88ª Edição Nacional – Jornal Chico da Boleia

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FIQUE POR DENTRO - O Rei dos Extrapesados > 05

Edição BIMESTRAL | Nº 88 | ANO 8

I ENCONTRO

COM CHICO DA BOLEIA: NOVAS FORMAS DE COMBATE AO ROUBO DE CARGA

CIÊNCIA NA BOLEIA

CHICO LEGAL

Tese de doutorado aborda questões de gênero, trabalho e identidade

Afastamento por Acidente de Trabalho

Socióloga Julice Salvagni pegou carona com caminhoneiras para entender a complexa dinâmica de trabalho imposta à elas > 10

O que fazer quando sofremos um acidente durante o cumprimento da atividade trabalhista? > 13

Use seu leitor de QRCODE para participar da promoção do MOPP (pág 15)


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EDITORIAL

EXPEDIENTE O jornal Chico da Boleia é uma publicação bimestral. As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados são de seus autores e não re etem, necessariamente, a do Jornal Chico da Boleia.

EDIÇÃO: 88º - Agosto-Setembro - Ano 08 DIRETORA COMERCIAL: Wanda Jacheta JORNALISTA RESPONSÁVEL: Almir Francisco / Chico da Boleia chicodaboleia@chicodaboleia.com.br Reg. Mtb: 0087497/SP JORNALISTAS: Adriana Giachini - Reg. Mtb: 31023 COORDENAÇÃO E REVISÃO: Larissa Jacheta Riberti imprensa@chicodaboleia.com.br DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Pamela Souza FOTÓGRAFOS / REPÓRTER: Murilo de Abreu Yuri Riberti PUBLICIDADE: marketing@chicodaboleia.com.br

CONTATO: Av. dos Italianos, 2300 Sala 08 Prados, Itapira – SP CEP: 13970-080 Telefone: (19) 3843-5778 / (19) 98265-1838 TIRAGEM: 50.000 exemplares

AGOSTO É MÊS DO CACHORRO LOUCO E, APÓS A TORMENTA, A PRIMAVERA

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empre cito o mês de agosto como mês do “cachorro louco”, e é um tanto quanto curioso o motivo. Ao revisitar minhas memórias lembro-me que aprendi o termo na infância – e já tem um bom tempo isso – e o fato intrigante é que, quando pesquiso sobre o tema, surgem as mais diversas e doidas justi cativas possíveis. Apesar de ser algo sem muita explicação cientí ca, essa ideia popular propaga-se ano após ano; mas, a nal, de onde vem essa história? Muitos sites explicam que essa lenda começou porque o mês de agosto é aquele em que as cadelas mais entram no cio – o período de excitabilidade sexual próprio de tal estado, durante o qual os animais buscam o acasalamento e a fêmea aceita o macho – o que deixa os machos eufóricos, ou “loucos”, como você preferir. Por conta disso, principalmente entre os cães de rua, há um intenso coral de uivos e rituais, dentre eles, brigas pela dominação de território e da fêmea. Nessas pelejas, o vírus da raiva acaba se propagando com maior facilidade. A raiva pode contaminar todos os tipos de mamíferos, inclusive os humanos, e são raríssimos os casos de cura – por isso a importância de vacinar seus os animais regularmente. O vírus se instala nos nervos periféricos e depois no sistema nervoso central, antes de se alastrar para as glândulas salivares, que são as responsáveis pela transmissão entre indivíduos. A conclusão mais lógica do mês do cachorro louco é que cadelas no cio arrastam grandes matilhas e as brigas favorecem à contaminação da espécie pelo vírus da raiva. Mas é engraçado como as coisas cam em nossa memória, e aproveito o ensejo para convidar os amigos a contaram alguma lembrança que tenham da infância – entrem em contato com a nossa redação através de nossos canais e relatem suas histórias, quem sabe ela não pode ser publicada por nós? Em contrapartida, setembro é início da Primavera Ah, a Primavera... Também na minha infância setembro era muito celebrado, pois tinha o famoso baile da primavera na escola e elegíamos a rainha da estação. Havia um concurso, e o curioso disso era que “vencia a menina que arrecadava mais dinheiro para a associação de pais e mestres através da venda de votos” – a lembrança era a venda de votos Rsrsrs que coisa. Pois bem, depois das boas memórias é que, companheiros e companheiras do trecho, amigos de velha data do tapetão negro de asfalto, parceiros de rodagem, vamos ao que interessa, a 88ª edição do jornal Chico da Boleia É de conhecimento geral que quando há um roubo de carga, durante o transporte rodoviário, quem ca na ponta da arma é o caminhoneiro. Ele é quem sofre com a insegurança e o aumento da criminalidade, é ele quem pode acabar sendo sequestrado enquanto somem com a carga, quem apanha, quem é largado no meio do mato. Por isso, abraçamos a bandeira da luta contra a receptação do roubo de carga A câmara federal poderia ter dado uma contribuição enorme à lei nº 13.804/2019 incluindo a cassação do CNPJ do estabelecimento receptador de cargas oriundas de roubo ou furto. Assim sendo, criamos a Lei Roberto Mira, que visa, municipalmente, agir sobre tais estabelecimentos. Ao passo em que o projeto tomou corpo, no dia 23 de agosto tivemos a honra em realizar o I Encontro com Chico da Boleia: Novas Formas de Combate ao Roubo de Carga, aonde contamos com a presença de ilustres personalidades do setor, dentre elas: Roberto Mira, Francisco Pelúcio e o juiz federal do trabalho, o Dr. Marlos A. Melek. O tema é a reportagem principal desta edição. Em um bate papo descontraído, Roberto Leoncini, vice-presidente da Mercedes Benz do Brasil, fala um pouco de tudo. Na coluna Chico legal o assunto é extremamente pertinente: afastamento do trabalho por acidente no exercício da pro ssão, ao retornar, a empresa pode demitir? Já a matéria do Saúde no Trecho está de encantar. Nossa jornalista, Adriana Giachini, enriquece-nos de informações úteis e de suma importância no nosso dia a dia perante as campanhas nacionais de saúde preventiva. E vamos falar também sobre FENATRAN, que este ano bate recorde de número de expositores, ultrapassando as 440 marcas. Companheiros, continuem acompanhando nosso trabalho, pois levar informação a vocês é o que nos move. Um forte abraço e uma boa leitura.

Chico da Boleia

Orgulho de ser caminhoneiro

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sugestões e perguntas


DE BOA NA BOLEIA ANTT DISPONIBILIZA PORTAL COM PRIMEIROS DADOS ABERTOS Ordem na Federação é cumprir com a promessa de transparência decretada ainda no mandato da presidenta Dilma Roussef TEXTO: Redação Chico da Boleia, com informações da assessoria de imprensa ANTT FOTO: Divulgação Internet

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stá no ar, desde agosto, o Portal de Dados Abertos da Agência Nacional Transportes Terrestres (ANTT) com a promessa de disponibilizar as bases previstas no Plano de Dados Abertos (PDA), relativo ao triênio 20192021. O site faz parte da implementação da política de abertura de dados da ANTT, em observância às determinações contidas no Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016, assinado pela então presidenta Dilma Roussef. O documento determina, entre outros pontos: “a publicação de dados contidos em bases de dados de órgãos e entidades de administração pública federal direta, autárquica e fundacional sob a forma de dados abertos, para aprimorar a cultura de transparência pública”. Com isso, nos próximos dois anos, a sociedade acompanhará e poderá explorar as bases em arquivo com formato editável. “A ideia é ‘abrir a caixa preta’ para que todos possamos entender como funcionam as regras, regulamentações e os procedimentos da ANTT. Antes, nem sempre cávamos sabendo, por exemplo, os motivos pelos quais um recurso judicial não foi aceito, ou por quê uma reso-

lução entra e sai da pauta sem consulta popular, ou mesmo justi cativas para certas multas de 5 mil reais. Tem também a questão do cadastro nacional dos transportadores rodoviários (RNTRC) que sempre despertou dúvidas. Quem cuida? Como é atualizado? Esperamos que tudo isso que mais claro com o portal”, explica nosso jornalista Almir Francisco. FERROVIÁRIO DE CARGAS O setor de transporte ferroviário de cargas foi o primeiro a garantir o acesso e a transparência pública de material editável, em duas frentes: projetos autorizados (reúne projetos de 2014 a 2018, com descrição, número de processo, ato autorizativo, identi cação da concessionária e Estado da Federação)e controle de penalidades aplicadas (histórico de processos de scalização autuados no âmbito da Superintendência de Infraestrutura e Serviços de Transporte Ferroviário de Cargas (Sufer) que transitaram em julgado, bem como sua situação atual). Outras bases de todos os setores de transportes terrestres sob atribuição da ANTT serão abertas de acordo com cronograma de implementação. A promessa é que sejam disponibilizadas e abertas informações não sigilosas, publicadas em

03 seu formato original e com o maior detalhamento possível, ou disponibilizadas tempestivamente, processáveis por máquinas (razoavelmente estruturadas para possibilitar o seu processamento automatizado), entre outras. HISTÓRICO A Política de Dados Abertos do Poder Executivo Federal, instituída pelo Decreto n° 8.777, de 11 de maio de 2016, tem o objetivo de aprimorar a cultura de transparência pública ao estabelecer regras para publicação, em formato aberto, de dados produzidos ou acumulados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e

fundacional. Portanto, a exemplo de outras iniciativas de transparência pública, preconiza-se o acesso à informação como um direito dos cidadãos. O Plano de Dados Abertos é o instrumento de planejamento e coordenação das ações de disponibilização de dados, com vigência de dois anos, a contar de sua publicação. Trata-se, portanto, do documento orientador para as ações de implementação e promoção de abertura de dados, obedecidos requisitos de qualidade e com vistas à facilidade de entendimento e reutilização das informações. O PDA da ANTT foi publicado no dia 15/5/2019, por meio da Deliberação DG nº 517, que norteará os próximos anos.


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FIQUE POR DENTRO CONET&INTERSINDICAL EM SÃO LUÍS - MA

TRANSJORDANO DOA CARRETA BITREM PARA A FABET

Encontro foi marcado pela presença de vários empresários e destacou-se

Parceria consolida o programa de formação de condutores para biarticulados no

pela busca de soluções para o setor.

transporte de combustível e trabalha para maior segurança dos motoristas do setor.

TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Chico da Boleia

TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Murilo Abreu

Para saber mais, assista ao vídeo deste evento no canal do Chico da Boleia, no Youtube.

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om cobertura exclusiva da equipe Chico da Boleia, ocorreu no último mês de agosto, em São Luís (capital do Maranhão), mais uma edição do encontro do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado (CONET&Intersindical).O evento, que teve seu marco inicial há quase cinquenta anos, tem como objetivo debater assuntos relevantes para o transporte rodoviário de cargas, dentre os quais as questões mercadológicas, utilizando-se da união de forças das entidades sindicais e o compartilhamento de informações e estratégias para melhor desempenho. Além disso, durante o CONET, é tradição que os técnicos da NTC Logística apresentem as pesquisas de mercado e apontem os direcionamentos relacionados ao frete. “Ser o único veículo de imprensa a acompanhar o evento é, sem dúvida, motivo de orgulho para todos nós do Chico da Boleia. O CONET tem um papel de destaque na união das entidades sindicais e buscar novas diretrizes sobre a organização sindical”, destaca o jornalista Almir Francisco, o Chico da Boleia. Neste ano, o CONET&Intersindical, edição São Luís/MA, tem como entidade an triã o Sindicato das Empresas do Transporte de Carga e Logística do Estado do Maranhão (SETCEMA) e reuniu mais de 300 representantes de entidades de todo o país. “O CONET é

importante porque reúne participantes de diversas regiões do país na busca de soluções para os problemas atuais”, ressaltou José Hélio Fernandes, presidente da NTC Logística. Entre os temas debatidos nos dois dias do evento estão o Índice Nacional de Custos do Transportes (INCT), o piso mínimo de frete, a in uência da carga tributária no mercado de transportes e o cenário macroeconômico do Brasil – análise e perspectivas para o setor de cargas. Além disso, entre as sugestões, discussões e encaminhamentos, houve manifestações de empresários e suas lideranças sobre a análise do comportamento dos fretes em função das condições ambientais de mercado e das políticas empresariais, expansão gerencial, evolução técnica e tecnológica, bem como a necessidade de engajamento ainda maior do empresariado na vida associativa, o papel do SEST/SENAT e seus novos projetos, entre outros. A cidade de Curitiba, capital do Paraná, foi eleita a an triã para o próximo encontro, em fevereiro de 2020. O CONET Intersindical edição São Luís – MA foi realizado pela NTC Logística e organizado pela DBA&C Associados, também contou com patrocínio de diversas empresas do setor.

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equipe Chico da Boleia acompanhou no início de agosto a doação de um bitrem feito pela Transjordano para a FABET Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte (FABET), em sua lial, na cidade de Mairinque, interior de São Paulo.

em veículos articulados no Brasil). “A formação é pilar central para pro ssão e para que seja possível acompanhar a evolução do transporte nas estradas, especialmente com segurança e e ciência”, destacou Eduardo Lucena, gerente de transportes da Raizen (combustível).

A chegada do bitrem – carregado com 45 mil litros de carga Líquida, e agora acoplado a um Actros 2651 da Mercedes Benz da FABET – consolida o programa de formação de condutores para biarticulados no transporte de combustível.

A empresa, segundo ele, transporta 25 bilhões de litros de combustíveis por ano, no Brasil, percorrendo aproximadamente 250 milhões de quilômetros.

“É um marco extremamente importante para nós da FABET. O bitrem é uma ferramenta de laboratório essencial no desa o de formar pro ssionais para o mercado dos biarticulados e em especial no transporte de carga líquida e de combustível”, argumenta Salete Argenton, gerente da FABET São Paulo. O bitrem permitirá aos alunos da FABET o exercício de manobras em locais restritos e atividades de percurso para garantir a aplicação dos conceitos da segurança e de direção econômica, considerando o veículo e suas particularidades de carga e operação. Junto com a entrega do bitrem, ocorreu o primeiro curso de formação. Os alunos foram motoristas da Transjordano que prestam serviços para a Raízen (empresa referência no transporte de combustível

“O curso traz uma bagagem maior no currículo, a nal, nenhum motorista sabe tudo. Acho que toda oportunidade de aperfeiçoamento deve ser muito valoriza”, argumentou a motorista da Transjordano, Sandra Dias da Silva, tendo seu discurso endossado pelo presidente da empresa, João Guimaraes Bessa: “É muito grati cante essa parceria com a FABET e saber que estamos contribuindo para promover novos treinamentos, com veículos mais modernos e cientes de que os articulados são a tendência do mercado.” QUEM SÃO OS PARCEIROS? A FABET é uma entidade criada em 1995, sem ns lucrativos, mantida através de parcerias, tendo quali cado mais de 120 mil pro ssionais nos diferentes níveis das organizações de transporte. Já a Transjordano foi fundada em 13 de outubro de 1998 e atua no mercado de transportes de combustíveis e cargas em geral.


FIQUE POR DENTRO

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O REI DOS EXTRAPESADOS

As vésperas da Fenatran 2019, Roberto Leoncine conta sobre mercado, tecnologia e expectativas da Mercedes TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Divulgação Mercedes-Benz

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s vésperas da edição 2019 da Fenatran – o principal evento voltado ao segmento de transporte rodoviário de cargas da América Latina – conversamos com Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes Benz, líder de vendas no mercado de caminhões do Brasil desde 2016. A equipe Chico da Boleia foi recebida na planta industrial de São Bernardo do Campo, em entrevista exclusiva, porém sem sucesso na tentativa de antecipar novidades da marca para a feira, que ocorrerá de 14 a 18 de outubro, em São Paulo, com expectativa de público superior a 60 mil pessoas. “Tem bastante coisa, mas não podemos contar. Só antecipo que para a Fenatran deste ano iremos apresentar coisas ligadas aos caminhões e novidades não ligadas a eles, mas que irão interagir com os veículos”, contou Leoncini, em tom enigmático. Para nós, apaixonados pelos brutos, resta a ansiedade do futuro, uma vez que estamos falando da marca líder de vendas no mercado nacional – ultimamente a Mercedes vem conquistando-o apostando em veículos para o agronegócio (os extrapesados são hoje os que mais vendem) e em parceria com startups do setor. Con ra o bate-papo entre Chico da Boleia e Roberto Leoncini: CHICO: Já que não podemos falar de Fenatran, conte para gente um pouco so-

bre 2019. Que avaliação a Mercedes faz desse primeiro semestre? Como estão as vendas? ROBERTO: Estão indo bem, especialmente dentro da nossa proposta que continua tendo como mote “as estradas falam e a Mercedes Bens ouve”. É o terceiro ano de liderança de mercado, e em todos os meses continuamos como a marca mais vendida. Isso mostra que estamos no caminho certo, escutando as estradas, através das transportadoras, dos motoristas, operadores de logística e geradores de carga. Além disso, o mercado de 2019 é melhor, e já temos um crescimento em torno de 44,44%. Aqui é importante dizer que não cresceu de modo uniforme uma vez que o segmento de leves ainda deixa a desejar e não apresentou variação signi cativa em relação ao ano passado. Isso ocorre porque é uma categoria muito ligada ao volume transacionado no varejo. Já o semipesado vem crescendo e o extrapesado é, de novo, o carro chefe. CHICO: E o que isso quer dizer? ROBERTO: Eu costumo falar que é preciso fatiar o bolo para entender os sabores. O crescimento vem do extrapesado e dentro da categoria você tem os veículos fora de estrada, que são os de carga de cana, madeira, mineração, construção, e tem o rodoviário, que são os caminhões que estão a maior parte do tempo na estrada. Hoje, o puxador são os rodoviários ligados ao agronegócio.

CHICO: Esse cenário está dentro do esperado?

na engrenagem . O motorista tem os dois mundos na palma dele.

ROBERTO: Acho que sim. Estávamos muito atentos ao que aconteceu na política em 2018. E este ano, com a reforma da previdência, se o Senado vota a favor, no nosso ponto de vista, além de outras iniciativas do Governo, poderão ajudar a economia a crescer ainda mais a partir de 2020. Além do mais, sempre digo que é melhor ser otimista do que ser pessimista.

CHICO: Recentemente, através de parceria com a Gruner, ocorreram as primeiras entregas dos semi autônomos. Conta mais?

CHICO: Recentemente, nós do Chico da Boleia gravamos uma entrevista com vocês, o pessoal da Jamef e da EATON, sobre a frota de Accelos com câmbio automático. Nós sabemos que os motoristas de caminhões no Brasil tem um carinho muito grande pelas tradições com a pro ssão, em especial com a escolha do veículo e, como em toda pro ssão popular, os mitos sempre surgem. Como o mercado tem visto este tipo de mudança? ROBERTO: Os automáticos vão facilitar muito para os motoristas que fazem trechos urbanos. Aqueles que incluem subir e descer a todo o momento - muito comuns em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. O manual acaba sendo estressante e o automatizado leve veio para resolver esse problema. Agora, é natural ter uma fase de adaptação. Há 31 anos a gente escutava restrição para mudar do radial para diagonal, então é normal que existam dúvidas. Porém, o que oferecemos é total segurança e controle, de forma a ampliar a sensação de dirigibilidade do veículo, com a transmissão automatizada, e a possibilidade de colocar no manual caso ele ou ela goste de pisar

ROBERTO: Desenvolvemos em parceria com a Gruner, que é uma startup do seguimento agrícola, e camos bem satisfeitos já nas primeiras entregas. Nós da Mercedes temos nossa experiência, mas não podemos ignorar que tem muita gente boa trabalhando com desenvolvimento e nós queremos fazer parte através de parcerias, como a exemplo da Gruner, que está tendo uma aceitação super boa na colheita de cana de açúcar. Agora queremos trilhar outros caminhos. CHICO: Se “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve” qual a resposta da marca para o caminhoneiro autônomo que sonha com uma aprovação de crédito para a compra de um novo ou um semi novo? ROBERTO: Esse é sempre o grande desa o, tentamos reinventar a roda e buscar alternativas. Estamos com parceiros na TruckPad, por exemplo, numa tentativa de enxergar o valor da receita do autônomo para análise diferenciada de crédito, para que ele possa trocar o seu caminhão de 20 anos de estrada, por um com até 5 anos. Porém, com o cenário do Brasil, não são só autônomos que estão com problemas de crédito e nós precisamos construir o crédito, seja através do Banco Mercedes, de nossos representantes e de outras maneiras legalmente possível, e isso já estamos fazendo.


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ESPECIAL PRÉ FENATRAN

OUTUBRO É MÊS DE FENATRAN

A feira das feiras do transporte de cargas nacional promete recorde de expositores, público e negócios.

TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Divulgação Internet

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stamos em contagem regressiva para 22ª edição da FENATRAN – o principal evento do segmento de transporte rodoviário de cargas da América latina. Entre os dias 14 e 18 de outubro, em São Paulo, a expectativa dos organizadores é receber mais de 60 mil visitantes interessados em conhecer novidades e debater tendências do setor, envolvendo ao menos 420 marcas, inclusive internacionais. Claro que nós da equipe Chico da Boleia estaremos lá em busca de novidades para compartilhar com nosso público. Estamos preparando um esquema especial de cobertura que poderá ser acompanhando também em nossos canais sociais, como Facebook, Instagram e Youtube. Por ora, vamos adiantar que a edição 2019 da FENATRAN tem presença conrmada das principais empresas atuantes no transporte de cargas no Brasil, trazendo 100% das marcas de fabricantes de caminhões (60% do transporte nacional de carga são realizados por esses veículos). Também estarão reunidos representantes de implementos rodoviários (reboques, semirreboques, carrocerias e a ns), serviços, sistemas de segurança, ferramentas, tecnologia e autopeças, em uma intensiva agenda de negócios com os principais vendedores e compradores do setor. Novidades, também, entre as empresas que utilizam recursos humanos e tecnológicos para gerenciamento de risco, a m de evitar ou minimizar os efeitos de perdas

e danos que possam ocorrer no transporte de mercadorias, no que chamamos de “gestão e rastreamento de frotas”.

poderão dirigir alguns dos mais atuais e modernos veículos pesados e comerciais leves disponíveis no mercado, em um circuito exclusivo, com cerca de 2km de extensão

Outra opção é o espaço Content, uma arena para até 150 pessoas com Já dentro do seguimento de conteúdo gratuito para enriautopeças o foco é trazer quecer os visitantes da FEO evento deste soluções e destacar a atuNATRAN sobre o novo ano, além da mostra de ação das empresas desta mundo da mobilidade em veículos, peças, acessórios área. A FENATRAN aintransporte e logística. e serviços, será palco de da conta com a participadiversas atrações ção dos bancos, nanceiAo total serão 15 sessões simultâneas ras, seguros e instituições de conteúdo e um público de fomento nanceiro para estimado de 2.000 pro ssioexplicar os meios de nancianais do setor. Entre os exemplos, mento, além de serviços de proteção no dia 14, está a palestra “A Mobilidade da ao patrimônio, como a APVS, maior asso- Conveniência”, que contará como palesciação de proteção de veículos da América trantes o gerente de projetos do Ifood e e Latina. o diretor geral do Zé Delivery (Grupo AmRESERVE UM CALÇADO CONFORTÁVEL Atenção, visitantes Estejam preparados para uma “maratona”, tamanho o leque de opções do evento. A nal, não é à toa que estamos falando da maior feira do setor da América Latina. Ciente disso, escolha um calçado confortável para poder explorar o evento ao máximo. Além das novidades dos expositores e dos estandes das marcas já consolidadas, a FENATRAN 2019 oferece extensa grade “extra curricular”. Uma delas é a “FENATRAN Experience”, um test-drive outdoor, realizado em uma ampla área com mais de 20.000 m². Ali, desde que habilitados, os visitantes

bev) para debater as fronteiras e tendências do serviço de entregas de perecíveis.

Na terça, dia 15, a sustentabilidade entrará em cena. Na palestra “Gigantes Verdes” o tema será: como veículos de grande porte e sistemas projetados para amplos volumes de carga tem se adaptado para atender às demandas por modelos cada vez mais ecológicos? Os palestrantes serão Eduardo de Paula (Gerente Executivo de Logística da SCANIA) e Cintia Oliveira (Coordenadora PLVB da UFRJ). No mesmo dia, o debate “Movidos a Novos Tempos” discorrerá sobre uso de fontes alternativas de energia, com Mauricio Endo (Diretor de Infraestrutura da KPMG) e Renato Povia (Gerente de Inovação da CPFL).

A programação completa está disponível do site da FENATRAN. MAIS OPÇÕES A condução conectada e autônoma, os conjuntos que buscam “emissões zero” de carbono e gases do efeito estufa, a distribuição de produtos, a logística urbana e os novos serviços de mobilidade e transporte são os impulsionadores de mudança do setor. Sendo assim, a FENATRAN apresenta o New Mobility Logistics, uma plataforma multissetorial para discussões de mobilidade e transporte do futuro. Já o espaço StartSe Startup Village é reservado para as empresas de tecnologia, start ups e prestadores de serviços. A ideia é promover a sinergia entre estes e entidades do steor público, criando relacionamentos que possam garantir o futuro do segmento. A “Feira das Feiras” promete, e muito, e é claro que você não cará de fora dessa. Para mais informações sobre o evento acesse: www.fenatran.com.br. E caso você encontre com algum membro de nossa equipe, não se sinta envergonhado em bater um papo conosco. Será um prazer encontrar com o amigo e a amiga no evento. Até lá


ESPECIAL PRÉ FENATRAN

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SCANIA PRODUZIRÁ CAMINHÃO A GÁS NO BRASIL

Novidade será destaque na Fenatran 2019, onde inicia a oferta para o mercado transportador

TEXTO: Estradão | FOTO: Divulgação Scania

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m prévia das novidades que mostrará na Fenatran 2019, em outubro, a Scania anuncia que começará a aceitar pedidos de compras de caminhões a gás. A partir das encomendas, os veículos entram na programação da fábrica de companhia em São Bernardo do Campo (SP), com estimativas das primeiras entregas em abril. A Scania passará a ser a primeira fabricante a ter produção regular de caminhões movidos a GNV, gás liquefeito ou biometano no Brasil. Para dar esse passo, a empresa investiu R 21 milhões na fábrica do ABC Paulista. Para acelerar tornar o negócio viável ao transportador e acelerar o processo, a companhia não está nessa caminhada sozinha. A Morada do Sol, embarcadora da Citrosuco, depois de um ano de uso com um R410 a gás na rota de Matão (SP) ao Porto de

Santos, já colhe economia de 12% a 15% no custo do quilômetro rodado em relação a um caminhão convencional a diesel. Depois, mais uma iniciativa desenha um projeto no qual busca evoluir na infraestrutura de abastecimento para biometano. Em parceria com a ZEG, empresa dedicada à geração de energia renovável, a Scania colocará em operação modelo G 410 XT 6×4 movido com o combustível alternativo na Usina São Martinho. “O caminhão a gás chega a ser 30% mais caro, mas proporciona até 15% de redução no custo por quilômetro e se paga em dois ou três anos. Como o veículo costuma car de seis a sete anos na frota, signi ca lucro adicional em torno de três anos e meio”, faz conta Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania. “Ou seja, uso de caminhão a gás reduz a contaminação local, no caso de biometano em até 90% a emis-

são de CO2, e gera caixa para o negócio.”

de São Mateus, em São Paulo.

O projeto na São Martinho colocará o primeiro modelo movido a biometano em uma operação o -road no País. A ZEG será responsável pelo abastecimento de seu combustível, o GasBio, produzido atualmente a partir do biogás do Centro de Tratamento de Resíduos Leste, no bairro

“Nossa proposta é pela descentralização, em projetos de menor escala para ser possível construir uma rede abastecimento e começar a criar possibilidade de substituição de frotas”, defende Daniel Rossi, CEO e fundador da ZEG.


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REPORTAGEM

I ENCONTRO COM CHICO DA BOLEIA: NOVAS FORMAS DE COMBATE AO ROUBO DE CARGA

Chico da Boleia abraça a causa e evento contou com a participação de autoridades do setor que trouxeram “luz” ao problema. Confira! TEXTO: Adriana Giachini | FOTO: Murilo Abreu

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statísticas sobre roubo de cargas no Brasil, estratégias de combate e prevenção, ações da Polícia e até mesmo consequências psicológicas aos motoristas. Estes foram alguns dos temas apresentados durante o “I Encontro com Chico da Boleia: Novas Formas de Combate ao Roubo de Carga”, realizado no último dia 23 de agosto, na unidade do Sest Senat de Porto Ferreira. O evento debateu a importância da lei municipal “Roberto Mira”, de autoria de Almir Francisco (Chico da Boleia) e sancionada em março pelo prefeito de Porto Ferreira, Rômulo Rippa. O texto trata sobre a cassação do alvará de estabelecimentos agrados com produtos oriundos de roubo ou furto. “Nós, da equipe Chico da Boleia, abraçamos a causa do combate ao roubo de carga e acreditamos que este evento é um passo adiante na luta. Essa lei, batizada com o nome do empresário Roberto Mira, que se dedica há 30 anos ao setor, endossa o poder municipal no combate. Além disso, Porto Ferreira passa a ser exemplo em todo o interior paulista”, disse o jornalista Chico da Boleia, em seu texto de abertura. A reforma trabalhista de 2017 e a exibilização do trabalho como ferramenta para impulsionar a economia nacional – incluindo o setor de transporte – também estiveram em pauta durante o encontro, que contou com a participação do juiz federal Marlos Augusto Melek, um dos redatores do texto da lei 13.467/2017. “A Reforma

trabalhista trouxe 209 alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas não conhecemos nem 20% delas. Meu trabalho, então, é divulgar vários desses pontos”, relatou Melek. “É preciso ter muita fé para ser caminhoneiro no Brasil!” Diante de um auditório lotado – composto por empresários, trabalhadores e interessados no setor – o debate teve início com o depoimento (gravado em vídeo) do caminhoneiro Francisco* (sobrenome não divulgado). Em 34 anos de pro ssão, ele já sofreu alguns assaltos, sendo o mais traumático em 2011, quando foi rendido e torturado pelos bandidos, e até mesmo ameaçado de morte. Para ele, a pro ssão exige fé, uma vez que o medo é frequente nas rodovias do país. “Cheguei a pensar que nunca mais veria minha família, não veria minha netinha crescer”, contou emocionado. Na ocasião, ele foi contratado para levar uma suposta mudança. Porém, o então “cliente” fazia parte de uma quadrilha. Seu veículo foi interceptado na saída de Jaguariúna (cidade do interior de São Paulo), ele foi rendido e sequestrado, enquanto a outra parte da quadrilha orquestrava a leva do caminhão. “Leis que protejam os motoristas são essenciais”, disse em depoimento. Dados apresentados pelo coronel Paulo Roberto de Souza (assessor da área de segurança da NTC Logística, a Associação

Nacional do Transporte de Cargas e Logística), e um dos palestrantes, apontam para 22.520 roubos de cargas no Brasil, somente em 2018. O prejuízo, considerando que 18 dos veículos não são localizados, foi de mais de R 2 bilhões. Além disso, 69% das ocorrências nacionais concentram-se nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Já Minas Gerais e Espírito Santo somam 16%. “O que indica que, se acharmos soluções aqui no Sudeste, elas poderão ser aplicadas em todo o País.”, concluiu o coronel. Para Souza, a lei sancionada em Porto Ferreira soma aos esforços do setor em reduzir as estatísticas – aliás, segundo ele, já existe uma tendência de queda para 2019, de até 20 . “Quando tentamos trabalhar a redução do roubo de cargas a gura central é o receptador que é aquele quem movimenta essa cadeia ao levar a carga irregular para o mercado, buscando lucro ilícito. Então ter uma lei que permite a cassação do alvará de estabelecimentos envolvidos é fundamental, uma vez que, sobre essa ótica, estamos criando mais obstáculos para a organização criminosa”. Também palestrante, o delegado e coordenador do Procarga (Programa de Prevenção e Combate ao Roubo de Cargas), Waldomiro Pompiani Milanesi, apresentou discurso semelhante ao de Souza. “Qualquer evento que tenha o caráter de integrar as forças, sejam elas no âmbito municipal, estadual, federal, com a sociedade civil, ou empresas privadas, é importante. Especialmente porque a segurança pública não se faz somente da força policial, mas dessa troca com a população. Então, além de falar sobre nosso trabalho de combate ao

roubo de cargas, estamos aqui para ouvir o setor. Todos precisamos ter a consciência de que o produto ilícito traz prejuízo para a sociedade em geral e para a competitividade da economia brasileira.” - avaliou. HOMENAGEM O nome do empresário e vice-presidente de segurança da NTC Logística, Roberto Mira, foi escolhido para batizar a lei como uma homenagem por seu trabalho no combate ao roubo de cargas há mais de trinta anos. “Fico feliz porque sei que é um reconhecimento ao meu trabalho de muitos anos, além disso estamos evoluindo de forma fantástica no combate já com leis federais em oito estados e agora no âmbito municipal com quatro cidades no Paraná e em Porto Ferreira, pioneira aqui em São Paulo. Com a liderança do Chico da Boleia é mais uma batalha que estamos vencendo”, disse Mira, que também marcou presença no encontro.

Homenageado Roberto Mira


REPORTAGEM Já na opinião de Francisco Pelúcio, representante da Confederação Nacional do Transporte (NTC LOGÍSTICA), o I Encontro com Chico da Boleia abre caminhos para que outros municípios se interessem pelo tema do roubo de cargas. Ele também elogiou a presença e o conteúdo apresentado pelo juiz federal Marlos A. Melek (veja texto em destaque). “A NTC LOGÍSTICA apresentou 38 emendas no projeto de Reforma Trabalhista, das quais 23 foram incluídas, então, temos grande expetativa de melhora na economia com a nova legislação, além disso apostamos muito no retorno do Waldomiro ao Procarga”. Contando, também, com a presença do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Porto Ferreira e Região (SINDECAR), André Juliane relatou-nos sua opinião: “Realmente o Chico da Boleia adotou a causa do roubo de carga e o resultado, que contou com a intermediação do SINDECAR entre o Chico e o prefeito de Porto Ferreira, foi muito bom.”. “Saímos muito satisfeitos com o conteúdo apresentado aqui. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas é fundamental valorizar as ações já realizadas”, destacou Chico da Boleia. A LEI ROBERTO MIRA E SUA PROPOSTA Sancionada em março pelo prefeito de Porto Ferreira, Rômulo Rippa, a lei municipal nº 3.491/2019 Roberto Mira dispõe sobre cassação de alvará de funcionamento, em âmbito municipal, de estabele0vvcimentos que forem agrados comercializando, adquirindo, transportando, estocando ou revendendo produtos oriundos de cargas furtadas ou roubadas. Com experiência de mais de 30 anos, não só trabalhando no setor de transportes, mas, principalmente, como ouvinte das estradas, o jornalista Chico da Boleia pretende citar Porto Ferreira como exemplo para que outras cidades paulistas abracem a causa do combate ao roubo de cargas. “Acho fundamental o trabalho de trazer a discussão para o município, uma discussão que já ocorre nacionalmente. Nós seguimos a semente plantada em Cascavel, no Paraná, e trouxemos a proposta para Porto Ferreira. Considero também importante colocar que fomos recebidos pelo prefeito Rômulo Rippa no dia 27 de dezembro, do ano passado, e já em março o texto estava

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aprovado em dois turnos pela Câmara Municipal e sancionado”

CHICO CELEBRIDADE

O texto da lei discorre que: Art 2: Constatado pela scalização municipal as fraudes ou demais irregularidades previstas no caput do art. 1 desta lei, desde que devidamente motivado por meio de relatório circunstanciado, poderá ser realizado o cancelamento do Alvará de Funcionamento ou da Licença, como medida acautelatória dos interesses da administração scal, garantido o contraditório e ampla defesa.

MARLOS MELEK

Completa ainda, através do artigo 4, que: “Durante o tempo em que o proprietário zer sua defesa e não regularizar a atividade, o estabelecimento permanecerá fechado e, caso não ocorra a regularização dentro do prazo estipulado, a Secretaria Municipal de Finanças dará início à revogação do alvará de licença e funcionamento.” De acordo com o texto da lei são justi cativas baseadas no Código Tributário Nacional (1966), artigo 78, o fato de que cabe ao município: “Considera-se poder de Polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, a higiene, a ordem, aos costumes, a disciplina de produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, a tra nquilidade pública ou respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.” E, sendo: “O poder de polícia administrativo do município destina-se a assegurar o bem estar geral, impedindo, através de ordens, proibições e apreensões, o exercício antissocial dos direitos individuais, o uso abusivo da propriedade ou a prática de atividades prejudiciais à coletividade. E, temos a certeza de que a população, nesse caso, consumidores, não podem car desprotegidos daqueles comerciantes que se utilizam de produtos ilícitos para enriquecerem à custa do consumidor nal.”

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acionalmente conhecido como “o pai da Reforma Trabalhista” por ter participado ativamente do texto da lei 13.467/2017, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o juiz federal do trabalho, Marlos Augusto Melek, também esteve entre os palestrantes do I Encontro com Chico da Boleia: Novas Formas de Combate ao Roubo de Carga. Ele trouxe ao público sua visão de que a exibilização das leis trabalhistas, isto é, uma menor interferência da Justiça do Trabalho ou mesmo a implementação de novos contratos de trabalho, como o intermitente (onde o trabalhador é convocado para jornadas especí cas e pode ter mais de um patrão), são bené cas para o desenvolvimento do Brasil. No entanto, reconhece que os meses posteriores à aprovação da lei ainda são de instabilidade jurídica. “Vivemos momentos de transição, são 209 coisas que mudaram na CLT e, sendo assim, o cenário é até melhor do que se esperava. Além disso, neste momento, é natural o debate do tema, com visões muitas vezes diferentes. Mas já temos algumas paci cações como a validade do trabalho intermitente, no TST, e também dos honorários advocatícios de sucumbência. Também tem a legalidade da terceirização ampla, geral e irrestrita e o m das contribuições sindicais, tudo isso já de nido.”, destaca. Ele acredita que é apenas questão de tempo para que haja uma retomada da economia e do crescimento do país, com queda no desemprego. Melek ainda defendeu uma reformulação na legislação brasileira no segmento de transporte rodoviário. “O Brasil é focado na matriz do transporte rodoviário de cargas, sendo um país de dimensões continentais grandes e que não merece ter uma coleção de leis para regulamentar. O ideal seria uma legislação uni cada de fácil acesso e entendimento para o empreendedor brasileiro. Temos uma coleção de leis e ninguém sabe ao certo qual será aplicada”. Ainda na avaliação de Melek, uma legislação uni cada, abordando interesses de empresários e trabalhadores, traria maior segurança jurídica ao setor e, consequentemente, maior competitividade econômica. “Estamos falando de um setor econômico que movimenta bilhões e que tem representativa estratégica”. Ele ainda falou sobre a iniciativa de Porto Ferreira no combate ao roubo de cargas. “Primeiramente é importante frisar que a receptação de qualquer produto de furto ou roubo já está no código penal brasileiro. [...] O que os municípios podem fazer é, justamente, que o estabelecimento que comercialize esses produtos responda administrativamente, perdendo, por exemplo, o alvará de funcionamento ou, até mesmo, benefícios tributários, se comprovado. [...] O crime está sempre organizado, não tem nada a perder, não tem limites. Então precisamos nos organizar também”.


CIÊNCIA NA BOLEIA

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TESE DE DOUTORADO ABORDA QUESTÕES DE GÊNERO, TRABALHO E IDENTIDADE Socióloga Julice Salvagni pegou carona com caminhoneiras para entender a complexa dinâmica de trabalho imposta à elas TEXTO: Redação Chico da Boleia | FOTO: Murilo Abreu

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participação das mulheres no transporte rodoviário de cargas vem crescendo a cada dia. Com isso, desa a-se a chamada “divisão sexual do trabalho”, uma realidade imposta por sociedades pautadas em relações de discriminação e desigualdade de gênero, em que homens e mulheres possuem papeis pré-de nidos em pro ssões e ambientes de trabalho. O transporte rodoviário de cargas, ao lado de outros campos pro ssionais como as engenharias e a construção civil, é um dos setores cuja maioria dos trabalhadores é do sexo masculino. Isso é resultado de uma dinâmica dupla, que revela a imposição de uma cultura e também de uma lógica mercado. Por um lado, a mentalidade social construída em nosso país, além das práticas, tende a reproduzir a ideia de que mulheres não são aptas para desenvolverem determinadas funções pro ssionais, intelectuais ou físicas. Como isso acontece? Explico Desde pequenas, as mulheres são muito mais estimuladas a desempenharem tarefas domésticas, além de funções como o cuidado ou a educação do outro, partindo do pressuposto equivocado de que meninas são mais sensíveis e empáticas para isso do que meninos. Assim, uma menina convive muito mais com bonecas e com brinquedos que reproduzem o cotidiano do lar e dos lhos, do que os meninos, que jogam bola, constroem edifícios e são desa ados a salvarem o mundo.

Para além do tipo de estímulo e educação que as crianças recebem nas esferas privadas, que de nem o caráter e o papel dos indivíduos moldando suas escolhas desde muito cedo, nossa sociedade sofre o impacto de um mercado que também está pautado pela desigualdade de gênero. De acordo com um recente estudo do Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE), as mulheres ganham menos que os homens em todas as ocupações. A média dessa diferença salarial é de mais de 20%. Em alguns casos, como na agricultura pode chegar a mais de 35%1 . Mas o que leva uma sociedade a pensar que necessariamente mulheres devem ganhar salários menores ou que são menos capazes que homens? Em países que não possuem políticas públicas efetivas em equidade de gênero, como o Brasil, o mercado acaba reproduzindo livremente as discriminações de gênero, ofertando mais e melhores vagas para homens, em alguns setores, e pagando menos para mulheres. As justi cativas utilizadas são várias e vão desde uma suposta capacidade física e intelectual inferior das mulheres, como questões biológicas como uma possível

gravidez ou amamentação, o que atrapalharia o rendimento das mesmas no trabalho. Contrariando tudo isso, as mulheres vêm ocupando cada vez mais espaços antes destinados apenas aos homens. E isso tem causado transformações, ainda que lentas, no mercado e nas relações de trabalho. Acompanhando esse novo ritmo, o TRC conta, hoje, com o trabalho de mais mulheres na boleia e em outras atividades de logística, gestão e tecnologia, o que implica pensar nas di culdades e desa os que elas ainda enfrentam. Julice Salvagni, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, literalmente pegou carona na boleia de caminhoneiras e realizou um importante estudo sobre a identidade de gênero e questões que envolvem o trabalho itinerante de mulheres pelas estradas do Brasil. Sua tese de doutorado, intitulada “As caminhoneiras: uma carona nas discussões de gênero, trabalho e identidade”, aborda questões fundamentais para pensarmos a participação das mulheres no setor como a sexualidade, gênero, a família, a masculinização do trabalho, a rotina e os sofrimentos psicossociais que possivelmente

podem afetá-las no seu dia a dia. A socióloga explica que a pro ssão de caminhoneira tem um papel muito fundamental no rompimento da lógica desigual que atribui papeis distintos a homens e mulheres no ambiente de trabalho e nas tarefas desempenhadas por ambos no dia a dia. “Nos discursos das caminhoneiras há uma “divisão sexual das atividades que ilustra uma clara herança dos arranjos domésticos em que o homem trabalha na rua, no domínio público, e a mulher no espaço privado da casa” (NUNES, 2014, p.252). Por esta razão, a atividade da caminhoneira vem romper com um modelo de divisão sexual do trabalho, como em outros casos, já que ela não só deixa a casa para trabalhar, como também o faz no ambiente que era do homem”2 escreve Salvagni em sua tese. Questionar a lógica que ainda impede que mulheres vivam e trabalhem em condições iguais aos dos homens é tarefa urgente para qualquer cidadão e cidadã consciente. Que tal começarmos com a leitura da tese indicada? Ela pode ser acessada através do link: https://lume.ufrgs. br/handle/10183/144104. Boa leitura 1

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noti-

cia/2019-03/pesquisa-do-ibge-mostra-que-mulher-ganha-menos-em-todas-ocupacoes 2

SALVAGNI, Julice. As caminhoneiras: Uma

carona nas discussões de gênero, trabalho e identidade. 2016, p.50.


SAÚDE NO TRECHO

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A SAÚDE NO FINAL DO ARCO ÍRIS Descomplicamos as principais campanhas nacionais de saúde e explicamos por quê é tão importante fazermos parte delas, confira! estimados cerca de 16 mil casos. TEXTO: Adriana Giachini | FOTO: Divulgação Internet

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eza uma antiga lenda, cuja origem seria irlandesa, de que existe um pote de ouro no nal do arco íris. Muitos dos companheiros já devem ter ouvido (e até mesmo imaginado) sobre ela e pensado como seria bom encontrar tal tesouro. A boa notícia é que nós encontramos e o dividiremos com vocês. Não se trata, necessariamente de um balde de cheio de moedas reluzentes, mas de algo tão valioso quanto: a conscientização e a oportunidade de cuidar mais de você através das cores do arco íris. Explica-se. Outubro Rosa. Novembro Azul. Setembro Amarelo. Agosto Lilás. Janeiro Branco. Meses, cores e questões importante de saúde em pauta. Associar uma “cor” a um mês é uma importante ferramenta de marketing para disseminar informações e levar conhecimento adiante, na engenharia de qualidade chamamos isso de “gestão visual”. E a tendência não é exclusividade do Brasil, tanto que “o mês cor” mais famoso, o Outubro Rosa, fora criado nos Estados Unidos, por familiares de uma mulher que morreu de câncer de mama. Eles tiveram a ideia porque gostariam de conscientizar outras mulheres da importância da prevenção. A campanha ganhou o mundo e inspirou outras. Há meses com até quatro cores diferentes, de acordo com sua temática. Adiante, destacamos alguns dos mais conhecidos no Brasil e damos breves explanações sobre suas particularidades e importâncias:

ABRIL AZUL Tema: Autismo JANEIRO BRANCO Tema: Saúde mental. Em um relatório, apresentado em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, quase a população dos Estados Unidos. No Brasil, os números chegam a 11,5 milhões. Em 2030, ela será a doença mais comum, de acordo com o órgão. Já os transtornos de ansiedade acometem 264 milhões (18,6 milhões no Brasil). FEVEREIRO LARANJA Tema: Alerta para casos de leucemia. A leucemia é o câncer que acomete tecidos do sangue. Tais tecidos são responsáveis por efetuarem a defesa de nosso organismo contra agentes infecciosos ou danosos externos, como bactérias, por exemplo, assim, quem tem leucemia pode facilmente vir a falecer por uma simples gripe, por exemplo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), a estimativa de novos casos para 2018 foi de 10.800. MARÇO LILÁS Tema: Câncer do colo do útero O útero é um dos órgãos do sistema reprodutor feminino, é dentro dele que o óvulo fecundado se desenvolve e se transforma em vida. O câncer de colo de útero é a quarta maior causa de morte entre mulheres, no Brasil. Só para este ano, foram

Talvez o nosso companheiro de rodagem desconheça, mas o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno neurológico caracterizado pela di culdade de comunicação, de interações sociais, apresentando interesses obsessivos e comportamentos repetitivos. Trocando em miúdos, um indivíduo tido como autista muitas vezes fecha-se em seu mundo apresentando dé cits de interação com os seus pares (criação de amizade ou vínculo amoroso, por exemplo) e reconhecimento de determinados estereótipos do cotidiano – uma mãe não é reconhecida como tal em todo seu contexto, mas simplesmente como um ser que cuida. Na psicanálise e psiquiatria o transtorno ainda possui diagnóstico impreciso e divergente (de um modo geral não se sabe as causas especí cas do autismo) e afeta cerca de 1% da população mundial, sendo até 4x mais frequente no sexo masculino. Vale lembrar que autismo não é uma doença, tampouco é transmissível pelo ar ou contato. Os autistas são indivíduos siologicamente saudáveis que muitas vezes se desenvolvem além da capacidade tida como normal do ser humano – Leonel Messi, por exemplo, gênio do futebol e atleta do Barcelona F. C., é autista – e sofrem marginalização devido ao preconceito pela desinformação social. Existem diversos níveis de autismo, indo do brando/leve (comportamento sociável) ao muito severo (dissociação social). Portanto, o

Abril Azul, basicamente, é uma campanha que faz referência à informação e inclusão dos autistas em nosso espaço público e privado. JUNHO VERMELHO Tema: Incentivo à doação de sangue

Segundo análises, no inverno, os bancos de sangue sofrem redução de 30% nos estoques. AGOSTO LILÁS Tema: violência contra a mulher Realizada desde 2016 em comemoração aos 10 anos da Lei Maria da Penha, a campanha “Agosto Lilás” entrou no calendário de eventos de Mato Grosso do Sul como a maior campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. No Brasil, segundo o Ministério Público registra, uma mulher é agredida a cada quatro minutos por um homem e sobrevive. Somente em 2018, foram registradas mais de 145 mil queixas de violência física, sexual, psicológica e de outros tipos. Além disso,o país registra 180 estupros por dia. Número é o maior desde 2009. Metade das vítimas (54 ) tem menos de 13 anos e 75 (das vítimas) conhecem o agressor.


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SAÚDE NO TRECHO SETEMBRO AMARELO Tema: Combate ao suicídio

O Setembro Amarelo está entre as campanhas mais conhecidas no Brasil e no mundo. Diferentemente da tendência mundial, a taxa de suicídio aumentou 7 em nosso país, nos últimos seis anos. Dados da OMS mostram que ocorre um suicídio a cada 40 segundos no mundo, um total de 1 milhão por ano; no Brasil, ocorre um suicídio a cada 45 minutos. Ainda de acordo com a OMS, a faixa etária mais afetada pelo problema é de 15 a 29 anos -o suicídio está entre as três principais causas de morte entre jovens. Altamente correlacionado à baixa autoestima e depressão, se faz importante conversar com amigos e familiares sobre o tema, e sempre procurar auxílio caso não se sinta bem consigo ou perceba que alguém próximo anda apresentando os sintomas de reclusão, choro continuo, melancolia, etc. Várias cidades do Brasil tem uma programação especial para a data,

justamente com a missão de dialogar sobre o tema. OUTUBRO ROSA Tema: Câncer de mama O segundo tipo mais frequente entre mulheres em todo o Brasil (exceto na região Norte). Só em 2018, foram estimados cerca de 59 mil novos casos.Atualmente vem apresentando aumento no número de casos, muitos deles atrelados à falta de conhecimento e cuidados próprios da mulher. A campanha é mundialmente famosa e necessária, pois o câncer de mama tem sua chance de cura ampliada com um diagnóstico simples e precoce, o famoso exame do toque mamário. Vale ressaltar que o câncer de mama também afeta os homens, 1 a cada 100 desenvolvem a doença. Os possíveis sinais de câncer de mama em homens incluem: Protuberância ou inchaço, geralmente (mas nem sempre) indolor; pele ondulada ou enrugada; retração do mamilo; vermelhidão ou descamação da pele da mama ou do

mamilo; inchaço nos linfonodos axilares. A qualquer presença destes sinais, procure um médico prontamente. Cuide-se NOVEMBRO AZUL Tema: Prevenção ao câncer de próstata Assim como o Outubro Rosa, o Novembro Azul é um movimento global. Sua ação toca em reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros – de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2018. E as maiores vítimas são homens a partir dos 50 anos, além de pessoas com presença da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou lho. Por m, as campanhas tem seu valor ponderado sobre a prevenção das doenças. Evitar o surgimento de doenças e criar mecanismos de diagnóstico e tratamento para enfermidades em estágio inicial são dois dos focos de atuação da medicina preven-

tiva, que encontra na lógica do “prevenir é melhor que remediar” sua maior contribuição para a gestão da saúde populacional. Segundo dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2018, cerca de 40% da população adulta brasileira tem pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT). O levantamento aponta ainda que as DCNT são responsáveis por mais de 72% das causas de mortes no Brasil. A hipertensão arterial, o diabetes, a doença crônica de coluna, o colesterol (principal fator de risco para as cardiovasculares) e a depressão são as que apresentam maior prevalência no país. De acordo com o British Medical Journal, 37 milhões de mortes prematuras, no mundo inteiro, poderiam ser evitadas até 2025, caso fossem tomadas medidas de promoção de saúde. Portanto, ao invés de somente achar o calendário arco íris e as propagandas de rodovias bonitinhas, cuide-se Você não quer fazer parte da estatística, não é mesmo?

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CHICO LEGAL

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AFASTAMENTO POR ACIDENTE DE TRABALHO O que fazer quando sofremos um acidente durante o cumprimento da atividade trabalhista? Quais os deveres e direitos de empregador e empregado? TEXTO: Dra. Luciana Baptista Barretto | FOTO: Divulgação

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ou motorista pro ssional, com registro em carteira em uma transportadora. No início do mês de agosto sofri um acidente enquanto conduzia o caminhão da empresa. Tenho atestado para permanecer afastado por 60 dias, minha dúvida é: quando retornar ao trabalho a empresa pode me demitir? – André L., Brasília – DF. Caro amigo da rodagem, a atividade de motorista possui elevado grau de risco, con gurando atividade perigosa nos termos do art. 927, parágrafo único, do Código Civil. O trabalhador que venha a sofrer acidente durante o cumprimento de sua atividade deve ser assistido pela empresa e, como procedimento inicial, esta fazer o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – caso a empresa negue-se a fazer tal comunicado, é recomendado que o trabalhador procure o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) mais próximo para que seja aberto o CAT. Conforme previsão do artigo 118 da lei 8213/91: Artigo 118, o acidente de trabalho gera estabilidade provisória no emprego por 12 meses quando o trabalhador retornar ao serviço. “O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida,

pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio acidente”. Após o término do prazo estipulado pelo atestado médico, caso não tenham restado sequelas incapacitantes, o trabalhador deverá retornar às suas atividades normais ou compatíveis àquelas que desempenhava anteriormente ao acidente. Se o acidente resultou em sequelas parcialmente incapacitantes ao trabalhador, o mesmo deverá ser readaptado à uma atividade compatível à sua força de trabalho, trocando em miúdos, a empresa deverá de incluir o trabalhador em tarefas que este possa ser capaz de desempenhar com as suas novas “limitações” e, neste caso, o trabalhador terá direito, mesmo que ativo na empresa, a um benefício pago pelo INSS denominado de “auxílio acidente”, que corresponde à 50% do chamado Salário de Benefício. O cálculo do Salário de Benefício obedece às disposições do artigo 32 da Lei 8.213/91, cujo Artigo 32 estabelece: “O salário de benefício do segurado que contribuir em razão de atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários de contribuição das atividades exercidas na data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo.”.

DRA. LUCIANA BAPTISTA BARRETTO Formada em Direito pela Faculdade Municipal de Franca (em 2003), especialista em Direito e Processo do Trabalho pelo IEPG - Instituto de Extensão e Pós Graduação (2010).

Por m, em caso de sequelas totalmente incapacitantes o trabalhador deve ser aposentado por invalidez pelo INSS. Portanto, André, se o seu CAT foi emitido, não há com que se preocupar. Mesmo

com as mudanças proposta com a Reforma Trabalhista de 2017, o seu direito de exercer a sua atividade remunerada ainda está garantido. Até a próxima edição, companheiros.


OFICINA DO CHICO

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PINTURA DO CAMINHÃO: COMO EU DEVO CONSERVAR? É possível conservar a pintura do caminhão, a fim de aumentar a vida útil da carroceria e valorizar ainda mais os componentes da sua frota. Quer saber como? Então, confira as recomendações que trouxemos nesta matéria! TEXTO: Blog WLM Scania | FOTO: Divulgação / Internet

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or falta de tempo ou negligência, alguns proprietários não conseguem fazer a manutenção necessária para deixar a lataria de seus veículos em bom estado. Porém, vale lembrar que, quando a pintura do caminhão apresenta estragos, ca mais difícil fazer a revenda. Isso porque a aparência é um dos elementos mais relevantes na hora de passar um veículo adiante. Não são somente as colisões que estragam a tinta. Mudanças climáticas e outros fatores (como a ação de pássaros e de insetos) também podem prejudicar o exterior das máquinas. Felizmente, é possível conservar a pintura do caminhão a m de aumentar a vida útil da carroceria e valorizar ainda mais os componentes do bruto. 1. NÃO ESTACIONE EMBAIXO DE ÁRVORES O local onde o veículo é estacionado pode dani car a conservação da tintura. Portanto, evite parar embaixo (ou próximo) de árvores, pois as folhas liberam substâncias que prejudicam a lataria. Além disso, é importante lembrar que a exposição ao sol, aliada à resina presente nas folhagens, acelera a deterioração da pintura. 2. REMOVA AS IMPUREZAS DO AMBIENTE EXTERNO Se você costuma fazer viagens notur-

5. FIQUE ATENTO AO ABASTECER nas, provavelmente já foi vítima de insetos. Eles se aglutinam em vários componentes do veículo — faróis, grades, para-brisas e lataria — e soltam uídos que podem degradar a tinta de modo irreversível, quando não são removidos em até 48 horas. Importante: quando perceber a presença de sujeiras de pássaros no veículo, proceda da mesma forma. Remova-as o mais rápido possível

3. NÃO ADIE CONSERTOS Batidas, riscos e pequenos amassados podem ocorrer. Independentemente disso, não adie a reparação desses danos, pois isso pode gerar problemas maiores. Realize pequenas correções, como: chapeação, martelinho de ouro e outros serviços de reparo simples. 4. DESVIE DO PICHE Passar com o caminhão sobre um asfalto fresco pode prejudicar a pintura. Isso porque nesses momentos o material utilizado, conhecido como piche, ainda não está curado o bastante, e pode salpicar sobre a carroceria. Mais tarde, ao secar, a substância xa-se na superfície, o que di culta sua remoção. Para que isso não ocorra, aposte em uma anela com um pouco de cera automotiva.

Grande parte dos combustíveis contém resquícios que podem afetar o verniz e, por consequência, a pintura. Logo, ao abastecer, veri que se o frentista não despejou combustível na região do bocal. Caso isso ocorra, tenha em mãos um pano limpo e água e faça a limpeza imediatamente. 6. LAVE O VEÍCULO REGULARMENTE A lataria dos caminhões ca sempre em contato com areia, barro, poeira e ações da chuva e do sol. Para que ela são seja dani cada, siga algumas dicas: • remova as partículas externas diariamente com um pano seco; • lave os veículos a cada 7 ou 15 dias com água e detergente especí co. Além disso, é essencial que se tenha uma atenção extra durante a higienização, realizando-a sempre de cima para baixo. Os resíduos sólidos causam arranhões, mas esse movimento evita que eles escapem da parte inferior do veículo para o capô, o teto e as portas. 7. REALIZE UM ENCERAMENTO OU POLIMENTO A cada seis meses ou um ano — dependendo da e ciência da aplicação — é possível usar serviços de enceramento ou

polimento para proteger a pintura e remover riscos super ciais da carroceria. Com a cera, uma película protetora se adere à superfície do caminhão, o que reduz a incidência de diversos agentes externos, como: sol, chuva, granizo, oxidação, manchas e substâncias químicas que podem escorrer sobre a lataria e estragá-la. Mas tenha cuidado A frequência do processo diminui o grau de proteção e remove o brilho do verniz e do jateamento. 8. FAÇA UMA DESCONTAMINAÇÃO Nem sempre a lavagem convencional remove as partículas de sujeira. É aí que entra o procedimento de descontaminação, que consiste em aplicar uma massa abrasiva à base de argila — semelhante a uma esfoliação — concedendo uma aparência lisa à pintura do caminhão. 9. VITRIFIQUE A CARROCERIA A vitri cação é uma espécie de acabamento para conservar a lataria. Além de conceder mais brilho, esse serviço dá uma proteção extra ao verniz e evita os males do tempo e todos os problemas citados acima. Além disso, ela dá um efeito de “hidrorrepelência” (moléculas de água não cam sobre a carroceria do veículo), o que deixa a máquina limpa por mais tempo e descomplica a limpeza.


ENTRETENIMENTO

PICADINHO COM ERVILHA E CREME DE LEITE MODO DE PREPARO 1. Tempere a carne com sal e pimenta. 2. Leve-a para fritar em uma frigideira até que que douradinha.

ingredientes • 500g de carne picadinha na faca

3. Acrescente a cebola e o alho. Refogue mais um pouco.

(alcatra, contrafilé ou patinho) • 2 dentes de alho picados

4. Coloque os tomates e mexa até que se desmanchem formando um molho.

• 1 cebola picada • 3 tomates picados

5.A dicione as ervilhas e misture bem. Desligue o fogo.

• Sal e pimenta a gosto • Temperinho verde a gosto

6. Por m, coloque o creme de leite e misture. Se necessário, corrija o tempero com sal e pimenta.

• 200g de creme de leite • 120g de ervilha frescas

7. Finalize com temperinho verde. 8. Você pode servir com couve refogada e batata palha.

FONTE: Destemperados

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