Esse retorno, pelo qual vamos ansiando tanto quanto pelo esclarecimento final do crime, num policial, traz ao leitor a recompensa final da eficácia do conceito, a surpresa de um autor melhor delineado, a riqueza de uma obra permanentemente “em progresso”. Este livro realiza a proeza de ao mesmo tempo nos introduzir à semiótica, nos conduzir através de uma paisagem pouco visitada e nos fazer mergulhar numa das mais importantes tentativas de erguer uma teoria geral dos signos.
A autora é Lucia Santaella, semioticista brasileira que, há anos, vem se dedicando ao difícil e necessário trabalho de percorrer a vastíssima obra de Peirce, em boa parte ainda inédita, à cata tanto das pistas quanto das informações explícitas que permitam retomar e levar adiante a inacabada semiótica de Peirce. Por isso mesmo, essa obra destina-se àqueles que, não se satisfazendo com as versões simplistas e reducionistas da semiótica, desejam entender o extraordinário poder dos símbolos, sinais, códigos e linguagens que transitam nos processos de comunicação e hoje povoam as modernas mídias eletrônicas.
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Capa Teoria Signos quinta-feira, 14 de junho de 2012 14:20:41
A TEORIA GERAL DOS SIGNOS
teoria geral dos signos é um livro consagrado à admirável obra do lógico e filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), hoje internacionalmente reconhecido como um dos mais importantes pensadores americanos de todos os tempos. Suas preocupações com as leis e a organização geral do pensamento, das ações e da sensibilidade humanas o levaram a postular, como fundamento da lógica, uma teoria geral dos signos, também chamada de semiótica, cuja tarefa é desvendar o que são e como operam os signos e, por meio deles, o próprio pensamento e, conseqüentemente, os modos pelos quais podemos compreender as coisas.
Lucia Santaella
Assim, a semiose, o complexo processo por meio do qual o signo constrói a representação e torna possível a comunicação, vai revelando a lógica única e absoluta de seu engendramento, numa verdadeira autogeração. Concentrando o melhor de seus esforços no Peirce menos conhecido do público, Santaella adentra o labirinto dos manuscritos inéditos. Percorre-o com firmeza e determinação, e não esquece de ir desenrolando, a cada passo, o novelo da leitura atenta e sistemática, cujo fio garantirá a volta segura.
O extraordinário poder das comunicações de massa, as modernas mídias eletrônicas renovam a cada minuto a perplexidade e o interesse do homem contemporâneo diante da proliferação dos signos e de seu funcionamento, muitas vezes caprichoso e obscuro. É por essa razão que a semiótica de Charles Sanders Peirce está na ordem do dia, muitas décadas depois da morte de seu mentor; e é cada vez mais comum ouvir-se falar de Peirce, de símbolos, ícones, índices, semiose, etc. Esse apressado mundo das mídias – que continuamos precisando decifrar, se não quisermos ser devorados – talvez seja um dos principais responsáveis pelo fato de, mesmo estando na moda, Peirce e sua semiótica continuarem sendo conhecidos “de orelhada”.
Como as linguagens significam as coisas
Lucia Santaella
É na contracorrente desse “ouvir dizer” que Lucia Santaella não se cansa de remar. Como ela mesma diz, “este é um livro de amor pelas minúcias, de calma e paciência para com os conceitos”; a calma e a paciência necessárias para que os pormenores de uma primeira impressão possam revelar-se, por assim dizer, “pormaiores”, capazes de esclarecer, na obra de Peirce, o que já era hábito considerar “obscuro por natureza”.