CHALAÇA a peça

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T. W. Adorno

"O motivo do arrombamento das portas do inferno, da supressão da morte, constitui o núcleo de todo pensamento anti-mitológico”

Vilém Flusser

“Os processos que ocorrem no Brasil se dão à margem da história, e se história significa ‘tornar consciente’, os processos em curso no Brasil se dão à margem da consciência inclusive, ainda, do próprio brasileiro.”


Há 200 anos desembarcava nas terras tupiniquins a corte portuguesa. Sem convite. No bojo das 20 mil pessoas que acompanhavam d. João VI e sua família estava um certo Francisco Gomes da Silva. Filho bastardo de um visconde com uma aldeã – evidentemente pobre. Uma figura que não figura entre as comemorações – de gosto absolutamente duvidoso – da tal chegança portuguesa. Uma figura que em meio a luz do poder criava as mais obscuras sombras. E, com fino humor, ganhou a alcunha de CHALAÇA. 200 anos de CHALAÇA. 200 anos de chalaças. Sátiras ou cavalgadas 2.008 graciosas – conforme o humor ou a língua – que se encaixam nas costas dos Há mais de dois anos a Cia. Les brasileiros como cangas que, nos fazem C o m m e d i e n s T r o p i c a l e s v e m acreditar, somos capazes de carregar. interrogando – com humor grosseiro – Talvez pior, que devemos carregar. algumas pessoas que participaram deste Pinote na história. Que se esborrache o capitulo histórico. E, como bicão em festa peão boiadeiro. Aplaudam o toro. de granfino, CHALAÇA a peça adentra as Iluminem as sombras e desenterrem os solenidades para dançar funk em meio à mortos para deles retirar suas falsas clássica música luso-brasileira. Com traje coroas. Tudo isso ou morrer pelo Brasil de gala roto ou ultraje roto de gala ou (?) apenas como última ala de desfile de escola de samba, passeamos para não 2.00? deixar a farsa histórica se impor n o v a m e n t e c o m o r e a l i d a d e E o Francisco Gomes da Silva? Nunca resplandecente. mais vimos, dizem que voltou para Portugal. Ou ficou aqui para sempre. Quanta pretensão, mariquita.

1.808.

A história é Farsa


Dialogar a partir da história do Brasil, tem sido um osso duro de roer. Não que não tivesse noção do processo louco de formação do país, mas o dia a dia tira-nos a visão crítica de tudo e assim somos levados de embrulho na geléia geral. E impossível acreditar na visão romantizada e da mistura de trama tão primária. Coisa de colonizador. Faz pose de sério e brinca de sacanagem imoral da corrupção. Só o relato apresentado serve de material para o público fazer o recorte através da sua própria inteligência crítica. Usar do direito de demolir tudo o que possa denegrir o seu direito como cidadão.

What the fuck is going on here? Marcio Aurelio

A nossa história tem trama de caráter aparentemente simplório que revela a tradição portuguesa. Os modernistas tentaram tanto superar acreditando que A ALEGRIA É A PROVA DOS 9. Dos nove fora, zero. Estamos no momento que precisamos zerar tudo! Se não tivermos coragem de deschavar os meandros da nossa história, não importa a forma, para tentarmos descobrir a raiz de onde se esconde o mito, fica difícil.O que favorece o crescimento e a evolução da corrupção em nosso país? No teatro, outras pessoas já fizeram isto e pode-se dizer, legando grandes contribuições. Ter a coragem de olhar para o seu território e reconhecer os pares, eis o drama. Depois do GALVES, IMPERADOR DO ACRE, agora fica esta chegança no primeiro império e o desmembrar de Portugal e Brasil. Seus vícios e virtudes. Difícil é ter coragem de continuar encarando. O day by day, com trilha sonora importada, cria a vaselina que nubla as lentes do olhar. E a vida segue, MARAVILHOSA! Até quando?


200 anos de CHALAÇA 2006 Junho - Estréia – Sesc Santana (baby) Agosto – Malfadada temporada no Teatro Alfa (onde estávamos com a cabeça?) Setembro – TUSP (adolescência) Outubro – Festival de Teatro de Americana (never more!) Novembro – Paidéia Associação Cultura (duca!) Subtotal – 27 apresentações (uma a cada 13 dias) 2007 Janeiro/Fevereiro – Teatro Sérgio Cardoso (pêlo no suvaco!) Março – Centro Cultural CPFL Campinas Maio/Junho – Cacilda Becker (crise da meia-idade) Sesc Santos (grande) Junho – Festival de Teatro no cinema de Rezende (sessão lotada!) Engenho Teatral (Villar viu) Julho – Sesc Araraquara (webeguito) Agosto – Festival de Teatro Presidente Prudente (FENTEPP do riso) Setembro – Festival de Teatro de São Jose dos Campos (FESTIVALE quanto?) Faculdade de Saúde Pública (palco de carpete) Subtotal – 63 apresentações (uma a cada 11 e meio!) 2008 Fevereiro/Março/Abril – Viagem Teatral do SESI (Santos, Mauá, Birigui, Franca, Marília, Rio Claro, Piracicaba, Santo André, Osasco, Sorocaba, Araraquara e Itapetininga) Junho – Sesc Ribeirão Preto Agosto/Setembro – Teatro Sérgio Cardoso (melhor idade) Porto Alegre em Cena (internacional) TOTAL – 110 apresentações (e segue...)


Somos a nossa própria picada Nós temos alguns anos de estrada. Ainda não descobrimos se rodamos nas estradas trilhadas por gente de outrora ou desta hora mesmo ou se estamos construindo nossa própria picada. Talvez a graça esteja justamente no grassar por essas incertezas.

Cia. Les Commediens Tropicales. O nome? Uma brincadeira que, como os apelidos que não gostamos, pegou. Estava no livro do Márcio Souza: Galvez Imperador do Acre. Era uma Cia. francesa de óperas e operetas falida reinventada com nome peculiar. Por que não? E assim foi. Colou! Em 2003. Era protocolar. Só para termos um nome enquanto cursávamos a faculdade. E nunca mais falaremos sobre isso. Hoje não somos quase nada daquilo que nos inventou. Pessoas saíram e entraram e saem e as vezes voltam como convidadas... Ou não voltam. Hoje somos assim: Michele, Carlos, Daniel e Jonas... E o Allen. Já fomos Terror e Miséria no III Reich, com quase 30 atores... Lá em 2004. Depois fomos Galvez Imperador do Acre com 17 revolucionários em 2005. 9 figuras em CHALAÇA a peça, quase ontem, em 2006. 7 augustos em A Última Quimera de 2007 (nosso maior fracasso de público, você viu?, por isso!). Seguimos. Sem esperar por nada. Não há tempo para esperas. O tempo já é sua própria espera. Nossas portas continuam abertas enquanto houver casa. Quando não, bateremos nas portas alheias, dos amigos que encontramos nessas veredas que fizemos ou seguimos. Estamos em processo. Novo. Estamos fomentados. Primeira vez. Em janeiro de 2009 surge II d.pedro II. Agora... O caminho. A picada. E até lá! Vê se aparece desta vez...


Atores que já participaram deste espetáculo Débora Monteiro Eden Godoy Fábio Basile Fabrício Licursi Gustavo Xella João Martins Mariza Junqueira Paula Mirhan Paulo Oseas

Ficha Técnica

Encenação e Iluminação Marcio Aurelio Autor Inspirado no livro “O Chalaça” de José Roberto Torero Adaptação Cia. Les Commediens Tropicales Texto Final Carlos Canhameiro Atores Carlos Canhameiro Daniel Gonzalez Jonas Golfeto Letícia Moreira Michele Navarro Tetembua Dandara Todo mundo que já fez CHALAÇA a peça. Técnicos. Amigos. Desafetos Weber Fonseca com afeto. Os devassos. Os sadios. A galera de lá. Valeu Marcão. João, Cenógrafo e Figurinista José, Alemão. Serra da Cantareira. A mãe de todo mundo, até a Daniela Elias minha. APAA. APAE. A Puta que Pariu. Com carinho. O time do Tony. Gabriel Braga Mas, especialmente, sincero, honesto e antipático agradecimento a Músico / Sonoplasta Alice Carvalho e Walmir Zanotti. A gente veio para ficar. Allen Ferraudo Você que assistiu. Leu. Vai saber... Até sorriu. Produção cafezinho? Carlos Canhameiro

Obrigado


Saudades do FUTURO


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