Centro Cultural Alto Vera Cruz

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CENTRO CULTURAL

ALTO VERA CRUZ

BELO HORIZONTE 2024

ESCOLA DE ARQUITETURA DA UFMG

AUTORES:

CERENA SILVA ARAUJO

KARLLA RAFAELA SOARES

LUISA FIOROT DELL’SANTO

MATHEUS GABRIEL DE SOUZA DIAS

DE ARQUITETURA DA UFMG 2024
BELO
HORIZONTE ESCOLA
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1. Apresentação .......................................................................................

2. Contextualização Centro Cultural Alto Vera Cruz .................................

3. A Participação Comunitária e o Desenvolvimento da Região .................

4. A Descentralização Cultural e a Criação do CCAVAC ...............................

5. O CCAVAC: Ecos da Cultura e da Política ................................................

ORGANIZAÇÃO DO E-BOOK: 2
Referências .............................................................................................. Anexo ....................................................................................................... 3 5 7 9 13 18 20

APRESENTAÇÃO:

O presente e-book trata sobre o Centro Cultural Alto Vera Cruz (CCAVC), localizado no bairro de mesmo nome no município de Belo Horizonte, e aborda acerca da importância do local para o planejamento urbano em uma região com uma população de moradores, que, historicamente, estiveram engajados com as problemáticas do cotidiano

O objetivo deste documento é mostrar como a construção do CCAVC e a adesão popular foram importantes para o planejamento do local O Centro atende hoje quatro áreas: o próprio Alto Vera Cruz, os bairros Granja de Freitas, Taquaril e Castanheiras, as quais fazem parte da regional Leste da cidade

A organização do e-book se deu em 5 capítulos, que tratam sobre sobre a criação do centro cultural, a forma pela qual a comunidade contribuiu para o desenvolvimento do bairro Alto Vera Cruz,

o envolvimento da região no Orçamento Participativo e, por fim, as oficinas realizadas pelo CCAVC nos últimos anos e os desafios enfrentados pelo espaço

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com conversas e entrevistas feitas à equipe do Centro Cultural Alto Vera Cruz

Os autores agradecem pela disponibilidade da equipe do Centro e também pelas orientações durante a disciplina ao longo do desenvolvimento do e-book. Espera-se abrir a discussão em relação a participação popular e demanda social frente à política pública de gestão do território

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CONTEXTUALIZAÇÃO CENTRO CULTURAL ALTO VERA CRUZ

O Centro Cultural Alto Vera Cruz está situado no bairro Alto Vera Cruz, o qual se localiza na região Leste de Belo Horizonte.

BARREIRO

OESTE

CCAVC

NORDESTE

A ocupação do território se intensificou partir de 1960 O local não possuía as mínimas condições de infraestrutura necessárias para promoção da dignidade humana Assim, devido ao forte aumento da população local, as demandas relacionadas à falta de saneamento, infraestrutura e degradação ambiental foram acentuadas

Além disso, o local sempre demonstrou a sua vocação de luta social Isso porque a primeira Associação de Moradores foi criada em 1962 com o objetivo de reivindicar melhorias na infraestrutura do bairro Já a partir da década de 80, a população local discutia seus interesses em sete associações comunitárias

A partir de década de 90, os jovens moradores da região atuaram nos movimentos de mobilização comunitária, por meio do envolvimento no âmbito cultural associado às lutas sociais.

Atualmente, o bairro Alto Vera Cruz conta com uma rede de equipamentos públicos, principalmente, voltados para à saúde, educação, comércio local e assistência social

Destaca-se que a região está localizada na Zona de Especial Interesse Social – 1 (ZEIS-1), que se refere a uma área ocupada de forma espontânea e desornada, predominantemente por pessoas de baixa renda Ademais, há o interesse do poder público de promover qualificação urbanística a partir da implantação de programas habitacionais de urbanização e regularização fundiária.

Ressalta-se que a região já se apresentava como um local de muita efervescência cultural pelo fato de possuir diversos grupos culturais Por isso, desde a formação da região a população já se organizava com o intuito de promover festas juninas, forrós e encontro de sanfonas

Nesse sentido, é importante destacar que o processo de mobilização com o objetivo de reivindicar o Centro Cultural Alto Vera Cruz (CCAVC), por meio do orçamento participativo, partiu da comunidade Para isso, procurou reunir diferentes grupos culturais atuantes na região e lideranças comunitárias existentes em outros bairros

Destaca-se que a líder comunitária do bairro Alto Vera Cruz, Valdete da Silva, relatou que era uma tarefa difícil convencer alguns grupos de moradores acerca dos benefícios trazidos pela criação de um centro cultural no momento em que faltavam condições mínimas de infraestrutura.

Dessa forma, na primeira tentativa de implantação do CCAVC pelo orçamento participativo, não foi possível implantar o centro cultural, visto que as obras relacionadas à infraestrutura representavam a maioria das demandas, seguidas pelas demandas relativas à urbanização de vilas, saúde e educação. Na segunda tentativa, no ano de 1995, o centro cultural foi contemplado via Orçamento Participativo.

CENTRO-SUL LESTE NOROESTE PAMPULHA VENDANOVA NORTE
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CENTRO CULTURAL ALTO VERA CRUZ

No entanto, o valor fornecido não era suficiente para a reforma do espaço e o poder público devia, primeiramente, desapropriar o imóvel que estava no nome da Associação Comunitária, uma vez que não poderia utilizar recursos públicos para beneficiar empreendimentos de terceiros

O imóvel utilizado pelo Centro Cultural Alto Vera Cruz, segundo a líder comunitária Valdete da Silva, já foi utilizado como uma creche e, posteriormente, como um local que ofertava cursos à população

Em um vídeo publicado no Youtube, no canal “Meninas de Sinhá”, são registradas as imagens do Centro Cultural durante o processo de reforma

“Fica registrado pra toda a comunidade, pra toda a Belo Horizonte, pra todo o Brasil que lutando a gente consegue aquilo que a gente quer. É lutando, é unindo a comunidade e tendo vontade política dos governantes que a gente consegue o que a gente quer.

-dona Valdete, liderança e referência na luta pelo Centro Cultural (2010)

“Tá aí essa casa maravilhosa, caindo aos pedaços, se arrebentando... e vai tornar um lindo centro cultural.”

-dona Valdete, liderança e referência na luta pelo Centro Cultural (2010)

“(...) onde nós vamos dançar, discutir os nossos problemas, receber a nossa comunidade, as suas reivindicações e os eventos que vão ter aqui.”

-dona Valdete, liderança e referência na luta pelo Centro Cultural (2010)

Destaca-se que a Escola de Arquitetura da UFMG realizou o projeto de reforma do CCAVC, por meio do Centro de Experimentação, Treinamento e Prestação de Serviços (Ceteps), o qual realizava projetos arquitetônicos direcionados a entidades que defendem os interesses das comunidades carentes e que não dispõem de recursos para procurar profissionais de arquitetura

No dia 8 de dezembro de 1996, o Centro Cultural Alto Vera Cruz foi inaugurado Esse espaço aglutina as manifestações culturais existentes na região, além de servir como um espaço de debate para os moradores

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CONTEXTUALIZAÇÃO
Foto extraída de vídeo publicado no Youtube Esse local era voltado para o preparo de comidas durante as festas Foto extraída de vídeo publicado no Youtube Esse espaço era utilizado como uma cozinha Foto extraída de vídeo publicado no Youtube

A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO

Este capítulo abordará o contexo do surgimento do bairro Alto Vera Cruz, bem como as articulações comunitárias que contribuiram para o desenvolvimento da região e a luta pelos direitos básicos dos moradores

Antes de adentrar no processo de ocupação especifico do Alto Vera Cruz, é importante relembrar que a proposta da nova capital mineira era composta pela divisão do território em três áreas: a central, a suburbana e a rural. Nas décadas iniciais, a diferença social entre a área central, com mais infra-estrutura, e a rede de bairros que se expandia para as demais áreas, com poucos ou nenhum serviço urbano, já podia ser percebida no cenário citadino

No contexto mineiro o fenômeno migratório entre o campo e a cidade intensificou-se no início do século XX, contribuindo para boom de crescimento belohorizontino Entretanto, tal movimento pode, por vezes, promover a perda de referências culturais pelos grupos que se deslocam em busca de melhores oportunidades na cidade grande Este parênteses será importante para entender como o “associativismo de bairro” surgiu no Alto Vera Cruz

Nas décadas de 1920 e 1930, a ocupação dos migrantes acontecia de forma espalhada, com parte do grupo ocupando a área central da capital A presença dos grupos nesta região da cidade não era vista com bons olhos pelo poder público municipal, culminando na expulsão destes por meio de mecanismo implicitos (como o aumento do preço dos aluguéis) ou por repressão física (como a destruição das moradias)

Concomitamente, em 1928, foi aprovado o loteamento Parque Vera Cruz, cujas terras foram originadas a partir do parcelamento de fazendas da área, pela Companhia Mineira de Terrenos e Construções (COMITECO). O alvo do empreendimento eram as famílias populares, em geral de migrantes, que não conseguiam arcar com o custo da região central, sendo que a compra do lote poderia ser conjunta com a casa, em planta

A totalidade dos lotes parcelados não foi vendida e, na década de 1940, a COMITECO repassou parte das unidades para a Companhia Mineradora de Belo Horizonte (FERROBEL) que deveria efetuar um novo parcelamento e urbanizar o terreno O acordo de urbanização não se materializou, a FERROBEL, no entanto, mineirou a área até meados da década de 1950 e a abandou, o que abriu espaço para uma ocupação diversa da área em questão, constituída, em parte, por pelos trabalhores da mineradora.

As terras abandonadas - sem infraestrutura: pavimentação, rede de água e de energiaforam novamente parceladas de acordo com os interesses de alguns agentes da época Estes construíram moradias precáriasbarracos - e alugavam para as famílias com bicos de energia e de água, sendo chamados de “Tubarões de Tamanco”, já que cobravam aluguéis extorsivos e viviam da sublocação deste tipo de serviço

Ao final da década de 1960 e início dos anos 1970, a região leste, mesmo com escassa infraestrutura urbana, recebeu uma nova onda de moradores que passaram a se engajar também nas lutas do bairro

Chegada migrantes do interior mineiro

Início séc. XX

Déc. 1940

1928

Aprovação do loteamento vilas

Parque Vera Cruz - COMITECO

Final atividade minerária pela FERROBEL

Déc. 1950

Déc. 1940

Repasse parcial lotes para a FERROBEL

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A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA E O

A articulação entre os moradores do Alto em prol do desenvolvimento da região pode ser entendida ao se observar os gestos de soliedariedade e reciprocidade estabelecidos nas relações de vizinhança. A migração do campo rumo a cidade rompeu com as redes de apoio familiares e, ao partilharem problemas similares ao demais habitantes locais, foram estabelecidos laços de compadrio, conservando certos valores “tradicionais” tipicamente interioranos

A insatisfação geral da comunidade com as práticas abusivas de aluguel, aliadas às ameaças de remoção dos moradores do Alto, foram mote para o início da mobilização do “Movimento dos Sem-Casa”, já na década de 1980, encabeçado por líderes comunitários e pelo Centro de Ação Comunitária do Alto Vera Cruz (CAC-VC) - fundado em 1981

“Ah, a gente via as pessoas serem despejadas das casa. (...) E era assim: se num pagasse um mês saía mesmo. (...) O ‘Movimento dos Sem-Casa’, vem da nossa insatisfação com tudo isso”

-Paulão, liderança e antigo morador do Alto (2010)

“ sem casa ” no segundo congresso da FAMOBH, por volta de 1986

Eclosão da ocupação no Alto Vera Cruz Déc 1970

1955 Departamento Municipal de Habitações e Bairros Populares (DHBP)

Um dos principais produtos do “Movimento dos Sem-Casa” foi o reparcelamento do solo, realizado pela prefeitura em 1987, que culminou na criação do Centro Comunitário Pró-Construção e Desenvolvimento do Taquaril e na consequente ocupação do atual bairro Taquaril

No entanto, o incentivo ao envolvimento dos moradores aconteceu antes mesmo da insituição de associações formais, através do diálogo e de teatros organizados pelas lideranças:

“O teatro ajudô muito! (...) Aí o home falava com a esposa que tava cansado daquela situação. Aí ela dizia pra ele que era preciso lutá, juntá todo mundo pras coisas melhorá. Aí era um montão de gente que assistia.”

-dona Valdete, liderança e referência na luta pelo Centro Cultural (2010)

As revindicações partiam desde os preços dos alimentos até a falta de infraestrutura urbana da região, comparando a realidade da área central, com grande disponibilidade de recursos, às ausências do Alto, ressaltando a necessidade da luta comunitária para a promoção de melhorias no bairro

Foi em meio às revindicações da comunidade, associadas às políticas descentralizadoras do poder público - a serem minuciosamente abordadas no próximo capítulo, que na década de 1990 foi promulgada a participação do Centro Cultural Alto Vera Cruz (CCAVC) no orçamento participativo, o que culminou em sua inauguração ao final da década, em 1996

Centro de Ação Comunitária do Alto Vera Cruz 1981

1979 Divisão administrativa do município em 9 regionais

1988 Constituição da República Federativa do Brasil

DA REGIÃO 8
DESENVOLVIMENTO
Foto extraída da dissertação As (im)possibilidades de irrupção de necessidades radicais na periferia por meio do trabalho com jovens dos Programas Fica Vivo e Agente Jovem Estudo de caso: Conjunto Taquaril” Renato de Paula Abreu 2008 Movimento dos

A DESCENTRALIZAÇÃO CULTURAL E A CRIAÇÃO DO CCAVC

A criação dos centros culturais no município de Belo Horizonte nas décadas de 1990 e 2000 está atrelada a um modelo descentralizador adotado pelo poder público municipal após o fim do regime militar. A política de descentralização juntamente a outros instrumentos importantes para o surgimento desses espaços culturais, como a lei orgânica e a secretaria municipal de cultura (SMC), tem como fundamento a resposta do poder municipal ao regime democrático estabelecido no final da década de 1980. Para além das mudanças institucionais, os anos 80 foram marcados por uma efervescência nos movimentos socioculturais, lutas que reivindicavam demandas no âmbito social, ambiental e cultural

“O Poder Público promoverá a implantação, com a participação e cooperação da sociedade civil, de centros culturais nas regiões do Município, para atender às necessidades de desenvolvimento cultural da população. Parágrafo Único - Serão instalados, junto aos centros culturais, bibliotecas e oficinas ou cursos de formação cultural ” -Artigo 169 da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte (1990)

A primeira gestão municipal pós redemocratização é caracterizada pelo início da descentralização das diversas pastas do poder, entre elas, a cultura O governo Pimenta da Veiga (1989-1992) é marcado pela definição da lei orgânica do município, carta magna que em seu artigo 169 respaldava a criação de centros culturais como uma política de descentralização da cultura.

Além de uma ação legislativa, o governo Veiga traz outro alicerce para democratização da cultura municipal: a modificação da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) como uma pasta única e independente Repensada de forma conjunta à Lei Orgânica, a SMC foi responsável por colocar em prática as políticas culturais definidas na constituinte, entre elas, a criação dos centros culturais Como plano inicial para o cumprimento da medida, foi elaborado um plano para implantação dos equipamentos por meio de uma comissão formada por técnicos da secretaria, da UFMG, PUC Minas e demais membros interessados na cultura municipal O plano de “Diretrizes básicas para a implantação dos Centros Culturais em Belo Horizonte” estabelecia regras para a disposição dos centros no território, definindo-os como órgãos de execução da política cultural. Portanto os centros, embora apresentasse caráter único conforme sua região, deveriam seguir a política cultural definida pela SMC Tal definição demonstra que a descentralização embora presente em algumas áreas, não era clara para o governo A descentralização cultural inserese também nesse contexto, mesmo em meio ao interesse da SMC em fortalecer e compreender as diversas regiões do município.

Além do objetivo de estender o conhecimento dos locais de atendimento, a SMC visava conectar o processo de implementação dos centros culturais à movimentos culturais préexistentes Mediante esse objetivo surge o primeiro centro cultural fora da região central do município, o Centro Cultural Inter-Regional Lagoa do Nado, criado em 1992, após uma década de movimentos populares a favor da preservação da lagoa do Nado

Reestruturação da Secretária Municipal de Cultura 1989

1990 Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte

Elaboração do documento

“As diretrizes para a implantação dos centros culturais” 1991

1992

Centro Cultural Inter-Regional Lagoa do Nado

Criação do Orçamento Participativo 1993

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A

DESCENTRALIZAÇÃO

CULTURAL E A CRIAÇÃO DO CCAVC:

Implantado no norte do município, o Centro Cultural Inter-Regional Lagoa do Nado foi o primeiro centro regional municipal, sendo responsável por fomentar a cultura em sua zona direta de atuação e nas demais regiões administrativas que compõem o vetor norte (Pampulha, Norte e Venda Nova).

A segunda gestão pós redemocratização, sob o governo de Patrus Ananias (1993-1996) foi responsável pela consolidação da descentralização através da criação de um instrumento de participação social: o orçamento participativo (OP) Criado em 1993, o orçamento participativo visava criar uma rede de debates entre a população e os diversos órgãos que compõem o poder público municipal para o ano de 1994. O fórum de discussões para o desenvolvimento do orçamento era composto pelos nove administradores das regionais do município e pelos coordenadores integrantes das Secretarias Municipais de Planejamento e Governo Os recursos ordinários do tesouro (ROT) e os debates realizados pela população de cada regional eram os marcos definidos para a implantação do OP.

A possibilidade de um orçamento participativo como um instrumento de democratização dos recursos só foi possível, entre outros fatores, pela criação das administrações regionais, em 1979, e pelos conselhos comunitários regionais, demonstrando a consolidação de um processo descentralizador que dava seus primeiros passos antes mesmo da lei orgânica municipal Iniciado em 1994, o OP foi instaurado sobre 37 sub-regiões, formadas a partir da divisão das regiões administrativas em três a seis territórios. Em 1995 criou-se um grupo gerencial composto pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (SUDECAP), pela Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL), pela Secretaria de Planejamento e Governo e por um fórum de discussão formado por administradores regionais e coordenadores do OP No ano de 1996, a partir do OP Regional, elabora-se o OP da Habitação visando cumprir com as demandas no âmbito da moradia. Dois anos mais tarde, em 1998, criou-se o OP Cidade após debates sobre um orçamento participativo setorial, sob a coordenação da Comissão Municipal do Orçamento Participativo (CMOP)

Na Gestão Célio de Castro, entre 1997 e 2000, a descentralização cultural tornou-se institucional a partir do “Programa de Descentralização Cultural” instaurado em 1998 O programa visava formalizar a descentralização, a partir das ações desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Cultura através da formação e intervenção cultural Dentro dos objetivo de expandir o acesso democrático a cultura estava a implantação dos centros culturais, agora institucionalizados. O programa enfatizava a criação desses equipamentos como uma ferramenta de diminuição da centralização cultural dentro do perímetro da região central

Aprovação do CCAVC no OP

Programa de Descentralizaçã o Cultural 1998

Reforma Administrativa

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1996 Inauguração do CCAVC 1999 O OP torna-se bianual
2001
1995
Foto extraída do texto Intervenção museal no espaço urbano: história cultura e cidadania no Parque " Fotografia da apresentação do Coralna 6 Festa da Lagoa do Nado 1988

A DESCENTRALIZAÇÃO CULTURAL E A CRIAÇÃO DO CCAVC:

CENTROS CULTURAIS

CCAVC

UNIDADES DE PLANEJAMENTO

TAQUARIL

devido ao tempo entre o projeto executivo e a concretização das obras, sendo definidos critérios para a seleção das demandas a serem atendidas, como a abrangência social, correspondendo ao número de pessoas e à extensão do benefício, e a relevância social, ou seja, a quantidade de solicitações feitas nos fóruns do OP para determinada obra.

Em 2001, com a eleição de Fernando Pimentel para a prefeitura, a administração pública passou por uma reforma administrativa que buscava fortalecer a descentralização através do protagonismo dado às administrações regionais

Elaboração do “Caderno de Diretrizes” 2002

u uma e suas cretaria a dos ou na bilitada modelo o, uma ssuíam ndendo Como ecursos cipativo strando Com a em 81 cações das de lmente nto de strativa ais e corpo

administrativo do OP Em 2001-2002, o Orçamento Participativo passou a contar com um caderno de Diretrizes, sendo composto por diretrizes gerais e setoriais

Na segunda gestão de Fernando Pimentel (2005-2008), a SMC é extinta, tornando-se a Fundação Municipal de Cultura (FMC) Na nova restruturação da pasta, originou-se o Departamento de Coordenação dos Centros Culturais (DPCC), responsável pelo monitoramento dos equipamentos A criação do DPCC pode ser entendida como um retorno à centralização dos centros culturais à FMC.

Criação do Departamento de Coordenação dos Centros Culturais (DPCC) 2005

2005 A SMC torna-se Fundação Municipal de Cultura

2017 Retorno da SMC

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A DESCENTRALIZAÇÃO CULTURAL E A CRIAÇÃO DO CCAVC:

“Os centros culturais são criados para promover o desenvolvimento cultural da cidade, por meio da universalização dos direitos culturais e da descentralização dos serviços, com a finalidade de consolidar a política cultural do município, fundada nos princípios e procedimentos da democracia participativa “e devem contemplar em” seu plano de ação programas que envolvam: (a) a implantação de bibliotecas e projetos de incentivo à leitura (b) projetos nas diversas linguagens artísticas: artes cênicas, artes visuais, música, artes audiovisuais e literatura (c) a identificação, documentação, proteção e promoção do patrimônio cultural ” -FMC (2005)

Em 2017, a SMC retorna por meio da Lei 11 065, englobando a FMC em sua estruturação Na nova legislação, a FMC passa a gerenciar as unidades culturais, na qual integram os 17 centros culturais existentes atualmente.

O Centro Cultural Alto Vera Cruz surge, em 1996, como o primeiro centro cultural aprovado pelo orçamento participativo, sendo um marco na política de descentralização cultural e um fomentador para a criação de outros centros culturais nos anos seguintes. Em meio a um território marcado por inúmeras manifestações culturais desde sua fundação na década de 1960, o equipamento cultural nasce a partir de um desejo em materializar um espaço representativo para a cultura local e propiciar o debate público realizado pela e para a comunidade Um fator marcante no processo de reivindicação do centro foi o convencimento dos grupos e lideranças culturais da necessidade de um centro cultural em relação a outras demandas, uma vez que o território apresentava inúmeros problemas de infraestrutura urbana e social A solicitação de um centro cultural também se mostrava inédita no contexto do orçamento participativo já que os pedidos quanto a infraestrutura urbana, saúde e educação compunham a maior parte das reivindicações. Após uma segunda tentativa , o centro cultural foi aprovado em 1995, sendo inaugurado no ano de 1996

O edifício, que anteriormente abrigava a Associação Comunitária do Bairro Vera Cruz foi desapropriado pelo poder público a fim de receber os recursos governamentais Sua área de influência corresponde a sub-região do Taquaril, que engloba os bairros Alto Vera Cruz, Taquaril e Granja de Freitas, além de parte do bairro Castanheiras pertencente ao município de Sabará

O ineditismo do centro cultural no orçamento participativo trouxe consigo alguns problemas como a não correspondência entre o valor aprovado no orçamento e o custo real da reforma do edifício, assim como a não compreensão por parte dos grupos culturais quanto ao modelo de administração do espaço, gerido exclusivamente pela Secretaria Municipal de Cultura Tal desentendimento demonstra uma fraqueza na política de descentralização cultural adotada na época, gerando um desgaste entre o poder público e os grupos culturais que reivindicavam o espaço Após o CCAVC, os centros culturais passaram a ser um pedido recorrente no OP, sendo reivindicações espontâneas de lideranças e movimentos locais ou fomentadas pelas regionais e órgãos públicos

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Foto extraída do vídeo “Netinhas de Sinhá no aniversário de quatro anos do Centro Cultural Alto Vera Cruz Foto extraída da página do Facebook do CCAVC Centro Cultural Alto Vera Cruz 2023

O CCAVC: ECOS DE CULTURA E POLÍTICA

Neste capítulo será tratado das oficinas e demais eventos que o Centro realizou nos últimos anos, assim como os principais desafios que o local ainda sofre no que diz respeito a sua gerência, em especial, a participação da comunidade no local e na promoção de novas atividades

O Centro Cultural Alto Vera Cruz (CCAVC) tem como uma de suas propostas oferecer à comunidade um ambiente de formação para a cidadania e subsídios para o fazer cultural e artístico Segundo entrevista realizada com um dos integrantes do Centro, que prefere não se identificar, explica que grande parte dos oficineiros do espaço são de fora da comunidade Isso se explica devido a dificuldade em pleitear editais pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura (LMIC), haja vista a quantidade expressiva de burocracia necessária aliado a um currículo/portifólio extenso

É importante entender a necessidade de (re)produzir a cultura local no Centro, para que haja maior proximidade entre os jovens e a arte Ainda segundo o entrevistado, há um certo receio de que no futuro não haja mais atividades no Centro, pois o público infantojuvenil não acredita tanto no fazer artístico como uma forma de ganhar dinheiro e/ou mudar de vida. O cenário ao seu redor também é pouco estimulante, já que há uma deficiência no Centro em relação aos equipamentos como sala multiuso, computadores e boa internet, visto que não

há a quantidade necessária de repasse de fundos da Fundação Municipal de Cultura para os Centros Culturais periféricos. O integrante relatou, com base na sua experiência profissional e pessoal, como morador da região, que cerca de 40% da população tem acesso a internet Isso, somado ao contexto que se enfrentou da pandemia do Corona vírus, forçou a paralisação das atividades no Centro

Outro gargalo enfrentado pelo Centro é no que diz respeito a gestão compartilhada com o Poder Público: apesar de desde sua origem a gestão do espaço ter sido acordada como uma autogestão, o que ocorre na prática é uma gestão compartilhada, em que falta recursos financeiros de fácil tramitação para o local Dessa forma, as poucas atividades que a equipe consegue promover não possuem a infraestrutura necessária para atender a eventos maiores, o que diminui o alcance do Centro Cultural no território.

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Foto extraída do site Flickr da página Mostrar ou Esconder Intervenção de graffiti com o artista Michel Testa e palestra no Centro Cultural Alto Vera Cruz Autor: Gabriel Boroni

O HIP-HOP

O processo de globalização no cenário capitalista de produção gerou, como resposta, o surgimento de resistência política marcada por manifestações estéticas ao redor do mundo. A música aparece como instrumento de reconhecimento e afirmação da heterogeneidade de identidades e as cidades passam a receber os diferentes movimentos culturais advindos desse questionamento ideológico

O rap, precursor do movimento Hip Hop, extrapolou a ideia de rótulo musical e se tornou uma expressão sociocultural. Ainda na década de 1980, o movimento foi abraçado pelas regiões periféricas de Belo Horizonte As comunidades da Zona Leste se destacam pela construção de projetos formadores e capacitadores de pessoas por meio da cultura e diversidade

"Do Morro vem o que você não esperava. Um quilombola com o poder da Palavra" – NUC

O Núcleo Cultural Negros da Unidade Consciente (NUC), originário do Alto Vera Cruz, surgiu em 1997, composto por Negro Fred e Flávio Renegado inicialmente e no ano seguinte contava com DJ Francis e Dani como parte do grupo Com o lançamento e destaque da música “Cada Um”, o grupo ganhou destaque no cenário musical, quando surgiu várias oportunidades em eventos no estado, respaldando a proposta do trabalho No início dos anos 2000 o NUC participou da coletânea UJS Revolução Com a Nossa Cara e obtiveram 5º lugar no festival Abril Pró Rap em Brasília, que produziu um CD do evento, impulsionando o trabalho

Por meio da participação num projeto de intercâmbio cultural com um grupo de capoeira e de cantigas de rodas, Meninas de Sinhá, o grupo pôde trocar experiências culturais e um registro fonográfico.

Em 2005 o grupo fundou a ONG Grupo Cultural NUC e, na mesma época, a Nação Hip-Hop Brasil Os trabalhos promovidos pelo grupo passam a ser apoiados financeiramente pela prefeitura de belo horizonte por meio da lei de incentivos de cultura e, em 2008, são nomeados como Ponto de Cultura, permitindo um trabalho focado no movimento hip-hop.

As ações do grupo NUC são voltadas para a formação profissionalizante, para formar o aluno como um monitor cultural e não apenas em ‘b boy’ Além disso, as aulas de vídeo promovidas também servem para os alunos organizarem a divulgação em toda a região do Alto Vera Cruz e demais comunidades na região leste da capital mineira

O hip-hop é uma luta social que combate as políticas públicas que não atendem às necessidades do corpo social O movimento se preocupa com a abordagem das políticas públicas para a população mais jovem, uma vez que não se discute tanto com esse público sobre isso Procura-se uma quebra da figura de ‘bicho de 7 cabeças’, aderindo e mobilizando cada vez mais os jovens na busca de demarcação do espaço e participação popular.

O texto foi elaborado a partir de entrevista realizada pelo Hip-Hop a Lápis em 2009 com Negro Fred um dos coordenadores do Núcleo Cultural NUC
Hip-Hop
Foto extraída do site
a Lápis Fotografia Grupo NUC
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Foto extraída do site Nação Hip-Hop Brasil Foto do 5 Encontro Nacional de Hip-Hop

O HIP-HOP

Por meio da realização de diversos eventos voltados para a promoção da cultura, em especial a do hip-hop, o CCVAC celebrou em 2013 os 25 anos de cultura hip-hop, relembrando os principais nomes originários do Alto Vera Cruz, como Evandro JDOL, Daniel do Rap, o rapper Flávio Renegado, o NUC e demais artistas

O evento contou também com uma exposição que retratasse os 25 anos de história do movimento na região.

A história do Hip-Hop no Alto Vera Cruz também tem a cena voltada para a participação feminina, com o empoderamento da mulher repercutindo na presença nos palcos e na organização

Em 2015 o CCVAC promoveu a 2ª edição da “Semana Hip Hop Alto Vera Cruz”, com o tema ‘Empoderamento Feminino’ A proposta do evento foi incitar debates que abrangessem o contexto feminino no Hip-Hop, além de mesas redondas, tratando sobre grafite, academia e gênero Numa construção colaborativa, a Semana contou com a produção de aproximadamente cem mulheres.

"Precisamos equiparar essa questão de gênero e mostrar que colocar apenas uma MC ou uma dançarina num evento cheio de homens não representa as mulheres. Somos muitas, viemos para ficar e há espaço para todas”

- Zaika dos Santos, cientista, pesquisadora e multiartista de Afrofuturismo, African Futurism e Afropresentismo

A presença feminina na produção artística do hip-hop é pauta de discussão no panorama do movimento artístico em Belo Horizonte

Em trecho de uma música de rap feito pelo grupo Negras Ativas, primeiro grupo de rap da região metropolitana de Belo Horizonte exclusivo de mulheres, é retratado sobre sua origem e quem são as mulheres referências na sua luta “O nosso feminismo se inspira nas guerreiras africanas Mães, avós, bisavós, tataravós, negra Dandara, Lélia Gonzalez, Luiza Mahin Guerreiras que lutaram por mim”

“O hip hop conta a nossa realidade. É algo transformador você cantar em voz alta aquilo que você vive. As nossas vivências como mulher, como pessoa negra, de periferia, estão ali. É por isso que nos empodera”, - Laiara Borges, colaboradora do livro ‘Periferias do Gênero’, obra que repercute a história das mulheres negras do hip hop e do funk na capital mineira

O contexto da presença da mulher no hiphop é um convite a reflexão das dificuldades sociais da mulher periférica como o valor salarial, a violência doméstica, uma rede de apoio precária, o papel de mãe combinado ao fazer arte, trabalhar e estudar.

Foto extraída da página do Facebook do CCAVC Evento Semana hip hopEmpoderamento feminino 2015 Foto extraída da página do Facebook do CCAVC Evento 25 anos de cultura Hip Hop no Alto Vera Cruz 2013 Festa de MCs Foto extraída da página do Facebook da Semana de Hip Hop Evento Semana hip hop - Empoderamento feminino 2015
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MENINAS DE SINHÁ

O Grupo Cultural Meninas de Sinhá é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) fundado por Dona Valdete e mulheres mais velhas no final de década de 1990, todas residentes do bairro Alto Vera Cruz e arredores. Com o propósito de levar “ o bem social de comunidades carentes, o resgate de memórias, valorização e registros dos saberes dos idosos, preservação da cultura popular, reconhecimento, integração e elevação da autoestima do idoso na sociedade atual”, as cantadeiras Meninas de Sinhá, como se apresentam, realizam atividades culturais de entretenimento e oficinas que fortalecem e exaltam as potencialidades da pessoa idosa

Em 1996 Valdete da Silva Cordeiro, que trabalhava no CIAME – Centro de Atendimento ao Menor do bairro Alto Vera Cruz em Belo Horizonte, observava o público de mulheres que saia com sacolas de remédio para transtornos emocionais e, com a ideia de mudar esse cenário, ela passou a chama-las para conversar, criando assim uma rede de apoio entre essas mulheres

A partir da conversa, o grupo começou a realizar outras atividades manuais como artesanato e passaram a comercializar tapetes e bonecas, realizando também biodança, brincadeiras e cirandas Dessa rede de fortalecimento e do sentimento de alegria que elas passaram a irradiar, brotou a vontade de cantar, preservar e espalhar a cultura popular e suas memórias de criança

“Aprendi a viver e a aproveitar todo o tempo que Deus tá me dando.”

- Maria Geralda,integrante do Meninas de Sinhá

A força, alegria e superação representam o grupo Formado por um público feminino entre 60 e 87 anos, possuem 26 anos de história e trabalho de preservação cultural e social na comunidade, realizando shows, apresentações, oficinas a diversas Instituições como Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), escolas, presídios e vários palcos no país e no exterior

O grupo é uma referência na recuperação de memórias e conhecimentos dos idosos, além de preservar a história do desenvolvimento de Belo Horizonte. O Meninas de Sinhá é inspiração no que diz respeito ao protagonismo da mulher idosa, preta e periférica, carregando os saberes ancestrais e a cultura por onde vão As mulheres se apresentam com grandes saias rodadas e flores coloridas no cabelo, com sorriso no rosto e alegria para quem estiver disposto a ouvir e compartilhar momentos de saberes

O Projeto Semeando Saberes Ancestrais, promovido pelo grupo, tem como objetivo promover atividades para o público idoso Dividido em dois eixos, o primeiro tem a finalidade de incentivar as vivências entre as Mulheres do Jequitinhonha e as Meninas de Sinhá para o enriquecimento e transferência de saberes culturais das participantes, assim, poderão preservar, resistir e registrar seus costumes antigos, tais como: Algodão, Bordado, Terra e sementes, Plantas, remédios, banhos, partos; Benzeções, Bonecas de Pano, Natal Brasileiro etc

O segundo eixo realiza oficinas, cursos e vivências de curta, média e longa duração em 6 espaços da periferia leste de Belo Horizonte: na Sede do Grupo Cultural Meninas de Sinhá, no CRAS Alto Vera Cruz, no CRAS Granja de Feitas, no CRAS Taquaril, no CRAS Mariano de Abreu e na Igreja Adventista do Alto Vera Cruz

Todas as ações são voltadas para o público idoso acima de 50 anos e almejam a formação e gração de renda para o público

extraída do Acervo disponível no site do Grupo Cultural Meninas de Sinhá Meninas de Sinhá em Araçuaí 2006
Foto
Todas as informações acerca dos cursos e demais atividades oferecidas pelo Meninas de Sinhá podem ser acessadas pelo site:<https://meninasdesinha org br/> 16

ATIVIDADES COMUNITÁRIAS NO CCAVC

O CCVAC oferta à comunida dedicado às manifestações c que agregam no desenvolvi cultural do morador da reg Para além das atividades a então, vários eventos são pareceria com o Centro ou oficina de artes, capacitaçõ profissionalizantes à encontro hábito de leitura, na Bibliote , localizada no Centro Cultural

Mensalmente é divulgado nas redes sociais do Centro a programação, que conta com oficinas de capoeira, forró, violão, taekwondo, desenho e/ou pintura

Em 2019, o Centro Cultural e a escadaria do Buraco do Sapo’ passaram pelas mãos de Wanatta Rodrigues, Fênix e Luna Bastos no Circuito Municipal de Cultura Elas grafitaram a arte "Janela Urbana" no espaço, mudando completamente

Realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura e em parceria com o Centro de Intercâmbio e Referência Cultural - CIRC, o Circuito Municipal de Cultura objetiva descentralizar e democratizar o acesso a uma programação cultural diversa e expressiva.

Participando de atividades promovidas em parceria com Prefeitura de Belo Horizonte pela

Lei Municipal de Incentivo a Cultura (LMIC), o Centro também realizou vários eventos voltados para a população como o Movimento Belo Horizonte + Feliz, com uma programação diversa voltada para todas as idades e a 7ª Mostra Descontorno Cultural, essa realizada em abril de 2023

Em comemoração aos 25 anos do Centro Alto Vera Cruz, foi realizado o Circuito Municipal de Cultura, o qual promoveu uma residência artística voltada para a região com duração de dois meses, envolvendo diversos artistas locais Segundo Marilda Cordeiro, coordenadora artística, “ a residência é um momento de criação, de oportunidade dos artistas do território estarem se unindo e pensando arte, pensando cultura”

Em 2023, Centro Cultural Alto Vera Cruz acolheu o projeto Delas – Oficina de Graffiti e Customização, voltado para o público feminino, cis e trans com idade acima de 15 anos A oficina teve como objetivo fomentar a presença e inserção das mulheres no cenário das artes. O projeto contou com as artistas Fênix, grafiteira e a estilista Lorena Santos

A grafiteira Carol Jaued, idealizadora, afirmou que a ideia é de dar visibilidade entre as mulheres cis e trans, além de fortalecer o pertencimento da mulher por meio da arte

Foto extraída da página do Facebook do CCVAC Oficina de violão primeiros acordes 2020 Foto extraída da página do Facebook do CCVAC Oficina de pintado e tecido 2020 Foto extraída da página do Facebook do CCVAC Descontorno cultural 2023
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REFERÊNCIAS

ABREU, R de P As (im)possibilidades de irrupção de necessidades radicais na periferia por meio do trabalho com jovens dos Programas Fica Vivo e Agente Jovem. Estudo de caso: Conjunto Taquaril. 2008. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte

ANDRADE, Luiz Antônio Evangelista de Espaço e reprodução social na periferia da metrópole de Belo Horizonte: a experiência da "família popular" 2010, Dissertação (Mestrado em Geografia) –Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte

BARBOSA, M T Educação ambiental popular: a experiência do centro de vivência agroecológica –CEVAE/TAQUARIL 151 p Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.

BARROS, L. M. Centros Culturais Municipais e a política de “descentralização” cultural em Belo Horizonte Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012

BELO HORIZONTE Decreto-lei n° 3372, de 27 de outubro de 1978 Muda para bairro Vera Cruz a denominação do parque Vera Cruz, aprova parte de loteamento que passa a integrar o mesmo bairro e dá outras providências Leis municipais, Belo Horizonte, 1978

CENTRO CULTURAL ALTO VERA CRUZ Fotos Facebook Disponível em: https://www.facebook.com/CentroCulturalAltoVeraCruz/photos albums. Acesso em: 3 jun. 2024.

Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte Documentário Alto das Memórias | Centro Cultural Alto Vera Cruz YouTube, 2021 Disponível em: Documentário Alto das Memórias | Centro Cultural Alto Vera Cruz (youtube com) Acesso em: 01 de abril de 2024

Grupo Cultural Meninas do Sinhá, Valdete da Silva Cordeiro apresenta a reforma do Centro Cultural Alto Vera Cruz. Disponível em: https://acervo.meninasdesinha.org.br/audiovisual/valdete-da-silvacordeiro-apresenta-a-reforma-do-centro-cultural-alto-vera-cruz/? order=ASC&orderby=title&perpage=24&pos=19&source list=collection&ref=%2Faudiovisual%2F. Acesso em: 02 de jun de 2024

GUIMARÃES, Camilo Rogério Lara Política Cultural e Cidade: Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura em Belo Horizonte (MG) – 1993-2008 Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Pontifica Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010

HISTÓRIA / Memória. Alto Vera Cruz, 20–. Disponível em: https://altoveracruz wordpress com/historia-memoria/ Acesso em: 01 de abr de 2024

TOLEDO, Daniel Paisagem construída a muitas mãos Energia da cultura, 2024 Disponível em: https://energiadacultura com br/paisagem-construida-a-muitas-maos/ Acesso em: 01 de abr de 2024

VERMELHO Hip hop mineiro visto do alto do Alto Vera Cruz Disponível em: https://vermelho org br/2009/09/11/hip-hop-mineiro-visto-do-alto-do-alto-vera-cruz/ Acesso em: 3 jun. 2024.

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ESCOLA DE ARQUITETURA DA UFMG BELO HORIZONTE
2024

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Centro Cultural Alto Vera Cruz by Cerena Araújo - Issuu