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{ ponto de vista } por
CAIO CASTELO
Meu lado grená
Olá, meu nome é Caio Castelo e não uso pochete há nove anos. A abstinência é difícil, sabem como é, mas tenho lutado contra as tentações desse mundo e me mantido limpo com bravura e dedicação. Confesso, entretanto, que ainda assim tenho levado uma vida desregrada, mas nada tão drástico quanto paletó com boné, até porque parte dessa deficiência de estilo se deve a divergências artísticas entre mim e paletós em geral. Além disso (e estou compartilhando aqui minhas maiores dores e angústias) não é qualquer boné que cabe. Bom, digamos apenas que jamais conduzi minha existência de maneira que houvesse alguma explicação lógica para eu vir a trabalhar com moda.
Q NORTE Amazonas Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas
Q CENTRO-OESTE
www.ciesa.br • (92) 3643-4200
Distrito Federal
Pará
Centro Universitário Planalto do
Universidade da Amazônia
Distrito Federal
www.unama.br • (91) 4009-3000
www.uniplandf.edu.br • (61) 3345-9206 Goiás
Q NORDESTE
Universidade Federal de Goiás
Bahia
www.ufg.br • (62) 3521-1000/1001
Faculdade da Cidade do Salvador
Mato Grosso
www.faculdadedacidade.edu.br •
Universidade de Cuiabá
(71) 3254-6000
www.unic.br • (65) 3363-1000
Ceará
Mato Grosso do Sul
Universidade Federal do Ceará
Universidade Anhanguera
www.ufc.br • (85) 3366-9500
www.uniderp.br • (67) 3348-8000
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mai · jul 2010
São Paulo Universidade de São Paulo
Maranhão Centro Universitário do Maranhão
Q SUDESTE
www.ceuma.br • (98) 3214-4277
Espírito Santo
Paraíba
FAESA - Faculdades Integradas
Q SUL
Centro Universitário de João Pessoa
Espírito-santenses
Paraná
www.unipe.br • (83) 2106-9200
www.site.faesa.br • (27) 2122-4100
Universidade Estadual de Londrina
Pernambuco
Minas Gerais
www.uel.br • (43) 3371-4000
Faculdade Maurício de Nassau de
Universidade Federal de Minas
Rio Grande do Sul
Recife
Gerais
Universidade de Caxias do Sul
www.mauriciodenassau.edu.br • (81)
www.ufmg.br • (31) 3409-5000
www.ucs.br • (54) 3218-2143
3413-4640
Rio de Janeiro
Santa Catarina
Piaui
Pontifícia Universidade Católica do
Universidade do Estado de Santa
Universidade Federal do Piauí
Rio de Janeiro
Catarina
www.ufpi.br • (86) 3215-5512
www.puc-rio.br • (21) 3527-1001
www.udesc.br • (48) 3321-8000
www.usp.br • (11) 3091-1003
Jornalista recém-formado, já havia tido lá minhas experiências como repórter de música, cinema e alguns lampejos literários timidamente apreciados paróquia afora. Na fase mais junkie da faculdade, ostentava um cabelinho questionável de jogador de futebol europeu e me cercava de cineastas conceituais neomodernos experimentais engajados e músicos malditos. Naturalmente, ao me recuperar dessa vida devassa, estava devidamente formado e contratado como designer de um caderno de cultura num jornal. Foi aí que algo mudou. Por razões administrativas, o jornal decidiu me colocar numa nova função, desenhando páginas de cadernos femininos. Sim, com direito a todo tipo de roupinhas, penduricalhos, tratamentos de beleza, desfiles e eventos dos quais nunca tinha ouvido falar. Junto à minha participação no projeto da re-
vista Profissão Moda, tudo isso foi um tratamento de choque. No início, meus amigos não aceitaram bem esse novo estilo de vida e cheguei a negar que havia feito certas páginas que, sob ostensiva pressão e influência de terceiros, fui obrigado a ilustrar com florzinhas, por exemplo. Foram muitas lágrimas sobre o teclado até minha editora perceber como aquele processo estava sendo difícil para mim e, mesmo sem meu consentimento, me alçar filantropicamente à condição de seu “projeto”. Resultado: aprendi que nem tudo que é filé é de comer, pois também existe um tecido que responde pela mesma alcunha; que nem todo pé direito tem chulé, pois isso também pode ser a medida entre o chão e o teto de um ambiente; que existe uma cor chamada grená (tipo bordô, mas um pouquinho mais claro, sabe?), e tantas outras coisas que me deixaram um tanto mais sofisticado, digamos assim. Mas o momento derradeiro foi quando, numa conversa qualquer, sem querer mencionei que estávamos na estação outono-inverno. E estava certo. Nesse momento me deparei com o que haviam me transformado. Sem perceber, de repente eu estava cara a cara com meu lado negro (ou seria grená?). E não adianta negar, pois chega uma hora em que a sexualidade do cara é questionada e ele precisa sair do armário e se assumir como hétero, caso seja. No meu caso, foi aí que me olharam mais intrigados. De qualquer forma, continuo progredindo e me instruindo sem que minha sexualidade seja colocada no reto, quer dizer, na reta.