ESCRITOS DA DANÇA II: mais um passo de dança

Page 258

tegrado o elenco de apoio da obra Bolero de Ravel junto à companhia alemã Stuttgart Ballett¸ que, em turnê pelo Brasil, promovia audições para seleção de bailarinos locais. A experiência foi impulsora: “Aquilo ali deu um gás assim. Dali eu nunca mais parei”10. Alguns anos depois, já não mais com o Grupo Mudança11, Eduardo seguia apreendendo técnicas em outras aulas que fazia – dentre elas, as de dança contemporânea com Jane Blauth. Construindo seus aprendizados em dança e passando por uma série distinta de propostas, muitos nomes aparecem como figuras significativas na sua formação, dentre os quais estão professores brasileiros e estrangeiros12. Nesse cenário diverso de influências formativas, Eduardo sempre considerou a via da experimentação direta como meio importante para incorporação das propostas técnicas em dança. Acho fundamental... Acho que não tem como não ser por esse meio. Experiência vivida, sabe. Não tem como não fazer. Tu tem que deixar seu corpo-mente ir assimilando esses códigos todos, pra ir assim fazendo suas escolhas.13

Frente a uma gama de possibilidades distintas e por vezes divergentes (ballet, dança moderna, dança contemporânea), Eduardo pontua ter desenvolvido grande afinidade pela dança contemporânea e por tudo o que ela pôde permitir que fosse explorado em seu corpo e no corpo dos outros, enquanto coreógrafo, espectador, bailarino, colega ou professor – atribuição mais tardia, mas não menos importante.

“Dar aula foi muito depois...” A primeira experiência como professor foi em Bagé (RS) e depois em Santa Maria (RS), no final da década de noventa, sendo convidado para dar uma oficina e depois coreografar os bailarinos envolvidos naquele processo. Sobre a 10 Fragmento da entrevista concedida por Eduardo Severino. 11 O Grupo Mudança foi um importante nicho de formação onde Eduardo começou a experimentar algumas performances e propostas menos convencionais para aquele contexto da dança - do início do século XX até os anos finais da década de setenta – no qual a formação em ballet era muito forte e predominante (DANTAS, 2013). 12 Nomes que se destacam: Lia Rodrigues (RJ/Brasil); Marta Myers, David Beadle, Ming-Lung Yang, John Jasperse (EUA); Eva Schul, Cecy Franck, Andréa Druck (RS); Adriana Grecci (SP), Henrique Rodovalho (GO), dentre outros. 13 Fragmento da entrevista concedida por Eduardo Severino.

258


Articles inside

FRAGMENTOS, FIGURAS E FORMAS DA TRAJETÓRIA DANÇANTE DE EDUARDO SEVERINO ......................... Fellipe Santos Resende

18min
pages 254-268

CORPO NA DANÇA DA CIÊNCIA E DA ARTE: CARNE ATRAVESSADA POR POTENCIALIDADES EXPRESSIVAS ............................... Luísa Beatriz Trevisan Teixeira, Gabriela Trevisan Lima e Silva e Alex de Oliveira Fagundes

28min
pages 238-253

DIÁLOGOS ENTRE DANÇA-TEATRO E PEDAGOGIA EM PORTO ALEGRE ...................................................... Jeferson Cabral e Vera Lúcia Bertoni dos Santos

15min
pages 226-237

DO LIXO, EU DANÇO COM LUXO: DANÇA & SUSTENTABILIDADE ..................................... Cristina Soares Melnik

6min
pages 204-211

O VÔO DA POMBA ..................................................... Giorgia Fiorini, Guadalupe Rausch e Ligia Meyer

12min
pages 212-225

BATENDO PÉ NO IMPROVISO ..................................... Leonardo Dias

5min
pages 198-203

PROCEDIMENTOS DE REMONTAGEM E RECRIAÇÃO COREOGRÁFICA: COMPANHIA MUNICIPAL DE DANÇA DE PORTO ALEGRE (RS) ................................. Daniel S. Aires e Mônica F. Dantas

16min
pages 186-197

ENTRE MESAS E JARDINS: FLASHBACKS DE UMA PROFESSORA DE DANÇA ...... Susana França da Costa

12min
pages 176-185

LESÕES EM BAILARINAS DE DANÇA DO VENTRE DA CIDADE DE PORTO ALEGRE ......................................... Cintia Da Silva Baldez, Izabela Lucchese Gavioli, Andréa Moraes Soares (Muna Zaki) e Aline Nogueira Haas

16min
pages 156-171

EU QUASE QUE NADA NÃO SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA” ......................... Maria Emília Gomes

5min
pages 172-175

PORTO ALEGRE AINDA É CLÁSSICA ............................ Marjoe Buratto da Silveira

17min
pages 136-147

EXERCÍCIO DE CRIAÇÃO POÉTICA: COMO SE MOVE UM CORPO QUE NÃO SE MOVE? .. Patricia Nardelli Pinto Santana

11min
pages 126-135

ESPECIARIAS DE NOSSAS LEMBRANÇAS .................... Ângela Lângaro Becker

4min
pages 148-155

BORBOLETA PÉLVICA ................................................... Janete Fonseca

12min
pages 116-125

PROCESSO-LACÙTAN .................................................. Alessandro Rivellino

16min
pages 106-115

ENSINO DAS DANÇAS URBANAS EM PORTO ALEGRE ............................................................. Aluísio Gustavo

16min
pages 92-105

CONTATANDO HISTÓRIAS ........................................... Janaína Ferrari

16min
pages 60-73

MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS: NOVOS OLHARES ADQUIRIDOS NO ENSINO DA DANÇA ........................ Carmen Lucia Pretto Stodolni

16min
pages 80-91

O GRUPO DE DANÇA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – 1976 - 1983 ...................... Alexandra Coda

17min
pages 30-43

DANÇA, ETNIA E IDENTIDADE: PATRIMÔNIO IMATERIAL E DIVERSIDADE EM PORTO ALEGRE .......... Denis Gerson Simões e Elisangela Leitzke

24min
pages 44-59

DE PROJETO DE DANÇA A EPD - UM LONGO PERCURSO...................................................................... Adriana da Silva Spalding

7min
pages 74-79

DANÇA: APARATOS CONCEITUAIS E PROBLEMÁTICAS EM TORNO DA MEMÓRIA, ARQUIVO, TRADIÇÃO, CONTEMPORANEIDADE Marcio Pizarro Noronha (autor convidado

15min
pages 18-29
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.