Revista Profissão Moda #1

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ÁGUA DE COCO POR Liana THomaz

Ela invadiu sua praia Q P U RO C O N C E I T O

! Q

Caio fotografa todos os ritmos

Q GARIMPO

Bem-vindos ao País das Maravilhas

Q P O NT O D E V I S TA

Figurinista entrevista figurinista



{ vitrine }

18

58

LIANA THOMAZ NO FRONT STAGE ;

OFÍCIO ;

Q Modelagem: grande demanda na área e poucos profissionais qualificados. Saiba mais sobre o perfil do profissional!

Q Água de Coco faz 25 anos e se consolida como referência internacional em beachwear. Confira uma super entrevista com a estilista e criadora da marca, Liana Thomaz!

12

PERGUNTE ;

41

GARIMPO ;

54

42

ENTRELINHAS ;

44

LOMO SOCIAL ;

Q Nossa coluna social: confira os eventos que andam reunindo fashionistas de plantão e agitando as terras alencarianas!

52

HISTÓRICO ;

VISTORIA ;

Q Desvendando Ronaldo Fraga: o último desfile do estilista mineiro confundiu e emocionou. Mas será que foi só despretensão?

Q Pakalolo, marca queridinha dos anos 80/90, voltou com força total! Saiba mais sobre a história da marca e sobre o novo posicionamento.

A E TEM MAIS

Q Também adora o figurino de “Viver a Vida”? Marie Salles, figurinista da Rede Globo, responde para a gente como é o trabalho por trás da novela das 8.

Q Alice chegou com tudo! Com o sucesso do filme, a febre contamina várias marcas. Garimpamos vários produtos que vão te deixar alucinado!

Q Dona Florinda: visitantes do Portal Profissão Moda são selecionados para conhecer a fábrica da marca e contam tudo sobre a experiência!

l Você também pode acessar a revista Profissão Moda na internet. É fácil. É rápido. É só acessar o endereço www.profissaomoda.com.br/revista

11 16 25 26 28

GENTE BOA ; BAZAR ; FORMULÁRIO ; INSPIRAÇÃO ; PURO CONCEITO ;

43 48 62 63 74

TRENDING TOPICS ; EVENTUALIDADE ; PONTO DE VISTA ; CONTRAPONTO ; SIRVA-SE ;



{ expediente }

{ na redação } por

08

A GABRIEL SANCHEZ

A IVNA MACEDO

A LIA MACHADO

Imagem: Juliana Xavier

ALINY BORGES 09

mai · jul 2010

mai · jul 2010

Q editor de conteúdo, assistente de produção, revisor de textos e, quando necessário, motorista da nossa revista.

A MARCOS MELO FILHO

Q editor do conteúdo do portal Profissão Moda, também Dj oficial da redação e rostinho bonito nas nossas horas vagas.

Q editora de conteúdo, diretora de produção e aquela chata que cobrava o deadline de todo mundo.

A MARIANA DE CASTILHO

Q editora de conteúdo do portal Profissão Moda, nossa Dj oficial e também eletricista, técnica de computador, serviços gerais etc.

Q editora de conteúdo, diretora de produção, coletora de imagens e passadeira de ferro como nenhuma outra.

A RAQUEL CARIOCA

Q jornalista responsável, futura esposa e revisora. Raquel tem o blog "Prontas pra Casar" para ajudar as noivas desesperadas.

Editora:

Colunistas:

Colaboradores:

Aliny Borges

Caio Castelo, Mônica Lucas

Caio Ferreira, Clara Dourado, Cyntia

Editora Assistente:

Projeto Gráfico:

Tavares, Felipe Borges, Gabriel de

Ivna Macedo

Vitamina © Escritório Criativo

Sousa, Gabriela Dourado, Jackson

Jornalista Responsável:

Direção de Arte:

Araújo, Janety Guilherme, Mariza

Raquel Carioca MTB CE 02046 JP

Chico Neto

Macedo e Vinícius Aguiar

Revisora:

Impressão:

Vendas:

Raquel Carioca

Halley S/A

(85) 32423585

Fotógrafa:

Distribuição:

(85) 86325277

Roberta Braga

Gratuita

comercial@profissaomoda.com.br

A Revista Profissão Moda é um espaço aberto para novas idéias. Agradecemos colaborações com conceitos, textos e imagens.

U

m frio na barriga, uma ansiedade boa, um pouco de medo e uma dose de pretensão. Fazer pela primeira vez alguma coisa que se deseja muito traz sempre essa mistura de sensações. Será que vamos conseguir? Será que é o momento certo? Será? Será? Ah! Vamos fazer, vamos unir forças e mostrar o que tanto queremos. Uma moda com a nossa cara, a cara de quem estuda moda, a cara de quem trabalha com ela, de quem ama, mas muitas vezes abusa também, de quem transformou a moda em seu negócio, sua vida, seu caminho. Após três anos com o site ProfissãoModa no ar todos os dias, conseguimos firmar um local que é ponto de encontro para quem procura informação, notícias fresh, contratar algum profissional de moda ou

anunciar vagas de empregos. Com o crescimento e amadurecimento da equipe ProfissãoModa percebemos que o sonho da revista poderia ser real. E porque não fazer, e porque não agora? Esse primeiro número da revista deixou a redação do ProfissãoModa a mil nos últimos meses. Tivemos a preocupação em fazer uma capa com uma profissional de moda de grande sucesso e que comanda hoje uma das marcas mais admiradas do Brasil. Levamos três convidados para conhecer os bastidores de uma fábrica de moda e relatar o que sentiram. Temos uma conversa super especial entre duas figurinistas que nos revelam curiosidades na hora de vestir as personagens da nossa querida novela das oito. Tudo isso você vai ler nas próximas páginas. E tem muito mais: invadimos o ateliê de um estilista super conceituado, fizemos um editorial de moda embalado ao som de estilos musicais. Aproveite cada página e comemore conosco, isso é só o começo!

Ó PODEROSA CHEFONA £ Editora-chefe da revista e do site e desafiadora das leis da Física. Essa, sim, conseguia estar em dois lugares ao mesmo tempo!


{ gente boa } A CAIO CASTELO

A CAIO FERREIRA

Atacado (85) 32323954 · vendas@desconexo.com Consulte linha de produtos underwear masculina e feminina.

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A CLARA DOURADO

mai · jul 2010

Q jornalista, designer gráfico e músico. Mantém o blog O Caio Caiu com suas empreitadas literárias e não gosta de queijo.

A GABRIELA DOURADO

Q jornalista, trabalhou como repórter. Apesar de fugir de pautas sobre moda na faculdade, elas sempre a encontram. E ela adora!

A PATRICK PONTES

Q maquiador e muito divertido. Já maquiou grandes estrelas como Regina Duarte e nessa edição colaborou com nosso editorial.

Q fotógrafo e super dedicado ao seu trabalho. Seu olhar diferenciado já rendeu a ele o posto de queridinho de muitas marcas de moda.

A JANETY GUILHERME

Q editora de imagens e moda e parceira do Profissão Moda. Seu sonho era ser arqueóloga. Ainda bem que não deu certo!

A ROBERTA BRAGA

Q fotógrafa de moda e já clicou as principais passarelas do Brasil. Já é fotógrafa oficial quando o assunto é Profissão Moda.

Q jornalista de moda, styling e editora do blog The Nerd Fashionist e blogs institucionais. É uma das realizadoras do evento Moda em Pauta.

A MÔNICA LUCAS

Q jornalista, trabalha nas áreas de economia e moda. Já morou nas terras alencarianas, mas hoje trabalha e estuda em Sampa.

A VINíCIUS AGUIAR

Q jornalista e assessor de imprensa. Já morou em Fortaleza, mas hoje reside em Sampa. Vocês vão sempre ver esse rostinho aqui.

Compre online www.gostrip.com.br


{ pergunte ao profissional }

Trocando Figurinhas por fotos

U

.

VINÍCIUS AGUIAR & CRISTIANE VIEIR A

J O Ã O M I G U EL J Ú N I O R • R A FA EL F R A N Ç A & R EN ATO R O C H A

ma imagem Para darmos o pontapé inicial na vale mais que seção Pergunte ao Profissional com Engana-se quem mil palavras, já o pé direito, convidamos Cristiapensa que mostra o dito popular. Se o corpo ne Vieira, figurinista da TV Verdes o trabalho fala, as roupas que o adornam Mares, afiliada da TV Globo em são responsáveis por transmitir Fortaleza e Marie Salles, a respondo figurinista valiosas e importantes informasável por criar os figurinos que você é simples. ções sobre o que queremos ser e vê na novela “Viver a Vida”, além dizer. São elas, que na tevê, teade produções como “Pé na Jaca”, tro e cinema são chamadas de fi“Bang Bang” e “A Favorita”, para gurino, as responsáveis por traduzir as idéias de um bate-papo que revela o bê-á-bá sobre a profissão roteiristas, diretores, atores, de personificar ima- de figurinista. O resultado da conversa você confere gens e personagens. Alguns deles povoados no agora. Inspire-se! consciente coletivo. --------------------------------------------------------------Quem não se lembra das meias de lurex usadas por Sônia Braga em Dancing Days ou do visual extravagante da viúva Porcina, vivida por Regina Duarte em Roque Santeiro? Ou até mesmo, mais recentemente, dos looks com referências safári vestidos por Helena, personagem interpretado pela atriz Tais Araújo na novela “Viver a Vida”, da Globo?

Q Marie, de quantas pessoas é composta

Entre assistentes, camareiros e costureiras, são cerca de 20 pessoas.

a sua equipe e como é distribuído

Engana-se quem pensa que o trabalho do figurinista é simples. Para criar uma imagem que transmita as informações corretas sobre quem a veste, como por exemplo a credibilidade, descontração, austeridade e mais uma série de traços da personalidade humana, é tarefa que requer um olhar apurado.

o trabalho?

Q Como você organiza a rotina diária de um figurino com

Montamos as roupas em

função do roteiro de gravação. Cada externa tem um

assistente de figurino.

tantas peças e com

Imagem: João Miguel Júnior

Muito do que sai das pranchas e croquis criados por estes profissionais e que chega aos guardaroupas de seus personagens, logo ganha as ruas, capas de revistas, editorias e vira moda. É grande a responsabilidade de definir os looks de personagens de novelas, filmes e programas, principalmente em um país em que a televisão é a principal vitrine dos costumes de seu povo. Aliás, essa responsabilidade é enorme.

tantos personagens diferentes?

Q Qual o papel da assistente que acompanha as gravações?

Quando eu monto as

externas/estúdios, cada roupa tem três opções. Cabe ao

assistente ver qual montagem fica melhor no ator ou atriz e acompanhar a gravação.

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n O Nordeste

Q Para a novela “Viver a Vida”, em vez de pranchas de referência você fez uma revista. Como funcionou esse processo?

Geralmente, com todos os

figurinos, eu faço um conceito em forma de prancha. Dessa vez foi em forma de revista. Primeiro converso com o

diretor e leio a sinopse. Faço uma enorme pesquisa em livros, revistas de moda e comportamento, sites de

moda e comportamento.

Também ando muito na rua

para ver o que as pessoas estão usando. Depois que o meu

conceito estava pronto, contei com a assessoria de outros

Q Você acha que o Ceará possui marcas com qualidade e variedade para

A novela “Viver a Vida” traz como pano de fundo assuntos

com o diretor e depois é passado para o stylist.

Luciana Galeão, Lurdinha Noyama, dentre outros.

Primeiro, depende da cena.

Você já veio buscar peças para seus figurinos aqui?

Q Qual a proporção entre peças compradas e criadas por você?

Na novela nós criamos o desfile de Petra, por

exemplo. Os personagens são todos conceituados e produzidos. Fazemos

m

poucas peças aqui, por ser

uma novela extremamente

Primeiro, depende da cena. O conceito é definido junto

estilistas, como Melkzda,

compor figurinos?

profissionais do ramo da moda.

Q

O Nordeste tem ótimos

tem ótimos estilistas, como Melkzda, Luciana Galeão, Lurdinha Noyama, dentre outros.

contemporânea.

Q Você leva em

do mundo da moda,

consideração os

desfiles, editoriais

cenários e a direção

Lógico. Tudo é debatido e conversado.

Imagem: Rafael França

fotográficos etc. Como

de arte para compor

Q

você define o conceito

a palheta de cores

Como você lida

para a construção

dos figurinos?

com as situações

dos figurinos desse

onde o ator se

Q

tipo de cena?

Como você lida

Q Produções com conceito de moda pedem peças mais vanguardistas que não funcionam muito bem no vídeo. Você altera as peças

Não concordo. Uso em

editorias tudo o que acho

que tem a ver com o clima

proposto. Aliás, já que temos este espaço em uma novela tão contemporânea, temos que ousar e mostrar o que está vindo por aí.

para adaptá-las?

Imagem: Renato Rocha Miranda

com as estampas e listras para não poluir a cena?

Gosto de estampas e tenho personagens que só usam estampas, como a Mia

(Paloma Bernardi) e Dora

(Giovanna Antonelli). Um

bom exemplo é a Dora e a Rafaela (Klara Castanho). As duas contracenam o

tempo todo, usam estampas floridas e sempre estão combinando.

Nunca vi isto acontecer,

pois tudo é escolhido em

conjunto, entre diretor, ator e figurinista.

recusa a usar determinado tipo de figurino? Há um consenso? Quem dá a última palavra?

Q O que mudou no estilo dos figurinos com a chegada do HDTV?

No estilo, nada mudou.

Na técnica, sim. As cores

ficam mais vibrantes e o

acabamento da roupa mais aparente.

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{ bazar } por

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{ bazar }

PROFISSÃO MODA

A

equipe do Profissão Moda uniu suas idéias às do jornalista Jackson Araújo para oferecer dicas do que está acontecendo, aconteceu ou que vai acontecer no universo cultural.

Q

Second Volume

Q Second Volume é o mais novo álbum da dupla de músicos She & Him composta por M. Ward, que é compositor e guitarrista, e pela atriz Zooey Deschanel. As músicas são leves e despretensiosas com letras divertidas.

Q

TIM BURTON

Q De novembro de 2009 a abril de 2010 o MOMA, em Nova Iórque, exibe uma exposição homenageando o roteirista, diretor e produtor de cinema Tim Burton. E para quem não pôde dar um pulinho em Nova Iórque, saiba que juntamente com a exposição foi lançado um livro que já está disponível nas melhores livrarias do Brasil.

por

JACKSON AR AÚJO

Jackson Araújo é Dj, sound stylist e jornalista. Atua como colunista fixo da revista Lícia e colabora com as revistas Vogue RG, Vogue e Serafina. Ele é nosso convidado para indicar suas preferências do que está acontecendo no Brasil e que vale a pena conferir.

Q

AEROSMITH

Q A banda vem novamente ao Brasil no final do mês de maio de 2010, em apresentação única em São Paulo, no dia 29. A nova turnê da banda intitulada Cocked, Locked, Ready to Rock já tem seus ingressos à venda online.

Q

COCO AVANT CHANEL

Q O filme rendeu uma divisão de conceitos. Uns amaram, outros já não gostaram tanto assim. O longa metragem retratou fielmente a vida da estilista antes de alcançar a fama. A sua história de luta e controvérsia foi interessante mesmo antes de atingir todo o glamour e renome que a maison hoje possui.

Q

BERLIM, TEXAS

Q “Berlim, Texas”, de Thiago Pethit: o cantor, que tem uma banda composta por mais quatro músicos, representa a nova sonoridade feita no Brasil com apelo global.

Q

PADRE CÍCERO: PODER, FÉ E GUERRA NO SERTÃO

Q Mais recente obra do autor Lira Neto. Reconhecido por suas excelentes biografias, o livro é história, cultura e tem leitura fácil em tom amistoso, como uma conversa entre amigos.

Q

THIAGO PETHIT

Q Thiago Pethit, em divulgação do seu mais novo “Berlim, Texas’, pela despretensão, arte e poesia. Para informações sobre shows no Brasil e mais, acesse o site do artista: www.thiagopethit.com.

Q

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Q Alice in Wonderland, de Tim Burton. Aliás, todos de Tim Burton, pelo tom dark poético com que monta suas narrativas. O filme do diretor entrou em cartaz no Brasil em abril de 2010.

Jackson Araújo é consultor de Moda, Analista de Trends e Sound-stylist, é colaborador do WGSN, o maior portal de tendências do mundo. É também diretor de conteúdo do radioblog Shhh.fm


{ front-stage front stage }

C

Para matar sua sede de moda por

om 18 anos de idade a cearense Q Liana, sua mãe trabalhou durante Liana Thomaz deu início à sua muitos anos com o ramo de confecção vida como comerciante venden- de moda praia. Veio daí a sua paixão do roupas e biquinis multimarcas. Hoje é dona de pelo negócio? uma das maiores e mais bem conceituadas marcas de moda praia do Brasil e do mundo, com 25 anos Na verdade não. Aconteceu por vontade e necesside mercado: a Água de Coco. Segundo ela, o grande dade minha mesmo. Casei muito nova, aos 18 anos, segredo para o sucesso obtido ao longo desses e precisava trabalhar. Pensei em um negócio, peranos está em unir qualidade, beleza, conhecimen- cebi que a moda praia era forte no país e achei que to cultural e respeito com o cliente. Atualmente, seria um mercado promissor para eu atuar. No além de biquinis, maiôs e sungas, estão entre os começo eu comprava peças e vendia na casa das produtos fabricados as batas, saíamigas. Depois de certo tempo das de praia, bolsas, calçados, eu abri uma pequena fábrica e o grande segredo acessórios para o público feminicomecei a confeccionar biquinis. para o sucesso no e bermudas e shorts para o público masculino. Q E nesta época você

obtido ao longo

.

R AQUEL CARIOCA

fotos

R O B ER TA B R A G A

tinha idéia que a marca desses anos Com um parque fabril de 8 mil água de Coco tomaria a metros quadrados localizado em proporção que tem hoje? está em unir Fortaleza, a marca conta com qualidade, beleza, mais de 500 funcionários, dividiQuando somos mais novos não tedos entre fábrica e lojas, produz mos muita visão de futuro. Porém, conhecimento mensalmente cerca de 50 mil peacho que trilhei o caminho certo cultural e respeito ças entre modelos de swimwear, quando, desde o início, posicionei fitness e acessórios. Atualmente, a Água de Coco como marca de com o cliente. as peças da Água de Coco por Liaclasse alta. Sempre usamos maténa Thomaz podem ser encontrarias primas de excelente qualidade das em todos os estados brasileiros, em mais de 500 e confeccionávamos para que as mulheres tivessem lojas multimarcas e 17 próprias e 2 franquias. No ex- desejo de comprar, usar e se sentir belas. terior, a marca está presente nos Estados Unidos da América, Canadá, Espanha, França, Alemanha, Itá- Q Em 2010 a Água de Coco está lia, Portugal, Japão, Austrália, Porto Rico, Ilhas Vir- completando 25 anos de criação. Porém, gens, Caribe, República Dominicana, México, Havaí, a marca só se tornou mais conhecida Ilhas Canárias, Costa Rica e África do Sul. no Estado há cerca de 15 anos e no Conheça um pouco mais sobre a empresária Liana Thomaz, saiba como tudo começou e como hoje é feita a exportação das peças legitimamente cearenses e que não encontram fronteiras.

cenário nacional há cerca de 10 anos, e principalmente após seu primeiro desfile na São Paulo Fashion Week (SPFW), em 2002. Você acredita que isto Se deve à eficaz estratégia de marketing ÓÓ

Em 1985, a estilista Liana Thomaz criava a Água de Coco com apenas uma máquina e uma costureira. Hoje, a conceituada grife swimwear tem espaço garantido no cenário mundial da moda.

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n O valor da nossa

qualidade está embutida no preço final das peças sim. Porém, partimos sempre do princípio que qualquer produto de marca tem que valer a pena e não simplesmente ter marca. Isso é respeito com o cliente.”

m

que a marca vem trabalhando mais fortemente ao longo desses últimos anos, ou acha que a melhor divulgação foi boca a boca devido à alta qualidade dos produtos? Começamos por um mercado inverso do que, habitualmente, a maioria das empresas faz. Iniciamos pelo atacado, vendendo em lojas multimarcas, e só após alguns anos fomos para o varejo, vendendo em lojas próprias, exclusivamente para a Água de Coco. Esse formato não foi muito favorável para uma maior evidência. A divulgação na SPFW ajudou muito a nos afirmarmos no mercado de moda praia no Brasil. Eu tinha

21

produto de qualidade pra apresentar, embora ainda existisse preconceito por parte de pessoas do sul e sudeste com uma marca cearense. O diferencial é que realmente sempre tivemos um forte posicionamento de marca e produto. Era complicado pro mercado aceitar uma cearense no mercado de praia, mas hoje as top models querem desfilar para a Água de Coco. Na maioria dos anos temos em nossa passarela a maior quantidade de tops da SPFW. Isso é muito gratificante.

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Os nossos desfiles estão sempre entre os mais cobiçados e as nossas festas durante as feiras contam com uma enorme presença de celebridades e personalidades. Entendo isso como um importante feedback. Imagem: Divulgação

Q Vocês sentiram algum preconceito durante a criação e o crescimento da Água de Coco? Sim, sentimos. Quando eu comecei com a Água de Coco a qualidade já era altíssima, mas as pessoas não entendiam porque peças custavam quase o mesmo preço de marcas de fora e já conhecidas havia algum tempo. Porém, nós conseguimos mudar esse cenário graças ao nosso posicionamento forte e contínuo.

Q

Um dos maiores diferenciais das grandes marcas está nas estampas e este é um ponto muito forte da água de Coco. Como se dá a criação das peças, criação das estampas e escolha das cores das coleções? Uma coisa muito legal do mercado de moda praia é que cada um faz sua coleção individualmente, independente de qualquer tendência de cor ou

Q Desfile Água de Coco por Liana Thomaz, em 2009, no São Paulo Fashion Week.

copiando coleções dos outros. Isso não existe. Cada um trabalha preocupado em fazer o seu melhor, independente das outras marcas. Todos querem criar conceitos e tendências. No caso da Água de Coco, antes de criarmos uma coleção nós fazemos um trabalho intenso de pesquisa no mundo inteiro e pensamos muito em possíveis diferenciais. Este ano, por exemplo, faremos coleção especial com o ilustrador Filipe Jardim, criador de estampas para Louis Vuitton, Tiffany e outras. Ele é muito forte fora do Brasil e está muito feliz por poder criar para nós brasileiros. Certamente ele ganhará muito espaço por aqui a partir deste nosso trabalho, assim como nós e nossos clientes ganharão com a arte dele. Nós nunca fazemos coleção para a Água de Coco com cores que simplesmente estão na moda. Nós fazemos o que achamos que realmente é bonito. Nós investimos forte em diferenciais, trabalhamos a nossa criatividade e não poupamos esforços para deixar nossos clientes satisfeitos. Tenho a certeza de que o que faz a roupa ser boa é deixar a mulher ÓÓ


23

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n Antes de os nossoS Q Com um parque fabril de 8 mil metros quadrados localizado em Fortaleza, a marca conta com mais de 500 funcionários, produz mensalmente cerca de 50 mil peças entre modelos de swimwear, fitness e acessórios.

bonita com o que ela está vestindo. Isso é primordial para trabalhar moda.

Q

Recentemente, para o verão 2010, a Água de Coco firmou uma parceria com a conceituada marca de absorventes internos Intimus, da Kimberly-Clark. Qual o objetivo estratégico da Água e Coco ao consolidar parcerias como esta? Nós estamos sendo procurados por estas grandes companhias, então tem sido algo espontâneo. Além da Kimberly-Clark, estamos há três anos com Havaianas, por exemplo. Outro exemplo é o Banco do Brasil, para quem criamos uma estampa especial para um cartão. Acredito que esta procura para firmação de parcerias se deve ao fato de que a Água de Coco dá retorno de mídia para as empresas. Temos um plano todo traçado como será o retorno para nós e para os nossos parceiros. No caso da Havaianas, posso citar o exemplo de que eles criaram uma peça especialmente para o nosso desfile na SPFW, com tons turquesa e dourado. Após o desfile muitas pessoas e empresas solicitaram

aquela peça especial para venda. Como a sandália foi criada especialmente para o desfile, essa venda não foi possível. Contudo, o fato foi um feedback muito importante para a Havaianas. A proporção que prevemos ter geralmente tem sido ultrapassada, graças a Deus. Há muitas marcas parceiras que ficaram impressionadas com o retorno que elas têm após o trabalho realizado com a Água de Coco. O nosso diferencial está em não as tratarmos meramente como patrocinadoras, pois nós nos importamos em oferecer retorno vantajoso. Meu filho Renato está bem inserido nisso e ele realiza com muito cuidado esse trabalho para que todos saiam satisfeitos.

Q

A Água de Coco está entrando no mercado editorial com revista própria. Qual é a proposta? A proposta é levar para os nossos clientes um bom roteiro de viagem, a boa moda e um pouco mais de cultura, entre outras coisas. Na nossa revista não tem propaganda, pois nós não queremos que ela seja simplesmente comercial. Assim como tudo o que fazemos, queremos apresentar qualidade.

produtos chegarem às prateleiras eles passam por vários testes na fábrica. O nosso consumidor é exigente, mas ele sabe que nós somos prestativos e damos a atenção necessária.”

m

Q Através da exportação e de outras importantes parcerias com multinacionais, como a Bloomingdale’s, os produtos da Água de Coco já chegaram até mesmo à glamurosa Dubai. Quando iniciou e como é trabalhada a exportação das peças da Água de Coco atualmente? A exportação da Água de Coco começou após muito estudo e após percebermos a força da marca. Isso tudo por que a exportação é um nicho de mercado muito difícil, uma vez que a modelagem e cultura nas diversas localidades são divergentes. Nos Estados Unidos as mulheres não têm muito bumbum e então as calcinhas são um pouco mais ÓÓ

Em 2006, a grife fechou uma parceria com a maior rede de lingerie e moda praia do mundo: a Victoria’s Secret. Isso demonstra o respeito e espaço que a grife conquistou no cenário mundial da moda.


{ formulário } por

fechadas. Na Europa as mulheres também gostam de uma calcinha fechada, porém são adeptas ao topless. Em cada lugar o gosto é diferente e isso dificulta muito o nosso trabalho, a nossa entrada. Apesar disso, eu ainda acho que a moda praia no Brasil deixa muito a desejar quanto à moda do Brasil. Nós ousamos mais. No caso da nossa parceria com a Bloomingdale’s, nós estamos muito felizes. Eles vendem outras marcas de moda praia e a nossa tem sido sempre a primeira a ser totalmente vendida. Com pouco tempo de parceria nós já recebemos uma nova solicitação de envio de remessa dos nossos produtos. No começo as grandes lojas tinham preconceito em comprar Água de coco, mas

nós sugeríamos que elas comprassem poucas unidades. E então elas solicitariam mais caso houvesse boa venda. Em poucos dias nós recebíamos novos pedidos de maior quantidade. Isso é gratificante. O nosso consumidor é muito fidelizado porque nós os fazemos satisfeitos. E o nosso consumidor é aquele que quer se vestir bem, com qualidade e que quer pagar um preço justo pelo que compra. ««««

MARIANA DE CASTILHO 25

n O marketing

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é valoroso pAra A empresa, mas o produto ter a qualidade desejada é ESSENCIAl para o marketing.”

Q

m

Porque na nossa profissão moda, exigem

tanto a um estagiário, por exemplo; sendo que estágio é mais aprender na prática do que entrar sabendo de tudo, pois às vezes o Imagem: Chico Neto

cara é bom na criação e desenho mas não fala inglês, francês etc

Q

Quanto eu pago para cadastrar meu

currículo no site de vocês?

O cadastro no Profisão Moda, tanto de currículos quanto de vagas das empresas é fácil de fazer e completamente gratuito. Nós queremos que vocês profissionais de moda tenham um espaço bacana para se projetar. Cadastre-se já acessando: www.profissaomoda.com.br

Q

O curso de Estilismo e Moda

Bem, em toda profissão a proposta de um estágio é o APRENDIZADO, de forma completa. No entanto, é verdade que algumas empresas exageram, e acabam "explorando". Por isso, foi aprovada a Lei do Estágio, que regulamenta desde a quantidade de horas trabalhadas até a remuneração. A nossa dica é: o estágio é uma oportunidade para aprender com os seus erros. Não tenha medo de errar! É assim que se aprende!

Q

Uma Editora de moda faz o que?

da UFC vai virar técnico?

Imagem: Divulgação

Q Desfile Água de Coco por Liana Thomaz, em 2009, na edição de verão do São Paulo Fashion Week.

Não. O curso de Estilismo e Moda da UFC (o primeiro em uma universidade pública federal) passará, em breve, por uma mudança estrutural que irá adaptá-lo às novas exigências do MEC e do mercado. Os alunos serão preparados para ter uma visão mais ampla do produto de moda, do conceito à venda. Porém permanecerá como curso de nível superior, e não técnico ou tecnólogo.

l

Um editor de moda é um profissional que trabalha no universo do jornalismo de moda, em publicações especializadas ou não. Em geral, possui formação acadêmica em jornalismo, mas atualmente, no Brasil, isto não é mais obrigatório. O editor direciona pautas, de acordo com uma determinada visão de estilo, seleciona fotos, organiza editoriais, identifica tendências, assiste a desfiles etc. Um trabalho exaustivo, mas fascinante.

O Profissão Moda, sempre por dentro do que acontece no universo virtual, criou um FormSpring para você tirar suas dúvidas, abrir seu coração e quem sabe até ganhar algumas promoções. Acesse e pergunte o que você mais deseja saber sobre nós! www.formspring.me/profissaomoda.


{ inspiração }

Asas à imaginação, liberdade criativa e fé por

C

Lino Villaventura, um dos estilistas mais completos do país, cria coleções que flertam com a arte e não apenas com o consumismo fashion. Aproveitamos a sua ausência e "invadimos" seu local de trabalho para descobrir seus segredos de criação e o seu cantinho favorito: seu ateliê. Quinta-feira, 15 de abril de 2010, nossa equipe é recebida por uma elegante mulher que se mostra extremamente "doce" e muito receptiva. Descobri então um dos segredos de Lino: Inêz Villaventura. Se dizem que "ao lado de um grande homem, sempre existe uma grande mulher”, aqui isto se confirma. Parte da manhã agradável que passamos no ateliê do estilista

.

JANET Y GUILHERME fotos

O processo criativo de designers e estilistas nos traz certa curiosidade. Afinal, quais segredos guarda um profissional de sucesso, o que o inspira em novas texturas, novas estampas, tecidos e coleções ultra criativas que buscam satisfazer e, principalmente, inspirar nossos desejos?

Q Inêz nos mostra um quadro com uma imagem sua, o ano de 1982, época em que posava de modelo fotográfico para as criações do jovem marido.

R O B ER TA B R A G A

devemos a ela, que nos apresentou o refúgio criativo de Lino e literalmente foi abrindo todas as portas e gavetas de mais de 30 anos da carreira de sucesso do estilista. Um escritório amplo e elegante, porém não menos aconchegante, cheio de impressões pessoais em todos os detalhes. Inêz nos mostra um quadro com uma imagem sua, o ano de 1982, época em que posava de modelo fotográfico para as criações do jovem marido, que ali começava a ser reconhecido na moda. De um armário, cheio de prêmios, como o “Sereia de Ouro” e outros, estavam muitos livros e objetos pessoais. Inez então retira um colete e um vestido, ambos respectivamente de 1975 e 1976 (peças que hoje fazem parte do seu acervo). Estas peças são da época em que Lino fazia, ele mesmo, de maneira artesanal, peças com tingimento do tipo tie dye e bordados construídos minuciosamente, um traço característico nas criações do estilista. Foi aí que encontrei mais um de seus segredos: amar o que faz!

"Lino sempre amou trabalhar de maneira artesanal. Sua habilidade com o artesanato é algo que lhe rende satisfação”, comenta sua esposa e fiel parceira. Na mesa de trabalho encontramos alguns croquis e anotações sobre suas idéias.

n Como Dídado e

Ícaro, criei minhas próprias asas, calcei as sandálias de Hermes e voei na imaginação...”

m

parte de um texto escrito por

Lino Villaventura em 19 de janeiro de 2010

Opa! Achamos o pote de ouro. Mas o que nos chama atenção é ainda uma imagem de Santa Edwiges. Pergunto a Inêz sobre a imagem e ela diz: “Santa Edwiges é a protetora de Lino. Onde quer que ele vá, ela o acompanha”, e afirma que também é comum o encontrarmos na igreja que leva o nome da santa, localizada na Avenida Leste Oeste, em Fortaleza. Enfim, descobri um dos seus mais importantes segredos: sua fé! O nome, que virou sua marca registrada, foi incorporado ao seu apelido de criança, quando morava na Vila Ventura, em Fortaleza. O Lino da Vila Ventura virou Lino Villaventura.


{ puro-conceito } Colete malha preto: Lugage • R$66,00 Blusa listrada: Lugage • R$ 86,00 Blusa verde furadinha: Lugage • R$ 132,00 Calça jeans: Lugage • R$ 369,00 Cinto: acervo pessoal Óculos: acervo pessoal Pulseira: Lugage • R$ 97,00 Anel: Frikotes • preço a consultar

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mai · jul 2010

Dance Like no One's Watching

n Stand

. texto fotos make-up

LIA MACHADO

CAIO FERREIR A

PAT R I C K P O N T E S

carving up the wall Why don't you open up at all? I am ready, I am ready for a fall

m

HOT CHIP

O título do editorial "Dançar como se ninguém estivesse observando" expressa toda liberdade presente na música e na moda. É o autêntico espírito do faça você mesmo à sua forma.


M

n Dia de luz

oda e música sempre tiveram uma relação muito próxima. Peças e estampas clássicas fazem parte do guarda-roupas de bandas de estilos musicais de A a Z. Da leveza da MPB à rebeldia do grunge. Da malemolência do samba à agitação do dance. Sentimentos que se traduziram na moda e tornaram-se estilo!

Festa de sol E o barquinho a deslizar No macio azul do maR

m

n Eu sou o

samba A voz do morro sou eu mesmo sim senhor Quero mostrar ao mundo que tenho valor Eu sou o rei do terreiro

Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli

m

Saia Floral: Lugage • R$ 192,00 Blusa branca alfaiataria: Lugage • R$ 263,00 Pulseiras: Frikotes • R$ 34,90 cada Brincos: Frikotes • R$ 21,90 Sapatilha: In • R$ 119,90 Anel: Frikotes • preço a consultar

Demônios da Garoa

Short branco: Coletivo • R$ 130,00 Blusa: Produção • R$ 89,90 Colares: Frikotes • R$ 44,90 e 39,90 Anel: Frikotes • preço a consultar Rasteira coral: In • R$ 66,90 Brinco: Frikotes • R$ 21,90 Chapéu: acervo pessoal

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mai · jul 2010


Blusão: Coletivo • R$ 112,80 Meias: Acervo pessoal Bota: In • R$ 249,90 Bolsa: In • R$ 139,90 Braceletes: Frikotes • R$ 31,90 e 29,90 Brincos: Frikotes • preço a consultar

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mai · jul 2010

Imagem: Ivna Macedo

n I wear my

Sunglasses at Night so I can so I can Watch you live and breathe your storylines

m

Tiga

Ó CAIO FERREIRA £ Ele deita e rola à busca da imagem perfeita. Graduado em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Fortaleza, o fotógrafo Caio Ferreira rapidamente conquistou posto de destaque no cenário da moda, graças ao seu distinto e surpreendente olhar.


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09

mai · jul 2010

mai · jul 2010

n

Colete jeans: Coletivo • R$ 89,00 Short xadrez: Coletivo • R$ 94,00 Bata azul xadrez: Lugage • R$ 220,00 Colar: Lugage • preço a consultar

Come as you are, as you were, As I want you to be As a friend, as a friend, as an old enemy

m Nirvana


Botas: Coletivo • R$ 98,00 Pulseira franjas: Acervo pessoal Vestido: Coletivo • R$ 140,00 Brincos: Frikotes • preço a consultar Anéis: Frikotes • R$ 17,90 cada Blusa xadrez: Lugage • R$ 172,00 Cinto dourado: In • R$ 47,90

36

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mai · jul 2010

mai · jul 2010

Imagem: Ivna Macedo

n

This is what a woman wants... Any man of mine better be proud of me Even when I'm ugly he still better love me And I can be late for a date that's finey

m

Shania Twain

Ó CAIXA DE PANDORA £ Botas: Melca Janebro para Coletivo • R$ 98,00 Pulseira franjas: Acervo pessoal Vestido: Francisco Matias para Coletivo • R$ 140,00 Brincos: Frikotes preço a consultar Anéis: Frikotes • R$ 17,90 cada Blusa xadrez vermelha: Lugage • R$ 172,00 Cinto dourado: In • R$ 47,90

A coleta de acessórios é fundamental para um bom editorial de moda. Afinal, com bons adereços uma peça simples pode se transformar em um look super interessante. Neste editorial buscamos elementos que se identificam com os estilos musicais, através de pesquisas de referências online.


n

Vestido: Produção • R$ 159,90 Pulseira: acervo pessoal Anéis: Frikotes • R$ 24,90 e 49,90 Bota: Renner • R$ 99,00 Colar: Lugage • R$ 110,00

can't get no satisfaction I can't get no satisfaction 'Cause I try and I try and I try and I try I can't get no, I can't get no

38

mai · jul 2010

m

Rolling Stones

. produção

EQUIPE PROFISSÃO MODA modelo

ARIANNE MIRANDA

modelo

BÁRBAR A MACIEL

assistente fotográfico

MANGUEIR A


{ garimpo }

C

om a estréia do remake de Tim Burton de "Alice no País das Maravilhas", a febre por peças que se relacionem ao tema aumenta a cada dia. O filme, muito mais inspirado no segundo livro da série, estréia no fim do mês de abril e promete dar o que falar. Confira no nosso garimpo um apanhado de objetos que prometem deixar qualquer chapeleiro maluco! Q Cordão feito com relógios antigos Preço R$ 60,00 Onde Encontrar Coletivo Acervo Aberto

Imagem: Catálogo Arroz de Festa

Q Sapatilha Melissa Preço R$ 110,00 Onde Encontrar Jelly

Q Guia Visual - Alice No País Das Maravilhas - Editora DK importado por Siciliano SA Preço R$ 34,00 Onde Encontrar Saraiva MegaStore

Q COlar naipe Preço R$ 21,90 Onde Encontrar Espaço Princess

Q sapatilha Grendha Ana Hickmann Preço R$ 47,90 Onde Encontrar Nas melhores sapatarias.

Q Baralho Alice In Wonderland Copag Preço R$ 12,30 Onde Encontrar www.copag.com.br Loja Virtual Copag

41

mai · jul 2010

Q Camiseta torre de baralhos Preço R$70,00 Onde Encontrar Banca de Camisetas

Q Bule que TAMBÉM É xÌcara Preço R$ 40,00 Onde Encontrar Spicy

Q Anel Rosas Falantes Preço Sob consulta Onde encontrar H. Stern

Q Camiseta Ratinho Preço R$ 229,00 Onde Encontrar Ellus


{ entrelinhas } por

{ trending topics }

T

GABRIEL SANCHEZ & MARCOS MELO FILHO

rending Topics, para quem vive na atmosfera dos microblogs e da rapidez, significa “tópicos mais populares”. São os assuntos mais comentados, mais polêmicos e mais queridinhos de todos aqueles que estão conectados com a modernidade.

Desvendando

42

mai · jul 2010

Ronaldo Fraga

Modelagens amplas, recortes agressivos, muito preto e contrastes. Masculino, feminino, avesso, direito, frente, costas? Nada é o que parece em se tratando de Ronaldo Fraga, o desfile sempre é um show (bastante) à parte dos demais. A homenagem à bailarina e coreógrafa Pina Bausch, no início deste ano, tanto confundiu quanto emocionou uma platéia sedenta pelo momento. Mas a coleção Outono-Inverno 2010, ao contrário do que muitos acharam, não foi só despretensão. Separamos ao lado quatro looks que remetem a tendências-chave da temporada:

2

)

1

)

l

DESIGN DE MODA NA UFC | A MAIS COMENTADA

Aqui na redação, a gente também tem motivo de muito blábláblá. Com mais de três anos de site, criamos muitas matérias - algumas bem polêmicas, outras bastante comentadas. Fizemos então uma seleção do “Top 3 Profissão Moda”, especialmente para você.

Q

FASHIO N STAKE | A MAIS ACESSADA

Os cursos de moda de todo país estão sofrendo reformulações em seus currículos e se transformanImagens: Roberta Braga

do em Design de Moda. Como não poderia deixar de ser, o curso de Estilismo e Moda da Universidade Federal do

O curso de Estilismo e Moda O Facebook da moda com cer-

4

)

1 Sobreposição: de peças, de detalhes

e até de estampas. Sobrepor é prático e garante versatilidade 2 Lurex dourado: brilho-hit dos anos 80 que voltou com tudo, mas em peças menos justas e mais elegantes 3 Modelagens amplas: peças grandes e estruturadas impõem personalidade ao look 4 Estilo militar: seja de forma literal ou mais disfarçada, o militarismo, com foco nos ombros, bolsos e botões, vem influenciando vários guarda-roupas

Q

teza deu o que falar e com seu lançamento muito mais vai ser comentado. A mais nova rede social promete impulsionar a indústria de novos talentos da

3

)

A matéria "Entrelinhas" procura entender a inspiração dos estilistas e de onde vem tudo que nos é mostrado nas passarelas. Acha que ainda existe algo nas entrelinhas? No site profissãomoda.com.br você pode visualizar o resto do conteúdo do desfile. Acesse!

moda, cadastrando usuários que

da Universidade Federal do Ceará

Ceará (UFC) também vai sofrer alterações em seu currículo. Para atender às exigências do Ministério da Educação, o curso passará por uma total reformu-

(UFC) vai sofrer

lação na grade curricular e as-

alterações em seu

no produto de moda, adquirindo

currículo

sumirá uma postura de enfoque toda uma nova formação teóri-

vão pagar quantias de dinheiro

ca e prática na área de Design

para ajudar aos novos estilistas

do Produto.

a produzirem suas coleções. Claro que o assunto gerou polêmica e muitos comenEsse dinheiro doado é convertido em créditos para o

tários entre pessoas que não entendem ao certo como

usuário cadastrado comprar as peças que desejar, as

vai se dar a mudança. Porém, a Universidade garan-

quais serão disponibilizadas no Fashion Stake. Saiba

te que isso não vai prejudicar seus alunos. Pelo con-

mais fazendo uma busca no profissaomoda.com.br.

trário, as mudanças virão para melhorar e atualizar

Digite “Fashion Stake” e leia mais!

o currículo dos estudantes de moda da UFC.

l

Leia na íntegra a matéria “UFC: Estilismo e Moda prestes a virar Design de Moda” em www.profissaomoda.com.br!

43

mai · jul 2010


{ lomo social }

Del Paseo Fashion Day

1

Felipe Naur, Paula Baquit e Lucas Diniz

2

O peso do grupo Coletivo

3

Romualdo Cassiano, Luiza Kemp e Ricardo

4

Krisley Karllen e Georgia Busgaib

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A contece u no dia 14 d e abril o lan ç amento d o Drag ã o Fashion . E ncontraram-se no S hopping Del Paseo , fashionistas d e tod os os locais da ci da d e . Ao som d o Dj G ilvan M agno e com d esfiles das marcas d o S hopping , o lan ç amento acontece u com mu ita d escontra ç ã o .

5

Lilian Porto e Inara Almeida

6

Cika Kalixto, Cláudio Silveira e Mark Greiner

.

por fotos edição

IVNA MACEDO

R O B ER TA B R A G A

GABRIEL DE SOUSA

A participação do Dragão Fashion Brasil aconteceu com a exposição de 24 peças confeccionadas pelos estilistas cearenses Mark Greiner e Lindebergue Fernandes.


1

Daniela Sarahyba

2

Meire Torquato

Desfile NSiX e Tor4

F oi no L a M aison Du nas qu e M eire T orqu ato e s u as irm ã s d eci diram apresentar as mais novas cole ç õ e S d e s u as marcas . O cenário lon drino e inspira d o no Roc k 'n Roll d os B eatles foi pano d e f u n d o para as novi da d es qu e elas tinham para nos mostrar . Rostos bonitos e importantes como Daniela C icarelli e Daniela S arah yba estavam lá representan d o as marcas e fa z en d o bonito! 46

3

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Júlia e Tânia Reis

. por

IVNA MACEDO

fotos

NICOL AS GONDIM

edição

4

Daniela Sarahyba e o fotógrafo Nicolas Gondim

5

Renata, Meire e Mazé Torquato

7

6

As Danielas fizeram bonito na passarela

8

Eveline Duarte e Patrick

GABRIEL DE SOUSA

Livia Saboya e amigo


{ eventualidade }

Informação e moda juntas Como o maior evento de confirmação de produ tos de moda da A mérica L atina, o Senac Moda Informação, realizado pelo Senac-SP, já acontece desde 1993 e a cada ano supera 48

as expectativas.

mai · jul 2010

.

por

LIA MACHADO

fotos

DIVULGAÇÃO

O evento reuniu mais de 1500 visitantes, todos

C

omo o maior evento de confirmação de produtos de moda da América Latina, o Senac Moda Informação, realizado pelo Senac-SP, já acontece desde 1993 e a cada ano supera as expectativas. O evento, voltado para facilitar a pesquisa dos profissionais da área de moda na hora da criação, tem duas edições anuais - geralmente uma em março e outra em outubro, antecipando o que vai ser tendência no verão e no inverno do ano seguinte. Os participantes, além de assistirem a palestras dos mais variados segmentos do ramo sobre estudos feitos nos principais centros internacionais da

anciosos para conhecer as moda, recebem um caderno de produtos com valiosas informações sobre modelos, tecidos, cores, modelagens, padronagens e matérias-primas que vão servir como guia na hora de encontrar o caminho certo para suas criações. No último 25 de março, no Memorial da América Latina em São Paulo, o Senac Moda Informação chegou à sua 35ª edição. O evento reuniu mais de 1.500 visitantes, todos ansiosos para conhecer as inspirações e tendências do próximo verão e ainda um preview para o inverno. Tudo isso com o intuito de decodificar ÓÓ

inspirações e tendências do verão e ainda um preview para o inverno

No Senac Moda Informação, além de diversas palestras, você também encontra stands com vários lançamentos na feira de expositores e parceiros do evento.


informações e adaptá-las aos segmentos de surfwear, moda praia, infantil, acessórios, streetwear, jeanswear feminino, moda íntima, além do feminino e masculino casual. Para a estação mais quente do ano, o 35º Senac Moda Informação aposta nos seguintes temas: “Balmania”, “Divas Modernas”, “Doce Malícia”, “Étnico”, “Náutico” e “Resort Tropical”. A palestra da coordenadora da área de moda do Senac, Tatiana Putti, sugeriu como cores todos os tons de bege e utilitários, do off white ao verde militar, passando pelos já tão comentados nudes ao coral, queridinho das ultimas estações. Há espaço também para os azuis, desde os turquesas aos marinhos, explorando os indigos em vários tons. Destaque também para os clássicos preto, branco e cinza, e aos coloridíssimos rosas, laranjas e amarelos. Em destaque nessa edição, abrindo o evento, Adriana Yoshida apresentou em primeira mão uma pesquisa que abordou o comportamento do jovem, o reflexo no consumo e os novos códigos. Houve ainda um encontro entre Alessandra G. Berlinck, Baixo Ribeiro e Ricardo Piazza no “Mo-

mento Urbano”, falando sobre a influência dos movimentos urbanos no comportamento de consumo. Em seguida uma coletiva reuniu Aissa Basile, Denise Morais, Luciana Parisi, Raquel S. Müller e Renato Shibukawa debatendo sobre os pontos fortes do segmento feminino para o verão 2011. A comunicação visual dessa 35ª edição resgatou as belezas do planeta e foi, mais que um apelo ecológico, uma homenagem ao astronauta russo Yuri Gagarin e sua célebre mensagem transmitida no espaço em 1960: A Terra é azul! Nem bem os participantes desfrutaram de seu novo material de pesquisa e a próxima edição já tem data marcada: dia 30 de setembro de 2010. É anotar na agenda e aproveitar mais uma rodada de boas informações de moda!


{ histórico } por

IVNA MACEDO & JANET Y GUILHERME

Descontraída

e colorida

A Pakalolo, grande ícone da moda teen dos anos 80, está de volta às prateleiras das lojas multimarcas e também já possui loja própria. A marca, que teve suas peças retiradas de circulação nos anos 90, voltou com gás total no ano de 2009 com a opção de franquia e, antes disso, com a sua distribuição em multimarcas.

52

mai · jul 2010

A marca, que sempre fez uma moda descontraída e colorida, permaneceu na memória dos jovens e agora está fazendo produtos para um público um pouco mais maduro. O grupo Marisol foi o responsável pela compra da Pakalolo em 2005, optando por voltar não para o público de 8 a 14 anos, mas sim para os mesmos jovens que compravam Pakalolo há 10 anos. Atingindo, portanto, um público de 18 a 25 anos. Conversamos com Juliano Reghini, que é o porta-voz da marca e que nos explicou direitinho como foi a volta da marca ao mercado.

Q Com as múltiplas alternativas de escolha de produtos oferecidas ao cliente e o novo cenário competitivo das marcas em escala global por meio da internet e do Neoconsumidor, como surgiu o projeto de resgatar uma empresa ícone do passado como a Pakalolo para os dias de hoje? Fizemos uma série de pesquisas e ficou caracterizado que a marca possui um excelente recall. Essas boas lembranças, aliadas à estratégia da empresa, foram definitivas para que a Pakalolo retornasse ao mercado com todo o gás. É a mesma marca, porém adequada aos consumidores do século XXI.

n BOAS

LEMBRANÇAS ALIADAS À ESTRATÉGIA DA EMPRESA FORAM DEFINITIVAS PARA QUE A PAKALOLO RETORNASSE AO MERCADO COM TODO O GÁS.

Q A marca resolveu continuar a atender antigos consumidores - jovens que, hoje, estariam entre os 22 anos, visto que há dez anos a empresa visava o público pré-adolescente. Em que se baseou a decisão diante do novo cenário para este jovem adulto? Após a realização de uma série de análises de dados de mercado, de pesquisas e de uma verificação das características da marca, definimos o Target-market Pakalolo. Além disso, para atender um público mais jovem, que possui características e comportamentos diferentes, criamos a Pakalolo Connect.

m

Q Quais as principais mudanças e investimentos ocorridos para melhor atender, reconquistar e dar um novo fôlego à marca? Os estudos de novos padrões de modelagem e de matérias-primas com tecnologias diferenciadas foram alguns dos investimentos para melhor atender os novos consumidores. Temos ainda as inaugurações das lojas que possibilitam aos consumidores uma experiência com a marca, além de parcerias em eventos e investimentos em mídias impressas e eletrônicas.

Q Campanha Inverno 2010 Pakalolo fotografada nas Serras Gaúchas

Q Hoje, fala-se muito do fast

fashion. Como a Pakalolo direciona o seu processo criativo na hora de estabelecer coleções? A equipe de estilo e produto acompanha de perto os movimentos do mercado e então estabelece, o direcionamento conceitual, respeitando sempre a essência da marca para esse tipo de coleção.

Q Pois bem, os adolescentes cresceram, a marca foi redesenhada e algumas lojas foram abertas. As expectativas da retomada foram confirmadas? Quais projetos a marca possui para ampliação e distribuição no mercado interno e mercados futuros?

Q Loja da Pakalolo localizada no Morumbi Shopping, em São Paulo.

Q Campanha Inverno 2010 Pakalolo fotografada nas Serras Gaúchas

Sim, com certeza as expectativas foram confirmadas. A ampliação no número de lojas ainda para este ano e o desenvolvimento de alguns mercados com a distribuição, através de lojas multimarcas, são alguns planos para o futuro da Pakalolo.

O Grupo Marisol, que possui uma unidade fabril no Ceará, é responsável também pela produção das marcas Lilica Ripilica, Tigor T. Tigre e Marisol.


{ vistoria } por

GABRIEL A DOUR ADO

n

ESTILISTAS EXISTIRÃO MUITOS. TENHA A CAPACIDADE DE ABSORVER O QUE O MERCADO QUER

m

Josenias Júnior

Dona Florinda recebe visitas

O

O Profiss ã o M oda resolve u inovar em s u a revista d e estréia e convi d ou leitores d o portal para se 54

mai · jul 2010

s felizardos foram Luciana Bouth, estudante de design de moda; Lucas Magno, estudante de jornalismo e blogueiro, e Cacau Jr, estudante de estilismo e moda. E eu, também convidada pela equipe. A missão dos convidados era visitar a Araújo&Brilhante, fábrica das marcas Dona Florinda e Famel, localizada no município de Pacajus, e escrever sobre a experiência.

tornarem rep órteres por u m dia . .

por

GABRIEL A DOUR ADO

fotos

GABRIEL A DOUR ADO & LUCIANA BOUTH

Ao chegarmos à fábrica, aguardamos um pouco na companhia da recepcionista e nossos convidados mostram suas impressões. "Até então a grandiosidade do local aguçava a curiosidade, mas eu acreditava que iria ser apenas uma visita usual. Logo após cumprimentarmos alguns funcionários que passaram por nós, surge Leila

Germano (setor de marketing) para nos receber", observa Cacau. Lucas explica que Leila ficou responsável por mostrar todo o processo de criação de novas coleções, desde o desenho, as reuniões, os setores de confecção até o produto final. Já na primeira sala, a do estilo, uma cena chama a atenção dos estudantes: "Jair e Melina, estilistas da marca, sentados no chão escolhendo o que será ou não usado na próxima estação. Imagem que as pessoas costumam desvencilhar do meio da moda e acabam achando que tudo é feito com muito glamour. Melina vira e solta a frase: 'Me considero uma operária da moda' e detona com esse estigma certamente mentiroso", reflete Lucas. Gente, cadê o glamour? Cacau era o convidado que mais perguntava e absorvia tudo o que cada entrevistado tinha para contar. Ainda nesta sala, conversamos com Raquel Araújo, wash designer da empresa. "Raquel nos contou que essa designação surgiu da necessidade de segmentar essa função do estilista. Seu trabalho consiste em pesquisar lavagens inovadoras, realizar diferentes lavagens no mesmo artigo, além de acompanhar de perto as lavanderias durante todo o processo", explica Cacau. ÓÓ


A anfitriã Leila nos encaminha ao seu local de trabalho e, orgulhosa, nos apresenta a sala de Marketing. Lucas, em suas observações, faz questão de salientar que o marketing e a publicidade da Dona Florinda/Famel são parte integrantes do sucesso comercial feito no Ceará e no Brasil. "De um bom gosto indiscutível e muita dedicação, a marca sempre esteve no top das propagandas, seja pelas vitrines futurísticas ou comerciais televisivos bem produzidos. Precisa-se gastar para poder ganhar". Cacau atenta para a presença de Iorrana Aguiar, gerente de marketing, Luciana Accioly, que cuida da parte burocrática e Álvaro Azevedo, designer, responsável pelas mídias veiculadas. O interessante é que, ao imaginar uma fábrica, automaticamente remetemos a Charles Chaplin e seu personagem, o vagabundo, em Tempos Modernos. Esperava encontrar máquinas e operários automatizados, fazendo movimentos repetitivos e sendo engolidos por gigantes engrenagens. Na verdade, ao chegar na área de produção das peças, nos lembrou muito pouco o filme em preto e branco. As máquinas não pareciam mais importante do que as pessoas. Um exemplo disso são os projetos sociais da empresa. Lucas explica: "O projeto Meu Setor é um dos mais interessantes e dá a oportunidade de funcionários de outros departamentos passarem um dia inteiro conhecendo o trabalho de outro colega. Ótima idéia para ser implantada em diversas indústrias. Já o projeto Portas Abertas dá a chance de trabalho para as detentas do presídio de Pacajus. As mulheres costuram, modelam e diminuem o tempo de pena, além de já saírem encaminhadas para o setor têxtil, muitas vezes trabalhando até para a própria Dona Florinda".

O marketing e a publicidade da Dona Florinda/ Famel são parte integrantes do sucesso comercial

A sensível Luciana observa o semblante dos funcionários. "Na fábrica não falta trabalho, os funcionários parecem cansados, mas é notório o orgulho e prazer que eles sentem de fazer parte daquela engrenagem. É impressionante como qualquer profissional de qualquer setor sabe diferenciar as Marcas Dona Florinda e Famel, até só de olhar para um material eles sabem dizer o que vai para qual marca", analisa.

Ao final da visita dos estudantes, nada como conversar com a cabeça pensante de tudo isso. O idealizador da Dona Florinda que, em sociedade com Fátima Brilhante, faz funcionar todo esse império. Josenias Junior entrou no mundo da moda quando ainda nem existia faculdade especializada em Fortaleza. Cruzamos com ele assim que chegamos na fábrica, e todos os convidados se entreolharam, como se estivessem frente a um mito. A primeira resposta de Junior desconstrói todo esse estigma quando ele faz questão de enfatizar que, se hoje acreditam que ele é inacessível, É porque não compartilha com a "hipocrisia e falsidade do mundo da moda". Junior nos dá uma aula de humildade, persistência e consciência. Os três convidados anotavam em seus bloquinhos cada palavra do estilista, mas dava para perceber que eles estavam interessados em absorver cada ensinamento. "Ele faz um trabalho fantástico e inspirador. Garante que o que alimenta o seu trabalho é o amor que sente pelo que faz e o dinheiro é uma mera conseqüência", observa Lucas. “Devido a sua história cheia de conquistas, o estilista transparecia uma aura de simplicidade. Mas era notório que a pessoa com quem conversávamos não tinha nada de comum. Ao longo do diálogo, nós, jovens estilistas pedimos um conselho, Josenias Júnior foi enfático: 'Estilistas existirão muitos. Tenha a capacidade de absorver o que o mercado quer e não o que você acha que pode dar ao mercado'”, atenta Cacau.

n

NA FÁBRICA NÃO FALTA TRABALHO, OS FUNCIONÁRIOS PARECEM CANSADOS, MAS É NOTÓRIO O ORGULHO E PRAZER QUE ELES SENTEM

m

Luciana Bouth

Com uma visão empresarial, Luciana procura características que fazem que a empresa seja um sucesso. “A Araújo&Brilhante mantém o mesmo profissional de estilo há 13 anos. É notório que essa marca entende que um profissional talentoso, com todas as condições necessárias para o trabalho é essencial para que haja a formação de uma identidade e assim a fidelização de um público. Sem dúvidas, a estrutura do grupo é, no mínimo, inspiradora para qualquer profissional e para qualquer empresário, seja qual for seu segmento, para obter sucesso”. Depois de três horas de visita, todos saíram satisfeitos e com o sentimento de dever cumprido. Os três leitores do portal Profissão Moda ficaram felizes por receber um convite tão especial, já que são leitores assíduos e sempre comentam as matérias. "O dia foi de frases inspiradoras e de ótima informação de moda", conclui Lucas. Já Lu fica encantada com a dinâmica e logística da empresa. Cacau não parou de falar um minuto, expondo tudo o que aprendeu nesta tarde. "Valeu a pena não ter desistido de vir por causa de uma prova. Aqui aprendi tanto quanto ou mais do que na faculdade".

57

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{ profile } por

MÔNICA LUCAS

Imagem: Reprodução

Procura-se modelista. Paga-se bem.

O mercado de moda é disputado, não há dúvidas. Mas há uma área onde sobram vagas: a modelagem. Função de muita importância, mas pouca visibilidade, não seduzindo tanto os estudantes quanto o estilismo, styling ou produção de moda. Contudo, a carência provoca disputas acirradas pelos melhores profissionais e um bom modelista pode impor seu preço. “Em São Paulo, dá para ganhar de 5 a 10 mil reais ou até mais”, assegura José Luís de Andrade, professor do bacharelado em Design de Moda do Senac-SP. Antigas costureiras, com experiência adquirida na prática dando apoio às confecções, estão se aposentando. Segundo Andrade, a reposição é lenta, pois o aluno geralmente chega ao primeiro dia de aula com a convicção de que quer ser estilista e sequer sabe que existem outras possibilidades. Nem sempre as universidades estão preparadas para ampliar horizontes. Em contraponto, nos cerca de 150 cursos superiores em Estilismo, a habilitação em Modelagem do Senac é a única do país. “Em média 40 pessoas se formam por ano neste curso, normalmente já empregadas”, diz Andrade. O modelista não sobe à passarela ao final do desfile, mas seu trabalho é fundamental para o resultado. É ele quem dá ao tecido plano e ao croqui do estilista a tridimensionalidade que o corpo exige, ao executar os moldes que servirão de base à peça-piloto. Aprovada, ela pode ser replicada na confecção. Maria de Jesus Farias, modelista e professora do curso de Design de Moda da Faculdade Católica Cearense, explica que “o objetivo é mostrar a silhueta e realçar a perfeição da forma, considerando em conjunto as texturas, cores e materiais. É uma técnica que exige precisão para materializar a criação pretendida”.

COMO n OS MODELISTAS

SÃO MAIS RAROS, NUMA CRISE, O MAIS PROVÁVEL É QUE O ESTILISTA SEJA DISPENSADO PRIMEIRO.

m

Nilzethe Gusmão

59

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Modelistas especializados em vestidos de festa, por exemplo, são os que recebem melhor remuneração, embora este seja um investimento que representa economia para as empresas. “Trabalhar com um profissional com domínio técnico e informação reduz custos. Do contrário, uma mesma peça pode ir para a pilotagem até cinco vezes e atrasar a produção, dando prejuízo”, comenta Mari Ângela Ramondini, modelista há 15 anos e consultora de empresas, com experiência na confecção da Daslu e G. Nilzeth Gusmão, professora de Modelagem do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo, reforça: “Como os modelistas são mais raros, numa crise o mais provável é que o estilista seja dispensado primeiro”.

Encontrar um bom modelista não é tarefa das mais fáceis. Quem tem o seu se esforça para segurá-lo. Glaucia Stanganelli, estilista da marca Philosofee, lembra o processo de seleção: “temos poucos profissionais bons e experientes no mercado. Foi difícil montar a equipe. Muitos testes, muitos erros...”. Até que vieram os acertos e a marca conta há três anos com cinco modelistas. Mas apenas um bom salário não é o suficiente para o sucesso dessa relação. Sintonia e boa comunicação também são essenciais para que o trabalho se desenvolva com sucesso e faça chegar ao armário o que todo consumidor deseja: uma peça com bom caimento.

A média salarial de um modelista, no Brasil, pode vaiar de 1,5 mil a 2,5 mil reais, dependendo do perfil da empresa, ele pode ganhar até mais que o estilista.


{ tutorial }

Descole seu boyfriend

Q Tachinhas, muitas tachinhas (você as encontra em lojas de aviamentos e botões)

E

No nosso tutorial, vamos ensinar passo a passo como transformar aquela calça jeans velhinha em uma bermudinha boyfriend na tendência rocker!

magreceu e seu guarda roupas está cheinho de calças grandes demais? Seu irmão tem calças antigas que estão sem utilidade? Agora elas terão!

Fortaleza sempre foi conhecida como a cidade da luz, mas nessa estação estamos competindo com o Rio: 40° C. Para combater o calor, nada melhor do que aquela bermudinha e nada mais confortável do que uma modelagem boyfriend, não é mesmo?

Q Tesoura para tecido

Q Alicate de bico

Q Mãos à obra! Primeiro você vai cortar as pernas da calça cerca de cinco dedos abaixo do final do gancho, que é onde a costura da frente se encontra com a costura das costas. Passe a lixa de ferro na barra do corte para que a bermudinha fique com puídos e dê um toque melhor no acabamento.

Q Dobre a barrinha da sua mais nova bermudinha e lixe um pouco mais para ficar com a cara mais detonadinha. Em seguida, passe o ferro na barra para marcar o vinco da dobradura.

Q Comece a aplicar as tachinhas uma a uma. Pode ser com as mãos, mas melhor fazer com um alicate de bico para não cansar os dedos. Dobre cada perninha da tachinha com o bico do alicate, lembrando sempre de apertar bem para que a tachinha fique bem presa.

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Q Lixa de ferro (você pode encontrar em lojas especializadas em ferramentas e construção)

Q Uma calça jeans velha, geralmente dois números de manequim maiores do que o seu. Se você veste 38, tente uma calça 40.

Q Ferro de passar roupa

Q Elas vão ficar enfileiradinhas assim. Certifique-se de que suas tachinhas estão bem firmes para que não saiam na hora em que for lavar a peça.

Q Pronto! Você agora, gastando pouco, já tem um shortinho boyfriend moderninho para passear no calor do verão.


{ ponto de vista } por

MÔNICA LUCAS

Curvy: é uma onda ou veio pra ficar?

Se você acompanha revistas de moda estrangeiras, deve ter percebido uma presença maior das chamadas modelos “plus size”, geralmente moças com manequim 42/44, como a maioria de nós. Primeiro foi uma barriguinha saliente na revista Glamour de setembro, depois a V Magazine com editoriais como “Curves Ahead” e “One Size Fits All”. Mais recentemente a Elle francesa finalmente deu sua capa a uma “plus size” de respeito, a modelo Tara Lynn, de manequim 48. Afoita como de costume, a mídia soltou seus rojões: “as gordinhas são a bola da vez”, “a nova onda é ser curvy”. Calma, calma, não é bem assim. Nosso modo de vida está ligado ao mundo da informação; e a presença de outros padrões corporais na mídia indica que podemos estar no caminho certo para novos valores (eu acredito nisso!). Mas não se iludam, isso não acontece num estalar de dedos. Vejamos: bem no meio da festa, a Universidade do Arizona divulgou um estudo sobre o impacto dessas imagens da mídia sobre as consumidoras. O resultado foi que a maioria delas sente-se mal com o próprio corpo ao ver modelos “plus size” em evidência em anúncios e capas de revista. Dá para entender? Claro. Ainda que estejamos num mundo cada vez mais acelerado, não é fácil para a sociedade se livrar de décadas de domínio da magreza absoluta como sinônimo de beleza. Quando antropólogos como Levi Strauss e Marcel Mauss afirmaram que o corpo é a melhor ferramenta para aferir a vida social de um povo, eles queriam dizer que não somos feitos só de ossos, músculos, sangue e gordura, mas sim de valores. Ou seja, o corpo é uma construção cultural. Certamente você

já viu um quadro renascentista (se não, dá um Google em “As três graças”, de Rubens), em que todas as musas eram volumosas, flácidas e cheias de dobrinhas. A beleza era gorda e branca porque isso identificava a nobreza, que não fazia esforço e tinha fartura de comida. Os pobres trabalhadores braçais de sol a sol é que eram magros, tonificados e bronzeados. Foram mudanças sociais, culturais e econômicas que afinaram a silhueta nos séculos 19 e 20. Para a nova classe social, assalariada, bacana era ter dinheiro para viajar nas férias. A cultura do veraneio se fortaleceu na Europa e Estados Unidos, as roupas mostravam mais o corpo e a prática de esportes ganhou status. Nos anos 60, veio a virada: as exuberantes Marilyn Monroe e Sophia Loren não eram mais modelos a serem seguidos, mas sim as magérrimas Twiggy e Audrey Hepburn. Para o filósofo Gilles Lipovetsky, a magreza se propagou rapidamente e sem resistência, porque foi libertadora. Era o auge dos movimentos feministas e da revolução sexual e as antigas formas arredondadas remetiam à maternidade, ao papel meramente reprodutor das mulheres. Hoje, porém, a magreza aprisiona e alimenta doenças que estão mais na cabeça do que no corpo. Com isso em mente, cabe a nós, profissionais de moda e de mídia, escolher que postura vamos adotar diante do tema: o modismo ou a consciência? Fazer mais um editorial “curvy” porque todo mundo está fazendo? Ou apostar na diversificação corporal no trabalho cotidiano, com a esperança de um dia naturalizá-la? Eu torço para que “a nova onda” não morra na praia. E você?

Contraponto é a sessão na qual muitos pontos de vista sobre um mesmo assunto são debatidos. Uma sessão que discute assuntos sérios e que tem referencial teórico, além de convidados que possuem um bom conhecimento nas áreas discutidas. Para nossa primeira edição o tema aborda a polêmica relativa à obrigatoriedade, ou não, do diploma em jornalismo para a redação jornalística aplicada à moda. Convidamos Cyntia Tavares, professora da Universidade Federal do Ceará, Mariza de Macedo, a primeira pessoa a conseguir registro de jornalista sem formação acadêmica na habilitação e Cristiane Bonfim, integrante da Coordenação Nacional em Defesa da Profissão de Jornalista.


{ contraponto }

Antes de n comemorar a

Legitimidade para escrever sobre moda

desobrigatoriedade dos diplomas, profissionais de outras áreas, dentre elas a moda, devem estar atentos à responsabilidade com a qual expõem suas opiniões.

Quando tratamos da moda como fenômeno social, dentre outras possibilidades de enquadramento, devemos, necessariamente, considerá-la em

m

umacoletividade . por

ciedade e influenciar seu comportamento. Para o historiador Thompson, “o uso dos meios de comunicação implica a criação de novas formas de ação e de interação no mundo social, novos tipos de relações sociais e novas maneiras de relacionamento do indivíduo com os outros e consigo mesmo.”

C Y N T I A TAVA R E S

uando tratamos da moda como fenômeno social, dentre outras possibilidades de enquadramento, devemos, necessariamente, considerá-la em uma coletividade, pois ela se traduz como forma de comunicação que é detentora de significados, apreendidos pelo olhar do outro. A roupa, portanto, em um contexto de geração de sentido, assume uma função além da que lhe é concebida originalmente, constituindo-se como forma de linguagem, personalidade e expressão.

Q

As interpretações advindas dos usos e desusos de peças do vestuário são cada vez mais comentadas em colunas de jornais, revistas, blogs e outros meios de comunicação contemporâneos, por pessoas com grande interesse pelo assunto, mas não necessariamente portadoras do diploma de jornalismo. A propósito deste aspecto, a difusão de espaços midiáticos tem atraído um número cada vez maior de estudantes de moda, que não se satisfazem apenas em consumir ou produzir produtos, mas apresentá-los à so-

Se havia entre os estudantes uma preocupação quanto à possibilidade de ocupação de profissionais de moda em espaços jornalísticos, ela parece ter desaparecido com a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF), de tornar inconstitucional a legislação que estabelece a formação superior específica para jornalistas e extinguindo, na prática, a regulamentação profissional por meio do diploma.

Ó CYNTIA TAVARES £ Bacharel em Estilismo e Moda pela UFC, bacharel em Publicidade e Propaganda pela Unifor, especialista em Planejamento Educacional pela UVA e mestre em Design e Marketing pela Universidade do Minho – UM / Guimarães – PT. Professora Assistente do curso de Estilismo e Moda da UFC.

Essa legitimidade para o exercício do texto, entretanto, é anterior ao decreto. Para o Jornalista e professor da Universidade Federal de Sergipe Josenildo Luiz Guerra, “os jornais estão cheios de pessoas publicando artigos a todo momento sobre os mais diversos temas, exercendo o seu direito de expressão consagrado não apenas na Constituição brasileira, mas em qualquer documento sobre direitos fundamentais do homem”.

Para ele, a falta de diploma não impede a liberdade de expressão. Ao contrário do que muito se argumentou sobre a desnecessária formação em jornalismo, o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Nilson Lage, acredita que “o jornalismo, cada vez mais, tem interfaces técnicas, desde a maneira de apurar e noticiar à edição do produto gráfico ou audiovisual. Não é, assim, algo que dispense qualificação profissional”. O argumento do jornalista ganha força no texto do professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elias Machado, em que aponta o desconhecimento da especificidade da função social do jornalismo como causa para o equívoco da crítica ao diploma. Estas discussões são importantes porque nos afastam de posicionamentos simplistas e dicotômicos entre ser a favor ou contra o diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Antes de comemorar a desobrigatoriedade dos diplomas, profissionais de outras áreas, dentre elas a moda, devem estar atentos à responsabilidade com a qual expõem suas opiniões em colunas e artigos, espaços já legitimados e por eles ocupados. É preciso que tenhamos em mente que as possibilidades para quem deseja escrever sobre moda são imensas e tendem a ser ampliadas. Os espaços destinados às matérias jornalísticas, cuja formação técnica e humana são essenciais, deverão ser ocupados por jornalistas graduados, que devem se manter em contínuo processo formativo. Para Muniz Sodré, jornalista e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “à medida que se transformam os meios técnicos e as forças produtivas, a demanda social tornase complexa, gerando exigências de maior controle ou de maior responsabilidade social no tocante a seu atendimento. O curso universitário e o diploma advêm como atestados desse controle.”

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{ contraponto }

Haja fairplay!

Há momentos em n que a preocupação dos

puristas em saber se o autor da matéria tem ou não um diploma na gaveta ou pendurado na parede impede a análise do texto

deixem as redações ao menos uma vez, dispam-se de seus preconceitos e passem uma semana inteira conferindo dezenas de lançamentos de moda. . por

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MARIZ A DE MACEDO SOARES

ção. Eles me ajudaram a descobrir minha verdadeira e (quase) tardia vocação – o jornalismo – e a ter certeza de uma coisa: nenhuma faculdade ensina a escrever.

ou bacharel em Direito com diploma, foto de formatura, anel, beca e maquiagem no melhor estilo década de 60, anos de carteira assinada em importantes e honrosos departamentos jurídicos de empresas paulistanas. Isso não posso e não quero negar. Segui o que jurava ser a minha vocação. Sempre fui falante, gostava de ouvir e passar adiante histórias, sobretudo as agradáveis e divertidas.

S

Um dia, nos anos 90, um grande jornalista das antigas (teria ele cursado uma faculdade de jornalismo? Duvido...), talentoso escritor, à época editor chefe de um jornal da cidade me convidou para trabalhar na redação que comandava. Apreensiva por nada saber de jornalismo, temerosa com a idéia de escrever para ser lida por muitos diariamente, porém cara de pau, curiosa e encantada com o desafiador convite, o aceitei. Apesar do orgulho que quase beirava a soberba, não escondia minhas limitações. Me vi entre grandes talentos do jornalismo (seriam jornalistas formados em faculdade específica? Nunca perguntei...) que pacientemente foram me explicando a forma correta de colocar no papel os textos que (sozinha) produzia todos os dias. Onde buscar um bom título, o que escrever no “soutien” para valorizar um título e deixar apetitoso o texto, além da importância de conferir e confirmar as ‘verdades’ contidas numa informa-

A paixão pelo jornalismo, o encantamento da descoberta do meu “saber escrever” e a pouca modéstia que cultivo desde sempre me motivaram a não recusar pautas, a meter a cara, apurar e escrever, fossem elas pesadas, sérias, duras, aborrecidas ou aparentemente leves como as relativas ao mundo da moda. Percebi desde então que escrever é ter o dom da escrita e ter caráter, como dizia o jornalista Claudio Abrahmo.

Ó MARIZA DE MACEDO £ É advogada e jornalista. É editora de moda da Revista Foco, colunista de moda e o que mais lhe der na telha da Band News FM, colunista da revista do ParkShopping. É dela o primeiro registro depois da decisão do Supremo em favor dos sem-diplomaque-sabem-escrever.

De uns tempos para cá o ‘horror’ de existir jornalistas que não possuem em uma gaveta ou na parede um diploma virou tema de grandes e acaloradas discussões. Um Deus nos acuda e livre dessa gente, um caso de polícia como se diz por aí. Há momentos em que a preocupação dos puristas em saber se o autor da matéria tem ou não um diploma na gaveta ou pendurado na parede impede a análise do texto, torna secundária a informação que ele contém. E então, é nesse exato momento que um tolo preconceito se instala num meio onde ter a mente aberta é essencial.

Por falar em preconceito, acho que ninguém sofreu mais que os jornalistas de moda! Antes da fobia despertada pela não exigência do diploma, por sermos ‘escritores’ que tratavam das “tolices da moda”, aguentamos o desprezo e deboche de nossos pares que se dedicavam a um tipo mais duro de jornalismo, digamos assim. Estes sofriam para acompanhar e explicar em bom português o sobe e desce das bolsas, o muda de lado de políticos, as estratégias dos senhores das finanças do país e do mundo, a dança das cadeiras de autoridades, as crises, enfim. Imagine agora que cuidamos da moda e não cursamos faculdade alguma de jornalismo! Cruzes! Haja fairplay! Lanço um desafio a nossos críticos: deixem as redações ao menos uma vez, dispam-se de seus preconceitos e passem uma semana inteira conferindo dezenas de lançamentos de moda, assistindo a desfiles, conversando com empresários do segmento têxtil e entrevistando estilistas para depois, sentados diante de um computador, encontrar uma forma glamourosa de contar através da crítica feita a um desfile, como a indústria da moda é importante para a economia do país. Passar por tudo isso anos e anos, não ter cursado faculdade de jornalismo e ainda assim firmar-se como formador de opinião, ter credibilidade, bom texto, ser lido e ser respeitado por outros profissionais da comunicação, saídos de uma faculdade ou não, é ser jornalista. É merecer o registro sem ter diploma. E estamos conversados.

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{ contraponto }

Moda precisa ir além do "must have"

para nOodiploma exercício do

jornalismo é uma salvaguarda mínima de que a atividade seja feita com qualidade, ética e em defesa do interesse coletivo

Para acompanhar o rápido desenvolvimento tecnológico e para se destacar em meio ao bombardeio de notícias, quem atua no jornalismo precisa de formação permanente

m

. por

CRISTIANE BONFIM

mações tão diversas não tenha uma formação mínima para exercer a atividade? Avaliar que o mercado se auto-regula e escolhe os melhores para fazer esse trabalho é uma expectativa arriscada.

ndependentemente do aperfeiçoamento de processos ou sistemas na área, o jornalista – seja de moda, de economia, de política ou de esporte - trabalha com uma matéria-prima que tem de ser tratada com cuidado e, sobretudo, com ética: a informação.

I

Jornalista é um especialista em generalidades. É o que diz um velho clichê sobre a profissão. Entretanto, um público cada vez mais exigente e as transformações do mercado de trabalho têm demandado um profissional que de fato compreenda e interprete a área na qual atua. Por isso mesmo é extremamente contraditório que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido pelo fim da obrigatoriedade do diploma. Decisão que a categoria tenta reverter com a aprovação no Congresso Nacional de Propostas de Emendas Constitucionais (PECs) que restabelecem essa exigência. Michael Kunczick, em “Conceitos de Jornalismo”, diz que “a informação se relaciona com o presente e o influencia”. Então como conceber que esse profissional tão influente e que lida com infor-

Ó CRISTIANE BONFIM £ É jornalista por formação, repórter

de economia, secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e integrante da Coordenação Nacional da Campanha em Defesa da Profissão.

Em veículos de moda, por exemplo, não raro vemos informes publicitários com cara de notícia e textos que vendem superficiais verdades absolutas. Muito mais do que mostrar os “must have” da estação, o profissional da área precisa ter a compreensão de que moda tem a ver com comportamento, com cultura e com distinção e representação social do indivíduo. Mesmo com tantas mudanças, o jornalismo não pode prescindir do profissional que faça essa inter-relação cotidianamente. O diploma para o exercício do jornalismo é uma salvaguarda mínima de que a atividade seja feita com qualidade, ética e em defesa do interesse coletivo. A obrigatoriedade do diploma não impe-

de especialistas em cada área de opinar. Mas o repórter tem por dever levar ao seu texto, áudio ou imagem e som televisivos as várias visões sobre uma pauta. E é isso o que os profissionais aprendem como um dos princípios básicos nas escolas de jornalismo. Produzir notícia, reportagem ou qualquer outro conteúdo jornalístico exige técnica, checagem, compromisso com a informação. Novas mídias não dispensam velhas, mas necessárias, regras jornalísticas. Além de demandar formação específica, a atividade jornalística precisa retomar suas origens e ser um meio para compreender melhor a sociedade. Buscar a responsabilidade social que parece ter deixado de ser importante diante da invasão de textos de puro entretenimento, inclusive na cobertura de moda. A formação é o que garante haver profissionais preparados para fazer esse papel de mediação e tentar fazer valer o interesse público.

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{ na linha } por

{ publieditorial }

IVNA MACEDO

por

CL ARA DOURADO

Imagem: Igor Barbosa

Guia para novos estilistas

E

C

O livro Pesquisa e Design é uma boa pedida para os iniciantes nessa área. O livro traz fundamentos básicos do campo da pesquisa para o design de moda, tais como a definição do próprio conceito e as razões da pesquisa. Além disso, a obra também indica ótimas fontes de pesquisas para a área, como museus e galerias de arte até a moda de rua e trajes de época, introduzindo os principais aspectos da pesquisa com explicações concisas e exemplos de projetos contemporâneos. O livro é de autoria de Simon Seivewright e é publicado pela editor Bookman.

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Pesquisa e Design é um exemplar perfeito para quem é estreante na área, pois ensina de maneira bem didática os fundamentos do Design de Moda e como pesquisá-lo. O livro mostra também a aparência de uma peça do vestuário e suas funcionalidades. Ideal para quem gosta de explorar todos os detalhes de seu trabalho.

m 2008 a Indústria Têxtil cearense sofreu um baque. Do terceiro lugar caiu para a sexta posição em participação do Produto Interno Bruto (PIB) têxtil nacional, segundo dados do Departamento de Economia da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Por conta desse episódio, o setor tenta fortemente se reerguer investindo ainda mais em tecnologia, em maior qualidade do produto e melhor capacitação de seus profissionais. A demanda é grande. Para suprir essa necessidade do mercado e preparar profissionais capazes de atuar em seus diversos segmentos, a Fanor lança este mês o curso de Design de Moda. “Nosso foco é o empreendedorismo”, conta a especialista em Moda e Marketing Monike Oliveira, responsável pela coordenação do novo curso. Para ela “moda é negócio e design é inovação, mas nem todos os profissionais atuantes têm embasamento para ‘vender’ uma idéia”, transformando um conceito em algo palpável. Essa capacidade, segundo ela, só viria através de muita pesquisa. E esse é um dos pontos onde o curso promete obter destaque, pois um núcleo de pesquisa em moda está nos planos da Fanor cujas diretrizes serão definidas com a entrada da primeira turma. A grade curricular do curso de Design de Moda demonstra a amplitude de conhecimentos que irão permear os dois anos do aluno na Fanor. Divididos em quatro módulos (Fundamentos de Design, Criação de Moda, Técnicas de Modelagem e Planejamento de Moda) os estudos são complementados pelo Programa

Q Fundamentos de design de moda: pesquisa e design • R$ 76,00 Autor Simon Seivewright Editora Bookman, 2009

de Experiências (PEX), obrigatório em todos os semestres. Assuntos como técnicas de costuras e técnicas de trabalhos manuais serão abordados no PEX. “O aluno tem que entender todo o processo, para que possa gerenciar da melhor forma possível uma marca”, afirma Monike pontuando que esta é uma exigência atual do mercado. A coordenadora ressalta ainda a grande carência de profissionais especializados em dois segmentos têxteis: moda íntima e moda praia. Os conhecimentos específicos desses setores são contemplados na disciplina “Laboratório de Modelagem” juntamente com moda feminina e masculina. Visando essa capacitação para uma nova realidade de mercado, onde as informações circulam de forma cada vez mais rápida e a tecnologia avança a passos gigantescos, a Fanor conta com seis ateliês (de desenho à modelagem e capacidades que variam entre 30 e 60 pessoas), dois laboratórios de fotografia e um laboratório de computação gráfica aplicada ao design inteiramente equipado com computadores MAC. Além dos já existentes cursos de Design Gráfico (nos níveis Bacharelado e Tecnológico), a faculdade planeja ainda a implementação dos cursos de Design de Interiores e Design de Produto, focando a criação de uma Escola de Design. “Nosso maior interesse é investir nos profissionais e no mercado daqui. Nós acreditamos no potencial do Ceará”, finaliza Monike enquanto aguarda ansiosamente as primeiras mentes criativas a adentrar no curso de Design de Moda da Fanor, cujas aulas começam em julho.

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{ fashion maps }

{ ponto de vista } por

CAIO CASTELO

Meu lado grená

Olá, meu nome é Caio Castelo e não uso pochete há nove anos. A abstinência é difícil, sabem como é, mas tenho lutado contra as tentações desse mundo e me mantido limpo com bravura e dedicação. Confesso, entretanto, que ainda assim tenho levado uma vida desregrada, mas nada tão drástico quanto paletó com boné, até porque parte dessa deficiência de estilo se deve a divergências artísticas entre mim e paletós em geral. Além disso (e estou compartilhando aqui minhas maiores dores e angústias) não é qualquer boné que cabe. Bom, digamos apenas que jamais conduzi minha existência de maneira que houvesse alguma explicação lógica para eu vir a trabalhar com moda.

Q NORTE Amazonas Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas

Q CENTRO-OESTE

www.ciesa.br • (92) 3643-4200

Distrito Federal

Pará

Centro Universitário Planalto do

Universidade da Amazônia

Distrito Federal

www.unama.br • (91) 4009-3000

www.uniplandf.edu.br • (61) 3345-9206 Goiás

Q NORDESTE

Universidade Federal de Goiás

Bahia

www.ufg.br • (62) 3521-1000/1001

Faculdade da Cidade do Salvador

Mato Grosso

www.faculdadedacidade.edu.br •

Universidade de Cuiabá

(71) 3254-6000

www.unic.br • (65) 3363-1000

Ceará

Mato Grosso do Sul

Universidade Federal do Ceará

Universidade Anhanguera

www.ufc.br • (85) 3366-9500

www.uniderp.br • (67) 3348-8000

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São Paulo Universidade de São Paulo

Maranhão Centro Universitário do Maranhão

Q SUDESTE

www.ceuma.br • (98) 3214-4277

Espírito Santo

Paraíba

FAESA - Faculdades Integradas

Q SUL

Centro Universitário de João Pessoa

Espírito-santenses

Paraná

www.unipe.br • (83) 2106-9200

www.site.faesa.br • (27) 2122-4100

Universidade Estadual de Londrina

Pernambuco

Minas Gerais

www.uel.br • (43) 3371-4000

Faculdade Maurício de Nassau de

Universidade Federal de Minas

Rio Grande do Sul

Recife

Gerais

Universidade de Caxias do Sul

www.mauriciodenassau.edu.br • (81)

www.ufmg.br • (31) 3409-5000

www.ucs.br • (54) 3218-2143

3413-4640

Rio de Janeiro

Santa Catarina

Piaui

Pontifícia Universidade Católica do

Universidade do Estado de Santa

Universidade Federal do Piauí

Rio de Janeiro

Catarina

www.ufpi.br • (86) 3215-5512

www.puc-rio.br • (21) 3527-1001

www.udesc.br • (48) 3321-8000

www.usp.br • (11) 3091-1003

Jornalista recém-formado, já havia tido lá minhas experiências como repórter de música, cinema e alguns lampejos literários timidamente apreciados paróquia afora. Na fase mais junkie da faculdade, ostentava um cabelinho questionável de jogador de futebol europeu e me cercava de cineastas conceituais neomodernos experimentais engajados e músicos malditos. Naturalmente, ao me recuperar dessa vida devassa, estava devidamente formado e contratado como designer de um caderno de cultura num jornal. Foi aí que algo mudou. Por razões administrativas, o jornal decidiu me colocar numa nova função, desenhando páginas de cadernos femininos. Sim, com direito a todo tipo de roupinhas, penduricalhos, tratamentos de beleza, desfiles e eventos dos quais nunca tinha ouvido falar. Junto à minha participação no projeto da re-

vista Profissão Moda, tudo isso foi um tratamento de choque. No início, meus amigos não aceitaram bem esse novo estilo de vida e cheguei a negar que havia feito certas páginas que, sob ostensiva pressão e influência de terceiros, fui obrigado a ilustrar com florzinhas, por exemplo. Foram muitas lágrimas sobre o teclado até minha editora perceber como aquele processo estava sendo difícil para mim e, mesmo sem meu consentimento, me alçar filantropicamente à condição de seu “projeto”. Resultado: aprendi que nem tudo que é filé é de comer, pois também existe um tecido que responde pela mesma alcunha; que nem todo pé direito tem chulé, pois isso também pode ser a medida entre o chão e o teto de um ambiente; que existe uma cor chamada grená (tipo bordô, mas um pouquinho mais claro, sabe?), e tantas outras coisas que me deixaram um tanto mais sofisticado, digamos assim. Mas o momento derradeiro foi quando, numa conversa qualquer, sem querer mencionei que estávamos na estação outono-inverno. E estava certo. Nesse momento me deparei com o que haviam me transformado. Sem perceber, de repente eu estava cara a cara com meu lado negro (ou seria grená?). E não adianta negar, pois chega uma hora em que a sexualidade do cara é questionada e ele precisa sair do armário e se assumir como hétero, caso seja. No meu caso, foi aí que me olharam mais intrigados. De qualquer forma, continuo progredindo e me instruindo sem que minha sexualidade seja colocada no reto, quer dizer, na reta.


{ sirva-se }

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Q ÁGUA DE COCO

Q Espaço Princess

Q MARK GREINER

85 3241.5257

85 3241.0283

85 9996.8723

Q Arroz de Festa

Q FACULDADE CATÓLICA DO CEARÁ

Q NSIX

85 3261.3870

85 4009.6266

85 3064.3621

Q ARTMED EDITORA

Q FANOR

Q Produção

0800 703.3444

85 3307.4500

85 3268.2181

Q Banca de Camisetas

Q Frikotes

Q Renner

85 3241.2255

85 3241.3764

85 3311.4500

Q CASA FÁTIMA

Q H. Stern

Q RONALDO FRAGA

85 3488.2535

85 3263.4144

11 3816.2181

Q Coletivo

Q In

Q SARAIVA MEGASTORE

85 3224.0013

85 3257.6765

85 3241.1986

Q DASLU

Q Jelly

Q SENAC MODA INFORMAÇÃO

11 3552.3000

85 3241.2025

11 3865.4888

Q DEL PASEO

Q LINO VILLAVENTURA

Q Spicy

85 3456.3131

85 3261.0842

85 3241.5034

Q DISTRIVIDEO

Q Lugage

Q TICKETMASTER

85 3261.5170

85 3264.9455

0300 789.6846

Q Ellus

Q MAISON DONA FLORINDA

Q TV VERDES MARES

85 3278.1980

85 3224.5181

85 3266.9266



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