Caderno de Cinema Vol. 1

CADERNO DE CINEMA 2021 DISCIPLINA DE CINEMA | comunicação e multimeios | Universidade Estadual de Maringá - UEM

cOORDENAÇÃO: PROF. DR. RODRIGO GONTIJO PROjeto gráfico: CAMILA LOZECKYI

AA LUA NO CINEMA LUA NO CINEMA A lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando apagam, ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela, e toda a luz que ela tinha cabia numa janela.

A lua ficou tão triste com aquela história de amor, que até hoje a lua insiste: — Amanheça, por favor!

Paulo Leminski (Distraídos Venceremos, Ed. Brasiliense, 1987)

APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Podemos pensar na importância de um filme a partir dos seus procedimentos estilísticos, características inventivas, particularidades estéticas, relevância histórica, ineditismo e dispositivos narrativos. Intercalando filmes mais antigos com outros mais atuais e de fácil acesso, nasceu essa lista. Porém, nenhuma lista é definitiva, ou seja, ela não se esgota por aqui. Afinal, listar algo é sempre deixar de fora diversas possibilidades.

Além das produções norte-americanas e europeias que são sempre citadas nos livros de cinema, esta pequena seleção, dividida em 5 eixos com 10 filmes em cada, incorporou também cinematografias de outras partes do mundo como América Latina, Ásia e África.

Atravessá-las pode ampliar o olhar sobre o cinema, tornando-se também um convite para a busca de outras referências.

Os textos sobre os filmes indicados são compostos por trechos de matérias, resenhas, artigos, críticas e reportagens publicados em relevantes veículos de comunicação, enciclopédias virtuais, instituições de ensino e catálogos de mostras de cinema. Estes trechos, que trazem diversas abordagens e pontos de vista, podem ser acessados na íntegra nos links indicados.

Assim sendo, este Caderno de Cinema funciona como um ponto de partida, para que em outro momento e em outras circunstâncias, diferentes produções sejam incorporadas.

Organize sua sessão e bom filme!

Rodrigo Gontijo Professor do curso de Comunicação e Multimeios da UEM Coordenador do Cine UEM

sumário SUMÁRIO

FILMES DA EUROPA...............................04 FILMES DOS ESTADOS UNIDOS................15 FILMES DO BRASIL................................26 FILMES DA AMÉRICA LATINA...................37 FILMES AO REDOR DO MUNDO.................48

FILMES DA

EUROPA 04

O ENCOURAÇADO POTEMKIN

(Броненосец Потёмкин | Bronenosets Potyomkin)

direção: Sergei Eisenstein DURAÇÃO: 75'

1925

urss

“Em 1905, a tripulação do encouraçado Potemkin se amotina contra o regime tirânico e brutal dos oficiais da embarcação. As manifestações populares que resultam disso, na cidade de Odessa (Ucrânia), fazem com que polícia e civis entrem em choque. O evento ficaria conhecido como "A Revolta de 1905" ou "Domingo Sangrento", considerado um "ensaio" da revolução de 1917. [...]

Entre as memoráveis cenas de "O Encouraçado Potemkin" está a da escadaria de Odessa.

No embate entre o exército czarista e os populares, um massacre acontece nos degraus de entrada da cidade ucraniana. Soldados atiram em civis impiedosamente. Alvejada, uma mãe deixa o carrinho de bebê descer escada abaixo. A cada degrau, Eisenstein mostra detalhes de pessoas sendo atingidas e caindo ao chão, aumentando a sensação de suspense e tornando a cena uma das mais famosas na história do cinema.”

Fonte: TV Brasil. 12/11/2018.

Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/outubro-sovietico/2017/10/o-encouracado-potemkin

05

A PAIXÃO DE JOANA D'ARC (La Passion de Jeanne d'Arc)

direção: CARL THEODOR DREYER DURAÇÃO: 82'

1928

françA

“A jovem camponesa Joana D'Arc é condenada à morte por ter liderado o povo francês contra o exército invasor inglês, dizendo que foi inspirada por Jesus e São Miguel. Ela passa suas últimas horas de vida capturada e torturada pelos ingleses. [...]

CURIOSIDADES: Depois de completar o corte original do filme, o diretor Carl Theodor Dreyer soube que todo o negativo original havia sido destruído acidentalmente, e, sem poder refilmar tudo de novo, Dreyer optou por reeditar o filme inteiro a partir de material filmado que ele havia rejeitado originalmente. Neste filme, nenhum dos atores usa maquiagem, coisa inédita na era do cinema mudo, mas que Carl Theodor Dreyer acreditava dar maior força dramática aos rostos dos personagens. Este foi o segundo e último papel de Maria Falconetti no cinema.”

Fonte: Cine Petra Belas Artes. Catálogo À La Carte.

Disponível em: https://www.belasartesalacarte.com.br/videos/o-martirio-de-joana-d-arc-ftr-264178-24-xx-xx-20-hq-a-la-carte

06

UM CÃO ANDALUZ (Un chien andalou)

direção: LUiS BUÑUEL DURAÇÃO: 21'

1929

françA

“Escrito em parceria com o artista plástico surrealista Salvador Dalí, "Um Cão Andaluz" tornou-se um marco do cinema, por suas cenas de conteúdo agressivo (como a do olho extirpado) e sua montagem caótica. [...]

Questionado se há chance de ocorrer uma nova ruptura na linguagem do cinema como a representada pelo filme de Buñuel, o professor Ismail Xavier afirma: "Claro que propostas originais, radicalmente originais, são possíveis no cinema. Por que vaticinar esgotamentos?

Mas não creio que, após todo um ciclo de conquistas de espaço que deu à arte total liberdade face a constrangimentos morais, haja o escândalo, o senso de provocação semelhante ao que conseguiu o filme de Buñuel".”

Fonte: Jornal Folha de São Paulo. 22/06/2003.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2207200307.htm

07

UM HOMEM COM UMA CÂMERA

(Человек с киноаппаратом | Tchelovek s kinoapparatom)

direção: dziga vertov DURAÇÃO: 68'

1929 urss

“Conforme advertem os letreiros de apresentação, os únicos do filme, este “registro em seis rolos de celulóide" são fragmentos do diário de um cinegrafista e representam uma experiência cinematográfica de comunicação de acontecimentos visíveis sem a ajuda de legendas intercalares, sem a ajuda de um roteiro, sem ajuda do teatro, sem cenário e sem atores. Esta obra experimental foi feita com a intenção de criar uma linguagem absolutamente cinematográfica e verdadeiramente internacional, baseada em um total afastamento das linguagens do teatro e da literatura. [...]

Em pesquisa feita pela revista Sight & Sound com 340 críticos, cineastas e programadores de cinema, o filme de Vertov é apontado como “melhor documentário de todos os tempos”."

Fonte: Instituto Moreira Salles. Mostra Carta Branca. Maio/2018.

Disponível em: https://ims.com.br/filme/um-homem-com-uma-camera/

08

ALEMANHA, ANO ZERO (Germania anno zero)

direção: Roberto Rosselini DURAÇÃO: 74'

1948

itália

“Estamos numa Berlim destruída pela guerra. A câmera passeia por ela, em longos planos, com freqüência seguindo um menino, Edmund. Berlim está esmagada. Parece não sobrar um prédio [...] Edmund passeia por Berlim quase em desespero. O irmão que tanto admira, Karlheinz, é um nazi que recusa a se entregar às novas autoridades. Com isso, na sua casa, é preciso dividir por quatro a comida de três. E a comida para três já é exígua. A irmã de Edmund sai com oficiais aliados para levantar um pouco de bem-estar material. O pai está preso a uma cama. [...]

Como bem diz o comentário no início do filme, não se trata de recriminar ou perdoar os alemães. Isso não está ao alcance do cinema. O cinema constata: eis as coisas, é tudo que pode nos dizer. E Rossellini nos mostra o rosto intrigante de Edmund, um mistério que, quanto mais é perscrutado, mais se mostra fechado: é um monstro, ou um anjo, não se sabe. E, a rigor, podemos perguntar que diferença isso faz numa terra arrasada como a que vemos. É o ano zero da Alemanha, quando tudo recomeça.”

Fonte: Inácio Araújo. Jornal Folha de São Paulo. 11/02/2007.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1102200710.htm

09

ACOSSADO (À bout de souffle)

direção: Jean-Luc Godard DURAÇÃO: 90'

1960

françA

“Michel Poiccard, um criminoso obcecado por Humphrey Bogart, rouba um carro, mata um policial e vai para Paris, onde conhece Patricia Franchini, uma linda garota americana que vende jornais na Champs-Élysées. Poiccard tenta persuadi-la a fugir com ele para a Itália, sem lhe contar que é um foragido da justiça. [...]

ACOSSADO: O FILME QUE SUBVERTEU TODAS AS CONVENÇÕES - Ao ser lançado, o filme não se parecia com nenhum outro realizado até então, rompendo com todos códigos consagrados da linguagem do cinema: rupturas na montagem; diálogos em grande parte improvisados ou escritos à última hora; digressões e citações; filmagens com luz natural que valorizavam o granulado da imagem; câmera apoiada no ombro; externas sem recurso à cenografia. Com este primeiro longa-metragem, Jean-Luc Godard abriu as portas para uma maior liberdade, apontando o caminho para um cinema sem tabus, decididamente rejuvenescido.”

Fonte: Festival VARILUX de Cinema Francês. Novembro/2020.

Disponível em: http://variluxcinefrances.com/2020/filmes/acossado/

10

JULES E JIM (Jules et Jim)

direção: François Truffaut DURAÇÃO: 106'

1962

françA

“Jules e Jim, Oskar Werner e Henri Serre, envolvem-se com a mesma mulher, a terna e cruel Catherine, uma criação fora de série de Jeanne Moreau. Truffaut chegou a dizer, sobre seu filme, que trabalhara sobre o contraste. A situação era, em si, tão extraordinária que ele orientou seus atores para o naturalismo. Outras declarações que ajudam a entender o conceito - “Quis que o filme se parecesse com um álbum de fotos antigas”; “Catherine é fabulosa, se conhecêssemos uma mulher assim na vida, veríamos seus defeitos, mas o filme os ignora.” E a melhor - “Um psiquiatra francês disse, com toda razão, que o filme é sobre dois garotos apaixonados por sua mãe.” Uma mulher adiante do seu tempo, que vive sob o mesmo teto com dois homens. Catherine dorme um dia com um, depois com outro. De braço dado com Jim, e subindo para o quarto, diz, ao pé da escada “Boa noite, Jules.” [...]

O álbum antigo de Truffaut possui belíssimas imagens em preto e branco. A trilha musical de Georges Delerue e o elenco são inesquecíveis, em especial Jeanne e Werner, o Jules” Fonte: Jornal O Estado de São Paulo. 13/04/2020.

Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,classico-do-dia-jules-e-jim-detruffaut-e-a-saudade-das-coisas-relegadas-ao-esquecimento,70003268971

11

PERSONA direção: INGMAR BERGMAN DURAÇÃO: 84'

1966

suécia

“A história começa com uma porta se abrindo e entrando a enfermeira Alma (Bibi Andersson). Bergman disse que concebeu o filme depois de perceber a semelhança entre as atrizes Bibi e Liv. É bem descrito pelo trailer original americano que diz que "Persona" "é o reconhecimento da nossa terrível solidão, nossa singularidade, nossa inabilidade de se comunicar com os outros. É uma confissão de nossos medos, do ser humano, do fracasso, da morte. É o drama do desespero, o silencio, o terror indescritível da vida em todos os aspectos. É um drama da sensibilidade da pele, de rostos e palavras não entendidas.

Persona é uma ilusão estilhaçada, uma vitória sobre o silencio" [...]

O filme popularizou o termo Persona que é o nome da máscara teatral greco-romana e, por extensão, também as mascaras que usamos na vida profissional ou pessoal. Um dueto para as duas atrizes emolduradas pela fotografia genial de Sven Nykvist. Rodado na própria casa e ilha do diretor, em Faro. Bibi fala o tempo todo e Liv diz apenas uma única palavra, "nada".”

Fonte: Rubens Ewald Filho. Cinema UOL. 2013.

Disponível em: https://cinema.uol.com.br/resenha/persona-1966.jhtm

12

PARIS, TEXAS direção: Win Wenders DURAÇÃO: 146'

1984

ALEMANHA

“Em 1984, uma coprodução franco-alemã com o título de "Paris, Texas" ganhava a Palma de Ouro e dois outros prêmios no Festival de Cannes e consagrava Wim Wenders. O cineasta alemão e o dramaturgo americano Sam Shepard haviam unido seus talentos para levar à tela um road movie existencial, um antiépico sobre a trágica separação de uma família e o esforço de um homem para encontrar a si mesmo e refazer suas relações. [...]

A história assinada por Shepard, baseada em seu livro "Crônicas de motel", girava em torno de Travis (magnificamente interpretado por Harry Dean Stanton). Catatônico, ele vagava havia quatro anos pelo deserto do Texas em busca do local onde seus pais o conceberam.

Esta busca ao ponto de partida, a cidadezinha de Paris, acontece depois que ele sucumbe ao ciúme, ao álcool e ao mutismo, rompendo com a família e desaparecendo. [...]

Wenders assim prosseguia a sua obra, em que o nomadismo, a ausência de pátria, as referências cinematográficas, o temor do futuro, a crise das relações e do cinema são matérias-primas recorrentes. "Paris, Texas" cumpriu sua missão: comoveu as platéias dos anos 80 em diante.”

Fonte: Jornal O Globo. 10/09/2013.

Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/filme-paris-texas-consagra-wimwenders-9897357

13

TUDO SOBRE MINHA MÃE (Todo sobre mi madre)

direção: Pedro Almodóvar DURAÇÃO: 101'

1999

ESPANHA

“O filme começa com a morte acidental do filho (Eloy Azorín) de uma enfermeira de transplantes de órgãos chamada Manuela (Cecilia Roth), por culpa de um autógrafo não conseguido de uma atriz que ambos admiravam, Huma, na saída de uma apresentação madrilenha chuvosa de Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams. Marcela retorna a Barcelona para procurar o pai (Lola, uma travesti interpretado por Toni Miró) e lhe dizer que seu filho morreu. Em Barcelona, ela encontrará sentido para sua solidão profunda através de uma série de mulheres com quem vai conviver e entre as quais rapidamente se cria uma solidariedade espontânea e se concretiza a ideia da bondade de desconhecidos, tão querida por Almodóvar. [...]

A melhor reflexão sobre Tudo sobre minha mãe foi um comentário espontâneo que ouvi na saída da estreia do filme no festival de Cannes de 1999, feito por Catherine Deneuve, que deixava a sala do Palais du Festival altamente emocionada pelo filme que tínhamos acabado de ver: “Pedro tem razão, os homens não são necessários”.

Fonte: Juan Cuento, Jornal El País. 22/10/2014.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/22/cultura/1413983223_405723.html

14

FILMES DOS

ESTADOS

unidos 15

A GENERAL (The general)

direção: Buster Keaton e Clyde Bruckman

DURAÇÃO: 79'

1926

ESTADOS UNIDOS

“Considerado por alguns como "resposta" em chave de humor à solenidade reacionária com que D.W. Griffith trata a Guerra Civil dos EUA no clássico "Nascimento de uma Nação" (1915), essa comédia espetacular - no melhor sentido do termo - traz Keaton (também codiretor, com Clyde Bruckman) como o zeloso maquinista Johnny Gray. […]

Impedido de lutar pelos confederados (o Sul escravagista), ele decide participar do conflito com sua querida locomotiva, a General. É um romântico disposto a impressionar a garota por quem está apaixonado e um ingênuo que transforma a guerra, recriada de acordo com o registro grandioso dos épicos, em palco de estripulias de incrível apuro visual.”

Fonte: Sérgio Rizzo. Jornal Folha de São Paulo. 22/06/2007.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2207200716.htm

16

TEMPOS MODERNOS (Modern Times)

direção: charlie chaplin 1936 DURAÇÃO: 87' ESTADOS UNIDOS “Em um mundo moderno e industrializado, Carlitos (Charlie Chaplin) trabalha como operário em uma linha de montagem. Após testar uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, o protagonista é levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. […] Considerado um dos filmes mais emblemáticos e críticos da obra de Charlie Chaplin, o longa “Tempos Modernos” aborda a vida urbana nos Estados Unidos na década de 1930, imediatamente após a crise de 1929. Na época, a depressão atingiu a sociedade norteamericana e levou grande parcela da população ao desemprego e à fome.”

Fonte: TV Brasil. 28/12/2015.

Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/ciclos-de-cinema/episodio/tempos-modernos

17

CIDADÃO KANE (Citizen Kane)

direção: orson welles DURAÇÃO: 119'

1941

ESTADOS UNIDOS

“Já se passaram 80 anos, mas continua sendo o enigma mais famoso da história do cinema. Isolado na mansão de Xanadu, o milionário Charles Foster Kane morre segurando a bola de cristal com a cabana dentro. Quando ele pronuncia a palavra enigmática, Rosebud, as partículas dentro da bola agitam-se, criando o efeito de flocos de neve. […]

Segue-se uma narrativa em puzzle, com os depoimentos de quatro pessoas que foram próximas a Kane e ajudam a iluminar o personagem íntimo, não o oficial. […]

A mística de Cidadão Kane permanece. O americano como imperialista, ou como um Fausto que vende a alma aos demônios do poder e do dinheiro. Welles conta sua história de diferentes pontos de vista e adota procedimentos técnicos pouco usuais, senão inéditos, na época – dissocia som e imagem, utiliza o campo total (a chamada profundidade do espaço), altera as dimensões do cenário de acordo com as necessidades da curva dramática, etc. A história é a de um garoto que herda um legado que transforma em império, mas perde a alma no processo.”

Fonte: Luiz Carlos Merten. Jornal O Estado de São Paulo. 19/04/2020 Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,classico-do-dia-cidadao-kane-oenigma-mais-famoso-da-historia-do-cinema,70003275154

18

CREPÚSCULO DOS DEUSES (Sunset Boulevard)

direção: billy wilder DURAÇÃO: 110'

1950

ESTADOS UNIDOS

“Um roteirista quebrado, uma estrela decadente do cinema mudo que deseja voltar à cena, e um mordomo com um passado surpreendente são as personagens centrais de Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950), um dos melhores filmes sobre a indústria do cinema, por mostrar a realidade além de todas as ilusões. Não é à toa que ele foi indicado para onze Oscars. Esse clássico do Cinema Noir é citado como uma das melhores produções americanas de todos os tempos e está na lista do American Film Institute.

Glória Swanson brilha na pele da decadente atriz Norma Desmond, que vive uma vida reclusa em sua mansão, onde ela lembra os dias de glamour da sua carreira no cinema mudo, acompanhada por seu mordomo, Max, interpretado por Erich Von Stronheim, ator, diretor e roteirista nascido na Áustria e radicado nos Estados Unidos. A casa recebe a visita de Joe Gills, vivido por William Holden, um roteirista falido que busca se esconder de credores. Quando a atriz sabe que ele é um roteirista, quer que ele se responsabilize pelo roteiro que a trará de volta às telas.”

Fonte: Fundação Cidade das Artes. Prefeitura do Rio de Janeiro. Abril de 2014.

Disponível em: http://cidadedasartes.rio.rj.gov.br/noticias/interna/324

19

CANTANDO NA CHUVA (Singin' in the Rain)

direção: gene kelly e stanley donen

DURAÇÃO: 103'

1952

ESTADOS UNIDOS

“Gene Kelly é Don Lockwood, dançarino e ator, galã dos filmes de romance e paixão, o ídolo das matinês. Mas, na vida real, seu relacionamento com a atriz com a qual contracena, Lina Lamont, não vai bem. Ele prefere a companhia da aspirante à atriz Kathy Selden, que conheceu enquanto escapava de suas fãs. Em uma época em que os filmes mudos estão dando lugar ao cinema falado, “Cantando na Chuva” mostra essa transição com muito humor, diversão e números musicais que marcaram a história do cinema em seus tempos áureos.”

Fonte: Memorial da América Latina. Governo do Estado de São Paulo. Agosto de 2020.

Disponível em: https://memorial.org.br/evento/cantando-na-chuva/

20

UM CORPO QUE CAI (Vertigo)

direção: Alfred Hitchcock 1958 DURAÇÃO: 128' ESTADOS UNIDOS "Uma enquete com cineastas para apontar, em 1995 - o ano do centenário do cinema -, quem eles consideravam o maior diretor de todos os tempos, colocou no topo da lista o popular mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Desde a sua primeira fase inglesa, ainda no período silencioso, e depois nos EUA e de volta à Inglaterra, até meados dos anos 1970, houve sempre um culto a Hitchcock. […]

Um Corpo Que Cai é um dos filmes mais impressionantes de Hitchcock. [...] De cara, e antes dos créditos, o roteiro de Alec Coppel e Samuel A. Taylor estabelece o essencial sobre Scottie, o personagem de James Stewart. Policial em São Francisco - a cidade também é personagem -, ele participa de uma perseguição num telhado. Escorrega e fica pendurado na extremidade. Olha para baixo e tudo passa a rodar. Scottie sofre de vertigem, e os créditos de Saul Bass criam espirais para sugerir ao público como ele se sente. Scottie retira-se da polícia, assistido pela namorada fiel, Barbara Bel Geddes. Um amigo lhe propõe uma tarefa. Bancar o detetive, seguindo sua mulher que vem apresentando um comportamento misterioso."

Fonte: Luiz Carlos Merten, Jornal O Estado de São Paulo. 07/04/2020.

Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,classico-do-dia-um-corpo-que-caie-um-dos-filmes-mais-impressionantes-de-hitchcock,70003263053

21

PSICOSE (Psycho)

direção: Alfred Hitchcock 1960 DURAÇÃO: 109' ESTADOS UNIDOS “O filme Psicose é baseado no romance homônimo de Robert Bloch, que acompanha uma história verídica. A trama de Norman Bates, na verdade, foi baseada na vida de Ed Gein, um assassino em série responsável pelo desaparecimento de vizinhos e mulheres na cidade rural de Plainfield […]

Norman Bates é considerado o segundo maior vilão do cinema pelo Instituto Americano do Cinema (AFI) - atrás apenas de Hannibal Lecter em "O Silêncio dos Inocentes", que, curiosamente, também foi inspirado em Ed Gein.”

Fonte: Lorena Reis, Revista Rolling Stone. 01/06/2020.

Disponível em: https://rollingstone.uol.com.br/noticia/psicose-como-alfred-hitchcock-quebrou-asbarreiras-entre-terror-e-suspense-no-classico-de-1960/

22

O ILUMINADO (The Shining)

direção: Stanley Kubrick 1980 DURAÇÃO: 144' ESTADOS UNIDOS “Considerado um dos melhores filmes dirigidos por Stanley Kubrick, "O Iluminado" (1980) teve uma produção tão aterrorizante quanto a própria obra, inspirada no romance de Stephen King. Perfeccionista e obcecado, o diretor realizava inúmeras repetições de takes, levando ao desespero a atriz Shelley Duvall, mulher de Nicholson no longa.[...]

Nicholson interpreta Jack Torrance, um homem contratado como zelador de um hotel, para onde se muda com a família durante o inverno. O ambiente assombrado, porém, leva-o à insanidade e ele ameaça a mulher e o filho com um machado."

Fonte: Henrique Balbi, Jornal Folha de São Paulo, 22/02/2014 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/02/1415153-o-iluminado-volta-aocinema-em-copia-restaurada-e-digital.shtml

23

TAXI DRIVER direção: Martin Scorsese 1976 DURAÇÃO: 114' ESTADOS UNIDOS “Após a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1976, "Taxi Driver" fortaleceu a reputação de Martin Scorsese como diretor de primeira grandeza."

"Taxi Driver" é seu quarto longa e o segundo filme da parceria com Robert De Niro (mas o primeiro em que o ator brilha como protagonista). Com cenas de tensão e violência, o longa capta o mal-estar da sociedade americana daquele período, após o fracasso da Guerra do Vietnã, a crise econômica e o escândalo político conhecido como Watergate.”

Fonte: Guia da Folha, Jornal Folha de São Paulo, 02/06/2017 Disponível em: https://guia.folha.uol.com.br/cinema/2017/06/criticataxi-driver-representa-umtempo-em-que-se-aceitava-do-cinema-mais-do-que-respostas-prontas.shtml

24

APOCALYPSE NOW direção: Francis Ford Coppola 1979 DURAÇÃO: 147' ESTADOS UNIDOS “A guerra é a manifestação mais extrema da loucura. Produz loucos e é produzida por eles.

Foi o que "Apocalypse Now" mostrou ao mundo […]

Em 1969, o capitão Willard (Martin Sheen) tem a missão de subir com um punhado de jovens fuzileiros o rio Mekong, no Vietnã, entrar no Camboja, encontrar e matar o coronel Kurtz (Marlon Brando), que aparentemente enlouqueceu e se tornou o messias de uma comunidade macabra de fanáticos. […]

Trata-se, evidentemente, de uma viagem iniciática. Ao seguir os passos de Kurtz, Willard acaba atravessando todas as fronteiras que o outro atravessou: entre o Vietnã e o Camboja, entre razão e loucura, civilização e barbárie, cultura e natureza” Fonte: José Geraldo Couto, Jornal Folha de São Paulo, 20/12/2001 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2012200107.htm

25

FILMES DO

BRASIL 26

LIMITE direção: mário peixoto DURAÇÃO: 120'

1931 brasil

"Numa canoa perdida em alto mar, três náufragos – duas mulheres e um homem.

Cansados, eles param de remar. Uma das mulheres conta sua história: ela escapou da prisão com a ajuda de um guarda, sem encontrar o conforto que esperava.[...] Único longa-metragem dirigido pelo também poeta e romancista Mário Peixoto, quando tinha 22 anos, Limite é comumente listado entre os filmes mais importantes da história do cinema brasileiro."

Fonte: Instituto Moreira Salles – Paulista. Dezembro de 2018 Disponível em: https://ims.com.br/filme/limite/

27

O PAGADOR DE PROMESSAS direção: anselmo duarte DURAÇÃO: 98'

1962 brasil

"Zé do Burro vive com Rosa, sua mulher, numa pequena propriedade perto de Salvador.

Um dia, seu burro é atingido por um raio. Em um terreiro de candomblé, ele faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal, que se recupera. Para cumprir sua palavra, Zé doa metade de seu sítio e segue a pé para a capital baiana, carregando uma enorme cruz de madeira. Na cidade, Rosa se apaixona por um cafetão, e padre Olavo, responsável pela igreja de Santa Bárbara, não deixa que Zé entre no templo porque a promessa foi feita em um terreiro de candomblé. O filme é uma adaptação da peça teatral homônima escrita em 1959 por Dias Gomes. [...]

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes."

Fonte: 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Outubro de 2019.

Disponível em: http://43.mostra.org/br/filme/5167-O-PAGADOR-DE-PROMESSAS

28

TERRA EM TRANSE direção: glauber rocha DURAÇÃO: 115'

1967 brasil

“Tendo como contexto histórico a frustração da esquerda revolucionária após a implantação da ditadura militar no Brasil, em 1964, a obra Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, relata, a partir de uma representação alegórica, a tomada do poder político pelo totalitário Porfírio Diaz e o consequente sentimento de impotência da esquerda intelectual resultante desse processo refletida no poeta Paulo Martins e na jornalista Sara, além de revelar as estruturas nas quais as relações políticas estão fundadas, baseadas em acordos com instituições privadas e promessas de campanhas dificilmente cumpridas.[...]

Em “A alegoria histórica”, Ismail Xavier delineia a noção de alegoria como “a concepção de que um enunciado ou uma imagem aponta para um significado oculto e disfarçado, além do conteúdo aparente” (p 345). […] Em Terra em Transe o convite à interpretação alegórica constrói-se a partir de estratégias de montagem e principalmente da caracterização dos personagens a partir de sua posição política e social (no que diz respeito a diegése do filme)” Fonte: Maria Cristina Couto Melo. RUA – Revista Universitária do Audiovisual. 15/07/2009.

Disponível em: http://www.rua.ufscar.br/alegoria-e-arte-em-terra-em-transe-e-a-idade-da-terra/

29

O BANDIDO DA LUZ VERMELHA direção: rogério sganzerla DURAÇÃO: 92'

1968 brasil

"O Bandido da Luz Vermelha, primeiro longa-metragem de Rogério Sganzerla (1946-2004), produzido pela Distribuidora de Filmes Urânio, é uma versão paródica da história do marginal perseguido que termina morto pela polícia. Inspira-se em um caso verídico que se torna fenômeno de imprensa. Trata dos vários assaltos cometidos por João Acácio Pereira da Costa, cuja prisão é feita em agosto de 1967, depois de grande empenho por parte da polícia. [...]

O crítico Jairo Ferreira identifica no filme o "metacinema" e comenta sua linguagem: "A linearidade é mantida, mas na locução; as imagens são de um ritmo interno admirável; toda a linguagem do filme tem uma estrutura interna terrível, bem concatenada, antilinear por essência"."

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. 08/01/2018.

Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra67285/o-bandido-da-luz-vermelha

30

BYE BYE BRASIL direção: Cacá Diegues DURAÇÃO: 110'

1980 brasil

"Bye Bye Brasil narra a história de uma trupe de artistas mambembes, que roda com a Caravana Rolidei pelo interior do Brasil. O mágico Lorde Cigano (José Wilker), a “rainha da rumba” Salomé (Betty Faria) e o homem-músculo Andorinha (Príncipe Nabor) chegam a uma cidadezinha do interior do Nordeste e encontram o sanfoneiro Ciço (Fábio Júnior) e sua mulher grávida, Dasdô (Zaira Zambelli). Esses se juntam à trupe e partem no caminhão para conhecer o país.[...]

Bye Bye Brasil consolida as discussões político-culturais que atravessam a década de 1970. A trilha sonora de Chico Buarque (1944) e Roberto Menescal (1937) também faz referência ao momento político e à contradição entre o moderno e o tradicional na cultura brasileira."

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. 04/11/2020.

Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra71095/bye-bye-brasil

31

PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO direção: héctor babenco DURAÇÃO: 128'

1980 brasil

"Vivendo a dura realidade dos menores carentes em um reformatório de São Paulo e revoltados com as injustiças dos administradores da instituição, quatro crianças fogem e passam a conviver com uma prostituta, envolvendo-se com traficantes de drogas e trapaceiros. […]

“Acho que naquela época existia uma indignação muito grande pelas contradições sociais expostas que havia em São Paulo. E o que mais me incomodava era a total anestesia dos meios de comunicação, das pessoas pensantes, dos amigos jornalistas, cineastas, sociólogos, enfim, as pessoas que eu frequentava… Era um assunto no qual não se tocava e, quando se tocava, era sociologicamente”, comentou Hector Babenco em entrevista a Drauzio Varella."

Fonte: Instituto Moreira Salles – Paulista. Dezembro de 2018 Disponível em: https://ims.com.br/filme/pixote-a-lei-do-mais-fraco/

32

CENTRAL DO BRASIL direção: Walter Salles DURAÇÃO: 113'

1998 brasil

"Em 1998, um filme muito especial bateu nas telas do País. Central do Brasil tinha Fernanda Montenegro interpretando a mulher que cumpre uma curva dramática exemplar ao se enternecer por um garoto que busca pelo pai. Central conquistou o público brasileiro e foi reconhecido no exterior, trazendo para o Brasil o Urso de Ouro, principal prêmio do Festival de Berlim, que também deu a Fernanda o troféu de melhor atriz […]

“Central do Brasil foi pensado, assim como Terra Estrangeira, nos meses finais do desgoverno Collor. Depois, portanto, de vários anos de silêncio forçado no cinema brasileiro. Terra Estrangeira falava do caos econômico, mas também identitário que vivemos, e do desterro que marcou aquele momento. Em Central, a busca pelo pai é a procura de um país possível, depois de anos tão traumáticos de nossas vidas. Penso que a repercussão do filme tem diretamente a ver com o fato de ele ter buscado o reflexo daquilo que tinha acontecido com o País.” (Walter Salles)" Fonte: Estadão Conteúdo. Revista ISTOÉ. 30/10/2018.

Disponível em: https://istoe.com.br/walter-salles-reavalia-central-do-brasil-e-fala-do-momentonacional/

33

LAVOURA ARCAICA

2001

direção: Luiz Fernando Carvalho DURAÇÃO: 165' brasil

"Lavoura Arcaica (2001), adaptação do livro homônimo (1976), é uma viagem cinematográfica em que os universos de dois artistas, um da palavra, outro da imagem, se sobrepõem. O diretor Luiz Fernando Carvalho, que também coproduziu, roteirizou e editou o filme, foi fiel aos diálogos poéticos do livro de Raduan Nassar. Ao mesmo tempo, buscou transcender a literatura e acoplar lhe uma personalidade imagética própria. […]

As câmeras de Carvalho mostram com cenas fortes e elaboradas a história de André, um filho pródigo que volta ao lar e acaba por arruinar a família por não conseguir evitar que venham à tona os motivos de seu desgarre: o autoritarismo do pai e o excesso de ternura da mãe, que o sufocavam, e uma arrebatadora paixão pela irmã Ana." Fonte: Luís Roberto Amabile. Faculdade de Letras/ PUCRS. 22/09/2014.

Disponível em: https://biblioteca.pucrs.br/curiosidades-literarias/lavoura-arcaica-um-filmeliterario/

34

CIDADE DE DEUS direção: fernando meirelles, kátia lund

DURAÇÃO: 130'

2002 brasil

"Inspirado no romance homônimo, publicado em 1997, de Paulo Lins (1958), a trama é construída com base no crime organizado do bairro Cidade de Deus, subúrbio do Rio de Janeiro, entre as décadas de 1960 e de 1980. Para compor o elenco, cerca de 110 garotos, das diversas comunidades do Rio de Janeiro, participam durante oito meses de uma oficina de interpretação criada por Meirelles e Lund. [...]

Segundo o crítico Ismail Xavier (1947), Cidade de Deus está entre os filmes que “colocam em debate uma corrosão do espaço social, uma crise na construção da cidadania, evidenciando o loteamento das zonas de poder pelo crime organizado”. O longa-metragem traz para as telas um novo imaginário sobre a violência que prevalece no Brasil, a partir da década de 1990, e do processo de redemocratização."

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. 07/11/2017.

Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra67344/cidade-de-deus

35

A VIDA INVISÍVEL direção: Karim Aïnouz DURAÇÃO: 140'

2019 brasil

"Rio de Janeiro, 1950. Eurídice, 18, e Guida, 20, são irmãs inseparáveis: uma sonha se tornar pianista profissional, a outra, viver uma grande história de amor. Distanciadas por uma série de acasos, as irmãs nunca desistem de se reencontrar. […]

O longa é baseado no livro A vida invisível de Eurídice Gusmão, da pernambucana Martha Batalha. “Karim fez um melodrama, com personagens marcantes, cenários opressores e decadentes como o próprio machismo”, relata a autora à revista Continente. […]

“O filme que você viu ou verá é, acima de tudo, uma ode ao amor, ao amor de duas irmãs, duas mulheres.”(Karim Aïnouz)."

Fonte: Instituto Moreira Salles. Dezembro de 2019.

Disponível em: https://ims.com.br/filme/a-vida-invisivel/

36

FILMES DA

AMÉRICA LATINA 37

TIRE DIÉ direção: Fernando Birri DURAÇÃO: 33'

1960

ARGENTINA

“[…] Tire dié é uma obra fundamental do grupo de cineastas Santa Fé e do documentário latino-americano, construído em torno da ideia de contra-informação. O filme começa com uma versão oficial da rica capital provinciana com longas imagens panorâmicas de seu perfil urbano, enquanto uma voz fornece as informações básicas sobre a história da cidade (Santa Fé), suas principais atividades produtivas e suas estruturas econômicas. Ao final da apresentação do locutor, a câmera sai do registro da prosperidade geral e mergulha nas margens geográficas e sociais da cidade. […]

No momento crucial do filme, Birri […] monta uma sequência que parece um suspense, no que expõe o ritual diário dos meninos correndo ao lado do trem sem um único comentário.

O mais notável sobre o trecho é o uso da câmera, que percebe as diferentes posições sociais e as diferentes visões no momento da passagem do trem pela ponte, que permite o único contato efetivo entre os dois mundos que o filme registra.”

Fonte: Marcelo Scotti. Dirección Greneral de Cultura y Educación. Gobierno de La Provincia de Buenos Aires.

Disponível em: http://servicios.abc.gov.ar/lainstitucion/organismos/cendie/cinedivulgacion/ videos/tire_die.pdf

38

SOY CUBA direção: Mikhail Kalatozov DURAÇÃO: 143'

1964

cubA

"Quatro contos descrevem o sofrimento dos cubanos sob o regime voraz de Batista. E é a ousadia da técnica cinematográfica que torna o filme imperdível: cenas subaquáticas que usam tecnologia especial de submarino, uma câmera que balança vertiginosamente para frente e para trás para acompanhar o golpe de um facão, tiros aparentemente intermináveis […]

Esquecido por 30 anos - os soviéticos achavam que o filme não era anti-capitalista o suficiente, os cubanos acharam o filme paternalista e estereotipado, e quase ninguém o viu, sendo redescoberto e trazido de volta à atenção dos cinéfilos no início dos anos 90 por Martin Scorsese e Francis Ford Coppola […].

Soy Cuba é visualmente arrebatador, descaradamente melodramático e um tanto quanto fora dos padrões."

Fonte: Catálogo do Seattle International Film Festival (SIFF).

Disponível em: https://www.siff.net/festival/i-am-cuba

39

OS VAMPIROS DA MISÉRIA (Agarrando Pueblo)

direção: Luis Ospina e Carlos Mayolo

DURAÇÃO: 28'

1978

colômbia

"Agarrando Pueblo é um pseudo-documentário colombiano que versa sobre dois cineastas que buscam, pelas ruas de Cali e Bogotá, captar a pobreza do país. Durante o percurso, os dois criam inúmeras situações fictícias para dar mais veracidade ao filme. Assim, diversas situações absurdas são desenvolvidas para valorizar o trabalho dos cineastas […]

Agarrando Pueblo é, além de um estudo a respeito de relações de dominação sociais, um ensaio sobre os limites do documentário e sua interação com a função espectatorial."

Fonte: Frederico Franco. Site Plano Crítico. 30/01/2020.

Disponível em: https://www.planocritico.com/critica-agarrando-pueblo-1977/

40

A HISTÓRIA OFICIAL (La Historia Oficial)

direção: Luis Puenzo DURAÇÃO: 112'

1985

argentina

"A História Oficial, de 1985, é um filme histórico. Com o seu lançamento alavancado pelo Oscar que recebeu de Melhor Filme Estrangeiro no ano seguinte e pelo Globo de Ouro, também em 86, e com a Palma de Cannes e os prêmios ganhos em Berlim e na Itália, com ele o mundo conheceu – ou reconheceu – uma das mais cruéis práticas das ditaduras militares sul-americanas; no caso, a da Argentina: o sequestro de bebês recém nascidos, e de crianças e adolescentes filhos de militantes de esquerda presos, torturados e assassinados nas prisões ou fora delas, e daqueles que até hoje são cinicamente enquadrados por muitos cidadãos autodenominados ‘de bem’, como desaparecidos políticos."

Fonte: Lés Maria Aarão Reis. Portal Carta Maior. 14/04/2019.

Disponível em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema/As-mentiras-da-Historiaoficial-/59/43874

41

AMORES BRUTOS (Amores Perros)

direção: Alejandro González Iñárritu

DURAÇÃO: 154'

2000

méxico

"Três cães. Um participa de brigas sangrentas por dinheiro, outro é tratado como criança mimada e o terceiro é um vira-lata que faz companhia a um mendigo.

Três amores. Um adolescente apaixonado pela cunhada, um homem de meia-idade por uma modelo deslumbrante, e um pai, pela filha que não vê há anos.

Em um acidente de carro na caótica e barulhenta Cidade do México, cães e amores colidem numa cena trágica."

Fonte: Sylvia Colombo. Jornal Folha de São Paulo. 25/05/2001.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2505200127.htm

42

E A SUA MÃE TAMBÉM (Y tu mamá también)

direção: Alfonso Cuarón DURAÇÃO: 106'

2001

méxico

“[…] O filme de Cuarón é um road-movie libertário sobre a perda da inocência, baseado em um roteiro de uma inteligência aguda. Tenoch (Diego Luna) e Julio (Gael Garcia Bernal) são de classe alta mexicana, têm 18 anos, a testosterona à flor da pele e um conhecimento pífio do seu próprio país. Um encontro inesperado com a mulher do primo de Tenoch os projeta em território desconhecido. Luisa (Maribel Verdú) vem de um outro país (a Espanha), é mais velha e se transforma no objeto de desejo dos dois meninos. Juntos, os três decidem partir de carro até uma praia imaginária. É ao mesmo tempo uma descida ao inferno e ao paraíso. Com doses semelhantes de humor, erotismo e melancolia, os meninos vão se confrontando com seus desejos reprimidos e com as dificuldades em transgredi-los. Luisa, a catalisadora dessas transformações, também está visivelmente em processo de mutação. Neste rito de passagem, todos os tabus sexuais vão caindo um a um.”

Fonte: Walter Salles. Jornal Folha de São Paulo. 10/11/2001.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1011200134.htm

43

O PÂNTANO (La Cienaga)

direção: Lucrecia Martel DURAÇÃO: 103'

2001

ARGENTINA

"A vida de duas famílias – uma de classe média urbana, outra de produtores rurais decadentes – estão entrelaçadas no estupor provincial de uma Salta caótica e imutável, onde nada acontece, mas tudo está prestes a explodir. [...]

Em entrevista à revista laFuga, Lucrecia Martel comenta seu método de construção narrativa: "Tudo o que se tem que fazer é reproduzir situações da realidade com pequenos ajustes de som e imagem… e então voltar a ver, nessas situações que são muito comuns, voltar a ver alguma coisa. Te dou um exemplo: Quando O pântano estreou no cinema, uma senhora da padaria perto de casa me disse: 'me disseram que nesse filme se vê muito bem como nos tratam'. E eu disse 'isso acontece em Salta há séculos, por que alguém precisa de um filme para ver? […] Essa é a força do cinema: aquilo que você não enxerga à sua volta, de repente consegue ver em uma história projetada na tela."

Fonte: Catálogo da mostra “Os Filmes de Lucrécia Martel” no Instituto Moreira Salles. Março de 2018.

Disponível em: https://ims.com.br/filme/o-pantano/

44

O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (El secreto de sus ojos)

2009

direção: Juan José Campanella DURAÇÃO: 130' argentina "Na superfície, “O Segredo dos Seus Olhos” funciona como um thriller criminal em que, no espaço de 25 anos, um oficial de justiça investiga o paradeiro de um homem (Javier Godino) acusado de matar e estuprar uma mulher. […] Mas a obra de Juan José Campanella, como os melhores melodramas, esconde outras possibilidades de leitura. “O Segredo dos Seus Olhos” é, também, uma bela história de amor. Também é um thriller político, na medida em que comenta, com sutileza e mordacidade, a violência da ditadura militar argentina nos anos 1970. […] um filme raro, que reúne destreza narrativa e personagens sólidos, perícias técnicas impressionantes que servem à história e nunca soam como mero exibicionismo, atores impecáveis, humor e dor em doses iguais. Dá até para entender porque o longa-metragem de Campanella destronou o favorito e sensacional “A Fita Branca” (Michael Haneke) na cerimônia de premiação do Oscar 2010, dando à Argentina sua segunda estatueta."

Fonte: Jean Camargo e Juliana Vale. Cinestesia. Projeto do curso de Comunicação Social – Habilitação em Midialogia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Disponível em: https://www.trilhas.iar.unicamp.br/cinestesia/the.secret.in.their.eyes.htm

45

NOSTALGIA DA LUZ (Nostalgia de la luz)

direção: Patricio Guzmán DURAÇÃO: 93'

2010 chile

"Norte do Chile, deserto de Atacama, mancha de cor ferruginosa no azul do planeta – dois mil metros de altitude, umidade zero. Lado a lado, grandes máscaras humanas gravadas na pedra lisa da montanha cerca de oito séculos antes de Cristo, construções brancas com cúpulas esféricas dos observatórios astronômicos da metade do século 20 e casebres da mina de cobre do século 19 – na época de Pinochet cercadas de arame farpado e transformadas em campos de concentração para presos políticos. […]

Entre a obstinação trágica dos que buscam corpos de parentes “desaparecidos” durante a ditadura e a determinação metódica dos que estudam os corpos mumificados ou buscam sinais de corpos celestes, Nostalgia da luz propõe o deserto como uma metáfora do tempo."

Fonte: José Carlos Avellar. Blog do IMS (Instituto Moreira Salles). 12/01/2015.

Disponível em: https://blogdoims.com.br/no-deserto-do-tempo-patricio-guzman-e-nostalgia-daluz/

46

UMA MULHER FANTÁSTICA (Una Mujer Fantástica)

direção: Sebastián Lelio DURAÇÃO: 104’

2017

chile

"Venceu o Fênix, o Goya, até o prêmio do cinema indie no dia anterior, o Independent Spirit.

Ninguém parecia poder derrotar o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, na categoria de filme de língua estrangeira. Desde sua estreia na Berlinale de 2017, onde ganhou o prêmio de melhor roteiro, o filme, que mostra o drama de uma mulher transexual cujo companheiro morre de repente e vê seu mundo abalado pela primeira esposa e os filhos do falecido, ganhou prêmio atrás de prêmio. […] É o segundo Oscar do Chile, após o curta-metragem A História de Um Urso em 2016. É um filme com aroma de Almodóvar."

Fonte: Gregorio Belinchón. Jornal El País. 05/03/2018.

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/05/cultura/1520218277_143950.html

47

FILMES AO REDOR DO

MUNDO 48

ERA UMA VEZ EM TÓQUIO 東京物語 (

| Tokyo Monogatari)

direção: YasujirO Ozu DURAÇÃO: 136'

1953

japão

"Como todo clássico, Era uma Vez em Tóquio, de Yasujiro Ozu (1903-1963), pode suportar várias definições, sem se prender a nenhuma delas. Muitos o chamam de meditação sobre o tempo ou a velhice. Poderíamos chamá-lo também de reflexão sobre a delicadeza perdida […]

Estamos no Japão dos anos posteriores à derrota da guerra. Há em curso um processo acelerado de ocidentalização. Antigos costumes convivem com novos, e de forma assimétrica. A devoção pelos pais continua presente, sem dúvida. Mas deve atender às conveniências de uma sociedade em rápida transformação, na qual tempo é dinheiro.

Simplesmente os filhos não têm disponibilidade e nem cabeça para se dedicarem aos pais velhos como fizeram gerações anteriores."

Fonte: Luiz Zanin. Jornal O Estado de São Paulo. 17/02/2014 Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-zanin/era-uma-vez-em-toquio-o-filme-dadelicadeza-perdida/

49

OS SETE SAMURAIS 七⼈の侍 (

| Shichinin no Samurai)

direção: Akira Kurosawa DURAÇÃO: 207'

1954

japão

"A princípio, é uma história de samurai, um filme de guerra. Ou seja: gênero. No entanto, nas mãos de um mestre [o cineasta japonês Akira Kurosawa], Os Sete Samurais se torna uma outra coisa.

O filme faz uma reflexão sobre o tempo e sobre as batalhas que enfrentamos na vida. É um olhar melancólico sobre o tempo e sobre a luta humana. A inevitabilidade da morte e a alegria de estarmos aqui.

Mesmo diante das piores adversidades e atrocidades de uma guerra, o que nós temos de humanidade sempre encontra uma maneira de triunfar."

Fonte: Heitor Dhalia. Jornal Folha de São Paulo. 09/08/2009 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0908200903.htm

50

LA NOIRE DE... direção: Ousmane Sembène DURAÇÃO: 60'

1966

senegal

"A produção senegalesa, lançada em 1966, do diretor Ousmane Sembène é um dos primeiros longas-metragens produzidos no continente africano, na esteira de um cinema engajado com as lutas contra o colonialismo e o racismo.

O filme conta a história de Diouana, uma jovem senegalesa que vai trabalhar na casa de um casal francês na Riviera Francesa, lá se vê em choque com a estrutura do racismo que a mantém presa na casa da família, trabalhando como doméstica.

A obra retrata o sonho de uma vida diferente na saída do Senegal, com o amargo da realidade encontrada na Europa, um discurso sobre os processos de marginalização e inferiorização das populações africanas no continente europeu."

Fonte: Aya Biblioteca. Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais da UDESC. Setembro de 2018.

Disponível em: https://ayalaboratorio.com/2018/09/30/la-noire-de/

51

FURYO, EM NOME DA戦場のメリークリスマス HONRA (Merry Christmas, Mr. Lawrence |

direção: Nagisa Oshima DURAÇÃO: 122'

)

1983

japão

"Em vez de retratar a sexualidade e a obsessão explicitamente, o provocador [Oshima] opta por ser mais gentil em sua poesia visual, mesmo quando os atos violentos da natureza e do homem triunfam. Não é um filme típico de prisioneiros de guerra - os homens estão famintos e espancados demais para assobiar alegremente. Também não há grande fuga sejam prisioneiros ou algozes, esses homens estão presos por seus costumes culturais e por seu passado sombrio. [...] [...] David Bowie incorpora o major Celliers, um oficial britânico mantido pelos japoneses como prisioneiro de guerra. O comandante está obcecado com o misterioso loiro estranho, enquanto o tenente-coronel britânico Lawrence tenta superar as diferenças emocionais e linguísticas entre ambos."

Fonte: Sinopse e artigo crítico de Max Kyburz disponível na plataforma MUBI. 10/01/2017.

Disponível em: https://mubi.com/pt/films/merry-christmas-mr-lawrence?gclid=EAIaIQobChMI2zx99iZ7wIVygeRCh1KXAEiEAAYASAAEgIktPD_BwE

52

AMOR À FLOR DA PELE 花樣年華 (

| Faa yeung nin wa)

direção: Wong Kar-Wai DURAÇÃO: 99'

2000

china

"Hong Kong, 1962. O jornalista Chow, editor do jornal local, acaba de se mudar com a mulher para um prédio ocupado principalmente por membros da comunidade de Xangai. Na nova moradia, Chow conhece Li-chun, uma belíssima jovem que também vive no prédio há pouco tempo. Assim como o jornalista, ela é casada e mora com o companheiro.

Li-zhen, secretária de uma empresa, costuma ficar sem a companhia do marido com uma certa frequência: ele é representante de uma firma japonesa e, por isso, viaja muito. Assim, Chow fica cada vez mais tempo em companhia de Li-chun: jogam mahjong com seus senhorios e discutem as últimas fofocas.

Desse intenso convívio nasce uma grande amizade, até que Chow e Li-chun são obrigados a enfrentar uma mesma situação: seus respectivos companheiros estão tendo um caso."

Fonte: Catálogo da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Outubro de 2019.

Disponível em: http://43.mostra.org/br/filme/1326-Amor-a-Flor-Da-Pele

53

PARADISE NOW (‫)اﻟﺠﻨﺔ اﻵن‬

direção: Hany Abu-Assad DURAÇÃO: 90'

2005

palestina

"Dirigido pelo palestino Hany Abu-Assad, Paradise Now narra a história de Said e Khaled, dois amigos que trabalham em uma oficina mecânica em Nablus, cidade localizada na Cisjordânia com população aproximada, em 2007, de 126.132 habitantes. Os dois companheiros são recrutados por um grupo de resistência palestino (liderado por AbuKarem) para realizar uma operação suicida na cidade de Tel-Aviv. [...]

A insegurança emocional do personagem Said revela algumas características importantes sobre o caráter instável das identidades culturais, justamente as de não serem fixas, estáveis e bem delimitadas. O caráter de constante rearranjo da identidade, encontra em Said exemplo preciso. Mais que isso, a dificuldade do personagem em lidar com sua própria incompletude e contradição retrata situação comum quando se trabalha com representações e identidades."

Fonte: Pedro Maggiotti e Daniel Serrano. Revista de Língua, Literatura e Ensino da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Outubro de 2010.

Disponível em: https://revistas.iel.unicamp.br/index.php/lle/article/view/1176/952

54

TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS

(ลุงบุญมีระลึกชาติ | Lung Boonmee raluek chat)

direção: Apichatpong Weerasethakul

DURAÇÃO: 114'

2010

tailândia

"Tio Boonmee... é um filme sobre o cinema. Sobre que relação podemos estabelecer com as imagens e sobre que relação podemos estabelecer com o outro. Essas coisas andam juntas. O cinema de Apichatpong "Joe" Weerasethakul consegue, mais uma vez, uma clareza absoluta de sua matéria, de seu "tema", preservando-lhe todo o mistério. A idéia de cinema se desdobra, se transmuta em várias, e é esse o processo central da obra de Joe: a transmutação, a destruição e a transformação. Se for possível identificar um grande tema em toda sua obra, sem dúvida este é o terreno [...]

Primeiro, as vidas passadas. O que vem a ser um fantasma? Um fantasma é, antes de tudo, uma imagem. De algo que era do passado, mas que se apresenta, como imagem, no presente. É a imagem de uma ausência, de alguém que já morreu. É a presença de uma ausência, como imagem. E não é isto uma definição de uma imagem? Uma manifestação visível da ausência da coisa. Visível porque é luz, é luz no tempo. Apichatpong não para de nos lembrar que o cinema é luz, é pulsação de luz."

Fonte: Juliano Gomes. Revista Cinética. Outubro de 2010.

Disponível em: http://www.revistacinetica.com.br/tioboonmee.htm

55

O APARTAMENTO

(‫ | ﻓﺮوﺷﻨﺪه‬Forushande)

direção: Asghar Farhadi DURAÇÃO: 123'

2016

irã

“Em tempo recorde, Asghar Farhadi foi alçado como um dos maiores autores do cinema contemporâneo, uma espécie de herdeiro de Ingmar Bergman […] Desde "A Separação" (2011), seu segundo e consagrado longa, colhe elogios como um grande diretor e autor de dramaturgia densa (ele escreve seus roteiros) capaz de relevar a alma humana a partir de conflitos cotidianos. […] O Apartamento saiu do último Festival de Cannes com os prêmios de melhor roteiro e melhor ator (para Shahab Hosseini). […] O Apartamento começa como um filme-catástrofe. Um prédio, onde mora o casal protagonista, racha e ameaça desabar. Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidooshi) precisam procurar outro apartamento, e parecem ter sorte ao conseguir um lugar com certa rapidez. Até que Rana é atacada no novo imóvel. A partir daí, vêm à tona as "fraquezas humanas".”

Fonte: Pedro Butcher. Guia da Folha. Jornal Folha de São Paulo. 22/10/2016.

Disponível em: https://guia.folha.uol.com.br/40a-mostra-de-cinema-internacional-de-saopaulo/2016/10/diretor-explora-o-sofrimento-e-a-fraqueza-em-o-apartamento.shtml

56

CAFARNAUM

(‫ | ﮐﻔﺮﻧﺎﺣﻮم‬Capharnaüm)

direção: Nadine Labaki DURAÇÃO: 123'

2018

LÍBANO

“ […] Cafarnaum, que significa "caos e milagres", conta a história de um menino, condenado por esfaquear uma pessoa, que processa os pais por ter nascido.

Labaki não usa atores em suas produções, apenas pessoas reais. Foi assim que partiu o convite a Al Rafaee. Após a filmagem, ele e a família receberam asilo na Noruega, onde estão vivendo no momento.

"Em cada cena, em cada tomada, ele é muito verdadeiro. Fora do vídeo, quando estamos falando das cenas, a forma como ele fala sobre elas, a forma como ele me diz o que viu e como ele quer que elas estejam no filme, você percebe que ele está colaborando no processo", diz Labaki sobre Al Rafaee.

"Ficamos os dois muito eufóricos (quando o filme recebeu a nomeação para o Oscar) e pensei: 'ele está na escola'. Ele não está nas ruas, lutando com facas", acrescenta a diretora.”

Fonte: BBC News Brasil. 22/02/2019.

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47339144

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ATLANTIQUE direção: Mati Diop DURAÇÃO: 104'

2019

senegal

"Na região costeira de Dacar, no Senegal, um prédio imponente e futurista está prestes a ser inaugurado. Sem remuneração há meses, os operários decidem deixar o país por mar em busca de um futuro melhor. Entre eles, Souleiman, o amante de Ada, que tem 17 anos e foi prometida em casamento para outro homem.

Em 2019, Atlantique recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes. […]

Conta a diretora à revista Film Comment: “Eu fui muito influenciada pela primavera senegalesa, que aconteceu seis meses após a primavera árabe. Eu sabia que queria fazer um filme fantasma sobre a situação da imigração […] Senti em minha imaginação que a juventude que eu via nas ruas, [envolvida em] incêndios e protestos, era habitada pela perda de todos os garotos que desapareceram. Eu senti que havia uma ligação invisível entre esses dois períodos, que os meninos que deixaram Dacar para ir à Espanha e que morreram no mar levaram algo dos vivos com eles. E que aqueles jovens, que em 2012 estavam nas ruas gritando e pedindo mudanças, também foram alimentados por essa perda. Tentar fazer coexistir esses dois momentos precisos de Dacar, no Senegal, era algo que me interessava.”

Fonte: Instituto Moreira Salles. Novembro de 2019.

Disponível em: https://ims.com.br/filme/atlantique/

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