tegrado o elenco de apoio da obra Bolero de Ravel junto à companhia alemã Stuttgart Ballett¸ que, em turnê pelo Brasil, promovia audições para seleção de bailarinos locais. A experiência foi impulsora: “Aquilo ali deu um gás assim. Dali eu nunca mais parei”10. Alguns anos depois, já não mais com o Grupo Mudança11, Eduardo seguia apreendendo técnicas em outras aulas que fazia – dentre elas, as de dança contemporânea com Jane Blauth. Construindo seus aprendizados em dança e passando por uma série distinta de propostas, muitos nomes aparecem como figuras significativas na sua formação, dentre os quais estão professores brasileiros e estrangeiros12. Nesse cenário diverso de influências formativas, Eduardo sempre considerou a via da experimentação direta como meio importante para incorporação das propostas técnicas em dança. Acho fundamental... Acho que não tem como não ser por esse meio. Experiência vivida, sabe. Não tem como não fazer. Tu tem que deixar seu corpo-mente ir assimilando esses códigos todos, pra ir assim fazendo suas escolhas.13
Frente a uma gama de possibilidades distintas e por vezes divergentes (ballet, dança moderna, dança contemporânea), Eduardo pontua ter desenvolvido grande afinidade pela dança contemporânea e por tudo o que ela pôde permitir que fosse explorado em seu corpo e no corpo dos outros, enquanto coreógrafo, espectador, bailarino, colega ou professor – atribuição mais tardia, mas não menos importante.
“Dar aula foi muito depois...” A primeira experiência como professor foi em Bagé (RS) e depois em Santa Maria (RS), no final da década de noventa, sendo convidado para dar uma oficina e depois coreografar os bailarinos envolvidos naquele processo. Sobre a 10 Fragmento da entrevista concedida por Eduardo Severino. 11 O Grupo Mudança foi um importante nicho de formação onde Eduardo começou a experimentar algumas performances e propostas menos convencionais para aquele contexto da dança - do início do século XX até os anos finais da década de setenta – no qual a formação em ballet era muito forte e predominante (DANTAS, 2013). 12 Nomes que se destacam: Lia Rodrigues (RJ/Brasil); Marta Myers, David Beadle, Ming-Lung Yang, John Jasperse (EUA); Eva Schul, Cecy Franck, Andréa Druck (RS); Adriana Grecci (SP), Henrique Rodovalho (GO), dentre outros. 13 Fragmento da entrevista concedida por Eduardo Severino.
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