Para fazer a Borboleta Pélvica, dei foco à sua vista frontal, sendo vista de pé ou deitada. Com isso, nos exercícios de dança, visualizava as estruturas, principalmente a óssea e a muscular sob essa perspectiva. Com o mesmo grupo citado acima, realizamos algumas aulas pensando através de outro ponto de vista: o inferior. Desse modo, o foco passa a ser a ativação do períneo, um conjunto de músculos que fica na base do púbis entre os órgãos sexuais e o ânus, também chamado nos estudos da dança de assoalho pélvico. Uma das ocasiões em que ocorreu esse trabalho foi novamente com a professora Cibele Sastre (UFRGS), que propôs a ativação direta, utilizando um tecido esticado pelas pontas por duas pessoas, criando um anteparo onde a pessoa se apoia, estimulando essa base até conseguir saltar. Em outra ocasião, a colega Maria Albers nos presenteou com uma lição do método de educação somática Antiginástica7, cujo foco era a ativação do períneo de maneira direta e indireta: direta, através do toque e da sugestão de contração e dilatação da musculatura; indireta, através do trabalho com o músculo da língua, cuja dilatação, como foi possível acessar através dessa experiência, estimula a soltura do períneo. Simplifico aqui para descrever rapidamente, mas cada movimento ou estímulo é feito em minúcia, com tempo dilatado, várias pausas e atenção concentrada. Depois de passar por essas duas experiências bem pontuais, percebi que o períneo era um ponto cego na criação da Borboleta Pélvica, ignorado sob um ponto de vista tão importante. Essa musculatura é uma base capaz de nos sustentar e de impulsionar movimentos, como se fosse um terceiro pé. Ainda há muito que descobrir antes de do outro lado; Pisando com os dois pés, tentar elevar a pelve toda, também com o mínimo tônus, como se ela flutuasse. 2. De pé, tentar sentir o peso da pelve, depois a flutuação e, a partir daí, se mover a partir dela, como se houvesse uma linha puxando a crista ilíaca (a ponta superior da asa da borboleta). 7 A antiginástica é um método somático criado pela fisioterapeuta francesa Thérèse Bertherat (1931-2014). Assim como outros métodos somáticos, coloca em xeque certezas a respeito do fortalecimento do corpo a partir da auto-observação. 1.2
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