que ocorre todos os dias ao meio-dia, no Barrakka Garden. O tiro de canhão marca o início da tarde e relembra muitas batalhas enfrentadas na ilha. HAL SAFLIENI HYPOGEUM Complexo megalítico datado de 2.500 a.C., foi descoberto por acaso em 1902 durante trabalhos de construção. Em 1980, foi declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. Impressionante pela riqueza da estrutura dada a época em que foi construído, conta com três andares, sistema de acústica e o único cemitério pré-histórico acessível ao público em geral. Se você quer visitá-lo, compre o bilhete pela internet e com bastante antecipação. O número de visitantes por dia é limitado a 60 pessoas, e a entrada custa 30 euros para adultos e 15 euros para estudantes. MDINA Antiga capital de Malta, a cidade murada de ruas estreitas e charmosas encanta pela arquitetura e detalhes tão bem preservados. Por estar localizada em um dos pontos mais altos de Malta, tem uma vista privilegiada. No final de tarde, a dica é tomar um café no Restaurante Fontanella. Além da vista lindíssima, os cakes, uma especialidade da casa, são uma delícia!

AZURE WINDOW: Obra da natureza, a Janela Azul na ilha de Gozo é um cenário digno de cinema. Filmes como a Odisseia ou a série Game of Thrones mostraram a extraordinária beleza da Azure Window para o mundo. Para chegar à ilha de Gozo, basta pegar o Gozo Channel Line em Cirkewwa. O bilhete de ida e volta custa apenas 4.65 euros.

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POPEYEVILLAGE Cenário do filme Popeye em 1980, a estrutura permaneceu na baía Anchor e hoje é um parque aberto para visitação. Além de poder entrar na casa da Olívia Palito e em todas as demais casinhas do filme, o parque dispõe da estrutura necessária para passar um dia inteiro divertindo-se na baía restaurante, piscina, acesso à Anchor Bay, área de mergulho, brinquedos aquáticos, área de lazer com cadeiras, guarda-sol e espaço especial para crianças. A entrada custa 12 euros para adultos e dá direito a um passeio de barco na baía. FEIRA DE MARSAXLOKK O vilarejo de pescadores fica bem movimentado aos domingos pela manhã. Lá você encontra de tudo um pouco: roupas, frutas, comidas, doces típicos e muitos tipos de peixes. Além disso, os tradicionais barcos malteses Luzzu ficam ali ancorados e formam uma paisagem linda.

GRUTA DE SÃO PAULO Consta na Bíblia que São Paulo naufragou em Malta e, segundo a história, ele morou três meses em uma gruta localizada na cidade de Rabat. Hoje em dia, a gruta é aberta para visitação com entrada através do Museu Wignacourt. O bilhete custa 5 euros e dá direito avisitar a gruta e o museu, bem como dá acesso a um abrigo localizado exatamente embaixo da igreja de SãoPaulo.

ABRIGOS SUBTERRÂNEOS Existem vários abrigos subterrâneos em Malta. Eram construídos para ser refúgio das pessoas em tempos de guerra, especialmente na II Guerra Mundial. Em Mellieha, junto da igreja Church of Our Lady of Victory, há um dos maiores da ilha, e a entrada custa apenas 2 euros. Em Rabat, é possível visitar um outro abrigo, com acesso através do Museu Wignacourt. Nesse último, são 50 câmaras dispostas em um labirinto – é incrível acreditar que centenas de pessoas ali viviam.

VILLAGE FESTAS Festas populares ocorrem em quase todas as cidades de Malta ao longo do ano, especialmente no verão. Essas festas tradicionais religiosas têm como objetivo principal homenagear o santo patrono da localidade e enaltecer a cultura local. Há show de fogos de artifício, bandas, comidas, bebidas e doces típicos, procissão, casas decoradas e uma série de atividades que garantem uma noite bem diferente. Acontecem nas datas dos santos, e a cada ano uma cidade tenta superar a outra oferecendo um evento grandioso. Brasileiros Mundo Afora | 29


Barcellos em Malta Gabriel Barcellos tem 25 anos e é natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Formado em Marketing, trabalhava com produção de eventos no Brasil, quando decidiu largar tudo para fazer um intercâmbio em Malta. Mora no país há cinco meses, onde estuda inglês e, nesse curto tempo, já trabalhou como promotor e produtor de eventos, garçom e figurante em filme. “Estou amando a vida na Europa e não tenho data para voltar ao Brasil.” Gabriel escreve no blog Vai para Europa. Acompanhe as aventuras dele também por meio das redes sociais Instagram: @gabri_barcellos Facebook: Gabriel Barcellos da Rocha Brasileiros Mundo Afora | 30


Brasileiros em Malta

Foto: Guilherme Criscuolo

“Basta o sol aparecer, que os brasileiros entram no mar, mesmo a água estando gelada!” Fotos: Guilherme Criscuolo Brasileiros Mundo Afora | 31


Viver e fotografar em Malta

Texto e Fotos: Danielle Cassar Igreja de Stella Maris - Sliema Brasileiros Mundo Afora | 32


“O essencial é você colocar seu sentimento naquilo que você faz e isso vale não só para a fotografia”

Final de 2009, eu conheci o Mario, meu marido maltês, em Dublin, e estive pela primeira vez em Malta no começo de 2010. Foi amor à primeira vista e, um ano depois da minha primeira visita ao país, estávamos de mudança definitiva para cá. Morar aqui é muito bom, temos sol o ano inteiro e, mesmo no inverno, ele vem diariamente nos visitar. Depois de me mudar para Malta, senti uma vontade enorme de começar a fotografar. Eu já me interessava antes por fotografia, porém isso não fazia parte da minha realidade. No Brasil, eu estudava e trabalhava muito e quase não tinha tempo para me dedicar a outras coisas. Com as mudanças e a maternidade, a fotografia aflorou de verdade e comecei a estudar em cursos online, livros e DVDs. Sou fotógrafa autodidata, não por não querer fazer cursos, mas simplesmente porque aqui em Malta eles são escassos. Na minha opinião, um fotógrafo não precisa de inúmeros cursos. Claro que é importante você saber sobre luz, enquadramento e desenvolver sua técnica, mas o essencial é você colocar seu sentimento naquilo que você faz. Isso vale não só para fotografia. Eu amo o que faço e creio que isso seja um ponto importante para que se tenha um bom resultado. O ponto forte de ser fotógrafa em Malta é que eu consigo em boa parte do ano aproveitar a luz natural e fazer ensaios ao ar livre, além dos cenários fantásticos que o país oferece. Cada ensaio eu faço em um local diferente e com outra atmosfera. Assim nem eu, nem meus clientes se cansam das paisagens. Malta é o lugar perfeito para um fotógrafo morar.

Danielle Cassar é paulista, tem 27 anos e mora em Malta com a família. Danielle estudou três anos Direito no Brasil e durante esse tempo foi assistente jurídica. Interrompeu o curso para fazer um intercâmbio na Irlanda, uma decisão que mudou sua vida completamente, pois lá conheceu seu marido maltês. Em Malta, ela se divide entre cuidar da casa, dos filhos e do marido, gerenciar um apartamento de temporada e fotografar aos finais de semana. www.danicassarphotography.blogspot.de BrasileirosFoto: MundoNe Afora | 33 Queiroz


Meridiana Wine Estate

Meridiana Wine Estate Brasileiros Mundo Afora | 34


Brasileiros em Malta

Xlendi Bay - Gozo

O ponto forte de ser fotógrafa em Malta é que eu consigo em boa parte do ano aproveitar a luz natural, além dos cenários fantásticos que o país oferece.

Azure Window - Gozo

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Dani Cassar em ação. Brasileiros Mundo Afora | 36


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Carina Dittrich

Martinha Andersen

Oscar Risch

Mirella Matthiesen

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Texto: Carina Dittrich e Matinha Andersen

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Fotos: Divulgação

Será que é possível um blog sobre viagens ser escrito por quatro pessoas, que moram em diferentes países e que nunca se encontraram pessoalmente? Sim! Tratando-se de viagens, tudo é possível. Quatro blogueiros uniram-se pela paixão de conhecer o mundo e compartilhar suas experiências: Carina, Martinha, Mirella e Oscar. Juntos eles são o blog Viajoteca. Um pouco sobre cada um dos blogueiros viajantes: Carina Dittrich é formada em Odontologia no Brasil, mas não atua mais na profissão. Morando há 12 anos na Alemanha, ela já viajou por 53 países e apaixonou-se por cada lugar que visitou. Atualmente ela oferece roteiros de viagens personalizados para os mais variados destinos no seu site Senzatia Roteiros de Viagens - www.senzatia.com Martinha Andersen é formada em Turismo no Brasil, saiu em 2006 do país com o objetivo de ficar 11 meses no exterior e mora até hoje na França. Martinha é apaixonada por museus, fotografia, tecnologia e viagens. Diretamente de Paris, ela escreve para a Viajoteca. Mirella Matthiesen saiu do Brasil em 2000 e já morou em países como Canadá, Austrália e Holanda. Mirella também já viajou por mais de 40 países e em 2014 mudou-se para Flórida, nos Estados Unidos. Atualmente ela trabalha como agente de intercâmbio, na sua própria empresa, a Mikix Intercâmbios - mikixintercambio.com Oscar Risch começou a blogar quando deixou o Brasil em 2008. Ele já morou em quatro continentes e atualmente reside em Auckland na Nova Zelândia. Oscar é apaixonado por fotografia, natureza, vinhos e boa gastronomia. Ele escreve também no blog MauOscar.com. As vantagens de publicar um blog de viagens a oito mãos são inúmeras. Cada blogueiro tem, além da sua vivência na região em que mora, muitas experiências pessoais ao redor do globo para relatar. Os textos publicados adquirem um estilo variado, já que cada um tem uma visão diferente sobre os destinos, enriquecendo o conteúdo do blog de forma significativa. Outra grande vantagem é poder contar com os colegas para dividir as trabalhosas tarefas de divulgação e de administração do blog e dos canais nas mídias sociais. A grande desvantagem é, sem dúvida, marcar reuniões para discutir ideias e projetos, já que é necessário conciliar três fusos horários diferentes. Cada um tem também sua agenda de viagens pessoal, e muitas vezes, quando um está chegando, o outro está de partida para uma nova aventura. De qualquer forma, a experiência tem-se mostrado muito interessante, pois o projeto tem crescido rapidamente e de forma consistente. Em seis meses de existência, a Viajoteca já conta com 186 textos e 899 comentários publicados. Além das mais de 410.000 páginas visitadas. Se é possível um blog sobre viagens ser escrito por oito mãos e fazer sucesso? Sem dúvida alguma! Viajoteca nas mídias sociais: Facebook: viajoteca | Twitter: @viajoteca | Google+: +viajoteca/ | Instagram: @viajoteca

www.viajoteca.com Brasileiros Mundo Afora | 41


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O único programa de rádio de Basel e região para toda a comunidade lusófona.

Todas as quartas-feiras das 21 hrs às 22 hrs.

Basel 94,5 e Liestal 93,6 www.radiox.ch

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Foto: Stela Alves www.streetstylebystela.com Brasileiros Mundo Afora | 44


Profissão

Fotógrafa Morando no exterior, muitas vezes é preciso reinventar-se para se sobreviver longe de casa. Uma façanha que muitas brasileiras conseguiram, dedicando-se à fotografia. Três fotógrafas apresentam seus trabalhos e falam sobre a profissão, pela qual se apaixonaram. Entrevistas: Claudia Bömmels

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Fotos: Orest Shvadchak Brasileiros Mundo Afora | 46


Isabela

Campos

Isabela Campos é natural do Rio de Janeiro, tem 29 anos e é formada em Design Gráfico no Brasil. Ela mora há quatro anos fora do Brasil. Em entrevista, fala sobre sua trajetória profissional como fotógrafa na Alemanha. Brasileiros Mundo Afora | 47


Isabela Campos documentou o casamento de Raquel e Thomas. Brasileiros Mundo Afora | 48


Brasileiros Mundo Afora (BMA): Isabela, quando e como você começou a fotografar? Isabela: Essa história começa em 2010, o ano em que decidi viver tudo o que eu sonhava. Naquela época, eu morava no Rio de Janeiro. Dividia um apartamento com meus melhores amigos, também sonhadores como eu, e trabalhava como designer gráfica em uma empresa na Barra da Tijuca. Eu queria viajar o mundo, viver minha paixão por fotografia, ver mais da vida e do mundo. Mais do que aquela linda paisagem que eu via através da janela do ônibus, a caminho para o trabalho e que nunca tinha tempo de desfrutar. Resolvi então pedir demissão, vendi algumas poucas coisas que eu tinha, fiz alguns contatos e comprei uma passagem. O destino? Alemanha! Chegando à Alemanha, a primeira coisa que eu fiz foi comprar uma câmera digital. O meu orçamento não era alto e comprei uma câmera compacta, simples de bolso. Aquela camerazinha passou a ser minha melhor amiga. Eu estava em um país desconhecido, sem falar o idioma, sem muitas coisas para fazer ou amigos para encontrar. Tudo o que fazia era fotografar. Fotografava quando estava feliz, fotografava quando estava triste. Quando as palavras não eram suficientes ou quando me entediava com o silêncio, fotografava! Eu desafiava a mim mesma a descobrir a beleza em qualquer lugar em que estivesse. E rapidamente as coisas foram acontecendo: me apaixonei pela Alemanha de forma inexplicável e comecei a enxergar beleza em todos os lugares. Me apaixonei pela cultura, as casinhas antigas, as flores nas janelas, os jardins, o silêncio meditativo, a cor da paisagem e por um rapaz, que hoje é meu marido. Casei-me, mudei várias vezes de cidade, mas nunca parei de fotografar. Passados alguns anos de muita prática, paixão, estudo e dedicação, resolvi me registrar como fotógrafa aqui na Alemanha, fiz o meu site, uma fanpage no Facebook e hoje trabalho nesse ramo que eu tanto amo. BMA: Qual o fascínio da fotografia para você? Isabela: Sou apaixonada por essa magia de poder contar histórias através de imagens. A fotografia poderia ser a materialização do sentimento. Não é possível se tocar no amor, mas, através de uma fotografia, você consegue revivê-lo, senti-lo outra vez e ser grata. Grata pela sua vida, pelo amor da sua família, dos seus filhos que não param de crescer. Fotografar dando aos meus clientes o melhor que consigo é uma forma de mostrar que me importo com eles e com suas histórias. Quando entrego meu trabalho concluído, volto para casa com o coração leve. Cada pessoa é única, assim como cada relação, tornando cada sessão única também. É impossível prever exatamente o resultadode um ensaio, e isso é sempre desafiador e surpreendente. BMA: Você fez cursos ou seminários para aperfeiçoar a sua técnica? Isabela: Na fotografia, tudo o que sei, aprendi lendo livros, assistindo a vídeos sobre técnicas, fazendo workshops e praticando muito. BMA: Qual dica você pode dar a outras mulheres que querem seguir a profissão de fotógrafa no exterior? Isabela: Acredite no seu talento e na sua maneira de enxergar o mundo. Aprenda tudo sobre a sua câmera, mas invista mesmo no seu olhar e fotografe muito. Procure pessoas com o mesmo hobby e profissão. Faça amizade com outros fotógrafos, viajem juntos, troquem conhecimento e informações. Na vida há sempre muito para se aprender e compartilhar. Estude e se atualize sempre. www.isabelacampos.com facebook.com/IsabelaCamposPhotography Brasileiros Mundo Afora | 49


Ensaio fotogrรกfico, feito por Isabela Campos, no casamento de Raquel e Thomas. Brasileiros Mundo Afora | 50


“Sou apaixonada por essa magia de poder contar histórias através de imagens. A fotografia poderia ser a materialização do sentimento. Não é possível se tocar no amor, mas, através de uma fotografia, você consegue revivê-lo, senti-lo outra vez e ser grata.” Isabela Campos

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Ana

Schuller

Ana Schuller tem 32 anos, é natural de Fortaleza, doutora em Química pela Universidade Federal do Ceará e fez o pós-doutorado na Universidade de Tübingen na Alemanha. Ana mora há três anos fora do Brasil e casou-se este ano com o alemão Killian Schuller, também doutor em Química e fotógrafo. A seguir ela fala sobre a sua grande paixão – a fotografia – e como aprender a língua do novo país é importante para crescer profissionalmente no exterior. Brasileiros Mundo Afora | 52


Fotos: Killian Schuller Brasileiros Mundo Afora | 53


Ana Schuller fotografou Valentina em um belo dia de outono. Brasileiros Mundo Afora | 54


“Embora eu não tenha desistido de trabalhar na minha profissão, eu decidi paralelamente seguir o caminho fotográfico, porque simplesmente amo fotografia. Adoro captar momentos do meu dia a dia, da natureza, fotografar objetos e principalmente pessoas. Isso é o que realmente me deixa feliz. Para mim, ver a vida através de uma lente é algo único e mágico. Algo que acontece em um piscar de olhos, mas tem um efeito que pode durar uma vida. Fotografia é sem dúvida um grande presente que me levou a ter uma vida muito melhor do que eu previa, ou achava que merecia. Estou certa de que ela pode fazer isso por qualquer pessoa. Eu nunca frequentei cursos ou seminários de fotografia. Aprendi bastante e continuo aprendendo com muita prática e também graças ao mundo de informaçõesque a internet fornece. Blogs, livros sobre fotografia e vídeos de edição de imagens são os meus grandes aliados. Além de muito estudo, acho superinteressante aprender com outros fotógrafos com os quais me identifico e acompanhar os seus trabalhos. Para quem tem interesse em aprender mais sobre fotografar, meu conselho é que estude bem os conceitos básicos, esteja familiarizado como equipamento que possui e fotografe regularmente. Não importa a câmera que você utiliza, apenas fotografe. Somente a experiência vai mostrar-lhe o tempo certo de trocar de equipamento. Fazer imagens cada vez melhores é um desafio muito estimulante. Quanto mais se fotografa, mais sensível se torna o olhar e o modo de se observar os motivos e detalhes, resultando assim em melhores composições. É um aprendizado constante, e essa é a melhor parte de se ter a fotografia como um hobby ou como trabalho. Inspiração está em tudo ao nosso redor, basta observarmos atentamente. Acredito que nada é melhor do que aprender com os nossos próprios erros. Muitos fotógrafos, hoje experientes, erraram um dia, então isso não é motivo para se envergonhar. Acredito que a chave do sucesso de clicar fotos cada vez melhores é aprender com cada erro individualmente, de modo a não continuar cometendo os mesmos em uma outra ocasião. Um ponto que eu acho importante para quem está passando pela transição de hobby para trabalho é tentar expandir ao máximo os seus contatos. Eu estou vivendo essa fase e tenho sentido a grande importância de conhecer novas pessoas, criar novos laços. Somente com muita divulgação, por meio de contatos pessoais ou redes sociais, será possível chamar a atenção para o que estamos produzindo. Acredito que, para todos os que estão mudando de país e pretendem trabalhar na profissão original, aprender bem a língua do país é mais importante do que qualquer coisa. Muitos têm a sorte de conseguir trabalhar na Alemanha, por exemplo, utilizando apenas o inglês. Esse foi o meu caso por alguns anos, e devo confessar que a comodidade me deixou sem ambição para mergulhar de cabeça na língua alemã. Hoje em dia cobro diariamente de mim um alemão melhor, tanto para conseguir voltar para o mercado de trabalho como química, quanto para desenvolver mais satisfatoriamente a minha ocupação como fotógrafa.”

This German Life A Life in Photographs

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“Inspiração está em tudo ao nosso redor, basta observarmos atentamente.” Ana Schuller

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Tati

Borges-Schindler

Tatiane Borges-Schindler, ou simplesmente Tati, tem 28 anos e é natural do Rio de Janeiro. No Brasil, ela era enfermeira, uma profissão que ama, mas que não exerce na Alemanha, onde mora desde 2009. Tati trabalha em um laboratório e também como fotógrafa profissional em Munique. Em entrevista, ela fala sobre a nova profissão e como concilia o trabalho com a vida familiar.

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Tati fotografou o dia do casamento de Liliane e Mario. Brasileiros Mundo Afora | 60


“A fotografia sempre me interessou. No Brasil gostava de passar horas vendo álbuns antigos e, sempre quando chegava à casa de alguém, pedia para ver fotografias de família. Eu sou formada em Enfermagem, mas, quando cheguei à Alemanha, senti que essa profissão fazia parte do meu passado e encontrei na fotografia o novo desafio que estava buscando. Quando a minha filha nasceu, eu ganhei de presente uma câmera muito boa, e a minha intenção era fazer todos os tipos de cliques da pimpolha em casa. E assim comecei a fotografar. Com o passar do tempo, fui ficando insatisfeita com o equipamento e assim comprei uma nova câmera. Como tive que estudar mais profundamente suas funções, isso despertou de vez meu interesse pela fotografia profissional. O maior incentivo para seguir em frente sempre foi a minha filha, meu motivo preferido para fotografar. Com o tempo, fui expandindo meus conhecimentos, estudando sozinha e passei muitas noites em claro, já que durante o dia cuidava dela. Hoje fotografo famílias, casamentos, gestantes, crianças, bebês e casais. Eu tenho o meu próprio estilo de fotografar, baseado no fotodocumentário e no fotojornalismo. São assuntos que muito me interessam e que tenho estudado nos últimos tempos. Mas prefiro definir meu estilo em uma única palavra: lifestyle, que nada mais é que o registro da vida como ela é, sem roteiros e com personagens reais. Conciliar família e trabalho, principalmente morando no exterior, não é uma tarefa fácil. Hoje em dia, é mais tranquilo, pois minha filha já frequenta o jardim de infância. Mas continuo me dividindo entre o meu trabalho no laboratório e a fotografia. Eu tenho muita sorte de ter um marido que é meu grande companheiro e com quem divido várias tarefas do dia a dia. Como família, passamos muito tempo juntos, o que é muito importante para mim. No ano passado, fui ao Rio de Janeiro duas vezes para fazer seminários intensivos, destinados a responder às dúvidas que adquiri no decorrer do estudo, o que é muito comum para quem é autodidata. Eu fiz um curso sobre flash e outro sobre fotometria (ramo da óptica que se preocupa em medir a luz), com Marcos Fraresso, do Zona da Fotografia, e Claudia Regina, do Dicas de Fotografia, ambos bem conhecidos no Brasil. Também fiz mais dois cursos: um sobre fotografia de família com a talentosa Ana Telma Furtado e outro com a fotógrafa Aline Lelles, que se tornou uma pessoa especial para mim. Eu admiro todos os fotógrafos que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Mas não tenho como negar a minha admiração e meu carinho por Aline Lelles. Foi por intermédio dela que me encontrei na fotografia de família, aprendi a me conectar com a minha própria história de vida e assim consegui definir meu estilo particular. Sou muito grata a ela e a todos os fotógrafos que de alguma forma contribuíram para a minha formação. Acho importante que os iniciantes não cometam o erro de achar que fotografia é só apertar o botão da câmera, tratar a imagem em um aplicativo qualquer e cobrar por ela. Ser um fotógrafo profissional exige dedicação, investimento em estudo e equipamento. O aprendizado pode ser adquirido de forma gratuita por meio dos vários materiais excelentes na internet ou pagos para quem não está disposto a percorrer o caminho sozinho. É importante investir em boas lentes, que é o que faz toda a diferença na qualidade da imagem. Para obter bons resultados, é também necessário conhecer a câmera e seus comandos, esquecer que existe o comando automático e começar a fotografar no manual. O aprendizado de um bom fotógrafo precisa ser constante. Neste ano, inaugurei o meu estúdio e ateliê de fotografia juntamente com minha amiga e fotógrafa polonesa, KingaSowa-Kendzia. É onde eu recebo meus clientes e simpatizantes da minha fotografia. As pessoas que já foram ao estúdio dizem que se sentem acolhidas quando estão lá. Fico feliz por isso!” Brasileiros Mundo Afora | 61


Dia feliz documentato por Tati Borges-Schindler. Brasileiros Mundo Afora | 62


Como em toda profissão, acho que na fotografia também é preciso ter força de vontade e acreditar em si. Eu ainda estou entrando no mercado alemão, é um caminho que exige paciência. O retorno não vem de imediato, e isso é exaustivo. Muitas vezes queremos que tudo aconteça na velocidade da luz. É preciso ter fé e foco naquilo que desejamos alcançar e trabalhar para que isso venha a se concretizar. Tati Borges-Schindler

www.tatiborges.com facebook.com/TatiBorgesSchindlerFotografia

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Foto: Claudia Bรถmmels Brasileiros Mundo Afora | 68


Cake

Profissão

designer Três brasileiras, que moram no exterior, descobriram a paixão pelo mundo dos bolos. Em entrevista, Michelle Serafim, Roberta Spadini e Mariana Andrade Schleuss falam sobre a profissão que escolheram seguir, morando fora do Brasil.

Entrevistas: Claudia Bömmels

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Serafim Foto: Nitami Photography

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Cake designer Profissão

Michelle Serafim tem 32 anos, é natural de São Paulo e mora há 10 anos na cidade de Basel, na Suíça. Ela diz que foi o destino que a levou até a Suíça, onde mora com a família. Michelle nos conta como iniciou a profissão de cake designer – designer de bolos, confeiteira - e dá dicas para quem quer seguir o mesmo caminho. “Eu comecei com o cake design há cinco anos. Até então, eu fazia bolos somente como hobby. Tudo começou porque estava procurando alguém que fizesse o bolo de aniversário do meu filho. Na época, infelizmente, não encontrei ninguém e então fiz o bolo eu mesma. Ficou até gostosinho, mas a decoração foi um desastre. Depois disso, fui buscar informações na internet e encontrei uma boleira portuguesa, que reside em Londres. Nós trocamos muitas informações e ela me deu várias dicas sobre decoração de bolos e sobre a profissão de cake designer. Foi por intermédio dela que descobri quão grande é o universo dos bolos. Com o tempo, fui me interessando cada vez mais, conhecendo bons profissionais da área e com eles me aperfeiçoando. Eu amo o mundo dos bolos, porque eu sempre trabalho com novos temas, muitos que me desafiam. É muito gratificante quando consigo realizar um projeto ambicioso. Também tenho muito orgulho da minha profissão, principalmente quando vejo os olhinhos dos meus pequenos clientes brilhando. Me sinto realizada profissionalmente e tive muita sorte por ter encontrado bons mentores no meu caminho que me ajudam até hoje. Ainda tenho um longo caminho pela frente, quero fazer mais cursos e me aprimorar cada vez mais. Minha dica para quem quer iniciar-se na profissão de cake designer é procurar bons profissionais para aprender. Penso que um grande erro é acreditar que, para ser boleira, confeiteira ou cake designer, basta seguir receitas, assistir a vídeos na internet ou simplesmente ver essa profissão como um hobby. A verdade é que, como qualquer outra profissão, essa também requer muita paciência, investimento e bons mentores. Quem quiser ser cake designer precisa ter consciência de que é preciso investir muito para se profissionalizar no universo dos bolos, que é muito mais do que somente açúcar, farinha de trigo e corantes. A minha realidade é assim: nada de unhas longas, cabelos soltos e finais de semana com muito tempo. O dia de folga de uma boleira é na segunda-feira. Muitas vezes me divirto lendo as mensagens dos meus amigos nas mídias sociais dizendo que foram para a balada ou para o cinema: #partiubalada, #partiucinema. Nesses momentos, a única coisa que estou partindo são fatias de bolo (risos). Outro ponto às vezes complicado é conciliar a vida familiar com o trabalho. Como todas as mães que trabalham, eu também preciso ter jogo de cintura e organizar bem meu dia a dia para que tudo funcione bem. Tenho um filho de oito anos que já vai para a escola, então fica um pouco mais fácil. Mas eu trabalho sete dias por semana, e não tenho mesmo muito tempo livre. Ainda assim, não deixo de ver as amigas ou de fazer outras coisas que me dão prazer. Resumindo, posso dizer que, de segunda a quarta, sou principalmente dona de casa, mãe e esposa. De quinta a domingo, sou boleira, confeiteira ou cake designer. Seja como for, gosto de dizer que realizo sonhos doces e feitos de açúcar.”

www.michellecakes.ch facebook.com/michellecakes.ch Brasileiros Mundo Afora | 71


Fotos: Marisa Pedro Pfeiffer

Um bolo muito especial.

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Frozen é uma das festa mais requisitada do momento. Todas as criações são de Michelle Serafim. Brasileiros Mundo Afora | 73


Michelle ĂŠ tambĂŠm especialista em bolos para adultos.

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“Eu amo o mundo dos bolos.É muito gratificante quando consigo realizar um projeto ambicioso.” Michelle Serafim

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Andrade Schleuss Brasileiros Mundo Afora | 76


Cake designer Profissão

Mariana Andrade Schleuss tem 30 anos e é natural de Pedro Afonso, no Estado do Tocantins. Ela é bacharel em Turismo e técnica em gestão de moda no Brasil. Viajar e estudar sempre estiveram nos seus planos. Como muitas brasileiras, foi nessas andanças pelo mundo que ela se apaixonou por um suíço e, em nome desse amor, deixou tudo para trás no Brasil. Ela mora há cinco anos com o marido na Suíça. Em 2009, nasceu a Flor de Mariana, que Mariana descreve como “um pequeno ateliê de criação e produção de peças artesanais feitas com muita criatividade e carinho. São produtos superfemininos com um mix de cores,texturas, estampas, materiais e detalhes que encantam!” Por ser curiosa e também como pausa saudável da costura, ela descobriu um novo hobby: fazer cupcakes, biscoitos e muffins elaborados. Um hobby que está cada vez mais se transformando em um negócio. A seguir ela conta sobre o seu trabalho como cake designer. “O recomeço profissional aqui na Suíça não é fácil. Como eu ficava muito tempo em casa, e quase sempre costurando no meu ateliê, precisava de algo novo para intercalar com a costura. E assim comecei a fazer e a decorar bolos. Aprendi tudo sozinha, com a ajuda da internet e de livros. Depois fiz alguns cursos de aperfeiçoamento no Brasil e aqui na Suíça. Sou muito curiosa, tenho uma ideia e já vou logo atrás para saber como funciona, e quais as possibilidades de realizá-la. Descobri mais uma paixão ao decorar cupcakes e afins! É um hobby que, aos poucos, está se transformando em uma profissão. Ainda não fiz um curso profissionalizante, mas estou sempre aperfeiçoando a minha técnica e aprendo cada dia mais. É um sonho que ainda quero realizar. Eu não tenho uma rotina fixa de trabalho. Cada pedido exige uma rotina diferente. São etapas que não são feitas no mesmo dia; portanto, até que tudo fique pronto, pode ser que leve alguns dias de trabalho. A decoração geralmente é feita bem antes. Os bolos e coberturas, faço no máximo um dia antes da entrega, para que tudo fique fresco.

Amor ao detalhe é a marca registrada de Mariana.

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Bolo inspirado em uma das grandes paixões de Mariana: a costura.

Quem muda para o exterior e não consegue trabalhar na sua profissão original está sempre à procura de novas oportunidades. Cake designer é uma opção para quem gosta de culinária. Antes de começar a trabalhar com decoração de bolos, eu nunca tinha tido experiência com confeitaria. Então, na minha opinião, talento é, importante para se obter bons resultados nessa profissão criativa, mas o que importa mesmo é fazer o trabalho com prazer e amor. De que adianta somente o talento se você não gosta do que faz?”

“Penso que, como em todo lugar, abrir o próprio negócio não é uma tarefa fácil. Mas tendo força de vontade tudo pode se realizar! É preciso persistir sempre e nunca desistir dos seus sonhos!” Mari Cupcake

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Cupckes e biscoitos elaborados.

Bolo inspirado na grande paix達o de Mariana: a costura.

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“Talento é importante, mas o que importa mesmo é fazer o trabalho com prazer e amor.”

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Pop Cakes: bolo no palito. Brasileiros Mundo Afora | 81


Spadini

Roberta Spadini tem 36 anos e é natural de São Paulo. Ela é formada em Letras, com licenciatura em Língua Italiana. Morando na Itália há 10 anos, ela começou a fazer cursos profissionalizantes na área de cake design em 2012, quando perdeu o emprego de vendedora. Roberta é casada com o italiano Alessandro e tem dois filhos. Em entrevista, ela fala sobre essa profissão na Itália e sobre seus cinco minutos de fama na televisão italiana.

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Cake

ProfissĂŁo

designer

O sonho de Roberta ĂŠ voltar a morar no Brasil e trabalhar como cake designer. Brasileiros Mundo Afora | 83


Brasileiros Mundo Afora (BMA): Roberta, desde quando você começou a se interessar pela profissão de cake designer? Roberta: Bem, eu não me considero uma confeiteira ou cake designer ainda. Minha mãe no Brasil trabalha como cozinheira e em casa ela sempre nos preparou as merendas e os lanches. No final da tarde, nunca faltou um bolo, um biscoito feito por ela. Eu mantive essa tradição aqui na Itália e sempre gostei de cozinhar, em especial doces. Com o nascimento da minha primeira filha em 2009, eu comecei a me interessar pela arte da pasta americana, a pesquisar online e a praticar em casa. BMA: Você fez algum curso? Roberta: Sim. Quando fiquei desempregada em janeiro de 2012, investi em cursos com profissionais renomados no setor. Fiz cursos básicos de decoração e modelagem de personagens e flores. Para completar, fiz um curso profissionalizante de sorveteria. BMA: Como é sua rotina de trabalho Roberta: Eu trabalho esporadicamente para dois laboratórios de bolos, e eles me chamam quando possuem muitos trabalhos para realizar. Em casa, faço bolos somente para parentes e amigos, quase sempre nos finais de semana. Também colaboro com uma loja que vende artigos para confeitaria, ministrando cursos para crianças e adultos. Como não tenho empresa própria ainda, eu planejo meus trabalhos de acordo com meu tempo. Até agora, tenho conseguido conciliar bem o trabalho com a família.

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BMA: Como funciona o ramo da confeitaria na Itália? Roberta: A Itália é um país cheio de artistas. Muitas pessoas que trabalhavam com artes, pintura, molduras, arquitetura e design deixaram sua profissão de origem para se dedicarem ao mundo da confeitaria. Foram assim criados trabalhos muito artísticos. O cake design chegou por aqui por volta de 2009 e fez muito sucesso, principalmente por causa da transmissão do programa americano de televisão Cake Boss. O programa relata o cotidiano de Buddy Valastro com sua família. Juntos eles têm uma padaria, a Carlo'sBakery, nos Estados Unidos, onde dão especial destaque à confecção de bolos esculturais. Hoje temos um festival muito importante, que é realizado todos os anos em Milão e este ano, pela primeira vez, também em Roma: o Cake Design Italian Festival, onde muitos artistas podem apresentar seus trabalhos. Mas o setor de confeitaria tem lutado para sobreviver aqui na Itália, por vários motivos. Quando essa arte chegou aqui, existiam poucas marcas de pasta americana e de acessórios de confeitaria; quando se encontrava, era tudo muito caro. Com o tempo, surgiram também outros programas de televisão, e o mercado foi inundado com todo tipo de produto, até mesmo imitações chinesas. O lado positivo foi que o material podia ser adquirido por um preço justo. Só que, com isso, os profissionais tiveram que competir com as donas de casa, que começaram também a fazer bolos em casa para si e para vender, apesar de não ser permitido. Aqui na Itália é proibido vender produtos comestíveis feitos em casa. Eles precisam ser produzidos em laboratórios ou em cozinhas industriais, como chamamos no Brasil, que são sujeitos à fiscalização de higiene. Uma grande diferença cultural é que aqui na Itália não existe o costume de fazer festas com temas ou enormes como no Brasil. O meu maior choque foi não ver o bolo nas festas de crianças. É muito comum ver, no lugar do bolo, pães doces em forma de número, recheados com Nutella, para oferecer às crianças. O bolo, quando existe, é feito com pão de ló, recheado com creme de confeitaria e coberto com chantilly. Muitas vezes nem chega a ser cortado na festa. A pasta americana nem sempre agrada o paladar do italiano. BMA: Conte-nos sobre sua participação no programa do famoso cake designer Renato Ardovino. Roberta: O programa chama-se Torte in Corso no canal Real Time. Nele o famoso cake designer Renato Ardovino e seu sobrinho Angelo ensinam como realizar um bolo decorado. Eu participei da quarta edição. A primeira seleção foi online, aberta a todos. Tive que escrever o projeto de um bolo que gostaria de realizar junto com ele e responder a outras perguntas relacionadas às técnicas e ao mundo dos bolos. Passada a primeira seleção, fiz uma entrevista, para a qual levei fotos das minhas criações.

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Tive a sorte de ser selecionada e pude viver essa aventura, mesmo estando grávida de três meses. Foi uma experiência inesquecível e adorei a surpresa do bolo com o tema do Carnaval. BMA: Como você imagina seu futuro como cake designer? O meu sonho é abrir um laboratório de bolos no Brasil. Em fevereiro de 2015, iniciarei um curso profissional de confeitaria, com diploma reconhecido em toda a Comunidade Europeia e aí, sim, poderei dizer que sou uma confeiteira! Não penso ainda em voltar ao Brasil; enquanto isso, vou me aprimorando nessa profissão, pela qual me apaixonei. Quero poder trabalhar em alguma confeitaria renomada para adquirir habilidades e mais experiência. Sempre pensando em um futuro doce no Brasil.

facebook.com/RobysSweetCakes

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Amor internacional

Casamento intercultural Brasil & Alemanha

Texto: Raquel Magalhães Carvalho |

Foto: Isabela Campos

“Depois de um relacionamento de dois anos, casei-me este ano com um homem alemão que me ama como eu sou e que respeita o que quero para minha vida. Esse homem me motiva todos os dias a crescer e a seguir o meu sonho de começar a minha carreira na Alemanha. Um homem que não impõe sua cultura sobre a minha e que se dedica toda semana, desde que nos conhecemos, a aprender português, a entender minha cultura. Eu sou curiosa, busco meu desenvolvimento, e ele sempre entendeu que meu objetivo como imigrante é o aprendizado e a independência. ‘Se eu aprendi alemão, você aprende português. Se eu estou a morar temporariamente na sua terra, eu também quero viver com você, por um tempo, na minha. Você também tem que conhecer a minha família, a minha cultura’. Essa foi nossa primeira conversa para, então, iniciarmos o namoro e oficialmente eu me dar ao luxo de acreditar em um amor eterno. Essas eram as minhas condições para me deixar amá-lo, pois há alguns anos tinha proposto a mim mesma namorar apenas quando eu tivesse certeza de que eu não veria o fim do relacionamento. Por que começar já tendo certeza de que não dará certo e de que um dia certamente chegará ao fim? Não invisto no que não acredito! Todo desentendimento que temos é resolvido na base do pare, respire, pense, vamos conversar. Geralmente é devido à criação de cada um em uma diferente cultura, nunca por alguma falta de caráter ou desinteresse. Acredito que esse é o desafio de todo casal multicultural. Mas, com o convívio, nós aprendemos que essas diferenças não nos desafiam, e sim nos fortalecem, pois a visão do outro passa a ser sempre considerada em cada caso. Aprendi a tomar chá, a mãe dele é inglesa. Ele aprendeu a comer e a cozinhar arroz. Eu aprendi a tomar banho usando sabonete líquido. Ele tentou usar sabonete em barra no Brasil, sem reclamar. Ele e eu somos curiosos e tentamos ser pacientes, apesar das frases: ‘de novo batata?’, ‘de novo arroz?’. É obvio quem disse cada frase. Ele não consegue dobrar uma camisa que se preze de uma maneira que não pareça estar simplesmente a amarrotando. Eu não consigo guardar a minha roupa no armário depois da lavagem e secagem, invariavelmente ela fica pendurada no varal. Um ajuda o outro nas fraquezas. ‘Você está de castigo no quarto até guardar essa roupa no armário’.‘Você está de castigo no quarto até arrumar essas roupas mal dobradas do seu armário’. Pronto! Tudo é conversado, e ninguém aqui tem a obrigação de alimentar e banhar o outro. Somos dois adultos dividindo o mesmo espaço. As coisas são simplesmente feitas por prazer ou divididas democraticamente, porque uma coisa eu aprendi: viver sozinha em casa é muito bom, mas viver a dois (dessa forma) é mais fácil. Acredito que o casal deve olhar-se na mesma altura, apoiar-se e motivar-se constantemente. Casamento para mim é isto: é amor, companheirismo e amizade. Juntos somos mais fortes.”

Raquel Magalhães Carvalho é farmacêutica, curiosa, viajante, blogueira, vlogueira e mulher que luta por direitos iguais no mundo dos negócios e na vida cotidiana.

www.backpackingalone.wordpress.com | www.youtube.com/backpackingalone www.foreverlivingbr.de/ Brasileiros Mundo Afora | 95


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Amor internacional

Brasil & Alemanha

Casamento intercultural Texto: Liliane Schelenz |

Foto: Tati Borges-Schindler

“Depois de vários desencontros e desilusões amorosas, resolvidar-me a chance de ser feliz e arriscar algumas cartas em busca de um verdadeiro amor. Eu conheci meu marido em um site de relacionamentos e, depois de alguns meses de conversas, resolvemos nos encontrar pessoalmente. Aproveitando uma de minhas viagens de ferias à Holanda, onde a minha irmã vive, combinamos de nos encontrar lá. Quando eu cheguei à Holanda, ele me disse que não seria possível vir ao meu encontro. Na verdade, ele estava planejando uma surpresa com a ajuda da minha irmã. Fomos à estação de trem para esperar um suposto amigo dela que chegaria naquele dia. O amigo era ele, e fiquei muito feliz de encontrar aquele homem que eu já amava e mal conhecia. Passamos alguns dias juntos, ele retornou à Alemanha e eu, ao Brasil. Combinamos que o próximo encontro seria no Brasil, nas férias seguintes. E assim foi: passamos um mês juntos no Brasil e decidimos que eu viria para a Alemanha para testar se me adaptaria à vida, aos costumes e ao clima. Logo que cheguei, comecei a estudar alemão, me adaptei muito bem e já não conseguia mais ver minha vida sem ele. O pedido de casamento não demorou muito para acontecer. Em menos de um ano, ele me perguntou se gostaria de ficar com ele para sempre. Eu respondi que sim e nos casamos em dezembro de 2013. A maior dificuldade no nosso relacionamento sempre foi o idioma, pois não tínhamos uma língua em comum, já que nem eu, nem ele falamos bem o inglês. Olhando para trás, isso foi ótimo, porque assim eu tive que aprender o seu idioma mais rapidamente. Hoje nos comunicamos em alemão e nos entendemos muito bem. O que posso dizer dessa experiência de viver e estar casada com uma pessoa de cultura e língua diferente é que agente acaba aprendendo que a vida é um constante aprendizado. Eu tenho consciência de que poderia ter dado errado. Mas eu acredito que, independentemente de línguas, raças ou culturas, as pessoas são capazes de relacionar-se e de amar-se como se já se conhecessem desde sempre. Para o verdadeiro amor, realmente não existem fronteiras.”

Liliane Schelenz tem 37 anos e é natural de Salvador da Bahia. No Brasil, ela formou-se em Publicidade. Na Alemanha, onde mora com o marido, ela trabalha como assistente de fotografia.

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Pedalando mundo afora

Cristina Souza da Rosa é natural de Porto Alegre, formada em História no Brasil, com doutorado em História e pesquisadora de cinema no Centro Film-História da Universidade de Barcelona. Define-se como gaúcha de nascimento, catarinense de criação, carioca de coração e barcelonesa por opção. Cristina mora desde 2009 na Espanha com o marido e trabalha como guia de turismo em Barcelona. A seguir, ela fala sobre a sua bicicleta e pedalar na cidade. “Quando eu cheguei a Barcelona, em 2009, meu marido me deu um cartão do Bicing, um serviço para se alugar bicicletas e me disse que locomover-se em Barcelona de bicicleta era ótimo, mais rápido e econômico. Eu levei a recomendação a sério e fiz da bicicleta meu meio de transporte principal na cidade. Depois de um ano vivendo aqui, ganhei uma bicicleta usada de um amigo que voltava para o Brasil. A bici do amigo foi roubada, e hoje pedalo com uma nova. Meu modelo preferido é a de passeio, tipo holandesa, pois é elegante e perfeita para andar nas ruas de Barcelona. A bicicleta para mim é muito mais que um meio de transporte, pois também uso no meu trabalho. Eu sou guia de turismo e neste verão comecei a oferecer tours por Barcelona de bicicleta para brasileiros. Agora a magrela também é minha companheira de trabalho e nem penso em deixá-la em casa, faça sol, chuva, frio ou calor. Vou com ela para todos os lugares. Já fui reconhecida na rua por uma leitora do meu blog por causa dela, pois é cheia de flores. Também já houve turista pedindo para tirar fotos com ela. Cada dia o meu amor pelas magrelas aumenta e me sinto superbem quando estou pedalando. Andar de bicicleta em Barcelona não é difícil, existe uma boa infraestrutura de ciclovias, e a cidade é bem plana. O importante é respeitar as regras de trânsito, não pedalar nas calçadas e respeitar os pedestres. De olho em tudo isso, o resto é só alegria.”

facebook.com/SolDeBarcelona www.soldebarcelona.es

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Texto: Lila Rosana

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Foto: Marisa Pedro Pfeiffer

Aprender várias línguas nos primeiros anos de vida é um dos métodos mais simples e eficazes para obter fluência em diferentes idiomas. No entanto, muitos pais, que moram fora do Brasil, questionam se é correto ou até mesmo necessário continuar falando ou ensinando a língua portuguesa aos filhos. Algumas pessoas, que moram já há algum tempo no exterior, falam em casa somente a língua do novo país e tendem a se perguntar sobre qual o melhor método para introduzir o português para as crianças.Muitos desses questionamentos são baseados em alguns mitos. Mito: Seu filho ficará confuso por aprender mais de uma língua. Essa crença é muito comum em países monolíngues.Tenha certeza de que o cérebro do seu filho tem neurônios suficientes para lidar com duas ou mais línguas, sem falar que diversas pesquisam mostram vantagens cognitivas significantes em crianças multilíngues. Se seu filho aprende duas línguas, a mudança para três ou quatro idiomas será muito mais fácil. Mito: Seu filho irá misturar os dois idiomas e não falará nenhum deles com fluência. É verdade que algumas misturas ocorrerão no início da aprendizagem, mas elas são inofensivas e temporárias. À medida que a criança constrói seu vocabulário em cada língua, esse fenômeno desaparece automaticamente. Mito: Ler e escrever em várias línguas? Algumas crianças não conseguem nem mesmo lidar com isso em uma língua! Muitas crianças apresentam dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, no entanto esse fato não está ligado ao número de línguas que elas falam. Na verdade, o acesso a múltiplos idiomas faz com que seja mais fácil para a criança compreender a natureza da própria linguagem, o que, por sua vez, melhorará as habilidades gerais de alfabetização. Brasileiros Mundo Afora | 100


Eu selecionei algumas dicas que podem ajudar você a ensinar o português mais facilmente a seus filhos: Acordo familiar: esse é o primeiro e o mais importante passo para que os filhos cresçam falando duas ou mais línguas. Sem um acordo, todo o processo de ensino e aprendizagem poderá ser prejudicado. Existem muitos casos em que um dos parceiros não fala o português e não concorda que o idioma seja ensinado aos filhos. De modo geral, isso se deve ao fato de sentirem-se inseguros e excluídos da “linguagem secreta” entre o pai ou a mãe e os filhos. Para que o ensino do português seja bem-sucedido, é importante que o casal encontre uma solução que seja aceitável para ambos e benéfica para a criança. Uma pessoa, uma língua: esse é o sistema de linguagem familiar mais eficaz entre os brasileiros vivendo no exterior. O pai, por exemplo, fala somente inglês com os filhos, enquanto a mãe fala somente em português. A ideia é que cada um constantemente fale apenas uma língua com a criança. Visitas de familiares, contato com outras famílias brasileiras ou viagens parao Brasil ajudarão a criança a compreender que o pai ou a mãe não são as únicas pessoas que falam o português. Esteja presente: a criança precisa do seu apoio no novo aprendizado. É importante criar um ambiente acolhedor em casa, onde a língua seja passada naturalmente e de maneira descontraída, por meio de livros,músicas, filmes ou brincadeiras. Seja paciente: criar filhos multilíngues requer paciência. Momentos de dúvida, ansiedade, medo e insegurança são normais. Mas lembre-se que ensinar uma ou mais línguas aos seus filhos é apenas mais um aspecto da maternidade e da paternidade. É um compromisso a longo prazo com possíveis altos e baixos pelo caminho. Não se preocupe se seu filho não fala múltiplas línguas tão rapidamente ou tão habilmente como seus colegas. Cada criança tem seu próprio ritmo e tempo de aprendizado. Concentrese nos sucessos. Você receberá a sua recompensa quando seu filho pedir um abraço em português. Entusiasmo com realidade: uma vez que a ideia de duas línguas se instalou na família, muitos pais consideram a possibilidade de adicionar mais idiomas. Nesse caso, é preciso estar atento se a quantidade de línguas não estará sobrecarregando a criança. Estudos apontam que é possível que uma criança aprenda simultaneamente, e com sucesso, até quatro idiomas, desde que esteja exposta à língua durante 30% do seu tempo. Eu entrevistei algumas mães brasileiras e elas contam como estão educando seus filhos em países estrangeiros, ensinando o português.

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Carolina Szabadkai é casada com um húngaro, mora na Hungria e é mãe de dois meninos de 6 e 8 anos. “A dificuldade em manter o português está no nosso dia a dia devido à pressa cotidiana. Vivemos em um ambiente de língua húngara e, embora eu só fale português com os meninos, eles passam grande parte do dia na escola, reforçando muito a língua local. Meus filhos entendem bem o português, porém o vocabulário húngaro é muito mais rico. Antes da escola, o português era mais forte aqui em casa, agora, mesmo falando com eles na minha língua, eles respondem em húngaro. Muitas vezes peço que repitam em português, mas não é sempre que tenho tempo para isso. Então a pressa do cotidiano me impede que eu seja mais rigorosa.” Luciana Tub, casada com um uruguaio, mora em Israel e é mãe de um menino de 3 anos e 8 meses e de uma bebê de 8 meses. “Eu falo português com meus filhos, e o meu marido, uruguaio, fala espanhol. As crianças na creche aprendem a língua do país, o hebraico. Meu filho domina as três línguas, mas sua fluência está no hebraico. Entretanto, é fundamental para mim e para o meu marido que eles falem as nossas línguas. Nunca falamos em hebraico com as crianças e já vemos os frutos disso. Descobrimos que criar filhos bilíngues é um desafio maravilhoso.” Sandra Kautto é casada com um finlandês, mora na Finlândia e é mãe de um menino de 3 anos e 7 meses. “Sou casada com um finlandês que é fluente na língua portuguesa, então o idioma oficial da nossa família é o português. Isso torna mais fácil a minha missão de continuar falando em português com meu filho. Porém, a cada dia, o vocabulário dele em finlandês triplica e eu sempre preciso correr atrás do prejuízo. Para isso, costumo usar muitos livros, músicas e cartões com informações gerais como formas, cores e números. Eu trabalho com crianças e passo muitas horas do dia me comunicando em finlandês, o que muitas vezes dificulta mudar para o português novamente. Quando volto para casa, acabo me comunicando em finlandês, mas isso não interfere no aprendizado do meu filho.” Daniela Correaé casada com um brasileiro, mora na Itália e tem um filho de 4 anos e uma filha de 1 ano. “Ainda grávida, eu e meu marido já conversávamos a respeito do bilinguismo e essa relação com as duas línguas para o nosso filho. Na época, decidimos que falaríamos português em casa e na rua, em italiano. No entanto, isso não deu muito certo, pois não era natural para nós dois nos comunicarmos em outra língua. Decidimos então nos comunicar em português dentro de casa e permitir que a escola passasse a ser a sua referência da língua italiana. Fomos orientados pelo professor que nos comunicássemos apenas em italiano com ele. Não concordei, mas volta e meia meu marido fala em italiano com o nosso filho. Atualmente, eu sinto alguma dificuldade em responder em português quando meu filho fala insistentemente quase tudo em italiano. Mas não desisto e continuo ensinando o português a ele.” Como se pode ver, a educação de filhos multilíngues é um processo ajustável, flexível e altamente pessoal. Para obter sucesso, é preciso adaptar esse processo de ensino ao seu estilo de vida, tornando o aprendizado algo útil e divertido para você e para seus filhos. Pense que até mesmo o atleta mais bem treinado não poderia terminar uma maratona com sapatos mal ajustados. Lila Rosana nasceu em Belém do Pará, onde formou-se em psicologia clínica e organizacional. Tem especializações em educação infantil, ludoterapia e estresse pós-traumático. Atualmente vive em Vancouver, no Canadá. Ela escreve no blog pessoal Conversando com os pais para o jornal online Tribuna do Ceará. Lila é também colunista da Brasileiros Mundo Afora. Blog Conversando com os pais Brasileiros Mundo Afora | 102


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Entrecista: Claudia Bömmels

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Foto: Valentino Mello

O português é a quinta língua mais falada do mundo, com aproximadamente 280 milhões de falantes em oito países. Nesse contexto, a HUB Editorial, editora própria do Grupo SBS, apresenta seu novo título: Vamos falar Português! Volume 1. Escrito por Anna Claudia Ramos e Susanna Florissi e ilustrado pela Mauricio de Sousa Produções, o material chegou às livrarias em agosto deste ano. Em entrevista, as autoras falam sobre a motivação para escrever esse livro voltado para crianças que têm o português como língua de herança.

Brasileiros Mundo Afora (BMA): Anna Claudia e Susanna, qual a motivação de vocês para escrever um livro sobre português para crianças que vivem no exterior? Susanna Florisse (SF): Viajo muito para encontros e palestras sobre o mundo de PLE (Português como Língua Estrangeira), PSL (Português como Segunda Língua) e PLH (Português como Língua e Herança). Nessas viagens, costumo receber muitos questionamentos sobre materiais para o ensino de português como língua de herança. Além disso, mantenho, há quatro anos, uma rede virtual (com mais de 4.500 membros) de professores de português, em especial para estrangeiros. A faleportuguesng.com é um bom termômetro para analisar as necessidades do mercado. Uma correção: Vamos Falar Português! é útil para crianças que vivem no exterior, para aquelas que voltaram ao Brasil, para estrangeiros iniciantes no idioma e para brasileiros que têm o idioma como língua materna, mas que precisam de reforço no seu estudo da língua portuguesa na escola. Anna Claudia Ramos (ACR): Na verdade, comecei a pensar sobre esse assunto após conhecer a Susanna Florissi e quando comecei a ter livros meus adotados em português naBrasileiros Seção Portuguesa Mundo Afora do | 104


Ilustrações © 2014 Mauricio de Sousa Produções Ltda., todos os direitos reservados. Livros disponíveis através do site www.sbs.com.br

Liceu Internacional em Saint-Germain-en-Laye, na França. Depois que entrei para a comunidade virtual faleportuguês, fui descobrindo um mercado incrível e vendo a possibilidade de meus livros serem lidos em português por crianças e jovens que falam nosso idioma ao redor do mundo. A cada dia descubro um pouco mais sobre esse universo e percebo que esse livro irá ajudar muitas crianças. BMA: Muitos brasileiros que moram no exterior não falam português em casa. Qual mensagem você gostaria de passar para os pais de crianças brasileiras que moram no exterior? SF: Eu nasci e fui alfabetizada na Itália. Tive o privilégio de ter pais que sempre me obrigaram a falar, ler e escrever em italiano, em especial em casa. Essa realidade me tornou uma criança completamente bilíngue. Um idioma a mais não só abre nossa mente e nosso raciocínio como também nos torna mais preparados para a vida e para o mercado. Mais importante ainda, nosso idioma é a identidade que nos aproxima de nossa cultura. Essa aproximação nos dá uma base e um sentimento de “pertencer” à história de nossa família, sentimento tão importante nos momentos marcantes de nossa vida, em que, muitas vezes, como estrangeiros ou filhos de estrangeiros, nos sentimos no “limbo” entre um país e outro, entre uma cultura e outra. É importante que filhos, netos, sobrinhos de brasileiros aprendam o idioma de seus parentes que, um dia, lhes servirá como referência sentimental e cultural. ACR: Minha mensagem é que nunca deixem de falar o português com seus filhos, que mostrem a eles a importância de aprenderem a língua e a cultura do país de um de seus pais ou onde nasceram e que deixaram ainda pequenos. Tenho vários amigos que moram no exterior, porque se casaram com estrangeiros, que não se preocuparam em ensinar aos seus filhos o português. Em contrapartida, tenho outros tantos amigos que valorizam tanto sua língua materna que ensinam o português para os filhos e a cultura brasileira, tão rica e tão diversa. Conversam em português em casa para que os filhos não percam o contato com a língua. Nosso idioma e nossa cultura compõem a nossa identidade, nossa marca no mundo. Conhecer o idioma de seus pais, mesmo que tenham nascido longe, é parte da história de cada uma dessas pessoas. BMA: Na sua opinião, como os pais podem estimular as crianças a gostar de falar o português e a sentir vontade de aprender a língua? SF: Crianças gostam do lúdico. Há que se perguntar a elas como gostariam de aprender a língua. Ao elaborar Vamos Falar Português!, levamos em consideração a coparticipação dos estudantes no aprendizado do idioma. Recentemente visitei uma escola internacional e recebi de algumas professoras informações sobre crianças que não queriam estudar português. Minha pergunta imediata foi: “Vocês perguntaram a elas como elas queriam estudar?” Hoje em dia, é essencial envolver os estudantes para que colaborem no seu próprio aprendizado da forma que mais lhes interessar. Estamos, paralelamente, desenvolvendo uma comunidade virtual chamada www.tribodosgolfinhos.com onde crianças do mundo inteiro poderão conversar, desenvolver projetos em português, tendo como base a leitura de A Menina e o Golfinho, de Anna Claudia Ramos. Brasileiros Mundo Afora | 105


Ilustrações © 2014 Mauricio de Sousa Produções Ltda., todos os direitos reservados.

ACR: Acrescentando apenas algumas coisas ao que Susanna já disse, creio que sempre o ensino de uma língua deva ser gostoso, repleto de brincadeiras, ludicidade, para que o aluno tenha vontade de conhecer e aprender um novo idioma. Minha filha, quando pequena, teve uma professora de inglês excelente, que fez com que ela tomasse gosto pelo estudo do idioma. Além de essa professora saber ouvir os alunos, ela entendia cada uma na sua singularidade, e todos eram coautores dos projetos. Hoje em dia, minha filha fala e escreve inglês fluentemente, mas tudo começou com uma professora que soube fazer a diferença nesse processo. BMA: Em sua opinião, no futuro o livro impresso dará lugar ao livro digital? SF: Em alguns casos, sim, em outros o conteúdo conviverá emtodos os suportes simultaneamente. ACR: Acredito que, no caso dos livros didáticos, sim; no caso da literatura, sobretudo a infantojuvenil, acho que não. No Brasil o livro começa a ser objeto de desejo de muito pouco tempo para cá. Acho que cada vez mais teremos mais leitores. Sou muito otimista. Vamos pensar como de uns anos para cá cresceram as festas literárias, as feiras de livros, os festivais literários e tantos outros modelos que vêm juntando escritores e leitores em diversos locais no Brasil. Ainda temos muitas histórias por escrever neste mundo de formação de leitores num país como o Brasil. Livro impresso, livro digital, tudo junto e misturado! BMA: Como foi para você escrever o livro Vamos falar Português!? ACR: Escrever este livro foi muito diferente de escrever um livro de ficção. A cada unidade, tínhamos uma limitação de gramática a seguir. Inventar textos que fizessem a criança ter vontade de ler e de conhecer nosso idioma, nosso país e os esportes brasileiros foram uma árdua tarefa. A margem de manobra para escrever os textos e os diálogos de cada unidade era bem pequena. À medida que as unidades avançavam, a gramática aumentava, podíamos explorar mais, mas ao mesmo tempo os desafios cresciam. Quando vocês lerem o livro vão entender como foi inventar tanta coisa trabalhando dentro das limitações gramaticais de cada unidade. Mas podem ter certeza de que foi uma delícia criar estes personagens e ir descobrindo suas personalidades a cada nova unidade. Não temos dúvidas de que as crianças vão se encantar com os desenhos que Maurício de Sousa criou para dar vida aos amigos do já conhecido personagem Pelezinho. Leiam, divirtam-se e brinquem de aprender o português, um idioma deliciosamente sonoro e cheio de segredos!

Outros publicações das autoras Susanna Florissi Bem-Vindo! A Língua Portuguesa no Mundo da Comunicação, Tudo Bem? Português para a Nova Geração, Panorama Brasil - Português para o Mundo dos Negócios, Virando a Página (com contribuições). Anna Claudia Ramos A autora tem mais de setenta títulos publicados. Entre eles estão: Pra Onde Vão os Dias que Passam?, que foi seu primeiro livro, em 1992, Coleção Todo Mundo Tem, Coleção Turma da Vila e Coleção 4 Elementos, A História de Clarice, Era Uma Vez Três Velhinhas, Hoje é Amanhã?, títulos selecionados para o Programa Nacional da Biblioteca Escolar (PNBE), Petra do Coração de Pedra, As Marias, Carteiro tem Nome?, A Menina e o Golfinho (disponível em livro impresso, APP e comunidade virtual: www.tribodosgolfinhos.com). Para ver a relação completa, acesse www.annaclaudiaramos.com.br na aba Estante de Livros. Estão todos divididos por nível de leitura. Brasileiros Mundo Afora | 106


Quando se fala em língua materna em Dresden na Alemanha, fala-se em CBBD. Somos um grupo de pais brasileiros e alemães que reconhecem, valorizam e apoiam a educação bilíngue. Os nossos objetivos são fazer com que essa difícil tarefa torne-se fácil na medida em que nossas experiências sejam compartilhadas, oferecer e promover oportunidades para que nossos filhos tenham mais contato com a cultura brasileira, divulgar os programas voltados para crianças e jovens bilíngues, oferecidos e financiados pela política de educação do governo alemão em Dresden. Todo o trabalho prestado ao grupo é voluntário e, por esse motivo, temos muito orgulho de nossas conquistas, como as aulas gratuitas de português para alunos inscritos em escolas públicas de Dresden. Temos por volta de 46 famílias registradas no grupo virtual no Facebook. Mas, em média, somente 10 a 18 participam ativamente dos encontros mensais. Eles acontecem na terceira sexta-feira do mês, das 16h às 18h, no Malwinae.VKinder- und Jugendhaus LOUISE, que fica na Louisenstraße 41, em Dresden. Além dos encontros mensais, temos as tradicionais festas do grupo, a festa junina e a festa de Natal, e as atividades extras, como, por exemplo, a festa de verão. A participação é gratuita. Esperamos você lá!

cbb-dresden.de facebook.com/groups/mbrasileiraemdd/ Brasileiros Mundo Afora | 107


Erica Palmeira é carioca e mora com a família em Melbourne na Austrália. Arquiteta e autora do blog homesweetener, ela é a nossa especialista para projetos “faça você mesmo”.

homesweetener.com Brasileiros Mundo Afora | 108


Decoração

Decoração brasuca Estampando a brasilidade em casa em 8 passos Por Erica Palmeira – Homesweetener

Hoje resolvi trabalhar com o tema Brasil e o levei ao pé da letra. Produzi uma decoração nas cores do nosso país. E sabe do que mais? Custou quase nada! É isso aí, a arte saiu baratíssima e eu vou mostrar como para vocês.

Primeiro passo Vá até a loja de tintas mais próxima e aproprie-se de algumas amostras de cores de tinta. Para criar a arte que eu tinha em mente, escolhi nuances de verde, amarelo, azul e branco. Segundo passo Escolha uma moldura para enquadrar sua arte e espalhe as amostras em cima dela, para ter certeza de que você tem a quantidade suficiente. Isso vai depender de que tamanho você quer fazer seu quadro. Terceiro passo Separe tesoura, cola, lápis e papel para montar sua arte. Brasileiros Mundo Afora | 109


Quarto passo Corte as amostras em quadradinhos, não precisam ser perfeitos, em variados tamanhos. Marque a “área de trabalho” de acordo com a sua moldura. Eu utilizei o próprio papel que veio dentro da moldura. Feita a marcação da área de trabalho, mãos à obra!

Quinto passo No papel que você usará como base, disponha os recortes aleatoriamente para ter uma ideia de como ficará a combinação das nuances de cada cor. Como se trata de uma figura simples, não houve necessidade de fazer um desenho perfeito como base. Fiz apenas marcações onde começaria o amarelo e o azul.

Sexto passo Comece a colar os recortes. Passe cola branca no papel (e não nos recortes) com o auxílio de um pincel e vá dispondo as nuances misturadas aleatoriamente. Comece pelo contorno da área verde, em seguida o amarelo. Note que eu colei os recortes verdes perpendiculares, os amarelos na diagonal e os azuis e brancos em meia-lua. Note também que, por exemplo, os recortes amarelos se sobrepõem aos verdes e são cobertos pelos azuis. Isso será importante na hora de fazer o acabamento. Conforme você vai colando os recortes, pode ir ajustando as formas antes que a cola seque.

Sétimo passo A princípio, as formas parecem imperfeitas, mas você vai acertar no final. Lembre-se de que eu disse para passar a cola no papel e não nos recortes. Dessa forma, quando seu mosaico estiver todo no lugar, com o auxílio de uma régua de metal e de um estilete, você pode aparar as bordas de cada forma para deixar sua arte perfeitinha. Para a parte azul, usei a tampa de uma panela em vez da régua. Não tem mistério, só tenha cuidado para não danificar os recortes de baixo.

Oitavo passo Depois de aparar as formas, passe uma camada de cola com o auxílio de um pincel e deixe secar completamente antes de colocar na moldura. Prontinho! Brasileiros Mundo Afora | 110



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