Música: Gal Costa

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Vida*

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CORREIO Salvador, segunda-feira, 17 de setembro 2012

DIVA SEMPRE PLURAL Gal Costa traz a Salvador, em outubro, o show de seu álbum mais recente, Recanto, com direção de Caetano e sonoridade rock e eletrônica. Cantora comenta repercussão de entrevista na qual disse não ter saudade da Bahia: “Tiraram do contexto”

MÚSICA GAL COSTA

Todos os recantos

de Gal

Cantora traz show novo para a Bahia e diz que não falou mal de Salvador Salvatore Carrozzo salvatore.carrozzo@redebahia.com.br

Quase meio século atrás, Gal Costa saiu de Salvador em direção a São Paulo, assim como a turma toda – Caetano, Gil, Bethânia – para, de lá, conquistar o país . Agora, faz o caminho inverso. Não traz muitas malas, pois não vem de vez. De casa nova desde janeiro, quando trocou Salvador pela capital paulista, ela apresenta dia 26 de outubro, no Barra Hall, o seu novo show, Recanto. O disco homônimo de 2011, produzido por Caetano Veloso, é uma elogiada mistura de rock e dub-MPB com pitadas eletrônicas. A lista de canções do show inclui Madre Deus, Divino Maravilhoso, Folhetim, Vapor Barato e Força Estranha, entre outras. Gal aproveita ainda para rever a cidade – ela fica em hotel, não tem mais o apartamento da Vitória – e, de certa forma, fazer as pazes com parte do público. No início do mês, uma entrevista da cantora publicada na revista IstoÉ, na qual dizia não sentir saudades da Bahia, irritou muitos internautas baianos, que a criticaram nas redes sociais. REVOLUÇÃO Para Gal, as afinidades musicais que compartilha com Caetano são responsáveis pela sintonia pessoal que compartilha com o compositor há décadas. Sobre as bases eletrônicas propostas por Caetano, Gal diz não ter receado que o resultado ficasse distante, artisticamente, de seu perfil: “Minha carreira toda é feita de riscos. Algumas pessoas cobram (mudanças), mas não é o que sinto”.

Aliás, num show da turnê em São Paulo, Gal arriscou. “Não estava curada de uma faringite. Na hora de Divino Maravilhoso, desafinei. Dividi com o público, não dava para fingir que não tinha acontecido. Não fiquei desestabilizada, aquilo me deu uma força, pois consegui superar e fiz um show maravilhoso”, conta. Gal, agora, tem a cabeça em Sampa, onde hoje se sente em casa. Define como gostosa a experiência de redescobrir a cidade onde tudo começou. E não é um processo solitário. Em 2007, adotou Gabriel, hoje com sete anos. É mãezona, daquelas bem presentes, interessada nas questões da escola. “Sempre foi meu grande sonho. Acho que, junto com a música, é o que me dá mais prazer. É revolucionário”. GOVERNANTES A vida paulistana de Gal é tranquila. Vai ao supermercado, ao banco, leva e pega o filho na escola, resolve as coisas. A mudança foi de ordem prática, explica, e foi influenciada justamente pelo projeto com Caetano Veloso. “Aqui, fico mais perto das pessoas com quem trabalho. A vida me obrigou. Era mais prático do que ficar indo e vindo de Salvador, que não é tão perto assim”. Talvez pelo fato de não morar mais aqui, ela foi vítima do que chama do lado maldoso da internet. Na entrevista à publicação semanal IstoÉ, disse: “Não tenho nenhuma saudade da Bahia. Vejo a Bahia muito malcuidada. Os governantes não estão cuidando dela como deveriam”. Ao CORREIO, Gal explica: “Falei muitas coisas, aí na internet pegaram só uma frase. Não falei mal da Bahia. Estou defendendo o estado. Agora, acho que está malcuidada, sim. Os governantes não estão dando a devida atenção. A Bahia tem um povo lindo, uma luz linda. É a cor mais bonita que já vi".

ANGELUCI FIGUEIREDO/ARQUIVO CORREIO

Gal Costa, em foto de 2009, posa na área da piscina do prédio onde morava, no Campo Grande, em Salvador

O que mais sinto falta da Bahia é a vista do mar que tinha de meu apartamento


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