3ª Edição - Céu de São Sebastião Em Foco

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Em 30 de abril de 2023, nossa irmandade celebra, com grande satisfação e alegria, os sete anos de existência do Céu de São Sebastião. O projeto e a missão nos foram entregues com certeza e confiança pelo Padrinho Pedro Dário, quando insistiu que precisaríamos de uma casa maior e mais próxima da cidade, que fosse capaz de acolher muita gente que chegaria.

Entre a compra do terreno e a inauguração, foram quase seis anos de obras desenvolvidas na medida das nossas possibilidades. Padrinho Pedro nos acompanhando e guiando, mas já diretamente do astral. Grandes sonhos, alguma insegurança, muita entrega e intuição na construção do templo e no nascimento da comunidade.

De lá pra cá, seguimos aprendendo e buscando construir a identidade da nossa casa, fortalecendo nossa institucionalidade e nossa irmandade. Nosso propósito foi e continua sendo o de construção de uma

MENSAGEM DE ABERTURA

rede de apoio verdadeira, que nos segure quando a vida balança.

Atravessamos uma pandemia conectados à distância, apoiando-nos dentro do possível, para fortalecer em cada um o templo em que o Mestre seguiu ensinando. Daime de guarda, trabalhos espirituais pelo zoom, lives… e a chama da fé acesa em nós! Nessa toada, os tempos afastaram materialmente irmãos e irmãs, que foram trabalhar em outras terras ou no astral. Foi um período de apuração, cura, aprendizado, crescimento e transformação para toda a corrente.

Chegamos do outro lado mais maduros, com bases mais fortalecidas; com fé e convicção de seguir nesse caminho do Mestre Império Juramidam, levantando a bandeira de São João e agradecendo por esse jardim de belas flores que nos foi dado para zelar.

Retomamos os trabalhos com o cuidado que o tempo recomendava, primeiro so-

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mente para fardados associados, até que foi possível, depois de dois anos, recebermos novamente os visitantes, dando continuidade ao trabalho de cura e de caridade da nossa Doutrina. As portas abertas nos trouxeram mais uma vez a alegria de ver chegar novos irmãos, novas irmãs, novas histórias e laços. Mais brilho. “Mais aparelho pra mais força aparelhar”.

Nesse

percurso, apuramos fluxos e processos muito importantes: reestruturação da recepção e do acolhimento de cada irmão e irmã por meio de uma comissão especializada, cartilha da fiscalização, sistema associativo, cantina deliciosa, eventos, reuniões, ensaios, festas, assistência social… Tudo com a certeza de que as brilhantes pedras finas que pavimentam nosso caminho somos nós, cada irmão e irmã entregue nessa missão de

MENSAGEM DE ABERTURA

vida, buscando acolher e evoluir.

Desafios nos acompanham, mas seguimos destrinchando e limpando o terreiro de nossos corações. A diversidade é nossa riqueza, que nos impele a questionar, reformular, ressignificar, acolher, aprender e sempre seguir em frente, fazendo brilhar no peito a medalha do Santo Daime, o brilho do amor.

Sigo feliz e agradecida por cada irmão e irmã que acreditou e segue acreditando. Pelo Mestre Império, pelo Senhor São Irineu, por meu Padrinho, minha Madrinha e pela Rainha da Floresta, soberana Mãe Divina que conforta a cada um que busca o seu amor. Que nunca deixemos de buscar.

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PADRINHO PEDRO DÁRIO E A EXPANSÃO DO SANTO DAIME

Sua trajetória e o início da Doutrina no Paraná

Patrono do Céu de São Sebastião e grande incentivador da nossa história enquanto comunidade religiosa, Padrinho Pedro Dário dedicou sua vida ao zelo e à expansão do Santo Daime - em especial, ao cuidado com o cultivo das plantas e com o feitio de nosso sacramento.

Filho de Seu Dário e de Dona Maria, Pedro Nunes da Costa nasceu em 1949, no seringal Bom Destino, município de Sena Madureira, a cerca de 140 quilômetros de Rio Branco/AC. Buscando oportunidades conforme os oito filhos foram nascendo, sua família, ao longo dos anos, subiu o Rio Iaco, até a localidade de Campo Grande.

Entre 1965 e 1966, seu pai passou o verão construindo duas canoas, uma grande e uma pequena, que utilizaram para se mudar, no inverno, para Rio Branco, em uma viagem de dezoito dias. O jovem Pedro foi quem conduziu a canoa menor, que transportava os itens de cozinha e as galinhas da família.

Em Rio Branco, passaram a habitar as redondezas da Colônia Cinco Mil. Nessa época, Dona Maria costumava levar os filhos menores até Custódio Freire, para a comunidade do Mestre Irineu. Pedro, rapaz jovem, nunca os acompanhou, preferindo ir às festas do local junto com os irmãos mais velhos.

De temperamento forte e rebelde, ele apresentava nessa época um comportamento impetuoso e mesmo violento. Chegou a fazer alguns trabalhos com o Santo Daime na

Colônia Cinco Mil, mas sem alcançar transformações. Até que seu pai, não sabendo como lidar com o rapaz e conhecendo a habilidade de Padrinho Sebastião em conduzir pessoas com casos difíceis, solicitou a ele que ficasse com o jovem.

Imediatamente, o “Pedro do Dário” - ou, mais simplesmente, “Pedro Dário” - mudou-se para a Colônia Cinco Mil e seu compor-

tamento rapidamente se transformou. Passou a demonstrar-se afetuoso como nunca antes, tornando-se a grande referência para os demais irmãos. Dali por diante, sua vida foi de-

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E CULTURA
HISTÓRIA

votada ao Santo Daime.

Nos primeiros anos, por vezes iam até o Alto Santo, para participar dos trabalhos diretamente com o Mestre Irineu. Após a passagem do Mestre, em 1971, a Colônia Cinco Mil seguiu seus próprios rumos, até que, na virada para a década de 1980, a irmandade se transferiu para o Amazonas, para fundar uma nova comunidade em meio à floresta: foram os tempos do Rio do Ouro. Posteriormente, em 1983, foi o Padrinho Pedro quem dirigiu a canoa que primeiro aportou nas terras que hoje abrigam a Vila Céu do Mapiá, onde casou-se com a Madrinha Rosa Maria Raulino da Silva, sua companheira até o fim da vida.

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abertura de muitas igrejas em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Dentre elas, estão as igrejas Flor das Águas, Céu de Maria, Rainha do Céu, Céu de Midam, Céu da Lua Cheia, Céu do Paraná, Céu de Santa Fé e Céu de São Sebastião.

A partir da década de 1990, até a sua passagem, Padrinho Pedro Dário colaborou de modo fundamental com a expansão nacional do Santo Daime, incentivando e auxiliando a

Foi em 1998 que as irmãs Leila e Cláudia Bona, então iniciantes na Doutrina, conheceram o Padrinho Pedro Dário, dando início à história do Santo Daime no Paraná. Ele acompanhou, algum tempo depois, a abertura dos trabalhos no bairro São Braz, em Curitiba. Mais tarde, fincando uma vara no chão, foi ele quem indicou o local para a construção do Céu do Paraná, inaugurado no fim de 2002; assim como veio dele, em 2011, a autorização para o início da construção do Céu de Sebastião, do qual ele chegou a conhecer apenas a fundação e o teto.

Padrinho Pedro levou o trabalho de feitio a muitos lugares e sempre incentivou, como sua maior missão, o plantio de jagube e de rainha, que ele antevia como necessário ao crescimento e à sustentabilidade da Doutrina.

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HISTÓRIA E CULTURA

Dizia que chegaria o momento em que quem quisesse tomar Daime teria de ir à floresta “pegar de baldinho, trazer para a igreja e servir de colherinha”, alertando que a expansão precisava ser acompanhada pelo proporcional manejo das plantas. Prevendo a escassez, trabalhou para plantar o máximo que pôde. Dizia que ficaria um pouco mais tranquilo quando tivéssemos aqui no Paraná um reinado de pelo menos quarenta mil pés de jagube plantados. Essa abundância nós ainda não atingimos, mas foi de sua perseverança que surgiu a semente do Céu de Santa Fé, idealizado por ele como um ponto de distribuição do nosso sacramento.

Padrinho Pedro Dário viveu sua última década em Boca do Acre/AM. Ele, que durante sua vida dedicou-se à construção civil e principalmente à carpintaria, conduziu durante esses anos uma fábrica de sabonetes artesanais de andiroba e de copaíba, produtos da floresta amazônica.

Iniciando uma série de viagens pelo sul do Brasil, nosso patrono começou a se demonstrar doente em fevereiro de 2012. Um

dia deixou de acordar para trabalhar no feitio - ele, sempre tão pontual! Foi levado a Maringá e, diagnosticado com um câncer no estômago, veio, em março, a Curitiba, onde passou conosco seus últimos meses de vida. No dia 17 de junho, véspera do seu aniversário, e quatro dias antes de sua passagem ao plano espiritual, sob sua orientação, foi fundada em Boca do Acre a igreja Céu do Amazonas. A proposta é de um ponto de luz que represente institucionalmente o movimento de abastecimento construído pelo Padrinho Pedro. A igreja segue conduzida por sua família e, embora ele nunca tenha participado de seus trabalhos em matéria, continua sendo o guia de sua missão.

Padrinho Pedro Dário faleceu em 21 de junho de 2012, aos 63 anos, em Curitiba, junto à irmandade daqui. Foram três dias de velório, com intenso trabalho de Daime. Seu corpo foi levado até Rio Branco, depois para Boca do Acre, onde reuniu a irmandade daimista local para acompanhar sua partida, de barco, até o Céu do Mapiá, onde foi enterrado.

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HISTÓRIA E CULTURA

Depoimento de Felipe Alcure

*Texto escrito em 21/06/2022, por ocasião dos dez anos da passagem do Padrinho Pedro Dário.

Após quase três meses de tratamento, nosso velho amigo e patrono estava cansado. Na verdade, há muitos anos ele vinha avisando que o tempo dele na matéria era pouco. Ele comentava “se vocês soubessem o tempo que tenho, vocês iam aproveitar mais”. No entanto, no dia 03 de junho de 2012, ele havia percebido que, a partir daquele momento, estava iniciando o processo de desenlace material. Era um assunto que ele não comentava abertamente, mas em alguns momentos de intimidade ele expunha, sem que a sua família ouvisse. Quando o mês de junho foi passando, sua matéria foi se deteriorando e a clareza sobre o destino espiritual foi se confirmando aos poucos em sua fala e presença.

Para todos ao redor era muito difícil pensar nessa possibilidade, pois aquele velho sempre foi nossa fortaleza e referência. Como aceitar a falência da matéria? O fracasso daquele corpo? Aquele velho trabalhador, firmeza, agora precisava de apoio para ir ao banheiro e mal conseguia dar umas colheradas no “caldo de caridade”.

Durante a concentração do dia 15 de junho de 2012, nosso velho quase partiu. Nós

fomos para a igreja e ele ficou com a familia em casa. No inicio do “Cruzeirinho”, um companheiro foi nos buscar na igreja, pedindo para que voltássemos rapidamente, pois ele estava no processo de desencarne. Na verdade, o Padrinho Pedro partiu, deu uma volta e conseguiu retornar para a matéria. Chegou a relatar como foi a viagem, mas, após esse momento, ele entrou num voto de silêncio e de jejum. Não conseguia mais falar nem se alimentar. Nós seguíamos ao lado, rezando, tomando Daime e trazendo o máximo de conforto para ele nos cuidados paliativos. No dia 17, tivemos a celebração de seu aniversário, pela primeira vez. Cantamos o hinario do Mestre no Céu do Paraná e no Céu do Amazonas, pequena casa de oração que estava sendo inaugurada naquela oportunidade, após um período de lutas e de obras.

No dia 18, dia em que completou 63 anos, perguntei a ele se estava bem e se precisava de algo. Ele só respondeu que estava pronto, mas tinha algo que não estava conseguindo desatar. Perguntou pelo Paulo Roberto. Imediatamente procuramos o amigo, Padrinho do Céu do Mar, para chamá-lo para apoiar nesse momento. O Padrinho Paulo Roberto prontamente atendeu ao chamado e veio para Curitiba. Ele chegou na terra dos pinheirais no dia

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21 de junho. O velho Pedro havia comentado que queria rezar o terço de Jesus Cristo com o amigo Paulo Roberto. E assim foi. Quando chegou na casa, o Padrinho Paulo andou ao redor da casa rezando o terço. Veio com a amiga de longa data, Iracema Melo. Junto da família estavam os cunhados Carlos César e Odemir, bem como a Nena e a irmandade paranaense. Quando estávamos no quarto, em oração, naqueles últimos minutos, algo aconteceu. Nosso velho deu um suspiro longo, daqueles de encher o peito. E o suspiro que deu foi o derradeiro. Naquele momento, o Padrinho Paulo Roberto comentou que tinha mirado a chegada do Padrinho Sebastião com uma espada de fogo e que, naquele suspiro, ele cortou o que estava mantendo nosso amigo na matéria. Foi um momento de muita dor para todos nós. Por um instante, perdemos nossa referência. Nosso guia. O desatador dos nós, o homem que acolhia todo mundo, que sabia mexer nos pontos mais sensíveis da irmandade e que sabia, acima de tudo, tirar de cada um o que tinha de melhor para dar. Faz 10 anos que não vemos mais nosso velho entre nós em matéria. Aliás, faz 10 anos que não temos mais seu corpo entre nós. Nosso velho, graças a Deus, está entre nós. Em nossos trabalhos, nos nossos feitios, nos mutirões, nas decisões importantes que precisam ser tomadas, em sua esposa, filhos e netos... O Padrinho Pedro Dário está vivo em nossas lembranças e corações e, acima de tudo, na nossa união. Pai, irmão, amigo e companheiro, do meu Padrinho és um guerreiro. Quem teve a oportunidade de conhecê-lo, celebra sua vida e sua obra no dia de hoje. Saudades do fundo do peito. Viva o Padrinho Pedro Dário!!!

Conheci o Santo Daime em Curitiba, quando eu tinha 19 anos, buscando respostas sobre a vida e a espiritualidade. A Doutrina não me trouxe as respostas, me trouxe muitas perguntas. Me trouxe um caminho para a consciência, a busca pelo autoconhecimento e pela autorresponsabilidade.

Nessa época, éramos um pequeno grupo, com alguns poucos fardados. A gente foi estudando, aprendendo, confiando na força maior que nos guia e principalmente confiando no nosso professor “Seu Pedro”. Ele também confiava na gente. Quando o Padrinho Pedro Dário chegava, para visitar o grupo, a gente já sabia que iria fazer uns trabalhos fortes, de derreter. Ele sempre deixava muitas orientações, algumas fitas com hinários e cadernos para a gente estudar.

Logo começamos a fazer as Concentrações. Em setembro de 2001, ele veio com uma comitiva com cantora e violeiros e fize-

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Depoimento de Michelle Chagas

HISTÓRIA E CULTURA

mos o primeiro fardamento na igrejinha do São Braz. A corrente foi crescendo e, em pouco tempo, estava inaugurada nossa igreja Céu do Paraná.

Esse tempo de convívio com Seu Pedro traz muitas saudades e boas lembranças do velho. As viagens acompanhando-o pelas igrejas, as histórias do Padrinho Sebastião, as preleções sobre o compromisso e o zelo com a Doutrina, os feitios… Ele falava muito da importância de estudar os hinários e de plantar jagube e rainha. Estar na presença dele era sempre aprender um bocadinho. Ele nos ensinou muito sobre a responsabilidade e sobre o valor de trabalhar, por nós e pelo próximo. Foi um exemplo de trabalhador, se dedicando à Doutrina com sua família.

O Padrinho Pedro conviveu desde pequeno com o Padrinho Sebastião e chegou a tomar o Santo Daime das mãos do próprio Mestre Irineu. Acompanhou o Padrinho na fundação do Céu do Mapiá e plantou muitas sementes boas, consolidando algumas igrejas pelo Brasil. Por onde passava, ele tinha grandes amigos, era muito querido e respeitado por todos.

Essa amizade nos levou também a conhecer e conviver de perto com a Madrinha Cristina e com o Vô Nel. Foi um período muito especial na presença dessa família, que nos trouxe ainda mais conhecimento da história da Doutrina e de toda a fé desse povo da floresta.

Foi ele também que nos incentivou a expandir e abriu os caminhos para a realização do nosso sonho de viver junto à irmandade.

Ele chegou a conhecer as terras do Céu de São Sebastião, aprovando e sempre apoiando o nosso movimento de crescimento e expansão.

Os últimos meses de sua vida também foram junto a nossa irmandade. Acompanhamos de perto seu tratamento de saúde e estivemos presentes na passagem do Padrinho Pedro Dário para o plano espiritual. Foi um período forte, de muita cura e fortalecimento para gente poder seguir sem a presença física do nosso professor.

Ele nos deixou muitos ensinamentos, muita saudades, muitas lembranças especiais e será para sempre lembrado e honrado por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Agradecemos por toda a confiança que depositou em nós e por todas as lições de humildade e união. Seguimos fazendo nosso melhor, inspirados por sua dedicação e por seu comprometimento com a nossa Doutrina.

Sua benção, Padrinho!

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AUTO DE NATAL DO CÉU DE SÃO SEBASTIÃO

Apresentação completa é retomada nos festejos natalinos de 2022

Com o propósito de encenar o nascimento de Jesus Cristo de forma integrada com hinos do Santo Daime, o Auto de Natal surgiu no Céu da Montanha, em Visconde de Mauá/MG, por iniciativa de Gilda Coelho Gomes Gonçalves, no ano de 1986. De lá, chegou ao Céu do Mapiá em 1989, convertendo-se, desde então, em uma tradição daimista. Para além do teatro, o auto tem por proposta a condução de uma “meditação viva” em torno do significado do Natal, proporcionando uma imersão espiritual dos participantes, em uma experiência a um só tempo artística, educacional e religiosa.

Contando com o apoio de Gilda, o Auto de Natal chegou ao Céu de São Sebastião antes mesmo de nossa inauguração oficial. Ao todo, foram cinco encenações, sempre com a colaboração de integrantes do grupo espaçonautas - teatro - circo - experiência. A primeira montagem, de 2015, foi dirigida por nosso irmão Vicente Prafivelo, que, desde a infância, já havia por diversas vezes participado das encenações no Mapiá. Em 2016, a direção foi compartilhada por Vicente Prafivelo e Simo-

ne Violanti e, em 2017, por Simone Violanti e Julio Simpson. Em 2021, ainda no contexto de pandemia e com base no reconhecimento da importância de celebrar o nascimento de Cristo em cada um de nós, o auto foi apresentado em uma versão adaptada para a linguagem de bonecos, sob a direção de Simone Violanti e Ester Ramos.

No fim de 2022, dando abertura ao nosso festival da Virgem da Conceição, tivemos a alegria de apresentar, pela primeira vez após o período de isolamento social, a montagem completa do Auto de Natal do Céu de São Sebastião, contando com cerca de 50 participantes, entre atores, músicos e auxiliares de infraestrutura. Com forte protagonismo feminino, o projeto ganhou forças com a chegada de nossas irmãs Neidiane e Adriana, moradoras da Vila Céu do Mapiá e possuidoras de anos de experiência com o auto, que participaram conosco, respectivamente, como Maria e a Estrela.

A montagem, além disso, foi produzida e dirigida por três mulheres de nossa irmandade:

Juliana Sanson, Graziela Viggiano Alcure e Simone Violanti.

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AUTO DE NATAL

Em nome de nossa coletividade, deixamos registrado nosso agradecimento a essas mulheres, cujo talento e dedicação ajudaram a proporcionar a nós e a nossos familiares mais um lindo momento de integração e louvor, levando adiante a mensagem do Santo Daime e do nascimento de Jesus Cristo de forma artística e espiritual. Viva o menino Jesus!

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Comissão de Fiscalização

O ano de 2022 foi marcado pela reabertura da igreja aos visitantes, a partir do mês de março. Para a Comissão de Fiscalização, isso trouxe a necessidade de realinhar e sistematizar protocolos, adequando-os às demandas atuais do contexto em que vivemos.

Seguindo esse propósito, retomamos o projeto já antigo da Cartilha da Fiscalização, documento que compila as orientações e procedimentos gerais de atendimento em nossa casa. Isso deu início a um ciclo de oito reuniões com o dirigente, entre agosto de 2022 e fevereiro de 2023, com o objetivo de revisar e melhorar o documento já existente da cartilha, além de discutir questões que surgiram a partir dos trabalhos.

Nesse processo, percebemos a necessidade de levarmos ao Conselho da Igreja assuntos relativos às nossas diretrizes de atendimento a irmãos em processos fortes e à nossa maneira de lidar com atuações mediúnicas. Parte do resultado de todas essas discussões foi apresentado à irmandade em nossa reunião anual de planejamento, no mês de fevereiro deste ano.

Nesse dia, também definimos como metas para 2023, dentre outras, um treinamento de primeiros socorros, a reestruturação do acervo de hinários, a construção de um espaço de cura e, em conjunto com a Comissão de Recepção e Saúde Mental, a retomada de um núcleo responsável pela secretaria da igreja.

Por fim, a Comissão de Fiscalização pretende seguir realizando reuniões periódicas, para estudo e atualização constantes da cartilha. Além disso, com o intuito de fortalecer a comissão, serão realizados trabalhos exclusivos para os fiscais.

COMISSÕES EM AÇÃO

Comissão de Ação Social

A Comissão de Ação Social tem seguido no propósito de fortalecimento da assistência a comunidades indígenas da região. Realizamos três entregas de alimentos para a Aldeia Araçaí, do povo Mbyá Guarani, entre janeiro e março de 2023, e viabilizamos uma cerimônia de bênção de frutas após a passagem do filho do cacique. Pretendemos tornar essa uma ação permanente, com entregas mensais de alimentos.

Além disso, temos também como meta a elaboração de um formulário socioeconômico a ser aplicado em nossa irmandade, cujos dados encaminharemos a um profissional da assistência social, para que possamos compreender as demandas próprias da nossa irmandade.

Nossos planos também incluem a promoção de ações educativas, com a abordagem de temas como educação ambiental e cuidados com as mulheres, bem como de mutirões agroecológicos para a produção de alimentos.

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COMISSÕES EM AÇÃO

Comissão de Recepção e Saúde Mental

Entre 2021 e 2022, a Comissão de Recepção e Saúde Mental estruturou-se a partir da antiga Comissão de Psicologia, reformulando nossos protocolos de recepção de visitantes e, desde março de 2022, coordenando a reabertura dos trabalhos àqueles que buscam

acolhimento espiritual em nossa igreja. O diagrama abaixo ilustra um passo a passo de como participar de nossos trabalhos e compila, em números, os resultados dessa comissão entre março de 2022 e março de 2023.

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COMISSÕES EM AÇÃO

Comissão da Cantina e Eventos

Desde a reabertura da igreja para os visitantes, em 15 de março de 2022, os trabalhos da Comissão da Cantina e Eventos foram engrossando e renderam belos caldos.

A cantina, frente mais permanente e visível da comissão, funcionou em diversos trabalhos, desenvolvendo seu propósito de acolher, nutrir e integrar os membros da igreja e os recém-chegados e, ao mesmo tempo, de arrecadar recursos para as melhorias necessárias em nossa casa. A partir do trabalho voluntário de seus membros e colaboradores, foram servidos caldos, tortas doces e salgadas, pizzas, sucos, chás - sempre procurando diversificar as receitas, para atender os irmãos em suas opções e restrições alimentares. Em algumas ocasiões, a comissão optou por cantinas temáticas, como a hamburgada, realizada em 5 de novembro, e o cardápio oriental que foi servido no último dia de São José, com yakisoba vegano e samosas.

Além da cantina, a comissão também promoveu eventos maiores, como a muito esperada reedição da Santa Feijoada Vegana, em março de 2022. Graças à colaboração de muitos voluntários, foi servida mais de uma centena de porções para retirada. Essa delícia foi destinada não só à irmandade e a seus familiares, mas também à comunidade externa, reforçando nosso vínculo e visibilidade social. Para 2023, nosso objetivo mais imediato é dar continuidade às reformas realizadas em nossa cozinha, fazendo melhorias na iluminação, para tornar o ambiente ainda mais aconchegante e incentivar a chegada e a permanência de associados e de visitantes. Além disso, fortalecer a arrecadação é importante para a materialização de um sonho antigo: a construção do Espaço de Integração, idealizado como uma versão expandida da cantina, com loja, varandas e espaços de convivência destinados a sediar eventos e encontros, recepcionar as comitivas que nos visitam e disponibilizar um ambiente para as crianças durante a realização dos bailados.

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Comissão de Música

Compreendendo a importância da musicalidade em nossa experiência religiosa com o Santo Daime, a Comissão de Música vem buscando retomar e fortalecer o movimento de estudos e ensaios em nossa irmandade.

Ainda em 2022, realizamos dois encontros entre as mulheres, com consagração de Daime, para fortalecimento da união e da musicalidade. No início de 2023, promovemos três ensaios do hinário “O signo do teu estudo”, de Francisco Corrente, e de pontos de Ogum.

Para o restante deste ano, a meta é realizar ensaios quinzenais fixos, além de estudos voltados a hinários específicos, nos dias que antecedem os trabalhos, e ensaios mensais para desenvolvimento de puxadoras e aspirantes. Também pretendemos fortalecer nossos estudos de violão, voz, maracá e ritmos, bem como promover ações de musicalização com as crianças e com a irmandade em geral.

COMISSÕES EM AÇÃO

Comissão de Comunicação e Cultura

A Comissão de Comunicação e Cultura tem mantido suas estratégias de fortalecimento de nossa comunicação interna e externa, dentre as quais se encontra esta nova edição de nosso boletim informativo.

Do ano passado para cá, as redes sociais seguiram divulgando registros de nossos trabalhos, informando quanto aos procedimentos para participar de nossa casa e trazendo saberes relativos à história e aos valores da Doutrina do Santo Daime, à memória e à valorização daqueles que vieram antes de nós, bem como a outras pautas de relevância religiosa e socioambiental.

Neste ano de 2023, também retomamos o projeto, já realizado em outros anos, de um Calendário do Céu de São Sebastião, com datas importantes para nossa irmandade e para a cultura daimista em geral.

Nossas metas, daqui por diante, envolvem, por exemplo, a estruturação de um protocolo de comunicação interna, que possa organizar o diálogo entre as comissões; o fortalecimento de nossa identidade visual; o início de uma produção de camisetas exclusivas do Céu de São Sebastião e a retomada da organização de nosso acervo digital e do projeto de nosso site institucional.

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COMISSÕES EM AÇÃO

Zeladoria e Reinado

Por questões climáticas e ambientais, a região litorânea do Paraná possui características favoráveis ao cultivo das plantas utilizadas no preparo do nosso sacramento. Por essa razão, o nosso reinado mais próximo, guarnecido por Tia Leila, está implantado em Morretes, na propriedade Montanha Beija-flor Douradolocal que já sediou turismo ecossocioambiental e que comumente é utilizado para práticas terapêuticas, trabalhos espirituais, pesquisas, reuniões e encontros festivos.

O sítio está localizado numa área ambiental importantíssima da Mata Atlântica, no “quintal” do Parque Nacional Guaricana, sob a responsabilidade do IBAMA/ICMBIO. A área, com aproximados 180.000m², atualmente abriga cerca de quatrocentos pés de rainha em produção, além de alguns exemplares de jagube, bananais nas entrelinhas, palmeiras, etc.

A tarefa básica da Comissão de Zeladoria é a manutenção desse espaço, o que requer frequência mensal de trabalho dos zeladores. Roçar a área, podar e coroar os pés de rainha (criando um acúmulo de biomassa na região das raízes), produzir mudas e realizar manejos, limpezas e colheitas são algumas das atividades executadas, no formato de mutirão, por equipes de, em média, doze participantes, em um grupo que conta com vinte e três integrantes, no total. Esses momentos exigem também uma gestão de rotina, que inclui a organização das viagens, com providências relacionadas à estadia e à alimentação, bem como às ferramentas, aos equipamentos e aos suprimentos.

Em 2022, além da manutenção básica, que em parte foi realizada por hóspedes voluntários independentes que passaram pelo espaço, realizamos, na primavera, uma experiência de produção de estaquias com cultivo diretamente no solo, o que tem trazido bons resultados. Já neste ano, nosso irmão James coordenou uma manutenção geral na área e trouxe bons ensinamentos para que o grupo possa dar continuidade a esse trabalho.

James, do povo Apurinã, foi o principal desbravador na implantação desse reinado. Tendo trabalhado durante anos nessa empreitada, ele inclusive adquiriu uma pequena área no espaço, onde também estão cultivadas nossas plantas. A sua filha, Jamilsa, também foi sua fiel companheira pelos saudosos tempos que pode passar com ele aqui na Região Sul.

Para o restante deste ano, além da manutenção mensal, a comissão pretende formatar um projeto que torne os movimentos definitivamente autossustentáveis, com produção de alimentos em consórcio, manutenção nos imóveis, construção de estufas, bem como com a organização de mutirões e de oficinas abertas para toda a irmandade.

Além disso, mutirões itinerantes nos espaços particulares dos integrantes da comissão estão sendo estudados para fins de estreitamento nas relações, fortalecimento do convívio entre os irmãos da comissão, desenvolvimento de habilidades e aprofundamento de técnicas de cultivo e manejo.

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Comissão Administrativa

Do ano passado para cá, com a reabertura de nossa igreja a visitantes, a Comissão Administrativa pôde implementar, em interface com a Comissão de Recepção e Saúde Mental, o novo formato de inscrição e de associação que foi desenvolvido durante a pandemia, adequando-se às necessidades concretas que surgiram da prática.

Sendo responsável, junto com a tesouraria, pelo acompanhamento do nosso fluxo de caixa, que envolve a organização de contribuições de associados e visitantes e de despesas, como o próprio abastecimento de nosso sacramento, a comissão preparou, em conjunto com o Conselho Administrativo, uma prestação de contas que foi apresentada em reunião à irmandade no último mês de dezembro.

A Comissão Administrativa também foi responsável pela organização de nossa reunião geral de planejamento, ocorrida em 25 de fevereiro. Com base nos planos traçados nessa data, iniciou-se um movimento de acompanhamento das associações, no que diz respeito ao vínculo com a igreja e às possibilidades de contribuição, inclusive financeira, por parte dos associados.

Nesse dia, surgiu também a proposta, ainda em implementação, de acompanhamento das atividades das comissões com base na facilitação da ferramenta de gestão Trello.

Para o restante deste ano, os planos da Comissão Administrativa incluem, dentre outros, a elaboração, em conjunto com a Comissão de Comunicação e Cultura, de um “Manual do Associado”, que deve organizar e formalizar o movimento de chegada de novos membros à nossa irmandade, facilitando o acesso às informações e tornando mais receptivo e eficaz esse processo.

COMISSÕES EM AÇÃO

Comissão de Infraestrutura

Do ano passado para cá, uma das conquistas da Comissão de Infraestrutura foi a reforma na cozinha do espaço que atualmente aloja nossa cantina.

Substituímos as paredes de madeira por alvenaria; melhoramos as estruturas hidráulica e elétrica; fizemos a manutenção da varanda da frente, onde a cantina atende o público, e construímos uma nova varanda nos fundos, que serve de área de apoio à cozinha; pavimentamos calçadas laterais; instalamos água quente na torneira; melhoramos as bancadas e, por fim, fizemos uma pintura completa, nas áreas interna e externa desse espaço.

Além disso, nós seguimos, nesse período, organizando mutirões de cuidado com a estrutura da igreja, que incluíram reparos como a substituição das lonas das paredes e a regulagem das portas dos banheiros.

Também conseguimos, graças ao empenho de nossa irmandade, fazer a manutenção do terreiro próximo à igreja, além de iniciar o processo de abertura de novos terreiros, onde futuramente faremos nossos trabalhos na mata.

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Curumins da Terra

Do ano passado para cá, o grupo dos Curumins da Terra seguiu promovendo eventos para nossas crianças e jovens, normalmente por ocasião de datas comemorativas.

Preparamos uma homenagem no Dia dos Pais e um café colonial no Dia das Mães. No último Dia das Crianças, fizemos uma grande festa com brinquedos infláveis, cama elástica, piscina de bolinhas, almoço coletivo e muito mais. Seguimos também com nossa já tradicional programação do Carnaval dos Curumins e, por último, realizamos uma caça aos ovos na Páscoa.

O Auto de Natal continua sendo um evento com grande participação das crianças. Alguns, inclusive, que, no passado, foram anjinhos, na última montagem já ocuparam outros papéis, como de pastores e de Reis Magos.

Por fim, uma das grandes conquistas dos curumins nesse período foi a construção de nosso novo campinho de futebol, com gramado e cercas. Um presente para os jovens e uma alegria para toda a irmandade!

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COMISSÕES EM AÇÃO

HOMENAGEM

HOMENAGEM À LEILA BONA

Visionária, pioneira, professora, matriarca, jardineira: esteio de nossa irmandade

Pioneira da história do Santo Daime no Paraná, Leila Bona, nossa querida “Tia Leila”, é uma trabalhadora incansável da Doutrina.

Junto com as irmãs Cláudia e Solange, foi ela quem recebeu do Padrinho Pedro Dário a missão de iniciar um ponto de luz em nosso estado.

Inicialmente, de forma improvisada, os trabalhos ocorreram em propriedades de sua família, até a inauguração do Céu do Paraná, em 2002.

Ainda hoje, é a Tia Leila a principal cuidadora de nosso jardim, ela que cultiva flores na terra e no astral. Nossa professora e nosso exemplo, nos traz cotidianamente a experiência e a sabedoria de quem abriu os caminhos que hoje trilhamos.

Por isso, aproveitamos a ocasião deste nosso aniversário de sete anos para oferecer esta singela homenagem, deixando registrada nossa profunda gratidão.

“Leila Bona, Tia Leila

Vó Iapu e jardineira

Sobre ti venho falar

Que honra lhe homenagear

Recebeu em sua casa

Piazada atrapalhada

Com esperança no olhar

Da luz do Daime encontrar

Ofereceu-me o seu colo

Assim fui bem acolhida

Do Daime eu pouco conhecia

Com muito amor pela sua família fui recebida

Tanta força e balanço forte

Céu do Paraná ainda não existia

Mas já em roda com os irmãos Cantávamos hinário de Santa Maria

O chão era de areia

Onde antes era um parquinho

Foi construído o sestavado

No Paraná oprimeiro ponto do Padrinho

Já se passaram 22 anos

Quando Padrinho Pedro

Em rodas de prosa nos ensinando Sobre a Doutrina e o seu zelo

Edição nº 3 - ABRIL - 2023 19
Poema de Luciana Oliveira Revisão de Manoela Martins

Isso lá no início

Padrinho Pedro e comitivas

Da floresta o conhecimento

E os jovens formando a família

Tudo isso na Tia Leila

Que com toda sua bondade

Nos ensinando sobre a união

Amor e também humildade

Dali seguimos caminho

Padrinho fez um pedido

De entre irmãos se juntar

Para uma nova terra encontrar

Tia Leila e o irmão Márcio

Entre curvas em estrada antiga

Encontraram a terra prometida

Onde o Céu do Paraná nascia

HOMENAGEM

Crescendo a nossa missão

Tantas provas passamos Madrinhas e Padrinhos abençoando E dali muitas igrejas se formando

Padrinho Pedro fez mais um pedido

De mais uma terra encontrar

Desta vez mais na redondeza

Para o povo que iria chegar

Dito e feito o que Seu Pedro dizia

Entre araucárias abençoadas

O Céu de São Sebastião nascia

Em uma irmandade determinada

E a Tia Leila segue no meio Nossa jardineira floresce os jardins

Perfuma e encanta nossa miração

Entre ervas, flores e jasmins

Padrinho Pedro flor do meu coração

Agradeço por deixar seu legado Folha cipo, Rainha e Jagube Sempre plantar e cuidar do reinado

Por Tia Leila é bem cuidado

Por Mãe Baixinha o ponto firmado

Montanha do Beija Flor Dourado

Por Seu Tupinambá muito abençoado

Tia Leila é muito bem quista

Bem dizer uma grande Madrinha

Matriarca és nossa jardineira

Amada e filha da nossa Rainha

Receba desta irmandade

Todo apreço e consideração

Gratidão, respeito e amizade

Da família de São Sebastião”

Céu de São Sebastião em Foco 20

MAR DE ESTRELAS

Foi em concentração

Que eu vi chegar

A força divina, que a tudo domina

E vem nos governar

Bem no meu coração

Sem se apresentar

Levou minhas dores

Para o lado de lá

Sigo o meu caminho

E não vou ficar

Olhando de longe como quem se esconde

Sem se encontrar

Uma luz clareou

E pude enxergar

Um mar de estrelas

A me iluminar

PALAVRAS DA IRMANDADE

PRIMEIRA CONCENTRAÇÃO DO CÉU DE SÃO SEBASTIÃO

No dia 15 de janeiro de 2016, eu estava ansiosa, nervosa e feliz, por poder fazer a primeira Concentração oficial do Céu de São Sebastião, antes mesmo da inauguração. Quando chegamos na igreja, o Felipe falou para o Bruno, meu companheiro, que os violeiros ainda não tinham chegado e perguntou se ele poderia começar a tocar a “Oração”, do Padrinho Sebastião.

O Bruno não esperava, não tinha levado seu violão e nunca havia tocado sozinho. Foi até a casa da Michelle e do Guilherme, que moravam no sítio da igreja, e pediu emprestado o “violãozinho” da filha mais velha deles, a Mairá. Com o instrumento em mãos, afinado da maneira como foi possível, faltava apenas a palheta. Ele então achou uma tampa de margarina e, cortando-a, improvisou uma. Assim foi, assim começou: “Examine a consciência...”, com o violãozinho da Mairá e com uma palheta de tampa de margarina.

A Concentração, para mim, foi muito boa e diferente daquilo a que estávamos habituados. Bailamos o “Cruzeirinho” naquela igreja grande, com teto alto e o chão ainda sem os riscos para nos orientarmos. “Força forte” e momento intenso de adaptação. “Firma o pensamento que esta é só a primeira”, era o que me vinha à mente.

Desde então, sete anos se passaram e é uma profunda gratidão o que sinto por essa casa e essa irmandade, que me trouxeram grande crescimento pessoal e muitos momentos inesquecíveis, como esse que relatei. Que muitos mais ainda venham. Vida longa ao Céu de São Sebastião!

Edição nº 3 - ABRIL - 2023 21
Ofertado por Felipe Alcure para Rosineide Raulino.

SETE ANOS DEPOIS: LONGA VIDA A NOSSA CASA

Sete anos. Um setênio que se encerra e outro que se inicia. Há sete anos, abrimos as portas do Céu de São Sebastião com algumas certezas e várias dúvidas. Certamente algumas dessas dúvidas foram sanadas. Com a mesma convicção, posso afirmar que algumas certezas caíram por terra. Mas aquela certeza, aquela convicção que nasce do peito, da confiança na verdade espiritual do trabalho do Mestre Raimundo Irineu Serra, só cresce. Esses últimos tempos que vivemos foram cheios de desafios. Aliás, quando não temos desafios? Por aqui, nós reaprendemos a fazer a máquina girar. Com a licença do discurso prático, mas estamos novamente com a Igreja aberta, recebendo gente de todo canto, com todo o tipo de necessidade, fragilidade, vulnerabilidade, curiosidade. A tarefa do acolhimento des-

se povo, graças a Deus, hoje conta com um sistema que vem sendo aprimorado a cada novo desafio, e podemos ter certeza de que nosso trabalho é feito com o olhar do cuidado e da responsabilidade. Afinal, essa história é muito séria, “não é traço de baralho”. Apresentar o trabalho difundido pelo Padrinho Sebastião para quem procura é uma responsabilidade de enorme profundidade. Ainda engatinhamos nessa tarefa, mas a fé de chegar é viva e maior do que qualquer insegurança. Desafios de outras ordens foram enfrentados. Famílias queridas se despediram da nossa convivência e foram cumprir suas missões em outras paisagens. A amizade e o respeito permanecem vivos e íntegros, assim como a saudade. Por outro lado, como o Dono da Casa não desampara ninguém, temos gente muito boa chegando. Algumas dessas pessoas

Céu de São Sebastião em Foco 22
PALAVRAS DA IRMANDADE
Por Felipe Alcure

já abraçaram sua estrela e já procuram fazê-la brilhar. Outras ainda estão olhando e aproveitando o privilégio de ser paisano e poder escolher a roupa pra ir ao Trabalho. Outros nem chegaram, mas estão no caminho...afinal, “essa Casa é pra todos entrar”.

Com toda certeza, muitos dos desafios enfrentados são frutos da nossa própria imaturidade espiritual. Outras provas são obstáculos que nos fortalecem e nos tornam mais cientes da fineza desse trabalho e da firmeza que devemos buscar. Mas não estamos em busca daquela firmeza dura, que tromba em todo canto e espeta quem encontra. Estamos atrás da firmeza amorosa, compassiva, a tal da “firmeza no amor” que o Padrinho ensinou e nós estamos aprendendo.

Graças a Deus, o Céu de São Sebastião está amorosamente firme, em pé. A porta está aberta. A irmandade está crescendo e percebendo que a chave desse mistério é a responsabilidade. E é também dar valor a cada um que chega com sua história, a cada uma que soma com seu talento. “Aprendendo a trabalhar com todo tipo de animal”, como dizia nosso velho Patrono, Padrinho

PALAVRAS DA IRMANDADE

Pedro Dário, nós vamos andar para frente. Agradecemos demais a cada um e a cada uma que acredita e se dedica. Agradecemos aos nossos Professores e Professoras, rogando saúde para nossas Matriarcas e Patriarcas. Nosso coração está fincado na nossa Matriz, a Casa do Velho Mota, sob a direção espiritual dos nossos estimados Padrinho Alfredo e Padrinho Valdete. Seguimos ligados nos seus ensinamentos e mantemos acesa a chama da relação com nosso Professor de sempre, nosso querido Padrinho Pedro, que do Astral nos orienta e nos protege. Suas instruções nunca serão esquecidas. A união de todos esses elementos é o Céu de São Sebastião: uma casa formada por estrelas, por gente muito boa que ama a Doutrina da Virgem da Conceição e que está na busca eterna de aprender a ser irmão, a ser irmã. Somos parte dessa família, não somos mais nem menos do que ninguém, e essa é a medida certa da nossa alegria e fé. Longa vida à nossa Casa e às nossas aspirações mais justas!

Viva a todos nós!

Viva o Céu de São Sebastião!

Viva os nossos Patronos!

Edição nº 3 - ABRIL - 2023 23

Realização: Comissão de Comunicação e Cultura

Edição e revisão: Dandara Damas, Felipe Alcure, Flora Guedes e Pedro Vieira

Projeto gráfico: Manoela Martins

Ilustração da capa: Beatriz Môra

Este Boletim Informativo contou com o apoio de representantes das comissões para a produção dos textos, pelo que fica registrado o nosso agradecimento.

Céu de São Sebastião em Foco 24

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3ª Edição - Céu de São Sebastião Em Foco by ceudesaosebastiao - Issuu