

TRAVANCINHA
PARTINDO DO CHÃO DO RIO - TURISMO DE ALDEIA

ALGUMAS REFERÊNCIAS HISTÓRICAS A TRAVANCINHA
As mais antigas referências documentais de Travancinha são prova de uma história antiga. As primeiras referências datam do século posterior ao da nacionalidade portuguesa, mais concretamente, ao reinado de D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques. A esposa deste monarca, D. Dulce, teve o senhorio desta terra, resultante das compras que efetuou a vilãos foreiros desta zona.
Sua filha, a Infanta D. Mafalda, herdou as propriedades de sua mãe, aumentando o seu património com muitas outras que adquiriu nesta freguesia e um pouco por toda a região de Seia.
A Ordem de Aviz, que era possuidora de vários casais em Travancinha, doados por D. Mafalda: “que dedit ipsi ordini regina donna Mafalda”. A casa e terras da Comenda, ainda hoje assim denominadas, foram pertença da Ordem de Aviz durante cerca de três séculos.
A criação da freguesia de Travancinha é posterior ao século XIV. O Casal de Travancinha foi concelho com Foral dado pelo rei D. Manuel I em 1514. Alguns historiadores escreveram que, além do Casal e Travancinha, apenas a freguesia de Sameice fazia parte do concelho do Casal, mas outros, talvez com mais razão, afirmam um concelho bem mais alargado do qual faziam parte as localidades de Travancinha, Sameice, Várzea de Meruge, S. Paio de Codeço e Meruge.

UM POUCO ANTES DA HISTÓRIA
A origem do povoado de Travancinha é, certamente, muito mais antiga do que nos mostra a história documentada. Fontes na aldeia referem a existência de um castro na zona de Casal de Travancinha. No entanto, hoje os vestígios de tal povoado são de localização difícil, não tendo existido até à data qualquer estudo científico que o comprove. O mesmo se diz de sepulturas antropomórficas, cavadas nas rochas.
No entanto, a calçada romana, está hoje à vista de todos e, na estrema oeste do Chão do Rio, na parte norte da propriedade, próximo do ribeiro, também está aparente parte de uma antiga lagareta romana.
Também o topónimo Travancinha, diminutivo de Travanca, que significa obstáculo, demonstra a sua antiguidade. Segundo o dicionário de toponímia Infopedia, provém do baixo latim e significaria floresta cerrada de árvores de grandes troncos. Especulando, certamente, uma tal floresta seria um grande obstáculo para as tropas romanas que passariam na calçada romana de Travancinha, emboscadas por guerreiros lusos comandados por Viriato....
Assim, começando pela Calçada Romana, às portas do Chão do Rio, convidamo-lo a uma pequena viagem no tempo e no espaço da sua imaginação....


GPS 40º 25'09.64''N, 7º 49'25.05''W
1. CALÇADA ROMANA
Apesar de não existirem estudos que permitam atestar a sua verdadeira origem, admite-se que o caminho que faz fronteira com a propriedade Chão do Rio, também conhecido por “Canada das Cerejeiras” tenha origem romana e tenha feito “parte da estrada romana (Via Araocelum ad civitas Bobadela) que ligava Mangualde (araocelum) a Bobadela (municipium) passando por: Nelas, Caldas da Felgueira, Seixo, Ponte do Buraco, Travancinha, Lagares e Travanca.” Foi esta estrada romana e a sua localização estratégica que deu origem ao topónimo “Travancinha”.


GPS 40º 25'16.54''N, 7º 49'25.21''W
2. BOTICA
No séc. XVI a Botica (farmácia) que servia o Concelho do Casal de Travancinha estava instalada neste antigo edifício localizado bem próximo do Chão do Rio, na sua estrada de acesso.


4. PENEDO DO JOÃO BRANDÃO
Em Travancinha conta-se que no penedo junto à estrada Municipal, num cadeirão talhado na rocha, se sentava o famoso João Brandão, uma figura popular conhecida como o terror das Beiras, à espera que suas vítimas passassem na estrada em frente, para as assaltar e saquear
Nascido a 1 de Março de 1825, em Midões (Casal da Senhora), o seu nome completo era João Víctor da Silva Brandão, sendo filho de Manuel Brandão, ferreiro de profissão. O seu pai era o líder de um grupo de criminosos, quase todos da sua família, que faziam lutas de guerrilha na época de conflito entre liberais e absolutistas.
Durante décadas João Brandão praticou assassinatos, roubos e extorsões, foi preso diversas vezes, mas sempre liberto e ilibado dos crimes que lhe imputavam, devido à proteção de altas instâncias de cariz liberal a quem um criminoso disposto a tudo era muito útil. Por esta mesma razão, a sua família ascendeu socialmente, tendo inclusivamente João Barandão pertencido à câmara de Midões entre 1849 e 1853.
O estabelecimento da paz e a centralização da administração política levaram à queda de João Brandão, tendo finalmente, em 1869, sido condenado no tribunal de Tábua ao degredo em África. No entanto, ali gozou de todas as regalias, onde criou uma próspera fábrica de aguardente.

GPS 40º 25'36.02''N, 7º 50'45.26''W
5. LAPA SEIXINHA

A Lapa Seixinha não possui limites no Concelho de Seia. Para lá da lapa, começa o concelho de Oliveira do Hospital. Ao deixarmos a estrada principal de Travancinha, seguimos para uma zona de grandes penhascos e uma vista fantástica, sobre a Serra da Estrela e o Vale do Rio Seia. Logo ficamos com a sensação de estamos a entrar num lugar misterioso. De facto, quando olhamos o grande penedo por fora, não imaginamos o que vamos encontrar quando transpomos a pequena entrada, meio escondida, que nos leva para o seu interior. Aí deslumbramo-nos com a beleza do quartzo branco.
Não existe qualquer documento que relate a sua existência e muito menos para que servia. Serviu, seguramente, de abrigo a pastores e seu gado em dias de tempestade.


GPS 40º 25'39.04''N, 7º 50'58.51''W
6. PONTE ROMANA
Para lá dos limites do concelho de Seia, próximo da freguesia de Travancinha, seguindo a M507-1, em direção a Seixo da Beira, junto ao Rio Seia, encontrase um local de grande beleza, conhecido por Moinho do Buraco. Ali existe um moinho de água e o rio, na sua passagem, escavou a rocha em grande profundidade, formando grandes buracos. Nesse local, junto a uma ponte mais recente, que integra a M507-1, encontra-se uma ponte de origem romana. Esta ponte, tal como a calçada romana de Travancinha integrariam o mesmo itinerário com destino à "splendidissima civitas" de Bobadela.


GPS 40º 25'35.28''N, 7º 49'54.24''W
7. BLOCOS PEDUNCULADOS
À entrada de Travancinha existe um conjunto de formações rochosas de elevado valor geológico, estando no momento a ser estudada a sua possível classificação.
Blocos pedunculados são formações rochosas resultantes da erosão provocada pela ação do vento e as areias, que este transporta. Os blocos pedunculados são mais finos na base do que no topo. Sendo rochas de granito, estes penedos existentes em Travancinha, adquiriram formas particulares muito engraçadas (maçã dentada e pinguim).


GPS 40º 25'37.96''N, 7º 49'23.54''W
8. PILAR DA BORCEDA - MARCO GEODÉSICO
Conhecido como “Pilar da Borceda” este é um dos dois marcos geodésicos de Travancinha. A vista é fantástica e de lá podem ser avistados três distritos: Guarda, Coimbra e Viseu e diversas serras como a da Estrela, a do Caramulo, a do Açor, a do Buçaco, a da Lousã, a do Montemuro e em dias de boa visibilidade a da Marofa. É um local privilegiado para observação dos astros.


GPS 40º 25'37.96''N, 7º 49'23.54''W
8.1 BALOIÇO ENTRE SERRAS
Localizado no ponto mais alto da freguesia, mesmo junto ao marco geodésico, encontra-se o Baloiço
Panorâmico Entre Serra. Este projecto foi idealizado e concretizado, de forma voluntária, por um grupo de amigos e habitantes locais.
O nome do Baloiço, Entre Serras, fica a dever-se ao facto de daquele local se avistarem várias cadeias
montanhosas como por exemplo: a Serra da Estrela, a Serra do Caramulo, a Serra de Montemuro, a Serra da Lousã, a Serra do Açor, a Serra do Bussaco.


GPS 40º 25'27.08''N, 7º 48'46.30''W
9. CRUZEIRO DUPLO CENTENÁRIO
Desconhece-se a data da sua construção, mas tudo leva a crer ter sido erigido no ano de 1840. Em 1940, ano em que Salazar, aproveitando as comemorações do “Duplo Centenário da Nacionalidade" (Fundação da Nacionalidade em 1140 e Restauração de 1640), para a propaganda das virtudes do regime, decidiu lançar um conjunto de comemorações patrióticas por todo o país. Foram criadas as chamadas “Comissões das Comemorações Centenárias” que diligenciaram no sentido da construção dos “Cruzeiros da Independência”, com o objetivo de multiplicar os cruzeiros do duplo centenário já existentes. O cruzeiro do duplo centenário de Travancinha era um dos que já existia.


GPS 40º 25'15.36''N, 7º 49'16.29''W
11. CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO
Nesta pequena Capela, situada no bairro do Corro, podemos encontrar a imagem do mártir São Sebastião, bem como a imagem do Senhor dos Passos.


GPS 40º 25'10.52''N, 7º 49'13.51''W
12. IGREJA PAROQUIAL
Travancinha é uma aldeia de forte cariz religioso. A sua padroeira é Nossa Senhora do Rosário, que figura no altar principal da Igreja Paroquial. No exterior desta igreja do século XVIII, uma imagem de São Pedro, em pedra, ornamenta a sua fachada.


GPS 40º 24'58.01''N, 7º 49'03.74''W
GPS 40º 25'30.93''N, 7º 49'00.52''W
GPS 40º 25'23.71''N, 7º 49'40.89''W
GPS 40º 25'24.42''N, 7º 49'21.69''W
13. ALMINHAS
“É na sequência do Concílio de Trento (1545-1563) que são criadas as Confrarias das Almas, como forma de institucionalizar a crença no Purgatório e impor a convicção de que as almas dos mortos sairiam tanto mais cedo do Purgatório quanto mais orações e esmolas fossem feitas pelos vivos. Portugal é o único país do mundo que possui no seu património cultural as Alminhas, localizadas geralmente à beira dos caminhos rurais, em encruzilhadas, à entrada e saída das povoações, representações populares das Almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas. Há muitas Alminhas em todo o país. Em Travancinha há quatro e por elas passavam, ainda no século passado, os romeiros a caminho da Santa Eufémia.”


GPS 40º 24'50.73''N, 7º 49'05.62''W
15. PELOURINHO
“O Casal ainda conserva o seu pelourinho, construído na sequência do foral manuelino. Terá sido erguido diante da casa da antiga Comenda. Conta-se que era primitivamente de madeira, como aliás sucedia frequentemente ao longo da Idade Média, e que, após tentativa de roubo por parte dos habitantes de Vila Nova, foi substituído pelo actual talhado em granito.”
Classificado como Imóvel de Interesse Público em 1933.

16. CASA DA CÂMARA

O Casal de Travancinha foi sede de concelho com foral dado por D. Manuel I em 1514. Era constituído pelas freguesias de Travancinha, Sameice, Várzea de Meruge, São Paio de Codeço e Meruge. Possuía Câmara, Tribunal, Cadeia, Destacamento Militar e Botica (Farmácia). Tinha Juiz, Procurador e Escrivão.
Não se sabe a data da sua extinção, mas em 1836 já fazia parte do concelho de Ervedal da Beira e aí se manteve até 24 de Julho de1855, data em que se integrou no concelho de Seia.
Embora na posse de privados, todos os edifícios ainda hoje existem.


GPS 40º 24'50.20''N, 7º 49'05.31''W
17. CASA DA COMENDA
D. Dulce, mulher de D. Sancho I (Rei de Portugal de 1185 a 1211), foi a proprietária das terras da Comenda. Sua filha, D. Mafalda, herdeira destes bens, doou-os à Ordem de Aviz (ordem militar monástica). A casa e terras da Comenda, ainda hoje assim denominadas, pertenceram à Ordem de Aviz durante cerca de três séculos.


GPS 40º 24'44.17''N, 7º 48'48.61''W
19. PENEDO DA FORCA
Situa-se no Casal, num pinhal, por trás da Casa da Máquina. Tinha, até há pouco tempo, uma argola em ferro cravada no cimo do penedo, onde era amarrada uma corda que, depois era colocada no pescoço dos condenados que eram dali empurrados para serem executados.

GPS 40º 24'50.74''N, 7º 49'13.08''W
20. TRIBUNAL

Não séc. XVI, era nesta pequena casa que eram julgados os crimes do Concelho do Casal. O nome dado à praça onde está localizado o edifício é uma referência ao tribunal, já que é designada de "porta da sala". De facto, é a porta que sobressai na fachada sem janelas, a qual, certamente, estaria aberta aquando da realização dos julgamentos.


GPS 40º 25'16.36''N, 7º 49'19.30''W
21. CADEIA
A partir do Foral de 1514 em que Casal de Travancinha foi considerado sede de concelho, e durante cerca de três séculos, a cadeia do concelho foi instalada em Travancinha, no atual Bairro do Corro. Desde finais do século dezanove e até à construção das escolas do Plano Centenário, já no século vinte, ali funcionou a escola primária, antes de passar para a posse de privados.


