87ª Edição Nacional – Jornal Chico da Boleia

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CHICO LEGAL - Tempo de espera para descarga e o pagamento de diárias > 13

Edição BIMESTRAL | Nº 87 | ANO 8

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VIDA DE BOLEIA:

A ROTINA, DESAFIOS E CONQUISTAS DOS PROFISSIONAIS DA ESTRADA PAPO DE BOLEIA

DE BOA NA BOLEIA

Manter alimentação saudável é preocupação para quem vive na estrada

Experiências e novidades na Automec 2019

Chico da Boleia aproveita a oportunidade e carreteira da Transjordano ganha presente inesperado da Alliance Truck Parts > 04

Feira contou com 1,5 mil marcas expositoras nacionais e internacionais e gerou R$ 77 milhões em negócios > 11


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PAPO DE BOLEIA

EXPEDIENTE O jornal Chico da Boleia é uma publicação bimestral. As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados são de seus autores e não refletem, necessariamente, a do Jornal Chico da Boleia.

EDIÇÃO: 87º - Junho / Julho - Ano 08 DIRETORA COMERCIAL: Wanda Jacheta JORNALISTA RESPONSÁVEL: Almir Francisco / Chico da Boleia chicodaboleia@chicodaboleia.com.br Reg. Mtb: 0087497/SP JORNALISTAS: Jonas Tolocka - Reg. Mtb: 026792 Adriana Giachini - Reg. Mtb: 31023 COORDENAÇÃO E REVISÃO: Larissa Jacheta Riberti imprensa@chicodaboleia.com.br DIAGRAMAÇÃO E ARTE: Pamela Souza FOTÓGRAFOS / REPÓRTER: Murilo de Abreu Yuri Riberti PUBLICIDADE: marketing@chicodaboleia.com.br

CONTATO: Av. dos Italianos, 2300 Sala 08 Prados, Itapira – SP CEP: 13970-080 Telefone: (19) 3843-5778 / (19) 98265-1838 TIRAGEM: 50.000 exemplares

MEIO ANO JÁ SE FOI

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ompanheiros e companheiras do trecho, o ano de 2019 começou a todo vapor com otimismo e alta em função de uma nova gestão no Palácio do Planalto. Mas chegamos ao meio do ano e toda aquela expectativa criada com otimismo exacerbado ruiu, virou pó. Ou melhor, fumaça!

As projeções do PIB demostram esta realidade. Hoje, a previsão mais otimista, depois de ser revisto para baixo pela décima oitava vez, é de um crescimento de 0,85%. Isso é demostrado pelo “Boletim Focus”, que compila previsões dos economistas. mostrando que a perspectiva de expansão caiu 0,02 ponto percentual. Como os amigos e companheiros sabem, o PIB (produto interno bruto) mede como está a economia no nosso Brasil, e um crescimento dessa ordem não é nada diante das nossas necessidades. Apesar das dificuldades, o setor do transporte rodoviário de cargas continua trabalhando duro para sobreviver. Participei de duas feiras importantes que demonstram isso. Uma foi a AUTOMEC, realizada em São Paulo, e a outra foi a TRANSPOSUL, realizada em Bento Gonçalves. Ambas mostraram força e uma vontade enorme de descolar dos problemas políticos e seguir desenvolvendo seu papel. Durante os eventos foram realizados expressivos negócios, e agora todo o setor está de olho na FENATRAM que já tem mais de 400 marcas confirmadas, um número recorde. Como forma de aliviar as tensões com a categoria, que anda insatisfeita com as ainda constantes altas no preço dos combustíveis, a ANTT suspendeu o uso do adesivo do RNTRC que era obrigatório. Isso gerou uma redução mínima no valor do recadastro e novos cadastros. Os companheiros que nos acompanham sabem que já falei sobre o quanto nosso setor tem sido bombardeado com “novidades” e um “entra e sai” de lei e de resoluções. Tudo isso acaba, na minha modesta opinião, sendo maléfico para o setor e transformando o dia a dia dos caminhoneiros num verdadeiro caos. Problemas à parte, cabe lembrar que dia 25 de julho se comemora o dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, e nós caminhoneiros também comemoramos esta data. Em São Paulo, a data para comemorar esse dia é 30 de junho. Já a nível nacional, o caminhoneiro é celebrado oficialmente em 19 de setembro, no dia Nacional do Caminhoneiro. Em todas essas ocasiões, os companheiros e companheiras do trecho aproveitam para estar entre amigos e familiares. É um momento de celebração da profissão, mas também de avaliar as condições que todos os dias implicam em dificuldades e desafios para a categoria. Por isso, vamos aproveitar o ensejo para analisar como anda nossa profissão, avaliando o que melhorou e o que piorou. Quando se criou o fim da famigerada carta frete e se instituiu o PEF (pagamento eletrônico do frete), nós fomos um dos primeiros a apoiar e divulgar. Mas até hoje, verificamos que não há uma fiscalização efetiva e por isso, a lei de nada adianta. A mesma coisa com o vale pedágio. Também estamos na espera do marco regulatório ser aprovado no Senado. Mas se a fiscalizar não melhorar, será outra “letra morta”. Vamos em frente! Eu, Chico da Boleia, decidi, apoiar e levantar a bandeira do combate ao roubo de carga e sua receptação. Bem sabemos que quem fica com o cano da arma na cara é o caminhoneiro, ele é quem sofre o sequestro ou é largado amarrado no meio do mato. Pra piorar, quando ele sai inteiro, ainda vai pairar sobre ele a suspeita de ter colaborado ou facilitado o roubo. Por isso, estamos fazendo um trabalho junto aos municípios e governos estaduais para implementar a Lei Roberto Mira, que trata do combate a receptação do roubo de carga. Nosso primeiro sucesso foi na Prefeitura de Porto Ferreira, administrada pelo Prefeito Rômulo Rippa, que, depois de ter me recebido para uma primeira conversa no ano passado, sancionou a lei em março deste ano. Companheiros e companheiras, fico por aqui e continuem acompanhando nosso jornal. Vocês também podem nos acompanhar e deixar suas opiniões e críticas através do nosso site e das redes sociais. Estamos no ar todas as segundas-feiras, das 13:00 às 14:00 horas, com o programa “Boa Tarde Chico”, na Rádio Clube de Itapira AM 930. Um abraço e uma boa leitura a todos! Chico da Boleia Sempre com orgulho de ser caminhoneiro.

Chico da Boleia

Orgulho de ser caminhoneiro chicodaboleia@chicodaboleia.com.br Whatsapp: (19) 98319-4127 /chicodaboleia

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PAPO DE BOLEIA

MANTER ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL É PREOCUPAÇÃO PARA QUEM VIVE NA ESTRADA Chico da Boleia aproveita a oportunidade e carreteira da Transjordano ganha presente inesperado da Alliance Truck Parts TEXTO: Jonas Tolocka | FOTO: Divulgação Chico da Boleia

da entrega. Ao entregar o presente, Thiago esclareceu que a instalação do equipamento também estava incluída. “Agora é escolher o concessionário mais próximo e providenciar a instalação sem custo. Esperamos que colabore com sua saúde e com seu bem estar no trecho”, desejou. “Agradeço a Transjordano, a Alliance e ao Chico da Boleia. Muito obrigado, estou muito feliz”, disse Ângela emocionada. Wagner, gestor de operação da Transjordano em Cubatão, conta que também foram surpreendidos. “Isso engrandece muito nossos funcionários”, frisou ao agradecer a ação da Alliance intermediada por Chico da Boleia. Ângela Garcia está na Transjordano há

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uem vive do transporte rodoviário de cargas entende como é difícil ter uma alimentação adequada quando se está no trecho. Horas ao volante, nas estradas do país, pode ser prazeroso, mas é também um agravante na organização da vida pessoal. Manter bons hábitos de vida, como uma alimentação saudável e horas tranquilas de sono é fundamental para evitar problemas de saúde. Longas viagens, alimentação descuidada, falta de atividade física e poucas horas de sono são ainda (e infelizmente) fatores presentes de quem ganha a vida na estrada. Os problemas de saúde dos caminhoneiros não são poucos. Em 2018, uma pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo revelou que 79% dos trabalhadores da categoria está com excesso de peso ou obeso (na população em geral, esse índice é de 72%), 35% tem colesterol e/ou glicemia em níveis elevados e um terço dorme seis horas ou menos por noite. Recentemente nos deparamos com um problema concreto vivido por Ângela Garcia, carreteira na transportadora Transjordano. Ângela foi personagem do quarto vídeo exclusivo da série para YouTube “Mulheres no comando”, produzido

quatro anos e meio e é carreteira há mais de dez, quando decidiu trocar a enfermagem pela estrada. “É difícil da gente explicar, porque a paixão vem com tudo. Eu era feliz na enfermagem e estou sendo muito feliz também na estrada. Estar na estrada possibilita ver coisas diferentes, ver a natureza e ir livre, leve e solta trabalhar, ser carreteira é a coisa mais linda do mundo”, revela. Na Transjordano, Ângela conduz com maestria um Actros da Mercedes Benz, veículo extrapesado, com uma carreta de nove eixos. A carreteira transporta uma carga perigosa, o combustível. “O Actros é o maior conforto que eu já dirigi e tem toda segurança que eu preciso”, diz ela que agora pode desfrutar também do conforto de uma geladeira na cabine do caminhão.

VOCÊ PERGUNTA O CHICO RESPONDE pela equipe Chico da Boleia, em homenagem ao mês das mulheres. Apesar de obedecer à todas as regras de parada e descanso obrigatório exigidos pela lei e pela empresa, Ângela falou sobre a dificuldade de manter uma boa dieta alimentar no cotidiano de trabalho. Após passar por uma cirurgia bariátrica, a necessidade de um controle maior sobre a alimentação passou a ser inadiável. Preparar sua própria comida, com alimentos previamente escolhidos, não era a dificuldade. A dificuldade era ter uma estrutura adequada para boa conservação da comida. Ao ouvir o relato da carreteira da Transjordano, o pessoal da Alliance Truck Parts decidiu fazer uma grata surpresa e presentear Ângela com uma geladeira portátil de 41 litros. A entrega ocorreu no estande de exposição da empresa durante a realização da Automec (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços), em abril deste ano, na cidade de São Paulo. “Em nossa linha de acessórios temos uma ampla opção de geladeiras para cabines de caminhão. E ficamos sabendo que a senhora Ângela tem algumas restrições alimentação e conta com uma dieta especial. Por isso decidimos fazer uma doação”, disse Thiago Nicolini, gerente da Alliance Truck Parts Brasil, por ocasião

E-MAIL: chicodaboleia@chicodaboleia.com.br FACEBOOK: facebook.com/chicodaboleia

EDIÇÃO Nº86 Leitor: Chico, é verdade que o serviço do cadastramento e recadastramento do ANTT não serão mais obrigatórios? – Wagner Rosin, despachante, Amparo-SP. Chico da Boleia: Companheiro Wagner, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou recentemente a Resolução ANTT nº 5.847, de 21 de maio de 2019, que altera procedimentos para inscrição e manutenção no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC). A partir de 21 de junho, os pontos de atendimento credenciados não poderão mais vincular adesivo à placa do veículo. Em miúdos, os serviços como cadastramento e recadastramento do ANTT, inclusão e exclusão de placas mantive-

ram-se inalterados. Portanto, ainda há a necessidade do transportador, seja ele autônomo (TAC) ou empresa (ETC), de pagar as taxas e regularizar a sua situação perante à ANTT. O que houve de mudança foi que o transportador não precisará pagar pelo adesivo, tão somente. Na prática, a alteração elimina o custo da segunda via do adesivo, porém não se sabe o quanto a não emissão do adesivo representará em diminuição das tarifas cobradas pelos outros serviços. A norma também modificou as infrações inciso I e alínea “c” do inciso V do art. 36 da Resolução 4.799, de 2015. A palavra “evadir” foi retirada e as multas, que antes eram de R$ 5 mil, passam a ser de R$ 550,00.

Fontes: http://www.antt.gov.br/salaImprensa/noticias/arquivos/2019/05/ANTT_desburocratiza_registro_de_transportadores_de_carga.html https://anttlegis.antt.gov.br/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&cod_ modulo=36&cod_menu=11&num_ato=00005847&sgl_tipo=RES&sgl_orgao=DG/ANTT/MI&vlr_ ano=2019&seq_ato=000 https://anttlegis.antt.gov.br/action/UrlPublicasAction.php


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FIQUE POR DENTRO 2018 REGISTROU 22.183 OCORRÊNCIAS DE ROUBOS DE CARGA Dados da entidade apontam redução de mais de 3 mil casos, mas ainda é alto o valor do prejuízo causado pelo delito

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FONTE: NTC&Logística

esde 1998, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulga anualmente a estatística nacional de roubos de carga. Esse relatório tem como base informações colhidas formal e informalmente. Ao longo de 2018, foi registrado um total de 22.183 ocorrências de roubos de carga pelo país. Já no ano anterior, essa soma chegava a 25.970 casos.O ano passado mostra uma queda de mais de 3 mil incidentes, cerca de 15%, com relação a 2017. E também é um número menor registrado em comparação com 2016, que apontou 24.550. Mesmo assim, ainda é uma quantidade muito alta de episódios. Os prejuízos foram computados

em R$ 1,47 bilhão. Segundo o Presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes, “mesmo a pesquisa apontando uma considerável redução se comparado ao ano de 2017, estamos falando de milhares de roubos em todo o Brasil e isso não é aceitável”. Fernandes ainda comenta que a redução tem muito a ver com o trabalho desenvolvido no Rio de Janeiro, onde o exército por ordem do governo federal interveio com o objetivo de amenizar a situação da segurança interna, impactando positivamente nos resultados da pesquisa. Nesse cenário, a região Sudeste é a mais afetada, arcando com 84,79% das ocorrências. Em seguida, aparece a região

05 Nordeste, com 6,43%; Sul, com 5,69%; Centro-oeste, 2,34%; e por último a região Norte, com 0,75%. Já analisando os estados dentro da região Sudeste, o campeão de incidentes é o Rio de Janeiro, onde os registros chegaram a 41,39%, seguido por São Paulo, 39,39%. Juntamente com Espírito Santo e Minas Gerais, amargam um total de R$ 937,76 milhões de prejuízo. Logo depois aparece a região Norte, com R$ 238,96 milhões; Sul, com R$ 152,13 milhões; Centro-oeste, com R$ 108,03 milhões; e Norte, atingindo R$ 36,25 milhões. Enquanto o Norte chegou em 2016 ao seu pico de registros com 237 casos, o Sudeste nunca apresentou menos de 16 mil ocorrências. Apesar desse montante arrasador da região, a queda nacional se deve, no Rio de Janeiro, à intervenção federal na área da segurança, que resultou também na diminuição de casos. Em 2017 essa parte do Brasil sozinha acumulava a soma do país em 2018: 22.212 casos. Já em São Paulo, a forte retração se deve, não ao trabalho policial mas, em especial, ao forte investimento das empresas em tecnologias de se-

gurança. Mesmo assim, representantes do setor ainda reivindicam uma melhor articulação do governo em função da segurança rodoviária para o setor de transportes. E essa solicitação não deve ser ignorada. O Brasil é o país que possui a maior concentração rodoviária de transporte de cargas dentre as principais economias do mundo. A malha rodoviária concentra 61% do escoamento da produção do país. Isso representa que quase tudo que é produzido aqui viaja pelas estradas brasileiras para chegar a seu destino, ficando à mercê de redes criminosas que concentram suas ações nos itens que mais lhe proveriam lucros. Assim, os produtos mais procurados nos roubos são relacionados ao tráfico, como cigarros, eletrodomésticos, produtos alimentícios, combustíveis, bebidas, artigos farmacêuticos, produtos químicos, autopeças e têxteis e confecções. Por essa razão também, a maior parte dos assaltos, 78%, ocorre em áreas urbanas, sendo a sua maioria realizada pela manhã. Assim, apenas 22% dos assaltos acontecem em rodovias, onde as quadrilhas dão preferência ao período da noite.


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REPORTAGEM

VIDA DE BOLEIA: A ROTINA, DESAFIOS E CONQUISTAS DOS PROFISSIONAIS DA ESTRADA Em três ocasiões, os caminhoneiros e caminhoneiras são celebrados no Brasil. Saiba mais sobre essa importante e valorosa profissão. Redação Chico da Boleia | FOTO: Murilo Abreu

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ão horas dirigindo pelo Brasil, dias longe de casa e metas a cumprir. A vida na “boleia”, como bem sabemos, tem suas aventuras e desventuras. É cansativa, estressante e ao mesmo tempo apaixonante e cheia de boas surpresas. A saudade, seja de casa e/ou da estrada, é companhia constante. Afinal, ninguém conhece tão bem esse Brasil como nós - caminhoneiros, carreteiros e motoristas! E talvez justamente por tantas particularidades é que existem três datas para se homenagear quem não deixa o país parar: 30 de junho, 25 de julho, 19 de setembro. Vamos entender essa história. O 30 de Junho é considerado uma data regional, pois celebra a profissão de caminhoneiro no Estado de São Paulo, sendo instituída através da lei nº 5.487, de 30 de dezembro de 1986. Já a lei nacional nº 11.927, de 17 de abril de 2009, assinada pelo ex-vice-presidente do Brasil, José Alencar Gomes da Silva, decretou o Dia Nacional do Caminhoneiro em 19 de setembro. E o 25 de julho? Nesta data se comemora o Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, e proteção, quando se vive nas estradas, nunca é demais! Tanto que, para sermos ainda mais exatos, muitas regiões estendem as comemorações também conciliadas com os Santos Padroeiros. Então, vale contar com a proteção de São José, Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida, entre outros. Na verdade, sabemos que ter uma data, no

calendário ou no coração, é uma ferramenta importante de reflexão sobre nossa categoria, os desafios que enfrentamos na estrada, as lutas que ainda travamos por direitos e qualidade de vida. Ao mesmo tempo, refletimos também sobre a vida pelo país afora, sobre as pessoas que conhecemos todos os dias e o quanto gostamos do que fazemos. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), existem cerca de 2 milhões de caminhoneiros no Brasil, sendo que 99,5% destes são homens e 0,5% são mulheres. São Paulo é o estado brasileiro que concentra o maior número de profissionais: 24,4% do total, seguido de Minas Gerais com 12,6% e o Paraná com 11%. É um “tantão” de gente como a gente, compartilhando e escrevendo histórias que tornam fundamental comemorar não uma, mas três datas especiais. E nós, equipe Chico da Boleia, não deixaremos passar em branco. Nesta reportagem especial sobre o Dia do Caminheiro enalteceremos a importância da reflexão sobre nossas vidas. Pense, por exemplo, sobre suas conquistas na estrada. Já compartilhou seus “causos”? Quando mandou pela última vez mensagem para família, só para dizer o quanto são importantes para você? Reforçar os atos que são resultantes de nosso caráter e julgamos como norteadores de nossas vidas nem de longe é falta de humildade ou arrogância. É pactuarmos conosco o que podemos ofertar de melhor nesta vida e, por que não, tratarmo-nos com mais carinho e atenção – elevar a autoesti-

ma, antes de uma ação de carinho, é um ato de inteligência. Neste embalo, aproveite as datas comemorativas e pesquise temas relevantes para a categoria, não só focados na legislação e em seus direitos, mas, principalmente, voltados a você. Exemplos? Como anda sua saúde? Qual a sua relação com o seu principal bem de trabalho, o caminhão? Qual meu papel no mundo? De onde vim, e para onde vou? SAÚDE A rotina de longas viagens, a alimentação desregrada, a falta de atividade física e as poucas horas de sono são uma equação cujo resultado a maioria dos integrantes de nossa categoria já conhece. Dados inéditos de pesquisas feitas em 2018 por duas das maiores concessionárias de rodovias do país, com milhares de caminhoneiros, mostram que 79% dos caminheiros/carreteiros estão com excesso de peso ou obesos (na população em geral, esse índice é de 72%). Um estudo feito pela CCR, com 12 mil condutores, revelou que quase 80% deles dormem no próprio caminhão e metade tem problemas visuais. Já o outro levantamento, feito pela empresa Arteris, com 3,5 mil caminhoneiros, apontou que um em cada cinco usa o estimulante anfetamina – em geral, para se manterem acordados – e 33% ficam fora de casa durante 20 dias do mês. Todas as condições, além de prejudicarem a saúde do profissional, aumentam as chances de acidentes nas estradas, e colocam em risco não somente a vida do motorista, mas

também de outros inocentes. Então, cuide-se! SUSTENTABILIDADE Temas sobre meio ambiente, sustentabilidade e cuidados com o planeta devem, obrigatoriamente, fazer parte da pauta do caminhoneiro – igualmente ao lado de qualidade das estradas, preço dos pedágios, valor do combustível – afinal, não há nada de normal em vivermos um inverno caloroso como o atual e acreditarmos que o ser humano não é responsável por tal condição. Aliás, é sobre esse último que a discussão aqui se concentra. Em 2015, autoridades de diversos países se reuniram em Paris para traçar metas de redução na emissão dos gases poluentes e do efeito estufa – na chamada 21ª Conferência das Partes (COP 21) da UNFCCC (Acordo de Paris). Após esse o encontro, o Brasil assumiu voluntariamente compromissos de redução de emissões de gases como gás carbônico (CO2) e metano (CH4), como os previstos no artigo 12 da Lei que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC (Lei n.o 12.187, de 29 de dezembro de 2009). Na prática, isso significa reduzir até 2020 a emissão entre 36,1% e 38,9%, referente ao volume da época, resultando em mais de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (t CO2 eq) salvados. O engajamento do setor de transportes é fundamental para atingir a meta. Tanto que a principal aposta do governo federal é o programa RenovaBio, cujo objetivo é expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, pontuando sua importância na redução das emissões de gases de efeito estufa. Aí entram em cena os combustíveis alternativos aos fósseis, dentre eles, o GNV e diesel


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REPORTAGEM advindos de biomassa (material orgânico como plantas e entranhas de animais). Mas você pode estar pensando: e o que eu tenho a ver com isso? Ora, companheiro (a), você sabia que para cada grau que a Terra aquece em relação a sua temperatura média a EMBRAPA demora 10 anos para gerar um novo embrião, através de cruzamentos naturais, de soja que resista a essa mudança climática? E que somente neste início de século a temperatura média já incrementou 1,20C? De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) “enquanto a temperatura média global subiu, aproximadamente, 5°C em 10 mil anos – contados desde o fim da última glaciação até 10 mil anos atrás – a mesma pode aumentar os mesmos 5°C em apenas 200 anos, a continuar o ritmo de aquecimento global que se observa nas últimas décadas”. As consequências disso são dificuldades nas plantações, falência do ecossistema por parte do suporte biológico da cadeia alimentar, aumento do nível dos oceanos, maremotos, terremotos, atividades vulcânicas, etc. Assim, aquela bomba de diesel que deixamos de regular aumenta a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, ou seja, o nosso veículo desregulado colabora para o aumento da temperatura no planeta. E, diante disso, questionamentos do tipo “qual futuro eu quero deixar para meus filhos e netos?” se fazem presentes. Então, fica a dica para se pensar sobre. MULHERES NO COMANDO As mulheres estão cada vez mais presentes em nossa categoria, ainda que continuem sendo minoria. Não importa. A presença delas só faz somar. Pensando nisso, nós da equipe Chico da Boleia, criamos em março deste ano – em homenagem ao Dia Internacional da Mulher – a série “Mulheres no Comando”, em nosso canal do Youtube e no jornal. A ideia é contar um pouco da rotina delas, as diferenças de gênero, as reações sociais (claro, a maioria da população ainda se surpreende com uma mulher dirigindo um caminhão, como rotina). Portanto, não deixe de conferir e entender mais sobre temas como machismo na profissão, as desigualdades de gênero e os obstáculos enfrentados pelas mulheres. LEIS Nas últimas duas décadas o número de leis para regulamentar o setor foi maior que nos últimos cinquenta anos. Conheça algumas delas.

• Lei do Pedágio: Vale-Pedágio obrigatório

Instituído pela Lei nº 10.209, de 23 de março de 2001, o Vale-Pedágio obrigatório foi criado com o principal objetivo de atender a uma das principais reivindicações dos caminhoneiros autônomos: a desoneração do transportador do pagamento do pedágio. Por este dispositivo legal, os embarcadores ou equiparados, passaram a ser responsáveis pelo pagamento antecipado do pedágio e fornecimento do respectivo comprovante, ao transportador rodoviário. • A Medida Provisória nº 68, de 04 de setembro de 2002

Convertida na Lei nº 10.561, de 13 de novembro de 2002, a MP transferiu à ANTT a competência para regulamentação, coordenação, delegação, fiscalização e aplicação das penalidades, atividades até então desempenhadas pelo Ministério dos Transportes. Com esta alteração da legislação, elimina-se a possibilidade de embutir o custo do pedágio no valor do frete contratado, prática que era utilizada com frequência, enquanto o pagamento do pedágio era feito em espécie, fazendo com que o seu custo recaísse diretamente sobre o transportador rodoviário de carga. • Lei 11.442 de 2017, que dispõe sobre nova regulação do TRC. • Lei 12.249/2010 – que dispõe sobre o fim da Carta-Frete. • Lei 13.103, DE 2 DE MARÇO DE 2015 – que dispõe sobre o exercício da profissão de motorista. Algumas considerações sobre a Lei no 13.103/2015, de 2 de março de 2015, conhecida como Lei do Motorista. O dispositivo legal está roubando a cena quando o assunto é regulamentação do exercício da profissão de motorista. A lei em questão estabelece novas normas para regulamentar a rotina de trabalho dos motoristas profissionais de passageiros e de transporte de cargas. Embora ainda não seja considerada ideal por algumas partes do setor, a lei prevê melhorias das condições de trabalho para os motoristas profissionais e aumenta a segurança nas estradas, em função da exigência de exames toxicológicos para o exercício da função. As mudanças implantadas pela lei abran-

gem desde jornada de trabalho, período de descanso e espera até questões como a exigência de os profissionais se submeterem a exames toxicológicos e a responsabilização do contratante do frete em caso de discordância entre o conteúdo transportado e a nota fiscal. CONTROLE E REGISTRO Não houve mudança em relação ao direito de o motorista ter a jornada de trabalho controlada e registrada mediante anotação em diário de bordo ou sistemas eletrônicos instalados no veículo. Entretanto, com a nova lei, há um novo ponto em questão: o controle deixa de ser apenas um direito do empregado, passando a ser um dever do empregador, isto é, consiste em uma obrigação compartilhada. Sua eficácia só é possível se o empregado colaborar na transmissão de dados e informações sobre paradas e repouso. JORNADA DE TRABALHO

respondente ao salário-base diário. Quando o tempo de espera for superior a duas horas, o tempo poderá ser considerado repouso, desde que não seja exigida a permanência do motorista junto ao veículo e o local ofereça condições adequadas. Embora a lei traga outra novidade em relação esse assunto, é nessa condição de espera que o empregado pode realizar movimentações necessárias do veículo sem contar hora na jornada de trabalho. Entretanto, não é especificado o limite para essas movimentações, o que pode gerar discussões judiciais sobre eventuais descaracterizações do tempo de espera. DESCANSO A cada 24 horas, o motorista tem direito a 11 horas de descanso, que podem ser fracionadas, garantindo-se o mínimo de oito horas ininterruptas.

Os motoristas terão jornada diária de oito horas, que podem ser prorrogadas por até duas horas extraordinárias ou, se previsto em convenção ou acordo coletivo, por até quatro horas extraordinárias. Continua sendo considerado trabalho efetivo quando o empregado estiver à disposição dos empregadores.

Segundo o Art. 17 da lei, os veículos de transporte de cargas que circularem vazios não pagarão taxas de pedágio sobre os eixos que mantiverem suspensos.

Estão fora da jornada de trabalho os intervalos para refeição, que devem ser de no mínimo uma hora e podem coincidir com o tempo de parada obrigatória. As horas que o motorista fica aguardando carga ou descarga do veículo e o período gasto com a fiscalização da mercadoria são considerados tempo de espera.

A lei prevê que o motorista deve ter um seguro obrigatório custeado pelo empregador no valor mínimo correspondente a 10 vezes o piso salarial da categoria ou valor superior fixado em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho. O seguro deve ser destinado a atender à cobertura de morte natural, morte por acidente, translado e auxílio-funeral.

TEMPO DE DIREÇÃO É vedado ao motorista profissional dirigir por mais de cinco horas e meia ininterruptas veículos de transporte rodoviário de cargas. Apesar da carga horária prevista, a lei estabelece como obrigatório um período de descanso de 30 minutos a cada seis horas na condução do veículo de transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas cinco horas e meia continuadas no exercício da condução. TEMPO DE ESPERA Segundo a nova lei, em nenhuma hipótese o tempo de espera poderá prejudicar o direito ao recebimento da remuneração cor-

PEDÁGIO

BENEFÍCIO DE SEGURO

EXAMES TOXICOLÓGICOS Os motoristas serão submetidos a exames toxicológicos na admissão e no desligamento da função, com direito à contraprova e confidencialidade dos resultados. Os exames também são obrigatórios para a renovação ou emissão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nas categorias C, D e E. Para os motoristas empregados, a nova lei traz a obrigação de submissão a exames com janela de detecção mínima de 90 dias e programa de controle do uso de drogas e de bebida alcoólica, instituído pelo empregador, com ampla ciência do empregado, pelo menos uma vez a cada dois anos e seis meses.




ONDE ESTÁ O CHICO DA BOLEIA

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AGRISHOW MOVIMENTO RECORDE E OTIMISMO O volume de negócios fechou em R$ 2,9 bilhões. O evento recebeu 159 mil pessoas em cinco dias.

TEXTO: Jonas Tolocka | FOTOS: Divulgação Agrishow & Murilo Abreu

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versão 2019 do Agrishow, realizada entre os dias 29 de abril e 03 de maio, na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, foi um prato cheio para a exposição de novos caminhões.

Entre janeiro e maio deste ano, as vendas de caminhões saltaram quase 47% no Brasil, se comparadas com mesmo período de 2018. Foram 39.063 unidades contra 26.607 nos cinco primeiros meses do ano passado.

Na 26ª edição da maior feira de tecSegundo balanço divulganologia agrícola do Brasil, foi Feira é do pelos organizadores do possível encontrar soluções espaço privilegiaevento, a Agrishow 2019 de serviços customizados do de conhecimento, fechou um total de R$ 2,9 para a cadeia da cana de inovação, ciência e tecnobilhões em negócios e suaçúcar e grãos, e até meslogia que se traduzem em perou em 6,4% o volume mo motor industrial moesforços para melhorar a registrado em 2018. Um vido a gás natural. vida do agricultor. Show! “Agrishow é lugar de Na área de negócios intertrazer novidade”, destacou o nacionais, a projeção é de que ao vice-presidente da Mercedes- Benz no Brasil, Roberto Leoncine, em entre- menos US$ 33 milhões foram firmados vista exclusiva para o Chico da Boleia. por meio de um projeto em parceria entre “Apresentamos um 3131 8x2 autônomo, a Associação Brasileira da Indústria de um veículo que anda ao lado da colhe- Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e a deira, sem ação do motorista, na mesma Agência Brasileira de Promoção de Exvelocidade da máquina com entre eixo to- portações e Investimentos (Apex-Brasil). talmente diferente para não ter pisoteio nas Montante 61% superior à última edição da linhas, uma grande novidade que levamos feira resultante de 52 rodadas de negócios entre representantes da Argentina, Ausao Agrishow”, conta. trália, Chile, Colômbia, Etiópia, México, A relação do agronegócio com o trans- Nigéria e Peru. porte e os serviços de caminhão é bem Para muitos, esta foi a melhor versão estreita. Para se ter uma ideia, de acordo com o IBGE, em 2010, 42,3% de todos da feira nos últimos dez anos. De fato o os serviços de transporte no país foram evento foi prestigiado por ministros, goutilizados pelos produtos do agronegócio. vernadores de estado e até o presidente da Hoje, esse percentual deve ser bem maior. República. Afinal a agroindústria é responsável pela Em seu Jubileu de Prata, a Agrishow compra de 30% dos caminhões com PBT 2019 fortaleceu, ainda mais, sua reputação acima de 16 toneladas. de importante feira do agronegócio em ní-

vel mundial. Neste ano, esteve em destaque a conectividade e a tecnologia como aliadas para aumentar a produtividade e eficiência no campo e a incorporação de importantes segmentos da cadeia produtiva. Com movimento recorde, 159 mil visitantes passaram pela feira e puderam interagir, conhecer e negociar com mais de 800 marcas em uma área equivalente a 52 campos de futebol. Porém a feira não pode ser medida somente pelo volume de intenções de negócios. Conhecimento, inovação, ciência, tecnologia compõem um volume gigante de informações que o agricultor leva pra casa. "É uma semente, abre-se um canal entre comprador e o vendedor e com isso novos negócios nascem nos próximos me-

ses", disse José Veloso, presidente executivo da Abimaq. Quem esteve na feira saiu de lá otimista, reflexo de uma nova estrutura de modelo no agronegócio brasileiro. Com o apoio de vários institutos (públicos e privados), existe a certeza de um ótimo crescimento para o setor nos próximos anos. A Agrishow é, sem dúvidas, o start da safra no Brasil. “Queremos ampliar cada vez mais e para as próximas edições oferecer ainda toda assistência jurídica necessária", declarou Gustavo Junqueira, secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. A 27ª edição da Agrishow em Ribeirão Preto já tem data marcada: começa no dia 1° de maio e vai até o dia 5 do mesmo mês de 2020. Até lá!


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EXPERIÊNCIAS E NOVIDADES NA AUTOMEC 2019 Feira contou com 1,5 mil marcas expositoras nacionais e internacionais e gerou R$ 77 milhões em negócios TEXTO: Jonas Tolocka | FOTO: Murilo Abreu

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Automec, Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços realizada entre 23 e 27 de abril no São Paulo Expo, na Capital paulista atraiu desde mecânicos a empresários em busca de negócios e estreitamento de relacionamento. De acordo com o balanço divulgado pela Reed Exhibitions, organizadora do evento, a 14ª edição da Automec contou com um público mais qualificado: o número de participantes com poder de decisão de compra aumentou 36% com relação à última edição, em 2017, enquanto o número de visitantes que declararam verba acima de R$100 mil para investimentos foi maior em 24%. Segundo os organizadores 75 mil pessoas visitaram a feira e mais de 50% dos visitantes varejistas eram responsáveis pelo fechamento de novos negócios. O número de visitantes de outros países da América Latina aumentou 50% em relação à última edição da feira. Pessoas vieram da Argentina, Chile, Colômbia, Bolívia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. Além disso, a feira recebeu dez caravanas oficiais dos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. O público, em sua maioria, era formado por distribuidores, varejistas, reparadores, proprietários de oficinas, representantes de montadoras, concessionárias e transportadoras. O pavilhão internacional representou 38% da área de exposição, com 580 marcas de 26 países, 200 a mais do que o nú-

mero da edição anterior. A China liderou com 10% do total. O interesse global não é à toa, o mercado de reposição de autopeças no Brasil está crescendo à uma taxa de 4% a 6% ao ano e até 2022 terá alcançado entre R$ 125 bi e R$ 140 bilhões em negócios. Uma área denominada Automec Experience apresentou diversas oficinas. Uma delas, exclusiva para pesados, mostrou uma oficina referência, com os equipamentos mais modernos do mercado e uma linha de produtos exclusivos. Na área de inovação, um espaço dedicado para start-ups, novas tecnologias foram apresentadas trazendo novos recursos, formatos e facilidades para dinamizar a rentabilidade de maneira inovadora para os negócios. Presente em todas as edições da Automec, a Valeo Service, fornecedora global de produtos automotivos, considera o espaço privilegiado e uma frente importantíssima de ação. Daniel Silveira, Diretor de Marketing conta que empresa expôs pela primeira vez os atuadores e cilindros de embreagem FTE “essa é a cereja do bolo para os amigos do trecho, a FTE é uma empresa Valeo hoje e tem toda uma linha de atuadores para veículos pesados não só no Brasil, mas também lá fora, que é o grande diferencial, e pode atuar em todas as linhas do mercado”, explicou. David Randon, Diretor Presidente das Empresas Randon, destacou a força da

Automec no mercado de autopeças “essa é uma das feiras mais importantes do mundo em termos de mercado de reposição e principalmente mercado de peças, é uma cadeia enorme de clientes que participam e tem interesse em conhecer mais de nossos produtos”, observou. O conglomerado de Empresas Randon conta com sete empresas no ramo de autopeças: Fras-le, Controil, Fremax, Master, JOST, Suspensys e Castertech. Todas apresentaram suas novidades na automec levando diversas novidades em lonas e pastilhas, sistemas de freios, suspensões, eixos de rodagem e muito mais. “Aproveitamos a feira para mostrar soluções do futuro, quando vierem os veículos elétricos”, adiantou. David também comentou o projeto da Randon para o mercado de caminhões usados, hoje majoritariamente composto por caminhoneiros autônomos “nós não vendemos direto ao consumidor final e sim aos distribuidores, mas estamos preocupados com esse nicho porque ele é muito

grande e estamos desenvolvendo projetos que até agosto deste ano acredito que tenhamos novidades para atender o caminhoneiro com custo melhor em termos de peças e componentes”, revelou. De acordo com David o mercado de peças e reposição se mantém forte mesmo com as crises “eu posso dizer que a Randon há muitos anos começou com esse projeto e hoje mais de 50% de nosso faturamento está na autopeça, e nós participamos no mercado principalmente na área de caminhões, de semirreboque e de veículos”, contou. Essa perspectiva do mercado de peças e reposição é compartilhada por Ronaldo Lipari, gerente de vendas aftermarket no Brasil da divisão de PowerDrive e sistemas elétricos da BorgWaner. Ronaldo considera que o momento do setor se distingue do momento do país “o momento do país é um pouco distinto do nosso momento, nosso momento é de crescimento e de vendas, sempre acima do


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planejado, apesar do momento do país”, observou. Nesse sentido Ronaldo coloca a Automec como um momento especial “de trazer os clientes para a comemoração”, disse. Por isso é importante “apresentar soluções através da Automec para que o caminhoneiro sempre repare utilizando peças que trazem qualidade e segurança para eles no dia a dia”, afirmou. A Motul, referência mundial no mercado de lubrificantes e fluidos, apresentou uma nova linha de manutenção para uso profissional: a Workshop Range. Com oito produtos de alto desempenho, a linha aumenta a produtividade das oficinas. Entre as novidades da empresa francesa está o equipamento para troca de óleo de transmissão automática. Nicolás De María, gerente de suporte técnico Latam da Motul, lembrou que a marca já está presente no Brasil há trinta anos, atuando no segmento de motocicletas e carros e há cinco anos no segmento de veículos pesados. “Nós apresentamos uma família de cinco produtos, destinados para cada tipo de aplicação pesada e até para motores estacionários”, disse. Comemorando 100 anos de empresa, a Gedore ferramentas aproveitou a oportunidade para lançar a Red, uma nova linha de com 1.200 itens, de um universo de 20 mil produtos Gedore. “Quisemos resgatar a história da Gedore neste centenário e lançar uma nova linha para o próximo século”, revela o diretor de Marketing e Vendas Fabio Siqueira. Vanderley Rezende, gestor comercial automotivo, lembra que nesse momento a Gedore está “lançando uma linha voltada para o mercado de reparação, com um portfólio bem diversificado para mecânicos, caminhoneiros além de das ferramentas especiais para o setor automotivo”. Um estudo realizado em parceria com Automotive Business trouxe informações detalhadas do setor. De acordo com a pesquisa divulgada pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, 51% das empresas apontaram ter investido na compra de veículos novos. Só 19% dos respondentes indicaram ter feito isso entre 2012 e 2017, enquanto 13% declaram que a última vez que investiram em um caminhão foi até 2011, no período pré-crise. Além disso, 83% dos entrevistados sinalizaram o plano

de comprar caminhão em 2019. Um índice relevante apresentado pelo estudo é que 87% pretende investir em novos veículos nos próximos cinco anos. Considerando que entre 2022 e 2023 os caminhões vendidos no Brasil passarão a ter regras mais rigorosas de controle de emissão de poluentes (Proconve 8 ou Euro 6), 13% disseram que pretendem antecipar compras para garantir preços mais baixos, enquanto 19% preferem aguardar para comprar caminhões mais modernos. Para a indústria de autopeças a projeção para o médio prazo é otimista, conforme apurado na pesquisa. A maior parte das empresas do segmento (45%) apostam em expansão de 16% a 25% do mercado brasileiro de autopeças nos próximos cinco anos. O estudo buscou mapear como as empresas de autopeças foram afetadas pela recente crise, suas expectativas para a recuperação do mercado e a visão sobre inovação. A crise que contraiu as vendas da indústria automotiva nos últimos anos teve consequências severas para a cadeia de autopeças, 52% apontaram queda no faturamento, para 20% a situação foi de estagnação e para 57% a crise teve impacto negativo sobre a saúde financeira da organização, aumentando ou gerando endividamento. A maior parte dos entrevistados, 59%, apontou que o principal impacto negativo da crise foi a redução da margem de contribuição – o montante que sobra da receita das vendas dos produtos e serviços e é usado para pagar os custos fixos e gerar lucro. Outro efeito importante foi a paralisação dos investimentos em inovação, algo sinalizado por 48% dos entrevistados. As apostas são positivas para as exportações, com 31% dos entrevistados convictos de que as vendas externas avançaram de 6% a 15% no mesmo período.Boa parte da cadeia de autopeças demonstrou ter visão ainda restrita quando o assunto é inovação. Entre os entrevistados, 16% declararam que as novas tecnologias digitais não são vistas como um fator relevante. Apenas 26% apontaram que suas empresas investem amplamente em tecnologias digitais, que estão inseridas em toda a estratégia da marca. Já 35% indicaram que as empresas em que atuam não geram novas receitas com soluções inovadoras. Por outro lado, 25% dos entrevistados apontam a criação de faturamento com serviços que há pouco não existiam e 20% estão obtendo receitas com novos produtos tecnológicos.


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CHICO LEGAL

TEMPO DE ESPERA PARA DESCARGA E O PAGAMENTO DE DIÁRIAS Lei aborda sobre a ociosidade do descarregamento em empresas e prevê restituição do ônus ao transportador. Saiba mais! TEXTO: Dra. Luciana Baptista Barretto | FOTO: Divulgação

R

ecentemente fui contratado para fazer o transporte de uma carga de Mogi Mirim para Anápolis, sendo que, quando cheguei ao destino tive que aguardar mais de 24 horas para que a carga fosse descarregada. Existe um prazo limite de espera? Se sim, qual o valor a ser cobrado quando esse prazo não é respeitado?” – Antônio Pereira Filho, Mogi Mirim – SP. Esta é uma das muitas perguntas que recebemos no SINDICAM-Amparo. Ela revela a prática que algumas empresas ainda promovem em dar um “chá de cadeira” no transportador no momento do desembarque da carga. Na maioria das vezes, a espera é ocasionada pela falta de controles internos e a má gestão logística dos locais receptores de carga. A também falta de empatia e compromisso com o transportador geram custos e um ônus nos quais não competem ao mesmo arcar – a prática ainda é tão comum que o tempo de espera para descarregar a carga pode chegar à incríveis 7 dias completos, em alguns casos. O desprezo pela condição do caminhoneiro nos faz refletir pela necessidade de um mecanismo que, pelo menos, torne mais justa a troca de noites de sono em uma cama descente, boa alimentação, algumas horas de lazer com os filhos e, principalmente, o retorno pelo tempo não gasto na prestação de outro serviço de frete pela espera no pátio. A lei que estabelece as regras para o transporte rodoviário de cargas por conta

DRA. LUCIANA BAPTISTA BARRETTO Formada em Direito pela Faculdade Municipal de Franca (em 2003), especialista em Direito e Processo do Trabalho pelo IEPG - Instituto de Extensão e Pós Graduação (2010).

de terceiros e mediante remuneração é a de nº 11.442 de 5 de janeiro de 2007, sendo que, em seu artigo 11º consta: Art.11 O transportador informará ao expedidor ou ao destinatário, quando não pactuado no contrato ou conhecimento de transporte, o prazo previsto para a entrega da mercadoria. §1º O transportador obriga-se a comunicar ao expedidor ou ao destinatário, em tempo hábil, a chegada da carga ao destino. §2º A carga ficará à disposição do interessado, após a comunicação de que trata o §1º deste artigo, pelo prazo de 30 dias, se outra condição não for pactuada. § 3º Findo o prazo previsto no § 2º deste artigo, não sendo retirada, a carga será considerada abandonada.

DIÁRIA da espera. Mas como fazer isso? real e trinta e oito centavos) por tonelada/ hora ou fração. §6º A importância de que trata o §5º será atualizada, anualmente de acordo com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, calculado pelo IBGE ou, na hipótese de sua extinção, pelo índice que o suceder, definido em regulamento.

Para o cálculo, primeiramente, temos que saber a lotação do veículo (Mcap. veículo). Por exemplo, para calcularmos o valor de uma diária (X) para um caminhão com capacidade de 30 toneladas de carga, multiplicamos o peso pelo valor/hora da espera (R$1,67 – fonte SINDITAC) e por 24hs (1 diária, ∆ttempo de espera). Assim, temos:

§7º Para o cálculo do valor de que trata o §5º, será considerada a capacidade total de transporte do veículo. §8º Incidente o pagamento relativo ao tempo de espera, este deverá ser calculado a partir da hora de chegada à procedência ou destino.

§ 4º No caso de bem perecível ou produto perigoso, o prazo de que trata o § 2º deste artigo poderá ser reduzido, conforme a natureza da mercadoria, devendo o transportador informar o fato ao expedidor e ao destinatário.

§9º O embarcador e o destinatário da carga são obrigados a fornecer ao transportador documento hábil a comprovar o horário de chegada do caminhão nas dependências dos respectivos estabelecimentos, sob pena de serem punidos com multa a ser aplicada pela ANTT, que não excederá a 5% do valor da carga.

§5º O prazo máximo para carga e descarga do Veículo de Transporte Rodoviário de Cargas será de 5 horas, contadas da chegada do veículo ao endereço de destino, após o qual será devido ao Transportador Autônomo de Carga – TAC ou à ETC a importância equivalente a R$ 1,38 (um

Respondendo, assim, a pergunta, como ultrapassadas as 5 horas máximas de espera para que fosse efetuado o descarregamento da carga é devida a totalidade das horas aguardadas, portanto, 24 horas. Em miúdos, após 5 horas sem desembarque o transportador deve cobrar o receptor pela

Ou seja, o receptor da carga deve ao transportador o montante de R$ 1.202,40. Caso o transportador do exemplo acima esperasse 2 ou 3 dias, basta substituirmos o ∆ttempo de espera por 48hs ou por 72hs, respectivamente, assim teríamos os valores de restituição de R$ 2.404,80 e R$ 3.607,20. Aos companheiros que já passaram por situação semelhante e que tiverem dúvidas sobre a cobrança de diárias, a assessoria jurídica do SINDICAM-Amparo fica a disposição para esclarecimentos através do e-mail atendimento@sindicam-amparo.org.br ou pelo Whatsapp (19) 982864556.


OFICINA DO CHICO

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POR QUE OCORRE O EFEITO “L” OU EFEITO CANIVETE? O efeito canivete é provocado pelo travamento do eixo traseiro do cavalo-mecânico. Eliminar o freio no eixo dianteiro põe em risco o conjunto e aumenta a possibilidade do “L”. Entenda! TEXTO: Guia do TRC | FOTO: Divulgação / Internet

A

derrapada em “L” somente se apresenta em caminhões que tem engate entre cavalo mecânico e implemento através de pino rei e quinta roda e através do engate-reboque entre implemento e implemento, como no caso de rodotrens e bitrens com semirreboque e reboque. A questão incide justamente sobre a resultante de forças sobre os engates e a não dissipação da energia cinética da carreta durante um esforço de frenagem ou de manobras em velocidade, como a famigerada “quebra de asa”. Durante essas ações, a velocidade do implemento, aliada ao peso do próprio, faz com que o engate sofra uma requisição de forças, como o engate é do tipo articulação móvel, ou seja, apresenta mobilidade em um ângulo de 3600. Assim, há a geração de um momento angular sobre o eixo de engate. Como não há nenhum impedimento desse movimento, é gerada uma iminência do implemento passar à frente do cavalo, em decorrência da tendência do corpo em manter-se em movimento por conta da energia cinética. Três casos são apresentados abaixo para exemplificar as causas do “L”: Caso 1. O conjunto mover-se diretamente para frente independentemente do ângulo das rodas devido ao travamento dos freios dianteiros do caminhão. Neste caso, o motorista não conseguirá desviar de nenhum obstáculo mesmo esterçando a direção;

Caso 2. O eixo de tração travar ocorrerá o efeito “L” ou “canivete”, mesmo que o caminhão esteja em linha reta; Caso 3. Ocorrerá o deslizamento lateral da carreta quando são os eixos dela que bloqueiam. O problema básico é que rodas bloqueadas não dissipam a energia de movimento, devido ao fato de atuarem em regime cinético de atrito. Quando as rodas da tração travam, qualquer desvio ou força lateral faz com que o implemento gire rapidamente em torno do engate e o “L” será inevitável.

É mais comum ocorrer com o veículo peso da carreta incidirá sobre o engate e vazio, pois, nessa condição (e na ausência o momento angular fará seu trabalho. O de “válvula sensora de carga” nos freios), freio motor também pode causar o mesao pisar com força no pedal, as rodas tra- mo efeito. vam com mais facilidade devido à falta de A condição básica para evitá-lo é o atrito entre pneu e asfalto. Outro balanceamento e regulagem dos perigo para o efeito canivete é o afastamento das lonas freios. Mais do que isso, é diO efeito L é a rigir sempre dentro dos lido eixo dianteiro. Isso causa de acidentes sobrecarrega os demais mites de velocidade, com graves nas rodovias. cautela quanto às manoe aumenta ainda mais Cuidados com o caminhão bras e distribuir corretaa chance de travar os e atenção na condução pneus da tração. mente a carga. Outro resão fundamentais para curso para evitar o “L” é Também é possível evitá-lo. causar o “L” sem frear o ABS – assunto que já foi publicado pelo Chico da Boo caminhão, quando por leia e está disponível em nosso exemplo, em uma curva, com pista molhada, o motorisportal. ta alivia bruscamente o acelerador – o


ENTRETENIMENTO

15 PALAVRAS CRUZADAS

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Curso prático de artes, de rápida duração Região como a ilha de Guadalupe Contração muscular típica do estressado

© Revistas COQUETEL Votações Christiane Pronome (?), atriz substituído Cabeleireipor "vocês" ro (pop.)

Status (?): Keanu (?): o Neo da estado atu- série "Matrix" (Cin.) al das coiO brasileiro que sas (lat.) mora fora do Brasil

BAIÃO DE DOIS COM CARNE

1 Leve o feijão para cozinhar. Cuide para não passar do ponto e os grãos se desmancharem.

• 2 xícaras de feijão de corda (pode

2 Em outra panela, refogue a cebola e o alho. Acrescente o arroz e misture.

• 1 dente de alho picado

ser fradinho, miudinho ou verde) Átomo com carga elétrica Venerado Pássaro preto que cata insetos do boi

Rocha Lima, gramático brasileiro O espírito que causa transtornos (Rel.)

• 300g de queijo coalho

• Coentro a gosto FONTE: Destemperados

Irineu Marinho, jornalista fluminense A vogal do vocativo Frente (?): a massa polar que se desloca e empurra a tropical Função das maiúsculas num tuíte

Maior cidade da Noruega Três vezes

Tarsila do Amaral, pintora brasileira O pH igual a 7 (Quím.) Que é desprezível

(?) Lobo, cantor e compositor carioca Espírito Santo (sigla) Percorrem

A condição da pedra painite no mundo Sociedade com fins específicos Fazer voar "Não há bônus sem (?)" (dito)

Substância do gesso Aves também chamadas de nhandu Cadeia ao longo do litoral sudeste e sul do Brasil

BANCO

Sílvio Romero, poeta e crítico literário

Narcóticos Anônimos (sigla)

Vermelho, em inglês Madeira muito escura e resistente

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Solução

R

cozida

T O R L O N I

• 400g de carne seca dessalgada e

T

• Sal e pimenta a gosto

Deus da guerra Produtor de urina

O

• 1 ½ xícara de arroz

Ato como o pecado Post-(?), adesivo Margens Professor do mestrando

E

• 1 cebola picada

O B S E S S O R

5 Finalize com coentro e sirva.

Diz-se do corpo feminino, por sua forma

U R VO S N S A A L S S Ã I O A NU D O R O S L R O E A D A D O N U D B A N O M A

4 Quando cozinhar, por cima, coloque o queijo coalho e a carne seca. Tempe a panela por alguns minutos.

Locais apreciados por gastrônomos

Venda, em inglês

R E N E M P E I V G R E R E S A S N T A T A E U T RA R E NT I S E S R S E R A D

3 Adicione o feijão cozido com o caldo. Corrija o tempero com sal e pimenta e deixe o arroz cozinhar por aproximadamente 15 minutos ou até ficar no ponto e úmido.

Dar algo em retribuição Graceja

OF T I QU E C O R I R AN S IT A O R L R I E I M O N FR I A A N N F A C A L E M A S E R

MODO DE PREPARO

ingredientes

2/it. 3/quo — red. 4/ares — oslo — sale. 6/infame — reeves. 8/obsessor.

SECA E QUEIJO COALHO



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